Um lugar imaginado para aqueles que não possuem lugar. Maíra Ortins

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Maíra, uma mulher vestida de sol1 [Luciana Sousa] Sob a cadência da chuva, rememoro nomes e paisagens, ambos reunidos num só lugar. Pertinho do mar, tantas vezes por ela visitado e ressignificado, à sombra do Sobrado José Lourenço, Maíra Ortins toma assento. Ainda assim, é o movimento que salta de muitos de seus trabalhos, reunidos em duas mostras profusas e instigantes: Deriva e Khôra. Os títulos guardam conexão com trabalhos anteriores, ampliando temáticas e lugares de tensão. Aliás, lugar é uma palavra cara a cada um dos trabalhos, posto servir de mote e motivar diferentes trânsitos: de técnicas, linguagens e muitos, muitos deslocamentos. Entre os primeiros que me vêm à mente, a série Das intimidades do mar (2011), com desenho, pintura, fotomontagem ou fotografia pintada e muralismo. A investigação sobre o azul tem lugar de destaque, com nuanças que ganham impulso a cada nova composição, como se pode observar nas sequências2 1 Ap 12, 1. Além do texto bíblico, peça de Ariano Suassuna escrita em 1947, publicada em 1964 e levada para a TV em 1994. 2 Disponível em: https://mairaortins.wordpress.com/intimidades-do-mar/ Acesso em: 31 jan. 2020.


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