Revista Veja Rio 08/03/2017

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DESCASO, AMADORISMO E IMPRUDÊNCIA: um retrato dos acidentes no Sambódromo vejario.com.br

PARTE INTEGRANTE DE VEJA ANO 50 - NO 10 NÃO PODE SER VENDIDA SEPARADAMENTE

8 de março de 2017

Acionista de grandes empresas globais, o bilionário Jorge Paulo Lemann aposta na educação como seu mais ambicioso negócio



ÍNDICE ANO 50 | Nº 10

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SEÇÕES 4 Retrato da Semana Um Carnaval vergonhoso 8 A Opinião do Leitor 10 #vejario no Instagram 12 Histórias Cariocas Quem casa agora quer cerveja 14 Beira-Mar Os bastidores dos desfiles na Sapucaí 29 Carioca Nota 10

FELIPE FITTIPALDI

30 Vida Leve O pré-treino de Bruna Marquezine

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50 Manoel Carlos “Um ano a mais, um ano a menos”

ROTEIRO 6 Programe-se 32 Restaurantes Bela Gil apresenta novas receitas 34 Bares 36 Comidinhas 37 Crianças Marchinhas são tema de musical

ESTÚDIO EUKA/DIVULGAÇÃO

38 Teatro Seis peças retornam aos palcos DANIEL RAMALHO

41 Exposições 42 Shows 45 Filmes

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Negócios Homem mais rico do Brasil, Jorge Paulo Lemann investe na educação com a abertura da Escola Eleva, em Botafogo, onde funcionava a antiga Casa Daros

Turismo Com diárias entre 2 130 e 9 030 reais, o hotel Emiliano chega a Copacabana e acirra a competição pelos hóspedes classe A na cidade

Perfil Famoso nas boates cariocas, Joãozinho King recebeu os astros do futebol americano Julio Jones e Justin Hardy em seu camarote na Sapucaí

Foto de capa: themacx/Istock e reprodução Facebook

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RETRATO DA SEMANA Pedro Tinoco | p.tinoco@abril.com.br

PÁGINA INFELIZ DE NOSSA HISTÓRIA Acidentes no Sambódromo — e cheirinho de impunidade — chamam atenção para a necessidade de uma nova gestão do Carnaval ai bater aqui. Vai bater! Bateu.” Nervosa, mas sem perder o profissionalismo, a apresentadora Fátima Bernardes deu uma de manobrista quando notou a perigosa aproximação de O Fogo de Uiangongo rumo à vidraça do estúdio da TV Globo, janelão de vista panorâmica para a Passarela do Samba. Com a caixa de marcha avariada, o quinto carro da União da Ilha rateou desde a concentração, atravessou a Sapucaí sob a vigilância de bombeiros e — vejam só a ironia — empacou de vez na Praça da Apoteose. Lá, foi empurrado na marra, para evitar maiores transtornos ao desfile. A Ilha chegou ao limite de 75 minutos permitido pelo regulamento e não perdeu pontos por um triz. Do lado de dentro da vidraça, Fátima, seu colega Alex Escobar e convidados festejaram aos gritos o sucesso da operação. Todos comemoraram o final feliz de um acontecimento inocente espremido entre catástrofes. Na véspera, no domingo (26), outro mamute sobre rodas, o Tropicarnafagia, o último carro da Paraíso do Tuiuti, atropelou vinte pessoas nos procedimentos para atravessar o setor 1 e ganhar a avenida. Mais tarde, na mesma segunda (27), parte do Nova Orleans, alegoria sobre rodas levada à Sapucaí pela Unidos da Tijuca (quatro vezes campeã), desabou, machucando doze pessoas. No calor do momento, os dois graves acidentes foram tratados como fatalidades. Esse é um erro perigoso, que deixa a porta aberta para desastres futuros. Os desfiles do Grupo Especial no Sambódromo são o ponto alto de um evento que atrai 1,1 milhão de turistas para a cidade e injeta 3,3 bilhões de reais na comba-

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4 Veja Rio 8 de março, 2017

O caos na armação do desfile da Unidos da Tijuca: socorro às vítimas em meio à passagem dos

lida economia carioca. Também são parte vistosa dos recém-celebrados 100 anos de história do samba, uma das principais manifestações da cultura brasileira. Tradicional, querido e rentável, esse ótimo negócio deveria, portanto, ser conduzido de forma transparente e profissional, mas não é o que acontece. Inexistem, por exemplo, normas técnicas para balizar a construção de alegorias, definindo dimensões, estruturas e materiais. Os carros sempre esbarraram na fiação aérea das ruas, em viadutos e até na antiga Torre das TVs, a estrutura de concreto com 9,75 metros de altura projetada por Oscar Niemeyer para alojar fotógrafos e cinegrafistas durante os desfiles. E o que aconteceu? Os obstáculos têm sido


RAFAEL MORAES

demais componentes da escola

driblados ou simplesmente removidos — foi o caso da torre no Sambódromo, posta abaixo. Abriu-se caminho para a escalada das estruturas monumentais, construídas no corre-corre dos barracões. “É imprescindível que seja criada uma comissão para estabelecer critérios específicos para a construção desses carros. Sem isso, o improviso pode levar ao acidente”, afirma Reynaldo Barros, presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ). Bem, já levou. Na Quarta-Feira de Cinzas, antes da apuração dos votos que consagrou a Portela campeã, foi lida uma nota da Liga Independente das Escolas de Samba do Grupo Especial (Liesa). O texto breve informava que,

“em solidariedade às agremiações envolvidas nos lamentáveis acidentes neste Carnaval, as escolas de samba decidiram manter todas as agremiações, sem descenso”. Tradução: apesar dos terríveis acidentes, nenhuma escola perderia pontos por isso e seria rebaixada. Sobre as vítimas, silêncio. Maria de Lourdes Maura Ferreira, esmagada contra a grade pelo carro da Tuiuti, deu entrada no Hospital Souza Aguiar com fraturas nas pernas e no crânio e, até a manhã de quintafeira, respirava por aparelhos. Eduardo Gomes mora no prédio conhecido como Balança Mas Não Cai, bem perto da Marquês de Sapucaí. Por isso, correu até o Sambódromo quando soube do desabamento de parte do carro da Unidos da Tijuca. Procurava notícias da mulher, Erica Gonçalves, foi tranquilizado e voltou para casa. Logo em seguida, recebeu uma foto dela sendo atendida pelos bombeiros e partiu para o Hospital Souza Aguiar. “Fui mais rápido a pé, ela chegou uns dez minutos depois. O pessoal da ambulância queixou-se de que falta rota de fuga, com as ruas interditadas e reboques pelo caminho”, contou. Parte da festa, o caos deveria ser visto como atribuição dos foliões, não dos organizadores do Carnaval. Na quarta (1º), peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) observaram que o carro da Paraíso do Tuiuti não estava em suas melhores condições. Tinha uma roda quebrada e acabamento malfeito, na opinião dos policiais. Além disso, a visão do motorista era obstruída por enfeites coloridos, o que o levava a dirigir orientado por cinco membros da escola, que berravam, a pé e das laterais do veículo. Ricardo de Oliveira Cardoso Jr., 32 anos, um dos destaques do Nova Orleans, o carro da Unidos da Tijuca que desabou, notou que a estrutura já balançava nos ensaios. “E, quando chegamos para o desfile, havia mais pessoas em cima do carro do que nos preparativos”, completou. Parece fácil dizer isso agora, mas os sinais de perigo eram muitos. Estrago feito, deve-se aproveitar ao menos a lição. Membro da comissão de Carnaval da Unidos da Tijuca, Mauro Quintaes alega que a escola tratou com responsabilidade a produção de seus carros. “Foram feitos ensaios e não houve reaproveitamento de materiais, mas precisamos esperar a perícia”, disse. E apontou para o caminho da sensatez: “Quando um carro da Viradouro pegou fogo em 1992, não havia um sistema eficaz de combate a incêndio. Hoje existe. É uma pena que problemas tenham de ocorrer para o Carnaval do Rio avançar”. A propósito: “Página infeliz de nossa história”, o título aí no alto, é verso do samba de Chico Buarque Vai Passar. Tomara. ß

Com reportagem de Sofia Cerqueira, Pedro Moraes e Luna Vale

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PROGRAME-SE

Editado por Pedro Tinoco | p.tinoco@abril.com.br

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seg ter qua HÉ LI O NO G UEIRA/DIV U

LE CAFÉ D’ICI Na Tijuca, o ponto serve cafés de grãos especiais em receitas como a de expresso, doce de leite, chantili e calda de caramelo (R$ 13,00). Pág. 36

CT BRASSERIE Com dois endereços, nos shoppings Fashion Mall e Village Mall, a casa francesa também prepara, sem alarde, pizzas de massa fina. Pág. 32

COTAÇÕES ➓ Péssimo Fraco Regular Bom Muito bom Excelente CARTÕES DE CRÉDITO E DÉBITO Cc: A American Express | D Diners | M Mastercard | V Visa | Cd: M Maestro |R Rede Shop | V Visa Electron

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BERG SILVA/DIVULGAÇÃO

FAIXAS DE PREÇO POR PESSOA Refeição com couvert, um prato de custo médio, sobremesa, água mineral e serviço $ até R$ 90,00 $$ de R$ 91,00 a R$ 130,00 $$$ de R$ 131,00 a R$ 220,00 $$$$ acima de R$ 220,00 SERVIÇOS DE VENDA DE INGRESSOS IC Ingresso.com, ☎ 4003-2330. IR Ingresso Rápido, ☎ 4003-1212. CI Compre Ingressos, ☎ 3005-4104. ICE Ingresso Certo, ☎ 2538-3000 e 2203-0515. TF Tickets for Fun, ☎ 4003-6464

THE CANNIBAL Na Cobal do Humaitá, a casa serve saborosos drinques na torneira, entre eles o red roses, com infusão de jabuticaba, Bourbon, tônica de pomelo e xarope de rosas. Pág. 34

LOGAN Hugh Jackman volta aos cinemas, pela oitava vez no papel de Wolverine, com novas pitadas de pancadaria e emoção. Pág. 45 NASAKE ORIENTAL FUSION O novo japonês na Barra, no Shopping Città America, tem no comando do sushi-bar João de Lima, profissional egresso do badalado Sushi Leblon. Pág. 33

FLAVIO RENEGADO O rapper mineiro mostra novo trabalho, inspirado pelo afrotrap, em uma noite no Teatro Rival. Pág. 43

UM LIMITE ENTRE NÓS Denzel Washington e Viola Davis, vencedora do Oscar de atriz coadjuvante, atuam no drama, estreia recente nos cinemas. Pág. 46 TRIBUTO A WHITNEY HOUSTON A cantora Vanessa Jackson homenageia a saudosa estrela americana no Theatro Net Rio. Pág. 42

BÁRBARA DUTRA/DIVULGAÇÃO

Os jornalistas de VEJA RIO fazem visitas anônimas a restaurantes, bares e endereços de comidinhas. Todas as despesas são pagas pela revista

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RENAN TYGA/DIVULGAÇÃO

Pagamos as nossas contas

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DESLOCADO O projeto de exposições de arte urbana chega à quarta edição com a exibição das obras de quatro artistas no Imperator. Pág. 41


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qui sex sáb dom CASA CARAMUJO Vida e morte são tratadas com delicadeza no espetáculo infantil de Gustavo Paso que ganha temporada no Oi Futuro Flamengo. Pág. 37

TAL DO CAMINHO No Sesc Copacabana, Paula Aguas estrela o espetáculo, nova coreografia de João Saldanha, concebido para a bailarina. Pág. 39 O

ANDREW-LIPOVSKY/DIVULGAÇÃO

THE PRETTY RECKLESS Taylor Momsen lidera a banda nova-iorquina em um desfile de hits e sucessos recentes no Vivo Rio. Pág. 42

REDEMUNHO Claudia Ventura, Ana Carbatti e Alexandre Dantas estão no espetáculo que estreia na Laura Alvim. Pág. 39

MAJÓRICA O reduto especializado em carnes guarda um segredo em seu cardápio: o hadoque cozido no leite, tão admirado quanto a picanha local. Pág. 33

DÉCADENCE NOIRE Exposição na Galeria Aliança Francesa Botafogo traz obras de Christiana Guinle produzidas através de iPhone. Pág. 41

JAKE BUGG O cantor inglês, jovem talento que vai do folk ao pop, passando por country e blues, mostra o repertório de seu terceiro disco, On My One, em uma noite no Circo Voador. Pág. 42

CLÁUDIA GARCIA/DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO

RENATO MANGOLIN /DIVULGAÇÃO

HISTERIA Cassio Scapin, no papel do pintor Salvador Dalí, e Erica Montanheiro estão na peça, sucesso em São Paulo que chega ao Teatro Sesc Ginástico. Pág. 39

GUSTAVO PASO/DIVULGAÇÃO

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SILVANA MARQUES/DIVULGAÇÃO

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TOM OXLEY/DIVULGAÇÃO

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BEATRIZ O novo restaurante, no hotel Vila Santa Teresa, tem pratos como o camarão grelhado sobre fios de palmito pupunha e vista estonteante da cidade. Pág. 32

DIA INTERNACIONAL DO DESIGN ITALIANO Celebrado em 100 cidades do mundo, o evento ganha programação do Istituto Europeo di Design (IED), na Urca. Pág. 41

CÚMPLICES DE UM RESGATE A novelinha teen do SBT inspira o show homônimo, em turnê que chega ao Metropolitan, na Barra. Pág. 37 HOCUS POCUS FESTIVAL No Cais da Imperatriz, na Rua Sacadura Cabral, o festival promovido pela cervejaria Hocus Pocus reúne geladas e rock progressivo ao vivo. Pág. 43 Veja Rio 8 de março, 2017 7


A OPINIÃO DO LEITOR RIO, 452 ANOS A folia nas ruas e avenidas mostra claramente que não temos crise, não temos problema algum e nossa vida é só alegria (“Amor de Carnaval”, 1º de março). Afinal, como bem diz a matéria, quem não gosta de samba bom sujeito não é; é ruim da cabeça ou doente do pé. Falar mais o quê? Antonio Jose Gomes Marques, via Facebook

O Carnaval, dizem, é a festa mais democrática do mundo e comporta todo tipo de público. Na verdade, além da paixão e da piração, o dinheiro fala alto — e como fala. Esse é o Brasil que temos e não mudamos nunca, a cada ano que passa. Marieta Barugo, via Facebook

COMPORTAMENTO Quanta idiotice nessa nova mania de usar rabos de peixe (“Sereias por um dia”, 1º de março). Quando pensamos que já chegamos ao fundo do poço, aparece uma bobagem para mostrar que o buraco é mais embaixo. Dalva Feitosa Santana, via Facebook

A realidade anda tão dura que essas moças estão fantasiando. Só isso justifica tal comportamento. Vanessa Bastos, via Facebook

A imbecilidade, parece, tornou-se uma condição universal. Rosanna Sá, via Facebook

Nunca vi nada mais cafona.

