Revista Ideal Comunitário - setembro de 2012

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Número 19 • Setembro de 2012

No ritmo do

voluntariado Dia do Bem-Fazer 2012 mobiliza 15 mil voluntários e beneficia mais de 80 mil pessoas em comunidades do Brasil e de outros 9 países


nesta edição Número 19 | Setembro de 2012

3 Editorial 4 Entrevista O voluntariado no mundo na avaliação de Flavia Pansieri, diretora do Programa de Voluntários das Nações Unidas

8 Panorama Social Unicef divulga estudo sobre os motivos pelos quais

3,7

milhões de crianças brasileiras estão fora da escola

10 Infância Jovens protagonistas fortalecem ações que visam defender e garantir os direitos de crianças e adolescentes

16 Educação Educadores da Paraíba recebem título de pós-graduação lato sensu em Gestão Escolar como parte do projeto SGI

20 Empreendedorismo Cooperativas integrantes do programa Futuro Ideal retratam as vantagens e dificuldades desse modelo de organização

24 Voluntariado Dia do Bem-Fazer 2012 agrega empresas convidadas e mobiliza 15 mil voluntários de 110 municípios brasileiros e mais 9 países

34 Inovações Sustentáveis Tasso Azevedo fala sobre as perspectivas do debate sobre sustentabilidade após a Rio+20

36 Ações&Parcerias Secretaria de Estado da Saúde e USP e unem-se a prefeituras e ao ICC para ampliar a Rede Ciranda no Vale do Ribeira

37 Interação 38 Artigo Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB, fala sobre o Ano Internacional das Cooperativas da ONU

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editorial

Na entrevista que abre esta edição da revista Ideal Comunitário, a diretora executi-

va do Programa de Voluntários das Nações Unidas, Flavia Pansieri, resume com precisão o valor do voluntariado: “A ação voluntária permite que a comunidade aproveite as habilidades e competências de todos para fazer a diferença no bem-estar do coletivo.”

O Grupo Camargo Corrêa aposta neste potencial do trabalho voluntário mantendo

o programa Ideal Voluntário, do Instituto Camargo Corrêa, e realizando, desde 2009, o Dia do Bem-Fazer. Nesta edição de 2012, nosso evento anual de voluntariado corpo-

rativo colecionou números que nos enchem de orgulho. Foram mais voluntários, mais ações, mais comunidades beneficiadas.

Mas os números são apenas um resumo das razões para estarmos orgulhosos do

trabalho realizado pelos profissionais do Grupo. O sorriso e a satisfação estampados

nos rostos de voluntários e beneficiados nas diversas fotos que ilustram esta edição da revista Ideal Comunitário talvez demonstrem de forma mais concreta os resultados

Foto: Eduardo Rocha/RR

Resultados coletivos

“O Grupo Camargo Corrêa aposta no potencial do trabalho voluntário realizando, desde 2009, o Dia do Bem-Fazer.”

alcançados. E, desta vez, alcançados com a participação de empresas de fora do Grupo

Camargo Corrêa, que aceitaram o convite para integrar suas ações voluntárias ao Dia do Bem-Fazer.

Somando esforços com novos parceiros – a Secretaria de Saúde de São Paulo e o

curso de Obstetrícia da Universidade de São Paulo –, estamos também expandindo a Rede Ciranda. A ação, voltada para redução da mortalidade materno-infantil, foi ini-

ciada em Apiaí e Itaoca (SP) e agora chegará a mais três municípios do Vale do Ribeira - Barra do Chapéu, Itapirapuã Paulista e Ribeira.

Destacamos também nesta edição a história de cooperativas que participam de pro-

jetos do programa Futuro Ideal e de jovens protagonistas que ajudam a fortalecer nossas

ações na área dos direitos da infância e adolescência. Estas histórias são demonstrações de que a força do coletivo e o arrojo dos jovens ajudam a nós e às comunidades em que atuamos a alcançar resultados cada vez mais positivos.

Francisco de Assis Azevedo, diretor executivo do Instituto Camargo Corrêa

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entrevista Flavia Pansieri

O valor dos

voluntários Trabalho voluntário é um valor humano universal e também um recurso para se alcançar o desenvolvimento social, diz Flavia Pansieri, diretora executiva do Programa de Voluntários das Nações Unidas

Ao fazer de 2001 o Ano Internacional do Voluntariado, a Organização das Nações Unidas reconheceu o trabalho voluntário como um elemento-chave para se alcançar os Objetivos do Milênio. Desde então, o Programa de Voluntários das Nações Unidas (UNV na sigla em inglês) vem trabalhando para reforçar a ligação entre as ações voluntárias – individuais ou através de organizações da sociedade civil – e o desenvolvimento social. Nesta entrevista a Ideal Comunitário, a diretora executiva do UNV, Flavia Pansieri, destaca uma vez mais a necessidade de governos, sociedade civil e empresas apostarem nesta conexão. Comentando alguns dos principais eixos do relatório O Voluntariado no Mundo 2011 (The State of the World’s Volunteerism Report 2011), lançado no ano passado para marcar a primeira década do Ano Internacional do Voluntariado, Flavia ressalta o poder transformador do voluntariado para os indivíduos e as comunidades. Fala também da necessidade de os governos compreenderem o trabalho voluntário – afinal, um valor humano universal – como um recurso que aumenta o alcance e as chances de sucesso de políticas públicas.

O relatório O Voluntariado no Mundo ressalta que o trabalho voluntário é um valor humano universal com um potencial enorme para transformar a vida das pessoas, inclusive dos próprios voluntários. Como tornar-se um voluntário pode transformar a vida de alguém?

Em primeiro lugar, a definição das Nações Unidas para “voluntariado” é a de uma atividade realizada de livre arbítrio, para além do círculo familiar e sem qualquer expectativa de retorno financeiro ou pessoal. Está implícito nesta definição que há benefícios consideráveis para os voluntários pelo simples motivo de se engajarem em atividades voluntárias. E porque o voluntariado é um valor humano, estes benefícios são, primordialmente, ligados ao sentimento de satisfação que resulta do fato de saber que se fez algo que contribui para o bem-estar 4 ideal comunitário

dos meus concidadãos. Ganhar experiência também é outro benefício para os voluntários, assim como o crescimento pessoal e cidadão. Vou dar um exemplo: estive na Colômbia há alguns anos, em uma área que já havia sido palco de conflitos muito sérios, e conheci um grupo de voluntários locais que estavam trabalhando com as comunidades para promover os Objetivos do Milênio, a importância do desenvolvimento e a necessidade de se proteger o meio ambiente. Um dos voluntários me contou o quanto ele se sentia orgulhoso por estar fazendo aquele tipo de trabalho, que estava feliz por desempenhar um papel positivo na sua comunidade. Eu fiquei muito contente em ouvi-lo. Logo depois, um dos membros locais da nossa equipe me disse: “Você sabe quem é aquele rapaz? Ele era um dos principais membros da guerrilha.” Ele tinha


foto: crédito

retornado àquela comunidade e achou importante trabalhar para garantir a paz. Fazendo isso, o benefício imediato foi se sentir aceito, incluído, sabendo que ele estava trabalhando para reestabelecer um ambiente de paz. O relatório também indica que o voluntariado pode trazer mais do que resultados concretos – uma nova escola, por exemplo, construída por voluntários – para uma comunidade. Quais seriam estes resultados?

Eles são difíceis de medir, mas não significa que não existam. Com o processo de industrialização e o aumento das famílias nucleares, acabamos nos fechando, como se vivêssemos em pequenas conchas, e perdendo a noção de que somos parte de um coletivo maior, a comunidade onde vivemos. Muitas vezes, é

difícil lidar com este isolamento, socialmente e também psicologicamente. Em uma sociedade onde o voluntariado é forte, as relações comunitárias são muito mais fortes porque cada membro da comunidade pensa “eu tenho um papel a desempenhar, uma responsabilidade com os demais”. Quando falamos de construir capital social, é exatamente isso: a ação voluntária permite que a comunidade aproveite as habilidades e competências de todos para fazer a diferença no bem-estar do coletivo. Eu acredito que, para além dos resultados concretos que são fáceis de medir – como você diz, a construção da escola ou da clínica de saúde –, há um retorno em termos de coesão social e isso é particularmente evidente quando olhamos para regiões ou comunidades que estão saindo de períodos de crise. Quando há uma crise, a primeira coisa que se perde é a confiança nos ideal comunitário 5


entrevista Flavia Pansieri

outros. Alguém que diz “estou aqui como voluntário porque eu acho que tenho uma obrigação moral, não estou fazendo isso por obrigação, mas porque é importante e precisa ser feito” transmite uma mensagem que ajuda a reconstruir a confiança e recriar uma visão positiva sobre o futuro, o que é muito importante para estas comunidades. Outra questão levantada pelo relatório é a ligação entre voluntariado e desenvolvimento social. De acordo com o texto, o voluntariado deve ser considerado como um recurso reno-

com o Estado organizando, dirigindo e financiando e os voluntários garantindo a capilaridade da ação. Acho importante frisar isso, particularmente porque agora, diante da situação financeira difícil em todo o mundo, há uma tendência dos governos dizerem “vamos abdicar de tal área”. E isso é muito errado. É importante que o Estado continue a dar conta de suas obrigações com os cidadãos. Atuar em parceria com voluntários torna possível ter um impacto maior, mesmo com recursos mais limitados.

vável e um componente vital do capital social de um país.

Quais os planos das Nações Unidas e do programa para o vo-

Isso significa que o voluntariado também deve fazer parte

luntariado?

Uma das cinco prioridades do secretário-geral [da ONU, Ban Ki-Moon] para os próximos cinco anos de seu novo mandato senvolvimento? Deveria absolutamente fazer paré a juventude. Temos, hoje, a maior te de políticas públicas e isso está proporção de jovens na população muito claro quando a ONU decide mundial já vista na história. Estes {{O voluntariado é um comemorar o Ano do Voluntariado jovens têm de receber apoio para derecurso renovável que [em 2001] e, ano passado, os seus senvolver habilidades, competências, pode ser aproveitado.|| 10 anos. É importante para as insencontrar oportunidades profissiotituições estatais reconhecerem o nais, mas também para crescer como voluntariado como uma contribuicidadãos engajados. Então, ele nos ção positiva para o desenvolvimento, bem como promovê-lo e solicitou que montássemos uma equipe de jovens voluntários facilitá-lo. Quando os governos desenvolvem uma política, é que pudesse ajudá-lo a pensar seus planos de desenvolvimenimportante considerarem a contribuição que pode vir de or- to. Para além das nossas atividades atuais, que consistem em ganizações ou de voluntários individuais, não para substituir a enviar voluntários especializados que já tenham anos de expeintervenção estatal, mas para complementá-la. Porque, ainda riência nos seus respectivos campos profissionais, também esque um país esteja indo tão bem em termos de crescimento tamos desenhando um programa para promover o voluntariado econômico como o Brasil, recursos nunca serão suficientes e entre jovens, dentro e fora de seus países. Queremos oferecer o voluntariado é um recurso renovável que pode ser aprovei- oportunidades para todos e, particularmente, àqueles que não tado. Quando isso acontece, a possibilidade de se chegar a as têm. É muito fácil dizer “fulano está na universidade, vamos regiões mais pobres ou áreas remotas torna-se maior do que mandá-lo para algum lugar para contribuir com o desenvolviquando você depende apenas da intervenção estatal. mento”. É muito mais difícil quando se trata de comunidades desfavorecidas. Eu fiquei realmente impressionada – e foi a meMas há o risco de haver uma confusão entre o que é papel do lhor parte de minha participação na Rio+20 [Conferência da Estado e o que é papel dos voluntários, não? Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, realizada É um risco, de fato, e por isso toda vez que surge este assunto, em junho no Rio de Janeiro] – ao conhecer os voluntários reeu digo: é complementar, não uma substituição. Em muitos crutados pelo governo do Brasil, o PNUD [Programa das Napaíses da África e da Ásia, obteve-se grande sucesso na er- ções Unidas para o Desenvolvimento] e UNV para trabalhar na radicação da pólio com campanhas de vacinação. E isso foi conferência. Foram cerca de 12 mil jovens, muitos deles vindos feito com voluntários. Aí, sim, houve uma verdadeira parceria, das favelas – bom, não são favelas, mas comunidades pacificado planejamento de políticas públicas voltadas para o de-

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das, como dizem agora – e, para eles, foi a primeira oportunidade de participar de um evento internacional importante, lado a lado com líderes mundiais. E como o UNV avalia os programas de voluntariado corporativo? Qual pode ser o papel das empresas no fortalecimento do voluntariado?

