ORBITATO INSTITUTO DE MODA, DESIGN E ARQUITETURA Trabalho de Conclusão de Curso Pós Graduação em Direção de Criação Turma VI
A CRIAÇÃO DE ESTAMPAS NO BRASIL: A profissão do designer de estampas Marcelo Magalhães da Silva
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ORBITATO INSTITUTO DE MODA, DESIGN E ARQUITETURA A CRIAÇÃO DE ESTAMPAS NO BRASIL: A profissão do designer de estampas Marcelo Magalhães da Silva Resumo: Esse artigo retrata o cenário atual dos profissionais que atuam no mercado de criação de estampas. Com uma breve pesquisa sobre a origem da profissão no país, também contextualiza historicamente a indústria têxtil e as estamparias nacionais. Apresenta o profissional que cria estampas no Brasil atualmente, apontando características relacionadas a como e para quem trabalham, de que maneira exercem seus ofícios e qual sua formação. Os resultados dessa pesquisa foram obtidos a partir da análise de entrevistas realizadas com 34 profissionais da área.
Palavras-Chaves: Design de estampas; Estamparia; Desenhista; Têxtil; Moda Brasileira.
“A arte de interrogar não é tão fácil como se pensa. É mais uma arte de mestres do que de discípulos, é preciso ter aprendido muitas coisas para saber perguntar o que não se sabe.” Jean Jacques Rousseau
Marcelo Magalhães da Silva é graduado em Tecnologia em Design Gráfico pela Universidade do Vale do Itajaí; Atua como Designer gráfico e Designer de estampas em Jaraguá do Sul-SC – marcellomds@hotmail.com - Jaraguá do Sul - 2016
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1 Introdução Esse artigo tem a intenção de descrever o perfil do profissional que atua no mercado de criação de estampas. Demonstrar características relativas a como estes profissionais trabalham, qual a sua formação, rotina e levantar as principais dificuldades do setor são alguns dos objetivos desse trabalho. O profissional que cria estampas está ligado à moda, ao design, à arte e a outras áreas afins vinculadas às várias possibilidades de formação e interesse. Mesmo que inicialmente a minha intenção tivesse sido trabalhar com o histórico da estamparia no Brasil, percebi que há pouca informação sobre esse profissional. Ao iniciar o trabalho não encontrei livros e artigos sobre o assunto e havia muitas dúvidas e curiosidades para saber como era a profissão no passado, se já existia essa profissão especificamente ou se havia sido uma tarefa desempenhada por profissionais de outras áreas. Acho importante termos um histórico, um registro sobre a rotina desses profissionais, inclusive, para saber como era a profissão de quem desenvolvia as artes para as roupas no Brasil. Já que é uma profissão que, muitas vezes, passa despercebidas por um dos maiores setores industriais, a indústria têxtil. A principal fonte de informações desse trabalho foi a entrevista que fiz com 34 profissionais que trabalham na área de criação de estampas. Os profissionais convidados para essa pesquisa estão em diversos estados do país, têm várias idades, alguns estão começando sua carreira agora, mas muitos já iniciaram seus trabalhos nas décadas de 80 e 90, e trazem um conteúdo rico e diferente do que é hoje. Esse trabalho também é resultado de pesquisa em livros, artigos e matérias na internet, em busca de dados sobre o profissional. Ao analisar as entrevistas, foram constatadas muitas opiniões e fatos em comum entre os profissionais, mas também muitas novidades e maneiras diferentes de fazer, de observar e de trabalhar. Além disso, há ainda uma quantidade grande de profissionais de qualidade com os quais gostaria de ter falado, mas, infelizmente, não tive a oportunidade. Este trabalho foi dividido em seções para melhor atender ao seu objetivo geral que é compreender como os profissionais de estamparia percebem o seu trabalho no mercado atual. No início, realiza-se uma breve análise histórica da indústria têxtil e da estamparia no Brasil, a fim de melhor contextualizar a temática de estudo. Em seguida, o foco é a estampa da moda, que especifica o universo da pesquisa. Fez-se necessário também abordar uma seção referente aos principais tipos e técnicas de estampas utilizadas atualmente, assim como, discutir a relação entre estampa e arte. Em seguida, este trabalho apresenta questões relativas à profissão do designer de estampas, contextualizando historicamente a profissão. Por último, faz-se uma análise dos resultados da pesquisa, apresentando as perguntas feitas aos entrevistados e interpretando às respostas dos mesmos.
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Estampa Chita Fonte: http://tudojuntoemisturadopaty.blogspot.com.br/2012/03/chita-e-sua-historia.html
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2 ANÁLISE DO HISTÓRICO DA INDÚSTRIA TÊXTIL E DA ESTAMPARIA NO BRASIL O período do Brasil Colônia iniciou o cultivo de algodão, no Norte e nordeste do país, era uma cultura extensa e rentável. A partir dessa produção de algodão, começavam a se desenvolver algumas manufaturas têxteis, artesanais, que iam tomando um porte e modificando os processos de indústria. Conforme, SILVA (2010, p.43), em 1760, foi criada a Companhia Geral do Comércio do GrãoPará e do Maranhão que fez a primeira exportação de tecido para o exterior, além de matériaprima para a produção de pigmentos como o pau-brasil, os ingleses também importaram muita chita brasileira, que era de excelente qualidade. Portugal, naquela época, não tinha interesse que o Brasil se industrializasse, já que para Portugal, os trabalhadores deveriam se dedicar à atividade agrícola e à extração de minerais. Fontes de riqueza que a colônia enviava para Portugal. Em 1785, a Rainha Maria I proibiu o funcionamento de fábricas de tecidos de algodão, lã e outras fibras. A exceção era apenas para os tecidos grosseiros usados nas roupas de escravos, nos enfardamentos e para embalagens. A vinda do tear mecânico, em 1787, acelerou a fabricação de tecidos e a confecção de algodão melhorou muito, sendo usado mais na moda. Havia esses teares algodoeiros no Maranhão, Bahia, Pernambuco, Pará, e Goiás (CHATAIGNIER, 2010). Quando a corte portuguesa transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1808, os portos foram abertos para o comércio entre países, mas em 1810, com o acordo comercial entre Inglaterra e Portugal, a industrialização nacional ficou enfraquecida, pois a taxa de importação era de apenas 15%. Isso gerou grande crise industrial no país. Estava muito barato importar tecidos. Em 1826, em Andaraí Pequeno, foi estabelecida uma estamparia que usava algodão importado da Índia e produzia estampas em Chita. No século XIX, a região nordeste teve abertura de várias indústrias têxteis, sendo a Bahia, o primeiro e mais importante centro da indústria têxtil até 1860, pois, dispunha de uma grande população escrava, matéria prima em abundância e fontes hidráulicas de energia (FUJITA, JORENTE, 2015 p. 160) Até a metade do século XIX, há registros de várias tentativas de instalação de estamparia nos Brasil, embora se saiba de estamparias funcionando nesse período, segundo Neira (2012) a oficina artesanal de Fernanda Reyhner, denominada, Guilherme Tell, dizia-se a primeira estamparia de tecidos do Brasil. Importava-se muito tecido, principalmente da Inglaterra, que oferecia uma estamparia de qualidade em tecidos finos. Outros países da Europa, como França, Itália, Bélgica, Suíça e Portugal também forneciam tecidos para o Brasil. Conforme SILVA (2010), a indústria têxtil mineira nesse período, deixou um legado da estamparia para os mineiros que só foi possível porque algumas famílias mantiveram em casa teares e rocas para consumo próprio e repassaram a técnica da tecelagem aos seus filhos. Em 1872, a família Mascarenhas fundou a Companhia de Fiação e tecidos Cedro. Ainda segundo SILVA (2010), em 1889, com a proclamação da República, havia no Brasil
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cerca de 640 fábricas de tecidos com 60% do capital brasileiro investido no setor têxtil. No final do século, a indústria têxtil também se desenvolveu em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e no Sul, Porto Alegre no Rio Grande do Sul e região do vale do Itajaí em Santa Catarina. No início do século XX o Brasil passou de importador para exportador de algodão, pois, o volume de produção algodoeira havia aumentado muito. Além do algodão que era o principal tecido produzido, também houve diversificação dos tecidos produzidos, como a seda, raion, lã e outros. Na Cedro & Cachoeira em MG, empresa que mais tarde se tornou a maior produtora de chitas do Brasil, a primeira máquina de estampar chegou em 1906. Seus tecidos estampados não tinham boa aceitação no alto comércio (Rio de Janeiro e São Paulo), e eram vendidos mais no interior, principalmente no sertão. Talvez, por isso a chita se popularizasse no setor rural e como estética do campo (NEIRA, 2012). Por volta de 1910, no Rio de Janeiro a Companhia América Fabril (antiga Cia de Tecidos Pau Grande) já tinha um setor de estamparia montado, assim também como a Bangu – Companhia Progresso Industrial do Brasil, que investiu em equipamentos para beneficiar os tecidos e em pouco tempo se tornou referência na área por seus desenhos de estamparia (NEIRA, apud SILVA, 1989, p. 120). No período da primeira guerra mundial, o país teve o número de exportação diminuído, mas, a demanda interna era grande, e foi a indústria foi beneficiada já que não podiam consumir tecidos estrangeiros nesse período. Já nos anos 30 e na segunda guerra mundial o Brasil teve grande aumento na exportação e por um período manteve-se como segundo maior produtor têxtil mundial. Nessa década, a meta era de substituir