HISTÓRIAS CARIOCAS Quem sabe outras cidades que tiveram o privilégio e a bênção de ser cortadas pela Mata Atlântica, e ainda não têm ações para recuperá-la, tomem como inspiração o modesto exemplo das cidades fluminenses (“Verde esperança”, 1º de março). Abel Pires Rodrigues

BEIRA-MAR À parte o quadro na parede, esse restaurante dispensa um tratamento grosseiro aos clientes, seja pelos donos, seja pelos funcionários (“Adeus, Salazar”, 1º de março). Mudar de nome não fará com que se tornem mais educados. O espírito de lá faz par com o dos taxistas grossos do Rio, que acreditam estar prestando um grande favor em servir às pessoas e não entendem que o cliente tem sempre razão. Moro ao lado do restaurante e conheço bem a região — há coisa muito melhor por aqui. Osvaldo Novais, via Facebook

Carla Riquet, via Facebook

Com todo o respeito, essa história de querer bancar a sereia só pode ser para aparecer. Tentar realizar esse tipo de sonho e ainda pagar por isso é algo no mínimo estranho. Virar sereia para quê? Bem, há sempre as fotos e as redes sociais. Afinal, tudo ali vira novidade e modismo. O ser humano está cada dia pior e mais personalista, não se importando com mais nada a não ser as selfies que publicará. Z. Baruch Jr. 8 Veja Rio 8 de março, 2017

Essa gente que atacou o Salazar na parede é muito seletiva. Duvido que se horrorizasse com um restaurante que ostentasse a foto de Che, Fidel ou Lenin. São genocidas também, porém de esquerda, legais e cool. Rodrigo Neves, via Facebook

Torço muito para que dê certo. Boa sorte. Porque com aquele senhor grosso e ignorante, até que durou muito. Priscila Abreu, via Facebook


Fundada em 1950

VICTOR CIVITA

ROBERTO CIVITA

(1907-1990)

(1936-2013)

Conselho Editorial: Victor Civita Neto (Presidente), Thomaz Souto Corrêa (Vice-Presidente),

Alecsandra Zapparoli, Giancarlo Civita e José Roberto Guzzo Presidente do Grupo Abril: Walter Longo Diretora Editorial e Publisher da Abril: Alecsandra Zapparoli Diretor de Operações: Fábio Petrossi Gallo Diretor de Assinaturas: Ricardo Perez Diretora da Casa Cor: Lívia Pedreira Diretor da GoBox: Dimas Mietto Diretora de Mercado: Isabel Amorim Diretor de Planejamento, Controle e Operações: Edilson Soares Diretora de Serviços de Marketing: Andrea Abelleira Diretor de Tecnologia: Carlos Sangiorgio Diretor de Redação: Daniel Hessel Teich

Circula semanalmente com a revista VEJA, na região metropolitana do Rio de Janeiro Editores: Fernanda Thedim, Pedro Tinoco, Sofia Cerqueira Repórteres: Carolina Barbosa, Carolina Zappa, Daniela Pessoa, Fabio Codeço, Pedro Moraes, Renata Magalhães Editora de Arte: Marta Teixeira Designer: Aline Ranna Pesquisadora de Foto: Maria de La Gala

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#VEJARIO NO INSTAGRAM

Concurso de fantasias A criatividade dos foliões que se enfeitaram para curtir o Carnaval de rua foi um capítulo à parte durante os dias de folia

@carolmagoga entrou no embalo do Amigos da Onça

FOTOS REPRODUÇÃO INSTAGRAM

No clique de @hgbuzak, Frida faz uma chuva de confete

@douglasinho destacou o colorido da fantasia de pirulito no Toca Raul

@fe_gusso registrou os pequenos vestidos de Matte Leão 10 Veja Rio 8 de março, 2017

Mas que calor! @marcellecaldas fotografou um dos participantes da Banda do Riviera


Direto do túnel do tempo, @marconifilardi clicou o Chacrinha com um grupo de Paquitas

Vermelho é a cor mais quente na foto de @marcelatreiger

@raquelpoti mostrou que tem muito samba nas pernas de pau

A criativa alegoria de caracol no Desce Mas Não Sobe, por @p_clima

@bina_tavares e seu cardume de sereias nadaram até a Ilha de Paquetá para curtir o Pérola da Guanabara

Próxima missão Detox pós-Carnaval: ioga e meditação ajudam a relaxar Inspire-se na frase acima, tire uma foto e compartilhe-a no Instagram com a marcação #vejario_ioga. Se o seu registro for escolhido, ele participará de uma eleição on-line na terça (7) pela nossa página

no Facebook. Mobilize os amigos: as quatro imagens mais votadas serão publicadas na próxima edição de VEJA RIO e no site. Saiba mais em www.vejario.com.br/especial/missao-instagram Veja Rio 8 de março, 2017 11


HISTÓRIAS CARIOCAS

Heloiza Gomes | helogomes.vejario@gmail.com

DENTRO DA CAIXA Usados para transporte de carga, os contêineres ganharam função charmosa. Compõem ambientes como o da descolada Vila Butantan (foto), inaugurada há seis meses em São Paulo. O sucesso do espaço, um shopping aberto com 221 lojas e praça de food trucks, inspira uma expansão carioca. “O Rio sempre esteve na nossa perspectiva, principalmente em regiões onde o contêiner possa fazer sentido, como o bairro do Santo Cristo. Já há estudos para viabilizar o projeto”, conta Soraia Gallo, gerente de marketing da Vila. Na mesma linha, a dos caixotes a serviço da arquitetura, a Zona Oeste ganha, até o fim do ano, o Contêiner Park, com oitenta lojas em 160 caixotes gigantes. A tendência se explica: essa estrutura custa 40% menos do que a de obras convencionais.

Check in depois dos 70

VÉU, GRINALDA E CERVEJA

12 Veja Rio 8 de março, 2017

VIDEOPONTOCOM/DIVULGAÇÃO

FOTOS RICARDO MURDOCCO/DIVULGAÇÃO

Nada de bem-casado: a novidade nas celebrações de matrimônio pela cidade é a oferta de cerveja artesanal como um mimo para os convidados. Os pombinhos, inclusive, participam da produção da bebida. “Oferecemos uma receita exclusiva, com rótulos personalizados, com foto dos noivos, que escolhem o nome da cerveja”, conta Bruno Lopes, sócio da loja As Melhores Cervejas do Mundo, pioneira na adoção do serviço. Tatiana do Rêgo Monteiro, da Bierholic, também aderiu à proposta em parceria com uma cervejaria. “A fábrica nos fornece a bebida sem rótulo e nós a personalizamos para presentear e servir na festa, em esquema de open bar”, explica.

Na comédia francesa E Se Vivêssemos Todos Juntos? (2011), um grupo de amigos setentões decide dividir o mesmo teto, enfrentando prós e contras desse tipo de convivência. O endocrinologista Tércio Rocha promete mais prós com o projeto Mandala Senior Living, voltado para idosos lúcidos e ativos. O médico propõe ao público da terceira idade estada em hotéis — como o Copacabana Praia (foto) ou o Promenade Link Stay, na Barra —, com serviços diferenciados, entre eles médicos 24 horas, psicólogos e passeios. O paraíso tem seu preço: 15 000 reais mensais.


ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO/DIVULGAÇÃO

MEMÓRIA

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RODRIGO GIANESE/DIVULGAÇÃO

agentes penitenciários... ...participam do primeiro curso de formação em direitos humanos, promovido pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro e pela Secretaria Estadual de Administração Penitenciária. No programa de trinta horas, que termina na terça (14), são abordados temas como população de rua, gênero, sexualidade e diversidade no cárcere.

AS PEDRAS DO CAIS Cenário de relevantes episódios históricos, como a entrada de escravos vindos da África e de imigrantes europeus, passando pela chegada da família real, em 1808, a região portuária e seus bairros — Gamboa, Saúde, Santo Cristo e Caju — são esmiuçados no livro Rio, um Porto entre Tempos: Modos de Ser, Modos de Conhecer (editora Bazar do Tempo), da historiadora Maria Inez Turazzi. A

área, recentemente remodelada no projeto Porto Maravilha, ainda abriga monumentos ao passado, como o Cemitério dos Ingleses e o Moinho Fluminense, a primeira fábrica de moenda de trigo do Brasil, inaugurada em 1887. Na foto acima, incluída no livro, o moinho tinha como vizinhos um grande cortiço e áreas alagadas que, após o aterro, dariam lugar à Praça da Harmonia.


BEIRA-MAR

Daniela Pessoa | daniela.pessoa@abril.com.br

CONSTELAÇÃO NO SAMBA Musa do viaduto. O título de Rainha da Concentração de 2017 foi, indiscutivelmente, de Susana Vieira 1 . Do alto do viaduto, o povaréu gritava seu nome enquanto ela se aprontava para o desfile da Grande Rio. “Aperta mais o corset! Quero ficar com a cintura bem fina!”, ordenava em seu típico tom imperial. “Agora, sim, estou linda! Eu estou sempre linda”, vangloriavase. Sem pestanejar, reivindicou um enredo em sua homenagem para brilhar ainda mais absoluta. “Ivete e eu somos muito parecidas. A gente se joga, trabalha, é feliz. Somos adoradas pelo povo. Está escutando esses gritos para mim?”

mais cheirosa do Carnaval”, diz, dando sua inconfundível gargalhada.

Mulher solteira procura. Após um hiato de quatro anos sem cruzar a Sapucaí, a ex-modelo Luiza Brunet 4 voltou com tudo como destaque da Imperatriz e, em seguida, esbaldou-se em um camarote. Ainda com o rosto pintado, caiu na pista de dança, ao som de uma banda ao vivo. Ao ouvir do intérprete o pedido “Quem tá solteiro aí, dá um grito e levanta a mão!”, ergueu os braços. Sobre o assédio de possíveis pretendentes, foi enfática: “Estou tranquila, sosEle quer fazer novela. Filho do ator segada. Não viu? Fiquei na britânico William Russell com uma brasilei- pista dançando e ninguém 2 ra, o inglês Alfred Enoch 2 , do seriado chegou”, brincou a musa. americano How to Get Away with Murder, trocou a premiação do Oscar pela folia Dieta do amor? A apresen(Viola Davis, com quem contracena na sé- tadora Fernanda Gentil 5 desrie, levou a estatueta de melhor atriz coad- filou com a namorada, a jornalista juvante pelo filme Um Limite entre Nós). Priscila Montandon, num camarote, no “Também estive em alguns blocos de rua, domingo. De mãos dadas o tempo todo, e fiquei surpreso que as pessoas me reco- elas foram coroadas de elogios. “Vocês são nheceram. Não fazia ideia do alcance do lindas”, disse um folião entusiasmado. Maprograma no Brasil.” Arriscando passinhos gérrima, Fernanda conta que está de de samba, o artista disse que sonha atuar dieta desde que deu à luz o filho Gano país. “Adoraria fazer novela. Assisti à no- briel, de 1 ano. “Não emagreci porque vela Passione inteirinha.” O simpático sorri- estou amando, não! E sim porsão, aliás, conquistou uma morena anôni- que fiquei traumatizada com a ma no camarote (teve muito beijo na boca). gravidez. Engordei 15 quilos”, disse bem-humorada. A cheirosa da bateria. O item que mais deu trabalho na fantasia de rainha Tropa de choque. de bateria de Sabrina Sato 3 , da Vila Ivete Sangalo 6 foi a Isabel, foi a peruca loira cacheada. Con- verdadeira rainha da Marfeccionado pela mesma empresa que cria quês de Sapucaí. Todos se espreas cabeleiras usadas pela cantora ameri- miam nas frisas e nos camarotes para dar cana Beyoncé, o adereço, que custou uma olhada na sua apresentação na co1 500 dólares, chegou apenas dois dias missão de frente da Grande Rio. O esqueantes do desfile. Todos os ajustes foram ma montado para ela entrar na avenida foi feitos através de fotos enviadas pela in- gigantesco. A cantora chegou num comternet. Toda perfumada, a musa revelou, boio de três carros blindados e foi recebiainda, que exagera mesmo na fragrância: da por mais de trinta seguranças, que “A minha bateria diz que sou a rainha protegiam o camarim móvel. Lá, durante 14 Veja Rio 8 de março, 2017

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Com reportagem de Carolina Barbosa, Pedro Moraes e Jana Sampaio

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pouco mais de uma hora, recebeu uma romaria de convidados e mimos como enormes barcas de comida japonesa.

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Na boca do povo. Passados quase quinze anos desde que foi eleita a Musa da Copa do Japão e da Coreia, a apresentadora Fátima Bernardes 8 foi um dos assuntos mais comentados entre os internautas. Solteira, atacou de modelitos decotados e colados e entrou para os trending topics do Twitter nas duas noites de transmissão. Penas proibidas. Agarrada à grade do camarote de uma cervejaria para assistir à passagem da mãe, Luiza, na Imperatriz, a modelo e atriz Yasmin Brunet 9 filmava cada detalhe da escola, em que pretende estrear em 2018. “Só desfilei quando ainda estava na barriga dela, mas no ano que vem é certo que eu vou.” Ela só tem uma ressalva: “Não me importa o tamanho da fantasia, só não vou usar penas de verdade, porque sou vegetariana”.

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Fofo da mamãe. Lucas Jagger 10 , filho do líder da banda Rolling Stones, Mick Jagger, e da apresentadora Luciana Gimenez, parecia perdido. Pela primeira vez na Sapucaí, o rapaz fez questão de acom9 Veja Rio 8 de março, 2017 15

FOTOS: DANIEL RAMALHO (1 E 3); FELIPE PANFILI (2 E 5); REPRODUÇÃO DE INSTAGRAM (8); PAULO CAMPOS/FOLHAPRESS (4); ANDRÉ FABIANO/FOLHAPRESS (7); MARCELO CORTES (6); CLEOMIR TAVARES (9)

Lei da censura. Melhor amiga de Ivete Sangalo, Xuxa 7 não poderia faltar no desfile em homenagem à cantora baiana. “Só estou aqui por ela, a Veveta merece tudo isso. Para mim, já deu. Não quero mais ser enredo de Carnaval”, disse a apresentadora, que já foi homenageada pela Unidos do Cabuçu, em 1992, e pela Caprichosos de Pilares, em 2004. Na transmissão da Rede Globo, a participação da loira passou quase despercebida. Xuxa ficou apenas oito segundos no ar.


FOTOS: FELIPE PANFILI (11 E 15 ); REPRODUÇÃO DE INSTAGRAM (12 E 14); RAQUEL CUNHA/FOLHAPRESS (10); BRUNO RYFER/DIVULGAÇÃO (13)

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panhar a mãe em seu retorno à Marquês de Sapucaí. “Esse momento é muito importante para ela, e eu quis dar apoio.” O adolescente fez de tudo: tirou fotos, improvisou um abanador e segurou o costeiro da mãe. Enquanto isso, Luciana se derretia. “Ele é um fofo, né?”

curtiu de camarote. “Adoraria ser rainha de bateria, mas aceito tudo. Se eu estiver bem comigo mesma, vou até nua”, prometeu. “No momento, preciso endurecer o bumbum. Balança muito, menina!” Marido exemplar. Acusado de agredir a ex-mulher durante sua campanha eleitoral para a prefeitura do Rio, o deputado federal Pedro Paulo foi um dos poucos políticos a sassaricar na Sapucaí neste ano. Acompanhado da atual esposa, Tatiana Infante, vivia um clima de puro romance. Obediente, deixava-se arrastar pela mulher para onde ela quisesse, fosse para a frisa do camarote onde estavam, fosse para os shows que rolavam no interior do espaço.

