Antes que vire lixo - reflexões sobre nossos resíduos

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ANTES QUE VIRE LIXO reflexões sobre nossos resíduos

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ANTES QUE VIRE LIXO reflexões sobre nossos resíduos

organização

Marcelo Delduque Mariana Gomes



APRESENTAÇÃO "Decifra-me ou devoro-te" Desafio da Esfinge

Esta publicação foi concebida para dar subsídios a educadores que desejam ou necessitam tratar do tema dos resíduos. Trata-se de um dos problemas mais complexos e inquietantes de nosso tempo, que reflete muitas das contradições que permeiam os passos da humanidade no planeta. A compreensão em profundidade das questões que envolvem o lixo nos fornece ferramentas para lidar também com outros assuntos contemporâneos fundamentais a ele relacionados, como consumismo, desperdício, exploração dos recursos naturais, responsabilidade compartilhada e cidadania. Esperamos que as ideias inspiradas pela leitura contribuam para a construção de um mundo melhor e mais solidário.

Os organizadores



sumário

capítulo 1 07 O que é lixo para uns não é para outros

capítulo 2 15 Consumo e consumismo

capítulo 3 29 O destino dos resíduos

capítulo 4 45 O nosso lixo e o dos outros

capítulo 5 57 Atividades sugeridas

capítulo 6

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Para se aprofundar



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O que é lixo para uns não é para outros

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cap. 01

definições de lixo Conceituar “lixo” é um exercício com muitas respostas. Ao abordar esse tema veremos que o significado de “lixo” varia entre cada pessoa, cada cultura e cada época. É bastante perturbador perceber que o que um entende por lixo, para outro pode ser um material ou um objeto como qualquer outro. A discussão é rica, fértil e necessária. E leva a discussões fundamentais sobre nosso modo de vida e sobre como nos relacionamos com o planeta. Assim, em vez de definir o lixo, procuraremos compreendê-lo em suas múltiplas dimensões.

Para refletir “O lixo, assim como a sujeira, é simplesmente material no lugar errado. O que se considera lixo é uma espécie de indicador que revela os valores de determinada cultura. Na China tradicional, por exemplo, todo pedaço de papel com algo escrito era considerado valioso. Não deveria ser jogado fora, mas podia ser queimado com ritual e respeito. [...] Os objetos variáveis que são considerados lixo oferecem valiosos indícios das mudanças gerais em uma cultura [...]. Na Grã-Bretanha, por exemplo, objetos domésticos das décadas de 1920 e 1930 geralmente foram desprezados como ‘porcarias’ na década de 50, mas passaram a ser colecionados com crescente entusiasmo como ‘antiguidades’ na década de 80. ‘Minha tia teve um mas jogou fora’ era o nome de uma loja de móveis usados em Cambridge nos anos 90 (hoje desapareceu, supostamente vitimada pelas mudanças na moda que explorava).” Trecho de “Uma história social do lixo”, artigo de Peter Burke publicado no caderno Mais, do jornal Folha de S. Paulo, em 9 de dezembro de 2001.

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O ciclo da vida e de todas as coisas Para começar do começo, vamos olhar para a natureza, na qual os materiais que sobram dos processos da vida entram novamente nos novos processos, em uma cadeia cíclica interminável em que não se perde matéria e nem energia. Dessa forma, os seres vivos, quando encerram seu ciclo de vida e morrem, decompõem-se e incorporam-se ao solo, fertilizando a terra e dando condições para o desenvolvimento de novas plantas e, consequentemente, alimentando os animais. Ao longo do tempo, a natureza se torna cada vez mais sofisticada. As espécies evoluem e estabelecem complexas interações com outras espécies. Assim, desenvolveram-se as florestas, os ecossistemas marinhos e tantos outros ambientes vivos, como se fossem grandes organismos formados por milhões ou bilhões de formas de vida. Tudo isso é orquestrado unicamente pela ação dos processos naturais. Esse ciclo contínuo tem sido interrompido pelo ser humano. O homem contemporâneo urbano produz coisas a partir de matérias-primas retiradas de fontes naturais, que depois de usadas perdem a utilidade e são descartadas. Não foi sempre assim. Já houve um tempo em que as pessoas viviam mais próximas à natureza, vivendo da agricultura de subsistência e da caça e devolvendo seus restos à terra. Com o crescimento das cidades e o surgimento das indústrias, a humanidade transformou profundamente sua forma de se relacionar com o planeta. A população mundial tem crescido exponencialmente e a produção de bens de consumo igualmente. Permanecemos, como sempre, retirando da natureza toda a matéria-prima necessária para nos alimentar, nos curar e viver com conforto. Mas muitas vezes esquecemos disso, pois agora tudo é processado pela indústria. Esta produz aquilo de que precisamos para 10


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viver e também coisas supérfluas - já que o que gira a roda da economia é o aumento da produção quase sempre a qualquer custo. Resta àqueles que consomem escolher o que lhe serve – e arcar com as consequências de todos as sobras. Qualquer coisa - velha ou não - pode ser considerada lixo. Isso depende do valor que as pessoas atribuem àquilo que sobra. Fato é que a partir do momento em que um objeto é depositado na lixeira, ele automaticamente passa a ser chamado de lixo. E imediatamente sai da lógica do ciclo da vida, em que nada se perde e tudo se transforma. Trata-se de um enorme desperdício, já que boa parte do que é jogado no lixo poderia ser reutilizado ou retornar ao ciclo produtivo como matéria-prima ou fonte de energia. Reaproveitar o que normalmente é considerado lixo e dar destino adequados aos resíduos é um dos maiores desafios das sociedades atuais, que começam a despertar para o fato de que os recursos naturais não são infinitos, mas que assim mesmo permanecem descartando toneladas e toneladas de materiais diariamente, sem saber ao certo como lidar com seus resíduos.

Resíduos e rejeitos não são sinônimos Para aqueles que vão estudar o tema do lixo, é importante compreender tecnicamente e diferenciar esses dois conceitos, pois muitas vezes eles são empregados de forma equivocada. “Resíduo” é tudo que sobra das atividades humanas, ou seja, aquilo que é “residual”. Entre os resíduos há uma parte que pode ser reintegrada ao ciclo produtivo, por meio da reciclagem ou reaproveitamento, e outra para a qual não se apresenta nenhuma possibilidade de tratamento e recuperação, ou porque não há tecnologia disponível ou pelo fato de esta ser economicamente inviável. Esses são os chamados “rejeitos”, cuja solução é a disposição final em locais ambientalmente adequados. 11


Quanto maior o agrupamento humano, maior o problema Se olharmos para o planeta e fizermos uma pesquisa rápida, veremos que a população humana ocupa desde áreas mais próximas à natureza até locais densamente urbanizados. Nas primeiras, cada vez mais raras, comunidades tradicionais fazem sua própria gestão do lixo, equilibrando produção e descarte. Nas cidades pequenas, o que se vê são grupos populacionais que se organizam para dar condições melhores para a deposição do lixo. Supõe-se que essas pequenas cidades tenham mais chances de planejamento, já que a quantidade de pessoas que as ocupam é menor. Já as metrópoles, sobretudo aquelas de países menos desenvolvidos, são construídas muito rapidamente, sem planejamento ou estrutura adequada para garantir qualidade de vida. Seus bairros vão sendo formados quase sempre sem estrutura digna e sem qualquer possibilidade de serviços das prefeituras, como saneamento e coleta de lixo. Isso dificulta a implantação de uma gestão qualificada para esses resíduos. Nas grandes cidades, a dependência das pessoas por produtos industrializados também é maior, pela distância das áreas produtoras. Ou seja, quanto maiores os agrupamentos humanos, igualmente maiores são os desafios para lidar com os resíduos.

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O lixo é muito mais do que as sobras do dia a dia Estamos acostumados a nos ver como os grandes geradores de lixo, e de fato somos. Quando consumimos, sabemos que parte do produto vai parar na lixeira. Mas para analisar a questão de forma mais crítica, assumindo nosso papel como cidadãos, é importante saber que o lixo produzido em casa é apenas uma parte do problema, talvez aquela mais visível, já que é aquela com a qual lidamos diretamente. A indústria, o comércio e a agropecuária são também grandes geradores de lixo. A indústria gera aproximadamente 70 latões de lixo na produção daquilo que compramos e que, após o uso, será descartado em apenas um latão. Ou seja: antes mesmo de um produto chegar às nossas mãos, resíduos já foram gerados em sua fabricação. A produção agropecuária, principalmente em larga escala, é grande geradora de resíduos, dos restos orgânicos às embalagens de agrotóxicos e de adubos químicos. O comércio entra nessa conta mais especificamente com a geração de embalagens, caixas e sacolas de plástico. Contudo, percebe-se que a força motora para essa produção é o consumo. Trata-se quase sempre de entregar para as pessoas produtos prontos, atraentes e bem embalados, com a promessa de que eles vão simplificar e melhorar a vida de cada um.

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cap. 02

CONSUMO E CONSUMISMO

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Uma breve reflexão sobre o nosso tempo Vivemos uma época de muitos paradoxos. Um tempo de discussões e opiniões acaloradas a respeito de tudo: da economia, da política, do futuro da humanidade, das motivações do ser humano, dos valores éticos e morais, das relações da humanidade com a natureza e com o planeta. Trata-se de um momento em que muitas vezes a aparência das coisas ofusca a essência, em que um discurso bem articulado e inteligentemente argumentado apenas mascara um vazio absoluto de sentidos e de ideias. É o que ocorre com as questões ambientais. Não há quem seja contra a proteção à natureza, ao uso mais racional dos recursos naturais e à chamada sustentabilidade - este termo tão mal-empregado. Mas quem está disposto a mudar seus hábitos de vida, economizar água e energia, consumir menos, trocar o carro pelo transporte coletivo, construir relações baseadas no respeito a todas as formas de vida, dar-se ao trabalho de separar o seu lixo? Muitas vezes criticamos um modo de vida insustentável, mas sem saber estamos o reproduzindo. E defendemos um mundo diferente, enquanto nosso modo de vida pode estar contribuindo para manter o estado geral das coisas da forma que não nos agrada. Assim, sem ter consciência, atuamos na prática contra posições que defendemos apaixonadamente. Não nos culpemos por isso. A verdade é que estamos todos juntos em mundo cada vez mais complexo, bombardeados por tantas informações a respeito de tudo, sem saber o que fazer com todo esse poder ao alcance das mãos, que muitas vezes nos levam 17


à imobilidade e a uma sensação de esvaziamento. É tanta informação que não sabemos selecionar aquela que nos pode ser mais útil. E acabamos não fazendo o mais simples e essencial: relacionar nosso modo de pensar e de viver com o que acontece ao nosso redor, procurando caminhar com coerência na construção de um mundo verdadeiramente melhor.