os produtos estrangeiros por produtos brasileiros. Em 1931, a Revista Têxtil propôs a Semana dos Tecidos Nacionais que tinha como justificativa promover o tecido nacional que alcançara alto grau de perfeição nos tecidos de baixa e média qualidade. Em nada deixava a desejar para as indústrias estrangeiras. Nessa época, era comum que tecidos de alta qualidade brasileiros recebessem titulo de procedência estrangeira, pois, para os consumidores o importado era melhor, apesar de ter passado muito tempo, essa é uma afirmação comum ainda hoje em nosso país. Em 1931, o governo brasileiro baixou o decreto de que pelo menos uma das auréolas de todos os tecidos produzidos deveriam ter a frase “Indústria Brasileira” ou a inserção de três fios na auréola na cor amarelo, verde e azul. Para isso, as máquinas que faziam a marcação foram isentas de impostos. Nos anos 50, com o Plano Nacional de Desenvolvimento do presidente Juscelino Kubitscheck, a indústria de tecidos de algodão teve grande crescimento e era reconhecida sua importância na economia do país. Nessa época também surgiram os tecidos sintéticos que geraram grande interesse nos consumidores, que começavam a optar por esses ao invés dos tecidos baratos de algodão. Conforme Neira (2012), a década de 50 foi marcada por uma transformação de valores e referências no Brasil, principalmente, pela influência dos meios de comunicação de massa como televisão, jornais e revistas. Os consumidores começaram a ser influenciados por esses meios e pelo governo que fazia propaganda de um país desenvolvido econômico e culturalmente. Nesse momento, o movimento Tropicalista ia contra essa propaganda dos meios de mídia e diziam que “Somos um país subdesenvolvido, demagógico e de mau gosto”, criticando muito a televisão. A indústria têxtil brasileira até então só explorava o mercado popular, os tecidos mais nobres vinham do exterior. Com as propagandas vinculando uma imagem nacionalista, a compra desses tecidos teve procura nas classes mais altas também. Em 1958, a primeira Feira Nacional da Indústria têxtil (FENIT), realizada pelo empresário Alcântara Machado, em conjunto com o Sindicato das Indústrias Têxteis (SINDITEXTIL),
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apresentou tendências de moda, tecnologias e soluções para a indústria têxtil atender ao seu público. O Evento foi um estímulo ao setor têxtil e contribuía para a valorização dos tecidos nacionais, destacando o algodão, tendo, inclusive, realizado o concurso “Miss algodão”. No final da década de 60, o setor têxtil investiu em tecnologia, mão de obra especializada, maquinários e começou a explorar mais o mercado da moda. O conhecimento sobre a moda e a segmentação de seus públicos gerou enorme mudança na produção têxtil e na criação dos produtos para moda. As indústrias têxteis investiam em publicidade para promover seus tecidos, era comum em revistas os reclames de empresas como BANGU, Cedro & Cachoeira, Têxtil Santa Ângela, Santa Constância e as Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo. O crescimento da indústria têxtil continuou até os anos 70 com incentivos fiscais e financeiros ofertados pelo governo, pela CDI, pela SUDENE, tendo grandes investimentos em modernização e ampliação de sua estrutura, propiciando o aumento das exportações dos têxteis. Também houve grande investimento estrangeiro em fibras artificial e sintética para produção de tergal, lycra entre outros. Paradoxalmente, os anos 70 foram sinônimos de crescimento e internacionalização da economia, desta forma, deixou de ser interessante falar de “moda autenticamente brasileira” como estratégia de venda das grandes produtoras de matéria-prima. Assim, empresas como a Rhodia optaram por reconhecer essa abertura na cadeia têxtil e tentam sutilmente reduzir a dispersão através da pedagogia do estilismo industrial. (ALMEIDA. Disponível em:<http://www.fashionbubbles.com/estilo/anos-70-identidade-brasileirana-moda-2/> Acesso em: maio 2016).
Nos anos 80 os cilindros micro perfurados chegam ao mercado nacional, substituindo os antigos cilindros de cobre. A Bangu foi uma das primeiras indústrias a investir nesses maquinários para iniciar um processo de alta produtividade (NEIRA, 2012). O Brasil estava em crise e o Setor têxtil, acomodado e passando por dificuldades, estava com tecnologia ultrapassada em comparação aos polos têxteis mundiais. O mercado internacional incentivava que o país se abrisse à globalização. Nos anos 90, com a eliminação de burocracia para as importações e redução de taxas, houve maior importação de fios e tecidos sintéticos e artificiais. As exportações começaram a cair e as empresas necessitavam de investimento e modernização para reduzir custos e conseguir competir com os importados. Conforme Fujita e Jorente (2015), nos anos 90, a indústria têxtil substituiu a produção de tecidos planos por malhas de algodão, já que o custo de produção é menor e o produto mais barato. A Ásia começava a oferecer produtos têxteis com preços bem inferiores. Com isso muitas empresas nacionais fecharam. Um dos efeitos mais desastrosos dessa abertura, conforme afirma Cardoso (1997), foi o desequilíbrio da balança comercial têxtil, que se tornou deficitária a partir de 1995, com o crescimento das importações e a relativa estabilidade das exportações. Para se ter uma dimensão dos problemas, entre os anos 1992 e 1997, quase 800 empresas do setor têxtil foram fechadas. Foi uma das maiores crises que já vividas nessa área (MAIA, ANJOS, 2015 p. 9).
Nos últimos anos, com a desvalorização da moeda nacional houve um novo crescimento das importações e estagnação das exportações brasileiras de produtos têxteis e de confeccionados. A China continua sendo a maior fornecedora de tecidos importados e seus produtos adquiriram qualidade. Com isso, hoje boa parte dos insumos e até dos produtos têxteis vem da China, o que é razão suficiente para todo um outro estudo.
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3 AS ESTAMPAS DA MODA - HISTÓRICO Neste capítulo é apresentada a moda das estampas conforme a época. A principal fonte de pesquisa foi o livro de CHATAIGNIER (2010), A história da moda no Brasil. As artes que estampam a moda no Brasil evoluíram, diversificaram-se e passaram por vários estilos que refletem o que estava acontecendo e as possibilidades tecnológicas de cada época. Apesar dessa evolução também se percebe um movimento cíclico no qual a estética vai e vem na história da moda. Século XVII – Estampas florais, principalmente crisântemos, flores de cerejeira, peônias, frutas exóticas, paisagens, aves, insetos e listras. Século XVIII – A variedade e a qualidade dos tecidos evoluíram nesse século. Nessa época dois tecidos entravam em cena, a chita e a xila (semelhante ao vichy), mas, os ricos e chiques continuavam utilizando tecidos trazidos de Portugal. As estampas ficaram mais visíveis e a preferência eram os buques floridos, flores, frutas, desenhos de rendas, flamas, motivos chineses, dragões, pagodes, flores de pessegueiro, cachorro de cara amassada, etc. Século XIX – Com o ciclo do café, São Paulo enriqueceu, e investiu na indústria. Surgiram os palacetes de luxo e uma burguesia abastada. Neste período, a moda podia ser definida por região: Paulistas: sérias e elegantes, estampas sóbrias. As mineiras se inspiravam na Rainha Vitória com tecidos ingleses. Na Bahia, trajes brancos. Em Santa Catarina, a renda e a renda de bilro. Conforme SILVA (...), em 1890, na moda inglesa o estilo da Liberty fazia sucesso. Com seus tecidos, roupas e artigos de decoração. Seu tecido era com motivos de flores miúdas e em sua maioria, monocromáticas. O Século XX teve suas subdivisões: Anos 10 – Estampas florais, listrados, geométricos, chinoiserie e desenhos típicos de alfaiataria. Anos 20 – Modernismo na moda e na cultura. Estampas Florais, arabescos, geométricos miúdos, chinoisserie, listras e padrões de alfaiataria. Aparecem algumas estampas criadas por Tarsila do Amaral. Anos 30 – Estampas com monumentos turísticos, geométricas inspiradas no surrealismo, frases sentimentais como “je t’aime”. Anos 40 – Estampas com florais pequenos sobre fundo branco, listrados, escoceses e poás; Anos 50 – Indústrias têxteis estudam e investem em moda, surge a Fenit, primeiro salão de moda brasileiro e as grifes chegam ao Rio. Estampas xadrezes, listras finas e médias, florais graúdos sobre o branco e florais miúdos sobre o preto, Anos 60 – Clima de revolução, pop art, a moda abusou das correntes artísticas. Muitos jovens, no final da década o Hippie.Estampas geométricas distintas e elegantes. Flores provençais, e Liberty, mamãe Dolores (versão nacional do Liberty, com fundo preto e flores brancas), listras finas, bayadere, Xadrez Vichy, escocês tradicional, op art, geometrismo, peles de animais, cartoon e motivos psicodélicos. Anos 70 – Estampas com flores pequenas e médias, listras bayaderes, poás médios e brancos sobre fundo colorido, motivos orientais, como o cashmere, florais Havaianos, reprodução de louças antigas. Anos 80 - A televisão lança moda do estilo americano. Estampas animal print, listras largas, tweed gigantes, e veludo cotele largo
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Anos 90 – Fashion Business - Estampas, lisos, Animal prints, florais Liberty Século XXI – Nesses últimos anos a moda mudou rapidamente, com coleções rápidas e diversificadas. No momento, existem varias marcas com vários estilos mas o que foi mais popular nos últimos anos: florais, tropicais, boho, folk, animal Print, folhagens, étnicos, texturas naturais, listrados, geométricos, poás e sobretudo uma mistura de texturas e técnicas nas estampas.