Rei da selfie. Ex-ministro da Cultura no governo Michel Temer, Marcelo Calero 11 mostrou-se um folião de carteirinha. Esteve no tradicional baile do Copacabana Palace e em dois camarotes da Sapucaí, sem economizar nas selfies. Entre um desfile e outro, o diplomata ajeitava o cabelo e se fotografava, além de atender os fãs. “As pessoas ainda me param para falar da minha decisão de sair do governo”, conta ele. “Fazia quatro anos que não tirava férias. Agora, Bela, recatada e do lar (#sóquenem quero pensar em trabalho.” não). Quase primeira-dama do Rio, a nova namorada do deputado estadual Marcelo Operação bumbum. Nas passarelas, po- Freixo 13 deixou muito marmanjo boquiade até não haver disputa entre as angels da berto com sua fantasia no Baile da Arara, Victoria’s Secret, mas é fato que a angolana organizado por Malu Barreto e Vik Muniz Maria Borges 12 , 1,93 metro, 24 anos, saiu em Santa Teresa. Trajando um maiô com as na frente da colega piauiense Lais Ribeiro, costas ultracavadas, pernocas de fora, in1,80 metro, 26, no Carnaval. Musa da Mocida- quietou o companheiro. Freixo, que usava de, Maria estreou na avenida antes de Lais, um adereço com os dizeres “Fora, Temer”, que é doida para desfilar mas neste ano só era só atenção com a amada. 16 Veja Rio 8 de março, 2017

Chamem a polícia. Thaila Ayala 14 não é das mais simpáticas, e isso não é novidade. Convidada de Malu e Vik, ela apareceu de policial sexy, com saia de couro, correntes, algemas e estrelas nos seios, mas fechou a cara e se recusou a posar para fotógrafos. “Hoje ela está de folga”, driblava a promoter Carol Sampaio (Thaila nem sequer abria a boca). No fim da festa, acabou presa — ela própria fechou a algema sem querer num dos punhos. No dia seguinte, chamou a polícia para soltá-la. Troféu polêmica. Esse ficou com Joaquim Lopes 15 . Tudo começou com a notícia, veiculada no fim de semana por um jornal, de que o ator havia ultrapassado os limites ao abordar a apresentadora Ticiane Pinheiro num camarote. Na terça (28), a publicação voltou ao tema, detalhando que Tici havia desabafado com a amiga Luana Piovani sobre o assédio. Furioso com o que chamou de “fabricação de um escândalo”, Lopes reagiu declarando que processará o jornal e todos os que publicaram a informação que diz ser falsa. “Ele ficou perplexo com a situação. Me ligou chorando”, conta o advogado Ricardo Brajterman, que já atendeu a própria Luana. ß



Negócios

UM NOVO SONHO GRANDE Conhecido pela obstinação com que busca oportunidades bilionárias mundo afora, Jorge Paulo Lemann, o homem mais rico do país, aposta agora suas fichas na educação

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om uma rotina dividida entre Brasil, Europa e Estados Unidos e protagonista de algumas das maiores transações financeiras do capitalismo mundial, Jorge Paulo Lemann fechou a agenda do último dia 17 para dedicarse a um negócio em especial. Diante de uma plateia de oitenta alunos da Escola Eleva, que acaba de abrir as portas com a ambição de se tornar a melhor instituição de ensino brasileira, e da qual é um dos donos, ele falou sobre sua adolescência, os tempos de estudante e empreendedorismo. Bem-humorado e atencioso, o homem mais rico do país (e 19º do mundo) respondeu a uma saraivada de perguntas sobre a experiência de estudar fora, o início de seu império de empresas globais e a situação atual do Brasil. Emendou a conversa com uma palestra para funcionários do colégio, instalado no prédio centenário da antiga Casa Daros, e seguiu para o escritório da Cultura Inglesa, também em Botafogo. Ali, discorreu por mais de uma hora sobre sua fórmula de sucesso para uma plateia de coordenadores e estagiários da rede de idiomas, comprada em junho e parte do mesmo grupo formado pela Eleva e 18 Veja Rio 8 de março, 2017

Q VISTA! IMAGENS AÉREAS

Sofia Cerqueira

A Escola Eleva, em Botafogo: investimento de 100 milhões de reais

outras redes de ensino, controlado pelo Gera Venture Capital, que tem o bilionário como principal investidor. Curiosamente, naquele mesmo dia, veio à tona mais uma tacada dos executivos que trabalham em uma das maiores empresas de Lemann, o gigante americano do ramo de alimentos Kraft Heinz. A companhia, em um movimento surpreendente, havia tentado comprar a multinacional anglo-holandesa Unilever por 123 bilhões de dólares. A proposta, vista como extremamente agressiva, foi rechaçada pelos europeus. Ainda assim, em nenhum momento turvou o foco de atenção de Lemann em relação aos professores e estudantes cariocas. Animado e falante, ele dei-


xou claro que tem uma nova obsessão: criar um projeto educacional de impacto sem precedentes no Brasil. “Em muitas de suas empresas Lemann nem sequer participa do conselho de administração, mas faz questão de estar no nosso e de comparecer a todas as reuniões”, revela Marina Fontoura, economista e presidente da Cultura Inglesa. A escolha do Rio como ponto estratégico para alavancar a atual menina dos olhos do megainvestidor foi calcada, como é praxe no mundo empresarial, em estudos de mercado que revelavam um espaço confortável para esse tipo de iniciativa. A isso se soma a forte relação afetiva do financista, de 77 anos e dono de uma fortuna estimada em

30 bilhões de dólares, com a cidade. Embora hoje tenha domicílio oficial em Genebra, na Suíça, ele nasceu aqui, foi criado no Leblon e passou a juventude jogando tênis no Country Club e pegando ondas no Arpoador. Antes de ocupar uma cadeira no curso de economia em Harvard, nos Estados Unidos, fez todo o ensino básico na Escola Americana, na Gávea. Uma das histórias que costuma contar em suas palestras é quanto a fluência no inglês desde a infância se tornou uma grande vantagem pessoal e lhe abriu portas para o mundo. Daí a compra da rede da Cultura Inglesa não ser um fruto do acaso nem uma transação meramente impulsionada por indicadores. Com sede no Veja Rio 8 de março, 2017 19


20 Veja Rio 8 de março, 2017

Quando os negócios se unem à filantropia A atuação educacional do financista que controla gigantes globais como AB InBev, Burger King e Heinz se dá em duas frentes

GERA VENTURE CAPITAL O fundo do qual Lemann é o maior cotista possui quatro redes de colégios dedicados ao ensino elementar, cursos pré-vestibular e de idiomas que compõem o segundo maior grupo de escolas privadas do país

FELIPE FITTIPALDI

Rio e unidades no Espírito Santo, Distrito Federal e Rio Grande do Sul, num total de 79 filiais e 61 000 alunos, a aquisição feita pelo time de Lemann — é assim que é chamada a equipe de jovens líderes que tocam seus negócios — envolve planos ambiciosos. Com uma injeção de 50 milhões de reais em até três anos, o objetivo é transformar o tradicional curso de idiomas, no mercado há mais de oito décadas, em uma escola alinhada com o que há de mais inovador e eficiente no ensino mundo afora. “Nós não queremos ser só a melhor escola de inglês, mas oferecer ferramentas que possam fazer do nosso aluno um cidadão global”, afirma Marina, que aos 38 anos já trabalhou em grandes consultorias e na maior rede de shoppings do país, além de exibir um MBA em negócios na mesma universidade nos Estados Unidos que seu chefe frequentou. Um dos donos da AB InBev, a maior cervejaria do mundo, e de empresas como a rede americana de fastfood Burger King, o carioca filho de suíços capitaneia uma máquina de aquisições. Uma vez assumida uma nova companhia, processa-se a implantação de uma radical cultura da eficiência, com rígido controle de custos, obsessão por resultados e meritocracia. Na empreitada educacional, não é muito diferente. Entretanto, no lugar dos bônus polpudos que animam seus executivos a tratar os negócios como se fossem seus, a ideia aqui é premiar os melhores com cursos fora do país. Outro conceito do financista adotado à exaustão nas suas empresas também virou lema nas escolas que o grupo comanda: em vez de tentar inventar a roda, devem-se buscar as iniciativas mais bem-sucedidas no setor e adaptá-las. A Escola Eleva foi concebida com base em uma síntese do que existe de melhor em práticas educativas no mundo, enquanto gestores da Cultura já estiveram nas prestigiadas universidades de Harvard e Stanford, nos Estados Unidos, e agora visitarão escolas em Singapura, onde o ensino da língua de William Shakespeare atinge os padrões de excelência. Além do inglês, é claro, o objetivo é desenvolver a criatividade, o pensamento crítico e a visão global dos alunos, qualidades valorizadas em toda área profissional. Entre as inovações, por exemplo, um dos cursos prepara jovens para palestras como as da grife TEDx e entrevistas de emprego. Os estudantes podem ainda trocar experiências com turmas ou especialistas de qualquer país com o auxílio de plataformas digitais internacionais. A dedicação de Lemann ao projeto não surpreendeu apenas o mercado como também quem está ali dentro. “Ele chegou perguntando o que a gente queria saber dele. Falou de forma simples sobre o seu sucesso global. Saímos inspirados”, entusiasma-se Thiago Diaz Abreu, 24 anos, um dos trainees da Cultura que participaram da conversa com o investidor.

Sala de aula na Cultura Inglesa, em Botafogo: laboratório de excelência

100

50

milhões de reais

milhões de reais

investidos na Escola Eleva, que se propõe a ser a melhor instituição de ensino privada do país, com capacidade para 1 400 alunos (hoje são 360)

serão aplicados por três anos no reposicionamento da Cultura Inglesa, instituição com 61 000 estudantes (45 000 deles no Rio) e 79 unidades

37 000 matriculados

em setenta filiais das redes Pensi, Elite, Coleguium e Alfa, adquiridas a partir de 2010


ÉD

US

AK

SCOTT OLSON/AFP

Quando se trata de domínio da língua universal, o Brasil ainda está no bê-á-bá. Um estudo do British Council mostra que 5% dos brasileiros falam inglês, sendo só 1% fluente. Ao serem acrescentadas outras disciplinas, o quadro fica mais desolador. Números do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), aplicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e considerado o ranking mundial do ensino, revelam que vamos de mal a pior. Entre setenta países participantes, ficamos na 63ª poDR AN sição em ciências, na 59ª em leitura e na 66ª colocação em matemática no último levantamento, em 2015. Em tal cenário, chama atenção o novo sonho grande de Lemann — ele costuma denominar assim suas epopeias corporativas. Sua ambição é tornar o país uma potência educacional, germinada a partir do Rio, mais especificamente na Escola Eleva, o xodó do empresário e a face mais vistosa do conglomerado de quatro redes educacionais que Lemann iniciou em 2010 e é hoje o segundo maior grupo de colégios privados do país. Um passeio pelo interior da unidade impressiona. As instalações, em um belíssimo prédio histórico, com salas impecáveis, oferecem o que há de melhor e mais moderno. Nos corredores, palavras como excelência, entusiasmo e respeito estão escritas nas paredes como uma espécie de mantra a ser continuamente lembrado pelos alunos. Em vários pontos, há tigelas com frutas à disposição para estudantes e funcionários comerem quando desejarem. A biblioteca e o laboratório high-tech assemelham-se aos de universidades americanas. Por uma vaga na escola, que consumiu um investimento de 100 milhões de reais e por enquanto tem 360 alunos, aguardam 1 200 nomes na fila de espera. Além do rigor curricular, oferece matérias eletivas para atender aos interesses individuais dos estudantes. Professor da disciplina habilidades de vida (que discute conceitos como perseverança, proatividade e colaboração), Caio Lo Bianco, 24 anos, é um entusiasta do projeto. “Tive a chance de ter um aprendizado que despertou minhas aptidões e quero proporcionar isso a outras pessoas”, diz o economista de formação, que estudou na Universidade de Nottingham, na Inglaterra, e fez cursos na China, na Alemanha e no Canadá com uma bolsa da Fundação Estudar — criada em 1991 por Lemann e seus sócios Beto Sicupira e Marcel Telles, parceiros nos grandes negócios globais (veja o quadro na pág. 22). Prática comum nos Estados Unidos, as doações de exalunos bem-sucedidos às universidades por onde passaram, os chamados fundos de endowments, nunca emplacaram por aqui. Se tal hábito tivesse vingado, talvez instituições como a Universidade do Estado do Rio de Janeiro

INVESTIMENTOS SEM FINS LUCRATIVOS

REPRODUÇÃO FACEBOOK

Dono de um patrimônio estimado em 30 bilhões de dólares e o 19º homem mais rico do mundo segundo a Forbes, o empresário custeia há uma década e meia a fundação que leva seu nome e apoia a Fundação Estudar

Lemann em visita em escola pública: imersão na realidade brasileira

20

2

milhões de jovens

milhões de alunos

estudaram com o apoio das plataformas digitais disponibilizadas pela Fundação Lemann no ano passado

se prepararam para o Enem em 2016 por um programa de simulados apoiado pelo empresário

388 bolsistas

bancados pela Fundação Estudar fazem mestrado ou doutorado em universidades de ponta fora do Brasil, com foco em gestão pública

Veja Rio 8 de março, 2017 21


REPRODUÇÃO FACEBOOK

O empresário assiste a uma aula em São Paulo: projetos voltados para escolas públicas

“No projeto, sou um grande batedor de palmas” Em depoimento concedido com exclusividade a Veja Rio, Jorge Paulo Lemann, 77 anos, explica sua fixação pela educação iajando pelo mundo, observei que os países que mais crescem têm as seguintes características: um excelente sistema educacional e um empreendedorismo desenvolvido e meritocrático. Não adianta só ter a educação. É preciso que existam milhares de empreendedores para gerar empregos. Só estatal gerando emprego não funciona em nenhum lugar do mundo. A educação por si só não resolve, mas melhora a governança do país, a estabilidade política e a equidade de oportunidades para todos, além de criar melhores empreendedores. Portanto, tenho investido em educação para melhorar o país, e, quando isso é ligado a empreendedores excepcionais como no Gera, Eleva e Cultura, fico ainda mais animado. Eles querem construir um negócio perene, e, para isso acontecer, terão de inovar e oferecer uma qualidade excepcional na área educacional. No projeto, eu sou um grande incentivador, fornecedor de algumas tecnologias gerenciais e recursos, e batedor de palmas. A equipe de sócios executivos do grupo Gera são os verdadeiros donos do negócio e responsáveis pelo sucesso atingido até agora. E eles vão muito mais longe. Em especial, no caso da Cultura Inglesa, o que me motivou a investir foi o grande impacto que a fluência no inglês, sem dúvida o idioma universal de hoje, pode ter em inserir o brasileiro no mundo, para que possamos cada vez mais ter uma atuação global. A Cultura Inglesa é uma instituição tradicional, com mais de oitenta anos de história, que sempre teve uma trajetória de sucesso, destacando-se por sua excelência acadêmica. Sem dúvida, esse compromisso permanente com a qualidade, aliado com o movimento que estamos fazendo de inserir práticas de gestão e trazer inovação e benchmark globais de educação, é muito animador no que se refere às perspectivas para o negócio.”

“V

22 Veja Rio 8 de março, 2017

(Uerj) não estivessem na situação terrível em que se encontram. De certa forma, Lemann encara sua nova empreitada educacional como uma retribuição às suas origens. Costuma dizer que sua vida escolar no Rio teve falhas, que incluem pouca disciplina, falta de visão de longo prazo e deficiências na área de exatas. Por outro lado, a liberdade o fez aprender a tomar decisões desde cedo, e o otimismo, característica atribuída aos cariocas, foi imprescindível em sua trajetória. A volta do empresário aos bancos escolares desperta atenção pelas ambiciosas investidas na área privada. Mas seus planos de impacto nacional, como deve ser, abarcam também a rede pública. Desde 2002, quando criou a Fundação Lemann, mantida com recursos de sua fortuna pessoal e sem fins lucrativos, o bilionário apoia projetos, desenvolve pesquisas, capacita lideranças e oferece bolsas no exterior com foco em gestão pública. Mais uma vez, o envolvimento in loco de um dos 100 homens mais influentes do planeta — segundo a revista Time — surpreende. Em novembro passado, para conhecer de perto a triste realidade da educação do país, Lemann assistiu a aulas, sentado lado a lado com os estudantes, em um colégio da periferia de São Paulo. Visitou também escolas em Novo Horizonte, no interior paulista, e em Sobral, no Ceará, locais onde, apesar da escassez de recursos, há projetos inovadores. Sua fundação apoia atualmente dezesseis secretarias de Educação, e, só em 2016, 20 milhões de brasileiros acessaram as plataformas digitais disponibilizadas por ela. “A gente acredita que o Brasil só vai ser um país mais desenvolvido e justo se todas as crianças tiverem uma educação de qualidade”, diz Denis Mizne, diretor da instituição, repetindo o discurso recorrente do empresário. Ter uma formação ampla e de excelência, mais do que nunca, é condição básica para se adaptar às reviravoltas do mundo além da sala de aula. De acordo com dados do World Economic Forum, que reúne anualmente lideranças econômicas e políticas na Suíça, em vinte anos metade dos empregos atuais desaparecerão ou terão um formato diferente. Gênio do ramo empresarial, Lemann sabe disso e investe pesado para que sua empreitada no ensino dê resultados. O grupo Eleva Educação, criado em 2013 e mantido pelo fundo Gera, é um conglomerado constituído a partir de aquisições de colégios que se destacavam no mercado do Rio, de Minas Gerais e do Paraná, e continua em expansão. Embora não se fale em números, a ampliação da Cultura Inglesa também é certa. A superescola de Botafogo já recebeu propostas para abrir em outros estados e deve ter filiais. “Nossos parâmetros para expansão são a excelência acadêmica e nossa capacidade de execução”, diz Duda Falcão, CEO da Eleva Educação. O novo sonho grande de Lemann, mais uma vez, não tem limites. ß