As empresas já estão familiarizadas com os benefícios que o voluntariado corporativo pode levar às comunidades das áreas onde atuam e onde, em última instância, estão os seus clientes. Também estão cientes em como ele é importante para o bem-estar e a satisfação de seus empregados, o que, para uma empresa, é igualmente importante. Eu acredito que há grandes oportunidades de parcerias entre o UNV e o setor privado. Participar de ações voluntárias no contexto das Nações Unidas daria às empresas a oportunidade de desenvolver seus programas, mas, de alguma forma, também contribuiria para que elas, ao longo do tempo, pudessem focar suas intervenções nas demandas reais. Uma vez, em um país árabe, trabalhamos em cooperação com uma empresa petrolífera, muito empenhada em se engajar com a comunidade onde operava. O modo como eles faziam sua intervenção era financiar todas as demandas apresentadas: precisamos de um sistema de distribuição de água, o posto de saúde não está equipado... A empresa financiava tudo, mas não estava tendo o reconhecimento que esperava. Nós dissemos que seria necessário trabalhar com a comunidade para identificar as demandas e tê-la trabalhando conosco, para juntos darmos conta destas demandas. Então, buscamos voluntários na comunidade para definir as demandas e dividir as responsabilidades, o que fez o projeto mais sustentável. Não era mais apenas uma relação de caridade, de cima para baixo, mas uma parceria real entre empresa e comunidade. Você relatou parte da sua passagem pelo Brasil, durante a

nidade que trabalham no apoio de atividades como coleta de lixo, no atendimento no posto de saúde, entre outras. E, muito importante, também em atividades artísticas, como pintar murais contando a história da comunidade. Isso reforça a identidade e o orgulho dos moradores, o que é essencial para a coesão da comunidade. Saí de lá com a sensação de que há muitas coisas acontecendo e muito positivas.

Voluntários das Nações Unidas O Programa de Voluntários das Nações Unidas (UNV) recruta profissionais qualificados e com grande experiência para servirem como voluntários em ações das agências da ONU ligadas aos Objetivos do Milêncio. Mais de 7 mil mulheres e homens de mais de 170 nacionalidades trabalham como voluntários das Nações Unidas em mais de 140 países todos os anos. Cerca de 60% dos voluntários servem em países diferentes dos seus. Os outros 40% realizam atividades voluntárias em seus próprios países. O UNV mantém um banco de dados de profissionais interessados em ser voluntários em outros países. Para fazer parte do banco de dados, acesse o site www.unv.org. Já os voluntários nacionais são recrutados em processos seletivos específicos. No Brasil, estas vagas são divulgadas no site do PNUD Brasil www.pnud.org.br.

Rio+20. Que impressões levou do voluntariado em nosso país?

Foi uma estadia curta, mas fiquei bastante impressionada. Visitamos uma comunidade pacificada onde o UNV e a UN Habitat [Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos] estão trabalhando com a comunidade para resolver questões de acesso a serviços básicos. Há voluntários da comu-

NA INTERNET v Programa de Voluntários das Nações Unidas - http://www.unv.org Íntegra do relatório State of the World’s Volunteerism Report 2011 http://www.unv.org/en/swvr2011.html ideal comunitário 7


panorama social

foto: Shutterstock

Longe do direito à educação

Relatório do Unicef identifica causas de 3,7 milhões de crianças estarem fora da escola no país O relatório Todas as Crianças na Escola em 2015 – Iniciativa Global pelas Crianças Fora da Escola, divulgado no dia 31 de agosto, apresenta um estudo sobre as condições das crianças brasileiras e analisa o abandono e a evasão escolar. O estudo foi realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef ) em parceria com a Campanha Nacional pelo Direito à Educação com base em estatísticas nacionais. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/2009) compilados pelo estudo, cerca de 3,7 milhões de crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos de idade estão fora da escola. Desse total, 1,4 milhão tem de 4 a 5 anos; 375 mil têm de 6 a 10 anos; 355 mil, de 11 a 14 anos e mais de 1,5 milhão têm entre 15 e 17 anos. Um dos principais fatores de risco à permanência das crianças na escola é o fracasso escolar, representado pela repetência e o abandono que provocam elevadas taxas de distorção idade-série. Mais de 3,7 milhões de alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental encontram-se com idade superior à recomendada para a série que frequentam. O relatório também alerta para a persistência do trabalho infantil entre as crianças em idade escolar. Embora os índices tenham caído nas últimas décadas, ficaram estagnados nos últimos cinco anos. Calcula-se que 638 mil crianças entre 5 e 14 anos trabalham, apesar de a legislação proibir o trabalho para menores de 16 anos. 8 ideal comunitário

Mais estabilidade, mais proteção Lei amplia mandato e garante direitos trabalhistas aos conselheiros tutelares Com o objetivo de garantir melhor desempenho dos serviços prestados pelos conselheiros tutelares de todo o país, a Presidência da República sancionou, em julho, a Lei 12.696, que amplia o mandato dos conselheiros de três para quatro anos e garante direitos trabalhistas aos eleitos para compor o Conselho Tutelar. Criado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Conselho Tutelar é um órgão permanente e autônomo cuja tarefa é zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. É composto por cinco membros, escolhidos pela população local. O conselheiro pode ser reconduzido ao cargo uma vez, mediante novo processo de escolha. Os membros dos conselhos recebem uma remuneração mensal cujo valor é definido por lei municipal. Agora, com a nova legislação, fica também garantido o direito à cobertura previdenciária; gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 do valor da remuneração mensal; licença-maternidade; licençapaternidade e gratificação natalina. Com a nova lei, a condução das eleições para escolha dos conselheiros passa a ser responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) – órgão colegiado constituído de forma paritária, por representantes do governo e da sociedade civil – e não mais do juiz eleitoral da região. A mudança visa garantir maior participação no processo.


Ideb 2011: Metas alcançadas O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é calculado a partir do desempenho dos alunos na Prova Brasil e dos índices de aprovação em cada série. É um indicador da qualidade do ensino nos municípios, redes de ensino, estados e no Brasil e seus resultados devem alcançar metas estabelecidas pelo Ministério da Educação. Veja os resultados nacionais do Ideb 2011:

Ideb 2011

Meta para 2011

Anos Iniciais do Ensino Fundamental

5,0

4,6

Anos Finais do Ensino Fundamental

4,1

3,9

Ensino Médio

3,7

3,7

Direto ao ponto

Letra Miúda: Licenciamento ambiental

A presidenta Dilma Rousseff sancionou, no dia 29 de agosto, a criação do sistema de cotas nas universidades e instituições federais de ensino técnico de nível médio brasileiras. A Lei 12.711 determina a reserva de 50% das vagas para estudantes oriundos do Ensino Médio em escolas públicas, sendo metade destas destinadas a estudantes com renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio e a outra metade, a estudantes autodeclarados pretos, pardos e indígenas. No caso das cotas raciais, a reserva de vagas deve obedecer a proporção de cada segmento na população de cada estado onde está instalada a instituição. O ingresso desses estudantes se dará pela avaliação do desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Veja argumentos a favor e contra as cotas:

A lei brasileira exige que todo empreendimento

A nova lei está em consonância com uma percepção de desenvolvimento do país, que está diretamente ligada às demandas por educação de uma nova classe média ascendente. É um diálogo com esse novo universo de 100 milhões de pessoas. Falta mão de obra qualificada e não dá para contar apenas com aquela antiga “turminha” da classe média tradicional, mais vinculada à elite, que sempre dominou essas vagas. Ao alargar o direito e vinculá-lo à escola, o país se move nas condições estruturais para sustentar seu desenvolvimento. É uma vitória da democracia. Sérgio José Custódio, presidente do Movimento dos Sem Universidade (MSU)

ou atividade com potencial para gerar poluição ou degradar o meio ambiente receba uma licença ambiental antes de sua instalação. Conheça um pouco mais sobre o processo de licenciamento ambiental: SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente: É o responsável pela emissão da licença. O Sisnama é formado por órgãos ambientais estaduais e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). O Ibama licencia projetos de infraestrutura que envolvam impactos em mais de um estado e as atividades do setor de petróleo e gás. EIA – Estudo de Impacto Ambiental: Realizado por equipe multidisciplinar contratada pelos responsáveis pelo empreendimento, deve avaliar os possíveis impactos e propor medidas que mitiguem danos. RIMA – Relatório de Impacto ao Meio Ambiente: É o documento final, realizado a partir do EIA, apresentado ao órgão licenciador. O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e em linguagem simples,

A Constituição institui a autonomia das universidades e determina o “acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um”. O PLC 180, agora transformado na lei 12.711, coloca uma camisa de força para que 50% dos universitários sejam avaliados com critérios sociais e raciais, sendo desprezado o mérito. Experiências exitosas das universidades serão extintas ao se impor esse modelo único de seleção, que é resultado de um espírito “decisionista” e centralizador que vigora no país. Aloysio Nunes Ferreira, senador (PSDB-SP)

de forma a facilitar sua compreensão. Isso porque os relatórios podem ser apreciados por qualquer grupo de cidadãos interessados, que podem, assim como o Ministério Público, solicitar a realização de audiências públicas antes da aprovação da licença.

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Autores da própria hist 10 ideal comunitário


Para se fazer ouvir Durante partidas de sinuca , Expedito, 18 anos, e alguns amigos descobriram que tinham muito a reivindicar: assim nasceu o Coletivo Buteco do Portuga, em Santana do Paraíso (MG)

ória

Jovens descobrem que podem ser agentes na defesa de seus direitos e na melhoria de condições de vida de suas comunidades

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Aos 12 anos, Frandson Alves da Costa descobriu que tinha direitos. E que havia uma lei que garantia a crianças e adolescentes, como ele, o acesso a coisas como educação, saúde, moradia e diversão. “Se são direitos, pensei, devem ser cumpridos”, diz o jovem, hoje com 16 anos e um notável histórico de mobilização em ações sociais e protagonismo juvenil – termo que descobriu apenas no ano passado, mas que começou a vivenciar tão logo foi apresentado ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), pela professora de artes, em uma escola pública em Altamira, no Pará. Pois o protagonismo juvenil – a participação de crianças e adolescentes na discussão de direitos e até mesmo na criação e condução de políticas públicas voltadas à infância e juventude – é questão discutida já há alguns anos no meio educacional, mas que agora começa a chamar a atenção do poder público. Na 9ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, realizada em julho pelo Conselho Nacional dos

Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), a questão foi incluída entre os cinco eixos estratégicos que passam a guiar as políticas públicas na área, sob o tema Protagonismo e Participação de Crianças e Adolescentes. “O protagonismo tem na sua essência um fundamento de liberdade, de reconhecimento da opinião e da vontade, garantia de respeito. Tem que ser expressão da autonomia das crianças e adolescentes como legítimos sujeitos de direito”, afirma o promotor de Justiça Márcio Soares Berclaz, do Ministério Público do Paraná, integrante da Associação Brasileira de Magistrados, Promotores de Justiça e Defensores Públicos da Infância e da Juventude (ABMP). Ele lembra que a questão está presente inclusive na Convenção Internacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, da qual o Brasil é signatário. “Os artigos 9 e 12 falam da ‘possibilidade de participar nas deliberações e de dar a conhecer os seus pontos de vista’ e do ‘direito de exprimir livremente a sua opinião sobre as questões que lhe respeitem’.” Para o promotor, a participação dos jovens deve ser valorizada pelo Estado sobretudo quando da discussão de políticas públicas que tratem da infância e juventude. “A garantia dos direitos passa por construir espaços dialógicos e respeitar a forma particular do jovem de interpretar o mundo”, avalia a coordenadora do programa Infância Ideal, do Instituto Camargo Corrêa, Juliana Di Thomazo. Ela destaca o duplo efeito da participação efetiva de crianças e jovens em ações e projetos voltados para a garantia de seus direitos. “Ganha o projeto, com a enorme energia criativa e potencial de transformação dos adolescentes, que conseguem dar rumos extraordinários aos processos em que estão inseridos, e ganha o jovem, que pode, por meio dos projetos, trabalhar para o bem comum, exercitar a vida pública”, diz. Várias ações do programa Infância Ideal, voltado para a garantia dos direitos da infância e juventude, contam com a participação de organizações formadas por adolescentes.