3.1 Moda A moda pode ser entendida como um conjunto de manifestações de uma determinada época. A moda se modifica, atualiza-se, retorna, resgata referências, transforma referências. É um reflexo de épocas e culturas. Neste trabalho vamos tratar como moda, o hábito de usar roupas avaliando sua estética e principalmente a estampa utilizada nas roupas. A roupa não fala, mas diz muito da personalidade da pessoa que a usa e deve ser analisada como expressão visível do comportamento dos seres humanos. A moda também é responsável por diferenciar e incluir o indivíduo em um grupo ou numa época. Além da função básica da roupa, de proteger. Também tem a função de embelezar. Com formas, cores e adornos, embeleza e chamaa atenção dos olhares.
3.2 Estamparia de Moda Hoje, a estampa é parte do conceito da roupa e confere personalidade a quem a veste. A partir dos signos visuais, das cores e do tamanho da estampa, tem-se uma demonstração de referências culturais, subjetivas e lúdicas. Para a indústria da moda, a estampa também é responsável por despertar o desejo no cliente, que deve se identificar e sentir-se atraído pelo desenho. A estampa identifica qual é o momento da moda e a tendência da estação. Muitas marcas são identificadas através de suas estampas pelo uso frequente de mesmos elementos.
4 ESTAMPA E ARTE Embora a estampa seja usada na moda para adornar um produto industrial, seu processo de criação está mais ligado às artes. Ao fazer uma pesquisa de moda, é comum que se identifique uma coleção pelo estilo gráfico dos elementos aplicados nas estampas. Os períodos da História da Arte são buscados como referências nessas criações, e é comum a apropriação pela moda desses estilos, como por exemplo: Clássico, Gótico, Barroco, Arts and Crafts, Art Nouveau, Cubismo, Dadaísmo, Bauhaus, Surrealismo, Art Decó, e PoP Art. Na moda, é comum vermos a participação de artistas na criação das estampas.
4.1 TIPOS DE ESTAMPAS E TÉCNICAS DE ESTAMPARIA NA MODA 12
Temos dois tipos de estampas: as corridas e as localizadas. A estampa localizada é quando a arte possui um limite, sendo especifica para aplicar numa área designada da roupa, onde não há continuação. Pode ser aplicada no tecido, nas peças cortadas, ou nas peças já costuradas. É muito comum em camisetas, blusas, etc. A estampa corrida é repetida em sentido vertical e horizontal, assim, cobrindo o tecido todo, dando a impressão de continuidade, como se a arte não acabasse. O Rapport é o termo francês que denomina a técnica que se refere aos blocos de desenhos que possuem continuidade. A arte possui extremidades que se encaixam sem interrupções no visual.
4.1.1 Serigrafia/Quadro Serigrafia (também chamada de silkscreen ou estamparia a quadro) é um processo em que se estampa o tecido por meio de aplicação de tinta, sobre telas microperfuradas. A tela precisa ser gravada com a arte da estampa. Para cada cor do desenho deve ser gravada uma tela. É aplicada a tinta e com um puxador, desliza-sea tinta fazendo pressão sobre a tela. A tinta atravessa os micro furos e se deposita no tecido. Esse processo é feito manualmente ou com equipamentos automatizados. A serigrafia pode ser utilizada em estampas corridas, fazendo o encaixe lateral, mas atualmente o método é mais popular para estampas localizadas em camisetas, blusas, moletons, etc.
4.1.2 Cilindro/Rotativa A estamparia rotativa com cilindros é o método mais usado para estampar grandes quantidades de tecidos. É indicado para produzir grandes quantidades, porque o custo de gravação dos cilindros e afinalização de artes não compensam quando utilizados em pequenas produções. Para cada cor é gravado um cilindro metálico micro perfurado. Esses cilindros são montados na máquina numa sequência de cores em cima de um tapete por onde passará o tecido. Dentro destes cilindros é colocada a tinta, a rasqueta e a vareta (barra metálica que é atraída para a esteira por onde passa o tecido). Quando o processo de estampagem se inicia, o tapete se move com o tecido e os cilindros giram em contato com o tecido. Nesse movimento, a tinta é depositada na superfície do tecido conforme a sequência de cores formando o desenho. Na estamparia com cilindro a quantidade de cores é limitada. No Brasil é usado em média de seis a doze cores nas estamparias rotativas.
4.1.3 Transfer/Sublimação A estamparia por transfer ou sublimação é a transferência da estampa impressa no papel para um tecido.
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Primeiramente, a estampa é impressa por meio de impressoras digitais com corantes apropriados para transfer na superfície do papel próprio para o método. O papel estampado é colocado sobre o tecido, e com uma prensa ou uma calandra é aquecido e, assim, a tinta do papel entra no modo gasoso e é fixada no tecido. O tecido utilizado nesse método deve ser sintético, sendo 100% poliéster ou 100%poliamida. Também é possível estampar tecidos compostos com algodão, porém, nessas composições, a estampa ficará com aparência desbotada. Essa é uma técnica inovadora, como não precisa de gravação de telas ou cilindros, dispensa a separação de cores na arte final. Seu custo é baixo, além de ser rápida. Sendo, portanto, mais viável para pequenas produções.
4.1.4 Impressão digital Direta A impressão digital é o método de maior destaque atualmente, por sua rapidez e alta qualidade de imagem e cor. A estampa é impressa por impressoras de grande formato que imprimem a arte diretamente em cima do tecido. Essas impressoras são similares às impressoras de jato de tinta domésticas, usam cabeças de impressão que fazem a combinação de cores. O resultado é uma infinidade de cores com qualidade fotográfica dando um resultado mais nítido e real à estampa. É indicado para tecidos nobres, e tem como vantagens a velocidade e a possibilidade de produzir pequenas quantidades, já que não é necessário gravação de telas ou cilindros. A estamparia digital também elimina a necessidade da separação de cores, diminuindo o tempo e o custo de arte final. Porém, aqui deve ter-se cuidado para que a arte não esteja em baixa resolução. “O fenômeno da estamparia digital têxtil é extraordinário na China, Turquia e Brasil. No Brasil a estamparia digital deve crescer a uma taxa de 25% ao ano até o ano de 2020 (ABIT). A estamparia convencional cresce no mundo na janela de 2 a 4%” (FERREIRA, 2015, p. 5)
Impressão Direta no Tecido Fonte: http://www.expandsystems.com/printers/img/JP5.jpg
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5 DESIGNER DE ESTAMPAS - PROFISSÃO Muitos dos profissionais atuais acreditam que essa é uma profissão nova, porém, apesar da falta de registros, desde que se iniciou a industrialização no Brasil já haviam profissionais desenvolvendo essa função.
5.1 HISTÓRICO DA PROFISSÃO Com a chegada da família real ao Brasil e a permissão de produzir tecidos aqui, eles geralmente eram estampados com carimbos, nas chamadas Chitarias. Em 1809, foi fundado o Colégio das Fábricas no Rio de Janeiro, e foi o primeiro local que produziu chitas no Brasil e ensinou o Oficio de estampador. Com oficinas de tecidos, tingimento, oficina de estamparia de chita, oficina de veludos, e oficina de gravação em metal e madeira, o que possibilitava a gravação das matrizes para estampar. Em 1872, foi fundada a Companhia de Fiação e tecidos Cedro & Cachoeira, em Curvelo, MG, foi a grande indústria a produzir chita no Brasil e já havia profissionais para gravar as matrizes de estamparia. No início do século, no Rio de Janeiro, a BANGU - Companhia do Progresso Industrial do Brazil, já tinha um setor de desenvolvimento de estampas. Segundo NEIRA (2012), lá o português José Villas Boas, chefe de seção de gravura, tinha habilidades artísticas e de desenhos, o que demonstra que desenvolvia as artes de estampas e também tinha que se encarregar das outras atividades da estamparia como gravar as matrizes. Era comum que os profissionais fossem formados dentro da indústria, através de aprendizado com os profissionais que estavam ali há mais tempo e que iam repassando esse conhecimento. Nesse tempo, as indústrias têxteis começaram a estabelecer meios de ensinar o oficio de desenhista e de gravador. Conforme Neira (2012), nas fabricas havia escolas, e já nos jardins de infância, as crianças aprendiam a fazer designs para tecidos e praticavam em quadrados para que se habituassem ao modelo de rapport. Há relatos de que ali essas crianças já produziam excelentes trabalhos, e essas crianças estariam sendo qualificadas para serem designers. Na Bangu, Graham Clark disse que a empresa grava seus próprios cilindros e tem boa equipe de designers. Tem também escola para ensinar desenho e Desing (o projeto do que será feito). Nesses programas de ensino havia a Reprodução gráfica e a adequação as condições de produção, mas não se identifica o processo de desenvolvimento autônomo e ao contrario percebe-se a existência da cultura da imitação pela insistente remissão à expressão “duplicação de originais” encontradas em relatórios (NEIRA, 2012, p. 151).
Nos anos 20 e 30, a criação tentava ser mais livre e muitos artistas colaboravam com as criações de estampas, e seguiam influências e obras modernistas, mas a indústria ainda insistia em copiar as referências das Belas Artes, que o modelo de artes da Europa seria o modelo ideal. A revista Têxtil publicou artigos sobre isso na época, criticando o estilo modernista, e até dando instruções de como “arrumar” a estampa modernista, inserindo elementos florais. Na década de 1940, na Cedro & Cachoeira novo brasileiro estava se preparando para trabalhar no pantógrafo da Cedro. Sr. Antônio Tibúrcio Santana, conforme após aproximadamente dois meses em contato com os ingleses, recebeu em sua carteira de trabalho novo cargo responsável pelos desenhos das padronagens e escolha das cores da Estamparia. Segundo seu Antônio, os padrões e desenhos eram enviados pelas firmas que encomendavam o tecido estampado. Os desenhos vinham de todo o país, já com as formas e as cores estabelecidas sobre o papel. O Sr. Tibúrcio repassava o desenho encomendado para placa de zinco galvanizado (SILVA, 2010, p. 61)
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Exposição dos vestidos da Rhodia no MASP em 2015 Imagem de divulgação. http://www.fashionbubbles.com/historia-da-moda/masp-exibe-colecao-completa-de-moda-da-rhodiaentenda-a-importancia-da-rhodia-na-moda-brasileira/1 Acesso em: Junho de 2016.
