Marcados pela Lembrança Marcia Pimentel

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Capítulo 1

Uma Aliança Entre Clãs

Escócia ano de 1394 – Ilha de Skye

Depois de uma longa reunião entre os chefes aliados da Ilha de Skye para decidirem se iria para guerra contra o conde Desmond Campbell, Roland MacKinnon deixou o Castelo Dunakin e desceu pela trilha que o levaria a uma parte deserta da praia. Ele precisava ficar sozinho e se preparar para o que teria que enfrentar. Quando estava voltando do quartinho onde faziam a manteiga, Gisela MacKinnon viu os dois chefes dos clãs MacLeod e MacDonald deixando o Castelo Dunakin com os seus homens. Ela sabia que aquela reunião tinha sido realizada para decidir o destino da Ilha de Skye. Há dez anos que a ilha estava sendo atacada pelo conde Desmond Campbell, o chefe do clã Campbell da região de Argyll, ele queria ter o controle de toda a ilha. Mas os chefes dos clãs MacKinnon, MacLeod e MacDonald, por


10 anos conseguiram impedir os avanços do chefe Campbell. Eles tiveram dois anos de paz, mas agora o chefe Campbell resolveu recomeçar sua guerra para tomar a ilha e fazer com que todos os habitantes pagassem impostos e se tornassem seus vassalos. Assim que entrou no castelo, Gisela procurou pelo marido. Encontrou pelo caminho Darren MacKinnon, o filho mais velho do casal MacKinnon. Ele estava lutando com o seu escudeiro em um dos corredores do castelo. — Viu o seu pai, Darren? — gritou para que o filho escutasse acima do som das espadas que se cruzavam. — Não. Ele deve estar na praia. A senhora já o procurou lá? “Sim, ele só podia estar lá”. Pensou Gisela. — Não — virou e andou em direção ao salão. — Sabe que não gosto que lute pelos corredores, Darren. Ao ouvir a mãe, Darren parou de lutar e olhou desanimado para as costas dela. Mas assim que Gisela virou o corredor e desapareceu, Darren voltou a lutar com o seu escudeiro. Mesmo já estando no salão, Gisela podia ouvir o barulho das espadas se cruzando no corredor. Ela balançou a cabeça de forma negativa e prometeu a si mesma que pediria ao marido que punisse o filho pela desobediência. Apesar de Darren já ter 23 anos, ele ainda se comportava como um jovenzinho de 15. Sempre aprontando e desobedecendo aos pais. O chefe MacKinnon estava negociando o casamento dele com uma das filhas do clã MacLean da Ilha de Mull. Roland


acreditava que quando Darren se casasse ele mudaria e se comportaria como um homem, mas Gisela tinha suas dúvidas, para ela Darren sempre se comportaria como um jovenzinho. O lugar onde Roland gostava de ir era bem afastado do castelo. Ele andava pela margem da praia e chegava ao final dela, onde ficava a floresta e onde tinha várias pedras. Ele sentava em uma das pedras e ficava quase o dia todo pensando. Gisela sabia que até onde Roland estava era uma longa caminhada. Ela estava curiosa demais para perder tempo caminhando. Pediu que um dos homens selasse seu cavalo. Montou em Proteus, um garanhão branco escocês, e cavalgou em direção onde Roland sempre ficava quando queria ficar sozinho e pensar. Em pouco tempo Gisela chegou onde queria. Desceu de Proteus e o deixou pastando. O cavalo já estava acostumado com o lugar e por isso não se afastava muito. Ela caminhou lentamente em direção a mesma pedra onde Roland sentava quando algo grave tinha acontecido ou estava para acontecer. Ao ouvir passos atrás de si, Rolando sorriu. Depois de mais de 25 anos de casados, ele conhecia bem os passos da esposa. Ele virou e viu Gisela caminhando lentamente em sua direção. Ela ainda tinha a mesma beleza que o encantou quando a viu pela primeira vez ao lado de seu pai. Seus cabelos avermelhados começavam a dar lugar para os brancos, mas ainda havia bastante cabelos avermelhados, e eles brilhavam quando os raios do sol refletiam em seus fios. Seus dois filhos tinham os cabelos