Mais protagonistas Projeto Fórum Jovem usa o teatro para formar 20 jovens lideranças em Santana do Paraíso (MG) e conta com a participação dos adolescentes do Buteco do Portuga 12 ideal comunitário


Revolução de meninos Yara Toscano, da ONG Mudança de Cena, sustenta que incentivar o protagonismo juvenil é essencial em uma sociedade em que os adultos “falam” em nome das crianças e adolescentes. A organização trabalha com o método do teatro fórum, desenvolvendo projetos em que os jovens realizam peças baseadas em problemas do seu dia a dia, abrindo espaço para o debate ao final das apresentações. “Nossa proposta é instigar os jovens a tomarem a palavra e falarem por si mesmos, o que reforça a cidadania”, diz. A ONG, o ICC e a InterCement realizam o projeto Fórum Jovem: Protagonistas de Direito da Criança e do Adolescente, que até o final do ano deve formar 20 jovens de Santana do Paraíso (MG) para serem mobilizadores em suas comunidades. Entre os envolvidos, estão adolescentes que participam do Coletivo Buteco do Portuga. O grupo foi criado informalmente em março de 2011, por amigos

foto: Léo Drummond/Agência Nitro

Protagonismo indígena A professora de artes que acabou despertando em Frandson a vontade de fazer valer seus direitos é Mariene Almeida, que também trabalha como educadora na ONG Fundação Viver Produzir e Preservar, de Altamira (PA), entidade voltada à defesa e disseminação de políticas públicas para a região, no oeste do Pará. A FVPP é parceira do ICC e da Construtora Camargo Corrêa nos projetos em Altamira com foco no enfrentamento do fenômeno da exploração sexual de crianças e adolescentes. A partir de agosto vão iniciar com a capacitação de jovens multiplicadores. Um deles será Frandson. “Fico contente em saber que ele vai fazer a diferença”, diz Mariene. “Quando você vê um menino desses, de família pobre, vivendo em um lugar sem perspectiva, numa área de risco, com essa vontade de dar um rumo à própria história e à história de sua comunidade, é muito gratificante”, diz Mariene, orgulhosa do ex-aluno. Em julho, Frandson esteve em Brasília como delegado do Pará na 9ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. Antes disso, havia sido representante dos indígenas na conferência estadual, realizada em abril. Participou ainda da discussão do Plano Decenal e Gestão da Política para Garantia dos Direitos das Crianças e Adolescentes de Altamira. Conseguiu incluir no projeto a construção de um centro de recreação para crianças e adolescentes e foi nomeado delegado para fiscalizar e cobrar do município a execução do plano. “Essas vitórias me deixam muito feliz e me animam a seguir adiante”, diz Frandson, que também quer criar, até o final do ano, um grêmio estudantil em sua escola. “Pesquisei na internet e vi que o grêmio é muito importante enquanto instituição autônoma para a participação dos jovens na vida pública. É um espaço efetivo de protagonismo”, afirma. E vai além: como filho de índios – o pai pertence à etnia Xipaia – já começa a pensar em protagonismo indígena. “Os direitos dos índios não são respeitados e ainda há muito preconceito. Essa é outra questão que no futuro pretendo trabalhar”.

Vale a leitura: entusiasta do protagonismo Conhecido nacionalmente por sua importante atuação da redação do Estatuto da Criança e do Adolescente, o educador Antônio Carlos Gomes da Costa, falecido em março do ano passado, foi também um dos maiores divulgadores do protagonismo juvenil como modalidade educativa e um dos responsáveis pela popularização do termo, especialmente entre os profissionais das áreas de Educação e Direito. Para ele, o protagonismo “se traduz para o jovem num ganho de autonomia, autoconfiança e autodeterminação numa fase da vida em que ele se procura e se experimenta, empenhado que está na construção da sua identidade pessoal e social e no seu projeto de vida.” Além de artigos e textos em que fala especificamente do tema, em 2006, com a psicóloga Maria Adenil Vieira, ele lançou o livro Protagonismo Juvenil: Adolescência, Educação e Participação Democrática.

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foto: Tati Wexler

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Trabalho social Joice, 16 anos, entrou para a organização Guri na Roça por conta das aulas de capoeira e informática; agora, dá palestras sobre prevenção da gravidez na adolescência

que estudavam na mesma escola e que eventualmente encontravam-se em um bar, perto da escola. Entre uma partida de sinuca e outra, conversavam muito. Até que a prosa passou para temas mais sérios. “Acabamos discutindo porque estávamos ali, em um bar. Por que o município não nos oferecia um espaço de lazer? Uma praça?”, relembra Expedito Dorneles dos Reis Junior, 18 anos. “Daí, passamos a questionar direitos e a realidade de nossa cidade e a pensar em como poderíamos buscar a solução de alguns problemas”, diz o jovem. Expedito conta que começaram a participar de reuniões nos conselhos e a questionar o município para que investisse em políticas sociais e culturais para as crianças e adolescentes. “Nossa bandeira é nos fazer ouvir e percebemos que, quando falamos enquanto coletivo, conseguimos respostas.” O Buteco ficou só no nome. Hoje, eles se reúnem em uma sede junto à Pastoral da Criança, onde a mãe de Expedito é voluntária há muitos anos. O “Portuga” é uma homenagem a um professor de português que apoiava os meninos. “Vamos manter o nome, ainda que alguns achem estranho. Nos contaram que muitas revoluções iniciaram no bar. Tem tudo a ver com nossa necessidade de fazer uma revolução aqui, em prol dos direitos das crianças e adolescentes”, brinca. Ele conta ainda que o grupo tem intenção de formalizar o Buteco, que hoje reúne oito adolescentes e jovens, de 15 a 23 anos. Um dos incentivadores dos meninos é o psicólogo Raul Araujo, consultor da ABMP. Ele descobriu o grupo durante reuniões do Comitê de Desenvolvimento Comunitário (CDC), formado por organizações públicas e não governamentais locais e representantes da InterCement, empresa do Grupo Camargo 14 ideal comunitário

Corrêa que atua na cidade. “A participação deles acrescentou muito ao trabalho. Eles trouxeram questões reais, propostas de qualidade”, diz Araujo, ressaltando ser esta a importância de se investir no protagonismo infantojuvenil. Secretaria da Juventude Com 20 anos de experiência, Guto Pelogia, educador da ONG Guri na Roça, que trabalha com os adolescentes da periferia de Jacareí (SP), defende que o poder público esteja mais aberto à participação de crianças e adolescentes. “Penso que deveria haver, por exemplo, uma Secretaria da Juventude, que tivesse a participação efetiva dos próprios jovens, para que atuassem tanto na proposição de projetos quanto na execução de ações. Quando lhes é dada a responsabilidade, os jovens a assumem, com muita qualidade”, avalia. A Guri na Roça é parceira do ICC e da InterCement no projeto Vida em Família, que forma jovens agentes para a prevenção de gravidez na adolescência. Uma delas é Joice Carvalho Martins. Hoje com 16 anos, ela participa das ações da Guri na Roça desde 2008. Descobriu a ONG na escola rural onde estudava e pediu aos pais que a inscrevessem. “Comecei por conta das aulas de capoeira e informática, mas depois me interessei pelas atividades que envolvem participação social”, diz. “Não sabia o que era protagonismo, sabia apenas que queria fazer alguma coisa para ajudar a mudar situações que achava erradas”, diz Joice. Tanto que a partir das ações que desenvolve na entidade, como as palestras em escolas sobre prevenção de gravidez e sobre uso de drogas, descobriu uma vocação. “Não sei ainda se vou cursar Direito ou Dança, mas, seja o que for, darei um jeito de associar com o trabalho social.”


Jovens protagonizam Conferência Nacional Realizada entre os dias 11 e 14 de julho, em Brasília, a 9ª Conferência Nacional dos Direitos das Crianças e Adolescentes teve participação significativa de adolescentes. Dentre os quase 3 mil participantes, mais de 800 tinham entre 12 e 18 anos e, pela primeira vez, adolescentes fizeram parte da comissão organizadora. A Conferência é o espaço mais importante de discussão dos problemas e desafios da área. Suas resoluções servem de base para a Política Nacional e o Plano Decenal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Outra novidade foi a cobertura educomunicativa realizada por eles. Por iniciativa do Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e Adolescentes e da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, grupos de jovens participaram de oficinas preparatórias em todos os estados, coordenadas pela Viração Educomunicação em parceria com a Rede Andi Brasil. Estes adolescentes fizeram a cobertura das etapas estaduais e 60 deles foram selecionados para cobrir a Conferência Nacional. O resultado está disponível no site da Agência Jovem de Notícias. Veja alguns trechos das matérias produzidas pelos adolescentes educomunicadores:

tos Humanos ministra dos Direi Conversa franca: unicadores olescentes educom conversa com ad Trindade (AM) tara (GO) e Juliana Kaique da Silva Alcân ia os adolescentes ser o o debate com Ela ressalta que tod tas Dilma para que jun para a presidenta levado na íntegra s lei r nta pla ntar e im tivas para regulame estudem formas efe cia práticas de violên ssam punir e inibir e estatutos que po scentes para que tel de crianças e adole e exploração sexua garantidos. nham seus direitos 0094 jovem.org/wp/?p=1 http://www.agencia

ra a de abertu -se em mes am ac st de F) s ert da Cruz (D Adolescente ula (DF) e Web Pa ne lia Ju ), de (AM eirinha do Juliana Trinda do G27 e rib adolescente m bé m pé ta , Mairã Soares aplaudida de scurso e foi di u se em ou-se ao esclaPará, destac tiva e crítica la. Ela foi obje fa a su to ou iz quando final entes no even ridades pres to au s ra ei verdad recer que as e. ud são a juvent p/?p=9837 iajovem.org/w nc ge .a w w w http://

Os poucos adolescentes indígenas presentes na ConfDCA reclamam de dificuldades para participar Gabriel de Araújo (ES) e Andressa de Lima (AC) “A conferência para nós é muito importante, sempre buscamos participar desse tipo de evento. O problema é que não dão muita importância para nós, não conseguimos eleger propostas, pois a maioria que vai ser debatida é direcionada para o homem branco”, protesta Ubirai. http://www.agenciajovem.org/wp/?p=10025

Cadê a camisinha? Deleg ados sentem falta do incentivo à prevenção no kit entregue aos del egados Juliane Paula (DF) e Maria Bruna (PB) Para a Ludmila Palazzo, ofic ial de cidadania dos ado lescentes do Unicef referiu-se ao assunto dizendo: “se os adolescentes acham que isso é um direito deles, eles têm que colocar isso em pauta (...)” . http://www.agenciajove m.org/wp/?p=10145

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educação Básica

foto: divulgação

Especialistas em

qualidade da

educação Na Paraíba, 127 educadores participaram do curso de pós-graduação lato sensu em Gestão Escolar

16 ideal comunitário

O dia 5 de julho ficou marcado para os educadores dos municípios paraibanos de Mogeiro, Alagoa Nova, Serra Redonda, Ingá, Guarabira e Campina Grande. Depois de 320 horas de aulas, ao longo de três anos, e a dedicação à realização dos seus trabalhos de conclusão, eles celebraram a conclusão da pósgraduação em Gestão Escolar. Mas a cerimônia simboliza ainda outra mudança de ciclo. De alunos, esses profissionais tornaram-se multiplicadores do Sistema de Gestão Integrado (SGI). O SGI, criado pela Fundação Pitágoras e implantado na Paraíba pelo Instituto Camargo Corrêa e Instituto Alpargatas em parceria com as secretarias municipais de Educação, busca otimizar a gestão escolar em todos os seus níveis, produzindo resultados de alto desempenho de todos os alunos. A metodologia de gestão consiste, basicamente, na ideia de que cada um dos quatro sistemas envolvidos no processo educativo – secretaria, escolas, turmas e alunos – só tem bons resultados se o outro tiver. Um bom desempenho está diretamente relacionado a outro.


