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Malu Alencar Um direito para ser respeitado por todos cidadãos 29 e

Foto: Prefeitura de Santos - SP cega.

Seria muito pior.... Mas como cidadã da maior cidade do Brasil, fico surpresa com a falta de atenção da administração pública para com problemas básicos, não só para pessoas com dificuldades motoras, mas também para com crianças e cidadãos normais. Andar em muitas calçadas da cidade de São Paulo, é andar numa areia movediça, não dá para saber o que pode acontecer. Com certeza é responsabilidade do comerciante, de empresários que deveriam cuidar do seu pedaço, assim como da administração pública que não faz supervisão, muito menos manutenção do que lhe compete. Aponto alguns itens que causam sérios problemas para pedestres: . Semáforos com sinalização muito rápida para pedestres travessas de ruas e avenidas . Calçadas sem rampas para cadeiras de rodas, carrinhos de crianças . Escadas rolantes em metrôs, rodoviárias . Rampas na entrada de prédios públicos ou mesmo residenciais . Sinalização para se RESPEITAR: - Idosos - Crianças - Deficientes físicos- Grávidas Em qualquer ambiente, seja ele em ambientes públicos ou metrôs e ônibus Programa de Educação no Trânsito

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para:

- Pedestres (que precisam prestar atenção e respeitar as leis de mobilidade) - Carros, bicicletas, motocicletas (respeitarem as normas de trânsito) - Transporte Público: ônibus, vans, táxis e aplicativos - Curso de Direção Defensiva para todos que usam transporte como meio de locomoção, seja: carros, ônibus, motos, vans, bicicletas, táxis, aplicativos, caminhões.... Quando o brasileiro terá consciência que o respeito pelo outro não é uma obrigação, mas um dever de cidadania, uma responsabilidade de todos?!

Queremos que você nos veja Baixa visão, família e independência

Rodrigo Bueno advogado e Vice Presidente da Bengala Verde Brasil

Como já mencionei em outras oportunidades, um dos primeiros desafios enfrentados pelas pessoas com baixa visão é fazer com que as outras pessoas compreendam o que é a Baixa Visão e quais são suas necessidades de acessibilidade. Mas não basta que a sociedade compreenda, é fundamental que a família e a própria pessoa afetada aceitem e oriente suas atitudes no sentido da acessibilidade e independência. Como em muitas outras deficiências, a acessibilidade é chave na vida da criança, jovem ou adulto com baixa visão. Sem acessibilidade não há desenvolvimento, nem inclusão, nem independência. E a busca pela acessibilidade passa por uma complexa jornada de aceitação, que varia muito em tempo e forma nas diferentes famílias. Quando um bebê ou uma criança é diagnosticada com alguma doença causadora de baixa visão, surge logo na família o desespero, a desorientação, a revolta, o inconformismo e até mesmo a negação do diagnóstico. É uma fase natural, mas que precisa ser superada o mais rapidamente possível para que se dê lugar à aceitação e à constante busca pela acessibilidade e inclusão. E a atitude da família é fundamen-

tal durante todo esse processo. Admitir e aceitar a deficiência de um filho não é, definitivamente, fácil, mas, sem dúvida, fundamental. Ora, uma criança com baixa visão não é burra nem incapaz! Ela apenas enxerga bem menos do que as outras e precisa de adaptações para se desenvolver (textos ampliados, contrastes, dentre outros). Se devidamente adaptada e estimulada, poderá evoluir tanto quanto as outras crianças de visão normal e, sem dúvida, viver uma vida plena e independente. É claro que a esperança de surgir um tratamento ou cura capaz de lhe devolver a visão é absolutamente justa, normal e aceitável. Mas essa esperança não pode se transformar em obsessão, sob pena de inibir a aceitação e, consequentemente, as atitudes que levarão à verdadeira inclusão e independência. O papel da família é fundamental na geração da acessibilidade e, principalmente, da autoestima e autoconfiança. Recentemente me deparei com uma mãe desesperada, pois a filha de quase 18 anos está perdendo muito a visão e o tratamento ainda não é uma realidade. Quando por mim questionada se a filha utilizava a bengala verde, ela me respondeu: “minha filha já me pediu uma bengala verde, mas eu acho que ainda não está na hora”. Ocorre que essa menina não se locomove sozinha sem o auxílio da bengala verde... Realmente não é fácil aceitar uma bengala como parte da sua vida, ou pior, da vida do seu filho. Mas, ficando apenas na bengala verde, a aceitação dessa ferramenta pode se tornar fundamental para uma vida plena e com independência. Queremos que toda a sociedade nos veja e nos aceite, mas para que possamos verdadeiramente lutar por inclusão junto a sociedade, precisamos primeiro de aceitação, acessibilidade e independência dentro das nossas próprias casas.