da mesma cor que o da mãe. — Eu sabia que você logo apareceria, minha ruiva. Gisela sentou ao lado do marido e sorriu para ele. Mesmo depois de tanto tempo casados, seu coração ainda batia acelerado sempre que ele a chamava daquela forma carinhosa. Ele a chamou assim na primeira vez que dormiram juntos quando chegou ao Castelo Dunakin. Era tempo de guerra e quando o chefe MacKinnon passou pelo clã MacLean, seu pai a deu em casamento para o filho dele, mas seu pai não podia deixar a Ilha de Mull para casar sua filha em Skye, e nem o clã MacKinnon podia ficar sem um chefe. Quando o chefe MacKinnon saía de Kyleakin, seu filho ficava como chefe do clã. Desde muito jovem Roland sempre foi muito responsável, o contrário de seu filho. A solução para aquele impasse foi fazer o casamento com o pai do noivo o representando. Gisela só foi conhecer seu marido cinco dias depois de se casar. Durante a viagem para Kyleakin, Gisela teve muito medo que Roland não gostasse dela, ou que ela não gostasse dele, pois nada sabia do marido. Ela não queria se infeliz em seu casamento. Mas para sua felicidade, Roland se apaixonou por ela assim que a viu, e ela se apaixonou pelo lindo guerreiro de cabelos negros como a noite e lindos olhos azuis. E durante todos aqueles anos de casados ele a fez muito feliz. — Eu sempre venho — disse sorrindo e acariciou o rosto barbudo de Roland. — O que aconteceu na reunião? — Vamos à luta. Pela primeira vez Gisela sentiu desanimo na voz do marido ao anunciar que partiria para uma batalha. Aquilo


a surpreendeu. — O que está realmente acontecendo? — Temos poucos homens e Desmond conseguiu mais homens vindo das Lowlands. — MacLeod não ficou de conversar com o rei e pedir reforço? — MacLeod voltou dias atrás de Edimburgo e disse que teve uma audiência rápida com o rei. — E o que ele conseguiu? — Nada. O rei nem quis ouvir o pedido de MacLeod. Ele disse que não pode se envolver nas batalhas dos clãs no momento porque tem que impedir que os ingleses tomem as terras no sul do país. Todos os homens que ele tem, está enviando para a fronteira com a Inglaterra. — E vocês vão lutar com o conde mesmo ele tendo o dobro dos homens que vocês? Isso é uma sentença de morte, Roland. Roland sorriu e abraçou a esposa. Gisela olhou surpresa para o marido. — Eu sou um homem de muita sorte, Gisela — disse sorrindo. — E eu posso saber por que diz isso? — Porque tenho você. Ela sorriu um pouco envergonhada. — Nenhum deles pode conversar com suas esposas sobre as batalhas que travarão. Elas só sabem conversar sobre casa e crianças. — Também sei conversar sobre isso — disse como se estivesse ofendida.


Roland riu alto ao ver Gisela emburrada por ele achar que ela não era como as outras mulheres. — Você é especial, minha ruiva. Você sabe falar sobre coisas de mulher, mas também sobre coisas de homens. Não sabe como é bom poder conversar com você sobre tudo — disse a última parte com um semblante sério. — Você não é só minha esposa, mas também minha companheira para todos os momentos. Não é todos os maridos que tem a sorte que tenho. Não é todos que tem a sorte de ter uma Gisela MacLean MacKinnon como esposa. — Hum! Muitos elogios. O que mais tem para me contar, Roland? Vi os chefes indo embora e vi Angus entre eles. O que Angus foi fazer? O que está planejando, Roland? Angus MacLeod era o braço direito de Roland. Angus era mais velho que o chefe dos MacKinnon dez anos, e Roland usava a sabedoria que o homem tinha para tratar de diplomacia com os outros clãs. Quando tinha que conversar era sempre Angus MacLeod que ia, mas quando tinha que lutar era Roland que sempre estava presente. — Um casamento. — De Darren? — perguntou sorrindo. Doeu no coração de Roland ao ver a alegria de Gisela. Ele sabia que ao saber o que estava planejando Gisela não iria gostar. — Não. De Rossilyn. — Rossilyn? Mas Rossilyn é uma menina! Tudo no que pensa é correr com sua prima Katriona pelas colinas de