Formatura Na Paraíba, professores e gestores recebem título de pósgraduação em Gestão Escolar

No caso da implantação do SGI na Paraíba, a formação permitiu que os educadores não só se apropriassem da metodologia criada pela Fundação Pitágoras, mas que também pudessem refletir mais profundamente sobre a importância da gestão do sistema escolar. “A boa gestão escolar tem um impacto significativo na aprendizagem e no ambiente da escola”, afirma Toni Niccolini, coordenador do programa Escola Ideal, do ICC. “Isso envolve a criação e o acompanhamento de um projeto pedagógico, além do envolvimento de toda a comunidade escolar com o desafio de construir uma educação pública de qualidade.” Desde setembro de 2011, quando concluíram o curso, o SGI está, aos poucos, tornando-se parte da orientação pedagógica da rede pública nesses municípios. “Antes, o direcionamento organizacional era pouco e difuso e prevalecia o pensamento de curto prazo, reação às crises”, diz Cláudia Adriana Fonseca Rocha, consultora da Fundação. Ainda segundo Cláudia, os educadores e gestores tendiam a focar apenas os processos internos e faziam uma gestão “intuitiva”. “Depois da formação vemos uma constância de propósitos; planejamento estratégico; foco no aluno e nas partes interessadas; gestão por fatos e dados; empoderamento e valorização das pessoas, melhoramento contínuo dos processos de trabalho e resultados de desempenho significativo para todos os alunos”. Entre os profissionais formados na Paraíba há professores, gestores que trabalham nas secretarias de Educação e até mesmo os próprios secretários. Em Guarabira, por exemplo, toda a Equipe de Liderança da Secretaria Municipal de Educação passou pelo curso. Na avaliação da equipe, com o curso e a implantação do SGI os professores estão trabalhando de forma mais sistematizada, aprimorando as ações inerentes às atividades educativas, com foco no alto desempenho dos alunos e no melhoramento contínuo da educação. Para a coordenadora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação de Alagoa Nova, Glauciene Frutuoso, foi o curso mais importante que já fez. “Inclusive nos ajudou demais com os outros programas da secretaria”, reforça. Sobre a mudança na forma dos educadores trabalharem, ela conta: “Não trabalham mais de forma aleatória, sabem que precisam atingir metas, que não é só ficar esperando ou apontando culpados. Eles têm mais autonomia para buscar soluções.” Em Alagoa Nova, o Plano Municipal de Educação está sendo regido pelas diretrizes do SGI. Além disso, os educadores formados no curso já estão trabalhando na multiplicação da metodologia. Na zona urbana, apenas três escolas ainda não adotaram o sistema. Ampliação Depois de ser implementado em 41 escolas da Paraíba, entre 2008 e 2011, o SGI se estendeu a outros sete municípios. “Foi um passo dado com a certeza de que o case de sucesso ocorrido nos municípios paraibanos iria ser reaplicado nos demais estados, pois a metodologia do SGI é muito bem organizada de forma a ser ideal comunitário 17


aplicável em qualquer município”, diz Evando Neiva, presidente da Fundação Pitágoras. Em Ipojuca (PE), o projeto está sendo aplicado em 42 escolas. Ao longo do ano de 2011, a capacitação também chegou em Rondônia, em 25 unidades de Guajará-Mirim e Porto Velho. Em Minas Gerais, são mais 45 escolas dos municípios de Ijaci, Pedro Leopoldo, Santana do Paraíso e Ribeirão Vermelho. Mesmo com menos tempo, os resultados colhidos nesses municípios também são evidentes. A experiência de Pedro Leopoldo, que começou a implementar o SGI em agosto do ano passado, chegou até o Ministério da Educação. Do município mineiro, foram à Brasília contar os bons resultados que estão vislumbrando com o SGI a secretária de Educação, Cultura, Esporte e Lazer, Sara Helena Diniz, a diretora da Escola Dona Carmem Barroso, Renata Andrade, e a aluna do sétimo ano desta escola, Helly Magnólia de Souza, de 12 anos. Em Pedro Leopoldo, o projeto também se estende à rede de educação infantil, contemplando todas as pré-escolas e creches. “O relato delas mostrou diversas evidências de como têm acontecido a gestão na educação de Pedro Leopoldo. Elas puderam relatar, comprovar e destacar as melhores práticas, os sinais vitais de melhoramento e inovação das práticas pedagógicas e administrativas”, diz Evando Neiva. Os depoimentos de Renata e Helly, relatando as pequenas mudanças no dia a dia escolar, mostraram o quanto o programa é viável, independente de condições socioeconômicas. A aluna levou seu portfólio, que é um registro das atividades que o programa introduz nas escolas, contou os seus ganhos e a nova forma como seus pais passaram a acompanhar seu desempenho escolar.

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Foto: Assessoria de Comunicação FPL

educação Básica

Em Minas Gerais, curso forma gestores para a Educação Infantil Julho também foi mês de formatura em Pedro Leopoldo (MG). Desta vez, foram entregues os títulos de Especialistas em Educação Infantil para o grupo de 34 gestores capacitados pelo projeto Formação dos Profissionais de Educação Infantil. O projeto é uma iniciativa do programa Infância Ideal e da InterCement e tem como objetivo a formação continuada de todos os profissionais que atendem crianças de 0 a 5 anos no município. A capacitação dos gestores iniciou em 2008 como um curso de formação continuada em serviço, ministrado pela faculdade local Fundação Pedro Leopoldo. Assim como ocorreu com o curso de Gestão Escolar realizado na Paraíba pelo projeto do SGI, a formação conquistou, pelo currículo pedagógico, o nível de Pós-Graduação em Educação Infantil. Receberam o título de especialistas os diretores, vice-diretores e pedagogos das escolas de Educação Infantil e também os coordenadores dos Centros Municipais de Apoio Educacional (Cemaes). No dia 31 de julho, foram apresentadas as monografias por esse grupo. Os trabalhos também renderam uma exposição. “Foi um momento festivo, de comemoração. A qualidade dos trabalhos mostra que realmente houve muito investimento”, exalta Cynthia Terra, coordenadora pedagógica do projeto pela Fundação. Para além do curso de especialização, a capacitação se estendeu a toda a rede. Os cerca de 340 profissionais de 12 Cemaes e de 13 escolas com turmas de Educação Infantil participaram e receberam certificado. O foco das formações foi o valor pedagógico do brincar. Outros elementos reforçados foram o uso da linguagem musical e das artes visuais nas atividades.


ICC lança guia sobre recursos federais para a educação Publicação reúne informações sobre programas, projetos, concursos, premiações e outras ações e iniciativas do governo federal para a área da educação Boas ideias a favor da educação precisam de apoio e, na maior parte das vezes, financiamento para serem colocadas em prática. Porém, muitos gestores desconhecem os caminhos para acessar recursos colocados à disposição das redes públicas de ensino. Com o intuito de auxiliar os municípios nessa tarefa, o Instituto Camargo Corrêa (ICC) lança o Guia de Recursos para a Educação – Programas, Projetos e Ações do Governo Federal. A publicação é um conjunto extenso e variado de informações sobre os recursos atualmente disponibilizados pelo governo federal aos municípios brasileiros na área da educação. São descritos 56 programas, projetos e ações, bem como cinco premiações e concursos de diferentes órgãos que podem ajudar a financiar as atividades educacionais das prefeituras. O material será distribuído a todas as prefeituras parceiras dos programas Escola Ideal e Infância Ideal, do ICC, e já está disponível no site do Instituto. Em 2009, quando o programa Escola Ideal atuava somente na Paraíba, o ICC publicou o guia Projetos da Educação. “Hoje, estamos atuando em quatro outros estados e queremos divulgar informações atualizadas. Também incluímos nesta edição informações sobre critérios de habilitação e prestação de contas”, explica Toni Niccolini, coordenador do Escola Ideal, sobre a nova publicação. A publicação inclui orientações para obter recursos financeiros, pedagógicos e materiais e relaciona os prêmios e concursos destinados à educação. A consulta é organizada de acordo com a destinação dos recursos – Educação Infantil, Ensino Fundamental, Educação Infantil e Ensino Fundamental e Prêmios e Concursos. Também há um índice remissivo que divide o guia por área de interesse – gestão escolar, capacitação e valorização dos profissionais da educação, infraestrutura, distribuição de materiais e oportunidades educacionais.

Julio Silva, que coordenou o trabalho na Publiconsult Assessoria e Consultoria Pública, empresa de consultoria em administração pública responsável pela pesquisa e edição do material, ressalta ainda a inclusão de informações sobre os critérios necessários para receber os recursos. “Hoje, para auferir grande parte dos recursos, é preciso que o município atenda previamente a requisitos de habilitação e elabore projetos específicos que são propostos e aprovados através de sistemas online determinados pelo governo federal, que servem também para a prestação de contas e o acompanhamento da execução dos projetos”, explica. Constam ainda as especificidades para receber os recursos adquiridos, já que muitos não são automáticos. A evolução na utilização da internet, a institucionalização do correio eletrônico como forma de comunicação e o incremento das redes sociais pelos órgãos gestores dos recursos levaram ao acréscimo dessas novas formas de informação e de comunicação no guia, o que acaba por instigar o leitor a descobrir mais sobre cada conteúdo. Curiosidade recomendada pelo próprio guia. O gestor deve utilizar o guia como base e procurar sempre se manter atualizado, acessando periodicamente as páginas online dos órgãos federais de interesse, entrando em contato com os técnicos responsáveis pela gestão das ações para obter informações atualizadas, esclarecer dúvidas e informar-se sobre novas iniciativas na área. NA INTERNET v Guia de Recursos para a Educação - Programas, Projetos e Ações do Governo Federal http://www.institutocamargocorrea.org.br/Paginas/biblioteca.aspx

ideal comunitário 19


empreen d e d o r i sm o

Coopersurf Rildson (à esq.) e Régis confiam no trabalho coletivo e querem trazer mais shapers da região de Pirambu, em Fortaleza, para a cooperativa

Empreendimentos participantes do programa Futuro Ideal apresentam lições aprendidas na formação de cooperativas

Histórias de

FOTO: RODRIGO LIMA / NITRO

cooperação 20 ideal comunitário


NA INTERNET v A Organização da Nações Unidas escolheu 2012 como o Ano Internacional das Cooperativas. Saiba mais na página criada pelo Sistema OCB/Sescoop: http://www.ano2012.coop.br/