O consumo como motor do mundo À luz dessas breves reflexões, voltemos ao tema dos resíduos, procurando entender com mais clareza o que nosso dia a dia e nossos hábitos têm a ver com isso. Antes mesmo de pensar em lidar corretamente com o lixo, podemos nos perguntar: será que precisamos mesmo produzir tantos restos? Como podemos ao mesmo tempo nos indignar com os lixões saturados, com a imundície das zonas periféricas das grandes cidades, com a poluição das margens dos rios, e, sem saber, ter parcela da responsabilidade sobre essas situações? Nossa sociedade é pródiga em produzir lixo. A economia mundial é baseada na produção crescente de bens de consumo, cuja abundância simboliza sucesso. Todos consomem, seja por necessidade vital, seja para manifestar identidade a um grupo ou a determinados valores. O consumo é algo inerente ao ser humano que vive em sociedade. Faz parte de sua essência, de sua individualidade. Porém nosso tempo fez do consumo uma compulsão. Inventamos o 18


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consumismo. A moda, a propaganda atuam criando necessidades e carências, povoando nosso imaginário de produtos que precisamos ter para integrarmos um grupo social mais importante, para sermos mais felizes. Acabamos perdendo a noção do que é realmente essencial e do que é supérfluo. Assim, a engrenagem da civilização roda gerando descarte prematuro de coisas que ainda poderiam cumprir sua finalidade. Em nome de facilitar nossa vida, de nos manter atualizados, a economia prospera produzindo desperdício. Fabricamos produtos que cumprem sua função por um curtíssimo período de tempo, deixando de ter qualquer utilidade logo em seguida. Desqualificamos a arte de adaptar, transformar e ressignificar objetos para algo diferente daquilo para que eles foram fabricados, pois isso não interessa ao mercado. Somos forçados a acreditar que aquilo que é velho não serve mais: passou do tempo e precisa ser substituído por um modelo novo. E perdemos a capacidade de perceber as consequências de nossas escolhas. Por outro lado, consumir é um ato político. A escolha de consumir um produto ou outro, de consumir ou não consumir, é livre e diz respeito ao íntimo de cada um, desde que libertadas as amarras e armadilhas que procuram direcionar a nossa mente. Enquanto consumidores, temos o poder da escolha e nossas decisões podem ajudar a mudar o mundo. A abundância de bens materiais já é entendida como algo negativo por muitas pessoas, que começam a relacionar o consumo exacerbado com grande parte dos problemas das sociedades contemporâneas, em especial as desigualdades sociais e a escassez dos recursos naturais. Nesse sentido. nossas escolhas de consumo passam a fazer parte de nosso posicionamento político em relação ao mundo. Quando adquirimos essa percepção passamos a ser capazes de provocar transformações positivas no mundo. 19


Para refletir “A cidade de Leônia refaz a si própria todos os dias: a população acorda todas as manhãs em lençóis frescos, lava-se com sabonetes recém-tirados da embalagem, veste roupões novíssimos, extrai das mais avançadas geladeiras latas ainda intatas, escutando as últimas lengalengas do último modelo de rádio. Nas calçadas, envoltos em límpidos sacos plásticos, os restos da Leônia de ontem aguardam a carroça do lixeiro. Não só tubos retorcidos de pasta de dente, lâmpadas queimadas, jornais, recipientes, materiais de embalagem, mas também aquecedores, enciclopédias, pianos, aparelhos de jantar de porcelana: mais do que pelas coisas que todos os dias são fabricadas vendidas compradas, a opulência de Leônia se mede pelas coisas que todos os dias são jogadas fora para dar lugar às novas. Tanto que se pergunta se a verdadeira paixão de Leônia é de fato, como dizem, o prazer das coisas novas e diferentes, e não o ato de expelir, de afastar de si, expurgar uma impureza recorrente. O certo é que os lixeiros são acolhidos como anjos e a sua tarefa de remover os restos da existência do dia anterior é circundada de um respeito silencioso, como um rito que inspira a devoção, ou talvez apenas porque, uma vez que as coisas são jogadas fora, ninguém mais quer pensar nelas.

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Ninguém se pergunta para onde os lixeiros levam os seus carregamentos: para fora da cidade, sem dúvida; mas todos os anos a cidade se expande e os depósitos de lixo devem recuar para mais longe; a imponência dos tributos aumenta e os impostos elevam-se, estratificam-se, estendem-se por um perímetro mais amplo. Acrescente-se que, quanto mais Leônia se supera na arte de fabricar novos materiais, mais substancioso torna-se o lixo, resistindo ao tempo, às intempéries, à fermentação e à combustão. E uma fortaleza de rebotalhos indestrutíveis que circunda Leônia, domina-a de todos os lados como uma cadeia de montanhas. O resultado é o seguinte: quanto mais Leônia expele, mais coisas acumula; as escamas do seu passado se solidificam numa couraça impossível de se tirar; renovando-se todos os dias, a cidade conserva-se integralmente em sua única forma definitiva: a do lixo de ontem que se junta ao lixo de anteontem e de todos os dias e anos e lustros. A imundície de Leônia pouco a pouco invadiria o mundo se o imenso depósito de lixo não fosse comprimido, do lado de lá de sua cumeeira, por depósitos de lixo de outras cidades que também repelem para longe montanhas de detritos. Talvez o mundo inteiro, além dos confins de Leônia, seja recoberto por crateras de imundície, cada uma com uma metrópole no centro em ininterrupta erupção...” Trecho de As cidades invisíveis, de Italo Calvino. São Paulo, Companhia das Letras, 2001

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Consumo na infância Quando falamos sobre a sociedade consumista, estamos geralmente nos referindo aos jovens e adultos - os que têm a possibilidade de comprar. O que não lembramos é que grande parte das famílias é influenciada por seus filhos no momento da escolha por produtos. Por isso, os apelos comerciais direcionados às crianças aumentam cada vez mais. Ainda que as crianças não saibam lidar com as relações de consumo, elas já são espectadoras de programas de televisão estrelados por personagens que se transformam em símbolos importantes no imaginário infantil. Mesmo os bebês que ainda não sabem falar são capazes de reconhecer as marcas e os logotipos associados a esses personagens. Esses símbolos são amplamente reproduzidos em embalagens, roupas, brinquedos, materiais escolares e até alimentos. Mas como podemos explicar às crianças que as embalagens desses produtos em nada se relacionam com o conteúdo? E que se cada criança quiser ter a coleção inteira do seu personagem preferido, bilhões de brinquedos terão de ser produzidos, gerando toneladas e toneladas de lixo? Outro aspecto preocupante em relação ao marketing dirigido ao público infantil é que se a criança não for bem orientada, crescerá reproduzindo os valores da sociedade de consumo, perdendo a chance de descobrir outras formas de viver e perpetuando o ciclo do consumismo inconsciente – e aumentando, claro, a imensa quantidade de lixo e resíduos que soterram nosso planeta.

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O poder da mídia sobre nossas escolhas Os fatores que mais influenciam o consumo de produtos infantis em geral são: 1º) publicidade na TV; 2º) personagem famoso; 3º) embalagem. Esses dados foram identificados em 2003, pela empresa de pesquisas InterScience. Em 2011, uma pesquisa realizada pelo Ibope mostrou que as crianças brasileiras estão entre as que mais assistem à televisão no mundo, com uma média de cinco horas por dia. Esse período é suficiente para induzir as crianças a querer o que veem, além de torná-las sedentárias. O Instituto Alana, em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo, realizou uma pesquisa que apontou que 64 % de todos os anúncios veiculados na televisão às vésperas do Dia das Crianças de 2011 foram direcionados ao público infantil. Além do aumento exacerbado do consumo e consequentemente da geração de resíduos, a exposição excessiva à televisão traz consequências como obesidade infantil, “adultização” da infância e erotização precoce, consumo precoce de álcool e tabaco, diminuição das brincadeiras criativas, estresse familiar e até mesmo de violência. A Fundação Casa de São Paulo (em pesquisa de 2006) indica que os principais motivadores de delitos entre as crianças e adolescentes internos estão o desejo de acesso rápido ao consumo, de independência e de prestígio – fatores que são exacerbados pela televisão. Por outro lado, a publicidade de alimentos não saudáveis estimula o consumo de industrializados e agrava o aumento dos índices de sobrepeso e obesidade infantil, que já atingem 15% da população infantil brasileira. Em relação aos adolescentes, 62% deles afirmaram terem sido expostos diariamente à publicidade de bebidas alcoólicas. Segundo a Unifesp (pesquisa de 2009), eles começam a consumir álcool entre 12 e 14 anos.

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Obsolescência planejada e obsolescência percebida No começo do século 20, Henry Ford, responsável pelo aperfeiçoamento e padronização da linha de montagem industrial, entendeu que o sucesso de sua fábrica de carros não dependia apenas de fabricar produtos confiáveis do modo mais rápido e barato: era preciso ajudar a criar uma classe consumidora, capaz de absorver toda a sua produção. Em 1914, Ford experimentou dobrar o salário de seus funcionários e reduziu a jornada de trabalho de nove para oito horas. Com isso, conseguiu ter uma menor rotatividade de pessoas, possibilidade de operar em três turnos por dia, e aumentar as vendas - já que os operários passaram a se tornar clientes de seus próprios produtos. Outras empresas seguiram seu exemplo e colaboraram para formar o consumo de massa. Após a Segunda Guerra Mundial, Victor Lebow, analista de varejo, analisou que para fazer a população consumir seria necessário transformar o consumo em modo de vida, converter a compra e o uso de bens em rituais, buscar a satisfação espiritual no consumo.

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Era preciso que as coisas fossem consumidas, gastas, substituídas e descartadas num ritmo cada vez mais acelerado. Por essas razões foram criadas as estratégias conhecidas como obsolescência planejada e obsolescência percebida. A obsolescência planejada é uma estratégia baseada na limitação proposital do tempo de vida útil dos produtos de consumo. Um produto é fabricado de maneira que dure apenas por um determinado número de anos. Após seu prazo, ele deixa de funcionar ou passa a funcionar mal, obrigando o consumidor a descartá-lo – e comprar um novo. A obsolescência percebida também é uma forma de estimular o consumo. Porém, aqui, o produto não está obsoleto: não apresenta defeito nem usa uma tecnologia ultrapassada. No entanto, ele parece ultrapassado, pois os fabricantes lançam novos modelos, com design diferente ou pequenas alterações. O consumidor, assim, incentivado pela publicidade, sente-se defasado e, mais uma vez, descarta o produto antigo em favor de um novo.