Rhodia - Vestidos estampados por artistas (Foto: Rhodia/ Divulgação) http://vogue.globo.com/moda/moda-news/noticia/2015/10/masp-organiza-mostra-sobre-desfilesshow-da-rhodia-nos-anos-60.html Acesso em: Junho de 2016.
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Em 1958, a FENIT foi lançada, Feira Nacional Têxtil Brasileira, no Parque do Ibirapuera em São Paulo. O evento visava à valorização do tecido brasileiro e promovia as fibras naturais com o concurso Miss Algodão. O evento premiava os costureiros famosos da época e encomendavam estampas de artistas plásticos. O desenvolvimento de estampas e os desenhos eram criados nas indústrias e escolas têxteis Paulistas com premiações para as melhores criações e estampas das edições das FENITS.
Nos anos 1960, a empresa Rhodia convidou com frequência artistas para criação de estampas com o objetivo principal de promover a “brasilidade” na “alta-costura”, alinhavando vestuário, cultura e identidade brasileira. As criações da Rhodia não serviam especificamente para comercialização, mas para divulgação da marca. As coleções foram divulgadas no exterior para difundir. Nessa época vários artistas plásticos foram destaques na criação de estampas: O cearense Aldemir Martins, por exemplo, usou cangaceiros, cactos e futebol em suas estampas. Carmélio Cruz, também do Ceará, se inspirou em motivos afros. Os pernambucanos Francisco Brennand, Gilvan Samico e Lula Cardoso Ayres usaram flores, cores e também futebol, nessa ordem. Carlos Vergara, gaúcho de Santa Maria, brincou com cores, assim como os paulistanos Hercules Barsotti e Nelson Leirner. Até Carybé, que nasceu na Argentina, mas se naturalizou brasileiro, entrou no time da Rhodia (CIRENZA, http:// brasileiros.com.br/2015/10/artistas-que-fizeram-moda Acesso em: março de 2016.)
Comprava-se muita estampa no exterior, principalmente em Milão, Paris e Londres, e chegando ao Brasil, adaptavam as estampas aos aparelhos nacionais e criavam variantes de cores e novas artes adaptadas a partir da original. Os empresários acreditavam que seria muito caro manter um setor de criação no Brasil, e que seria difícil atualizar esse criador, que está longe da Europa. O Ministério da Indústria chegou a promover um curso de oito semanas para funcionários de fábricas para treinar a elaboração de padronagens. Os profissionais freelancers também já eram bem cotados, pois, traziam novidades às criações que não tinham nas fábricas. Quando falavam que tinham experiência no exterior ficavam mais procurados. Em 1970, a Têxtil Santa Ângela convidou Camilo Nader para o desenvolvimento de estampas, que criava estampas com temática tropical. Em 1972 a Rhodia promoveu a coleção “Brazilian Nature”, em que os mais famosos pintores do país estamparam tecidos para serem figurinizados por costureiros igualmente conhecidos. As Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo, também realizaram em 1973 um concurso de desenvolvimento de estamparia. A intenção era incentivar a produção de criação de desenhos aqui, pois, nessa época o Brasil importava cerca de 80% dos desenhos utilizados. A temática era ampla sobre referências brasileiras (tropical, fauna, flora, folclores), segundo NEIRA (2012) Zuzu Angel, estilista mineira, que teve repercussão internacional, na época, criou uma coleção inspirada em temática nacional – com Baianas, Lampiões e Marias Bonitas. Suas criações eram marcadas com motivos de anjos e situadas em um meio-termo entre a alta-costura e o prêt-à-porter.
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Estampas de Zuzu Angel Foto André Seiti, Divulgação. http://www.stylecity.com.br/pt_BR/2014/08/exposicao-zuzu-angel/ Acesso em: Junho de 2016.
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6 ANÁLISE DE RESULTADOS DA PESQUISA Alguns dos profissionais entrevistados nesse trabalho começaram suas atividades nos anos 80 e, segundo seus relatos, nessa época a profissão ainda não era reconhecida, as pessoas entravam na fábrica de roupas e descobriam o setor. Leni Coelho (entrevistada) entrou na indústria têxtil em 1984, e com 17 anos, entrou no setor de criação de estampas sendo indicada para o setor por ter dom para o desenho. Dentro do setor foi recebendo os aprendizados com o pessoal que ali já trabalhava. Celaine Refosco (entrevistada), que já tinha formação na área de artes, conta que naquela época tinha que ir atrás para aprender, que o trabalho era muito manual, todos os desenhos eram feitos manualmente, usavam-se muitas técnicas de pintura e desenho. Nos anos 90, surgiram os computadores nas empresas, o que assustou muito os profissionais que tinham dúvida se as máquinas viriam para substituir os profissionais. O computador revolucionou a forma de trabalho de todas as profissões, mas para o designer de estampas ele veio como uma nova ferramenta. E logo chegaram os softwares de edição de imagens como o Corel Draw e o Adobe Photoshop.
O Photoshop veio extinguindo o contato do artista criador com a matéria (...) o desenho se transformou em outra coisa, não está certo nem errado, é o desenho da nova era, digital, se nós pensarmos que ele (o desenho) pode ser recuperado, que o perdemos, estaríamos fazendo um serviço romântico (Herculano Ferreira, entrevistado)
6.1 SOBRE A EVOLUÇÃO DO MERCADO NOS ÚLTIMOS ANOS Nos últimos anos a procura pelo profissional que cria estampas tem aumentado. Com a popularização das estamparias digitais, o custo para produzir pequenas quantidades está mais acessível e fez com que médias e pequenas confecções pudessem produzir suas próprias estampas. Outro fator que contribuiu com o mercado é que a moda hoje está diminuindo o número de peças e aumentando o número de coleções. A exclusividade está em alta, os consumidores buscam se diferenciar com estampas exclusivas. Com isso, ao invés de comprar tecidos estampados, as confecções preferem mandar estampar suas estampas e assim passaram a comprar mais estampas de estúdios e freelancers. Até os anos 2000, os profissionais estavam dentro da indústria têxtil ou das estamparias e muitos dos desenhos exclusivos ainda eram comprados no exterior. Havia raros estúdios nacionais, e os que existiam, tinham dificuldade para vender por aqui. As empresas não confiavam nos estúdios nacionais e preferiam pagar valores muito maiores por estampas vindas de estúdios no exterior. Por volta de 2010, começaram a surgir profissionais que saíram de confecções e estamparias para trabalhar como freelances e, boa parte deles, para montar seus próprios estúdios. Os estúdios de Criação de estampas hoje tem qualidade muito alta, em alguns casos, até melhor que do exterior. A entrevistada Celaine Refosco conta que: “Quem está dentro das fábricas, nos departamentos de desenho, trabalham de forma tão acelerada que muito mais do que criadores ou desenvolvedores de produtos, eles são gestores de projetos. Teria que se criar inovação fora. Então surgem os estúdios como resposta a isso”.
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6.2 QUEM FAZ AS ESTAMPAS HOJE? Hoje há um profissional específico para criação de estampas que se dedica apenas à função de criar estampas. O nome desse cargo depende de que técnicas são utilizadas, de onde se trabalha e da cultura da empresa. Em geral, é chamado de Designer de Estampas ou Desenhista de Estampas. Além do profissional contratado para o desenvolvimento de estampas, ainda temos estampas desenvolvidas por artistas plásticos ou até mesmo por Estilistas que desenvolvem as estampas de suas próprias coleções. Por ser recente seu reconhecimento como especialidade, ainda existe pouca formação específica para o designer de superfície, assim muitos designers gráficos trabalham nos setores de moda e têxtil, pois são necessários conhecimentos da linguagem visual, como composição, formas e cores, sensibilidade estética, comunicação, identidade visual, domínio de técnicas manuais, linguagens artísticas (desenho, pintura, colagens) e conhecimentos em técnicas digitais em softwares específicos para desenvolver as estampas. Essas habilidades são pertinentes às áreas das Artes Visuais, Design de Moda e até da Publicidade e da Arquitetura, que permeiam entre os profissionais da estamparia. Dentre todas essas, a formação em design gráfico é a que se encontra mais apropriada (Vieira, 2014, pag.101).
6.2.1 Como os profissionais entram no mercado de Estampa? É comum encontrar profissionais que entraram na indústria têxtil, em outras funções, como assistentes ou as mais diversas e que, mais tarde, acabam descobrindo o setor de criação. Mas, muitos profissionais entram no mercado por desejo de colocar em prática sua vocação com as artes e essa é uma profissão que o liberta para criação de artes variadas. Dentre os entrevistados, muitos começaram em áreas afins do Design, como em estúdios de Design Gráfico, agências de publicidade e estilistas que já tinham que desenvolver suas próprias estampas e, só depois se especializaram nessa função. Ouvi muito entre os entrevistados que gostavam de trabalhar com moda e desenhos mas, não sabiam como e nem quando começar. Patty Pepper, entrevistada, alega que quando começou a trabalhar com moda era normal na indústria o estilista fazer suas próprias estampas. Para Douglas Souza, entrevistado: “Em 2005 ainda não havia tão claro como era o mercado do designer de estamparia, as pessoas que trabalhavam na área vinham de outros segmentos como ilustração e design industrial, a preocupação era maior em encontrar pessoas que pudessem executar estampas e não necessariamente criá-las”.