Criar um empreendimento e fazer dele uma opção real de geração de renda é um grande desafio. Criá-lo coletivamente é uma solução para vários dos obstáculos que surgem no caminho dos empreendedores. A experiência de cooperativas que vêm sendo formadas ou fortalecidas pelos projetos do programa Futuro Ideal, do Instituto Camargo Corrêa, é uma amostra de como se trilha este caminho juntos. As histórias de alguns destes empreendedores revelam um perfil dos desafios do cooperativismo no Brasil. E também os bons resultados que os cooperativados e as comunidades podem alcançar ao apostar nesta forma de organização. O relato de Rildson Rodrigues Chaves resume as vantagens de se tornar um cooperativado. Surfista e shaper – designer e fabricante de pranchas de surf – desde a adolescência, Rildson é um dos sócios-fundadores da Cooperativa de Produção e Serviços para o Surf (Coopersurf ). Durante anos, como outros diversos moradores da região de Pirambu, em Fortaleza (CE), ele fabricou pranchas de forma quase artesanal, em um cômodo da sua casa. Quando o projeto Onda Empreendedora, realizado pelo ICC e pela Construtora Camargo Corrêa, apostou no fomento à atividade dos shapers como forma de alavancar o desenvolvimento da comunidade, Rildson decidiu surfar também na onda do cooperativismo. “Estamos conseguindo coisas que individualmente não conseguiríamos – a sede, máquinas profissionais”, relata. Mas, para ele, a questão principal é outra: “Se eu não estou com o raciocínio claro, correto, tenho outros 20 colegas que me ajudam a pensar e encontrar um caminho mais acertado.” Porém, nem todos conseguem enxergar estas vantagens logo de cara. A formação de uma cooperativa é um longo processo de sensibilização e convencimento. É comum que as primeiras reuniões contem com um número grande de pessoas que, no final, não se tornarão cooperados. A Coopersurf nasceu com 21 sócios-fundadores. Porém, os primeiros encontros para

discutir o empreendimento reuniam mais de 30 interessados. “Já existiam algumas oficinas ‘de fundo de quintal’ na comunidade e o projeto sensibilizou estas pessoas para a formação da cooperativa”, conta Régis Ribeiro dos Santos, secretário da Coopersurf. “À medida que as oficinas do projeto foram acontecendo e que os desafios da cooperativa foram ficando mais claros, alguns desistiram.” A experiência das costureiras de Catalão (GO) que formaram a Cooperativa de Produção de Vestuário Moda Flor (Coopermoda) não foi muito diferente. Hoje com 31 sócias, a cooperativa perdeu algumas associadas nos primeiros meses. No início, as costureiras levaram o que cada uma tinha em sua casa, das máquinas à clientela, para dentro da cooperativa. “Uma ajudava a outra a dar conta das demandas”, conta Lurdes Silvéria Neves Silva, a Lurdinha, presidente da Coopermoda. Com o aumento da produtividade, a renda individual das cooperadas já vinha aumentando. No entanto, o retorno inicial não foi suficiente para convencer algumas delas a permanecerem apostando na cooperativa. Como qualquer empreendimento, as cooperativas não dão resultados de um dia para o outro. “Que vantagem a cooperativa me oferece é uma pergunta que sempre surge”, diz o presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Márcio Lopes de Freitas. “Vivemos uma cultura individualista, em que a autogestão e o coletivo não têm lugar. O remédio para isso é um só: educação.” “Cooperativismo é uma cultura”, diz Adriana Lopes de Felipe, do Sebrae-GO e gestora do projeto Tecendo Moda em Flor, realizado em parceria com o ICC e que apoia a criação a Coopermoda. Ela ressalta que o processo de assimilação desta cultura não é igual para todos. “É preciso aprender a ser cooperada, mudar de mentalidade”, comenta. “Eu não sou mais funcionária, eu sou dona de um negócio. É meu papel, inclusive, vender o meu produto, ir atrás do cliente.” ideal comunitário 21


FOTO: RODRIGO LIMA / NITRO

empreen d e d o r i sm o

Aprender para crescer Adriana, do Sebrae-GO (à esq.), e Lurdinha, presidente da Coopermoda, ressaltam importância da formação para a gestão dos negócios

Aprendizagem Receber apoio neste processo de sensibilização e educação para o cooperativismo é importante, assim como na capacitação dos cooperativados seja para a realização das atividades-fim, seja para o exercício das funções de gestão. Márcio Lopes de Freitas reforça que as cooperativas precisam se preparar para fazer seu negócio ser sustentável. Isso exige que o coletivo consiga lidar com questões como gerenciar demandas, negociar a compra de matéria-prima, definir preços. Na Coopermoda, Adriana diz que a questão da precificação é um problema persistente. “Individualmente, a gente fecha com qualquer preço para ter serviço”, conta Lurdinha. “Na cooperativa, a gente tem um preço, faz uma tabela, negocia, mas temos que aprender a fazer isso.” A formação em gestão oferecida pelo projeto Tecendo Moda em Flor e o apoio do Sebrae ajudam a superar estas questões. Outra etapa importante é a do planejamento. A história da Cooperativa dos Trabalhadores da Agricultura Familiar da Região de São Carlos (Cootrafar), que reúne pequenos produtores dos municípios de São Carlos e Águas do Chapecó (SC), é exemplar neste sentido. Em 2003, uma parte dos pequenos pro22 ideal comunitário

dutores de leite da região estava perdendo espaço na negociação com as grandes cooperativas e a criação, inicialmente, de uma associação foi a forma que encontraram para tentar solucionar o problema. Em 2008, a associação virou cooperativa e foi formalizada a partir da articulação dos pequenos produtores e do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar da região. “Conforme a gente foi crescendo, perdemos nosso foco com os pequenos agricultores”, conta Cristiano Daniel Becker, gerente-administrativo da Cootrafar. “Ao termos de nos organizar para receber o projeto Tempo de Empreender, repensamos nossa existência, definimos nossa missão, nossos objetivos e tudo isso tem como foco o pequeno agricultor.” O projeto, parceria entre o ICC e a Construtora Camargo Corrêa, busca ampliar a renda dos produtores com a melhoria da produção leiteira, muito forte na região, e a introdução ou fortalecimento da ovinocultura e da apicultura como atividades alternativas e complementares. Hoje, a Cootrafar é responsável pela comercialização da produção leiteira e por disponibilizar apoio técnico em todas estas atividades. Uma das metas do plano de desenvolvimento é contratar uma equipe técnica própria, que possa dar assistência permanente aos associados.


Profissionalização e gestão O presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas, destaca que estar preparado para lidar com a gestão do empreendimento não significa, necessariamente, que os cooperativados assumam esta função. “Nossa indicação é que as cooperativas busquem profissionalizar sua gestão”, diz Freitas. “Mas gestão profissional é atitude profissional na gestão do negócio e esta pode ser tanto contratar um executivo ou reconhecer alguém no quadro de cooperativados que possa ser preparado para isso.” Lidiane Samora, supervisora de Comunicação do Instituto Hartmann Regueira, destaca o caráter especial das cooperativas. “A capacitação em gestão tem de acontecer também nas organizações que têm foco social. As cooperativas são especiais, neste sentido, porque elas têm estes dois lados: são um empreendimento econômico que também mobilizam valores comunitários e sociais”, diz Lidiane. O Instituto Hartmann Regueira é parceiro do ICC na capacitação de empreendimentos apoiadas pelo Futuro Ideal, entre elas a Coopersurf, além de organizações envolvidas também com os projetos do programa Infância Ideal. Outra etapa importante é a da formalização da cooperativa. No caso da Coopersurf, da Cootrafar e da Coopermoda esta foi uma exigência, inclusive, para receber o apoio também do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – parceiro do Instituto na implantação de projetos do Futuro Ideal. Guilherme Montoro, gerente da área Agropecuária e de Inclusão Social do Departamento de Economia Solidária do BNDES, explica que esta é uma exigência formal para que as cooperativas possam acessar as linhas de financiamento, especialmente os recursos não-reembolsáveis – caso dos investimentos feitos através dos projetos com o ICC. “As exigências legais podem ser um obstáculo, mas a formalização também gera ganhos, uma vez que exige uma melhora na gestão e na governança que se reflete na perenidade e na sustentabilidade dos empreendimentos”, ressalta Montoro. Liderança e motivação O plano de desenvolvimento da Cootrafar parece estar dando resultados. O número de cooperativados cresce a cada mês. “O que mais incentivou a entrada dos agricultores na cooperativa foi poder melhorar o preço do litro do leite. Depois, o pessoal viu os resultados, o quanto os produtores estavam aumentando

FOTO: RODRIGO LIMA / NITRO

Motivação Dilceu e Adriana, associados da Cootrafar, e Cristiano, gerenteadministrativo, dizem que bons resultados e transparência na gestão motivam cooperativados

a produção de leite, os ganhos com as abelhas, as ovelhas, a confiança aumentou e foi entrando gente, entrando gente”, conta Dilceu Rasbold, agricultor e diretor financeiro da Cootrafar. Mas bons resultados financeiros não garantem a permanência dos associados. “Tem de motivar o cooperado sempre, porque às vezes a gente desanima”, comenta Adriana Hoss, produtora recém-associada à Cootrafar e secretária da Associação de Apicultores 25 de Julho, outra organização participante do Tempo de Empreender. Uma das formas de manter esta relação com os cooperativados é a transparência. A Cootrafar tem como prática realizar sua prestação de contas com a participação dos cooperados. Outra é manter portas abertas para o cooperado. “É importante a gente encontrar a porta da cooperativa sempre aberta para nós”, diz Adriana. O presidente da OCB destaca mais um ponto importante: a existência de uma liderança. “Os líderes têm de ser os catalisadores do processo de cooperativismo, não os técnicos ou consultores”, diz Freitas. “Os profissionais podem só passar pela cooperativa, o líder fica. Por isso, esta liderança tem de ser pinçada de dentro da comunidade.” O relato de Régis Ribeiro dos Santos, secretário da Coopersurf, sobre seu envolvimento com a cooperativa mostra o nível de comprometimento destas lideranças formadas dentro das comunidades. Ele, que é surfista e shaper, diz que hoje sua vida está totalmente voltada para a cooperativa. “Quero fazer todos acreditarem na mesma coisa.” * Veja também nesta edição o artigo do presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, sobre o Ano Internacional das Cooperativas.

ideal comunitário 23


V o lu n ta r i a d o

DIVERSÃO Ação dos voluntários do Mineroduto Minas-Rio levou circo e arte para crianças de Santo Antônio do Rio Abaixo (MG)

foto: Eduardo Rocha

Cada vez mais

voluntários 24 ideal comunitário


Dia do Bem-Fazer mobiliza 15 mil voluntários e amplia seu alcance com a participação de empresas convidadas

Convidadas Não apenas as ações ganham feições mais amplas com o acúmulo de experiência dos voluntários do Grupo. O próprio even-

to expandiu ainda mais o seu raio de ação. Empresas de fora do Grupo Camargo Corrêa também se somaram ao evento. “A qualidade do trabalho do ICC e dos profissionais do Grupo que se dedicam ao voluntariado construiu a credibilidade do Dia do Bem-Fazer de forma que, agora, pudemos ampliá-lo e trazer estes novos parceiros”, afirma a presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Camargo Corrêa e acionista do Grupo, Rosana Camargo de Arruda Botelho. Foi o caso da Energética Barra Grande S/A - Baesa, que viu no Dia do Bem-Fazer uma oportunidade de fortalecer suas iniciativas de voluntariado. “Já tínhamos o grupo de voluntários Energia em Ação, que há dois anos desenvolve ações voluntárias com as casas-lares de crianças”, relata Aline Serafini, coordenadora de Projetos Sociais da Baesa. “Este ano, recebemos a visita do ICC, falando sobre o Dia do Bem-Fazer. Abraçamos a ideia e, no próximo ano, pretendemos participar novamente.” Os voluntários da Baesa arrecadaram fraldas geriátricas e itens de higiene pessoal para os 34 idosos do Lar de Zulma, localizado no município de São José (SC). No dia 26 de agosto, a entrega das doações foi acompanhada de uma tarde de atividades recreativas.

foto: Gabriel Andrade

Mais de 15 mil voluntários mobilizados em 110 municípios brasileiros e de outros nove países. Duas centenas de ações realizadas, atendendo a demandas relacionadas ao desenvolvimento comunitário de localidades diversas e beneficiando um público estimado em 82 mil pessoas. Os números do Dia do Bem-Fazer 2012 mostram o alcance do evento, promovido anualmente pelo Instituto Camargo Corrêa (ICC) e as empresas do Grupo Camargo Corrêa. Este ano, as atividades foram realizadas no dia 26 de agosto e contaram também com a participação de empresas convidadas. “O Dia do Bem-Fazer 2012 chama a atenção não apenas pelo grande número de voluntários envolvidos, pelo crescente volume de ações realizadas e de novos parceiros, mas principalmente pela qualidade, alcance e duração das ações”, comenta Francisco de Assis Azevedo, diretor executivo do Instituto. Os profissionais do Mineroduto Minas-Rio, obra realizada pela Construtora Camargo Corrêa, decidiram realizar sete ações simultâneas em sete pequenos municípios de Minas Gerais - Urucânia, São Domingos do Prata, Santa Maria de Itabira e São Sebastião do Rio Preto, Sem Peixe, Santo Antônio do Rio Abaixo e Conceição do Mato Dentro. Nos três últimos, foram montadas oficinas de circo para as crianças. A ideia era oferecer um tipo de atividade que as crianças nunca tiveram ou teriam tido pouca chance de ter acesso antes. As ações contaram com a parceria da Anglo American, cliente da obra. Para Flávio Seixas, coordenador do programa Ideal Voluntário do Instituto, o crescimento exponencial do evento “é um mérito dos líderes de voluntariado nas empresas”. “A cada ano, os voluntários inovam ao realizar o Dia do Bem-Fazer e dedicam mais tempo às atividades estratégicas e de planejamento”, comenta. O envolvimento dos profissionais é um dos grandes legados do Dia do Bem-Fazer, como destaca Berivaldo Araújo, diretor executivo do Instituto Alpargatas, parceiro estratégico do ICC no evento. “Essa adesão é contagiante e aumenta a cada dia, gerando melhorias no clima organizacional e na eficiência das unidades de negócios”, afirma Araújo.