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Os "Rs" fundamentais Por Lydia Minhoto Cintra

1 - Reduzir A primeira atitude do consumo responsável é questionar a real necessidade de determinada aquisição, seja de produtos, seja de serviços. Escolher aqueles que duram mais ou são reutilizáveis e abolir a compra por impulso evita desperdícios e diminui a quantidade de resíduos gerados. Não é de hoje que a literatura usa o jogo de palavras para rimar e distinguir os verbos “ser” e “ter”. Gente que experimenta a simplicidade no cotidiano sabe que ter menos pode ser mais prazeroso. Um bom começo é reduzir o uso de embalagens, preferir produtos a granel àqueles embalados em isopor e plástico, evitar o “troca-troca” de celulares e computadores e repensar a quantidade de brinquedos que abarrotam o quarto das crianças. Palavra de ordem por uma vida menos superlativa e mais bem vivida. Contribuem para "reduzir" as práticas de "recusar", "redesenhar" e "reparar": Recusar

Para uma sociedade com menos resíduos muitas vezes é necessário – e possível – dizer “não”. Por exemplo, recusar as famigeradas sacolinhas plásticas do supermercado, substituindo-as por caixas ou ecobags. Saquinhos oferecidos em compras minúsculas também são completamente dispensáveis. Redesenhar

Empresas e indústrias também devem entrar no jogo e investir em projetos inteligentes que alterem a forma como suas mercadorias são produzidas. Processos que consomem menos água e materiais, embalagens e produtos mais fáceis de serem reciclados e esforços para uma gestão adequada de resíduos são pontos cruciais. 26


cap. 02

Reparar

Uma forma de reagir à cultura do descartável é investir no conserto de objetos quebrados em vez de comprar novos – exigentes de muita energia e matéria-prima extraídas de um planeta que já acenou sua finitude

2 - Reusar Jogar diretamente no lixo algo que pode ser recriado esvazia as chances de se aproveitar todas as possibilidades de um mesmo objeto. Móveis podem ganhar novas roupagens e funções, folhas de rascunho podem virar caderno e bloco de anotações... aproveite a internet, que está repleta de sites e blogs divulgando boas ideias de reutilização e reaproveitamento. Buscar novos significados para os pertences é um convite à criatividade e ajuda a diminuir a pressão sobre recursos.

3 - Reciclar Colocar objetos em um novo ciclo de produção: eis o que se faz ao “re-ciclar”. Diferentes técnicas de reciclagem constituem um mercado que gera empregos, economiza energia e origina matérias-primas para fabricação de outros bens – o que é mais econômico e sustentável do que começar o ciclo do zero, com recursos extraídos primariamente da natureza. A coleta seletiva doméstica tem um papel importante nisso tudo. Em casa, duas lixeiras são o suficiente: uma para os resíduos orgânicos – como cascas de frutas e restos de verduras que podem ser transformados em adubo por meio de composteiras em casas, apartamentos e escritórios – e outra para os secos. Quando os resíduos são separados corretamente, o índice de aproveitamento passa de 70%. Exigir programas de reciclagem dos governos locais também é essencial para que o objetivo seja efetivamente atingido. Reproduzido da revista Página 22, número 78, setembro de 2013

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cap. 03

O DESTINO DOS RESÍDUOS

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cap. 03

caminhos e descaminhos Diversos caminhos podem seguir os materiais descartados. Muitos deles poderiam ser chamados, com mais acerto, de descaminhos. No Brasil nem todo o lixo é retirado das residências e estabelecimentos comerciais por um caminhão de coleta, sendo em parte jogado em rios, mangues, terrenos baldios e outras áreas marginais. Os motivos são vários e somam-se: falta de informação, comodismo, ausência de serviços públicos, oportunismo, busca por soluções baratas. Em certos locais em que há serviço regular de coleta, e que por esse motivo aparentemente o lixo segue caminhos mais corretos, ele é depositado na verdade em grandes áreas abertas, em geral nas periferias das cidades – os lixões. Lixão é um local onde o depósito dos resíduos se dá sem nenhum tipo de cuidado com o ambiente ou com a saúde pública. Nos lixões, o risco de contaminação do lençol freático é grande, a emissão de gás metano na atmosfera é descontrolada e a proliferação de doenças, praticamente certa. Em geral circulam por esses lugares catadores de materiais recicláveis que atuam informalmente e em condições degradantes. No Brasil, os lixões são muito frequentes em pequenos municípios, especialmente no Nordeste. Os aterros sanitários seriam os locais mais corretos como destino final dos resíduos. Aterro sanitário é uma espécie de evolução do lixão. Trata-se de um local para disposição de resíduos sólidos urbanos, dotado de uma série de sistemas que minimizam os impactos ambientais e os riscos à saúde pública, tais como impermeabilização do solo, captação e tratamento de gás metano e de chorume, compactação dos materiais e cobertura do lixo com terra. Com essas medidas os resíduos são reduzidos ao menor volume possível, ocupando menos área. Alguns aterros sanitários possuem sistema de aproveitamento do gás metano gerado, que é utilizado como fonte de energia. 31


É importante saber que nem todos os aterros seguem todas essas especificações. Há aqueles chamados aterros controlados, que são basicamente lixões em que os rejeitos são cobertos com terra. Nesses, embora haja algum cuidado na disposição dos resíduos, os riscos ambientais e à saúde pública mantêm-se praticamente os mesmos dos lixões. Embora sejam considerados tecnicamente adequados como destino final dos resíduos, precisamos refletir sobre os aterros sanitários. Os aterros ocupam áreas consideravelmente grandes e muitos deles já se encontram saturados. Tendo em vista a expansão das populações humanas, serão sempre necessárias novas e maiores áreas, cada vez mais afastadas, já que os locais mais próximos às cidades poderiam ser mais bem utilizados para a construção de residências, parques e outros equipamentos públicos. Podemos pensar: os territórios dos municípios e o planeta como um todo darão conta de abrir indefinidamente novas áreas para o depósito final dos resíduos produzidos pela humanidade? Para ajudar nessa reflexão, é importante ter em mente as questões relacionadas ao consumo e consumismo que tratamos no capítulo anterior, mas também devemos saber que boa parte do que é desprezado poderia entrar novamente no ciclo produtivo, ou seja, não necessitaria ir parar no lixão ou no aterro.

O que ganhamos produzindo menos lixo Ao reduzir o consumo e reaproveitar melhor as sobras (que não precisaríamos mais chamar de lixo), estaremos dando um grande passo para começar a lidar de forma mais inteligente com o gigantesco problema que se tornaram os restos das atividades humanas.

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cap. 03

Em primeiro lugar, minimizamos a pressão sobre os recursos naturais ao poupar as matérias-primas em suas fontes de origem. No final desse ciclo, ao gerar menos lixo, a demanda dos aterros sanitários e lixões será aliviada. Para ter uma ideia de como essa situação poderia de fato melhorar, calculase que no Brasil cerca de metade do lixo gerado nas residências compõese de restos de alimentos, que poderiam ser transformados em composto orgânico, um poderoso insumo para a agricultura; estima-se, ainda, que um terço do volume do nosso lixo seja constituído de materiais reutilizáveis e recicláveis. Ou seja, apenas 20% dos resíduos produzidos pelas pessoas em suas atividades diárias teria que ser necessariamente descartado. O cuidado com os resíduos também traz benefícios sociais, ao melhorar a condição dos sucateiros, varredores, garis, coletores, que atuariam com mais dignidade. Novas vagas de trabalho poderiam ser criadas na triagem dos resíduos e na indústria da reciclagem. Por fim, a correta gestão do lixo beneficia a saúde pública, contribuindo para a eliminação de vetores de doenças normalmente presentes nos locais de descarte.

Tipos de resíduos Para entender os males que o lixo pode causar à saúde pública e ao meio ambiente, é necessário conhecer os tipos de resíduos que geramos Na cidade e no campo, materiais de naturezas muito variadas são descartados diariamente. O comércio, as indústrias, os hospitais, as clínicas veterinárias, as escolas, os shoppings, escritórios geram lixo. É possível se surpreender com a quantidade de lixo gerado em uma feira livre de verduras e legumes. 33


As escolas, os escritórios e a maior parte do comércio geram um tipo de resíduo não perigoso - restos de alimentos e embalagens (papel, plástico, isopor, vidro). Esses materiais não têm potencial para contaminar diretamente o solo, o ar e os recursos hídricos (desde que estejam alocados corretamente). Já os hospitais, farmácias, indústrias, clínicas veterinárias, laboratórios etc produzem resíduos perigosos, como produtos químicos, tóxicos e contaminantes. Esses materiais – assim como muitos outros, por exemplo aqueles radioativos - precisam ser destinados a locais específicos, tecnicamente seguros, ou até mesmo ser incinerados. Mas com uma grande parte do lixo, saídas diferentes são possíveis.