Rodrigo Bueno, é advogado, Vice-Presidente da Bengala Verde Brasil, e tem baixa visão (rodrigo@bengalaverde.org.br)

Por: Nelma Meo

A Lei Brasileira de Inclusão (LBI 13146/15) define a pessoa com deficiência como aquela com comprometimento de longo prazo que em interação com uma ou mais barreiras tem sua participação plena e efetiva na sociedade comprometida. Neste contexto, a importância de um trabalho que contribua para a independência das pessoas com cegueira ou baixa visão é fundamental. Em uma perspectiva geral, a baixa visão é definida como um conjunto de alterações que, isoladas ou combinadas, comprometem o funcionamento visual e podem se manifestar através da diminuição do campo visual; da dificuldade em perceber contrastes; da capacidade de identificar cores e da baixa acuidade visual, entre outras. A autonomia das pessoas com baixa visão passa pela aquisição de habilidades e competências, utilização de tecnologias assistivas, relações favoráveis e acessibilidade. No atendimento educacional e na habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência visual, uma das áreas que trabalha com todas estas questões é a Orientação e Mobilidade (OM). A Orientação e Mobilidade engloba um conjunto de técnicas, procedimentos e metodologias e atua na promoção da acessibilidade, considerando o desenho universal, para diminuir as barreiras atitudinais, urbanísticas, arquitetônicas, nos transportes, tecnológicas e nas comunicações. Conhecendo as alterações no funcionamento visual que a baixa visão provoca e considerando as recomendações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) sugerimos algumas adaptações que, incorporadas nos ambientes, produtos e serviços, garantem o direito de ir e vir e uma mobilidade segura para as pessoas com baixa visão.

Edificações e urbanização:

• Utilizar pisos preferencialmente lisos, de material antiderrapante e em cores claras (azul, verde, bege, granito cinza, etc), mas que não sejam brilhantes, pois interferem com reflexos para as pessoas com baixa visão; • Se possível, utilizar portas de correr embutidas nas paredes (tipo guilhotina) ou portas articuladas com dobradiças, mas com molas graduadas para mantê-las fechadas em cores contrastantes com os batentes que, de preferência, devem ser escuros. Os trincos ou maçanetas de cores contrastantes com a porta também facilitam a localização. Lembrando que as portas entreabertas são um obstáculo perigoso para pessoas com deficiência visual; • As escadas podem ser sinalizadas com uma faixa do piso tátil de alerta que tenha a cor diferente do piso adjacente e seja colocada com pelo menos 50 a 60 cm de largura e afastada pelo menos 50 cm da borda. Na borda de cada degrau deve ser colocada uma faixa antiderrapante sinalizada por cor diferenciada em cada canto e no meio do degrau. A instalação de corrimãos é fundamental para a segurança de todos e todas. Deve-se sempre oferecer opções de acesso às pessoas que utilizam cadeira de rodas e/ou tenham sua mobilidade reduzida; • Utilizar placas com os nomes das ruas escritas em tipos maiores, contrastantes e em altura acessível para visualização da maioria da população. No mesmo poste com padrão definido nas esquinas, placas escritas com tipo comum em alto-relevo e placas em braille colocadas a 150 cm do solo, dando acesso de informação para todos; • Sinalizar paredes e portas de vidro com faixas de cores contrastantes. A sugestão para a largura de cada faixa é que seja de pelo menos 15 cm e a altura a ser colocada nas paredes deve ser a partir de 90 cm do piso; • A luminosidade natural e a iluminação artificial também são fatores fundamentais na acessibilidade das pessoas com baixa visão, uma vez que estas podem interferir diretamente em maior ou menor possibilidade do uso do resíduo visual. Sempre que possível,

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