MAKRO ENGENHARIA Empresa convidada realizou gincana de separação de lixo em Fortaleza (CE) ideal comunitário 25


V o lu n ta r i a d o

SOMANDO FORÇAS Voluntários da InterCement e Promon trabalharam juntos no Projeto Casulo, em São Paulo

Parceiros e participantes O Dia do Bem-Fazer foi realizado pela primeira vez em 2009 como parte das celebrações dos 70 anos do Grupo Camargo Corrêa. Realizado pelo Instituto Camargo FOTO: José Marcelo Fontes/Divulgação

Corrêa, o evento busca estimular e fortalecer o voluntariado entre os profissionais do Grupo. Além deles, familiares, amigos e moradores das comunidades também participam das atividades. Em 2012, o evento ocorreu em 10 países: Argentina Angola, Brasil, Espanha, EUA, México, Moçambique, Paraguai, Peru e Venezuela. As ações também contaram com

Sinergia e continuidade Em Fortaleza (CE), a Makro Engenharia – outra empresa convidada – realizou uma gincana com crianças da Fundação Raimundo Fagner (FRF) tendo como tema a coleta seletiva de lixo. “A realização do Dia do Bem-Fazer proporcionou aos nossos colaboradores voluntários um exercício de solidariedade, compaixão, humanidade, mas acima de tudo de cidadania”, afirma Fernando Filho, diretor financeiro da Makro Engenharia. A empresa já mantinha uma relação com a Fundação, tendo construído em 2011 uma Central de Resíduos Recicláveis para a coleta de resíduos de papelão e de plástico. A ação do Dia do Bem-Fazer ocorreu como complemento a essa ação. Esta sinergia entre projetos anteriores e o Dia do Bem-Fazer também marcou a atividade da InterCement, empresa de cimentos do Grupo Camargo Corrêa, no Projeto Casulo, em São Paulo (SP). No ano passado, o Casulo já havia recebido as atividades do evento e, ao longo de 2012, outros projetos foram desenvolvidos. No dia 26, as atividades também contaram com a parceria da Promon Engenharia, mais uma empresa convidada. A Promon já realizava um evento anual ligado ao seu programa de voluntariado, o Desafio V, e decidiu somá-lo ao Dia do BemFazer. No Casulo, além de participarem das atividades de revitalização de áreas comuns e de lazer e da limpeza e cadastro de livros na biblioteca, os voluntários da Promon realizaram também atividades artísticas. Flávio Seixas afirma que a experiência com as empresas convidadas confirmou o potencial do modelo de organização adotado pelo Dia do Bem-Fazer. Este modelo prevê a mobilização dos Grupos de Ação Ideal Voluntário (Gaivs), formados dentro das unidades das empresas, no planejamento e realização das ações. “Isso nos faz acreditar que o Dia do Bem-Fazer tem potencial para ir além de ser um projeto do Grupo Camargo Corrêa e tornar-se um movimento de cidadania das empresas e da sociedade”, diz Flávio. 26 ideal comunitário

o apoio de cerca de 1.300 parceiros locais, entre fornecedores, organizações sociais, secretarias municipais e prefeituras que foram convidados a participar das atividades pelos grupos de voluntários que organizaram as ações. As empresas participantes do Dia do BemFazer 2012: Empresas do Grupo: Alpargatas - Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI) - Camargo Corrêa S.A. - InterCement - Centro de Soluções Compartilhadas (CSC) - HM Engenharia - Construtora Camargo Corrêa - Malta Vigilância e Segurança - Morro Vermelho Táxi Aéreo (MVTA) - Participações Morro Vermelho (PMV) - Tavex Corporation - CCR Via Oeste - CCR AutoBAn - CPFL Energia - Estaleiro Atlântico Sul - SAO Parking Empresas convidadas: Consórcio Machadinho (Baesa e Maesa) - Promon Engenharia - Makro Engenharia - AngloAmerican General Eletric Parceiros estratégicos: Fundación Loma Negra - Instituto Alpargatas


FOTO: Alexandre Sopas

ALCÂNTARA (MA) Ação dos voluntários da obra Cyclone IV teve teatro de fantoches e educação ambiental

MEIO AMBIENTE O conhecimento e as práticas dos profissionais do Grupo Camargo Corrêa na área da sustentabilidade ambiental inspiraram ações no Dia do Bem-Fazer. Em Alcântara (MA), os voluntários da Construtora Camargo Corrêa - projeto Cyclone IV usaram materiais inservíveis da obra – pneus, carreteis de fio elétrico e restos FOTO: Eudes Santana

de madeira da supressão vegetal –, para criar uma sala de leitura na sede do projeto Farinha de Raiz, no povoado de Mamuna. O projeto faz parte do programa Futuro Ideal, do Instituto Camargo Corrêa. No dia 26, atividades de recreação incluíram o tema meio ambiente. Uma das empresas parceiras – a Docessel Ambiental – apresentou o teatro de fantoches Chapeuzinho Vermelho na Floresta de Mamuna. Na história, o Ratão incentivava Chapeuzinho a comer e beber e jogar os restos no chão e na rua. O Caçador, por sua vez a orientava para que jogasse no lixo. No final, Chapeuzinho aprende a lição e começa a catar e a segregar os resíduos. Em Bodoquena (MS), profissionais da InterCement instalaram um sistema de captação de água da chuva na Escola Municipal João Batista Pacheco. Também foi realizado um concurso para

FOTOS: Rhobson Lima

a escolha da melhor paródia com o tema água, vencido pela Banda da Sucata. A banda já existia na escola e usa materiais reciclados para produzir instrumentos. Como prêmio, seus integrantes farão uma visita à fábrica da InterCement para aprender um pouco mais sobre sustentabilidade. Outra gincana com a temática do meio ambiente foi realizada pelo Estaleiro Atlântico Sul na Escola Municipal Ministro Jarbas Passarinho, em Ipojuca (PE).

BODOQUENA (MS) e IPOJUCA (PE) Profissionais da InterCement [acima] instalaram sistema de coleta de água da chuva em escola; voluntários do EAS realizaram gincana com temas ambientais ideal comunitário 27


PEDRO LEOPOLDO (MG) Palhaços voluntários alegraram rua de lazer promovida por voluntários da InterCement

FOTO: Paulo Muniz Carvalho/Divulgação

FOTO: Davi Zocoli

V o lu n ta r i a d o

RIO DE JANEIRO (RJ) Thiago Soares, do Royal Ballet, visita Ballet de Santa Teresa, reformado por voluntários da Construtora Camargo Corrêa

CRIANÇAS Os direitos da infância e da adolescência também pautam a atuação dos voluntários do Grupo Camargo Corrêa. Escolas, espaços de lazer, abrigos, creches foram revitalizadas em várias cidades e, claro, a entrega destes espaços foi feita com muita festa e brincadeira. Em Pedro Leopoldo (MG), a InterCement promoveu mutirões que reformaram 22 escolas e creches do município. No dia 26 de agosto, uma delas – a Escola Municipal Isabel Gomes – virou palco de uma grande festa, aberta a toda comunidade, mas que teve as crianças como protagonistas. Elas mostraram suas habilidades artísticas em um show de talentos, brincaram no pula-pula e se divertiram com a apresentação de uma dupla de palhaços formada pelo operador de painel central da InterCement, Carlos Renan de Oliveira, e o seu filho. Em favor dos lares Padre Juanito e Irmã Fides, que abrigam crianças em São Paulo (SP), a Alpargatas utilizou não só o trabalho dos voluntários, como também a força de uma das suas principais marcas, a Havaianas. Os profissionais organizaram um bazar das sandálias para ajudar a custear reformas nas instituições. Foram vendidos 1.360 pares e arrecadados R$ 6.800. A escolha do Ballet de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, como organização beneficiada foi unânime entre os profissionais da Construtora Camargo Corrêa. “Ficamos encantados com a garra do pessoal da instituição e admirados com a força de vontade das crianças”, diz Eliane Severo, responsável pela organização da ação. Os voluntários reformaram o piso da sala de aula e pintaram as paredes e barras de ferro. “O impacto da reforma foi maravilhoso. ‘Fazer aula numa sala de balé de verdade’, como dizem as crianças, tem outra mágica. É muito diferente de fazer numa sala precária”, conta Vânia Farias, diretora do Ballet. Em visita ao Ballet, Thiago Soares, primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres e padrinho da instituição, conheceu a nova sala. 28 ideal comunitário


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SÃO PAULO (SP) Profissionais da Alpargatas realizaram bazar de Havaianas para auxiliar abrigos

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MAIS VOLUNTÁRIOS EM AÇÃO 1 Morro Vermelho Táxi Aéreo – São Paulo (SP) 2 Construtora Camargo Corrêa – Alto Piura (Peru) 3 Construtora Camargo Corrêa/On Shore – São Luís (MA) 4 Tavex Corporation – Americana (SP)

ideal comunitário 29


V o lu n ta r i a d o

IDOSOS O público da terceira idade recebeu carinho, cuidados e atenção dos voluntários no Dia do Bem-Fazer 2012. Os profissionais da CPFL Energia em Campinas (SP) levaram alegria ao Lar São Vicente de Paulo, que atende exclusivamente idosas. No dia 26, os voluntários organizaram um baile da terceira idade. Idosos de outra instituição foram convidados para a festa e maquiadoras arrumaram as senhoras. “Na hora do baile, algumas idosas mais animadas queriam ir pra rua, não para um salão de festas”, diverte-se Diana de Souza Santa Bárbara, bibliotecária da CPFL. Ela avalia que a experiência foi excelente para as idosas e para os voluntários, que continuarão realizando outras atividades ao longo do ano. Em São Paulo, também houve festa para os 85 idosos e idosas do Asilo Raiar do Sol, organizada pelos voluntários da Camargo Corrêa S.A., Participações Morro Vermelho e SAO Parking. Uma banda de forró alegrou a festa na tarde do dia 26. Pela manhã, os voluntários fizeram uma limpeza na área comum do asilo. Dias antes, havia sido instalada uma rampa para facilitar o acesso dos idosos aos andares mais altos do prédio. “A carência óbvia daqueles idosos, tanto material como afetiva, marcou os voluntários. Tanto que estamos tenFOTO: Tati Wexler

tando estruturar um grupo para continuar atuando no asilo”, conta Fabiana Smith, profissional da Diretoria de Sustentabilidade. Em Barueri (SP), profissionais da CCR ViaOeste organizaram um dia de entretenimento para os idosos atendidos pelo Grupo Vida Brasil. A preparação da

FOTO: Gustavo Magnusson

ciais para lidar com o público da terceira idade.

