AFROINNOVA TECH - Relatoría - Portugués

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Decodificando o futuro

26 a 30 de novembro de 2024

Quibdó e Medellín, Colômbia

Dezembro de 2024

Relatoria

Decodificando o futuro

Relatorgeral: YijhánRenteríaSalazar

Colaboradores: JhonEdinsonCórdobaMoya

LindaDiomaryZapataMoreno YeleisaMachadoRodríguez

Fotografia: MURCY

Umainiciativade: Comfinanciamientode:

ÁFRICA, o lugar, ÁFRICA as pessoas.

12 especialistas: Organizações participantes:

Outros aliados:

Brasil
César Lins
Recife
Pernambuco
Kenia
Dorcas Owinoh Kisumu Nyanza
Judith Morrison
Washington D.C.
Karen Santos
São Paulo São Paulo
Silvana Bahía
Rio de Janeiro Rio de Janeiro
Brasil
Taís Oliveira

Afroinnova Colômbia

Diego Barbosa

We are Angular Cali, Valle del Cauca

Jhordan Moreno

Escola de Robótica Chocó Quibdó, Chocó

Klever Arrechea CCTET Timbiquí, Cauca Quibdó, Chocó

Diáspora Digital Medellín, Antioquia

Mª Camila Estacio Associação de Economistas Pretas Medellín, Antioquia FIX International Business Medellín, Antioquia

Giuliana Brayan

Manos Visibles

Gerente de Empoderamento Coletivo e de Gênero

Jesús Rodríguez

Comerciante profissional Buenaventura Valle del Cauca

Luís Cabrera

Diáspora Digital Medellín, Antioquia

Digital Cali, Valle del Cauca

Gestor técnico Tecnologia

Katheryne Hernández

Manos Visibles

Gerente de Tecnologia

Valeria Brayan

Manos Visibles Assistência técnica

A outra Colômbia, o futuro da Colômbia.

Diáspora

é o movimento tecnológico da Manos Visibles para promover igualdade racial e de gênero por meio da tecnologia. Estamos transformando a tecnologia em um caminho visível e acessível para as novas gerações de afrodescendentes na Colômbia.

Em cinco anos, conseguimos:

6

crianças do Pacífico colombiano e de Medellín foram treinadas em robótica, automação residencial, programação e habilidades técnicas essenciais..

laboratórios – Naidí Labs – equipados e adaptados para treinamento tecnológico e desenvolvimento de soluções e protótipos em Buenaventura (Valle del Cauca), Tumaco (Nariño), Guapi e Timbiquí (Cauca).

20

instituições educacionais do Pacífico Sul vinculadas aos programas de treinamento do Naidi Valley e que se beneficiam deles.

27 mulheres afrodescendentes e indígenas de Medellín estudando o programa de trabalho técnico em desenvolvimento web no NODO, o prestigiado centro de tecnologia da Universidade EAFIT.

12

jovens do Pacífico colombiano estão estudando carreiras de engenharia credenciadas com a mais alta qualidade na Universidad Autónoma de Occidente, graças ao nosso Fundo de Bolsas de Estudo - Valle del Naidí.

Com nosso documentário Naidi Valley: programming new futures, alcançamos um público de 3,5 milhões de espectadores em sua campanha digital.

Apresentação

AFROINNOVA é o grupo de inovação comunitária dedicado ao avanço da diáspora africana no mundo. Ao longo de uma década, onsolidou-se como uma plataforma de intercâmbio, colaboração e reflexão coletiva, cuja atuação desempenhou um papel crucial na construção de novas narrativas sobre a diásporaafricanaempaísescomoRepúblicadominicana,Costa Rica,Colômbia,Panamá,Brasil,EstadosUnidos,Espanha,Reino Unido,GuinéEquatorial,Gana,Angola,Nigéria,Camarões,África do Sul e Moçambique. Sua contribuição tem sido fundamental paraoestabelecimentodenovasagendaseoportunidadespara adiásporaafricananaColômbiaeemtodoomundo.

Umadécadadepois,apartirdeManosVisibles,amaiorredede liderança étnica da Colômbia, prestes a completar 15 anos de trabalho ininterrupto na construção da equidade racial e territorial no país, apresentamos o relatório do AFROINNOVA TECH2024.Oencontrofoirealizadode26a30denovembrode 2024 em Quibdó (Chocó), conhecida como a Cidade Negra Inteligente do Pacífico e um dos principais centros de afrodescendência da Colômbia, além de Medellín, cidade reconhecida mundialmente como uma das mais inovadoras em diversas ocasiões na última década. Esse espaço de reunião e cocriação foi viabilizado graças ao financiamento do CAF –BancodeDesenvolvimentodaAméricaLatinaedoCaribe.

Este documento reúne e sintetiza as principais reflexões e narrativas escritas e fotográficas de uma agenda que incluiu experiências imersivas, passeios, conversas entre pares, fóruns, entrevistaseespaçosdereflexãocoletivaquenospermitiram

pensareprojetarferramentastecnológicasparaaconstruçãoda equidade racial e de gênero no mundo. Apresenta também as conclusões das reuniões do grupo de trabalho formado por 12 líderes do Brasil, EUA, Espanha, Quênia e Colômbia que projetaram as linhas da agenda coletiva para o futuro sobre tecnologiaeequidaderacialparaaColômbiaeaAméricaLatina. Esse grupo de especialistas também teve a oportunidade de trocar experiências, conhecimentos e ampliar suas redes de colaboração com cerca de 20 líderes tecnológicos da Colômbia, cujas iniciativas estão focadas em educação para o futuro, inclusãodigital,capacitaçãoeconômicapormeiodatecnologiae geração de oportunidades para jovens e mulheres afrodescendentes.

A AFROINNOVA Tech marca as linhas de projeção para o próximo nível para o Naidi Valley, o movimento tecnológico da Manos Visibles que está transformando o Pacífico colombiano e colocando a tecnologia a serviço da melhoria da qualidade de vida das comunidades que historicamente foram excluídas das agendas nacionais e que podem encontrar na tecnologia não apenas conhecimento, mas um projeto de vida que se soma às iniciativas de justiça social e construção de equidade na Colômbia.

Este documento é, portanto, um exercício de aprendizado e memória, e, ao mesmo tempo, o alicerce de um futuro mais diverso, criativo, coletivo e equitativo que estamos construindo junto com as novas gerações. Ele se apoia na sabedoria das tecnologias ancestrais e emancipatórias que nos trouxeram até aqui. Bem-vindo.

QUIBDÓ uma promessa para o futuro

NoprimeirodiadaAfroinnovaTech2024,Quibdónosrecebeu comosóelasabefazer:comocalordeseupovo,oabraçoúmido doclimaeaexuberânciadesuanaturezatransbordante,que vibraaoritmodeseusrioseselvas.Éumacidadede135mil habitantes,ondetudoestáemconstantemovimento:orioAtrato, quecorreporsuasentranhas;aselva,querespiraaoseuredor;ea música,quenuncaparadetocar.Masessacidadevibrante, apesardetodaasuariquezaculturalenatural,tambémenfrenta realidadescomplexas.Quibdótemumadasmaisaltastaxasde desempregodopaís.Umdesafioque,longedeparalisá-la, acendeuemseupovoodesejodetransformarsuahistória.

“Chocó não é a outra Colômbia, mas o futuro da Colômbia”

OChocóéumterritórioqueolhaparao futuroapartirdeseupotencial,mesmonas áreasdeaçãoeconhecimentoquelhe foramsistematicamentenegadas.

Paula Moreno

AFROINNOVA TECH

Decodificando o futuro

A Afroinnova Tech 2024 não poderia encontrar um cenário melhorparalançarassementesdeumanovanarrativa.Aqui,no coração do Pacífico colombiano, voltamos a um lugar onde a história e o futuro estão entrelaçados em meio a desafios e possibilidades.ComoPaulaapontouemseudiscursodeabertura no fórum Afroinnova, “falar sobre tecnologia e igualdade racial sempassarporestaÁfricanaColômbiaémuitodifícil”,apartir daqui são desenvolvidas e implementadas iniciativas que propõemnovasformasdegerarvalorsocial,culturaleeconômico para transformar a região e o país. No mesmo auditório do Banco de la República, sempre aliado da Manos Visibles, nos reunimos novamente para confirmar o que muitos já sabem: Quibdó tem tudo para se reinventar e se tornar um modelo de desenvolvimentoinclusivoimpulsionadopelatecnologia.