Turismo

O luxo é o limite O hotel Emiliano, aberto na Avenida Atlântica, acirra a disputa pela clientela chique e famosa com o Fasano e o Copacabana Palace Fábio Codeço

B

erço da bossa nova e local que abriga a praia mais famosa do Brasil, Copacabana é conhecida também pela alta concentração de hotéis, herança de um passado glorioso que, ao longo dos anos, foi sendo ofuscado pelo predatório turismo de massa. A Olimpíada trouxe a promessa de dias melhores, mas, passada a euforia, ficaram pelo caminho projetos inacabados. É o caso do novo Museu da Imagem e do Som (MIS) e do edifício desenhado pela arquiteta iraquiana Zaha Hadid, ambos na orla. Terminados os Jogos, o bairro segue na busca pelo glamour de outrora. Recém-inaugurado no número 3804 da Avenida Atlântica, o hotel Emiliano, filial da grife paulistana, promete não só elevar o padrão de luxo na região como também disputar hóspedes chiques e endinheirados com o Copacabana Palace e o Fasano. Entre seus chamarizes está uma arrojada fachada formada por painéis retráteis de cobogós brancos. “Reunimos aqui a sofisticação da marca à casualidade carioca”, resume o sócio Gustavo Filgueiras, à frente da operação. Tudo ali foi pensado para valorizar a vista da praia e do mar. Além das imensas janelas de vidro das suítes, que se escancaram para o mar quando os painéis são abertos, a sauna, a academia de ginástica e o spa também exibem a vista esplendorosa da orla por trás de enormes vidraças. Sem falar no terraço, onde fica a piscina de borda infinita. A decoração segue o estilo discreto e minimalista da matriz, pouso preferencial de celebridades como Gisele Bündchen e Gilberto Gil. “Eles têm um cuidado muito grande com os hóspedes. Pensam nos mínimos detalhes”, atesta o 24 Veja Rio 8 de março, 2017

Ao infinito e além: áreas comuns, como a piscina, têm vista para o mar

Mínimos detalhes Sete curiosidades do novo hotel da orla de Copacabana, que custou 140 milhões de reais

i Os painéis de cobogó na fachada são feitos de poliuretano injetado, que não esquenta (é um ótimo isolante térmico), além de ser anticorrosivo i Os uniformes foram criados pela estilista Bárbara Casasola, brasileira radicada em Londres. As gerentes usam joias da grife Cocoon, feitas a mão, como o pente de ouro, turmalina, diamante e safira

i Os tratamentos do spa levam a assinatura da grife francesa de cosméticos Sisley. Estão em construção duas suítes-spa — quartos de luxo integrados aos serviços de beleza


FOTOS JULIANO COLODETI/DIVULGAÇÃO

i Nos apartamentos com vista para a praia, a parede que divide o banheiro do quarto é de vidro. Isso permite que os hóspedes tomem banho contemplando a vista

i No lugar do tradicional frigobar, o hotel oferece gavetas refrigeradas, abastecidas com caviar, champanhe e cervejas cariocas

i Os banheiros têm vaso sanitário inteligente. Com sistema automático de descarga e assento com controle de temperatura, cada peça custa em torno de 6 000 reais

SELMY YASSUDA

ESTÚDIO EUKA/DIVULGAÇÃO

i Os edredons são recheados com plumas de gansos húngaros, e as amenidades como xampus e sabonetes são confeccionadas em tamanho especial. Nada daquelas miniaturas

cantor baiano, colecionador confesso dos pentes de madeira que integram as amenidades. “Tenho dezenas”, ri o músico, que começou a frequentar a matriz quando era ministro da Cultura e acabou se tornando amigo do fundador, o empresário Carlos Aberto Filgueiras, morto em janeiro num acidente com seu avião particular, no qual estava também o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki. Colecionador de arte e apaixonado por design, Filgueiras escolheu e garimpou pessoalmente a maior parte dos móveis do lugar. Logo na entrada, um bar acomoda o visitante em peças ícones do desenho brasileiro, como a poltrona Beto, criada por Sergio Rodrigues para a sala de espera do Palácio do Planalto. Já no lobby estão duas poltronas bowl, de Lina Bo Bardi, cada uma avaliada em 120 000 reais, além de uma grande tapeçaria de Burle Marx. Com doze andares e investimento de 140 milhões de reais, o hotel possui noventa apartamentos com área entre 42 e 120 metros quadrados. Por diárias que variam de 2 130 a 9 030 reais, o hóspede desfruta luxos como cortinas de linho, edredons recheados de plumas de gansos húngaros (bem mais suaves que as penas) e vasos sanitários inteligentes, importados do Japão. No minibar, champanhe Moët & Chandon e caviar Beluga dividem espaço com produtos cariocas, como chocolates da Cacau Noir e cervejas Jeffrey e Praya. À frente do maior concorrente do recém-chegado, Andréa Natal, gerente-geral do Copacabana Palace, vê com bons olhos a inauguração. “Se é bom para o bairro, é bom para o Copa. E eles são uma referência no modelo de hotel-butique”, afirma ela, elegante. “Em termos de negócio e lucratividade, somos imbatíveis”, completa. Mesmo com tantos atributos, o Emiliano tem pela frente um desafio considerável: tornar-se um bom negócio em um momento em que a cidade tem mais quartos de hotel do que hóspedes. “Sou muito otimista em relação ao Rio. Com este hotel, quero fazer com que as pessoas voltem a visitar a cidade”, afirma Gustavo Filgueiras. Sem dúvida, trata-se de um belo convite. ß Veja Rio 8 de março, 2017 25


Perfil

O chefão do Carnaval Dono de uma empresa de blindagens, Joãzinho King torra 3 milhões de reais em um camarote monumental no Sambódromo Alessandra Medina

26 Veja Rio 8 de março, 2017

FOTOS DANIEL RAMALHO

J

oão Carlos Martins Maia nunca fez novela nem participou de reality show, mas na noitada do Rio ele é tratado como uma celebridade. Por onde passa, sempre acompanhado de sua entourage — pelo menos dois seguranças e um séquito de belas mulheres —, o empresário de 43 anos faz questão de ser fotografado com artistas, sambistas e jogadores de futebol. Fissurado pelo oba-oba do Carnaval, em 2017, Joãozinho King, como é chamado pelos amigos, resolveu inovar e apostar numa farra monumental em plena Marquês de Sapucaí. Batizado de Camarote do King, o espaço ocupou 1 000 metros quadrados do setor 8, próximo ao segundo recuo da bateria. Tinha capacidade para 1 000 pessoas em cada uma das quatro noites de festa — incluindo o desfile das campeãs —, mas ele optou por só receber 800 — 300 convidados e 500 pagantes, com ingresso cotado em 2 000 reais por dia. Uma vez lá dentro, o folião era mimado com open bar, que contava com champanhe e bufê de canapés e de comidinhas chiques. “É tudo top aqui, muito top! É para ninguém sair falando mal. Você sabe, né, se o cara paga 250 reais, ele quer beber 5 000”, diz ele. Dividido em três andares, o camarote consumiu 3 milhões de reais, valor que até a Quarta-Feira de Cinzas ninguém sabia ao certo se seria coberto ou não pela venda de ingressos, e era composto de cinco ambientes, todos batizados com o nome do dono. O King’s Spa, por exemplo, reunia maquiador e massagista, enquanto o espaço King’s Night funcionava como boate. Já o cercadinho vip ficava no King’s Second Floor. Foi ali que Joãzinho recepcionou seus convidados (os pagantes tinham de se contentar com o First Floor mesmo). Na porta, um segurança só permitia a entrada de amigões do chefe. Passaram por lá os cantores Mr. Catra e Ludmilla, a musa do camarote Mirella Santos e seu marido, o humorista Ceará, ex-Pânico, a socialite Narcisa Tamborindeguy e Nina Stevens, viúva do ex-CEO da Rolex Patrick Heiniger. Entre uma baforada e outra de charuto

Múltiplos e ambientes: além date spa, havia uma bo000 no camarote de 1 s metros quadrado


King na Sapucaí: distribuição de charutos de 160 reais cada um para os amigos

Tudo muito “top”: o espumante com o nome do empresário e maquiadores e massagistas à disposição dos convivas

Montecristo Open, um clássico cubano de 160 reais a unidade, o anfitrião recebeu ainda os jogadores de futebol americano Julio Jones e Justin Hardy, do Atlanta Falcons, que perdeu de virada a final do Superbowl 2017 para o Patriots, equipe liderada por Tom Brady, marido de Gisele Bündchen. “Festa para ser boa tem de ter um mix de convidados tops e mais mulheres do que homens, é claro. Caso contrário, homem vai dar em cima de mulher acompanhada e vai acabar em briga”, explica o anfitrião. Para garantir que o contingente feminino ficasse sempre acima do masculino, King contratou um grupo de modelos vindas de Porto Alegre, para as quais pagou passagens aéreas e hotel. João Maia virou King depois de bater ponto todas as noites na Nuth, casa noturna da Barra da Tijuca. Ali se portava como o rei da boate, esbanjando pequenas fortunas em bebidas de primeira linha. Um dia, alguém disse que ele era o King do pedaço, e o apelido ficou. A fama cresceu a partir de 2010, quando o empresário começou a promover a Feijoada do King, toda terça de Carnaval, também na Barra. Hoje, o evento atrai 2 500 pessoas a cada edição a um custo, totalmente bancado por ele, de 90 000 reais. “Essa é minha festa, porque aniversário já nem comemoro mais. Em casa, então, nem pensar! Iam mais de setenta pessoas nas ‘prés’ que eu fazia no meu apartamento. Quando começaram a quebrar copo e a esconder embaixo do sofá, parei, né? Minha casa não é botequim!”, afirma. Criado em Bonsucesso, subúrbio do Rio, desde pequeno King gosta de festejar. Na adolescência, as comemorações eram bancadas pelo tio de consideração, Kiko, guitarrista da banda Roupa Nova. A hiperatividade, que não lhe permite ficar parado na mesma posição por mais de cinco minutos, já foi problema nos tempos de colégio. Para fugir da sala e matar aula, ele dizia às professoras que precisava ir ao banheiro ou beber água. “Por causa desse comportamento dele, eu cheguei a ser chamada no colégio. Perguntaram se ele tinha problema nos rins. Era sem-vergonhice mesmo. Eu disse que lhe daria uma surra se ele continuasse a fazer isso”, lembra a mãe, a ex-escrivã da Polícia Civil Eliane Martins. O pai de King, também conhecido como João Doido, era dono de alguns pontos de jogo do bicho no subúrbio e morreu quando ele tinha 10 anos. Depois disso, a família passou por dificuldades. “Havia dias em que só tinha dois bifes, e eu comia ovo. E, quando a situação apertava para valer, eu corria para a casa do meu pai”, lembra Eliane. Atualmente, King é dono da MG Tech Blindagem, empresa recomendada pela concessionária AGO para blindar os carros Mercedes-Benz que revende. Para a polícia, o negócio da família é outro: exploração de máquinas de caça-níqueis. “Não tem nada disso. As pessoas falam demais, falam sobre Veja Rio 8 de março, 2017 27


FOTOS ENY MIRANA/D

IVULGAÇÃO

Cercadinho vip: visita do humorista Ceará e da mulher, a musa do camarote Mirella Santos, e dos cantores Ludmilla e Mr. Catra

o que não sabem. Sou empresário”, critica. Em agosto de 2011, King foi acusado de participar do assassinato de um policial. De acordo com o processo, a confusão começou na área vip da boate The Week, no Centro, quando outro policial, apontado como seu segurança, disparou contra o PM. Um ano e meio depois, João e o amigo foram absolvidos pela Justiça. Por pouco King escapou de ser preso, ao conseguir uma liminar de revogação da prisão e responder ao processo em liberdade. Em compensação, não podia frequentar boates, shows nem casas noturnas. “Foi o pior momento da nossa vida. Era muito difícil mantê-lo em casa depois das 10 da noite”, lembra a mãe. Na época, ele chegou a pedir à Justiça autorização para comemorar o réveillon em uma boate, alegando que isso fazia parte “da tradição brasileira”, mas o pedido foi negado. A irmã Lilian Martins Maia também já foi alvo da polícia. Em 2007, a empresária — que foi presidente da escola de samba Estácio de Sá — teve seus sigilos fiscal e bancário devassados pela Justiça do Rio na Operação Hurricane, que investigou as quadrilhas de máquinas de jogos de azar. Em 2015, o nome de Lilian voltou ao noticiário, dessa vez porque ela tinha vendido uma cobertura de luxo na orla da Barra por um preço abaixo do valor de mercado ao encrencado presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. Adepto inveterado das noitadas, King é solteiro e não pensa em se casar. Seu último relacionamento sério foi há oito anos, com a modelo Laudy Salame, mais famosa por ter se candidatado — sem sucesso — a uma vaga no reality show A Fazenda, da Record. Ela chegou a engravidar de gêmeos, mas perdeu os bebês. Antes disso, King havia sido noivo da empresária Vivian Trindade. “Como vou casar, ter filhos e ir me divertir em Ibiza? Não tem como”, diz esse amante do badalo, que viaja pelo menos duas vezes por ano para a agitada ilha espanhola. Nesses passeios, como não 28 Veja Rio 8 de março, 2017

fala uma palavra em espanhol, inglês ou outra língua que não seja o português, costuma ser ciceroneado por Flávio de Goes Barra, um moreno alto, simpático e musculoso. “Ele é top! Já morou em Mônaco, Paris. Hoje está em Ibiza. Fala francês, inglês e recebe príncipes. É meu concierge no mundo”, define. Numa dessas escapadas para a Europa, King conheceu o estilista francês Christian Audigier, que fez sucesso à frente de marcas como Ed Hardy e Von Dutch e morreu em 2015. Eles ficaram tão amigos que, por sugestão de King, Audigier resolveu criar um espumante e virar sócio do brasileiro na comercialização da bebida. “É top! Custa 89 reais a garrafa, porque é feita pelo método champenoise. Mas não gosto. Meu negócio é vodca, que combina com guaraná, suco, com tudo”, diz ele. King mora num apartamento no Edifício Saint Tropez, um dos mais requintados da Praia da Barra, o mesmo onde fica a cobertura que a irmã vendeu ao cartola encrencado da CBF. Hoje, ele não conta mais com a marcação cerrada da mãe. Durante anos, ela, da sua casa, ao lado do prédio, monitorava o apartamento do filho. “Eu acordava e via a casa dele cheia de mulher. Ia lá e botava todas para correr. Imagina se uma menina bebe e se joga da janela? Quem vai levar a culpa é o Joãozinho”, conta ela. King chegou a reclamar da vigilância da mãe, mas as coisas melhoraram muito quando ela se mudou para uma casa no condomínio Novo Leblon. “Ele reclamou de falta de privacidade. Falta de privacidade é minha mão na cara dele”, diverte-se dona Eliane, que recebe o filho todos os dias para o almoço. “Somos muito família: Páscoa, Dia das Mães, Natal... passamos sempre todos juntos”, afirma ela. E é com a ajuda da família — a mãe, a irmã e o cunhado — que ele pretende continuar com a empreitada do Camarote do King no ano que vem. Em seus planos, a área terá o dobro do espaço. “Vai ficar mais top ainda!”, promete. ß


CARIOCA NOTA 10 i Christine Rousseau

FELIPE FITTIPALDI

Atitude transformadora: distribui livros e revistas a pacientes do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia

á quarenta anos, a francesa Christine Rousseau que acredita no poder da leitura para ajudar os “A leitura esteve no Rio pela primeira vez, mas não gostou enfermos na sua recuperação. “Ao lerem algumas muito. Anos depois, no entanto, sentindo que ajuda na histórias, como as de superação, eles ganham coragem para lutar contra o problema, além de precisava dar uma segunda chance à cidade, retornou e, há doze anos, resolveu se instalar por aqui de vez. recuperação se distrair do ambiente hospitalar”, explica. Mais: ela achou que devia fazer algo pelos cariocas porque distrai Os livros são doados à instituição por editoe se apresentou ao grupo de voluntariado do Instituto ras e pelo público em geral, mas cabe à voluntária o paciente Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), em São organizar tudo antes de fazer a ronda. De quarto Cristóvão, onde acumula mais de 1 200 horas de ser- do ambiente em quarto, ela exibe o material, dividido por seviços prestados nos últimos dez anos. “Sempre tive ções, e deixa que o paciente escolha o que quihospitalar” preocupação social, e escolhi o hospital por já ter faser. “É muito bom ter esse contato individual com miliaridade com o ambiente”, explica Christine, que é eles e ver que, a partir disso, muitos começam a assistente social e enfermeira aposentada. ler com rotina e outros desenvolvem o lado artístico por causa Aos 70 anos, moradora de Niterói, a francesa bate ponto no dos álbuns para colorir”, conta Christine, que mantém contato Into toda terça, a partir das 8 e meia, chova ou faça sol. Durante com alguns pacientes mesmo depois da alta. “Teve uma mocinha, uma hora, ela passa pelos quartos dos pacientes com o Carrinho por exemplo, que ficou tetraplégica e até hoje vou visitá-la para de Leitura. Trata-se de uma espécie de biblioteca ambulante, abas- levar maquiagem, esmaltes... Essas coisas de menina”, destaca a tecida com cerca de setenta publicações. “Tem bastante coisa. Há também professora de francês. revistas, palavras cruzadas, álbuns para colorir e livros de temas variados, como autoajuda, romance e aventura”, detalha Christine, Heloiza Gomes | helogomes.vejario@gmail.com

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VIDA LEVE

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FOTOS RICARDO SIQUEIRA/DIVULGAÇÃO

Fernanda Thedim | fthedim@abril.com.br

Energia renovada Ninguém duvida que um bom banho de cachoeira pode ajudar a aliviar o stress do dia a dia. Os benefícios não param por aí. A água gelada ativa a circulação, estimula o sistema imunológico, tem ação descongestionante e ainda faz bem para a pele e os cabelos. Durante um ano, o fotógrafo Ricardo Siqueira seguiu as trilhas que deram origem ao livro Água Doce (Luminatti Editora), uma espécie de guia com as mais bonitas (e surpreendentes) quedas-d’água do estado. Veja ao lado onde ficam algumas delas.