SÃO PAULO (SP) Festa no Asilo Raiar do Sol teve banda de forró e alegrou 85 idosos e idosas FOTO: Guilherme Rodrigues/CCR ViaOeste

ação incluiu o treinamento dos voluntários com psicólogos e assistentes so-

CAMPINAS (SP) Idosa é maquiada para o baile realizado por profissionais da CPFL Energia 30 ideal comunitário

BARUERI (SP) Voluntários da CCR ViaOeste dançam com idosos do Grupo Vida Brasil


FOTO: Guillermo Cimadevilla/Divulgação

CAÑUELAS (ARGENTINA) Profissionais da Loma Negra organizaram apresentação de pessoas com deficiência na Plaza Belgrano

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA Organizações que atendem pessoas com deficiência foram beneficiadas pelo trabalho dos grupos de voluntários em várias cidades, como São Paulo e Campinas (SP). Em Cañuelas, na Argentina, voluntários da Loma Negra organizaram um show de dança e teatro protagonizado por jovens com deficiência intelectual. A apresentação foi

SÃO PAULO (SP) Crianças da Derdic tiveram dia de lazer organizado por voluntários da Construtora Camargo Corrêa

realizada na Plaza Belgrano, reformada pelos voluntários no Dia do Bem-Fazer 2011 para se tornar um espaço inclusivo. Na capital paulista, os profissionais da Construtora Camargo Corrêa trabalharam ao longo de várias semanas – antes e depois do dia 26 de agosto – para reformar a biblioteca e a sala de prontuários da Divisão de Educação e Reabilitação dos DisFOTO: Tati Wexler

túrbios da Comunicação(Derdic). A Derdic atende pessoas com deficiência auditiva e é também uma escola de educação bilíngue para surdos. Já o Instituto Dona Carminha, também uma escola que atende crianças com deficiência auditiva em Campinas, ganhou nova pintura e um parquinho reformado pelos voluntários da HM Engenharia.

CAMPINAS (SP) Gustavo Penteado, profissional da HM Engenharia, brinca com crianças do Instituto Dona Carminha

No dia 26, os voluntários e as crianças da Derdic e do Dona Carminha festejaram. Em São Paulo, houve oficinas de criação de brinquedos com material reciclável, circuito de corrida com triciclos e até um desfile de fantasias. Em Campinas, a festa teve música, dança, pintura e um palhaço, representado pelo voluntário Gustavo Penteado, analista de sustentabilidade pleno Foto: Gustavo Magnusson

da HM Engenheira. É o segundo ano que ele encara a brincadeira. “É uma realização ser o palhaço do Dia do Bem-Fazer”, diz Penteado. ideal comunitário 31


V o lu n ta r i a d o

BARRETOS (SP) Voluntários da HM Engenharia revitalizaram horta do Educandário Sagrados Corações

REFORMAS O trabalho dos voluntários do Dia do Bem-Fazer transforma as comunidades. A afirmação pode ser interpretada no seu sentido literal, já que a grande maioria das ações inclui reformas de instituições ou espaços públicos. terCement construíram um novo parque e uma praça para crianças. A igrejinha que marca a paisagem também foi pintada. Os voluntários ainda trabalharam em um complexo esportivo do município. Quadra de futebol, pista de skate e outros equipamentos foram revitalizados.

FOTO: Pablo de Sousa

Apiaí (SP) ganhou um novo espaço de lazer no bairro Pavão. Os voluntários da In-

Os voluntários da HM Engenharia, em Barretos (SP), trabalharam por várias semanas no Educandário Sagrados Corações. A instituição atende crianças no período pós-escolar e abriga meninas adolescentes sob proteção judicial. “A reforma da casa que abriga as meninas foi muito importante, pois o estado do telhado colocava em risco a vida das adolescentes”, comenta Mariana Franco, responsável pelo Grupo de Ação Ideal Voluntário (Gaiv) que realizou a ação. “E a reativação da horta vai ajudar a suprir algumas das suas necessidades de alimento.” A Fundação Julita, organização que atende a comunidade do Jardim São Luiz, na Zona Sul de São Paulo, ampliou seu minhocário com o trabalho dos voluntários mobilizados pela Tavex Corporation. Três quadras poliesportivas tiveram a pintura refeita e os voluntários ainda ajudaram em um bazar, que arrecadou R$ 18 mil para a Fundação. “No dia 26 foram realizadas as ações de mutirão que eram necessárias para a instituição e conseguimos ótimos resultados”, comenta Bianca Kapsevicius, consultora de comunicação e sustentabilidade corporativa da Tavex. “Mas o principal dessa parceria vem agora, com a criação de Gaivs que apoiarão a Fundação em outras ações, como a arrecadação de notas fiscais e o apoio à coordenação do curso de moda.” 32 ideal comunitário

SÃO PAULO (SP) Profissionais da Tavex ampliaram minhocário na Fundação Julita


FOTO: InterCement/Divulgação

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APIAÍ (SP) Complexo esportivo do município foi revitalizado por voluntários da InterCement

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MAIS VOLUNTÁRIOS EM AÇÃO 1 Construtora Camargo Corrêa – Katchipatinho (Angola) 2 Construtora Camargo Corrêa – Chirodzi-Sanangwe (Moçambique) 3 Mineroduto Minas-Rio – Santa Maria de Itabira (MG) 4 Tavex Corporation – Famaillá (Argentina) 5 Consórcio CCPR-Repar – Araucária (PR) ideal comunitário 33


inovações sustentáveis

Temas de agora

para o futuro Onde avançamos e quais os pontos cruciais das questões contemporâneas da sustentabilidade?

Tendo como resultado o documento O Futuro Que Queremos – considerado morno e pouco ambicioso pela maioria dos especialistas –, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+20 terminou sem apresentar um legado preciso. Mas, no texto, há indícios do caminho a ser percorrido pelos países ou de onde podem surgir novas decisões para mitigar os efeitos do aquecimento do planeta. Para tratar desses tópicos e propor uma reflexão sobre os temas mais pertinentes da atualidade, a Ideal Comunitário conversou com Tasso Azevedo, engenheiro florestal, consultor e empreendedor social em sustentabilidade, floresta e clima. Azevedo também foi diretor geral do Serviço Florestal Brasileiro e Diretor Executivo do Imaflora. Confira abaixo os principais trechos desta conversa:

foto: Arquivo pessoal

A Rio+20 O legado da Rio+20 será conhecido depois de o texto final ser aplicado. Caso os países consigam aprovar metas para o desenvolvimento sustentável até 2015, poderemos dizer que isso foi inspirado na Rio+20. No entorno da Conferência, ocorreram muitos eventos paralelos com compromissos e iniciativas que servem como catalisadores da união entre o terceiro, o segundo e o primeiro setores. Acho que essa integração é a “cara” do que obteve mais sucesso nesta Conferência. Novo medidor para o desenvolvimento Durante a Rio+20, foi criado um grupo de estudo para estabelecer uma nova métrica para o desenvolvimento sustentável. O parágrafo 38 do documento final requer à ONU o início de um programa de trabalho sobre métricas de progresso além do PIB [Produto Interno Bruto], tendo como base iniciativas existentes.

Legado da Rio+20 Para Tasso Azevedo, integração entre setores foi o que de mais importante ocorreu na conferência 34 ideal comunitário

Consumo e compras públicas A ideia de se consumir somente o necessário está mais disseminada, o que envolve compras públicas e das empresas. Este tema já apresenta avanços na Europa e a tendência é que os modelos praticados possam ser incorporados em outros países. Para as empresas, o que deve acontecer com mais frequência é a responsabilidade de se incorporar nos processos de compras as variáveis socioambientais. Isso quer dizer que, na hora de orçar uma obra, os contratos já devem ter embutidos o custo ambiental.


Floresta em pé Pretende-se dar valor não só à floresta, mas aos ecossistemas que precisam ser mantidos. A ideia é que possamos estabelecer um valor. É difícil quantificar, mas se pensarmos que a fotossíntese garante o ar que respiramos, perguntamos: e se tivéssemos que pagar pelo ar, quanto seria? Agregado a isso, deveremos compensar aqueles que operam para que esse valor seja preservado. Há várias iniciativas diferentes ao redor do mundo. A Costa Rica realiza, há dez anos, um programa que paga pela manutenção das florestas ao longo dos mananciais com recursos dos postos de gasolina locais. Existem algumas iniciativas no Brasil, mas a tendência é se criar uma política nacional de pagamento por serviços ambientais. Na verdade, pagar para quem protege o serviço que a natureza faz. Economia verde Está bem consolidado o pressuposto de que temos que enfrentar as práticas poluidoras com a retirada de subsídios que ainda persistem e incentivar os modelos sustentáveis. É um caminho difícil, muitas vezes a prática não acompanha o discurso das empresas e da sociedade civil. Mas a ideia central é eliminar subsídios para a produção perversa. Bolsas de valores Entra com força no debate a transparência nas informações do mercado de capitais e a inclusão de temas socioambientais nos indicadores. A Bolsa Verde do Rio é um exemplo de iniciativa pioneira neste sentido. É uma bolsa de valores ambientais nacional, idealizada a partir da visão de que mecanismos de mercado são instrumentos eficientes de execução de políticas públicas ambientais e de desenvolvimento sustentável. A BVRio tem duas atividades principais: desenvolver ativos ambientais e prover uma bolsa de negociação. Com estas atividades, terá a capacidade de gerar liquidez e promover o uso de mecanismos de mercado que, por sua vez, facilitarão o cumprimento de legislações ambientais e a adoção de políticas públicas relacionadas ao meio ambiente. Taxa sobre o carbono Uma proposta considerada “morna” por vários anos passou a ser considerada com afinco na Rio+20. Taxar as emissões e dar vantagens para quem não emite. Vários economistas estão começando a pensar de maneira objetiva sobre os mecanismos a serem utilizados para que entre em vigor. Na Nova Zelândia e na Austrália, a taxa sobre emissões de carbono já existe e os recursos são utilizados para aumentar a eficiência das fontes não poluentes e para criar subsídios para setores que adotam práticas menos poluidoras. Dessa maneira, o dinheiro volta para a economia estimulando e promovendo a expansão de um desenvolvimento mais sustentável.

Ideias em

prática Prêmio Inovação Sustentável, do Grupo Camargo Corrêa, tem 459 trabalhos inscritos A terceira edição do Prêmio Inovação Sustentável teve 459 trabalhos inscritos. O prêmio é uma iniciativa do Grupo Camargo Corrêa e busca estimular os seus profissionais a integrar as dimensões ambiental, econômica e social nas diversas atividades das empresas. A modalidade Práticas recebeu 373 trabalhos, ou seja, 28% a mais do que na edição passada. A modalidade Ideias, que esse ano teve como tema específico a Gestão de Água, recebeu 86 inscrições. “Estamos muito satisfeitos com os resultados do Prêmio. Com o maior número de inscrições na modalidade Práticas, é possível perceber que as ideias das edições anteriores viraram ações reais e que houve progresso e inovação nos últimos anos”, comemora Fabiana Smith, coordenadora do Prêmio Inovação Sustentável. Segundo Fabiana, a escolha do tema Gestão de Água também deve estimular o surgimento de inovações nesta área, que teve o menor número de práticas inscritas. Os finalistas serão anunciados no início de outubro e os vencedores ficarão conhecidos na cerimônia de entrega dos troféus, que será realizada no dia 22 de outubro.

ideal comunitário 35


ações&parcerias Vale do Ribeira

Ampliando

cuidados

Novos parceiros garantem ampliação de projeto de combate à mortalidade infantil iniciado em Apiaí e Itaoca (SP) Desde 2009, o projeto Rede Ciranda aposta na qualificação do atendimento materno-infantil, da gravidez ao pós-parto, para reduzir a mortalidade infantil e aumentar a qualidade de vida das gestantes e bebês nos municípios paulistas de Apiaí e Itaoca. Realizado pelo Instituto Camargo Corrêa, através do programa Infância Ideal, a InterCement, empresa de cimentos do Grupo Camargo Corrêa, e as prefeituras municipais, o programa foi estendido, este ano, a outros municípios do Vale do Ribeira, tendo como parceira a Secretaria da Saúde de São Paulo (SES-SP). A região é uma das mais pobres de São Paulo e apresenta índices muito superiores à média do estado em mortalidade infantil, além de números crescentes de mortes maternas. O projeto passa a se chamar Fortalecimento da Rede Ciranda e contará ainda com a parceria do curso de Obstetrícia da Universidade de São Paulo, que vai auxiliar na formação dos profissionais de saúde. Foram incluídos no projeto os municípios de Barra do Chapéu, Itapirapuã Paulista e Ribeira. “Tratase de uma região onde a mortalidade materna é alta, então é importante somar esforços para evitar que, no estado mais rico do país e em pleno século 21, as mulheres morram por causas evitáveis relacionadas à gestação, ao parto e ao puerpério”, afirma a psicóloga Cláudia Medeiros de Castro, professora do curso de Obstetrícia da USP. O projeto busca qualificar os profissionais de saúde nos municípios, reduzir o índice de absenteísmo a consultas e exames 36 ideal comunitário