Sob a perspectiva de Saulo Guerrero, criador da Ilewa Turismo, entendemos o poder de Quibdó de capturar a alma de quem a visita.Comseuempreendimento,Sauloconseguiutransformara essência do Chocó em experiências de turismo consciente que abrangem a cidade, os vilarejos, os festivais e a selva. É um Chocó que se move com propósito, onde cada viagem e cada história é contada com amor pelo território. A partir de Ilewa, a riqueza natural e cultural é transformada em um capital com o qual são construídas não apenas novas narrativas do território, mastambémnovoscaminhosparaumfuturomaisprósperopara as comunidades aliadas. Durante uma jornada pelo Atrato, acompanhados pela música shawm do clarinete do Maestro Tomás Domingo, os membros do Afroinnova testemunharam a batida do coração dessa terra. Um ritmo que nos lembra que Quibdó é movimento, resiliência, inovação e, acima de tudo, potencialparaofuturo.

Judith Morrison, em meio a esses passeios, comparou a Quibdó quetinhaemsuamemóriacomacidadequehojeestáse

expandindo diante de nossos olhos. A cada rua, com seu novo aeroporto, shopping center e infraestrutura hoteleira, Morrison confirmou que o tempo tem sido bom para Quibdó, que esse território, embora desafiador, continua a crescer e a se transformar.

A Afroinnova Tech 2024 chega a Quibdó não apenas para testemunhar sua evolução, mas também para contribuir com a mudança que essa cidade merece e que seu povo já está promovendo.PorqueseQuibdónosensinoualgumacoisa,équeé um terreno fértil, uma cidade onde a tecnologia pode ser uma ferramenta para fechar lacunas, semear conhecimento e colher oportunidades.

Aqui, nesta cidade que respira o futuro, reafirmamos mais uma vez nosso compromisso: as tecnologias e a inovação não são estranhas aos povos negros, mas nascem e crescem com eles, porque a inovação também tem raízes profundamente enraizadas no solo fértil de cidades como esta, onde tudo está por crescer e reimaginar.

A conferência inaugural foi ministrada por Tarcízio Silva, consultordepolíticastecnológicasdaFundaçãoMozillanoBrasil, e contou com a participação de Jimmy García, diretor da Escola de Robótica Chocó. Esse espaço colocou em pauta o poder da tecnologia como meio de projetar caminhos para o futuro, vinculando-a diretamente à representação e à resistência das comunidadesafro-diaspóricas.

Tarcízio enfatizou que a tecnologia futurista está enraizada nas formassimplesdavidacotidiana.Eledestacouqueospovosafro não ficaram alheios aos desenvolvimentos tecnológicos; pelo contrário,suasepistemologiascoincidemaoreconhecerquetais avanços estão profundamente conectados a um senso de comunidade. Desde a invenção da bolsa nos tempos pré-históricos — um objeto revolucionário que permitia coletar alimentosecompartilhá-losemgrupo—atéodesignrecentede filtrosparaaplicativosquereconhecemascaracterísticasfísicas das pessoas negras, a tecnologia sempre esteve ligada à criatividadeeàsnecessidadescoletivas.

A tecnologia, naturalmente associada ao progresso do mundo, traz a marca humana da sociedade que a molda.
“Ao longo dos anos, testemunhamos inovações que respondem às necessidades do momento.”
Tarcízio Silva

Para os povos diaspóricos, isso pode significar que os preconceitos raciais são reafirmados e replicados incessantemente por meio da tecnologia. Hoje vemos isso refletido no racismo algorítmico de muitos programas de inteligência artificial que afetam a representação de pessoas negras, seu acesso ao trabalho e à saúde e sua liberdade epistêmica.

Outro ponto importante é que a tecnologia também pode ser discriminatóriaquandocomunidadesinteirasnãotêmacessoa ela, pois essas condições criam um cenário em que são os outros, com suas agendas e desenvolvimentos, que representarão as pessoas que estão completamente desconectadas do mundo, de seu progresso e de novas formas de relacionamento. Povos que não conhecem as ferramentas para propor desenvolvimentos afrocentrados e disruptivos que representem as necessidades do povo afro, ressaltando a importância de implementar o uso de tecnologias desde cedo, sempremantendoumvínculocomoaspectocultural.

Nessa perspectiva, Tarcízio sugeriu que é necessário resgatar, por meio de pesquisas, os negros que, ao longo da história, se dedicaramàcriaçãoeàinovaçãotecnológica.

Porsuavez,JimmyGarcíacompartilhousuaexperiênciaàfrente daEscoladeRobóticaChocó,umexemplodecomoatecnologia pode se tornar uma ferramenta transformadora para jovens afrodescendentesnaColômbia.SuavisãodeQuibdócomouma BlackSmartCityinspirouosparticipantes,querefletiramsobreo potencial das cidades inteligentes para capacitar as comunidadesnegrasemtodoomundo.

Recusar-se a aceitar uma história mundial que é contada sem nossas contribuições é fundamental para a consolidação de agendas futuras em relação à tecnologia, baseadas não apenas em nossa capacidade de inovar, mas de reinventar, confrontar e transformar a tecnologia disponível em favor de nossos povos.

TECNOLOGIAEAFROEMPREENDEDORISMO

Este painel reuniu três líderes proeminentes em seus respectivos campos:TaísOliveira,KarenSantoseDiegoRodríguez.Pormeio de suas intervenções, foram explorados tópicos importantes como quilombismo, democratização da tecnologia e sustentabilidade financeira no afroempreendedorismo. Esse espaço de diálogo destacou tanto os desafios quanto as oportunidades para as comunidades negras em sua interação comatecnologiaeomercadoglobal.

TaísOliveira:Quilombismocomomodelovivoparaum tecnológicoinclusivo

Como profissional de ciências humanas e comunicação, ela abordaainterseçãoentretecnologia,mulheresequestões emsuaspesquisas.Taísdestacaarelevânciadoquilombismo, conceitopropostopelointelectualbrasileiroAbdiasNascimento ao qual ela reconhece semelhanças com a organização em palenques,típicadosprimeirospovosnegroslivresdaColômbia. DeacordocomOliveira,oquilombismonãoserefereapenas espaços históricos de resistência dos quilombos, mas também constituiumaformadeorganizaçãosocialeeconômica nocomunitarismo.

Um aspecto central do discurso de Oliveira foi o papel da tecnologiacomoumaferramentasocialenãoapenasprodutiva.

“Não é o povo se rendendo à tecnologia, mas crescendo com ela ” …
“Uma forma de pensar” que encontra na união e na organização interna a força para se relacionar com o mundo, mantendo suas próprias identidades culturais.

Em sua conversa com Karen Santos, Diego Rodríguez e Wagner Mosquera, uma das primeiras mãos visíveis de Quibdó, ele afirmou com convicção diante de um auditório lotado:

“Aqui nós somos um quilombo”

reunidos em torno do interesse comum de reconhecer o potencial da tecnologia para os negros, Taís enfatiza que os negros, trabalhando coletivamente, podem construir um futuro mais justo e, nesse cenário, o quilombismo é uma forma viva do pensamento negro no Brasil para enfrentar os desafios atuais.

“O

afroempreendedorismo não se concentra apenas na criação de produtos e serviços, mas também no fortalecimento de redes de apoio entre empreendedores negros. Essasredespermitemo compartilhamentode conhecimento,recursose oportunidades,oque aumentaaschancesde sucessoemmercados competitivos.

...eladestacou,insistindoqueasplataformasdigitaispodemser espaços para fortalecer as redes de afroempreendedores, promover a paridade de gênero e fechar lacunas históricas por meiodaeducação.Comoexemplos,temosoInstitutoSumaúma, que conecta negros e indígenas a oportunidades de treinamento, políticas públicas que promovem o acesso de pessoasracializadasaprogramasacadêmicosemtecnologiaou redes de mulheres que trabalham usando a tecnologia para se conectar,trocarecriarumacomunidadeafro-diaspórica.

KarenSantoseUXparaMinasPretas:tecendoainclusãoea representaçãotecnológica

Karen Santos compartilhou uma experiência profundamente pessoal e transformadora. Ela se apresentou como uma mulher negradadiáspora,comraízesnareligiãodosorixáseumforte compromisso com sua comunidade. Santos contou como, no início,atecnologiapareciaestarforadeseualcance:“Tivemeu primeiro computador aos 30 anos de idade, os outros eram doações”, lembrou ela. No entanto, essa percepção mudou quandoelapercebeuseupotencialdeinclusãoerepresentação.

Inspirada pela falta de lideranças afro na área de tecnologia e desafiada por um chefe que lhe disse que defender a inclusão em cenários tecnológicos não levaria a nada, ela fundou um grupo de mulheres que começou com cinco integrantes e hoje reúne mais de 2.000 em todo o Brasil. Assim nasceu a UX for Minas Pretas, empresa que promove a inclusão de mulheres negras em trabalhos relacionados à tecnologia e à experiência dousuário.

Apartirdaí,trabalhamemprojetostãodiversosquantoredesde apoio a gestantes, aplicativos para entender o cabelo afro e adquirir produtos para seu cuidado e plataformas comerciais paraartesãsquilombolasqueencontramnoscenáriosvirtuaisa oportunidade de comercializar seus produtos e expandir seus empreendimentos.