Kyleakin. — Ela tem 13 anos, Gisela. Uma boa idade para se casar. Gisela olhou para o mar e bufou. Não tinha a mesma opinião do marido. Roland segurou na mão da esposa. — Eu também acho que Rossilyn ainda é uma menina, Gisela. — Ela olhou para ele e viu que dizia a verdade. — Não me agrada esse casamento. Mas eu preciso de mais homens. — E eu posso saber com quem Rossilyn se casará? — Com o filho de Bradd MacMorran. — Bradd MacMorran? — arregalou os olhos. — Por que o espanto? — O filho de Bradd MacMorran tem quase o dobro da idade de Rossilyn. Não podemos fazer isso com ela. Por que não com o filho de MacKinven? Ele só é três anos mais velho que Rossilyn. Vão crescer juntos. — Uma das filhas de MacLeod se casará com ele daqui a duas semanas. — E o filho de Mackinney? — O menino só tem cinco anos, Gisela! — Melhor do que se casar com um homem que tem quase o dobro da idade dela. Ele a fará infeliz, Roland. — Por que diz isso se nem o conhece, Gisela? — Nossa filha é uma criança e o filho de MacMorran é um homem experiente. Roland olhou para Gisela como se não tivesse entendido. — Na cama — gritou irritada.


— Com o tempo nossa filha aprenderá essas coisas. Você poderia dizer algo para ela. — Rossilyn é uma criança! Há pouco tempo ela, Katriona e Ruben tomavam banho nus no rio. Como posso dizer a ela o que um homem e uma mulher fazem na cama? Eu não posso. Não agora — disse desanimada. — Quando nos casamos você também não sabia de nada. Lembro que você chorou em nossa primeira vez. — Eu tinha 16 anos e sabia o que acontecia entre um homem e uma mulher. Tive medo que você me machucasse. Mas não estamos falando sobre mim, mas sobre Rossilyn. Ele vai magoá-la quando se der conta que se casou com uma criança. Ele pode tratá-la mal. Por favor, Roland. — Não dá mais para voltar atrás, Gisela. Em pouco tempo Angus chegará em Eynort e dará minha mensagem com o pedido de casamento para MacMorran. — Que com certeza aceitará. O clã MacMorran é um clã pequeno. Ele sabe que casando o filho com uma MacKinnon trará muitas vantagens para ele e seu clã. Isso sem dizer as terras que ele ganhará ao se casar com Rossilyn. Não pode fazer isso com sua filha, Roland. — Já fiz, Gisela. — Seu olhar era uma suplica de perdão. — O clã MacMorran pode ser pequeno em comparação com o clã MacKinnon, mas seus homens nos ajudarão contra o conde Desmond. Todos estão fazendo aliança com os clãs menores para atrair mais homens. Depois de suspirar forte, Gisela se colocou de pé e olhou sério para o marido.