6.3 ONDE ESSES PROFISSIONAIS TRABALHAM ATUALMENTE? A maior parte desses profissionais no Brasil está dentro de indústrias de confecção têxtil e dentro das estamparias. Ali o setor é formado por todos os integrantes, Diretores, Estilistas, Desenhistas e Arte-finalistas. Hoje, com a maior aceitação do profissional freelancer ou autônomo, é possível trabalhar em casa, com os chamados Home-Offices. Isso faz com que o custo fixo do trabalho seja diminuído. Dos entrevistados neste trabalho, a maioria trabalha em estúdio de criação de estampas. Esse espaço é muito desejado pelos profissionais, pois dá mais liberdade para criar, sem a pressão e a rigidez das regras da indústria. Esse ambiente propicia a inovação.
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6.4 QUAL A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS QUE CRIAM ESTAMPAS PARA MODA NO BRASIL? Os profissionais que atuam no mercado atualmente tem formação diversificada. Muitos têm formação nas áreas de Design ou Moda, mas, alguns dos profissionais não possuem formação acadêmica, já que a formação superior não é um requisito para o exercício dessa função. Dentre os profissionais entrevistados, a maioria tem formação em Design, sendo Design Industrial e Design Gráfico os mais comuns, a formação em Design de Moda e Estilismo também são os que mais aparecem. Além dessas áreas, temos entrevistados formados em Publicidade, Belas Artes, Artes Plásticas, História da Arte e Comércio Exterior. É comum que profissionais que não tem formação acadêmica em Design ou Moda, possuam especializações nas áreas comuns ao Design ou Artes. Os profissionais que não possuem formação superior, em geral, fizeram cursos de aperfeiçoamento ou aprenderam de maneira autodidata. Para a maioria dos profissionais entrevistados, o mais importante para o exercício da profissão são as aptidões do profissional de criação, a formação acadêmica não é indispensável, mas é valorizada e diferencia o profissional. Nesse sentido, com propriedade, Celaine Refosco defende que: “A formação desse profissional é um assunto muito amplo que passa por conhecimento técnico, estético e plástico muito profundo. No Brasil não temos formação completa para esse profissional, é um estudo muito sofisticado, profundo e demorado. É um profissional raro por ter que saber tantas coisas diferentes”.
6.5 O QUE É NECESSÁRIO PARA SER UM PROFISSIONAL? QUAIS AS APTIDÕES NECESSÁRIAS? De acordo com os entrevistados, as aptidões necessárias ao exercício da profissão, podem ser assim elencadas: É essencial conhecer o processo de criação na moda e no design, quais metodologias e técnicas para criação. É essencial ter a capacidade de interpretação de briefings e análise crítica. Conhecer os conceitos de criação de design, moda, história da arte, cultura em geral. Para ser um profissional criativo é importante ter repertório. Saber de onde vem as referências citadas por outros profissionais, só se consegue através de estudo, pesquisa e muitas leituras. Saber de composição, Gestalt, semiótica, psicologia das cores e significados dos signos também são conhecimentos que enriquecem o trabalho do designer de estampas. É importante saber o significado do que está criando. Ter habilidades de representação gráfica e artística, como ilustração e pintura, que dão ao profissional um estilo próprio, distinguindo-o dos outros. Essas aptidões se revelam em um trabalho único e é muito valorizado pelo mercado. Hoje o conhecimento em informática é imprescindível. O profissional deve dominar as ferramentas de informática de pesquisa e criação, principalmente, os softwares para artes gráficas. Dentre os mais utilizados pelos profissionais, podemos citar: Corel Draw, Corel Painter,
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Adobe Photoshop e Adobe Illustrator. Sendo o Adobe Photoshop o mais utilizado atualmente, por isso requisitado seu conhecimento. No mercado, há um excesso de profissionais altamente hábeis em informática e poucos que sabem lidar com ferramentas manuais e criativas. Dessa forma, diversas empresas já perceberam que o desenvolvimento da criatividade e o conhecimento básico de diferentes meios manuais, que incluem o desenho, são elementos que diferenciam os designers criativos, daqueles que somente dominam meios digitais (Calderón, 2010, p.6).
Saber como funciona o processo de estamparia e estar constantemente informado sobre as tecnologias de estamparia dão ao profissional quais as possibilidades e limitações envolvidos no processo. Ele poderá antever o resultado prevendo problemas e sugerindo soluções aos clientes. Hoje até parece “fácil” criar estampas, mas há designers de todos os níveis. Não basta mexer no Photoshop, o Designer de Estampas deve ter conhecimento multidisciplinar para se destacar. Ter o hábito de pesquisar deve ser uma característica constante no profissional. Quem cria precisa saber o que está acontecendo ao seu redor. Ser criativo é trabalhar a favor do sistema e saber o que dá pra fazer também foram aptidões necessárias ao exercício da profissão.
6.6 COMO ESTÁ A SITUAÇÃO FINANCEIRA DO PROFISSIONAL? A FIRJAN, em 2014, publicou o relatório Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil, que analisou esse mercado de 2003 até 2014. Define-se Indústria criativa como as atividades profissionais e/ou econômicas que tem as ideias como insumo principal para geração de valor. O estudo definiu quatro grandes Áreas Criativas: Consumo, Cultura, Mídias e Tecnologia. Para o presente artigo, o mais relevante é a categoria Consumo, na qual estão incluídas as atividades de Publicidade, Arquitetura, Design e Moda, visto que o profissional que cria estampas está incluído ora em Design, ora em Moda. Segundo o relatório da FIRJAN, os trabalhadores criativos apresentaram um salário médio de R$ 5.422,00, superando a média de salários do trabalhador brasileiro que era de R$ 2.073, em 2013. Os profissionais de Design apresentaram um salário médio de R$ 2.760,00, o que demonstra um aumento de 8,0% em seu salário de 2004 até 2013. Os profissionais da Moda apresentaram uma remuneração mensal menor que os outros segmentos, sendo, R$ 1.412, a média. Mas tiveram o maior crescimento do salário médio (+42,1%) de 2004 até 2013. Fazendo uma média das duas áreas em que estão inseridos os profissionais que desenvolvem estampas, Design e Moda, teríamos um salário médio de R$ 2.086,00. De acordo Juliana Pelegrinello, entrevistada: “Parece-me que as indústrias acordaram para o valor desse profissional, que precisa ter entendimento técnico dos processos e de suas limitações. Precisa estar bem informado sobre as tendências nacionais e internacionais, ou seja, não basta ser meramente um operador de Photoshop”. O Site Love Mondays, é uma plataforma que reúne registros anônimos de profissionais sobre seus empregos e as empresas em que trabalham. No site, os usuários publicam o salário, condições de trabalho, benefícios e avaliam a empresa na qual estão trabalhando. Em pesquisa nesta plataforma, foram encontrados 14 registros de Designer de Estampas, em que o salário mais alto é de R$ 5.400,00 e o mais baixo R$ 2.100,00. A média de salário para Designer de Estampas a partir dos salários coletados no site ficou em R$ 3.448,18. O Love Mondays informa que os valores referem-se a salários brutos e que os valores são informados pelos usuários, os
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salários anteriores a 2013 não são publicados e os salários de 2013 a 2015 são corrigidos em 7% ao ano que seria uma média de inflação praticada pelos sindicatos. O site de vagas de emprego voltado para o setor de moda, Carreira Fashion, tem um estudo de média salarial em seu site. A média salarial do profissional pleno de CRIAÇÃO / DESIGN / DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO / ESTILO ficou em R$ 4.102,56 no Brasil. Para o Profissional Pleno de Desenho a média nacional ficou em R$ 2.868,45. Ao solicitar informações à administração do site, informaram que as vagas para designers de estampas são colocadas nas duas categorias. Em pesquisa com dez estúdios de criação de estampas do sul e sudeste do Brasil o valor de venda das estampas variou. O menor valor por estampa foi de R$ 350,00 e o maior foi de R$ 800,00, a média de valor dos dez estúdios ficou em R$ 587,00. Já entre os freelancers esse valor varia mais, temos profissionais que cobram desde R$ 200,00 até R$ 900,00 por criação de cada estampa. Segundo os entrevistados, esses valores variam conforme o grau de complexidade e detalhes da criação e quando há venda de número maior de estampas muitos estúdios dão desconto. Ao coletar a opinião dos entrevistados neste trabalho, a maioria demonstrou estar insatisfeita com o que se paga ao profissional atualmente. Principalmente, os profissionais que desenvolvem artes manuais e que se diferenciam do restante com sua arte original. Para vários entrevistados, mesmo os bons profissionais que em geral tem boa remuneração sofrem com a má concorrência e a crise econômica atual.