Como podemos olhar para o passado, o presente e o futuro por meio de lentes diferentes?

Karen se perguntou, destacando a necessidade de criar tecnologias com foco afro que atendam às necessidades específicasdascomunidadesnegras.Suahistóriarefleteopoder das iniciativas coletivas para democratizar o acesso à tecnologiaefortaleceraautoestimadasmulheresnegras.

DiegoRodríguez:Fintechparaumfuturosustentávelparaas comunidadesafro

Diego abordou a relação entre tecnologia, finanças e sustentabilidade a partir de uma perspectiva pragmática e transformadora. Com ampla experiência no setor de Fintech, Diego destacou que “finanças é a arte e a ciência de gerar riqueza” e ressaltou que os afroempreendedores enfrentam barreiras estruturais, como o racismo e a falta de redes de apoio.

Somente uma incursão mais forte nessas áreas garante que nossariquezaculturalsejacapitalizadanomercadofinanceiroe traga benefícios para nossas comunidades, assegurando tambémasustentabilidadeeconômicadosempreendimentos.

“Nosso

valor social e cultural

não é facilmente capturado pelos capitalistas”. Éimperativoqueas

comunidadesnegras influenciemosmercados financeirosapartirde lugaresdepoder,design deferramentasetomada dedecisões.

Com a convicção de que o conhecimento que possui pode influenciar o caminho de outras pessoas, ele fundou o Binafi Group, uma Fintech que integra planejamento financeiro e inteligênciaartificialparaajudarpequenasemédiasempresas a crescer. Ele também dirige o programa de finanças da Universidade ICESI, onde trabalha com jovens em Cali, no Pacífico e em outras áreas para ajudá-los a atingir seu pleno potencial em finanças. Com essas duas frentes de trabalho, Diego consegue atingir os afrodescendentes com duas das necessidades mais urgentes em relação à Fintech, sustentabilidade empresarial e treinamento de recursos humanosparaimpactaressemercadoeencontrarmaneirasde capitalizaroconhecimentodascomunidadesafrodescendentes, suaculturaecriatividade.

Noentanto,paraDiego,aspráticasculturaiseacriatividadepor si só não são suficientes: “É preciso ser realista: você precisa de dinheiro para sobreviver”. Nesse sentido, ele destacou como o setor de Fintech permitiu que as comunidades afro tivessem acessoafontesdefinanciamentomaisinclusivas,

mas ainda é preciso que mais pessoas afro estejam presentes no setor para aumentar essas ofertas

de financiamento, pessoas que não desistam, que sejam treinadas e entendam que o empreendedorismo é um aprendizado.

Eletambéminsistiunaimportânciadeaprenderaabandonaros projetos que não funcionam, em favor daqueles com maior potencial de impacto. De modo geral, as intervenções de Oliveira,SantoseRodríguezdeixaramclaroque

a tecnologia, longe de ser um fim em si mesma, é um meio de emancipação, representação e

geração de riqueza nas comunidades negras.

Esse painel não apenas destacou os desafios estruturais enfrentados pelos afrodescendentes, mas também ofereceu um horizontedepossibilidadesemqueacoletividade,ainovaçãoea equidade são os pilares para a construção de um futuro mais justo.

Desigualdadestecnológicasesoluçõessistêmicas:um urgenteapartirdeumaperspectivaafrodescendente

O painel “Desigualdades tecnológicas e soluções sistêmicas” destacouosdesafiosestruturaisenfrentadospelascomunidades afrodescendentes em relação ao acesso e à participação nos avanços tecnológicos. Nessa conversa conduzida por Alexander Estacio, Diretor de Serviços de Informação e Tecnologia da Universidad de los Andes, César Lins e Silvana Bahía compartilharam suas reflexões sobre como a tecnologia, ao mesmo tempo em que oferece oportunidades transformadoras, também perpetua desigualdades históricas quando não é abordadaapartirdeumaperspectivacríticaeinclusiva.

CésarLins:nossosproblemas,nossassoluções

César é consultor do Banco de Desenvolvimento da América

Latina, CAF. Seu trabalho como analista de dados tem um enfoque étnico que lhe deu uma visão aguçada da população desse continente que abriga mais de 130 milhões de afrodescendentes,umapopulaçãosignificativaque,noentanto, continua atrasada em termos de acesso à Internet e a outras tecnologias avançadas. A falta de conectividade limita não apenas sua participação no mercado de trabalho tecnológico, mas também sua influência nas decisões que moldam o futuro digital, que agora é marcado pelo impacto da inteligência artificial.

Os algoritmos estão presentes hoje, mas reproduzem o preconceito e a discriminação racial …

“Os negros são aqueles que conhecem seus problemas e podem propor soluções tecnológicas mais eficientes para eles. Daí a necessidade de maior representatividade no setor de tecnologia como um caminho para acabar com a exclusão digital.”

… disse César, fazendo eco a estudos que mostram como a inteligência artificial e outras tecnologias exacerbam a marginalizaçãodascomunidadesnegras,limitandooacessoao crédito e gerando procedimentos de reconhecimento facial que traçam um perfil negativo dos negros, impactando negativamente a vida cotidiana e as oportunidades dessas populações.

Noentanto,eletambémapresentoucasospromissoresdecomo a tecnologia pode ser um motor de progresso. Ele mencionou o exemplo de Ruanda, onde drones autônomos realizam 75% do fornecimento de sangue em áreas rurais fora da capital, ou o projetoSolarMamas,quetreinamulheresruraisparainstalare manterpainéissolaresemcomunidadesforadarede.ParaLins, essas inovações demonstram o potencial transformador da tecnologia, desde que sejam implementadas de forma equitativa.

Essaéumatarefaqueexige,emprimeirolugar,garantiroacesso àInternete,emseguida,identificarinterseçõesqueconectemos interessesdascomunidades,comomúsica,futeboleartes,coma tecnologia.

Essasaçõescoordenadasfacilitamatransiçãoparaachamada

Sociedade 5.0, uma sociedade em que a tecnologia é centrada nas pessoas e atende às suas necessidades para promover a equidade. Nesse sentido, ele enfatizou a importância do treinamentoedaliderançaafro,sugerindomaisiniciativascomo a Escola de Robótica de Chocó como um modelo replicável na região.

Silvana Bahía e o compromisso com tecnologias críticas e inclusivas

Silvana Bahía é codiretora da Olabi, uma organização social que trabalha para ampliar a diversidade nas áreas de tecnologia e inovação e apoia as empresas na criação de políticas inclusivas. Para ela, a alfabetização digital é uma tarefa urgente, especialmente em contextos rurais e marginalizados. De acordo com sua pesquisa, 77% da população afro e indígena nas áreas rurais não tem acesso à Interneteapenas24%dosprofissionaisdetecnologianoBrasil são afrodescendentes. Essa desconexão não apenas reflete desigualdades históricas, mas também dificulta a criação de políticaspúblicasinclusivas.

Temos uma falta de dados abrangentes sobre a região, o que dificulta pensar em soluções.

Silvana destacou algumas das iniciativas do Olabi, como o Pretalab, uma plataforma que, por um lado, conecta mulheres negras a empregos na área de tecnologia e, por outro, desenvolve um trabalho de preparação das empresas para receberpessoasdiversas;nessalinha,acompanhaasempresas no desenvolvimento de suas políticas de inclusão e treina funcionários para receber novos membros em suas equipes de trabalho. Também o Transborda 60+, criado para ensinar pessoascommaisde60anosaserelacionaresebeneficiarda tecnologia, e o Códigos Negros, um projeto que promove uma linguagemcotidianaantirracista.Essasiniciativas,explicouele, nãoapenasdemocratizamoacessoàtecnologia,mastambém desafiamasmetodologiastradicionaisdecriaçãotecnológica.

“A linguagem é algo muito poderoso, tem a ver com metodologia e como as coisas são feitas”, daí a importância de nos nomearmos e sermos nomeados com dignidade na esfera tecnológica e na vida cotidiana.

