Reminski

Page 1

Reminski

(transcriação a partir do original em português)

O zirisgudum, T elêmacoteco, P olacobaco O b orogodó n o b ucubufo d o c aterefofo n o c atiripapo T odos a o b oteco, l ibações a os d euses R imas a o l éu: l eobardo d a v inci, l eonardo d o a lto d a X V m il o lhos d e l ince, m iolos d e l eon t rotski e o e scarcéu r olls j oyce i n r osa s igno v inces

Monos se penteando&masturbando em asseio público a lançar bravatas; samurais de quimono e gravata tropeçando no haikai; monólogos sitos no centro de um circunlóquio de araras&arapongas... a algaravia geral. Curitiba classe média, deleite batavo. Iogues comedidos comeditando pierogues. Blogues premeditados em cirílico arcaico, traduzidos e transcriados para o alfabetobatata e impressos em acrílico vegetal: é desvendada a canabisbenta do segredo patriárquico. Em vão e a vau, naufraga a farsóbvia de Fartichevsky. A catuaba afro-­‐dionisíaca, o catarro escarrado, o cataplasma sobre o cataclisma, o trocadilho sob o aforisma: o catatau descarta a nação e a noção de Nassau sobre o mundo. Tratados&estratagemas de zukodovo&poema: varíolas de cores, pústulas, odores: alguém tem que carregar a cruz do Pilarzinho! A minha, já levo no peito. Curitiba cidade esquiva. Já vi tuas abominações, teus adultérios, teus rinchos abafados e a enorme idade de tua prostituição. Sei de tuas recriminações, teus cemitérios, teus riachos insepultos, tua soberba e a dureza de teu coração. Cartésius Catalépticus... do mesmo jeito que atores colocam uma máscara para que a vergonha não se reflita em suas faces, assim penetro eu no teatro do mundo: mascarado! Ut comœdi, moniti ne in fronte appareat pudor, personam induunt, sic ego hoc mundi teatrum conscensurus, in quo hactenus spectator exstiti, larvatus prodeo. - Dubito, ergo cogito, ergo sum... puisque je doute, je pense; puisque je pense, j’existe. - A duras penas, cogito: se a palavra não é de mármore, mesmo é de granito.


- Avis Rara nós que, em imposta homenagem póstuma, batizamos não uma pedra, mas uma pedreira. Como erigir uma igreja senão à custa de mútuas heresias? - Quanto a isso, nada tenho a declarar. E o nada, espeto aqui, é o maior espetáculo da Terra. Viver é um ofício severo. Dum spiro, spero, arroto, arróto e aborto 4x: pompom com protex, estricnina o nenê e o verbatim. - Ars longa, vita brevis. Vai por mim, disse Artischelvis, a arte está sempre certa! Por tal, teimosos são os mestres. - Quando chegar nossa hora, estarrecidos, lá estaremos. Ébrios, mas em pé. Perneta, quando pulo, pululo de trás pra radiante. Pois que, a título de pé de igualdade e de joelhos, Emiliano, Fulano e Beltrano não ousarão contra-irar Sicrano, Narciso ao contrário, aquele que escarra a própria cara no espelho. - Um deles somos nós, um deles somos nós: agora é que são elas… Curitiba cidade furtiva, envergonhada. Sem compaixão, agrides o que não te agrada. Qual será tua sorte, a porção que te será medida? Ai de ti, Curitiba cidade vingativa, que indefinidamente ressuscita sua juventude. Quando te purificarás? Ora pro nobis, Renatus Nobilis. Dedura lex sed lex. Quando conto um conto, não o conto a conta-gotas: enquanto maiores as circunstâncias, menores as instiancias. Longe de mim o mero labirinto de deleitáveis palavras: iria da parca devoção à amarga devolução. Curitiba, cidade enrijecida. Porventura deve o etíope mudar sua pele, ou o leopardo suas manchas para que aceites a ti mesma? Curitiba, Curitiba... teu rosado pedigree nem tuas calçadas de petit pave suportam mais. Tua torre não é de marfim, mas de papel. Imprime nele pois, teus segredos, revela teu rosto cândido, ornado de soberba e lambrequins e aparecerá tua ignomínia. Desafiotlux douto Vampiririlâmpago: vostra vodka paródica, conviversa em prosa porosa, conta contagiosas fábulas rasas. Se não estou correto, que me corrijam os corretores de plantão.


A palavra não é imóvel. Ergo... Sendo assim, que nada fique debaixo dos panos. Cadastrados, castos e castrados foram todos os trevisanos. Do cadafalso para as catacumbas, nunca vi aqui, joões e marias de sobrenomes estrangeiros, numa esquina sequer dessa romópolis oca de feras e casa de flores, uma macumba, nem mesmo um corcunda de Notre Dame, um Quasímodo caído, esperando quase moído, sua Esmeralda, sempre em falta quando é preciso. Não vou agora ser profético, sei mais de mim que de outros, mas tem muitos outros em mim que eu não sei. Subtraídos somaremos. Enquanto isso, pulverizo e espalho espelhos a 3x4 para que curitibanos cacofônicos levem para seus quartos retratos daltônicos e sobre colchões deitem seus muitos quilos e cochichem, entre cochilos intranquilos: - Nassau, Nassau, vamos descer o rio de bóia e depois, com fogo grego, queimar Tróia! Não fosse fase, e era quase, Propp, a mente medita. Uma vida sem fertilizar a língua é vida, pergunta Ferlinguetti. Morre Malone, Lennon também, morre alone e tutti all capone, capute. Somewhere Becket over the rainbow. Em versão pocket, Saul toca trompete, Salomão divide a rua e corta praça ao meio. Dum spiro, spero. Toda pérola tem seu dia de ostrabismo. Releio Leminski. Sobre o branco do papel do risque&rabisque, Stravinski em compasso de esperança, dança Nijinski.

– Marcelo De Angelis


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.