30 Veja Rio 8 de março, 2017

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UM SEGREDINHO DELA A receita é simples: misture 200 mililitros de café forte e sem açúcar com 2 colheres de sopa de óleo de coco. Adotada por atrizes como Bruna Marquezine, Fernanda Souza e Yasmin Brunet, a combinação virou queridinha da turma fitness no pré-treino. Ao que tudo indica, a poção mágica ajuda quem faz uso dela a ter mais disposição para malhar. Segundo o americano Dave Asprey, investidor do Vale do Silício que disseminou o modismo com a mistura batizada de bulletproof coffee (na versão original ainda leva manteiga), o cafezinho aditivado melhora os índices de colesterol e ainda aumenta a sensação de saciedade, inibindo a fome e auxiliando no emagrecimento.

HO/AG. O DIA

da população brasileira sofre de stress pós-férias, de acordo com pesquisa feita pela International Stress Management Association. Até a rotina voltar depois de alguns dias de descanso, o ideal é manter a calma: é normal bater uma sensação de desânimo ou até mesmo vontade de mudar de emprego.

Andorinhas (Macaé) 7 Bracuí (Angra) 3 Poço do Céu (Resende) 2 Circuito das Águas (Sana) Frades (Teresópolis) 9 Macumba (Petrópolis) Maromba (Visconde de Mauá) Monjolo (Magé) Pedra Branca (Paraty) Poço Verde (Guapimirim)

MAÍRA COEL

35%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

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Roteiro da Semana 32 Restaurantes 34 Bares 36 Comidinhas 37 Crianças 38 Teatro 41 Exposições 42 Shows 45 Filmes

CERIMÔNIA DE ADEUS Em Logan, Hugh Jackman faz sua despedida do personagem que o consagrou. Dezessete anos depois de despontar como Wolverine na cinessérie X-Men, o ator australiano interpreta o mutante de garras afiadas numa aventura dramática de tom melancólico. Saiba mais sobre esse grande lançamento na página 45. BEN ROTHSTEIN


RESTAURANTES

FOTOS CLÁUDIA GARCIA/DIVULGAÇÃO

Fabio Codeço | fabio.codeco@abril.com.br

ABERTO A VISITAÇÃO Encarapitado no alto de Santa Teresa, o complexo residencial da família Monteiro de Carvalho, propriedade de 50 000 metros quadrados cercada de jardins deslumbrantes, sempre foi ambiente restrito a poucos. Pois parte desse cenário glamouroso está agora aberta ao público. Em uma das casas, Eva Monteiro de Carvalho montou o hotel-butique Vila Santa Teresa. Com apenas sete quartos, a construção também abriga o restaurante Beatriz. As mesas estão distribuídas entre a sala diante da piscina e a área externa, com vista espetacular. Mais acessível do que as diárias (de 1 300 a 1 700 reais), o cardápio oferece um percurso por

entrada, prato e sobremesa por R$ 150,00 (as sugestões podem ser pedidas em separado). A lista exalta a culinária brasileira, sem se prender a ingredientes nacionais. Entre as pedidas testadas, vale destacar o camarão grelhado sobre fios de palmito pupunha e o peixe perfeitamente cozido, regado a molho de moqueca e ladeado por arroz basmati (foto). Não hóspedes também são bem-vindos no café da manhã (R$ 98,00), servido até as 11h. Em tempo: antes de subir, é preciso ligar e avisar. Rua Almirante Alexandrino, 2305, ☎ 2051-1905 e 99103-1355 (40 lugares). 9h/0h. Aberto em 2017.

Pedidas improváveis, iguarias raras, receitas de família e sugestões fora do cardápio — uma seleção de dicas para você se sentir um habitué em seis endereços da cidade 32 Veja Rio 8 de março, 2017

Camelo. Mais conhecida pelas pizzas de massa fina e crocante, traz no cardápio variada oferta de pratos e petiscos. Tem até frango à passarinho (R$ 37,00 a meiaporção; R$ 58,00 a inteira), em receita que goza de boa fama na matriz, em São Paulo. Avenida Henrique Dumont, 57, Ipanema, ☎ 2274-2303.

WELLINGTON NEMETH/DIVULGAÇÃO

Segredos da cozinha Cervantes. Reduto de mitológicos sanduíches, é um dos poucos pontos da cidade a preparar miolo — isso mesmo, cérebro bovino. Apreciadores da iguaria encontram ali uma esmerada receita do ingrediente empanado (R$ 35,00 a porção). Avenida Prado Júnior, 335, loja B, Copacabana, ☎ 2542-9287.

CT Brasserie. Famoso pela cozinha tradicional francesa do chef Claude Troisgros, o par de endereços também prepara pizzas de massa fininha. De formato retangular, são oferecidas em sabores como calabresa (R$ 47,00). Fashion Mall, 3º piso, São Conrado, ☎ 3322-1440; Village Mall, 3º piso, Barra, ☎ 3252-2777.


Inaugurado em novembro, o Nasake Oriental Fusion (Shopping Città America, 1º piso, Barra, ☎ 3546-1000) abre somente para o almoço, de segunda a sexta. Em sistema por quilo (R$ 89,90), serve receitas japonesas e outras especialidades do Oriente. A casa tem um trunfo no sushi-bar: quem cuida de tudo nessa área é João de Lima, profissional que, por anos, comandou o balcão do badalado Sushi Leblon. Entre as receitas se encontram bossas como o salpicão de salmão com edamame e maionese de shoyu e o risoto de shiitake com nirá, camarão e farofa de wasabi.

MARIO RODRIGUES/DIVULGAÇÃO

JAPA POR QUILO

O mar está para peixe Atrações marítimas movimentam os cardápios. O Otto (Rua Uruguai, 380, Tijuca, ☎ 2268-1579) lançou festival de peixes da Amazônia e do Pantanal. Até o fim de março, a casa oferece quinze dicas, como a moqueca de surubim com pirão, farofa de dendê e arroz (R$ 98,00, para duas pessoas). O Pobre Juan (VillageMall, 3º piso, ☎ 3252-2637; Fashion Mall, 3º piso,

☎ 3324-5381) serve, durante o verão,

pirarucu na brasa (foto) ladeado por talharim de palmito pupunha (R$ 86,90). No Giuseppe Grill (Avenida Bartolomeu Mitre, 370, Leblon, ☎ 2249-3055), reduto de carnes, peixes frescos também têm vez. Nessa lista, prove o saboroso e raro halibute (R$ 146,00, com uma guarnição), espécie de linguado gigante.

MENU SAUDÁVEL

Gero. Não está no cardápio e poucos sabem de sua existência, mas o steak tartare da casa de comida italiana é um dos melhores da cidade. Temperado à mesa pelo maître, o pedido tem preço salgado: R$ 130,00 (com salada e torrada de miga ou batata frita). Rua Aníbal de Mendonça, 157, Ipanema, ☎ 2239-8158.

Majórica. Tradicional recanto especializado em carnes, também se esmera no preparo de peixes. O hadoque cozido no leite, servido com batata cozida e cebola (R$ 149,30), é tão admirado quanto a picanha. Porção em tamanho suficiente para duas pessoas. Rua Senador Vergueiro, 15, Flamengo, ☎ 2205-6820.

Riso Bistrô. Neto de alemães, o chef João Paulo Frankenfeld incluiu no menu contemporâneo uma receita de família. O semmelknödel, iguaria típica da Baviera, consiste num bolinho de pão bem temperado, coberto por geleia de bacon (R$ 19,00, três unidades). Rua Aníbal de Mendonça, 175, Ipanema, ☎ 2147-8259.

recém-chegada o nhoque de raízes com bertalha e molho pesto (R$ 55,00). Quem for de frutos do mar vai gostar do arroz negro com polvo, camarão e azedinha (R$ 72,00). Rua Bulhões de Carvalho, 337, ☎ 3609-3200; Avenida das Américas, 8585, Barra, ☎ 3609-3300.

FILICO/DIVULGAÇÃO

TOMÁS RANGEL

Assinado pela chef e apresentadora Bela Gil, o cardápio do restaurante Da Bela traz novidades. Para começar, prove a salada de painço (cereal nutritivo usado como alimento de pássaros, mas benéfico aos humanos), legumes da estação e maionese vegana de azeitona preta (R$ 29,00). Adiante, é opção

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BARES

Carol Zappa | carolina.zappa@abril.com.br

CRÍTICA

Combinação certeira Legião Carioca. Caçula da nova leva de estabelecimentos que vem movimentando a área, a casa simpática, aberta em novembro, mira — e acerta — na fórmula hambúrguer e cerveja. O rock nacional impera na trilha sonora e no cardápio, assinado pela turma do Ogrostronomia. É boa pedida o cabeça dinossauro, com capa de filé angus prime, barbecue, queijo da Serra da Canastra, tomate assado e cebola caramelada no pão australiano (R$ 29,00, ou R$ 35,00 o duplo). Recém-chegado, o cachorro-quente de linguiça de pernil, com queijo de coalho, maionese de alho e crispy de cebola (R$ 22,00), faz bonito. A lista de geladas artesanais inclui um rótulo da casa, uma pilsen (R$ 12,00, 300 mililitros). Boa invenção, o jack balanço é um opulento milk-shake de chocolate belga com uísque Jack Daniel’s, coberto por doce de leite e raspas de chocolate (R$ 24,00). Rua Arnaldo Quintela, 89-A, Botafogo, ☎ 2542-9959 (40 lugares). 18h/23h (sex. 12h/0h; sáb. até 0h; fecha dom.). Cc: A, M e V. Cd: todos. Aberto em 2016.

Do Horto. No charmoso refúgio com vista privilegiada para o verde do Jardim Botânico, o rolé de tapioca, recheado de salmão, cream cheese e ervas (R$ 40,00, dez unidades), é boa dica. A fécula extraída da mandioca, muito consumida pelos povos indígenas, foi considerada patrimônio imaterial e cultural de Olinda, Pernambuco, em 2006. Rua Pacheco Leão, 780, Jardim Botânico, ☎ 3114-8439. 12h/23h (sex. e sáb. até 1h; fecha seg.).

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Caverna. Do balcão comandado pelo jovem craque Miguel Paes, saem coquetéis como o tiki nervoso (R$ 28,00), que leva na receita xarope de rapadura, misturada ao blend de cachaças envelhecidas, mais abacaxi e limão. Por fim, um borrifo de priprióca, erva aromática típica da região amazônica, e gotas de água de flor de laranjeira. Rua Assis Bueno, 26, Botafogo, ☎ 3507-5600. 18h/1h (seg. até 0h; sex. até 2h; sáb. 19h/2h; fecha dom.). FOTOS RODRIGO AZEVEDO/DIVULGAÇÃO

ERIKA VALLIS/DIVULGAÇÃO

Uma seleção de petiscos e drinques com ingredientes bem nacionais

The Cannibal. A casa de decoração vintage, trilha sonora roqueira e mesas espalhadas pelo estacionamento da Cobal é especializada em drinques on tap. De vinte torneiras jorram receitas como o red roses (R$ 24,00), em que a infusão de jabuticaba, fruto nativo da Mata Atlântica, é combinada a bourbon, tônica de pomelo e xarope de rosas. Rua Voluntários da Pátria, 446, loja 2 (Cobal do Humaitá), ☎ 99329-4369. 18h/0h (dom. a partir das 17h; fecha seg.).

LEO LODI/DIVUL GAÇÃO

É DO BRASIL


Assis Garrafaria. Com sede no Cosme Velho, o bar acaba de ganhar uma filial em Copa, com mais de 300 cervejas em garrafa e cardápio caprichado. Rua Raimundo Correa, 10, Copacabana, ☎ 2547-1670. The Brew Store. Novidade na Zona Norte, o misto de loja e bar é dedicado ao universo cervejeiro, com 100 rótulos nacionais e importados, além de acessórios. Rua Barão de São Borja, 5-A, Méier, ☎ 3268-4729. Madre Cerveja de Capotá. Na loja aberta no fim de janeiro, 100 rótulos expostos nas prateleiras, na maioria nacionais, encontram-se nas geladeiras para consumo. Rua Farani, 3-B, Botafogo, ☎ 2285-5670. Raval. O bairro em Barcelona, na Espanha, batiza este novo bar de tapas e pizzas na movimentada via da Barra. Drinques são a aposta para acompanhar as receitas. Avenida Olegário Maciel, 135, Barra.

FELIPE FITTIPALDI

Calavera Kitchen & Bar. Apesar da origem africana, o quiabo é protagonista de pratos típicos regionais. Na receita inusitada e deliciosa da chef Ciça Roxo, batizada de dedinhos de bruxa (R$ 21,00), unidades do fruto são fritas em massa de tempurá. Para acompanhamento, molhos de tucupi, produto característico da culinária amazônica, e agridoce. Rua Capitão Salomão, 14, loja C, Humaitá, ☎ 3734-5461. 18h/23h (qui. até 0h; sex. e sáb. até 1h; fecha dom.). Sobe. O criativo barman William Barão acaba de sair da casa no Horto, mas deixa receitas como o tri minerim (R$ 26,90), versão etílica de uma tradicional sobremesa mineira, o romeu e julieta. O drinque é preparado com cachaça Leblon, redução de goiaba, limão, açúcar mascavo e o toque final: uma bolinha de queijo de minas espetada em um garfo. Rua Pacheco Leão, 724, Jardim Botânico, ☎ 3114-7691. 18h/23h30 (qui. a sáb. até 1h; fecha seg.).

AS CRIAÇÕES DO DISCÍPULO Pupilo de Alex Mesquita no Paris Bar, balcão da Casa Julieta de Serpa, o bartender Daniel Milão assina sua primeira carta autoral após a saída do mestre. Um dos novos drinques, o surprise cocktail (R$ 47,00) é mesmo uma surpresa: com conhaque, uísque e dois licores de cereja, chega à mesa em uma caixa de madeira, iluminado e defumado. A ala de comidinhas ganhou reforços, como o sanduíche de barriga de porco, abacaxi caramelado e molho de maionese (R$ 30,00). Praia do Flamengo, 340, Flamengo, ☎ 2551-1278. 19h/23h30 (fecha de dom. a qua.).