“Não queremos ser uma iniciativa que apenas ensina a apertar botões.” Na perspectiva de Silvana, um dos aspectos diferenciais do trabalho do Olabi está centrado no desenvolvimento de iniciativas que não só promovem a educação e a capacitação de pessoas negras para o uso da tecnologia,mastambémcontribuemparaodesenvolvimentodo pensamento crítico, o uso de uma linguagem mais justa e a reimaginação das tecnologias, uma tríade que permite aumentar o impacto dos programas e seu benefício para as

Um ponto central de sua intervenção foi a necessidade de criartecnologiascomidentidade.Elepropôsqueosesforçospara desenvolver “cidades inteligentes negras” devem surgir das comunidades,inspirandopolíticasinclusivasbaseadasemsuas próprias necessidades e oportunidades. “Inspiramos políticas a partirdenossosespaçoscomasociedadecivil”,disseele.Bahia averdadeiratransformaçãoexigeapromoção do pensamento crítico, a democratização do acesso à Internet e a garantia de treinamento em tecnologia que

O painel foi concluído com um convite para repensar as tecnologias não apenas como ferramentas, mas também como espaços de poder que podem ser reconfigurados pelas comunidades afrodescendentes. Tanto Lins quanto Bahia eliminaçãodaslacunastecnológicasnão se trata apenas de acesso, mas de garantir que as pessoas que

Silvana Bahía

África tecnológica: o caso do Quênia e seu espelho na AméricaLatina

EssepainelreuniuDorcasOwinoh,diretoraexecutivadoLakeHub no Quênia; Judith Morrison, consultora sênior de gênero e diversidadedoBancoInteramericanodeDesenvolvimento(BID);e

Paula Moreno, presidente da Corporación Manos Visibles, que moderou a conversa. O diálogo abordou como as iniciativas tecnológicaseadinâmicadeinovaçãonoQuêniapodeminspirar e orientar esforços semelhantes na América Latina, especialmenteemcomunidadesafrodescendentes.

SiliconSavannah:InovaçãodoQuênia

Dorcas Owinoh abriu a conversa falando sobre o “Silicon Savannah”, o ecossistema tecnológico em expansão no Quênia. Elaexplicoucomoainovação,inicialmentecentradaemNairóbi, começouaseespalharparaoutrasregiões,gerandoumimpacto econômico significativo na região. Esse desenvolvimento foi impulsionadopeloacessoàInternet,queinicialmentefacilitouo uso de moedas digitais, melhorando assim a qualidade de vida dosafricanos.

Dorcas destacou seu trabalho na LakeHub, uma organização sediada na cidade intermediária de Kisumu que busca descentralizar a tecnologia e promover o empreendedorismo. Com projetos como incubadoras e aceleradoras de empresas, a LakeHub treina jovens em codificação e os prepara para enfrentar desafios complexos. “Mudamos nosso norte em dez anos”,disseDorcas,enfatizandoaimportânciadecriarumanova geraçãodesolucionadoresdeproblemaspormeiodeummodelo de pedagogia colaborativa no qual os solucionadores de problemasmaisavançadosapoiamseuscolegas.Essecírculose fecha quando eles conseguem colocações de trabalho em tecnologia para as pessoas que treinaram, que agora são mais de5.000desde2017,quandooLakeHubcomeçou.

“Queríamos que a inovação acontecesse fora de Nairóbi, e conseguimos isso.”

Outro caminho é o do empreendedorismo; muitas pessoas que são treinadas depois querem amadurecer suas ideias de negócios, uma tarefa que Dorcas e sua equipe assumem por meiodetreinamentoealavancagemfinanceira,oquefacilitaas condiçõesparasustentarasstartups.

Um excelente exemplo de seu impacto foi quando uma equipe de meninas do LakeHub representou a África no Technovation

Challenge no Vale do Silício. Essa descentralização de oportunidades pode ser um modelo replicável na América Latina, especialmente em cidades como Quibdó, que ela considerasemelhanteaoseuprópriolocaldeorigem.

JudithMorrison:Rumoaumfuturoafrocêntrico

Judith Morrison pediu a priorização de investimentos estratégicos que promovam o treinamento em tecnologia e economia para as novas gerações. Ela observou que o desenvolvimento tecnológico não pode se limitar à adoção de ferramentas,masdeveincluirumavisãoamplaqueincorporea criação de políticas públicas inclusivas e a construção de sistemasfinanceirosafrocêntricos.

Quando os governos investem em tecnologia, eles estão hipotecandoofuturo.Precisamosestarpresentesnessesespaços de tomada de decisão”, disse Judith. Ela enfatizou que na AméricaLatinaháumaricadiversidadedetalentosquedeveser visível e promovida. Ela também vê a incursão dos afrodescendentes em carreiras nos setores de tecnologia e financeiro como uma força motriz que pode acelerar o desenvolvimento. Por exemplo, se observarmos o número de afrodescendentes com doutorado em economia na região, eles nãoultrapassamtrinta,eéporissoqueelaincentivouosjovens queestãoexplorandosuavocaçãoprofissionalaestudarnessas áreas.

“A excelência está aqui, em Quibdó e Chocó” disse ela, conclamando as comunidades locais a se tornaremlíderesdeseupróprio progresso.

Judith Morrison
“Há

19 anos, iniciamos processos semelhantes no Quênia e em Quibdó, mas não nos conhecíamos.

Conseguimos nos conectar antes”

Para Judith, ter suas próprias entidades financeiras que promovam a autonomia econômica das comunidades afrodescendentes,comoaconteceunosEstadosUnidoseestáse tornandoumapossibilidadecadavezmaispróximanoBrasil.Ela também levantou uma profunda reflexão sobre a relação dos afrodescendentes com a tecnologia, no sentido de onde eles se posicionam em relação a ela: como criadores, como consumidoresoumesmocomoumproduto;tomarumadecisãoa esse respeito estabelece uma agenda determinante para o futuro.

PaulaMoreno:Cooperaçãoeredesglobais

PaulaMoreno,quemoderouopainel,destacouaimportânciade estabelecerconexõesglobaisentreaÁfrica,aAméricaLatinaea diáspora afrodescendente. Sua fala ressaltou a necessidade de colaboração transnacional e o fortalecimento das redes como estratégiaparaimpulsionarumcrescimentoexponencial.

Paula enfatizou que a tecnologia deve estar a serviço da identidade e da cultura, promovendo o pensamento crítico e criandooportunidadesparaascomunidadesafrodescendentes.

Ela acredita que é imperativo que os afrodescendentes tenham acesso a espaços onde não há participação suficiente, o que é fundamental para promover uma compreensão das realidades das comunidades afro e dos afrodescendentes e para propor soluçõesalternativasparaseusproblemas.Elacitouaspalavras de Dorcas e Judith para concluir que o desafio não é apenas consumir tecnologia, mas também criá-la a partir de uma perspectivaafrocentrada.

O painel deixou claro que os desenvolvimentos tecnológicos no Quênia, como o conceito de Silicon Savannah, podem ser uma fontedeinspiraçãoparaaAméricaLatina.

Paula Moreno

Projetos como o LakeHub e plataformas de intercâmbio global como o AfroDiaspora, que conecta produtos, artes e conhecimento tradicional por meio de ferramentas digitais, ilustramcomoatecnologiapodeserumaferramentapoderosa paraaemancipaçãoeconômicaecultural.

Os membros do painel concordaram que o acesso à Internet, a descentralizaçãodasoportunidadestecnológicas,oingressoem carreiras tecnológicas e financeiras e a criação de políticas públicas inclusivas são fundamentais para eliminar as lacunas sociais e econômicas enfrentadas pelas comunidades afrodescendentes.

O potencial da tecnologia como impulsionadora de mudanças é inegável, mas também é inegável a importância de as comunidades afrodescendentes serem protagonistas na construção de um futuro mais equitativo e conectado.

Algumasconclusões

O fórum “Afroinnova Tech: Decoding the Future” ressaltou o papeltransformadordatecnologianofortalecimentodasredes afroempreendedoras,destacandoanecessidadedeestratégias abrangentes que abordem tanto os desafios quanto as oportunidadespresentes.

A criação de plataformas digitais foi apresentada como uma ferramenta fundamental para facilitar a conexão e a colaboração entre os afroempreendedores, assim como as estratégiasdeeducaçãoetreinamentoemhabilidadesdigitais são essenciais para fechar as lacunas tecnológicas para os afroempreendedores, facilitando o acesso a um mercado de trabalhoemconstanteevolução.

Em outra linha, foi levantada a relevância do acesso ao financiamento inclusivo para as iniciativas dos afroempreendedores. Nesse sentido, a tecnologia financeira (Fintech) pode fornecer ferramentas adaptadas às realidades culturaisdascomunidadesafrodescendentes,facilitandoassim sua participação no mercado econômico. Diego Rodríguez enfatizou a importância de projetar soluções financeiras que reconheçam e capitalizem o valor social e cultural de nossas comunidades.Paraisso,éessencialpromoverpolíticaspúblicas inclusivas que garantam o acesso equitativo à Internet e aos recursostecnológicos,poisafaltadeconectividadelimitamuito a participação das comunidades afrodescendentes na esfera digitaleeconômica,perpetuandodesigualdadeshistóricas.

Oresgatedoconhecimentohistóricosobreascontribuiçõesdos afrodescendentes para a tecnologia também pode ser observado como uma linha de ação proposta, pois é vital para inspirar as novas gerações. Reconhecer e documentar essas inovações não apenas valida sua história, mas também estabelece as bases para um futuro em que a tecnologia seja usada como uma ferramenta de emancipação. Juntas, essas estratégias promovem o desenvolvimento econômico e fortalecem a representação e a voz das comunidades afro-diaspóricasnaesferatecnológica.