Outras rotas Há outros caminhos possíveis para o lixo, além da rota em que caminhões coletam os resíduos nas residências, no comércio e na indústria, levando-os aos lixões, aterros ou incineradores. São rotas que passam pela separação dos materiais, pelo reúso e pela reciclagem, terminando apenas em último caso nos aterros, e assim mesmo apenas para uma parcela menor do lixo. Para serem viáveis, esses caminhos dependem de um conjunto de ações coordenadas, da parte de quem produz o lixo e daqueles responsáveis pelo destino final. É preciso que todos se articulem, assumam suas responsabilidades e trabalhem de forma parceira: cidadãos, empresários, garis, poder público. Primeiramente aqueles que produzem precisam se dispor a separar os materiais, e não simplesmente acondicioná-los em um único recipiente - e 34


cap. 03

quem, sabe pensar em reúsos possíveis na própria residência. Segundo, é necessário que esses materiais cheguem a uma usina de triagem ou cooperativa de catadores, de onde retornam ao ciclo produtivo, sendo vendidos às indústrias. Materiais orgânicos, como restos de comida e cascas de fruta, são um caso à parte. Estes podem ser compostados em casa (quando há espaço disponível), em um processo que gera adubo orgânico. Existem em determinados locais as chamadas usinas de compostagem, que realizam esse processo para grandes volumes, dependendo, é claro, de que o material seja separado dos demais e adequadamente encaminhado. Para isso acontecer não há uma única receita. Trata-se de um processo ainda incipiente no nosso país, e que acontece em grande parte na informalidade. Portanto há bastante espaço para experiências. Há catadores que recolhem o lixo porta a porta, realizando eles mesmos a triagem. Há cidadãos que levam o lixo já separado para pontos de coleta ou a cooperativas de catadores. Há supermercados que disponibilizam pontos de coleta. Há ainda condomínios que separam os recicláveis em contêineres, recolhidos por serviços públicos ou privados de coleta seletiva, serviço este que existe em algumas regiões de forma bastante incipiente. Há representantes do governo comprometidos com o tema, procurando contribuir para que toda essa engrenagem funcione bem. Há, ainda, educadores preocupados em abordar a questão dos resíduos nas escolas. Todas essas saídas, para que aconteçam em grande escala e que sejam efetivas em oferecer soluções ao problema do lixo, ainda emperram em uma série de barreiras. Há questões culturais, relacionadas à dificuldade que temos em mudar nossos hábitos e fazer as coisas de formas diferentes. Também existem 35


desafios operacionais. Muitas pessoas que se dispõem a separar o lixo e encaminhar para reciclagem não encontram meios para realizar os procedimentos de forma simples. É preciso boa vontade para fazer a coisa corretamente. Não são muitos os pontos onde se pode levar o lixo reciclável, assim como serviços regulares de coleta seletiva praticamente inexistem, acontecendo na prática quase na informalidade por catadores. Por fim, há enormes dificuldades técnicas a serem vencidas para que a reciclagem em escala industrial seja viabilizada.

lidando com os restos de forma consciente É preciso disposição, organização e persistência para destinar corretamente o lixo. Aqui apresentamos um jeito de fazê-lo. Trata-se de uma entre diversas possibilidades, que podem mudar de acordo com a realidade local, as possibilidades e até mesmo a criatividade das pessoas envolvidas. 1. Separe os resíduos em quatro diferentes recipientes _Rejeitos - materiais que não podem ser reciclados, como papel e plástico sujos, papel-carbono, etiqueta adesiva, fita crepe, fotografia, filtro de cigarro, papel higiênico e fralda _Resíduos orgânicos - materiais que podem virar adubo, como restos de comida, cascas de frutas, legumes e guardanapos sujos _Resíduos perigosos - materiais que prejudicam o meio ambiente, por isso precisam ser descartados em espaços apropriados. É o caso das lâmpadas, das pilhas, dos aparelhos eletrônicos e dos remédios _Resíduos recicláveis - é tudo que pode ser reutilizado para fabricação de outros produtos, como metais, papéis, plásticos e vidros limpos e secos

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2. Deposite os rejeitos em sacos fechados e deixe no ponto de coleta Nos locais onde há serviço regular de coleta, o caminhão passa em dias e horários determinados, recolhendo o lixo para aterros sanitários ou lixões. 3. Coloque os resíduos orgânicos numa composteira ou enterre É fácil fazer uma composteira e transformar resíduo orgânico em adubo. Aqui o passo a passo: _Escolha um local sombreado _Use tijolos, telhas, madeira ou bambu para proteger e delimitar a área onde irá jogar os restos de comida _Jogue restos de comida, cascas de frutas e legumes e guardanapos sujos nesta área e cubra com uma camada de folhas secas ou palha _Sempre que for jogar materiais, repita a operação: primeiro os resíduos depois folhas ou palha por cima _A cada duas semanas revire a pilha (o que está em baixo para cima) _Quando a pilha tiver mais ou menos um metro de altura, deixe descansando e comece uma nova composteira _Em cerca de três meses a primeira composteira vai ter produzido um ótimo adubo para a horta e o jardim 4. Entregue os resíduos perigosos em pontos de recolhimento Os fabricantes de celulares, de pilhas, de eletrodomésticos, remédios e outros materiais que não podem ser descartados nos aterros são obrigados por lei a colocar à disposição dos cidadãos locais para coletar esses produtos e dar-lhes o destino adequado. Mas isso nem sempre acontece. Alguns supermercados e outros estabelecimentos realizam o serviço de coleta de desses materiais. 5. Limpe e guarde os resíduos recicláveis, e quando possível entregue a um catador ou leve um ponto de coleta de materiais recicláveis. Não é preciso separar esses materiais. 37


O que é reciclável ou reutilizável Papel _Revistas _Cadernos _Embalagens de papel _Caixas de papelão _Maços de cigarro _Sacos de papel _Envelopes _Panfletos publicitários _bilhetes de transportes público

Metal _Frascos _Latas e tampas de metal ou alumínio _Latinhas de bebidas e conservas _Pregos parafusos _Arames _Produtos de ferro zinco ou bronze

Plástico _Garrafas de água _Garrafas de refrigerantes _Embalagens de iogurte, manteiga e margarina _Pacotes de arroz, feijão e massas _Embalagens de detergentes, de produtos de limpeza e de produtos de higiene e beleza _Sacos e tampas de plástico

Vidro Garrafas e frascos 38


cap. 03

Os números da reciclagem no Brasil O país perde cerca de R$ 8 bilhões por ano por deixar de reciclar os resíduos que poderiam ter outro fim, mas que são encaminhados aos aterros e lixões das cidades. Este foi o valor estimado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) por encomenda do Ministério do Meio Ambiente. Ainda assim, o volume do lixo urbano reciclado aumentou nos últimos anos. Segundo o Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), passou de 5 milhões de toneladas em 2003 para 7,1 milhões de toneladas em 2008, o que corresponde a 13% dos resíduos gerados nas cidades. Se considerada apenas a fração seca (plástico, vidro, metais, papel e borracha), o índice de reciclagem subiu de 17% em 2004 para 25% em 2008. O retorno financeiro é visível: o setor já movimenta R$ 12 bilhões por ano. Entre 2000 e 2008, houve um aumento de 120% no número de municípios com coleta seletiva, chegando a 994. A maioria está localizada nas regiões Sul e Sudeste do país. O número, embora importante, ainda não ultrapassa 18% dos municípios brasileiros. Reproduzido da revista Época, especial “O caminho do lixo” (http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/ocaminho-do-lixo/noticia/2012/01/os-numeros-da-reciclagem-no-brasil.html)

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A revolução dos baldinhos Passa das dez da manhã e é sexta-feira, dia de coleta do lixo orgânico no bairro Monte Cristo, região continental de Florianópolis (SC). A caminhonete cedida pela prefeitura para recolher o material duas vezes por semana está meia hora atrasada. Rose Helena Oliveira Rodrigues, a Lene, 38 anos e pioneira do projeto, espera no galpão que fica na comunidade Chico Mendes, uma das nove que compõem o bairro de quase 13 mil moradores. O lugar é o abrigo da Revolução dos Baldinhos, projeto que recolhe e faz a compostagem de 15 toneladas de resíduos orgânicos por mês. Começou com 500 quilos, coletando material descartado por uma escola, uma creche e cinco famílias que aceitaram separar o lixo. Hoje faz parte da rotina do Monte Cristo, alterou o rumo da vida de alguns moradores e multiplicou o número de famílias participantes por 50 atualmente são cerca de 250 famílias. Enquanto a caminhonete não chega, Lene volta três anos no tempo para relembrar como tudo começou. Em outubro de 2008, duas crianças morreram por causa de uma epidemia de ratos. Convocadas pelo médico do posto de saúde, lideranças das escolas, creches e associações de moradores se juntaram para achar uma saída. Nessa época, Lene trabalhava em um programa chamado Frente Temporária de Trabalho (FTT), limpando as ruas da Chico Mendes. Nos meses do programa, ela e uma colega, Eunice Brasil, se interessaram por um jeito diferente de descartar o lixo orgânico, a compostagem. A técnica era ensinada pelo agrônomo Marcos de Abreu, o Marquito, do Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro), ONG que incentiva a agricultura urbana e que também foi chamada para discutir uma solução para a epidemia de ratos. Na reunião, ficou claro que desratizar não resolveria o problema. Se tivessem o que comer nas ruas, depois de um tempo os bichos voltariam. Era preciso combater a epidemia pela raiz, impedir que os ratos tivessem alimento à disposição, acabar com o lixo acumulado nas ruas. Depois de alguns encontros, encontraram uma solução: destinar os resíduos orgânicos para compostagem. O primeiro desafio foi convencer as pessoas a separar o lixo. Entre outubro de 2008 e fevereiro de 2009, Lene e Eunice, que depois saiu do projeto, trabalharam apenas com a 40


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educação ambiental das famílias, mostrando como o resíduo orgânico jogado fora misturado com o inorgânico podia ser reaproveitado, se fosse adequadamente separado. Das casas, o material coletado ia para um espaço em uma escola, onde foram feitas as primeiras composteiras. Depois, virava adubo, distribuído para os participantes que, sob orientação de Leni e Eunice, plantavam hortas sem uso de agrotóxicos nos pequenos lugares que sobravam nos quintais. Para famílias de baixa renda, significava também ter na mesa um tipo de alimento a que raramente teriam acesso. alternativa à violência São 10h30 e nada de a caminhonete aparecer. Maicon Willian de Jesus e Ana Carolina Conceição, a Carol, chegam ao galpão e se juntam a Lene na espera. A conversa entre os três se alterna em dois assuntos. Reclamam dos habituais atrasos do pessoal da prefeitura e comentam o brutal assassinato de um jovem de 20 anos na noite anterior, na rua ao lado das quadras de esportes da comunidade. Jonatas apanhou, levou facadas e mais de 20 tiros. "Fazia tempo que isso não acontecia. A última vez foi há uns três meses", lamenta Lene. Os três tiveram relação direta ou têm familiares envolvidos no que Lene chama, apropriadamente, de "mundo de violência". O marido de Carol está preso, o filho mais velho de Lene também e Maicon passou dois anos e onze meses cumprindo pena por tentativa de latrocínio. Maicon reconhece que, se não tivesse entrado para a Revolução dos Baldinhos, talvez pudesse estar no lugar de Jonatas. "Eu conhecia bem ele, puxou cadeia comigo." Maicon tem 22 anos e uma filha de um ano e nove meses. Foi preso aos 17 e, na cadeia, aprendeu o rap e virou o MC Komay Maf - seu nome estilizado e com as sílabas invertidas, mais a sigla de "Mente Aberta Floripa". Solto, chegou a traficar por um tempo, mas foi convidado por Lene para fazer o "Rap dos Baldinhos". Em seguida, começou a trabalhar como voluntário. Hoje é bolsista, como a esposa, Jéssica Waltrick, de 18 anos. "O projeto me resgatou do crime. Depois que comecei a trabalhar aqui, eu larguei tudo de mão. Hoje eu sou um agente comunitário, levo a paz pela comunidade." O reconhecimento dentro e fora da Chico Mendes faz Maicon sonhar, sempre pensando em mexer com a vida cultural do bairro. Reproduzido do site Planeta Sustentável (http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/atitude/projetocoleta-lixo-organico-salvo-jovens-caminho-violencia-678213.shtml )