A região conhecida como Vale do Ribeira fica ao sudeste de São Paulo, na divisa com o Paraná. Soma 30 cidades – 23 paulistas e 7 paranaenses. É considerada uma das áreas mais pobres nesses estados, com vários municípios apresentando baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O IDH vai de 0 a 1, é aferido anualmente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e considera dados sobre renda, acesso à educação e à saúde por país. A última projeção de IDH em cidades brasileiras feita pelo PNUD data de 2000. Na ocasião, Apiaí apresentou IDH de 0,716; Itaoca, 0,650; Barra do Chapéu, 0,646; Itapirapuã Paulista, 0,645 e Ribeira, 0,678. Para comparar, o IDH de 2011 do Brasil ficou em 0,718. O Paraguai indicou 0,665 e a Bolívia 0,663.

pelas gestantes e garantir o atendimento humanizado a essas mulheres, com amparo às suas necessidades físicas e emocionais. “Os cuidados na gestação, com um atendimento humanizado de qualidade para todas as mulheres, o estímulo à amamentação, orientação para o parto e diminuição da mortalidade maternoinfantil servem de base para uma infância saudável”, diz Ariane Duarte, analista de projetos do Infância Ideal. A meta segue ambiciosa: até dezembro desse ano, consolidar a redução de 90% da mortalidade materna e infantil em relação à média obtida no período entre 2004 e 2011. Outro objetivo era implantar um centro de referência para o atendimento de gestantes e mães com bebês em Apiaí, o que já aconteceu. Em junho, foi inaugurado o Ambulatório Materno-Infantil Dr. Eduardo Brozowski. A pediatra Sandra Regina de Souza, responsável pela Coordenadoria da Saúde da Criança da SES-SP destaca o investimento na promoção da saúde e na prevenção de agravos à gestante e ao bebê. “Quando uma mulher grávida procura um serviço para fazer o acompanhamento da sua gestação e tem acesso a consultas, orientações e se fortalece com o conhecimento a respeito do processo de desenvolvimento da gestação, do parto, do nascimento e de cuidados com o filho aumenta a adesão ao pré-natal e às recomendações de cuidados com a própria saúde e com a saúde da criança”, afirma a médica. O Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Ribeira avalia que o trabalho feito com o ICC é uma mostra positiva de parceria público-privada. Um dos resultados positivos esperados pelo consórcio é que as gestantes cheguem ao hospital para o parto com o pré-natal e acompanhamentos concretos e constantes e com perfeito monitoramento da saúde de mãe e bebê.


interação

NO IPAD v V eja mais fotos e vídeos do Dia do Bem-Fazer 2012 na versão da revista Ideal Comunitário para Ipad.

Jornada promove troca de experiências de incentivo à leitura A Jornada da Leitura 2012 já começou. Até maio do ano que vem, os educadores e as secretarias de Educação dos 14 municípios parceiros do Escola Ideal vão poder trocar experiências de mediação de leitura e terem suas ações reconhecidas nacionalmente. Iniciativa do Instituto Camargo Corrêa, a Jornada irá premiar seis educadores e três secretarias municipais de Educação por suas práticas ou políticas de incentivo à leitura. Nesta edição, a Jornada, que conta com coordenação técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), articula-se ao Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL). Ao longo do processo, as cidades participantes serão incentivadas a formular seus planos municipais. A troca será toda realizada em um ambiente online: www.jornadadaleitura.org.br As inscrições são divididas em duas categorias: uma para as secretarias municipais de Educação, que devem participar com um Plano de Ação Municipal; e outra para os educadores da rede municipal, com um relato de alguma prática que desenvolvem dentro ou fora do ambiente escolar. Contudo, o grande diferencial, ressalta Maria Cecília Felix de Godoy, coordenadora da iniciativa no Cenpec, é que eles se insiram no PNLL, o que será um ganho muito grande para o município. Até o final de setembro a iniciativa será lançada em todos os municípios, em eventos que devem contar com a presença de autoridades e dos parceiros locais. Na Paraíba, o programa Escola Ideal conta com a parceria do Instituto Alpargatas. Em Minas Gerais e em São Paulo, a parceira é a InterCement; em Rondônia, a Construtora Camargo Corrêa; e em Pernambuco, o Estaleiro Atlântico Sul (EAS).

MENSAGENS Acabamos de ler a matéria sobre o trabalho de fortalecimento da gestão democrática publicada na última edição da revista Ideal Comunitário. Queremos cumprimentá-los pelo trabalho. O texto ficou muito bom. Podemos encontrar desde informações sobre os paradigmas e conceitos que orientam a ação, sobre a proposta metodológica do projeto até os resultados do trabalho. A contribuição do Cenpec com a reflexão sobre a cultura patrimonialista presente no Brasil foi importantíssima. As entrevistas com os participantes também ficaram muito interessantes. A entrevista com a ministra Maria do Rosário trouxe densidade política à edição. Gostamos também da matéria sobre o Plano de Mobilização pela Educação. Portanto, parabéns à equipe responsável. Sergio Andrade ONG Agenda Pública São Paulo - SP

Há tempos acompanho a Ideal Comunitário com atenção e deleite. Na edição de junho, gostei especialmente do artigo de Tom Dewar sobre desenvolvimento comunitário. Parabéns e obrigada. Rachel Mello Brasília - DF

Este espaço está aberto a opiniões, sugestões e debates a respeito de reportagens publicadas na revista Ideal Comunitário, do Instituto Camargo Corrêa. O e-mail de contato é instituto@institutocamargocorrea.org.br

ideal comunitário 37


artigo Márcio Lopes de Freitas

Um ano para entrar na história do

foto: Divulgação/Sistema OCB

cooperativismo Márcio Lopes de Freitas é presidente do Sistema OCB, composto pela Confederação Nacional das Cooperativas (CNCoop), Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop). Também preside a Organização das Cooperativas dos Países de Língua Portuguesa (OCPLP). É agropecuarista e cooperativista há mais de 30 anos.

38 ideal comunitário

Vivemos um momento importante na história do movimento cooperativista mundial. O Ano Internacional das Cooperativas - 2012 é um reconhecimento do importante papel que o setor tem na geração de trabalho e renda para 1 bilhão de pessoas, espalhadas por mais de 100 países. No Brasil, esse modelo de negócios que une eficiência econômica e eficácia social mobiliza 33 milhões de cidadãos. Estamos falando de cooperativas que promovem o desenvolvimento sustentável das comunidades e popularizam a gestão democrática, em que todos participam e buscam o bem comum. Sãos homens e mulheres de diferentes regiões que deixaram de lado os benefícios individuais e se uniram para construir uma relação baseada em transparência e, sobretudo, confiança. O sucesso é consequência desse processo, bem como do investimento constante na profissionalização da gestão dos negócios e modernização dos mecanismos de governança. Esse olhar se reflete claramente nos indicadores do setor. Hoje, as 6.586 cooperativas brasileiras reúnem 10 milhões de associados e geram 296 mil empregos diretos. Elas movimentam a economia no campo e nas cidades. Mas, mesmo diante de tantas conquistas, não temos dúvidas de que há ainda um espa-

ço potencial a ser explorado. Para que o cooperativismo brasileiro continue crescendo, é necessário criar um ambiente favorável. Nesse contexto, devemos investir prioritariamente na educação e formação profissional. Assim, nos tornaremos ainda mais competitivos. Da mesma forma, temos de disseminar à sociedade os benefícios da prática cooperativista e suas particularidades. Isso, com certeza, refletirá positivamente na definição de marcos regulatórios para o movimento. Mais uma vez, fica clara a importância da articulação com os três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário –, visando garantir que essas especificidades sejam contempladas na formulação de políticas públicas. Vale ressaltar, nesse sentido, o trabalho realizado pelo Sistema OCB. No Congresso Nacional, por exemplo, a aliança estratégica com a Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), firmada há 26 anos, já resultou em vitórias fundamentais e será determinante para conquistarmos novos avanços na legislação. Ao garantirmos a eficiência nesses processos, damos mais um passo em direção ao desenvolvimento com sustentabilidade. Assim, nossas cooperativas terão a oportunidade de mostrar de que forma constroem um mundo melhor.

Hoje, as 6.586 cooperativas brasileiras reúnem 10 milhões de associados e geram 296 mil empregos diretos.


expediente

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA CAMARGO CORRÊA S.A. Presidente: Vitor Hallack Vice-presidentes: A.C. Reuter, Carlos Pires Oliveira Dias e Luiz Roberto Ortiz Nascimento ConselHo Deliberativo do instituto camargo corrêa Presidente: Rosana Camargo de Arruda Botelho Vice-presidente: Renata de Camargo Nascimento Conselheiros: Angelo Fuchs, Carla Duprat, Dalton dos Santos Avancini, Daniela Camargo Botelho de Abreu Pereira, Elisa Camargo de Arruda Botelho, Francisco Tancredi, Henrique Ernesto de Oliveira Bianco, José Édison Barros Franco, Luiz Eduardo de Camargo Nascimento, Marcio Garcia de Souza, Márcio Utsch, Maria Regina Camargo Pires Ribeiro do Valle, Maria Tereza Pires Oliveira Dias Graziano, Naima Bennani Nascimento, Olga Colpo, Raphael Antonio Nogueira de Freitas, Ricardo Fonseca de Mendonça Lima e Vitor Hallack    Instituto Camargo Corrêa Presidente do Grupo Camargo Corrêa e do Instituto: Vitor Hallack Diretor executivo: Francisco de Assis Azevedo Superintendente: Rogerio Arns Neumann Coordenadora de comunicação: Clarissa Kowalski Coordenadores de programas: Flávio Seixas, Jair Resende, Juliana Di Thomazo e Toni Niccolini Analistas de projetos: Ariane Duarte, Felipe Furini, Gisele Pennella, Lívia Guimarães e Mariana Ramos de Baère Assistente administrativo: Bárbara Gomes Auxiliar administrativo: Maria de Lourdes Furtado dos Santos REVISTA IDEAL COMUNITÁRIO

Arte Irene Lafetá Sesana – studio1101 CAPA Eduardo Rocha – foto impressão Leograf COMUNICAÇÃO DO GRUPO CAMARGO CORRÊA CAMARGO CORRÊA S.A. Marcello D’Angelo, Mauricio Esposito, Cintia Mesquita de Vasconcelos Alpargatas Cássia Navarro INTERCEMENT Fernanda Guerra CONSTRUTORA CAMARGO CORRÊA Denise Pragana e Amanda Lucindo TAVEX CORPORATION Andrea Shimada e Bianca Kapsevicius Gonçalves

Entre em Contato Opiniões, dúvidas e sugestões sobre a revista Ideal Comunitário: Rua Funchal, 160, São Paulo, CEP 04551-903 www.institutocamargocorrea.org.br Tel.: (11) 3841-4922 Fax: (11) 3841-5894 e-mail: instituto@institutocamargocorrea.org.br

Comitê editorial Carla Duprat, Clarissa Kowalski, Fernanda Guerra, Francisco de Assis Azevedo, Rogerio Arns Neumann, Kalil Farran, Marcello D’Angelo, Mauricio Esposito, Olga Colpo, Ricardo Mastroti, Veet Vivarta Produção Editorial Máquina Public Relations EDITORA Cristina Charão

Realização

Parceiro

Texto Ana Cláudia Mielki, Ana Dangelo, Cristina Charão, Giselle Godoi e Patrícia Ribas

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Foto: Eduardo Rocha/RR

Tambores e circo Em Santo Antônio do Rio Abaixo (MG), profissionais do Mineroduto Minas-Rio, obra da Construtora Camargo Corrêa, organizaram um dia de circo e oficina de percussão para crianças que poucas vezes têm acesso a atividades culturais.


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