ALTERAÇÃO DOS ALGORITMOS

NosegundodiadaAfroinnovaTech24,emQuibdó,aEscolade Robótica de Chocó deu as boas-vindas aos participantes do laboratório Changing Algorithms, um espaço de reflexão e cocriação que reuniu líderes e atores-chave em inovação tecnológica e social de diferentes latitudes, incluindo Quênia, BrasileColômbia.AEscoladeRobóticaéumsímbolodisruptivo em uma cidade onde o acesso à Internet, o desenvolvimento tecnológico e as oportunidades de emprego são limitados. Pensar em transformações sociais baseadas em tecnologia e mudar algoritmos a partir desse local foi inspirador para os participantesdolaboratório.EmQuibdó,ondeariquezacultural easexperiênciaslocaisoferecemumaestruturapoderosapara ageraçãodepropostastransformadoras.

Paula Moreno abriu o espaço destacando a importância de gerar futuros claros a partir de contextos como o de Quibdó, “um território onde as chamadas minorias são a maioria”. Ela enfatizou que as soluções e propostas que surgirem desse laboratório não terão impacto apenas no Pacífico colombiano, mastambémserãoúteisparaoutroscontextosurbanoserurais, como a Comuna 13 de Medellín, que abriga uma grande populaçãoafro.

Paulapropôsquecadaparticipantedefinisseduaspalavrasque resumissem sua percepção do Afroinnova e perguntou: O sistemafoiatualizadocomoFórumAfroinnova?Essasperguntas levaramaumdiálogosobreaslacunasgeracionais,aresiliência e a persistência como valores-chave nos processos de transformaçãotecnológica.

Durante o laboratório, as intervenções dos participantes pintaram um quadro diversificado e enriquecedor da relação entre tecnologia, educação e transformação social. Andrés

Valencia destacou como a Afroinnova preencheu as lacunas geracionaispormeiodeprocessosintergeracionaisemque

“pessoas não digitais ensinam nativos digitais”

enfatizando valores como resiliência e persistência. Sua experiência na Koulutus Foundation, que trabalha com desenvolvedores do Pacífico em áreas como manutenção de redes e serviços audiovisuais, trouxe uma visão prática e territorialparaadiscussão.

KleverArrecheadestacouaimportânciadepromoveraeducação STEAMparaosjovens,inspirando-senaChocóRoboticsSchoole também em seu trabalho de apoio aos jovens do Pacífico, especialmente de sua terra natal, Timbiquí, no desenvolvimento de habilidades de raciocínio matemático que lhes permitirão acessaroensinosuperior.

Os dados e o monitoramento podem ser ferramentas transformadoras, especialmente em uma região que enfrenta taxas de pobreza tão altas.

Klever relacionou sua proposta com o trabalho de Dorcas Owinoh, que relatou como a experiência do LakeHub no Quênia gerourendaparaapopulaçãoafrodeKisumu.

Dorcas também falou sobre as semelhanças entre Kisumu e Quibdó, o que a levou a propor trocas de conhecimento e colaboração entre os dois territórios, incluindo hackathons virtuais parafortalecerascapacidadeslocaiseglobais.

Para Tarcízio Silva, é importante avançar no desenvolvimento de algoritmos com uma perspectiva afro-diaspórica. De sua perspectiva, é fundamental superar as barreiras linguísticas para construir redes globais que respondam a problemas comuns, algo em que a Afroinnova fez progresso ao trazer pessoas de tantas latitudesdiferentesparaodiálogo.Suapropostaseconectoucoma visãodeJudithMorrison,quepropôsanecessidadedeplataformas educacionais que promovam a igualdade racial e a emancipação econômica,ligandoostalentosafrodescendentesaoportunidades concretas. A criação de redes de cooperação que promovam o contato entre empresas e talentos tecnológicos é uma ponte que precisaserconstruídacomurgência.

Esimperativoquelas comunidadesnegras incidanenlosmercados financierosdesdelugares depoder,diseñode herramientasydecisión.

Porsuavez,SilvanaBahíarefletiusobreoconceitode“inteligência ancestral” como um guia para a construção de uma tecnologia mais humana e sustentável. Nessa mesma linha, Taís Oliveira destacou o potencial da inteligência artificial para resolver problemas específicos que afetam as comunidades afrodescendentes. Entre esses problemas, ela citou o desenvolvimento de modelos de prevenção de desastres meteorológicos, propondo sistemas que resumam informações cruciais e as tornem acessíveis a comunidades com pouca conectividade. é muito importante iniciar processos de treinamento tecnológico desde cedo, garantindo que as comunidades afrodescendentes não apenas consumam tecnologia, mas também participem de sua criação. Essa abordagem foi complementada por ManuelaGuerra,queenfatizouque

OAFROINNOVATECHtambém contoucomaparticipaçãoea reflexãodaDIGITALDIÁSPORA,a

primeiracomunidadedeprofissionaisafro-colombianosdosetor de tecnologia. Suas trajetórias, experiências e ideias materializam o desenvolvimento e o uso da tecnologia para a inclusãoeaconstruçãodaequidaderacialedegêneronopaís, além de posicionar novas referências étnicas nas narrativas nacionais.

Asegundapartedolaboratóriofoiestruturadaemtornodedois eixosprincipais:aMesaRedondadeConteúdoseCapacidadese a Mesa Redonda de Tecnologias Emancipadoras. A primeira tratoudequestõesrelacionadasàeducação,aoconhecimentoe àinclusãotecnológica.Asegundadiscutiuaeconomiadigitale a criação de ferramentas e plataformas que atendam às necessidades específicas das comunidades afrodescendentes. Implícita na ideia dessa distribuição estava a necessidade de estabeleceroqueprecisamossabereoqueprecisamosfazerem relação à tecnologia, a fim de mudar algoritmos e gerar desenvolvimento.

Os conteúdos de que precisamos para desenvolver capacidadesemtecnologia

Nessa mesa, Dorcas, Andrés, Jimmy, Klever e Silvana exploraramasseguintespropostas:

- Hackathons: Organizar hackathons motivados por necessidadesconcretas,vinculadosademandasreaisde comunidades ou empresas privadas. Isso possibilitaria a geração de soluções aplicáveis, sustentáveis e significativas.

- Infraestrutura e pedagogia: criar espaços físicos e virtuais para treinamento tecnológico, replicando modelosbem-sucedidoscomooLakeHubnoQuênia.

- Intercâmbio de conhecimento: Facilitar programas de intercâmbio entre países para promover o aprendizado conjunto, entendendo que isso otimiza o conhecimento para a solução de problemas semelhantes em locais distantes.

- Plataforma de interação: projetar uma rede social que conecte jovens treinados em tecnologia com empresas e oportunidadesdeemprego.

No meio do AFROINNOVA Future Labs em Quibdó, Chocó, faltou energia. Nessa região do país, a instabilidade da eletricidade e/ou da conectividade com a Internet chegou a deixar a região incomunicável por semanas seguidas.

AEscoladeRobóticadeChocótemsidoumdosparceirosmais importantesdoNaidiValleyedaManosVisibles.Trata-sede umainiciativaqueacompanhamosháquaseoitoanosem nossasescolasdeinovaçãocomunitáriaenoprogramade fortalecimentodeorganizaçõesdebase,oMINGALAB.Énosso parceirodesdenossasprimeirasiniciativasnalinhade tecnologia,comoInnovationGirlseRedPacífico4.0.Na

AFROINNOVATech,foiumdoslocaisdoslaboratórioseo designdesuaexperiênciaimersivaderealidadevirtual permitiuqueespecialistaseconvidadosdenossarede experimentassememprimeiramãooconceitodoquesignifica estaremumaBlackSmartCity.

Rumoàconfiguraçãodetecnologiasemancipatórias

Essaequipe,lideradaporPaulaMorenoecompostaporTarcizio, Manuela, Taís, César e Helen, propôs que, para chegar a uma tecnologia que trabalhe em prol da igualdade e da sustentabilidadedospovosafro,éimportantelevaremconta

- Inteligência ancestral: Resgatar o conhecimento tradicional e aplicá-lo às soluções tecnológicas contemporâneas. O conhecimento da natureza e as práticas culturais tradicionais podem ser reinventados com ferramentas tecnológicas para resolver problemas atuais.

- Educação tecnológica: implementar programas de treinamento para o uso de inteligência artificial e ferramentasdigitaisdesdeamaistenraidade.

- IA para territórios remotos: projetar bancos de dados locais que alimentem as inteligências artificiais com informações relevantes e culturalmente apropriadas. Grande parte das informações e do conhecimento acumulados por nossos povos é confiada à memória e à transmissão e não é facilmente acessada. O uso da tecnologia para torná-los acessíveis pode aprimorar o desenvolvimentodacomunidade.

- Soluções para a ruralidade: Desenvolver tecnologias inclusivas que beneficiem as comunidades rurais mal conectadasepromovamajustiçaracial.