Costelinha. Mineiro na essência, o boteco, que atende pelo nome completo e modesto de A Melhor Costelinha do Mundo, aposta no tempero caipira brasileiro. O angu, preparado com fubá de milho, envolve os pastéis, que podem ser recheados de queijo, carne e carne-de-sereno, espécie de carneseca (R$ 28,00, dez unidades). Rua Lélio Gama, s/nº, ☎ 3570-1040. 7h/23h (fecha sáb. e dom.).

DIEGO MENDES/DIVULGAÇÃO

FELIPE FITTIPALDI

+ BARES QUE 4 ABRIRAM EM 2017

JOSÉ RENATO ANTUNES/DIVULGAÇÃO

Confira mais recomendações para os bons de copo em vejario.abril.com.br/bares


COMIDINHAS

Fabio Codeço | fabio.codeco@abril.com.br

+

Confira mais recomendações da boa mesa em vejario.abril.com.br/comidinhas

UM TOQUE FRANCÊS

BERG SILVA/DIVULGAÇÃO

Aberto há pouco mais de dois meses, o Le Café d’Ici procura levar para a Tijuca uma amostra da atmosfera pitoresca dos cafés e bistrôs parisienses. No salão aconchegante ou na varandinha coberta por toldo, são servidas sugestões para o café da manhã, um almoço leve, o lanche ou só para uma pausa para o doce. O clássico croque-monsieur (R$ 17,00), espécie de misto-quente gratinado com molho bechamel (foto), é pedida apetitosa. A carta de cafés, feitos com grãos especiais da serra fluminense, elenca drinques como o que reúne expresso, doce de leite, chantili e calda de caramelo (R$ 13,00). Rua Campos Sales, 28, loja D, Tijuca, ☎ 3518-7950 (24 lugares). 8h/20h (sáb. até 14h; fecha dom.). Aberto em 2016.

GOSTOSO E SAUDÁVEL

SELMY YASSUDA

Dedicada a saladas no copo — há cinco receitas fixas e uma que muda segundo as ideias do chef Robinho Silva —, a grife DoJour ampliou o cardápio. A nova linha de wraps elenca três opções (R$ 17,00 cada uma), como a de ricota com cenoura, alho-poró, cebolinha, frango, passas e milho (foto). Os produtos podem ser pedidos por WhatsApp ( 99702-5757) ou comprados em dezenas de pontos de venda, como La Fruteria, os quiosques Greenpeople, a delicatessen Le Dépanneur e as redes Zona Sul e Mundo Verde.

Steak Me. O ponto especializado em espetinhos — são doze no cardápio — acaba de lançar cortes da nobre raça japonesa wagyu, que tem alto grau de gordura entre as fibras, o que garante o sabor e o toque suculento. Filé-mignon, shoulder e ancho (R$ 18,00 cada uma) são as opções. Em tempo: nova unidade vai abrir na Barra. Rua Tubira, 8, loja E, Leblon, ☎ 2529-8153. 36 Veja Rio 8 de março, 2017

Açougue Vegano. Primeiro negócio do gênero na cidade, o estabelecimento instalado no novo mercado da Barra, o Uptown, vende as chamadas carnes vegetais para preparar em casa e quitutes para comer por lá mesmo. O espetinho de proteína de soja com pimentões e cebola (R$ 6,90), feito na chapa no sábado e domingo, virou hit. Avenida Ayrton Senna, 5500, Barra, ☎ 2484-2000.

DO JOUR/DIVULGAÇÃO

Novidades no palito


CRIANÇAS

Jana Sampaio | jana.sampaio@abril.com.br

Tem mais samba Indicado em dez categorias ao Prêmio CBTIJ de Teatro para Crianças 2016, o musical O Menino das Marchinhas — Braguinha para Crianças ganha nova temporada a partir de domingo (12). Atração do projeto Grandes Músicos para Pequenos, o espetáculo leva ao palco vida e obra de Car-

los Alberto Ferreira Braga (19072006), o compositor Braguinha, autor de Balancê e Yes, Nós Temos Bananas, entre outros clássicos. Rec. a partir de 3 anos. Reestreia prevista para domingo (12). Anfiteatro do Morro da Urca. Avenida Pasteur, 530, Urca. Domingo, 11h. R$ 60,00. Até 9 de abril. FR AN

DIRETO DA TV

CIS CO C EP EDA

GUSTAVO PASO/DIVULGAÇÃO

SUCESSORES DE GUGA KUERTEN O Quarto Torneio da Liga de Tênis 10 leva pequenos atletas às quadras do Clube Monte Líbano, no Leblon. Na competição, os participantes serão divididos, por idade, em três categorias: vermelha (de 5 a 7 anos), laranja (8 e 9 anos) e verde (a partir de 10 anos). Um aviso: novo torneio será realizado nos dias 25 e 26 de março. As inscrições podem ser feitas pelo site www.lt10.com.br. Clube Monte Líbano. Avenida Borges de Medeiros, 701, Leblon. Sábado (11) e domingo (12), 14h30. R$ 95,00.

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ÇÃO ULGA

A novelinha teen Cúmplices de um Resgate, exibida até dezembro do ano passado no SBT, fez sucesso entre o público infantojuvenil e originou um musical. O espetáculo homônimo faz escala no Metropolitan, no domingo (12): promete botar a garotada para dançar ao som de SuperStar, Cúmplices de um Resgate e Pra Ver Se Cola. Stephanie D’Amico (foto) integra o elenco da produção, recheada de efeitos especiais. Rec. a partir de 12 anos. Menores de 15 anos devem ser acompanhados pelos responsáveis. Metropolitan. Avenida Ayrton Senna, 3000, Barra da Tijuca. Domingo (12), 15h e 19h. R$ 90,00 (poltrona) a R$ 250,00 (mesa vip).

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Diretor do ótimo espetáculo adulto Race, Gustavo Paso volta-se para o público infantil e assina o texto de seu novo projeto: Casa Caramujo. Na peça, criada com base em um conto escocês do século XI (a trama adaptada deu origem ao livro No Oco da Avelã, vencedor do Prêmio FNLIJ 2014), Jonas (Felipe Miguel, na foto) decide enfrentar a morte e consegue aprisioná-la dentro de uma casa de caramujo, depois de perceber que poderia perder a mãe, doente. No palco, os atores contracenam com bonecos e abordam, de forma lúdica e simples, o ciclo da vida. Rec. a partir de 8 anos. Estreia prevista para sábado (11). Oi Futuro Flamengo. Rua Dois de Dezembro, 63, Flamengo. Sábado e domingo, 16h. R$ 20,00. Até 28 de maio.

DIEGO MORAIS/DIVULGAÇÃO

Luta pela vida


TEATRO

Renata Magalhães | renata.magalhaes@abril.com.br

No túnel do tempo 60! Década de Arromba — Doc. Musical. Frederico Reder dirige o espetáculo que passa em revista os anos 60 e celebra cinco décadas de carreira de Wanderléa. A cantora aparece, um tanto engessada, no fim do primeiro ato e em alguns números do segundo. Sua modesta participação não chega a ser um problema, pois um desfile de clássicos nacionais e estrangeiros diverte a plateia a contento. Fatos de cada ano são o fio condutor da longa sessão, que se estende por três horas. Belas projeções de Thiago Stauffer exibem filmes, manchetes de jornais e campanhas publicitárias de época. Os figurinos de Bruno Perlatto também chamam atenção, com apenas uma derrapada no bom gosto, na alusão ao ano de 1968 (180min). 12 anos. Theatro Net Rio. Rua Siqueira Campos, 143, Copacabana. Quinta e sexta, 21h; sábado, 18h30 e 21h30; domingo, 20h. R$ 25,00 a R$ 180,00. Até 26 de março.

ESTREIAS

O Grande Sucesso. Um grupo de artistas espera na coxia a vez de entrar em cena e, enquanto isso, divide questões sobre sucesso e fracasso. Protagonizada por Alexandre Nero, a montagem é pontuada por pinceladas da biografia do ator, acompanhado em cena por Rafael Camargo (com ele na foto acima) e outros seis atores. Direção e texto de Diego Fortes (105min). 14 anos. Teatro Clara Nunes. Rua Marquês de São Vicente, 52, Gávea. Sexta e sábado, 21h30; domingo, 20h. R$ 80,00 a R$ 100,00. A partir de sexta (10). Até 30 de abril.

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FOTOS PRISCILA PRADE/DIVULGAÇÃO

NOVAS PEÇAS NO CIRCUITO Escravos. A partir da trama de Pai contra Mãe, outros contos do escritor Machado de Assis (1839-1908), a exemplo de Teoria do Medalhão, ganham adaptação para o monólogo dirigido por Augusto Madeira e estrelado por Alexandre Mofati. Na trama, marcada por ironias, um rapaz desempregado decide tornar-se caçador de escravos quando sua mulher aparece grávida (60min). 12 anos. Sesc Tijuca — Teatro II. Rua Barão de Mesquita, 539, Tijuca. Sexta a domingo, 19h. R$ 20,00. A partir de sexta (10). Até o dia 26.

Uísque com Água. Livremente inspirado na obra de Charles Bukowski (1920–1994), o musical faz um resgate bem-humorado da vida do escritor maldito. Cinco atores, Nelson Freitas à frente, defendem canções ao vivo e narram a saga do detetive particular Nick Belane — o último pseudônimo do autor. Sacha Bali assina a dramaturgia e a encenação, enquanto Pedro Gracindo cuida da trilha sonora e da direção musical (80min). 16 anos. Teatro Clara Nunes. Rua Marquês de São Vicente, 52, Gávea. Quinta, 21h. R$ 70,00. A partir de quinta (9). Até 27 de abril. Tragédias. Dirigida por Joaquim Valente, a tragicomédia busca capturar a essência da mulher por meio de elenco feminino, de treze artistas, que encarna as principais figuras do teatro grego: atores, coro e o corifeu. Temas atuais, como o empoderamento, são discutidos no texto de Luiz Carlos Góes (80min). 16 anos. Teatro Municipal Café Pequeno. Avenida Ataulfo de Paiva, 269, Ipanema. Quarta e quinta, 20h. R$ 40,00. A partir de quarta (8). Até o dia 30.


FRED FOGEL/DIVULGAÇÃO

ENCONTRO DE RITMOS

Ubu Rei. Para celebrar cinquenta anos de carreira, Marco Nanini junta-se à Cia dos Atores na clássica farsa escrita por Alfred Jarry em 1896. Em cena, ele é o covarde Pai Ubu, que, influenciado por sua esposa, usurpa a coroa real da Polônia. Rosi Campos (na foto com o ator) encarna a ambiciosa matriarca. Daniel Herz dirige o texto, adaptado por Leandro Soares (90min). 14 anos. Oi Casa Grande. Avenida Afrânio de Melo Franco, 290, Leblon. Quinta a sábado, 21h; domingo, 20h. R$ 100,00 a 120,00. A partir de quinta (9). Até 3 de abril.

Em 2015, a bailarina Paula Aguas convidou o coreógrafo João Saldanha para conceber um espetáculo que marcaria seu retorno aos palcos após a maternidade. Do encontro surgiu Tal do Caminho, que estreia na sexta (10), no Sesc Copacabana. A produção trata da perspectiva feminina sobre a construção de um lugar no mundo (60min). 14 anos. Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana. Sexta e sábado, 21h; domingo, 20h. R$ 25,00.

CABÉRA/DIVULGAÇÃO

Histeria. O improvável — porém verídico — encontro entre o psiquiatra Sigmund Freud e o artista Salvador Dalí inspirou o texto do britânico Terry Johnson, escrito em 1933. Norival Rizzo e Cassio Scapin (foto), respectivamente, interpretam os ilustres personagens na montagem que marca o retorno de Jô Soares ao papel de diretor (115min). 14 anos. Teatro Sesc Ginástico. Avenida Graça Aranha, 187, Centro. Quinta a sábado, 20h; domingo, 18h. R$ 25,00. A partir de quinta (9). Até 30 de abril. Um Amor de Vinil. A história de amor entre a proprietária de uma loja de discos e um cliente apaixonado por música é embalada por clássicos da MPB, de Negro Gato a Evidências, no musical de Flavio Marinho dirigido por André Paes Leme. A peça, estrelada por Françoise Forton e Maurício Baduh, estreia no dia 17, mas ganha ensaios abertos no fim de semana (120min). 12 anos. Imperator. Rua Dias da Cruz, 170, Méier. Sexta (10) e sábado (11), 20h; domingo (12), 19h. R$ 10,00. Até o dia 26.

Redemunho. Quatro contos do escritor cearense Ronaldo Correia de Brito são transportados para a cena em montagem estrelada por Claudia Ventura, Ana Carbatti e Alexandre Dantas. Através de suas narrativas, o público é convidado a fazer uma viagem por um mítico e trágico sertão nordestino. Direção de Anderson Aragón (80min). 16 anos. Casa de Cultura Laura Alvim. Avenida Vieira Souto, 176, Ipanema. Sexta e sábado, 20h; domingo, 19h. R$ 40,00. A partir de sábado (10). Até 2 de abril.

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TEATRO REESTREIAS

De volta aos palcos Chica da Silva. Vilma Melo esbanja segurança no icônico papel-título, mas não vão muito além os méritos do musical, escrito por Renata Mizrahi e dirigido por Gilberto Gawronski (70min). 16 anos. Teatro Sesi. Avenida Graça Aranha, 1, Centro. Quinta e sexta, 19h30; sábado, 19h. R$ 40,00. A partir de quinta (9). Até 8 de abril.

Renato Russo, o Musical. Bruce Gomlevsky encarna, com seus vícios e afetações, o líder da banda Legião Urbana (120min). 12 anos. Teatro das Artes. Rua Marquês de São Vicente, 52 (Shopping da Gávea). Sexta e sábado, 21h30; domingo, 20h. R$ 100,00 a R$ 120,00. A partir de sexta (10). Até 30 de abril.

Elefante. No drama da Probástica Cia. de Teatro, escrito por Walter Daguerre, não se morre mais de causas naturais. Direção de Igor Angelkorte (70min). 16 anos. Teatro Poeira. Rua São João Batista, 104, Botafogo. Quinta a sábado, 21h; domingo, 19h. R$ 60,00 a R$ 80,00. A partir de quinta (9). Até 30 de abril. Instabilidade Perpétua. Inspirada no livro de Juliano Garcia Pessanha, Soraya Ravenle faz seu primeiro solo. Julia Bernat, sua filha, é uma das quatro diretoras (60min). 14 anos. Midrash Centro Cultural. Rua General Venâncio Flôres, 184, Leblon. Quinta, 20h. R$ 40,00. A partir de quinta (9). Até 27 de abril.

Nefelibato. No monólogo dirigido por Fernando Philbert, Luiz Machado interpreta um personagem que chega ao limiar da loucura após o confisco de suas economias (60min). 14 anos. Teatro Candido Mendes. Rua Joana Angélica, 63, Ipanema. Terça a quinta, 20h30. R$ 40,00. A partir de quarta (8). Até 27 de abril. 40 Veja Rio 8 de março, 2017

RICARDO BRAJTERMAN/DIVULGAÇÃO

4 Faces do Amor. Com música de Ivan Lins, a peça conta a história de amor entre os personagens Duda e Cacau. Texto de Eduardo Bakr e direção de Tadeu Aguiar (90min). 10 anos. Teatro Glaucio Gill. Praça Cardeal Arcoverde, s/nº, Copacabana. Sexta a segunda, 20h. R$ 50,00. A partir de sexta (10). Até 3 de abril.


EXPOSIÇÕES

EMPODERAMENTO No Dia Internacional da Mulher, a artista plástica Katia Wille inaugura individual no CCJF sobre a relação do feminino com a natureza. Fluxofloração reúne dezesseis telas que retratam nadadoras entre elementos de cores vivas e buscam representar a superação de limites. Formada pela Universidade de Amsterdã, a artista carioca também é conhecida por sua atuação no campo da moda — ela já trabalhou para marcas como Nike, Tommy Hilfiger e Maria Bonita Extra. Centro Cultural Justiça Federal. Avenida Rio Branco, 241, Centro. Terça a domingo, 12h às 19h. Grátis. A partir de quarta (8). Até 27 de abril.