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EcoD Básico: Berço a berço Já imaginou um mundo em que não houvesse lixo? No qual a embalagem do alimento que você ingere sirva de adubo para solo e os componentes do celular que não serve mais podem ser inteiramente reaproveitados para a construção de um novo aparelho com uma tecnologia mais avançada? É este modo de produção, em que tudo se transforma, que propõe o conceito berço a berço. O livro Cradle to Cradle (“Berço a Berço”, ainda não publicado no Brasil), de William McDonough e Michael Braungart, apresenta a alternativa, propondo um sistema de produção circular que não gere resíduos. A ideia é bem simples: em vez de um sistema linear (recursos > produtos > resíduos), sugere-se a adoção de um sistema circular (recursos > produtos > resíduos> produtos...). Assim, no lugar de um sistema que vai “do berço ao túmulo”, teremos outro “do berço ao berço”, de modo que a economia continue funcionando, mas sem deixar as sobras que arriscam nossa existência na Terra. Os produtos fabricados por meio desse conceito são diferentes dos gerados a partir da simples reciclagem. Seguindo o modelo, o reprocessamento do produto descartado irá criar um novo produto com a mesma qualidade, ou superior, ao original - o que não significa que seja para a mesma aplicação ou o mesmo mercado. Nesse modelo de produção, há espaço para o crescimento econômico. Basta que os produtos adotem o conceito UpCycle: criar produtos que deixem o planeta melhor do que antes. Assim não basta que os produtos neutralizem as emissões de carbono. Este devem gerar impactos positivos na natureza.

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Já existem algumas empresas que começam a pensar na reutilização de seus resíduos. É o caso de uma indústria em Franca (SP) que criou o primeiro sapato biodegradável, que é decomposto no meio ambiente em aproximadamente cinco anos, enquanto o convencional demora mais de 250 anos. nutrientes Entretanto, o reaproveitamento integral dos produtos depende de muito mais que boa vontade. Atualmente, o próprio modo de produção dificulta a separação de resíduos. As embalagens de biscoitos, por exemplo, misturam alumínio em plástico impossibilitando a reciclagem. Para solucionar a questão, o livro propõe uma divisão básica entre as matérias-primas que a humanidade emprega. Há dois tipos: aquelas compostas de “nutrientes biológicos” e as de “nutrientes técnicos”. Nutriente biológico é a matéria orgânica, que pode ser digerida e reintegrada aos ecossistemas. Já o nutriente técnico é aquele que continua tendo valor para a indústria mesmo depois de sua utilização, tal quais metais e outros materiais valiosos. Somente com essa divisão já é possível vislumbrar outro cenário. No caso da embalagem de biscoito, esta poderia ser programada para virar nutriente após seu uso – tal qual o sapato. Para que isso ocorresse não se poderia contaminar a embalagem (nutriente biológico) com metais pesados (nutriente técnico), como é feito atualmente. Reproduzido do site EcoDesenvolvimento (http://www.ecodesenvolvimento.org/posts/2012/fevereiro/ ecod-basico-berco-a-berco#ixzz4Cq0bqa7M)

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O NOSSO LIXO E O DOS OUTROS

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O lixo planetário, um desafio mundial “De tudo fica um pouco”, escreveu o poeta Carlos Drummond de Andrade em um poema chamado, significativamente, “Resíduo”. De fato, nossa presença no mundo sempre deixará algum rastro: a discussão é descobrir como diminuir ao máximo esses nossos resíduos – um debate que diz respeito a todos nós, humanos, de todos os cantos do planeta. Em 2014, o número de pessoas que vivem em cidades ultrapassou o daquelas que vivem na zona rural. E é das cidades que vem a grande quantidade de lixo que produzimos: 1,3 bilhão de toneladas por ano, ou 1,2 quilo por pessoa por dia, segundo o Banco Mundial. Calcula-se que em 2020 sejam produzidos 2,2 bilhões de toneladas anuais de resíduos sólidos. A maior parte desse lixo é produzida pelos países ricos. Segundo dados do Banco Mundial, os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que congrega as nações mais desenvolvidas, produzem metade do lixo do mundo, uma quantidade equivalente a cem vezes o lixo produzido pelo continente africano. A gravidade dessa situação é sublinhada pelo fato de que uma parcela significativa desses resíduos é composta por materiais não degradáveis e/ou nocivos: alumínio, potássio, fosfato e, claro, o onipresente plástico. Os materiais que compõem produtos eletroeletrônicos, embora em tese reaproveitáveis, aparecem em quantidades tão pequenas que se torna impossível sua separação; em outros casos, estão contaminados por produtos químicos. Grupos do movimento ambiental pleiteiam que os fabricantes desses produtos lancem no mercado modelos que permitam e facilitem o reaproveitamento dos materiais.

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Para enfrentar a saturação dos aterros, muitos desses países passaram a exportar seu lixo. Nos primeiros anos deste século, os países da OCDE enviavam, todos os anos, quase 200 milhões de toneladas para as nações pobres e emergentes. Em 2009, 80% do lixo eletrônico norte-americano era exportado, principalmente para a China. Esse lixo pode entrar no ciclo da reciclagem dos países que o compram (em vez de produzir plástico a partir do petróleo, por exemplo, o importador reprocessa o do resíduo comprado), mas muitas vezes ele é simplesmente despejado no destino, provocando danos ambientais. A venda em si não é ilegal; entretanto, não são incomuns as situações em que os países mais pobres recebem resíduos contaminados (lixo tóxico) ou inaproveitáveis. A venda do lixo, porém, não é a única nem a melhor solução para a gestão do lixo nos países industrializados, e vários deles passaram a ter como meta o lixo zero. A Alemanha, por exemplo, tem um dos índices de reaproveitamento de lixo mais altos do mundo, enviando menos de 1% dos resíduos para os aterros. Na Holanda, esse índice é de 4%, graças a uma política que combina coleta seletiva universal ao pagamento de taxas para descarte de resíduos não recicláveis. Bélgica e Áustria têm também números positivos nesse sentido. Na verdade, relatórios da Agência Ambiental Europeia mostram que a quantidade de lixo incinerada ou mandada para aterros vem se reduzindo, enquanto a reciclagem cresce. A realidade brasileira ainda está, evidentemente, muito longe desses patamares. Mas podemos examinar essas experiências para traçar nossos caminhos.

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Plástico, o vilão dos mares Os oceanos recebem hoje um caminhão de plásticos por minuto. Isso significa anualmente 8 milhões de toneladas que vêm acrescentar-se aos 150 milhões de toneladas ali presentes. Para cada 3 quilos de peixe, há 1 quilo de plásticos nos ambientes marinhos. A continuar nesse ritmo, em menos de 35 anos a proporção será de 1 para 1, como mostra relatório da Ocean Conservancy. Um estudo publicado na prestigiosa revista científica PNAS estima a existência de 580 mil peças de plástico por quilômetro quadrado nos mares. A produção vem dobrando a cada 11 anos, desde 1950. Entre 2015 e 2026, a sociedade fabricará mais plásticos do que tudo o que foi feito até hoje. Fonte: http://pagina22.com.br/2016/06/01/desperdicio-e-destruicao-na-era-dos-plasticos/

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Exemplos internacionais Os países, as regiões e os produtos em que se conseguiu reduzir a quantidade de resíduos, ampliar a coleta seletiva e estimular o reaproveitamento dos materiais obedecem a quatro condições fundamentais. Em primeiro lugar, os produtores e importadores desempenham papel ativo e assumem total ou parcialmente os custos das operações que permitem diminuir os danos e o desperdício. [...] A segunda condição a que respondem os países que conseguem hoje reduzir a quantidade de resíduos jogada em aterros e aumentar seu aproveitamento é que a responsabilidade dos produtores é acompanhada também por responsabilidade dos consumidores. Os mecanismos, nesse sentido, variam. Em algumas cidades, o consumidor é penalizado caso não separe o lixo conforme regras estabelecidas pelo poder público. Além disso, há um pagamento pela coleta pública de lixo na proporção daquilo que é gerado. O efeito é importante, pois deixa visível o financiamento público da coleta e não o dissolve, ao contrário do que ocorre quase sempre no caso brasileiro (Ipea, 2012), no interior do imposto territorial, tornando-o completamente opaco.