Conclusões

O laboratório deixou claro que a tecnologia deve ser uma ferramenta transformadora que atenda às necessidades e prioridadesdenossascomunidadesafrodescendentes.Paraisso, foram identificadas três áreas principais de ação: a criação de plataformasdigitaisqueconectamtalentoserecursos,acriação dehackathonssustentáveiscombaseemproblemasconcretose o fortalecimento da educação tecnológica para desenvolver habilidades desde cedo. Essas iniciativas buscam fechar as lacunas de acesso, promover a representação ativa e garantir que não apenas consumamos tecnologia, mas também lideremossuacriação.

Também foi destacada a importância de promover políticas públicasinclusivasquepromovamaigualdaderacialeoacesso a tecnologias éticas e contextualizadas. Nessa estrutura, a colaboração internacional é apresentada como uma oportunidade estratégica para aprender com outros contextos, construiraliançasefortalecerredesglobais.

Ofocoemnossasinteligênciasancestraistambémfoidestacado comoumguiavaliosoparaainovaçãotecnológica,permitindoa integração do conhecimento tradicional com ferramentas modernas para resolver problemas atuais. Essas ações representam um passo em direção a um futuro mais justo e equitativo, em que nossas comunidades são protagonistas na concepção de tecnologias inclusivas que transformam vidas e fortalecemnossaautonomiacoletiva.

EMPREENDEDORISMO DIGITAL E FUNDOS DE INVESTIMENTO

Esse espaço refletiu sobre os desafios e as oportunidades do empreendedorismo digital em nossas comunidades afrodescendentes.Desdeoinício,foifeitaumaperguntacentral: oqueascomunidadesafrodescendentesestãofazendohoje em termos de empreendedorismo digital e como podemos garantir que essas iniciativas sejam realmente nossas? Esse exercício buscou não apenas diagnosticar, mas também traçar um caminho concreto para fortalecer nossa participação na economiadigital.

Identidades,pontosfortesemodelos

Foi feita uma análise coletiva de nossas capacidades e potencialidades no contexto do empreendedorismo. Diego Rodríguez enfatizou a importância de identificar quem somos, no que somos bons e como nossas habilidades podem ser posicionadas em mercados competitivos. Investir no Pacífico ainda é visto como um risco alto. Para Diego, essa percepção pode ser transformada em uma oportunidade por meio de estratégias que equilibrem o risco com alta rentabilidade e transparência de informações, pois a falta de dados estruturados e confiáveis sobre o mercado e os empreendedores afrodescendentes gera instabilidade e desconfiança entre os investidores, dificultando a tomada de decisões informadas, que são a base de qualquer economia sólida.

Na Colômbia, a invisibilidade estatística dos empreendedores afrodescendentestemsidoumproblemahistórico.Desde1945,a etnia dos empreendedores não foi pesquisada, impedindo o desenvolvimento de soluções específicas e a elaboração de políticas públicas inclusivas. Apenas recentemente esses exercícios de coleta de dados foram retomados, uma etapa

fundamentalparadocumentarprocessos,mapearoportunidades e tornar visíveis as contribuições das comunidades afrodescendentesnaeconomianacional.

Nessa linha, Yeison García destacou o papel fundamental da formação de equipes na construção de conexões estratégicas, especialmente para atrair financiamento. Karen Santos propôs ummodelobaseadoempilaresclarosparalevarumprodutoao mercado: oferta, clientes, canais, monetização, recursos e alianças estratégicas. Ela enfatizou que a tecnologia pode nos ajudar a fechar lacunas estruturais, conforme demonstrado por iniciativascomoosAfro-banksnoBrasil,queapoiamaeducação financeiraeaeconomiacriativa.

Natalia Garrido compartilhou sua experiência na gestão do Negro Fest, um festival que conseguiu atrair a atenção de grandes investidores alinhando indicadores de sucesso com os objetivos dos financiadores. O uso estratégico da tecnologia permitiu que o festival superasse as expectativas, expandindo seualcanceparaalémdonívelregional.

Estratégiascoletivasparaofuturo

Foram discutidas as diferentes estratégias que articularão as necessidadesdaeconomiarealcomasferramentastecnológicas disponíveis. Divididos em dois grupos, os participantes identificaramestratégiasconcretasparaenfrentarosdesafios.

Oprimeirogrupo,lideradoporYeison,Karen,Natalia,DiegoB.e Jesús, propôs uma estratégia em três etapas para alinhar as afroempresasaumaagendafutura:

- Treinamento: programas que geram visibilidade e alinham os empreendimentos com objetivos de longo prazo.

- Padronização: produtos mais acessíveis e competitivos nosmercadoslocaiseinternacionais.

- Plataforma global: um espaço digital que conecta a diásporaafrodescendente,promovendorelacionamentos cominvestidoresemercadosinternacionais.

O segundo grupo, formado por Diego R., Luis, Alexander e Veronica, concentrou-se na criação de um Fundo de Investimento do Pacífico (FIP) . Esse fundo teria um foco específico em setores estratégicos, como gastronomia, turismo verde e energias renováveis. A ideia é criar um modelo que entenda as necessidades locais e gere confiança nos investidoresinternacionais.

Ambos os grupos concordaram que, embora não seja viável produzirnovastecnologiasnocurtoprazo,épossíveladaptare aproveitar as existentes para construir bases sólidas para impulsionarnossosempreendimentos.

Conclusões

Olaboratóriomostrouqueoempreendedorismodigitalpodeser umaferramentapoderosaparatransformarnossasrealidades. Noentanto,essecaminhoexigeumacompreensãoprofundade nossos pontos fortes e uma visão estratégica que integre a tecnologiaàsnossasnecessidadesecontextos.

Para isso, é essencial priorizar a educação financeira e tecnológica , não apenas para equipar os futuros empreendedores com ferramentas práticas, mas também para promoversuacapacidadederespostaaosdesafiosdomercado.

Além disso, a criação de plataformas digitais e fundos de investimento dedicados pode catalisar o crescimento econômico em nossas comunidades, permitindo maior representação e autonomia no ecossistema empresarial.

Também é fundamental desenvolver métricas que apoiem a tomada de decisões e mostrem o potencial dos projetos na região.

O empreendedorismo afrodescendente não deve se concentrar apenas em sobreviver, mas também em liderar, demonstrando que nossas habilidades e conhecimentos são fundamentais na era digital.

Esselaboratóriomarcaumpassosignificativoemdireçãoaesse objetivo,apostandoemumfuturonoqualnossascomunidades nãoapenasparticipem,mastambémliderematransformação econômicaetecnológica.

O laboratório foi concluído com uma proposta clara: o desenvolvimentodeumecossistemadeempreendedorismoque combinedadosconfiáveiseatualizados,estratégiasfinanceiras inclusivaseumavisãodesustentabilidade.AcriaçãodoPacific Investment Fund representa não apenas uma ferramenta para financiarprojetos,mastambémumaoportunidadedeconectar ariquezaculturalenaturaldaregiãoaosmercadosglobais.

UTCH, uma universidade que se projeta por meio de tecnologias

No âmbito da Afroinnova Tech 2024, foi realizada uma visita à Universidade Tecnológica de Chocó (UTCH), que destacou seu papel estratégico no desenvolvimento tecnológico da região. A reunião contou com a presença de membros do evento, como Judith Morrison, Paula Moreno e Helen Johana Cuero, além de representantes da UTCH, incluindo Samir Córdoba Machado, Vice-ReitordePesquisa,eJhonatanCórdobaRodríguez,chefedo Escritório de Sistemas. A UTCH apresentou seus avanços em tecnologia,incluindoprojetoseminteligênciaartificial,robóticae telemetriaparafortaleceraeducaçãosecundáriaemQuibdó.

Judith Morrison destacou a importância desses projetos para melhorar a educação básica e sugeriu a exploração de intercâmbios com universidades afrodescendentes nos Estados Unidos (HBCUs) para fortalecer as capacidades locais. Helen Cuero propôs a criação de uma plataforma tecnológica para denunciar situações de violência, demonstrando como a tecnologiapodeabordarproblemassociais.

Os principais desafios foram discutidos, como a aceleração do desenvolvimento tecnológico em Chocó e a otimização dos recursos humanos e técnicos. Além disso, foi destacada a colaboração da UTCH com universidades nacionais e internacionais, como a Universidade Nacional e várias instituiçõesespanholas.

A UTCH tem o potencial de liderar a mudança tecnológica em Chocópormeiodeprojetoseducacionais,plataformasdigitaise aliançasestratégicas.Comumfococlaro,elapodesetornaruma referênciaeminovaçãoqueconectaasnecessidadeslocaiscom soluções globais, beneficiando diretamente a comunidade de Chocó.