NA TELA DO SMARTPHONE Após exibição na França, a exposição Décadence Noire chega à Galeria Aliança Francesa Botafogo. O acervo traz quinze retratos de mulheres capturados pelo iPhone da artista Christiana Guinle. Sobrinha do eterno playboy Jorginho Guinle (1916-2004), ela sobrepõe imagens para criar abstrações digitais. Rua Muniz Barreto, 746, Botafogo. Segunda a sexta, 10h às 20h; sábado, 9h às 13h. Grátis. A partir de quinta (9). Até 23 de abril.

Arte que vem da rua O Istituto Europeo di Design (IED) foi escolhido pelo governo da Itália para integrar a celebração do Dia Internacional do Design Italiano no Brasil. O evento, gratuito, acontece em 100 cidades e será realizado no sábado (11). Fazem parte da programação palestras do premiado designer Jacopo Foggini e dos brasileiros Irmãos Campana sobre seus trabalhos e a influência italiana. Oficinas abertas ao público, conduzidas por profissionais da área educacional do IED, vão abordar temas como design editorial, cenografia e moda. Não é necessário fazer inscrição — é só aparecer. Avenida João Luiz Alves, 13, Urca.

MARCELO DUARTE/DIVULGAÇÃO

A ITÁLIA É AQUI

Em sua quarta edição, o projeto Deslocado apresenta o trabalho de quatro cariocas que se destacam na arte de rua. Como o título sugere, a mostra Refração explora obras que brincam com ilusões de ótica provenientes da incidência de luz. Como parte da proposta, no Imperator as obras serão expostas dentro de um grande cubo preto. Alexandre Baltazar, Peu Mello, Rafael Uzai e Marcelo Macedo são os artistas convidados. Guia Deslocado (foto) é uma divertida criação de Macedo. Rua Dias da Cruz, 170, Méier. Segunda a sexta, 13h às 22h; sábado, 10h às 22h. Grátis. A partir de quarta (8).

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CHRISTIANA GUINLE/DIVULGAÇÃO

KATIA WILLE/DIVULGAÇÃO

Renata Magalhães | renata.magalhaes@abril.com.br


SHOWS

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Carol Zappa | carolina.zappa@abril.com.br

Parece, mas não é

O jovem bardo está mais pop

Uma Saudação a Whitney Houston. No espetáculo de

grande produção, a cantora Vanessa Jackson, vencedora do programa Fama em 2002, esmiúça a trajetória da diva americana por meio de canções como I Will Always Love You e I’m Every Woman. Theatro Net Rio. Rua Siqueira Campos, 143, Copacabana. Terça (7), 21h. R$ 90,00 (balcão) e R$ 120,00 (plateia).

PAULO LONGARES/DIVULGAÇÃO

Ray Conniff Tribute Show. Sósia do maestro, morto em 2002, aos 85 anos, Sidney Leonel interpreta clássicos como Besame Mucho, Smoke Gets in Your Eyes e Aquarela do Brasil, ao lado de uma pequena orquestra e de um coro de oito integrantes. Teatro Bradesco. Avenida das Américas, 3900, Barra (Village Mall). Quinta (9), 21h. R$ 80,00 (frisa) a R$ 150,00 (plateia baixa).

DEAN CHALKEY/DIVULGAÇÃO

Talento precoce, o inglês Jake Bugg começou a compor aos 12 anos e, aos 17, fez sua estreia no festival Glastonbury. Aos 23 anos, completados no último dia 28, o jovem músico aporta na Lapa para mostrar seu terceiro álbum, On My One. Apesar do visual à la irmãos Gallagher, do Oasis (com Noel, aliás, andou trocando farpas), o menino de Nottingham bebe na fonte de artistas como Donovan, Bob Dylan, Johnny Cash e Nick Drake e banha-se no folk, com influências do country e do blues. O novo disco flerta com o pop, em Gimme the Love, e até com o rap (Ain't No Rhyme), mas hits como Seen It All e Broken estão garantidos. Circo Voador. Arcos da Lapa, s/nº, Lapa. Sexta (10), 21h. R$ 120,00 (1º lote).

Confira mais apresentações em vejario.abril.com.br/shows

Depois de encarnar a adolescente Jenny Humphrey no seriado Gossip Girl, Taylor Momsen trocou o estilo patricinha da personagem pelo visual gótico ao abraçar o rock. À frente da banda nova-iorquina The Pretty Reckless, a jovem cantora e compositora traz ao Rio, ao lado de Ben Phillips (guitarra e backing vocal), Mark Damon (baixo) e Jamie Perkins (bateria), o repertório de letras sombrias e vocais crus de Who You Selling For, lançado em outubro. O álbum, o terceiro do grupo, dá sequência a Going to Hell (2013), com três músicas no topo das paradas americanas — o hit Heaven Knows encabeçou por dezoito semanas a lista da Billboard. Vivo Rio. Avenida Infante Dom Henrique, 85, Flamengo. Quinta (9), 21h30. R$ 190,00 (balcão e pista) a R$ 320,00 (camarote A). 42 Veja Rio 8 de março, 2017

ANDREW-LIPOVSKY/DIVULGAÇÃO

DE PATRICINHA A ROQUEIRA GÓTICA


Movimento musical surgido nos guetos de Paris, o afrotrap une o trap americano à percussão africana. Acrescentem-se elementos da música brasileira e surge uma pista sobre o novo show do rapper mineiro Flávio Renegado: Afrotrap Ofá. O ritmo embala versões para clássicos como Juízo Final, de Nelson Cavaquinho, Chase the Devil, de Max Romeo, e Cordeiro de Nanã, de Mateus Aleluia e Dadinho, além de canções de seu último disco, Outono Selvagem (2016), e trabalhos anteriores. No Dia Internacional da Mulher, ele divide o palco com Larissa Luz e Lellêzinha, do Dream Team do Passinho. A noite segue com os DJs da festa Batekoo. Teatro Rival. Rua Álvaro Alvim, 33, Cinelândia. Quarta (8), 20h. R$ 40,00 (1º lote).

ROCK E CERVEJA A música tem forte influência entre os sócios da cervejaria Hocus Pocus, batizada com o nome de uma canção da banda de rock progressivo Focus. O gênero dita o tom da segunda edição do Hocus Pocus Festival. Atração principal, a banda alemã Samsara Blues mistura cítaras e sintetizadores em seu “space rock lisérgico”. As cariocas Psilocibina e Aura completam o line-up. Rótulos da marca estarão disponíveis nas torneiras. Cais da Imperatriz. Rua Sacadura Cabral, 145, Saúde. Domingo (12), 17h. R$ 50,00 (antecipado).

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DÉBORA ALMEIDA/DIVULGAÇÃO

ALÉM DO RAP


SHOWS

primeiro desde a morte, em 2012, do tecladista José Roberto Bertrami — cujo posto foi assumido com competência por Kiko Continentino. O título é a mais perfeita tradução desse renascimento, que dá continuação à elegante fusão de soul, funk, jazz e samba. Sala Baden Powell. Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 360, Copacabana. Sábado (11), 21h. R$ 50,00.

MARCUS SCHAEFER/DIVULGAÇÃO

Parte da nova programação da Sala Baden Powell, sob a gestão artística de João Donato, o festival Toda Essa Bossa leva ao palco de Copacabana o trio Azymuth. Glória da música instrumental brasileira, o grupo criado nos anos 70, com o nome emprestado de uma canção de Marcos Valle, segue firme com dois de seus fundadores, Alexandre Malheiros (baixo) e Ivan “Mamão” Conti (bateria). Lançado no fim de 2016, o álbum Fênix é o

ESTRELAS SERTANEJAS

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Dupla sertaneja número 1 do país no momento, com média de vinte shows por mês e dona de uma legião de fãs, Jorge & Mateus prometem empolgar o público com hits como Os Anjos Cantam, Nocaute e Amo Noite e Dia, em duas apresentações da turnê que celebra seus onze anos de estrada. Canções mais recentes, do DVD Como Sempre Feito Nunca (2016), a exemplo de Ou Some ou Soma, também estão no roteiro. Na sexta (10), o público assiste ao show de pé. No dia anterior, a pista será ocupada por mesas. Metropolitan. Avenida Ayrton Senna, 3000 (Shopping Via Parque), Barra. Quinta (9) e sexta (10), 22h. R$ 90,00 (pista, 1º lote, qui.) a R$ 280,00 (camarote).

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PRINCIPIANTES ENTRE CRAQUES Mais de 2 300 inscrições de todo o país (e até de fora) foram recebidas na quinta edição do Festival de Clipes e Bandas, que apresentou alguns dos destaques em palcos espalhados pela cidade. No sábado (11), com entrada quase gratuita, os vencedores, a baiana Neila Kadhí e a Orquestra Friorenta, do Paraná, dividem o palco com dois craques: Simone Mazzer (foto) e Moraes Moreira. Após os shows dos novatos, a cantora defende temas de seu álbum, Férias em Videotape, e releituras de canções que marcaram sua trajetória, como Vaca Profana (Caetano Veloso). Em seguida, o novo baiano bota a plateia para dançar ao som de Brasil Pandeiro, Besta É Tu e outros clássicos. Circo Voador. Arcos da Lapa, s/nº, Lapa. Sábado (11), a partir das 21h. R$ 2,00. THIAGO SACRAMENTO/DIVULGAÇÃO

De volta das cinzas


FILMES FILMES

Miguel MiguelBarbieri BarbieriJr.Jr.

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ESTREIAS

Em sua recente passagem por São Paulo, Hugh Jackman (na foto) declarou aos jornalistas que Logan não é para crianças, pois tem muita violência e traz uma reflexão sobre o envelhecimento e a morte. “Emociona sem ser sentimental”, concluiu. O astro australiano está certíssimo e resumiu muito bem os objetivos do filme. Depois de interpretar o personagem sete vezes em dezessete anos (desde o primeiro capítulo da cinessérie X-Men), Jackman, em uma de suas atuações mais viscerais, retoma Logan/Wolverine com fôlego cansado e andar cambaleante. A ação se desenvolve em 2029, em El Paso, cidade na fronteira dos Estados Unidos com o México. Wolverine, o mu-

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O fim de uma era

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tante de garras afiadas, trabalha como motorista de uma limusine e cuida do professor Xavier (Patrick Stewart), que se encontra em avançado estado de demência. A ambiência vem dos faroestes, e o clima parece bastante intimidador. Logan quer distância de confusões, mas terá de enfrentar poderosos inimigos quando Laura (a ótima revelação Dafne Keen, no detalhe) entra de supetão em sua vida. Aos 11 anos, a garota, embora não fale, tem agilidade impressionante. A partir daí, a história, sem trair a origem da saga, investe num drama existencialista de voltagem intensa e desfecho capaz de deixar os fãs comovidos. Direção: James Mangold (EUA, 2017, 137min). 16 anos.

TUDO PELO ÍDOLO

ACOMPANHE O CRÍTICO Miguel Barbieri Jr. miguelbarbieri

miguelbarbieri

DIVULGAÇÃO

miguelbarbieri

Fãs acampados em frente ao local do show de seus ídolos quase sempre rendem reportagens na mídia. No documentário nacional Waiting for B., esses anônimos ganham rosto em resultado que foge ao trivial. Os diretores mostram vários homossexuais que, em 2013, armaram barracas do lado de fora do Estádio do Morumbi dois meses antes do espetáculo da cantora Beyoncé. Além de focar a devoção pela artista, o roteiro cobre o dia a dia de alguns rapazes e moças, entre eles o cabeleireiro que vence a distância entre a casa e o trabalho, em São Paulo, e passa a madrugada no Morumbi. Descontraídos à frente das câmeras, os personagens dão vida, graça e molho ao registro, deixando um gostinho de quero mais. Direção: Paulo Cesar Toledo e Abigail Spindel (Brasil, 2016, 71min). 12 anos. Veja Rio 8 de março, 2017 45


FILMES PARA VER EM CASA

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JAN THIJS

Viola Davis ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante, mas seu parceiro de cena, Denzel Washington, perdeu a estatueta para Casey Affleck (de Manchester à Beira-Mar). Foi uma pena ver Denzel sem o prêmio, já que a sintonia da dupla é impecável em Um Limite entre Nós. Também diretor, o protagonista leva às telas uma boa adaptação da peça Fences (Cercas), de August Wilson. Ele interpreta Troy, um lixeiro na Pittsburgh da década de 50 que é casado com Rose (Viola) e tem um filho do primeiro casamento, além do jovem Cory (Jovan Adepo). Em ambiente aparentemente harmônico, um atrito vem à tona quando o caçula se mostra interessado em ser jogador de beisebol — e o pai, linha-dura e orgulhoso, é contra. Outra revelação, mais bombástica, vai deflagrar um conflito conjugal. Embora longo (mais de duas horas!), o drama toca, como pano de fundo, na questão da segregação racial e investe suas fichas num enérgico acerto de contas entre marido e mulher. Direção: Denzel Washington (Fences, EUA, 2016, 139min). 12 anos.

FOTOS DIVULGAÇÃO

EM SINTONIA

Amy Adams ficou fora da disputa da estatueta de melhor atriz, mas A Chegada levou um dos oito prêmios a que concorria. Vencedora na categoria edição de som, a ficção científica traz uma professora de linguística tentando contato com alienígenas. Alugue por R$ 16,90. A Separação, disponível no NOW por R$ 2,95, venceu o Oscar de filme estrangeiro em 2012. De volta à competição, o diretor iraniano Asghar Farhadi, que não pôde comparecer à cerimônia, conquistou mais uma merecida estatueta por O Apartamento (R$ 11,90).

CLAY ENOS

DAVID LEE

Vencedores do Oscar no NOW

Houve quem tenha torcido o nariz para o Oscar de melhor maquiagem dado a Esquadrão Suicida (R$ 11,90). Mas basta ver a foto para comprovar o talento dos profissionais. Entre Star Trek — Sem Fronteiras e Um Homem Chamado Ove, venceu o trabalho mais requintado. Apenas um astro mirim (o pequeno grande ator Neel Sethi) rodeado de animais criados em computação gráfica. Não deu outra! O Oscar de efeitos visuais só tinha mesmo de ser do encantador Mogli. Assinantes do Telecine assistem ao filme sem custo extra. Uma coelha metida a detetive, uma raposa golpista e uma preguiça muuuito vagarosa. Três personagens da melhor (e mais divertida) animação do ano. Sem concorrentes à altura, Zootopia foi a maior prova de criatividade da Disney em 2016. Grátis para assinantes do Telecine.


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Consulte as salas e os horários em vejario.abril.com.br/cinema

Os mais bem avaliados* 2

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LA LA LAND — CANTANDO ESTAÇÕES O estupendo musical traz a história de amor e sonhos de uma aspirante a atriz (Emma Stone) e um pianista de jazz (Ryan Gosling) em Los Angeles. Livre. Estreou em 19/1/2017.

LION — UMA JORNADA PARA CASA Um garotinho indiano se perde do irmão e chega a Calcutá. Lá, vai parar num orfanato, depois de passar fome e ficar em apuros nas ruas. Drama indicado a seis prêmios no Oscar. 12 anos. Estreou em 16/2/2017.

A QUALQUER CUSTO Dois irmãos (Chris Pine e Ben Foster) roubam pequenas agências bancárias de vilarejos no Texas. Mas um ferrenho homem da lei está com muita disposição para caçá-los. 14 anos. Estreou em 2/2/2017.

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A CRIADA Um vigarista convence uma jovem coreana a empregar-se na casa de uma japonesa rica. O plano é persuadir a herdeira a casar-se com ele e, assim, escapar do tio interesseiro. 18 anos. Estreou em 12/1/2017.

ATÉ O ÚLTIMO HOMEM Em 1945, um jovem adventista (Andrew Garfield) alistase no Exército para ajudar seus compatriotas que lutam no Japão. Mas o rapaz recusa-se a pegar em armas. 16 anos. Estreou em 26/1/2017.

EU NÃO SOU SEU NEGRO Por meio dos textos do ensaísta e escritor James Baldwin, o documentário faz um explosivo e contundente registro da condição dos negros, sobretudo na década de 60. 12 anos. Estreou em 16/2/2017.