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A terceira característica comum aos países que conseguiram reduzir de forma significativa seus resíduos é que a ação do setor privado foi coordenada por algum tipo de agência pública, não necessariamente estatal. Essa organização assume várias formas conforme o país e o produto, mas tem a função crucial de coordenar o que fazem os diferentes atores e, sobretudo, os diferentes produtores e importadores de um determinado setor. As leis europeias e japonesas permitem ao fabricante, ou ao importador, organizar ele próprio a logística reversa dos remanescentes daquilo que vende, mas na maior parte dos casos é uma agência pública que leva adiante esse trabalho. [...] Essas três condições exigem, é claro, coordenação do setor privado e difusão de mensagens claras quanto aos comportamentos dos consumidores. Mas nada disso tem nenhuma chance de concretização se não for amparado por um quadro legal que seja consistente e ofereça orientação, supervisão e controle às atividades dos atores privados. Esse quadro legal é que permite estabelecer metas com relação à quantidade de resíduos que vai para aterros e a que será reciclada. Extraído de: Lixo Zero, Ricardo Abramovay, Juliana Simões Speranza e Cécile Petigand. São Paulo, Planeta Sustentável/Instituto Ethos, 2013. Disponível em: https://www3.ethos.org.br/wp-content/uploads/2013/09/Residuos-Lixo-Zero.pdf

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A experiência brasileira Se as nações mais ricas têm conseguido equacionar a questão do lixo, o Brasil, como outros países em desenvolvimento, ainda tem um grande desafio pela frente. Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), entre 2010 e 2014 a produção de lixo no país cresceu cinco vezes mais que a população, e 38% das pessoas não têm acesso a serviços de tratamento de resíduos. Pior: em mais de 1500 municípios brasileiros ainda existem lixões a céu aberto. Trinta milhões de toneladas de lixo foram encaminhadas a eles. A maioria desses lixões situa-se no Nordeste; Brasília, contudo, abriga um dos maiores: o Lixão da Perimetral, uma área de 200 hectares a 15 quilômetros do Palácio do Planalto, de onde homens, mulheres e crianças extraem seu sustento. A persistência desse tipo de estrutura, cravada no coração do poder político do país parece simbolizar a dificuldade que o país tem para superar o problema crucial do lixo. E, no entanto, temos uma legislação bastante completa a esse respeito: a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), promulgada em 2010, após vinte anos de tramitação. A PNRS inovou porque tem como meta criar uma nova cultura em relação ao lixo, incentivando a reutilização, a reciclagem e o encaminhamento correto dos resíduos. Ao mesmo tempo, ela introduz conceitos e instrumentos que permitem uma gestão mais eficiente por parte do poder público. Um desses conceitos é a responsabilidade compartilhada. A lei estabelece que, por ter impacto sobre o ambiente e a coletividade, o lixo é responsabilidade de todos - fabricantes, comerciantes e consumidores, assim como o Estado e seus funcionários e representantes, devem assumir sua parte na diminuição do volume de resíduos e na redução dos impactos provocados durante o ciclo de vida do produto. 52


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A PNRS introduz também o conceito de logística reversa, que determina que os fabricantes de uma série de produtos específicos os recolham depois de usados, para lhes dar uma destinação adequada. São eles: agrotóxicos e seus resíduos e embalagens, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens, lâmpadas fluorescentes, produtos eletrônicos e seus componentes. Para implantar a responsabilidade compartilhada e a logística reversa, a lei instituiu que o poder público e os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes selem um contrato, o Acordo Setorial. Além disso, ela propõe planos de gestão de lixo para as várias instâncias da administração pública, prevê a organização e o armazenamento de informação e dados sobre o tema e exige que as empresas apresentem planos para o gerenciamento de resíduos sólidos. Ao ser promulgada, a PNRS estabeleceu uma meta de quatro anos para a eliminação dos lixões do país – meta essa que venceu em 2014 e que, como vimos, não conseguimos cumprir. A Abrelpe aponta que o não-cumprimento da meta se deve a razões econômicas, pois a gestão de resíduos depende do orçamento, nem sempre generoso, dos municípios. Mas é claro que todos nós, cidadãos comuns, podemos contribuir dentro de nossa capacidade para diminuir o volume de lixo com que cada coletividade tem de lidar. É por isso que, apesar dos atrasos em sua implantação completa, a PNRS deve ser saudada. Ao introduzir na legislação e no debate público a ideia de que todos somos responsáveis pelo ambiente e por tudo aquilo que sobre ele impacta, ela representa um importante avanço. Ela estimula o nascimento de uma nova mentalidade, baseada no consumo consciente e numa compreensão global do ciclo que deve ser cumprido por cada um dos objetos de que nos servimos cotidianamente. É um desafio cotidiano que devemos enfrentar para construir um mundo melhor para nós e para as futuras gerações. 53


Riqueza e resíduos na PNRS Da mesma forma que as mais modernas legislações da atualidade, o objetivo central da PNRS não está simplesmente no reúso ou na reciclagem dos produtos, mas na ambição de que os produtores utilizem cada vez menos matéria, energia e recursos bióticos e que sua base técnica sirva como nutriente para alimentar novas possibilidades de geração de riqueza. Vale lembrar que, de acordo com a PNRS, somente os rejeitos poderão ser encaminhados para os aterros, portanto, somente aqueles resíduos sem potencial de reúso ou reciclagem. A pedra de toque da PNRS é a noção de logística reversa que exige a intervenção do poder público, mas, sobretudo, supõe uma nova maneira de a própria sociedade gerir a vida econômica:

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tão importante quanto a geração de bens e serviços é o destino que se dará aos resíduos inevitavelmente associados a sua oferta. Cidades cada vez mais densas e ecossistemas sob ameaça crescente (num mundo de 7 bilhões de pessoas a caminho dos 9 bilhões em 2050) não permitem mais que os resíduos sejam tratados como se desaparecessem quase que magicamente após a produção e o consumo. Enfrentar esse tema significa também empenhar-se para que a riqueza se apoie em quantidade cada vez menor de recursos materiais e, portanto, na geração decrescente de resíduos. Extraído de: Lixo Zero, Ricardo Abramovay, Juliana Simões Speranza e Cécile Petigand. São Paulo, Planeta Sustentável/Instituto Ethos, 2013. Disponível em: https://www3.ethos.org.br/wp-content/uploads/2013/09/Residuos-Lixo-Zero.pdf

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Atividades sugeridas

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Após percorrer um caminho repleto de informações, reflexões, inquietações e soluções para o problema do lixo, encerramos propondo uma série de atividades. Todas foram transcritas das seguintes publicações: Guia pedagógico do lixo, Criando habitats na escola sustentável e Consumo sustentável. Algumas metodologias são indicadas para faixas etárias específicas, porém sugerimos aos educadores usar a criatividade e adaptá-las ao público atendido, independentemente da idade. Além disso, é importante levar em consideração o contexto local, de forma a aproveitar melhor cada atividade.

Atividade 1 COLETA E CLASSIFICAÇÃO DE LIXO DOMICILIAR Objetivos Através de um contato direto com o lixo, tomar consciência dos materiais ainda úteis e reformular o conceito de lixo. Material necessário _Lixo coletado _Sacos de lixo grandes e pequenos _Etiquetas _Canetas coloridas Conceitos a serem trabalhados _Lixo _Produção de lixo doméstico _Destino do lixo _Relação entre a real necessidade e o consumo exagerado _Padrões culturais de consumo 59


Sugestões de disciplinas Português, história, geografia, ciências Grau 2ª a 8ª séries do ensino fundamental Procedimentos _No final do dia, guardar em sacos todo o lixo produzido pela classe _No dia da aula, abrir um espaço na sala e espalhar o lixo para observação _Pedir aos alunos que listem na lousa, em coluna, todos os materiais presentes _Colocar um “R” ao lado de cada material que pode ser reusado, reaproveitado ou reciclado _À parte, fazer uma lista dos materiais sem “R”. (Estes são os verdadeiros lixos); _Separar os materiais com “R” e etiquetar os seguintes grupos: papel, vidro, plástico, metal, pano, outros _Discutir o destino do lixo e dos materiais utilizáveis _Se houver coleta seletiva na escola, levar o material separado para os contêineres; se não, voltar com tudo para a lixeira Desdobramentos _Pode-se fazer esta atividade a partir do lixo produzido na casa do aluno, na secretaria, na cantina, no pátio da escola, ou envolver mais de uma classe comparando o resultado entre elas. O professor pode criar outras variações; _Realizar, em sala de aula, discussões e debates sobre padrões de consumo: o que é essencial, o que é supérfluo e leva ao desperdício? Significado da palavra “desperdício”: consumo excessivo, supérfluo. A questão dos valores culturais, por exemplo, no caso de uma população carente, como introduzir hábitos de reaproveitar sobras de alimentos, ou mesmo caules, folhas, raízes, sementes e outros elementos que podem compor o cardápio alimentar.

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Atividade 2 DESTINO DO LIXO Objetivos Reconhecer as características do lixão, do aterro sanitário e da incineração, e as vantagens dos três processos. Conceitos a serem trabalhados _Coleta, tratamento e destino do lixo _Lixões, aterros sanitários, incineração _Saúde pública _Atribuição do estado, do município e do indivíduo _Educação e participação _Políticas públicas Sugestões de disciplinas Português, geografia, história, biologia Grau Ensino médio Procedimentos _Informar tecnicamente os alunos sobre a destinação do lixo em grandes centros urbanos, por exposição oral e com apoio de material gráfico e audiovisual _Promover visita monitorada a lixão, aterro sanitário, incinerador e usina de compostagem

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_Em sala de aula, propor cinco estudos de caso sobre o destino do lixo, a saber: • Uma cidade pequena, essencialmente agrícola • Uma cidade de porte médio, algumas indústrias e intenso comércio • Um grande centro industrial e comercial • Uma cidade cujo entorno abrigue indústrias que gerem lixo atômico, ou de alta toxicidade (por exemplo, pó da china) • Uma cidade de médio porte e seus resúduos sólidos de saúde, ou seja, a desinação final do lixo hospitalar, de farmácias, laboratórios, consultórios etc _Dividir alunos em cinco grupos e dar-lhes suporte para que possam planejar a melhor solução para cada uma das situações.

Atividade 3 SEPARAÇÃO DE MISTURAS Objetivos A partir da separação dos materiais, conscientizar o aluno sobre vários graus de durabilidade dos diferentes produtos e sobre a economia que a coleta seletiva significa. Conceitos a serem trabalhados _Diversificação dos componentes do lixo _Material orgânico e inorgânico _Decomposição de materiais _Biodegradação _Coleta seletiva _Educação e participação _Políticas públicas de meio ambiente _Planejamento e meio ambiente 62


