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Tony de Sousa 61 e

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Cida Castilho 69 e

Cida Castilho 69 e

divulgação O velho explicou: - O mal está nos pecados do povo deste lugar, que atraiu para cá um homem muito poderoso e malvado chamado Dom Lobo. Esse homem é dono de um palácio e se alimenta com o coração das pessoas. Cada dia come um coração. Antes porém, faz um jogo com três perguntas. Se a pessoa responder se livra de morrer e pode fazer três perguntas para ele. Mas até hoje não apareceu uma única pessoa capaz de responder as suas perguntas. E o povo vive escondido com medo de chegar sua vez de responder as perguntas. O rapaz dormiu e no dia seguinte pediu ao velho que lhe ensinasse a chegar no palácio de Dom Lobo. Admirando a coragem do rapaz o velho ensinou e lhe desejou boa sorte. Ao chegar no palácio o rapaz admirou-se com o fato das portas abrirem-se sozinhas. O moço enfiou por dentro, sobe aqui, desce ali, até que chegou num salão que era uma beleza. Aí apareceu Dom Lobo, um homem alto, forte como um touro, todo cabeludo, com olhos de gato e uns dentes de onça-tigre. Quando viu o rapaz deu uma gargalhada que estrondou o mundo. Falou com voz grossa de bicho encantado, mandando o rapaz sentar: - Senta ai! Primeira pergunta: - Que é que tanto mais velho mais forte fica? - É o vinho – respondeu o rapaz. - Que é que tanto se tira mais fica? - Água do mar! - Qual é o lugar onde todos vão e ninguém que ir? - O cemitério! - Acertou, cabra danado! Faça as três perguntas que quiser! - Quem é nasceu de uma virgem, batizou-se num rio e morreu numa cruz? O homem rangeu os dentes como um desesperado porque não podia dizer o santo nome de Jesus Cristo. ” O capeta explodiu e sumiu numa nuvem escura de fumaça. Essa nuvem permaneceu sobre a cidade por um tempo até o anoitecer. Quando amanheceu o palácio de Dom Lobo havia sumido. O povo aplaudiu o rapaz e o levaram até o rei pedindo que ele fosse nomeado governador do lugar. O rei atendeu o pedido. “Deram uma casa com todos os preparos, fazenda de gado, muito dinheiro. O rapaz mandou uma carruagem buscar sua mãe e viveu muito bem e satisfeito. ”

Contos I Mais um ano, mais um sonho que nasce... Reflexões sobre a vida

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Malu Alencar Historiadora e Produtora cultural

Afinal o que é um ano novo? Segundo meu neto Francisco Miguel, que nasceu em abril de 2013, há dois anos atrás conversando sobre a vida falei do meu aniversário, que gostava muito de ter nascido e que desde muito pequena, todos os dias 5 de dezembro, assim que acordava corria para o quarto dos meus pais e batendo palmas agradecia por ter nascido.... Francisco me olhou e muito sério me disse: - Dodó (assim que me chama), por que você comemora seu aniversário? - Francisco, eu gosto de ter nascido, daí comemorar e agradecer... - Você já pensou que o aniversário é uma prova que você ficou mais velha? - Sim, a cada ano a gente fica mais velha.... mais que justo. - Mas você já pensou que a cada ano que você comemora seu aniversário, você caminha para o fim de sua vida? - Mas isso é natural, é o caminho da vida.... - Sim, mas você gosta de comemorar que a cada ano você está mais perto da morte? O que dizer para um menino que do nada te diz coisas tão profundas? Afinal, ele falou uma verdade. A cada dia caminhamos para o fim de nosso caminho.... E a cada ano caminhamos para um novo desper-

Foto: blog.myfitnesspal.com tar, um novo mundo. Afinal, o que é um calendário? A cada 365 dias muda o ano, a cada 10 anos mudamos a década e a cada 100 anos mudamos de século! E a cada segundo muda o minuto e a cada 60 minutos muda a hora e assim a cada 24 horas muda o dia e assim vai, mês, ano.... E a cada ano pensamos na vida e fazemos projetos e criamos sonhos que nem sempre se realizam.

Afinal o que é a vida? Tenho pensado muito nesse viver e não tenho respostas. Como uma criança que não sabia escrever, muito menos ler, pode me fazer parar para pensar: afinal qual a razão da vida? Afinal, com a pandemia me reservo, quero continuar vivendo enquanto puder, mas quero viver com plenos poderes do pensar, agir, falar, andar e comandar minha vida, já que ela, só à mim pertence.

As vezes fico parada olhando meus netos, Francisco, Maria e Alice, uma nova geração, nascidos no limiar da segunda década do século XXI e vejo a diferença de comportamento de quando nasci, de quando meus filhos nasceram e como agora, a criança parece que tem um chip embutido em algum lugar de seu corpinho, pois antes mesmo de falar: Mamá, Papá.... ou qualquer outra palavra, sabem se conectar com um controle remoto de uma TV ou com o teclado de um celular. Esse fato não é um privilégio meu, mas de todas as crianças que convivo, filhos ou netos de minhas amigas ou amigos. Mas percebo que as relações entre os adultos também mudaram. Com o advento da tecnologia, que facilitou e dinamizou a comunicação, também cerceou a liberdade do ser humano. As pessoas vivem plugadas em aparelhos e mal reparam no riso de uma criança, no quanto tempo trabalham além do horário convencional das 8horas previstas por lei trabalhista, não olham a calçada enquanto andam, não prestam atenção na direção enquanto dirigem pois, estão ouvindo as dicas do “google maps”, ou lendo mensagens no whatsapp. Dormem com celular perto do travesseiro. As pessoas, homens e mulheres, vivem cansadas, estressadas. É isso que é evolução? Se vão fazer um passeio, passam o tempo todo tirando fotos ou selfies para colocar nas redes

magazine 60+ #31 - Janeiro/2022 - pág.64

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