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FOTOS DIVULGAÇÃO

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LOGAN O protagonista mutante vive recluso com o professor Xavier na fronteira do Estados Unidos com o México. Mas não demora para Logan/Wolverine se envolver numa fuga. 16 anos. Estreou em 2/3/2017.

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LEGO BATMAN — O FILME Na divertida animação feita com as peças de Lego, Batman fica contrariado por não ser o único salvador de Gotham City. Para piorar, o Coringa tem um plano para dominar a cidade. Livre. Estreou em 9/2/2017.

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MANCHESTER À BEIRA-MAR Um zelador de Boston (Casey Affleck) perde o irmão e regressa à cidade natal para o enterro. Lá, reencontra a ex-mulher depois de ambos passarem por uma tragédia. 14 anos. Estreou em 19/1/2017.

UM LIMITE ENTRE NÓS Na década de 50, um lixeiro de Boston (Denzel Washington) entra em conflito com sua esposa (Viola Davis, vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante) após uma confissão bombástica. 12 anos. Estreou em 2/3/2017.

* que estrearam nos últimos dois meses

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FILMES EM CARTAZ

Gyllenhaal) que, numa viagem com a família, é ameaçado numa estrada por um Aliados trio de caipiras grosseiros, liderado pelo Pelas vestimentas de Marion Cotillard e violento Ray (Aaron Taylor-Johnson). DireBrad Pitt, o Oscar acertou em dar a indica- ção: Tom Ford (Nocturnal Animals, EUA, ção de melhor figurino a Aliados. Mas é só 2016, 116min). 16 anos. o que o suspense merece. Na tentativa de resgatar os dramas românticos de guerra Capitão Fantástico do passado, o diretor Robert Zemeckis O drama com pitadas de humor e aventu(do premiado Forrest Gump) escorrega ra valeu a Viggo Mortensen uma indicação feio ao imprimir uma narrativa morna em ao Oscar de melhor ator. Os seis filhos de uma história, a princípio, curiosa. Em uma Ben Cash (Mortensen) convivem em harde suas piores atuações, o galã Pitt inter- monia numa floresta, embora a educação preta um oficial canadense (que fala fran- paterna seja no estilo militar. Além de obricês toscamente) numa missão em Casa- gada a exercícios físicos pesados, a meniblanca, no Marrocos, em 1942. Lá, conhe- nada tem de mergulhar nos estudos — eles ce sua parceira, a aliada francesa Marian- falam seis línguas. Cash desistiu da sociene Beauséjour (Marion). Não dá outra: dade de consumo e quer a prole muito eles acabam se apaixonando. Convém distante das cidades. Mas, quando sua esparar aqui a fim de não prejudicar as pou- posa morre, os filhos pedem para ir ao encas surpresas oferecidas pelo roteiro. Pior, terro, na terra dos avós maternos. O sonho contudo, é a química zero entre os prota- de evitar o contato com o “mundo exterior” gonistas, envolvidos numa mal-ajam- vai, portanto, minguando. Direção: Matt brada história de amor. Direção: Robert Ross (Captain Fantastic, EUA, 2016, 118min). Zemeckis (Allied, EUA/Inglaterra, 2016, 14 anos. Estreou em 22/12/2016. 124min). 14 anos. Estreou em 16/2/2017. A Chegada Animais Noturnos O filme é inspirado num conto do livro Não dá para ficar indiferente ao suspen- História da Sua Vida e Outros Contos, lanse, adaptação do livro de Austin Wright çado pela Editora Intrínseca. Não se trata feita pelo estilista (e cineasta) Tom Ford. de uma ficção científica de fácil digestão. Em seu segundo longa-metragem como Amy Adams interpreta a professora de diretor (o primeiro foi Direito de Amar, de linguística Louise Banks, escalada para 2009), Ford tem a habilidade de contar uma missão quase impossível. Doze imenmais de uma história (em três tempos dis- sas naves de formato oval aterrissaram tintos) sem perder o fio da meada e, me- em pontos distintos do planeta, e o munlhor, deixa a plateia de olhos grudados na do está preocupado com o silêncio dos tela. Depois de uma impactante cena de invasores. Para tentar contato com os alieabertura, o roteiro apresenta Susan Mor- nígenas, Louise entra em cena. Trata-se de row (Amy Adams), galerista de Los Ange- uma jornada existencial, em que a protales, casada com um almofadinha milioná- gonista vai rever seu passado nos dias em rio e infiel (Armie Hammer). Num cotidia- que procura se comunicar com os extrano ditado por cores neutras, Susan terá terrestres. Direção: Denis Villeneuve (Arum desafio pela frente. Seu ex-marido, rival, EUA, 2016, 116min). 12 anos. Estreou Tony Hastings (Jake Gyllenhaal), de quem em 24/11/2016. ela se separou há quase duas décadas, escreveu um livro e deixou os originais na Elle casa dela. Ao começar a leitura, Susan Suspense. Grande atriz francesa, Isabelle embarca numa jornada sombria a respeito Huppert já deu provas de talento em filde um homem (interpretado pelo mesmo mes como A Professora de Piano. Na par48 Veja Rio 8 de março, 2017

ceria explosiva com o diretor Paul Verhoeven (Instinto Selvagem), Isabelle deixa de lado a moral e os bons costumes para viver Michèle Leblanc. Executiva de uma produtora de videogames, a cinquentona foi estuprada em sua casa. Quem seria o agressor? O roteiro, inspirado no livro “Oh…”, de Philippe Djian, vai além do suspense policial. De um trauma de infância emerge um drama de camadas psicológicas complexas. Direção: Paul Verhoeven (Elle, França/Alemanha/Bélgica, 2016, 130min). 16 anos. Estreou em 17/11/2016. Estrelas Além do Tempo O drama deve ter grande apelo emocional junto ao público. Afinal, trata-se da trajetória de três personagens reais que enfrentam o preconceito racial nos Estados Unidos do início da década de 60. Numa época em que muito se fala do empoderamento da mulher, nada melhor do que checar como essas funcionárias negras da Nasa conseguiram quebrar barreiras e demarcar território. O foco está em Katherine (Taraji P. Henson), que é um gênio da matemática e uma das responsáveis pelo programa que levou o primeiro americano ao espaço. O roteiro ainda cobre a história de Mary (Janelle Monáe), que batalha para ingressar numa universidade apenas para brancos, e de Dorothy (Octavia Spencer), estudiosa da computação. Direção: Theodore Melfi (Hidden Figures, EUA, 2016, 127min). Livre. Estreou em 2/2/2017. Um Homem Chamado Ove A comédia dramática sueca tem uma história que, mesmo não sendo muito original, agrada. O Ove do título, interpretado por Rolf Lassgard, é um sessentão aposentado que se fechou para a vida após a morte da esposa. Ele mora num condomínio de casas e trata seus vizinhos com rigor militar. De cara virada para seu único amigo, o intragável Ove quer morrer e, para isso, tenta o suicídio — sempre sem sucesso. Direção: Hannes Holm (En Man Som Heter Ove, Suécia, 2015, 116min). 14 anos. Estreou em 16/2/2017.


+ Jackie O drama não é uma cinebiografia completa de Jacqueline Kennedy Onassis (1929-1994). Em seu registro sobre a ex-primeira-dama americana, o diretor Pablo Larraín (o mesmo de Neruda) privilegia os mais dolorosos dias enfrentados por ela. Com parte do enredo inspirada num artigo da revista Life, o roteiro especula como Jackie se comportou após o assassinato do marido, o presidente John Kennedy, durante uma carreata em Dallas, no Texas, em 22 de novembro de 1963. Direção: Pablo Larraín (Chile/França/EUA, 100min). 14 anos. Estreou em 2/2/2017. John Wick — Um Novo Dia para Matar De Volta ao Jogo “ressuscitou” a carreira de Keanu Reeves em 2014, agradando a parte do público e da crítica. Retornando ao batente nesta ação, Reeves retoma o papeltítulo na pele do matador aposentado. Agora, ele é forçado por um italiano (papel de Riccardo Scamarcio) a eliminar a irmã dele, uma chefona da máfia napolitana. Aos 52 anos, o astro manda bem nas artes... marciais (!). Mas, em programa de tiros e pancadaria, o robótico Reeves ainda leva a sério o papel. Há quem consiga enxergar humor na violência excessiva e, por vezes, ultrajante. Direção: Chad Stahelski (John Wick: Chapter 2, EUA, 2017, 122min). 16 anos. Estreou em 16/2/2017. A Jovem Rainha O roteiro do romance traz à tona uma interessante personagem real. Mas o diretor finlandês Mika Kaurismaki não passa do convencional na cinebiografia de Cristina da Suécia (1626-1689), interpretada pela bela Malin Buska. Cristina substituiu o pai aos 6 anos, mas só foi coroada rainha aos 18. Intelectual de personalidade forte e decisões firmes, ela era admiradora da obra do filósofo francês René Descartes e quis pôr fim à guerra entre católicos e protestantes. Embora seu primo fosse uma opção de casamento, Cristina se apaixonou por sua dama de companhia. Conflitos tão intensos são tratados em diálogos novelescos e a produção de

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época pobrezinha remete aos folhetins de TV da década de 80. Direção: Mika Kaurismaki (The Girl King, Finlândia/Suécia, 2015, 106min). 14 anos. Estreou em 23/2/2017.

em marcantes atos de violência. Até aí, a história, embora amparada em velhos clichês e numa improvável cena de amor e sexo, tem seu valor social. O destino encontrado, no terceiro capítulo, para o personaMinha Vida de Abobrinha gem, porém, não convence, assim como a Animação. Realizado com afinco e sensibi- abordagem de sua homossexualidade relidade pelo suíço Claude Barras, o filme primida. Direção: Barry Jenkins (EUA, 2016, tem enxutíssima duração (pouco mais de 111min). 16 anos. Estreou em 23/2/2017. uma hora) para mostrar a transformação na vida de Abobrinha (ou Courgette, no Redemoinho original francês). Após a morte da mãe, Drama. José Luiz Villamarim, diretor da sempre bêbada e indiferente à sua presen- telenovela O Rebu e do seriado Justiça, esça, o menino de 9 anos vai para um orfana- treia em longa-metragem. Talento não falto. Lá, redescobre o prazer da vida ao lado ta ao cineasta ao compor um registro, ao de crianças com traumas parecidos ou até mesmo tempo explosivo e singelo, da amipiores. Direção: Claude Barras (Ma Vie de zade de dois homens que o tempo afasCourgette, Suíça/França, 2016, 66min). 10 tou. Luzimar (Irandhir Santos) mora em anos. Estreou em 16/2/2017. Cataguases, casou-se e é operário de uma tecelagem. Na véspera do Natal, ele reenMoana — Um Mar de Aventuras contra Gildo (Júlio Andrade), seu amigo de Depois de lançar, no ano passado, o original infância, que trocou o interior de Minas e divertido Zootopia, a Disney dá um passo Gerais por São Paulo para, acredita, levar atrás com esta animação. Na tentativa de uma vida melhor. A cerveja acompanha o fisgar as fãs de Frozen, o estúdio cria agora papo entre eles, que, já de cabeça quente, uma jovem heroína que, embora recuse o decidem perambular pela cidade. Ressentítulo de princesa, é a líder de uma aldeia na timentos e traumas do passado vêm à toPolinésia. Para salvar seu povo de uma mal- na numa narrativa calma, porém envolvendição, Moana vai se aventurar pelos mares à te. Trata-se de um pequeno grande filme, procura do semideus Maui. Direção: Ron valorizado pela estupenda atuação dos Clements e John Musker (Moana, EUA, 2016, protagonistas e com duas coadjuvantes (Dira Paes e Cássia Kis) de peso. Direção: 107min). Livre. Estreou em 5/1/2017. José Luiz Villamarim (Brasil, 2016, 100min). 14 anos. Estreou em 9/2/2017. Moonlight — Sob a Luz do Luar Vencedor do Oscar de melhor filme, a fita recebeu também o Globo de Ouro de meToni Erdmann lhor drama. Mas a supervalorização do pri- Extremamente longa (quase três horas) e meiro longa do diretor Barry Jenkins pode de difícil arrancada, a comédia dramática causar frustração. Dividida em três atos, a alemã mostra a reaproximação de pai e fitrama capta a infância, a adolescência e a lha com humor ora ácido, ora deslocado juventude do protagonista, nascido e criado — há também uma grosseira cena de sexo na periferia de Miami. Frágil e negligenciado fora de contexto. O Toni do título (papel de pela mãe drogada (Naomi Harris), Little Peter Simonischek) é um sujeito brinca(Alex R. Hibbert) é protegido, ainda criança, lhão, na casa dos 60 anos, que não leva a por um traficante de bom coração (papel de vida a sério. Para combater a sisudez da fiMahershala Ali, que levou o Oscar de ator lha executiva (Sandra Hüller), ele decide coadjuvante). A adolescência do garoto ga- passar uma temporada em Bucareste, onnha marcas profundas quando ele passa a de ela trabalha sem trégua. Direção: Maren sofrer bullying e a ser humilhado pelos co- Ade (Alemanha/Áustria, EUA, 2017, 162min). legas por sua introspecção, o que culmina 16 anos. Estreou em 9/2/2017. Veja Rio 8 de março, 2017 49


CRÔNICA

LEO MARTINS

Manoel Carlos | almaviva@uninet.com.br

Um ano a mais, um ano a menos enrique, um amigo de São Paulo, remanescente de uma geração, como eu mesmo, leu a última crônica e me escreveu algumas linhas sobre o Horácio, nosso amigo comum daqueles velhos tempos, aqui lembrado na ocasião. Henrique não sabia da morte do nosso amigo e exclamou com um certo espanto: — Nossa, tão moço! Eu falei que não era bem assim. Que Horácio, afinal, tinha 81 anos, uma idade em que não se pode chamar a pessoa de jovem, ainda que ela seja jovial. Henrique insistiu: — Mas, se ele era velho, o que somos nós, você e eu, que já vamos para os 85 anos? — Ei, calma! Eu estou indo para 84. Você, sim, vai fazer 85. — Pois então. Já temos dois anos de vantagem sobre ele. Por quê? Tive de sorrir com essa demonstração de carinho pelo nosso amigo desaparecido, pois era uma maneira bonita de desejar que Horácio estivesse vivo, ainda mais por ter menos idade que nós. — Um ano a mais, um ano a menos... — Vocês se viam sempre no decorrer desses 65 anos em que nos conhecemos? Fiz essa pergunta certo de que ele responderia afirmativamente, já que se mostrou muito abalado com a notícia. Como se tivesse perdido um amigo de todas as horas, frequente, indispensável ao seu cotidiano. — Não — ele me disse. — Não nos víamos fazia mais de trinta anos! E completou: — Olha, eu me lembro que a última vez que estive com ele foi no casamento do Alexandre, aquele nosso colega de internato que repetiu cinco vezes a 2a série, lembra?

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Não pude deixar de rir, o que levou Henrique a fazer o mesmo. Era eu que exclamava agora: — Você também lembra de cada coisa! — Ver não é importante. E nem frequentemente nos leva à lembrança de fatos felizes. — Ah, mas ajuda. — Às vezes, não. Lembrar é que é fundamental em qualquer relação, seja de amor, seja de amizade. E seja mesmo de ódio (e fez o sinal da cruz). Fui em cima: — Não sabia que você era religioso. E que fazia o sinal da cruz. — Procuro me garantir. E cortando, com entusiasmo: — Tive uma ideia. Vamos fazer juntos uma comemoração dos nossos 85 anos. — Vou fazer 84 — repeti mais uma vez. E Henrique, sem mudar o tom: — Sabe o que acontece quando reencontro amigos dos velhos tempos? Volto para casa e comento com minha mulher: “Estive com fulano, meu amigo da adolescência. Está acabado, movimentando-se numa cadeira de rodas, empurrado por uma babá de velhos. Será que eu estou igual a ele?”. E, por mais que eu queira, não acredito quando minha mulher diz: — Mas você não tem a idade que aparenta! Quando eu falo a alguém que você vai fazer 85 anos... — 84! — Ah, é a mesma coisa. Fico pensando se isso é verdade: se 84 é igual a 85. E sinto e sei que não é.




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