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Sugestão de disciplinas Estudos sociais, ciências, comunicação e expressão. Grau Qualquer série do ensino fundamental, desde que adaptada ao nível de maturidade dos alunos. Fases do projeto a) Discussão do problema “o que se fazer com o lixo que se produz”? Discutir com os alunos em pequenos grupos as questões: _O que é lixo? _Que tipo de materiais encontramos nos lixos das casas? _Que outros tipos de lixo são produzidos nas cidades? _Como foram fabricados os materiais que agora são lixo? _Quais são os destinos possíveis para o lixo das cidades? _Como a coleta seletiva pode melhorar o problema do lixo? _Quais são as vantagens desse tipo de coleta? Qual o destino do material selecionado? Concluída essa primeira discussão com todos os alunos, pode-se propor uma consulta bibliográfica e a elaboração de murais, cartazes ou textos – individuais, em grupos ou coletivos de classe. Se a prefeitura da cidade já estiver fazendo esse tipo de coleta, é necessário fazer contato com os locais de planejamento ou de centralização dos materiais coletados e planejar possíveis visitas a esses locais. b) Elaboração do projeto Trata-se de planejar os trabalhos com os alunos, decidindo sobre medidas práticas, como: _Providenciar recipientes grandes para serem colocados no pátio, ou menores, se o projeto for de uma classe. Os materiais básicos podem ocupar cinco recipientes, sendo: um para vidro, um para metais (latas e tampinhas), um para plásticos (embalagens rígidas e flexíveis), um para papéis (exceto higiênicos ou 63


plastificados) e um para materiais orgânicos (alimentos e papel higiênico) _Identificar os recipientes com nomes ou símbolos do material que será depositado em cada um _Providenciar a comercialização dos materiais selecionados. Se essa providência não for tomada e o destino dos materiais recicláveis não estiver garantido antes do início da coleta, corre-se o risco de gerar grandes problemas de depósito do material na escola, podendo colocar tudo a perder. O ideal é primeiro fazer o contato com os prováveis compradores – sucateiros, recicladoras, etc. – para só depois de tudo acertado começar o trabalho efetivo de coleta. Os materiais recicláveis poderão ser vendidos para depósitos ou para indústrias locais. Os alunos poderão vivenciar um dos tipos de reciclagem de papel na escola, com belíssimos resultados. Os trabalhos poderão ser feitos com a cooperação do professor de educação artística e expostos na escola. O lixo orgânico, ou parte dele, poderá ser transformado em adubo na própria escola, para ser usado em seu jardim ou na horta, se houver. Para isso, enterramse os restos de alimento e papel higiênico do seguinte modo: cava-se um buraco de 1,5 m a 2 m de profundidade, e largura compatível com a quantidade de lixo reunido. Colocam-se camadas alternadas de lixo e terra, deixando-se a última camada com terra. Esse depósito deve ficar o mais afastado possível do prédio da escola e do poço de água, se houver. Deve-se marcar as datas dos depósitos, e depois de um certo tempo essa mistura de terra e material orgânico poderá ser utilizada. Para saber quanto tempo o material demora para ser totalmente incorporado à terra, pode-se propor que os alunos coloquem diversos tipos de alimentos em vidros com terra, deixando o alimento encostado à parede do vidro. Coloca-se uma tampa e nela uma etiqueta para identificação do material e da data. Os alunos devem anotar as mudanças de aspecto no decorrer das semanas. Além de alimentos, também podem ser colocados papéis, plásticos, borrachas etc. Podem surgir questões relativas ao processo de decomposição, ou seja, a atividade dos microrganismos, que podem ser esclarecidas, também, através de consulta bibliográfica. 64


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c) Realização da coleta Durante a coleta, grupos de alunos poderão revezar-se na coordenação da rotina do depósito de lixo, conforme o que foi providenciado anteriormente. Nessa etapa, os alunos poderão fazer o papel reciclado na escola e programar visitas aos locais onde os materiais são tratados e reutilizados, ou mesmo onde o lixo da cidade é depositado. Poderão também ser encaminhadas pesquisas, nas quais os alunos farão levantamentos sobre: _A quantidade de lixo produzido por eles, suas famílias e cidade _A quantidade de lixo produzido nos locais que frequentam, como jogos de futebol, bailes, lanchonetes, cinemas, circos, clubes etc. _Tipos de lixo industrial da sua cidade e o seu destino _Tipos de lixo agrícola, de animal e de fertilizantes, bem como seu destino _Outros tipos de lixo produzidos na cidade ou em outros lugares, como esgotos e lixo hospitalar, e provenientes de laboratórios de análises clínicas, farmácias e consultórios médicos e dentários, lixo atômico, automotivo etc. _Política e legislação sobre o controle e reciclagem do lixo d) Relatórios No caso das pesquisas revelarem a existência, no entorno do município, de lixo atômico, verificar qual é o procedimento para a sua destinação final. A mesma atitude deve ser tomada no caso do lixo hospitalar, lixo proveniente de laboratórios de análises clínicas, farmácias, consultórios médicos e dentários, devendo-se pesquisar como são coletados esses resíduos e qual é a sua disposição final. Elaborar, em equipes, relatórios sobre o que foi pesquisado. e) Avaliação do projeto Após todas essas atividades, é necessário avaliar o trabalho com os alunos e examinar as possibilidades de sua continuidade.

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Atividade 4 DECOMPOSIÇÃO DE LIXO ORGÂNICO Objetivos Conhecer o processo de decomposição de material orgânico em diferentes meios (ar, terra e água) e promover a observação científica, o registro sistemático das ocorrências e a redação de um relatório final. Material necessário _Cascas de frutas diversas _Três potes de vidro transparente com tampa _Calendário _Ficha de observação conforme modelo proposto Conceitos a serem trabalhados _Processos naturais _Decomposição orgânica Sugestões de disciplinas História, geografia, ciências, educação artística e outras Grau 5ª a 8ª séries do ensino fundamental Procedimentos _Separar três vidros transparentes com capacidade para 1 litro e numerá-los como Pote 1, 2 e 3. _Fazer vários furinhos nas tampas _No Pote 1 colocar cascas de frutas e tampar bem _No Pote 2 colocar um terço de terra no fundo e enterrar bem as cascas de frutas. Tampar bem

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_No Pote 3 colocar um terço de água no fundo e depois jogar as casas de frutas. Tapar bem _Levantar junto aos alunos hipóteses sobre o que poderá acontecer nos Potes 1, 2 e 3 _Registrar durante três meses, a cada 7 dias, as alterações ocorridas e compará-las entre si _Após 3 meses, avaliar o que aconteceu e abordar os processos que ocorreram _Discutir o que ocorreu com os nutrientes presentes nas cascas, revendo conceitos como o da decomposição e o da biodegradação _Ao término da experiência, rever as hipóteses para confirma-las ou negálas e escrever um relatório final, demonstrando os processos e resultados observados Modelo de ficha de observação Ocorrências Período Pote 1 – cascas de frutas Pote 2 – cascas de frutas com terra Pote 3 – cascas de frutas com água

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Atividade 5 LIXO Você notou a quantidade de lixo que existe nas ruas e na área em volta da escola? Vamos fazer algo para contribuir? Você vai precisar de quatro latas, luvas, papel, caneta, seu diário de bordo, balança e uma área onde caibam as latas. 1. Coloque plásticos por dentro das latas e etiquetas para identificá-las como: orgânico, plástico, metal e papel. 2. Colete todo o lixo da sala de aula e coloque-o nas latas adequadas. Isto inclui restos de comida, embalagens e tudo mais. 3. Após 4 dias, anote quantos sacos de cada lata foram coletados. 4. Pese os tipos de lixo separados e marque na tabela o peso de cada um deles. _Que tipo de lixo foi mais coletado? _Quanto pesou? _Faça um gráfico dos resultados. _Quanto deste lixo poderia ser reciclado? _Repita esta atividade na semana seguinte. _Veja se é possível reduzir a quantidade de lixo acumulado.

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Atividade 6 DIA DE TROCA É muito fácil ter um quarto cheio de coisas inúteis. Brinquedos que você não usa, pois já está grandinho, livros que já leu mais de uma vez e roupas que estão pequenas demais para você. Então, por que não doar estas coisas para seus amigos ou vizinhança? Você vai precisar de papel, canetas, marcadores, mesas e qualquer item de que não precisa ou não quer mais: 1. Escolha um dia do mês. Anuncie o dia para a comunidade. Faça cartazes apresentando a ideia e convidando os demais. O dia da troca pode ser feito apenas com os colegas de classe, ou com a escola inteira! Quanto mais gente melhor. 2. Crie um cupom de troca, que será usado para representar cada item que será trocado. 3. Comece coletando itens das pessoas e entregando cupons. Pode ser roupas, ferramentas, livros, e até mesmo bolo e biscoitos feitos em casa. Tudo que vai ser trocado deve ser entregue antes para a organização. Quem entrega um item recebe um vale-troca. 4. Organize mesas para estas coisas. Espalhe as mesas e as coisas em cima delas para aliviar o trânsito das pessoas. 5. Abra as portas! As pessoas podem trocar seus cupons por qualquer item sobre as mesas. Lembre-se de que um cupom vale para um item, qualquer um deles. Realizar dias de troca na escola é muito entusiasmante. As pessoas esvaziam suas garagens, armários, prateleiras e cozinhas daquelas coisas que guardam, mas não precisam mais. Um dia sem dinheiro é, além de divertido, muito importante. Várias coisas na vida não têm cifrão ($) e são muito valiosas.

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Atividade 7 MODA ECOLÓGICA Constantemente somos bombardeados por propaganda que tentam nos persuadir a comprar roupas da moda. Muitas vezes elas têm preços altos, não possuem individualidade e saem caras para o meio ambiente. Agora é sua vez de criar uma roupa que esteja na moda e, ao mesmo tempo, ajude o meio ambiente. Crie a sua etiqueta de moda ecológica! Para criar sua roupa você vai precisar coletar algumas revistas de moda, material reciclável como papel bolha, sacos plásticos, clipes, carretel e roupas rasgadas. Outras coisas podem ser úteis: uma máquina de costura, um molde simples e um ajudante adulto. Agora use a imaginação e crie. Faça uma roupa bem diferente com materiais que iriam para o lixo. Está feito? Então vamos analisar se as roupas que você usa no dia a dia são ecologicamente corretas. Dê uma olhada nas roupas que você está usando hoje. Elas são sustentáveis? 1. De que material são feitas? 2. Pesquise de onde vêm os tecidos. 3. Descubra quais substâncias químicas e processos foram envolvidos. 4. Vá mais fundo, pesquise quais foram as condições de trabalho das pessoas que fizeram as roupas. 5. O que você faz com suas roupas quando elas estão fora de moda? Imagine saias feitas de fibras de abacaxi, camisetas de PET e cintos de pneus de bicicleta. Sustentabilidade não é chato!

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Atividade 8 PLÁSTICO X TECIDO Quando for ao mercado, conte o número de sacolas plásticas que você leva para casa. Reflita sobre o impacto ambiental de 6 bilhões de pessoas no planeta utilizando plástico todos os dias. Para fazer uma bolsa ecológica você vai precisar de tecido barato medindo 1m por 40cm de largura, linha, agulha, tinta para tecido, máquina de costura (opcional), tesoura, caneta e papel. 1. Em primeiro lugar, corte uma faixa com seis centímetros de largura do lado mais comprido do tecido. Essa será a alça da bolsa. Dobre no meio (como mostra a figura) e costure. 2. Costure uma barra nos dois lados que irão compor a abertura da bolsa. Um rápido acabamento. 3. Dobre o tecido ao meio de forma que as costuras da abertura fiquem para fora. Costure as laterais de cima a baixo. Esse será o lado de dentro da bolsa. 4. Vire a bolsa do avesso. 5. Prenda a alça costurando duas ou três vezes para que fique bem firme. Agora pense em um desenho legal e pinte sua bolsa. Leve-a quando sair às compras!