Ilustração desenvolvida para estampas Fonte: Acervo do Autor
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Alguns entrevistados também acham que apesar de ter havido valorização na área, valorizou-se também profissionais de baixa qualidade, que apenas copiam artes de estampas, ou que manipulam imagens de forma rápida e sem qualidade, mas que pouco criam coisas novas. Lembram ainda que essa valorização acabou gerando competidores desleais aos outros profissionais. Segundo Wagner Campelo, entrevistado: “Atualmente, ainda que de forma muito lenta, a compreensão de que o trabalho do designer de estampas pode ser fundamental para distinguir e destacar a identidade de uma marca vem aumentando”. Também é uma constatação que as estampas, mesmo tendo qualidade, acabam sendo muito similar, o que faz com que os clientes optem pelo estúdio que oferece o menor preço. Para alguns entrevistados, apesar de ainda não estarem satisfeitos, reconhecem que alguns clientes já estão reconhecendo mais seu trabalho, e outras empresas dão a entender que estamparia não passa de uma futilidade e não querem pagar o valor real. Marina Barbato, entrevistada, lembra que: “Muitas vezes o cliente compra a roupa por causa da estampa, mas muitos empresários ainda não enxergam a importância disso, achando que o nosso trabalho é só perfumaria”. Grandes redes de lojas trazem para o Brasil produtos feitos em países que tem mão de obra muito barata e matérias primas baratas. Com isso, os custos são muito inferiores e colocam a venda produtos com preços com os quais as marcas nacionais não conseguem competir. Isso gerou no empresário a necessidade de diminuir o custo de todos os insumos, como consequência, não quer pagar o valor devido pela criação de estampa, visto que hoje se tem a falsa sensação de que é fácil ser design e de que se pode utilizar qualquer imagem que esteja na internet. Portanto, também é responsabilidade do designer de estampas fazer a valorização correta do seu trabalho, verificando o numero de horas que trabalha na estampa, os materiais utilizados e os custos gerados para que possa desempenhar seu trabalho de criação.
Estampa criada com efeito de luz e água, fotografada e finalizada em Photoshop Fonte: Luciano Vercesi – Estúdio Elaia
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6.7 PROCESSO DE CRIAÇÃO DE ESTAMPAS Em geral, a criação de estampas dentro da indústria têxtil – ou estamparias - se dá através de algumas etapas:
6.7.1 Criação em indústria têxtil (confecções e estamparias) a) O estilista, através de pesquisas, monta um conceito pra sua coleção, com descrição e imagens de referência. b) Ao definir os modelos das peças de roupas, o estilista monta um briefing com as referências e a descrição da estampa que deve ser criada pelo designer. Essa ficha contém a descrição da estampa, as cores a serem utilizadas e imagens de referência para ilustrar a ideia do Estilista. c) Esse briefing é apresentado ao designer de estampas para criação. Nesse momento, também é avaliado o local em que será aplicada a estampa, tamanho da peça, tamanho dos elementos visuais. d) O Designer desenvolve a arte, a partir do que foi solicitado no Briefing do Estilista. e) Essa estampa é apresentada ao estilista. Este deve avaliar, e sendo necessário, podem ser feitas alterações ou até mesmo uma nova estampa se está for diferente do solicitado no Briefing. f) Se a estampa estiver aprovada ela será raportada corretamente e finalizada pelo arte finalista que “fecha” o arquivo de acordo com a técnica que será utilizada para estampar.
6.7.2 A criação nos estúdios ou freelancers Os estúdios costumam ter coleções de estampas, definidas por estação, por tema ou por estilo. a) Inicia-se o trabalho fazendo pesquisa de tendências e do que o mercado está solicitando. b) A partir do resultado da pesquisa estipulam-se quantas estampas serão criadas e quais profissionais as farão. c) Após a estampa criada são catalogadas e colocadas para visualização do cliente. Essa apresentação se dá, na maioria das vezes, por amostras ou por catálogo online de estampas. Embora, nos estúdios as criações sejam espontâneas para só depois ser oferecidas à indústria têxtil, a maioria deles também desenvolve estampas a partir de briefings vindo de confecções ou estamparias. “Meu trabalho atualmente é entender o que o cliente deseja e traduzir em desenho”, salienta, nesse sentido, Sophia Longo, entrevistada. Há também estúdios que desenvolvem trabalhos autorais, que não se guiam por tendências, mas por estilos próprios de desenhos. Isso é bem comum com freelancers e artistas que tem um estilo próprio de artes.
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Desenvolvimento de artes manuais para estampas Fonte: Clau Cicala, Rio de Janeiro
6.8 QUE FERRAMENTAS E MÉTODOS SÃO UTILIZADOS NA CRIAÇÃO DE ESTAMPAS? Para a maioria dos profissionais, a criação é feita manualmente, através de pinturas, ilustrações com lápis, grafite, crayon, e pinturas guache e aquarela ou técnicas diversas. Ao final, esse trabalho é fotografado ou escaneado para o computador. Sua finalização é feita no Software, geralmente o Adobe Photoshop, no qual se corrigem pequenas imperfeições, ajustam cores, repetem-se elementos e formam o rapport. Além desses trabalhos, temos outros como: colagens, experimentações, fotografias de texturas. O método comum de estampas digitais é a manipulação de imagens através de softwares. É possível desenvolver a arte diretamente no computador, e muitos profissionais fazem isso, podendo ser uma ilustração vetorial ou uma criação artística como uma pintura direta no computador, formar o rapport e fechar a estampa. Muitos profissionais também utilizam bancos de imagens, escolhendo fotografias ou ilustrações e fazendo montagens, uma composição de figuras. As figuras são recortadas, deformadas, e adequadas para que possam se encaixar e ser utilizadas com as outras formando uma composição. Isso também é comum com profissionais que fotografam os elementos e depois os tratam no computador, gerando estampas com estética fotográfica/realista. O computador é um agente, já que o computador por si só não cria as estampas. Quem tem as ideias e monta a composição é o Designer.
6.9 QUAIS AS FONTES DE INSPIRAÇÃO NA HORA DE CRIAR ESTAMPAS? A maioria dos profissionais dessa área não cria apenas um estilo de estampas. Mesmo que alguns sejam especializados num tipo estético, precisam criar o que o cliente pede e são estilos de artes muito variadas, pois, a cada estação mudam os estilos de desenhos e referências. Para ter boas ideias, o criador deve pesquisar muito e buscar inspiração em todo lugar. A internet é o meio principal para pesquisar. Sites de imagens, blogs, revistas online e redes sociais são muito utilizados. Entre as redes sociais preferidas por quem trabalha na criação, o Tumblr e o Pinterest se destacam pela quantidade de conteúdo armazenado.
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Estúdio de criação de estampas DASH Foto: Studio Dash
Espaço de trabalho da Freelancer Rubiana Reolon Foto: Rubiana Reolon, Timbó/SC
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Patty Pepper, entrevistada, procura inspiração “na arte, arquitetura e design. A ideia é não olhar só pra frente”. Muitos dos entrevistados citaram que buscam inspiração observando o que acontece na moda do Brasil e na Europa. Além dos sites e revistas de moda, os sites que produzem estudos de tendências também são ótimas fontes de inspiração. Há diversos sites de tendências, dentre eles Usefashion e o WGSN que só podem ser acessados por assinantes, são os mais conhecidos por aqui e reúnem pesquisas de tendências das próximas estações, reunindo cores, modelos, estampas e análise comportamental. Para os entrevistados, além desses meios, acham importante buscar na arte inspiração para suas criações. Muitas vezes, encontram ideias nos lugares mais variados como: livros, exposições de arte, feiras, filmes, arquitetura, fotografia, literatura, ou até mesmo observando o meio próximo. Nesse sentido, Walter Spina, entrevistado, lembra que: “Apesar de ir contra a ideia de que somos artistas, somos profissionais da indústria, há um grande fator artístico no nosso trabalho e ele é estimulado em grande parte pelo nosso repertório de vida e cultura, não há como fugir disso. Não quando queremos criar algo diferente”.
6.10 QUAIS AS MAIORES INFLUÊNCIAS NA CRIAÇÃO BRASILEIRA? O mercado hoje ainda tem como referência o que acontece no exterior. Principalmente as grandes redes de lojas da Europa. Em geral, as grifes da Europa, desfiles internacionais e sites de tendência ditam o que é criado no Brasil. Já as confecções de menor porte, mais populares e baratas reproduzem o que já esta sendo vendido hoje e se inspiram nas vitrines nacionais e na televisão. Um dos maiores influenciadores da moda brasileira ainda são as telenovelas. Luciano Vercesi, entrevistado, lembra que: “Infelizmente grande parte do mercado cria material “para inglês ver”. São referências de fora, pesquisas feitas em grandes magazines que ditam o que vai ser feito no Brasil mesmo que, muitas vezes, esse material seja inadequado ao nosso público”.
6.11 COMO EXPÕE/OFERECE SEUS TRABALHOS AOS CLIENTES? No caso dos estúdios de estampas, é comum terem representantes comerciais que levam as amostras, chamadas Bandeiras, em que a arte é estampada no tecido para apresentar aos clientes. São comuns também os catálogos impressos em papel. O mais comum atualmente são os catálogos online. Com o acesso a internet, hoje é possível que os estúdios ou freelancers disponibilizem seu catálogo de estampas na rede. Esse método facilita e diminui os custos de apresentação de estampas. Possibilita a venda para lugares longínquos e até mesmo para o exterior. É possível, em alguns casos, reservar e até comprar as estampas pelo site. Os profissionais entrevistados relatam que o catálogo online está se tornando a forma mais usual, no entanto, muitos clientes ainda pedem amostras da estampa em tecido, já que dessa forma, é possível ver a estampa com uma qualidade maior de detalhes e com cores mais próximas do que será estampado. Hoje as redes sociais ajudam no marketing desses profissionais. É muito comum ver em redes sociais, profissionais publicando fotos dos trabalhos em execução e suas técnicas.