Tecnologia, uma oportunidade para florescer

OsdoisúltimosdiasdoAfroInnovaTech2024levaramosparticipantesaMedellín. ConhecidacomoaCidadedaEternaPrimavera,Medellínabrigaumagrande populaçãoafrodescendentee,nosúltimosquinzeanos,foireconhecidapelomenos trêsvezescomoacidademaisinovadoradomundo.Essarealidadefoipossível,em grandeparte,graçasaoseucompromissotecnológicovoltadoaobem-estardeseus cidadãos.Alémdisso,Medellínéumdestinouniversitárioporexcelênciaparajovens afrodescendentesdoPacíficoNorteetambémsedestacacomoumespaçode desenvolvimentoprofissionalparamuitosdeles.

OJardimBotânicodeMedellínrecebeuosmembrosda Afroinnovaparaproporcionarumaexperiência transformadoraque,longedeserumamera continuaçãodasdiscussõesiniciadasemQuibdó,abriu novoscaminhosdereflexãoeaçãoemfavordas comunidadesafrodescendentesnaAméricaLatina.

Comumfortefocoemtecnologia,educaçãoe sustentabilidade,oencontrodestacou-sepela liderançadePaulaMoreno,quesoubearticular propostasconcretasconectandointrospecçãopessoalà construçãocoletiva,colocandoossereshumanosesuas históriasnocentrodamudançasocial.

Principaisinovações:explorandonovasperspectivas

Em Medellín, as reflexões giraram em torno de temas que haviam sido mencionados em Quibdó e que ganharam maior profundidade e foco graças à metodologia implementada. Se até aquele momento a ênfase estava na valorização da identidadeedamemóriacultural,nestaetapaofocoestavaem como essas identidades podem ser catalisadoras da inovação social e tecnológica. Um exemplo notável foi a dinâmica das “chaves”, uma metodologia que permitiu aos participantes identificar desafios específicos e propor soluções concretas, simbolizandoaaberturadenovasoportunidades.

Esse exercício não apenas facilitou a geração de ideias práticas, mas também promoveu um senso de interconexão e responsabilidade coletiva entre os participantes. O papel da tecnologia também foi destacado como um eixo transversal emtodasasáreasdedesenvolvimentodascomunidadesafro. Reconhecendo seu potencial para preencher lacunas, foram apresentadas propostas específicas, como a criação de uma EscoladeTecnologiaBrasil-Colômbia,quevisaconsolidaruma plataforma educacional que promova as habilidades digitais nascomunidadesafrodescendentes.Alémdisso,asdiscussões sobrealgoritmoseferramentasdigitaisassumiramumanova dimensão, vinculando-se à necessidade de gerar riqueza e melhoraraqualidadedevidanosterritórios.

Históriasdevidacomoeixotransformador

As intervenções dos palestrantes também destacaram a importância das histórias pessoais como impulsionadoras de mudanças. Diego Rodríguez, por exemplo, inspirou ao compartilhar sua trajetória de mudança de Guapi, no Cauca, paraomundodaFintech,demonstrandoqueoempoderamento econômicopodecaminharladoaladocomajustiçasocial.

Por outro lado, Taís Oliveira ampliou a perspectiva ao conectar sua experiência no Brasil com um profundo compromisso com a educação e os direitos humanos. Ela destacou como as histórias de resistência também podem se transformar em histórias de inovação. Nesse contexto, Dorcas Owinoh enfatizou como o LakeHub pode se tornar um modelo replicável para enfrentar desigualdadesestruturais.

Essas iniciativas reforçam o valor de colocar as soluções tecnológicas a serviço das necessidades e dos contextos das pessoas, mas também demonstram a força e a convicção necessárias para obter impactos sustentáveis e crescentes. Apesar da importância das parcerias, comunicações e fontes de financiamento, o que essas histórias de sucesso demonstram é que é preciso ter força de vontade, desejo de servir e clareza conceitual para avançar com iniciativas que façam a diferença nascomunidades.

Outra contribuição fundamental foi o reconhecimento de que a sustentabilidadeeconômicanãodeveestaremdesacordocomos princípios de justiça social. As intervenções dos participantes destacaram a importância de construir fundos de investimento sustentáveis e criar mercados virtuais para conectar empreendedores afrodescendentes com consumidores globais. Essas propostas, além de sua viabilidade econômica, também nos convidam a repensar a narrativa tradicional que muitas vezes limita o desenvolvimento econômico das comunidades afrodescendentes.

A conversa possibilitou a visualização de como as conexões inter-regionais podem ser alavancas para a transformação. A ideia de consolidar um intercâmbio entre a América Latina e a África foi reafirmada como um eixo estratégico, não apenas paracompartilharconhecimento,mastambémparafortalecera solidariedade entre comunidades que enfrentam desafios semelhantes. Essa abordagem conecta a diversificação econômicacomavalorizaçãodasidentidadesculturaiseatroca deexperiênciasbem-sucedidas.

OprimeirodiaemMedellíndeixoupropostasestratégicaspara a transformação das comunidades afrodescendentes por meio datecnologia.Naeducação,foipropostaacriaçãodeconteúdo especializado em algoritmos, tecnologias e português, bem como a criação de uma Escola de Tecnologia Brasil-Colômbia queatendaainteressescomunscomprogramasavançados.

Naáreadefinançaseinovação,foidestacadaanecessidadede umFundodeInvestimentodoPacíficofocadoemprojetoscomo turismo,energiasrenováveiseempreendedorismoafro,apoiado por dados atualizados e precisos que gerariam confiança nos mercados.Alémdisso,foiressaltadaaimportânciadeconectar osprodutoreslocaisdoPacíficocomosconsumidoresnacionais e internacionais por meio de estratégias que incluam espaços físicosevirtuaisparatornarseusprodutosvisíveis.

Porfim,foipropostaaconsolidaçãodeplataformasquereúnam pesquisasecasosdesucesso,fomentandoredesdecooperação entre a América Latina e a África que promovam a inclusão digitalparafortalecerosempreendedoresafrodescendentes.

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“A tecnologia nos ajuda a nos conectar e criar amizades”.
Sementes de mudança crescendo para o futuro
“É uma ferramenta para transformar nossos sonhos em soluções”.

O último dia do Afroinnova consolidou o aprendizado e as estratégias que reúnem tecnologia, educação e liderança política para beneficiar nossas comunidades. A escolha de Medellín como local do evento foi especialmente simbólica: essa cidade, conhecida por sua transformação urbana e social, serviu como exemplo de como a inovação pode reconstruir tecidos sociais e abrir caminhos para o desenvolvimento. UmmomentoparticularmentesignificativodoúltimodiafoioencontrocomasNaidí Girls, que compartilharam reflexões sobre como a tecnologia impactou suas vidas. Essas11meninaseadolescentesfazempartedomovimentotecnológicoquecontacom quase300participantesnacidadeeestácriandoumecossistemadeinovaçãoe tecnologialideradopormeninasemulheresétnicasdeMedellín.

ACódigoC13,fundadapor“elCapi”,buscacapacitarosjovens pormeiodatecnologia.Essaescoladenegóciosjáformoumais de55jovensemprogramaçãoebancosdedados,sendoque15 deles já estão no mercado de trabalho. Sua abordagem abrangente, que inclui apoio psicológico e tutores especializados,permitiunãoapenasotreinamentotécnico,mas tambémacapacitaçãopessoaldeseusalunos.Hámaisdeduas décadas, a Son Batá vem construindo um “palenque cultural” que,pormeiodaarte,promoveaidentidadeafrodescendentee mantém crianças e jovens afastados da dinâmica da violência. Esses projetos ilustraram como a arte e a tecnologia, quando trabalhadas a partir de uma abordagem comunitária, podem transformarrealidadesadversas.

A partir dessa estrutura inspiradora, os participantes se organizaram em grupos de trabalho temáticos para tratar de quatro áreas principais: educação, intercâmbios, inovação e fundos de investimento. Cada equipe desenvolveu propostas concretas que conectam ações locais com estratégias globais, reforçandoaideiadequedesafioscomunsprecisamdesoluções colaborativasetransnacionais.

Na área de educação, eles discutiram a criação de um mapa institucional para alinhar os currículos educacionais com as habilidades exigidas pelo mercado de trabalho tecnológico. Também foi enfatizada a necessidade de estabelecer alianças entre escolas de robótica e tecnologia na Colômbia e no Brasil, bem como a necessidade de criar cursos preparatórios para facilitar o acesso a programas de mestrado e doutorado. O grupo propôs como ação imediata o envio de um documento preliminar e o planejamento de uma reunião em janeiro para definir os principais interlocutores. O grupo de intercâmbio se concentrou em dois eixos principais: treinamento técnico e treinamentopolítico.

Por um lado, foi proposta a elaboração de programas técnicos conjuntosentreorganizaçõescomooCodeC13eaVisibleHands.

Por outro lado, foi proposta uma agenda política voltada à promoçãodaliderançaétnicaeaofortalecimentodaadvocacia junto a governos e empresas. Entre as ideias mais destacadas estáacriaçãodeumaescolabinacionalColômbia-Brasil,além de um laboratório de advocacia política destinado a treinar líderes afrodescendentes, proporcionando-lhes habilidades críticasetécnicas.