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Atividade 9 PUBLICIDADE E CONSUMO Objetivos _Reconhecer as mensagens ocultas na publicidade. _Perceber como a publicidade estimula um estilo de vida consumista. _Compreender que o consumo sem limites exerce demasiada pressão sobre as pessoas e os recursos naturais. _Estimular o consumo sustentável. Metodologia Solicitar aos alunos que levem para a escola jornais, revistas, folhetos e propagandas etc. Desenvolver em grupos a atividade de selecionar e recortar anúncios para crianças e jovens. Em seguida solicitar a escolha de alguns anúncios recortados e sua colagem sobre a cartolina. Cada grupo explicará suas ideias para os demais e, em seguida, abre-se um debate. Questões para discutir _A publicidade dirigida às crianças e jovens faz alusão a que aspectos da vida e do meio ambiente? _Quais os tipos de produtos que a publicidade dirigida às crianças e jovens anuncia? _Como são as crianças e jovens típicos das propagandas, etc. _De que maneira esta publicidade quer que eles se sintam? _As pessoas que aparecem na publicidade são representativas da população em geral? • A publicidade busca fomentar que estilo de vida? Como? _Deve haver normas e regras para a publicidade? Quais? _Em quais meios de comunicação aparecem os anúncios para crianças e jovens?

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_O consumo sustentável é abordado em alguma propaganda? _A propaganda para crianças é igual em todo o mundo? Pesquise como são as regras em outros países. Materiais Jornais, revistas, folhetos e propagandas, cartolina, tesoura, cola, fita crepe. Avaliação Cada grupo apresentará à classe as informações levantadas e as principais conclusões. Em seguida todos os grupos deverão escolher um meio de difundir os resultados da pesquisa para compartilhar com toda a escola.

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Para se aprofundar

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livros Brinquedos e engenhocas (atividades lúdicas com sucatas) - Série Pensamento e Ações no Magistério, Louise Weiss, editora Scipione Como cuidar do meio ambiente, Rita Mendonça, Bei Comunicação Como preservar a terra sem sair do quintal, P. Krauss e E. Eigenheer, In-Fólio Crianças do consumo - a infância roubada, Susan Linn, Instituto Alana Da pá virada: revisando o tema lixo: vivências em educação ambiental e resíduos sólidos, Ana Maria de Meira, Antonio Vitor Rosa, Daniela Cássia Sudan, Patrícia C. Leme e Paulo E. Rocha, Programa USP Recicla e Agência de Inovação Lixo, reciclagem e sua história, Sidney Grippi, Interciência Meio ambiente e reciclagem - um caminho a ser seguido, Everton Luiz Nani, editora Juruá Meio ambiente, poluição e reciclagem, Cláudia Bonelli, Eloísa Mano e Elen Pacheco, editora Edgard Blucher Raízes do desperdício, E. Eigenheer e outros, ISER Reciclagem: a aventura de uma garrafa, M. Manning e Brita Granstrom, Ática Viravirou - uma história de reciclagem, Ademar Lopes Júnior, CEAK – Centro Espírita Allan Kardec 77


Sites Agência Nacional dos Direitos da Infância - andi.org.br Ambiente Global - ambienteglobal.com.br Associação Reciclázaro - reciclazaro.org.br Caderno de Educação Ambiental das Águas - cadernoaguas.wwf.org.br CEMPRE - Compromisso Empresarial para Reciclagem - cempre.org.br Cidades Solares - cidadessolares.org.br Cooperativa dos Catadores Autônomos de Papel, Aparas e Materiais Reaproveitáveis - coopamare.org.br Eco Emballages da França - ecoemballages.fr Faces do Brasil - facesdobrasil.org.br Fundação SOS Mata Atlântica - sosmatatlantica.org.br Global Footprint Network - footprintnetwork.org Greenpeace - greenpeace.org.br Inhabitat – design verde - inhabitat.com Instituto Akatu - akatu.org.br 78


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Instituto Alana - alana.org.br Instituto Eco Brasil - ecobrasil.org.br ISA – Instituto Socioambiental - socioambiental.org Kids For Future - crianças para o futuro - kidsforfuture.net Lixo.com.br - lixo.com.br Recicloteca - recicloteca.org.br Rede Paulista de Educação Ambiental - repea.org.br Rota da Reciclagem - rotadareciclagem.com.br

Publicações virtuais Consumo Sustentável Manual de educação http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf Guia Pedagógico do Lixo www.ambiente.sp.gov.br/cea/files/2014/11/12-guia-pedagogico-do-lixo.pdf Lixo zero Gestão de resíduos sólidos para uma sociedade mais próspera - Ricardo Abramovay, Juliana Simões Speranza, Cécile Petitgand https://www3.ethos.org.br/wp-content/uploads/2013/09/Residuos-Lixo-Zero.pdf 79


Filmes História das coisas, de Annie Leonard (roteiro) Este documentário mostra a cadeia que vai desde a extração de matéria prima até o descarte final, e tudo o que está por trás dos produtos que consumimos. Desafios do lixo (Epsódiso 1 e 5) Com objetivo de retratar o problema do lixo e mostrar experiências bem sucedidas, o jornalista Washington Novaes e a equipe da TV Cultura viajaram mais de 70 mil quilômetros pelas Américas e Europa. Estamira, de Marcos Prado Conta a história de Estamira Gomes de Sousa, uma senhora que apresentava distúrbios mentais, vivia e trabalhava (à época da produção do filme) no aterro sanitário de Jardim Gramacho, que recebe os resíduos do Rio de Janeiro. Fazedor de montanhas, de Juan Figueroa Uma viagem ao interior do lixo, contemplado como fenômeno do espírito humano, e não unicamente como produto da ação do homem. Homem Refluxo, de Daniel Seda e José Sampaio Uma pessoa comum passou sete dias sem jogar nada fora e se transmutou, subitamente, em uma figura mítica: o Homem Refluxo. Todos os seus resíduos pessoais de uma semana foram armazenados em uma capa transparente, o “parangolixo luxo”, inspirado em Hélio Oiticica. Ilha das flores, de Jorge Furtado Retrata a sociedade atual, tendo como enfoque seus problemas de ordem sociais, econômicas e culturais, na medida em que contrasta a força do apelo consumista, os desvios culturais retratados no desperdício e o preço da 80


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liberdade do homem, enquanto um ser individual e responsável pela própria sobrevivência. Por meio da demonstração do consumo e desperdício diários de materiais, o autor aborda a questão da evolução social de indivíduo. INGs - Indivíduos Não Governamentais - reciclando a cultura do lixo, de Averaldo Nunes Rocha e Márcio Mitio Konno A história de dois catadores de papel que tomaram atitudes inusitadas para promover cultura. Além de relatar esses dois casos incomuns, foi promovido um debate indireto iniciado com a questão: “o que leva pessoas com poucas condições financeiras a tomarem esse tipo de atitude?”. Para arriscar respostas foram entrevistadas diversas personalidades. Lixo extraordinário, de João Jardim, Lucy Walker e Karen Harley Uma análise sobre o trabalho do artista plástico Vik Muniz no Jardim Gramacho, um dos maiores aterros sanitários do mundo. Política Nacional de Resíduos Sólidos O documentário explica como a lei 12.305 altera os paradigmas de consumo e tratamento dos resíduos. Trashed - para onde vai o nosso lixo?, de Candida Brady O filme olha para os riscos causados pelo lixo para a cadeia alimentar e o meio ambiente através da poluição do nosso ar, terra e mar. Revela fatos surpreendentes sobre os perigos reais e imediatos para a nossa saúde. Wall-E , de Andrew Stanton Após entulhar a Terra de lixo e poluir a atmosfera com gases tóxicos, a humanidade deixou o planeta e passou a viver em uma gigantesca nave. O plano era que o retiro durasse alguns poucos anos, com robôs sendo deixados para limpar o planeta. Wall-E é o último destes robôs, que se mantém em funcionamento graças ao auto-conserto de suas peças. 81



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 5 Elementos – Instituto de Educação e Pesquisa Ambiental. Consumo sustentável. Coordenação Mônica Pilz Borba e Patricia Otero. São Paulo: Imprensa Oficial, 2009. ABRAMOVAY, Ricardo; SIMÕES SPERANZA; PETIGAND, Cécile. Lixo Zero. São Paulo: Planeta Sustentável/Instituto Ethos, 2013. LEGAN, Lucia. Criando habitats na escola sustentável: livro de educador – Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, Pirenópolis, GO: Ecocentro IPEC, 2009. LEONARD, Annie. A história das coisas. Tradução de Heloisa Mourão - Rio de Janeiro: Zahar, 2011. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Consumo Sustentável: Manual de educação. Brasília: MMA/MEC/IDEC, 2005. SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE DE SÃO PAULO. Guia pedagógico do lixo. Coordenação geral: José Flávio de Oliveira São Paulo: SMA 4ª edição, 2003.



Antes que vire lixo - reflexões sobre nossos resíduos integra o programa de educação ambiental da Embralixo – Empresa Bragantina de Varrição e Coleta de Lixo. A empresa fornece o serviço de limpeza pública de Bragança Paulista, que é terceirizado pela prefeitura, com a realização de varrição de vias, áreas, logradouros públicos, coleta e a destinação de resíduos sólidos, coleta de lixo reciclável e lavagem de feiras livres, além do serviço de operação de um aterro sanitário. O programa de educação ambiental da Embralixo foi elaborado com base na Política de Educação Ambiental dos Comitês PCJ (Piracicaba, Capivari, Jundiaí) e no Plano das Bacias PCJ, tendo como público alvo a população que utiliza os serviços do aterro, com atenção especial à comunidade que vive no entorno do empreendimento. Os pontos focais são as escolas municipais.

É livre a reprodução do conteúdo desta publicação, desde que seja mencionada a fonte.

Bragança Paulista, 2016

Organização e textos Marcelo Delduque e Mariana Gomes Colaboração de textos e preparação Laura Aguiar Design Helena R. Ruschel [h2r] Impressão Arrisca Coordenação editorial Sete Pontes [setepontes.com.br] Consultoria técnica Ceiba [ceibaconsultoria.com.br] Realização Embralixo [embralixo.com.br]


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