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6.12 O MERCADO ATUAL DOS CRIADORES DE ESTAMPAS. Com o ritmo rápido que a moda vem imprimindo, o intervalo entre as coleções diminuiu e a demanda por criação de estampas aumentou. Com a chegada da tecnologia de impressão digital, também ficou mais fácil a aplicação de estampas exclusivas, gerando assim, mais modelos de roupas com menor tiragem. Com isso faz-se necessário um número muito maior de desenhos. Ao mesmo tempo em que com essa velocidade, o valor do vestuário diminui as roupas não precisam durar tanto, por essa razão, o preço também caiu, e com isso os insumos da indústria têxtil deve ser o menor possível. Nos últimos anos houve um aumento enorme do número de estúdios de criação de estampas no Brasil. Além dos Estúdios, com a chegada de tecnologia do computador pessoal, é possível desenvolver o trabalho de criação de estampas em casa. Aí se abriu o mercado de freelancers, que não é novidade, mas que agora consegue produzir artes para estampa em casa (os chamados Homme-office) com um custo fixo menor e traz ao mercado um produto do profissional sem a necessidade de contratação. Há uma tendência mundial de que o trabalho em casa tenha vindo para ficar, com isso os freelancers devem aumentar nos próximos anos, continuando a produzir para a indústria, mas de sua casa. Nos últimos 10 anos, principalmente com a chegada da tecnologia digital, as pequenas e médias confecções passaram a ter profissionais de criação de estampas dentro de suas fábricas e começaram a comprar diretamente de estúdios e de freelances, além de solicitarem desenvolvimento exclusivo. “Estampas são compradas pelos seus atributos estéticos, e esses variam conforme nossas habilidades e conhecimentos sejam eles técnicos ou culturais”, afirma Daniela Brum, profissional entrevistada.
6.13 IDENTIDADE BRASILEIRA NA CRIAÇÃO DE ESTAMPAS Não é novidade, que no Brasil copia-se muito o que se faz na Europa. Há uma cultura do consumo no Brasil de que o que é de fora é melhor. Nos anos 50 e 60, houve ações das indústrias e do governo para valorizar a indústria nacional de tecidos e, muito das estampas feitas por artistas da época para divulgar os tecidos no exterior. As grandes grifes internacionais, como Roberto Cavalli, Emilio Pucci e Dolce & Gabbana, Gucci, não desenvolvem suas roupas pensando no perfil da mulher brasileira, mas mesmo assim continuamos tendo como referência as criações dessas marcas. Nesse sentido, Patty Pepper, entrevistada afirma que: “Tudo lindo! E tudo igual!! Acho necessário que as pessoas entendam o que é estilo, e que o trabalho tenha a ‘sua cara’. Perdemos isso entre a cópia da Zara e da Gucci”. Para alguns dos entrevistados, é importante desenvolvermos uma identidade na estamparia nacional, mas, para outros profissionais, isso não seria tão relevante, já que o consumidor brasileiro gosta do que vem de fora e se espelha nos produtos do exterior. Um dos aspectos que chama a atenção foi o fato de muitos profissionais terem dito que não acham legal a maneira como se pensa em estampa com identidade brasileira, já que é muito comum remeter a temas estereotipados de flora, cores e folclore, citando muitos elementos tropicais como os tucanos, o verde e amarelo e o estilo salada de frutas - Carmem Miranda.
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Estampa da marca carioca Farm Fonte: FARM (divulgação)
Muitos apontam que poderia haver mais trabalhos com referências regionais, já que o Brasil possui diversas etnias, cenários, cores e tradições. Caberiam vários estilos de estampas para retratar essa diversidade. É natural que cada designer seja influenciado por seu local. Portanto, deve-se permitir e valorizar que as criações de profissionais do sul sejam diferentes dos do Norte, que os do litoral sejam diferentes do Cerrado. E os gostos do consumidor também variam dependendo da realidade e dos costumes de cada região. Walter Spina, entrevistado, com propriedade, lembra que: “O segredo é saber dosar essa exuberância nacional sem cair em estereótipos”. Existem marcas nacionais que mesmo acompanhando as tendências da moda internacional buscaram valorizar a estética Brasileira, compondo assim coleções que agradam seu público e valorizam sua identidade. A marca carioca FARM, tem um mix de produtos com coloração bem característica do Brasil e tornou-se uma referência quando se fala em moda brasileira. Ronaldo Fraga cria roupas que são ricas em referências culturais brasileiras e consegue traduzir essas referências em suas estampas. Há outras marcas que também são referências na moda nacional atual que levam elementos da estética nacional em suas criações: Oh,Boy!, Osklen, Lenny Niemeyer, Água de coco, Salinas, PatBo, Adriana Barra e outros.
6.14 DIFICULDADES DO DESIGNER DE ESTAMPAS NA APROVAÇÃO DE SUAS CRIAÇÕES Durante a pesquisa, perguntamos aos entrevistados qual é a maior dificuldade em relação à aprovação de estampas e com quase unanimidade, a maior dificuldade citada foi a falta de comunicação entre estilistas e Designers. Ou falta de briefing, ou briefing mal feito. Muitas vezes, o cliente envia uma referência esperando que o designer faça semelhante, porém, o designer não tem aptidões para desenvolver tal técnica e o resultado fica “parecido”. http://ffw.uol.com.br/app/uploads/desfiles/2013/10/desfile-ronaldofraga-spfw-inv2014-181.jpg
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Estampa de Ronaldo Fraga Fonte: http://ffw.uol.com.br/app/uploads/desfiles/2013/10/desfile-ronaldofraga-spfw-inv2014-181.jpg
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Na verdade, é comum em confecções atuais, estilistas solicitarem artes iguais às referências pesquisadas e, tais artes, muitas vezes, não conseguem ser desenvolvidas pelo designer escolhido. Outras vezes, quem solicita a estampa não sabe exatamente o que quer, não sabe expor, ou não dedica a atenção necessária a um briefing completo. Com isso, o designer de estampas desenvolve uma arte conforme entende a proposta. Essa arte é reprovada e acaba tendo que ser refeita diversas vezes. Alguns entrevistados citaram situações em que tiveram que “arrumar” a estampa mais de dez vezes. Também é comum pedirem mais de uma arte com o mesmo briefing para escolher qual prefere. Para Sophia Longo, entrevistada: “A maior dificuldade é não entender o que o cliente deseja, não “falar a mesma língua”. Em um trabalho criativo não há fórmulas, não há certo e errado, só gosto pessoal e a margem de interpretação de algo estético pode ser gigantesca e isso é que traz as dificuldades de aprovação” Alguns dos entrevistados também reclamam que a escolha é feita geralmente por pessoas que não pesquisam o mercado adequadamente ou que não estão por dentro do que está acontecendo, sendo muitas vezes, um diretor de outro setor da empresa ou mais comum ainda, os donos das marcas (o que já era comum desde o inicio de nossa indústria têxtil). Passando por cima do conhecimento de profissionais contratados por eles, como os estilistas e designer de estampas. Victor Carriello, entrevistado lembra que “O designer deve ter uma identidade pessoal, ele tem que colocar o olhar dele, não pode fazer conforme o olhar do outro. Essas amarras já foram cortadas. Mas isso tem que partir de cada designer”. Também deve ser uma responsabilidade do designer de estampas cobrar um briefing completo e fazer as perguntas tirando todas as dúvidas. Isso com certeza, diminuirá as dificuldades e o retrabalho. Para a entrevistada Celaine Refosco, é necessário o designer de estampas fazer-se entender também, um esforço de quem cria demonstrar sua ideia, algumas vezes, para alguns por meio de desenho, outras por meio de números. Quem escolhe muitas vezes está sendo influenciado pelo prazo e por números, dados trazido pelo setor comercial e que os não faz pensar na tendência ou inovação.
6.15 TRABALHO AUTORAL E CÓPIAS O mercado vem pedindo cópias de estampas e apesar de não ser uma novidade, isso incomoda quem cria estampas e acaba anulando a criatividade de nossas indústrias. Grandes redes de lojas trazem para o Brasil produtos feitos em países que têm insumos e mão de obra muito baratas. Com isso, colocam à venda produtos com preços que as marcas nacionais não conseguem competir. Isso gerou no empresário a necessidade de diminuir todos os custos, tentando, em muitos casos, zerar as despesas com criação, o que gera uma cultura do mais barato, pra vender logo, sem preocupação com criação. Há profissionais atualmente que se especializaram em copiar estampas, tem domínio dos softwares de criação, mas os utilizam apenas para copiar as estampas. Essas cópias são, muitas vezes, realizadas por iniciativa própria, pesquisam o que tem no mercado, e outras vezes, essas cópias são solicitadas pelos clientes. Com base em uma imagem de referência trazida pelo cliente, o designer desenvolve artes iguais às originais, muitas vezes conseguem a arte da estampa na internet e editam ou, às
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vezes, fotografam uma peça de roupa ou escaneiam o tecido gerando uma cópia idêntica. Em geral, nesses casos a qualidade gráfica dessas cópias é inferior. Para muitos dos entrevistados, um dos problemas que geram tantas cópias de estampas no Brasil, é que falta coragem por parte dos setores de desenvolvimento de produto, em especial dos estilistas, para fazer algo novo. A indústria de moda está muito acostumada a copiar e, principalmente, com a justificativa de que se deu certo com outra marca então vamos fazer isso também. O setor de vendas opina muito nas criações, com base em fatos passados, dizendo o que o cliente gostou e o que vendeu. Ainda não há uma lei severa e aplicável nesses casos de plágio, o que faz com que essa prática se perpetue. Em geral esse tipo de trabalho é cobrado com preços inferiores pelos profissionais, o que acaba prejudicando o setor, dando a falsa impressão de que esses profissionais possuem o mesmo nível de designers que realmente criam.