Na área de inovação e negócios , foi destacada a importância de aprender com as experiências bem-sucedidas na África, comooLakeHubnoQuênia,econectaressasiniciativascomas comunidadestecnológicasnaColômbia.Tambémfoidiscutidaa possibilidade de elaborar projetos concretos que atraiam a filantropia internacional, além de fortalecer os intercâmbios entre líderes de Quibdó, Buenaventura e comunidades afro no Brasil. Esse grupo enfatizou a necessidade de promover pequenasempresascomimpactoestruturalquetransformema economialocal.

Por fim, o grupo de fundos de investimento propôs uma estratégia em duas fases. No curto prazo, eles priorizaram a necessidade de melhorar a conectividade com a Internet, fortalecer a infraestrutura hospitalar e promover afroempresas sustentáveispormeiodelinhasdecréditodeimpacto.Nomédio prazo, foi destacada a necessidade de promover a agricultura sustentável, o turismo étnico, o ensino superior e a energia renovável.Umadesuaspropostasmaisambiciosasfoiacriação de um fundo autossustentável para eliminar as barreiras ao investimento e capacitar as comunidades. Além disso, foi propostaacriaçãodeumaescolafinanceiraparatreinarlíderes emgerenciamentoderecursos.

AsNaidíGirlsfazempartedomovimentodemeninase mulheresétnicasqueestáconsolidandoaCorporaçãoFlor PúrpuraemMedellín,umespaçodeempoderamentoe transformaçãoparaasmulheresafrodescendentesda cidade.Pormeiodediferenteslinhasdeatenção,aFlor Púrpuradesafia,educaetornavisíveisconceitos,práticase referênciassobreequidaderacialedegêneroemum contextotãodesafiadorquantoodascomunasdacidade.

Seutrabalhoestáfocadoemtransformaras condiçõesdedesigualdadequeasmulheres afrodescendentesvivemhojenacidade,pormeiode treinamentoeacompanhamentoemquestõesde identidade,consciênciapolítica,liderançae tecnologia,tornando-seumambienteprotetoreuma janeladenovasreferênciasparaas afrodescendentesnacidade.

O encerramento da sessão foi marcado por uma reflexão coletiva que destacou a necessidade de articular tecnologia, educação, cultura e liderança política para gerar impactos duradouros.

Em seu último dia, a Afroinnova demonstrou que a tecnologia não é apenas uma ferramenta, mas uma ponte para novas oportunidades. Projetos como o Código C13 e o Son Batá reafirmaram que o sucesso não é medido apenas pelo número de empregos ou de graduados, mas pela capacidade de transformar vidas e inspirar outras pessoas. Além disso, as conexões estabelecidas entre a Colômbia, o Brasil e a África lançaram as bases para um trabalho colaborativo que transcendeasfronteiras.

A reunião em Medellín culminou em um compromisso tangível com a ação. As ideias geradas não serão apenas documentadas, mas também transformadas em estratégias concretasquepoderãoserimplementadasnospróximosmeses.

Desde a criação de plataformas digitais até a articulação de redes de conhecimento, a AfroInnova reafirma sua posição como um espaço que transcende as reflexões teóricas para se tornarumcatalisadordemudançasreais.

EsteeventonãoapenasconsolidouosaprendizadosdeQuibdó, mas os levou um passo adiante, trazendo novas perspectivas, metodologiasecompromissosparaatransformaçãosocial.Em um mundo em que a equidade e a inclusão são mais necessárias do que nunca, a AfroInnova representa uma luz de esperançaeaçãoparaascomunidadesafrodescendentes.

Com essa sessão final, a Afroinnova não apenas encerrou um eventosignificativo,mastambémplantouassementesparaum futuro mais inclusivo, equitativo e empoderador para as comunidadesafrodescendentes.

Encerramentoeprojeçõesfuturas:tecnologiaecomunidadepara odesenvolvimentosustentável

OAfroinnovaTech24seencerracomumconviteclaroeurgente: transformar o potencial de nossas comunidades afrodescendentes em ações concretas que nos permitam influenciar decisivamente a construção de um futuro mais inclusivo,equitativoeconectado.Esseeventonãofoiapenasum espaço de encontro e inspiração, mas também um chamado para consolidar uma agenda conjunta na qual a tecnologia, a educação e a cultura funcionem como motores de desenvolvimentoparanossosterritórios.

Quibdó, com sua força vibrante e resiliente, foi o ponto de partida perfeito. Sua transformação da primeira versão do Afroinnova,em2017,paraosdiasdehojeéumsímbolodoqueé possível quando esforços coletivos são articulados. Aqui, a combinaçãodeconhecimentoancestraletecnologiasemergentes oferece um caminho viável para fechar lacunas históricas. Os passeiospeloAtrato,atrocadeexperiênciascomlídereslocaise asreflexõescompartilhadasdurantecadasessãodemonstraram que a mudança é uma construção diária que começa com o reconhecimento de nossas capacidades e o poder da coletividade.

Medellín, por sua vez, apresentou uma visão tangível do futuro, mostrando como as cidades podem ser reconstruídas por meio da inovação. Iniciativas como o Código C13 e o Son Batá mostraram que a tecnologia e a arte, quando abordadas sob a perspectiva da comunidade, podem ser ferramentas poderosas para quebrar ciclos de violência e gerar oportunidades econômicas. As vozes das Naidí Girls , cheias de esperança e criatividade, nos lembraram que as novas gerações são fundamentaisparalideraressamudança.

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Conclusões

O trabalho realizado pelos grupos temáticos durante os workshopsemMedellíneQuibdódelineouumroteiroclaropara avançar na consolidação de um ecossistema tecnológico inclusivo. Entre as principais conclusões e projeções futuras, destacam-seasseguintes:

A educação como base para a mudança: a necessidade de criar um mapa educacional que identifique os currículos e as habilidades necessárias para o mercado de tecnologia. As alianças binacionais entre a Colômbia e o Brasil e os programas de treinamentoemrobóticaeinteligênciaartificialajudarão a fechar as lacunas educacionais e a preparar os jovens paraosdesafiosdofuturo.

Intercâmbios e redes globais: a criação de uma escola binacional de tecnologia Colômbia-Brasil e a promoção de programas de intercâmbio conectarão talentos, conhecimentos e experiências bem-sucedidas entre as comunidades afrodescendentes da América Latina e da África. Essas alianças fortalecerão as capacidades coletivaseampliarãoasoportunidadeseconômicas.

Inovaçãocomimpactosocial: modelosbem-sucedidos como o LakeHub no Quênia e experiências locais em Quibdó e Buenaventura destacam a importância de conectaratecnologiacomsoluçõespráticas.Afilantropia internacional,acompanhadadeprojetosconcretos,pode ser uma fonte fundamental para o desenvolvimento de pequenas empresas com um impacto estrutural nas economiaslocais.

Fundos de investimento sustentável: a criação de um fundo autossustentável para projetos afrodescendentes é uma prioridade. Prevê-se um esquema em fases para promover a conectividade e a infraestrutura básica no curto prazo e, no médio prazo, para promover setores como turismo étnico, agricultura sustentável e energia renovável.Otreinamentoemalfabetizaçãofinanceiraserá fundamentalparagarantirosucessodessasestratégias.

Tecnologias com foco afro: a tecnologia deve ser projetada e usada a partir de uma perspectiva com foco afro, priorizando as necessidades culturais e sociais das comunidades. Propostas como a criação de Cidades Negras Inteligentes ou o resgate de conhecimentos ancestrais aplicados a ferramentas digitais redefinem a tecnologia como uma ferramenta emancipatória e não apenasprodutiva.

Compromissocomaaçãocoletiva

OencerramentodoAfroinnovaTech24reafirmaqueocaminho para o desenvolvimento sustentável das comunidades afrodescendentesrequerumcompromissocontínuocomaaçãoe a colaboração. A consolidação de plataformas digitais, redes globais e fundos de investimento é apenas o início de um processo no qual a tecnologia se torna um veículo para transformar realidades e fechar as lacunas que historicamente marginalizaramnossascomunidades.

A agenda futura deve se concentrar na geração de impactos mensuráveis e sustentáveis. As reuniões estratégicas programadas para janeiro permitirão dar continuidade às propostas apresentadas, avaliando sua viabilidade e implementação. Ao mesmo tempo, é essencial fortalecer a cooperação internacional e o compartilhamento de conhecimento entre a África, a América Latina e a diáspora afrodescendente, entendendo que nossas lutas e desafios são compartilhados, mas nossas soluções também podem ser compartilhadas.

As sementes foram lançadas para um futuro no qual a inovação e a tecnologia nascem das comunidades para transformá-las. A tarefa agora é cultivar essas sementes com vontade, ação e uma visão clara do futuro.

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