6.16 QUAIS AS OPORTUNIDADES HOJE? No momento atual temos espaço para profissionais qualificados que sabem desenvolver a arte de estampas pensando no modelo em que será aplicado, não basta criar arte de qualquer maneira para que essas sejam “jogadas” num tecido. É preciso conciliar pesquisa e criação, pois, é necessário buscar fontes de inspiração e fazer análise do mercado para desempenhar essa atividade. Hoje na indústria temos um cargo reservado para que profissionais desempenhem exclusivamente a função de designer de estampas. Ainda que em muitas confecções ou estamparias esse profissional tenha que desempenhar também outros papéis, como finalização de arte ou gravação, é um profissional já reconhecido para esse cargo. Além de trabalhos em indústrias também é comum o freelance, que como visto anteriormente na evolução do mercado, não é uma novidade, já existia desde a década de 60. E, ter um estúdio de estampas no Brasil está mais acessível e mais valorizado. Isso se deve ao fato de que nesses estúdios estamos não só criando estampas, mas pesquisando, mantendo-se informado. Hoje o estúdio preocupa-se em pesquisar o que é moda no Brasil e no mundo. Há oportunidade para o profissional diferenciado, aquele que se utiliza das facilidades da tecnologia de maneira inteligente e responsável, fazendo criação de estampas com suas artes, ou até mesmo com fotografias, mas, realmente trabalhando nelas. Isso é valorizado no mercado hoje e os diferencia de muitos profissionais no mercado que dependem de bancos de imagens ou que apenas copiam estampas. É possível trabalhar com bancos de imagens, já que ao se assinar alguns bancos de imagens tem-se o direito de uso e modificação, mas muitos profissionais estão apenas copiando e colando imagens, sem alterar ou acrescentar nada. O que deixa as roupas muito parecidas e a possibilidade grande de encontrar outra roupa igual com a mesma estampa, já que as pegam dos mesmos bancos de imagens. Para Ferreira (2015), a situação atual desse modo de desenvolvimento de estampas é consequência do grande número de profissionais que se inseriu nesse mercado sem o devido preparo, e que seu compromisso varia de acordo com o que lhe pagam. Esses profissionais, na busca de vender mais estampas acabam desenvolvendo seus desenhos rapidamente, sem um projeto de construção e desenhos mal construídos, muitas vezes, ainda com imagens de baixa resolução.
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6.17 PRINCIPAIS NOMES DA ESTAMPARIA NACIONAL ATUALMENTE Dentre os principais profissionais de criação de estampas e estúdios hoje os mais citados pelos entrevistados foram: Adriana Boulos, Alice Prina, Clau Cicala, Coletivo Estúdio, Dash Studio, Estúdio Capim, Estúdio Elaia, Estúdio Graphique, Studio Aurum, Estúdio Blanka, Estúdio Soul, Estúdio Ensolarado, Estúdio Daniele Zenni, Estúdio Velotrol, Estúdio Manacá, Estúdio Cor, Estúdio Vermelho, Niu Studio, Stampa Studio, Textrend, entre outros. Dentre as principais estamparias no Brasil, os entrevistados destacam: SP: Sta. Costancia, Timavo, Salete, Kalimo, Dalutex, Di Grecco, Digitex, Fiama, Miroglio, Kachani; RS: Pettenati; RJ: Werner, La Estampa; NORTE: Guararapes,Cotece,Vicunha,Fabrica Da Pedra; SC: Marisol, Lepper, Menegotti, Elian, Lancaster, Kohler, Mannrich, Texturize, Madrecor, RenauxView; MG: Cataguases,Cedro,Criata.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a pesquisa conclui que essa profissão evolui com o tempo, mas diferente do que se imaginava, não é hoje tão diferente quanto era no início do século. Pois, já existiam os Designers Têxteis, a estampa nacional já era flora e fauna, já existia cópia de estampas, e a indústria não estimulava a inovação. Com muitas mudanças no decorrer de um século da profissão, a maneira de fazer a estampa mudou, principalmente com a vinda da informática. E isso não quer dizer que perdemos habilidades ou ganhamos, hoje é outro tempo, temos photoshop, temos outras facilidades e novos jeitos de fazer. Temos como principais problemas a necessidade de ser assertivo e a chave para o entendimento é o diálogo entre quem cria a roupa e quem cria a estampa. Com essas informações percebe-se a necessidade do profissional respeitar sua profissão e entender a importância desse oficio para a moda e para a indústria têxtil, setor tão relevante para a economia nacional. Conhecendo a historia dessa profissão e ouvindo as opiniões dos profissionais foi inevitável a mudança em meu próprio modo de trabalhar com a criação de estampas. Em meio a tanta competição e necessidade de inovação, respeitar a singularidade estética de cada designer é enriquecedor para a moda. A diversidade visual resulta do trabalho de vários criadores respeitando sua originalidade.
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LISTA DE ENTREVISTADOS:
Andrea Hufenüssler Leigue - Jaraguá do Sul – SC Ana Paula Gatti – Jaraguá do Sul-SC Ariella Oliveira Silva – São Paulo-SP Caroline Bossle – Florianópolis-SC
Leni Coelho –Barra Velha-SC Luciano Vercesi –Blumenau-SC Lucius Vilar – São Paulo-SP Marina Barbato – São Paulo-SC
Celaine Refosco – Pomerode-SC
Marina Lima de Carvalho – Tubarão-SC
Clau Cicala – Rio de Janeiro-RJ
Marina Morais - São Paulo-SP
Daiane Nazario – Criciúma-SC
Patty Pepper – Blumenau-SC
Daniel Moraes – Campinas-SP
Rafael Knight – Balneário Camboriú-SC
Daniela Brum –Rio de Janeiro-RJ Daniele Zenni –Blumenau-SC Douglas de Souza –São Paulo-SP Eduardo Junckes – Blumenau-SC Flavia Vanelli – Jaraguá do Sul-SC Fernanda Maron –Rio de Janeiro-RJ Herculano Ferreira –Belo Horizonte-MG Juliana Pelegrinello –São Paulo-SP
Ricardo Romão Venera – Blumenau-SC Rubiana Reolon – Timbó-SC Sergio Gregório – São Paulo-SP Sophia Longo – São Paulo-SP Tatiana Couto - São Paulo-SP Victor Carriello – Jaraguá do Sul-SC Wagner Campelo – Rio de Janeiro-RJ Walter Spina – Campinas-SP
Julie Rambaud - Rio de Janeiro-RJ
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Denise Pitta de.Anos 70- Identidade Brasileira na Moda. Fashion Bubbles. Disponível em:<http://www.fashionbubbles.com/estilo/anos-70-identidade-brasileira-namoda-2/> Acesso em: 02 maio 2016. ANDREA, Lucía. A história da Chita, um tecido (quase) brasileiro. AUDACES, Florianópolis, Fev. 2016. Disponível em: <http://www.audaces.com/br//ultimas-noticias/2016/02/16/ahistoria-da-chita-um-tecido-quase-brasileiro>. Acesso em 8 abril 2016. BARBOSA, Luiz. A indústria têxtil no brasil e no mundo. Disponível em: < http://textileindustry. ning.com/forum/topic/show?id=2370240%3ATopic%3A442553>. Acesso em 12 de maio de 2016. BRICIO, Beth. Contra Cultura em Ipanema – Disponível em: <http://bethbricio.blogspot.com. br/2012/08/contra-cultura-em-ipanema.html>. Acesso em 12 de maio de 2016. BOSSLE, Ondina Pereira. Uma História voltada para a Indústria Catarinense-Fiesc. Fiesc., CALDERÓN, Gracia Casaretto. Estamparia: O processo criativo do designer gráfico a elaboração de estampas para uma coleção de moda. 2010. Monografia (Curso de Artes Visuais – Bacharelado em Design Gráfico) – Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2010. CHATAIGNIER, Gilda. A história da moda no Brasil. São Paulo: Ed. Estação das Letras, 2010. CIRENZA, Fernanda. Artistas que fizeram moda. Brasileiros, Out. 2015. Disponível em: <http://brasileiros.com.br/2015/10/artistas-que-fizeram-moda/> Acesso em: 21 mar. 2016. FERREIRA, Herculano – Um convite à reflexão sobre o Mercado de desenho de Superfície. Noticenter. Nov. 2015. Disponível em: <http://www.noticenter.com.br/?modulo=noticias&cad erno=cidades&noticia=10993-mercado-de-desenho-de-superficie#.V13dmTXU3IU>. Acesso em 15 Abr. 2016 FUJITA, Renata M.L.;JORENTE, Maria J. V. Revista ModaPalavra e-Periódico vol.8, n.15, jan./ jul.2015, Florianópolis. Disponível em: <http://www.revistas.udesc.br/index.php/modapalavra/ article/view/5893> Acesso em: 24 maio 2016. MAIA, Raquel C,; ANJOS, Nathalia dos. MEMÓRIAS DA MODA PRAIA NO BRASIL: UM ESTUDO DA MARCA MANVAR, Moda Documenta: Museu, Memória e Design – 2015 MANZON, Jean. Os Campeões da elegância. 1955. Vídeo. Disponível em: <http://tvbrasil. ebc.com.br/memoria-do-brasil/episodio/viagem-no-tempo-conheca-a-historia-da-fabrica-detecidos-bangu> Acesso em: 01 maio 2016. NEIRA, Luz Garcia. Estampas na tecelagem brasileira. Da origem à originalidade. 2012. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. RÜTHSCILLING, Evelise. Design de Superfície. Porto Alegre: Ed. Da UFRGS, 2008. SILVA, Dailene Nogueira da.; MENEZES, Marizilda dos Santos. Design têxtil: revisão histórica, surgimento e evolução de tecnologias. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOMETRIA DESCRITIVA E DESENHO TÉCNICO, 21, 2013, Florianópolis. SILVA, Emanuela Francisca Ferreira. Cesura e historia na memória de uma estampa que é ícone de brasilidade: a chita. 2010.Programa de Mestrado em Letras (Linguagem, Cultura e Discurso). Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, 2010.
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