— Então você contará sobre o casamento para Rossilyn. — Pronunciou aquelas palavra como se fosse uma sentença. A mulher se afastou e caminhou em direção a Proteus. Roland se levantou e gritou. — Não vai me deixar voltar com você? — Não. Volte do mesmo modo como chegou aqui... Andando. Roland sorriu ao ver o quanto Gisela estava zangada. Ele gostava de vê-la zangada. Gisela quase não se zangava, era uma mulher muito compreensiva. Quando ela se zangava Roland tinha que inventar mil maneiras para que esquecesse o que ele tinha feito e voltasse a sorrir para ele, e ele sempre conseguia. E quando isso acontecia, Gisela lhe dava a melhor noite de sua vida. E ele tinha perdido as contas das melhores noites que Gisela havia lhe dado durante todos aqueles anos de casados. Roland sabia que teria sua recompensa quando a fizesse sorrir novamente. Mas antes de ter mais uma noite maravilhosa nos braços da esposa, Roland teria que travar uma batalha dentro do seu castelo. Ele sabia que o mundo cairia em sua cabeça quando contasse a Rossilyn sobre o seu casamento. E teria que enfrentar a ira da Sra. Arlana, ama de Rossilyn desde que nasceu, e também a de Darren, que com certeza não iria gostar de saber que sua irmãzinha irá se casar com um homem muito mais velho que ela. Roland gritou uma maldição e caminhou pela praia em direção ao Castelo Dunakin.


Capítulo 2

O Fim da Inocência

O coração de Rossilyn estava disparado dentro do seu peito pela tensão do momento. Ela sabia que o primo estava perto e que a qualquer momento a encontraria. Rossilyn ouviu passos perto de onde estava escondida e se espremeu ainda mais atrás da árvore. Seu coração bateu ainda mais rápido ao sentir que o primo estava cada vez mais perto. Ela ficou atenta para ouvir o sinal que sua prima Katriona daria. De repente Rossilyn ouviu um barulho de galho se quebrando alguns passos de onde estava. Era o sinal. Os passos de Ruben pararam e ela sentiu que ele estava se afastando lentamente em direção ao barulho. Ela sorriu. Rossilyn sabia que aquela era a sua chance e também a chance de sua prima Katriona. Rapidamente ela se levantou e saiu correndo em direção a grande árvore no pé da colina. A grande árvore frondosa


ficava perto da margem do Rio Flew, o rio que corria em direção ao mar. Ruben parou e olhou em direção a Rossilyn, mas quando ia correr em direção a ela, ouviu outro barulho e olhou para o lado, ele viu a irmã Katriona correndo na mesma direção da prima. Ruben balançou a cabeça e desceu, andando calmamente a colina. Ele sabia que nunca as alcançaria. Novamente as duas o tinha enganado. Enquanto isso, Rossilyn correu desesperadamente colina abaixo e foi a primeira a chegar na grande árvore. Ela olhou para cima e viu Katriona correndo em sua direção. Ela levantou e com as mãos incentivou a prima a correr ainda mais rápido. Em pouco tempo Katriona chegou perto da árvore e sentou, se sentindo muito cansada por causa da corrida. Rossilyn sentou ao lado da prima e as duas olharam sorrindo para Ruben, que ainda estava na metade da colina. — O que vocês fazem, não vale — disse Ruben desanimado. — Vocês sempre se protegem. O garoto se aproximou das duas garotas e se sentou de frente para elas. — Sempre fazemos isso — disse Katriona para o irmão. — Já devia estar acostumado, Ruben. — É que eu sempre esqueço — disse desanimado. — Vamos cair no rio? — seu semblante mudou rapidamente e agora ele sorria. — Você sabe que eu não posso. Mamãe me proibiu de entrar no rio. Na última vez que entrei, fiquei doente e ela disse que me mataria se eu entrasse no rio de novo.


— Coitada de você, vai perder a diversão — disse o irmão ao se levantar. — Vamos, Rossilyn? Rossilyn olhou para a prima com um olhar solidário. — Vai. Eu fico olhando — disse, incentivando a prima à diversão. — Vamos correr até o rio? Ruben acenou que sim. Rossilyn se levantou e se preparou para correr. Mas antes que os dois saíssem do lugar, eles ouviram alguém gritar de cima da colina. — Rossilyn. Os três olharam ao mesmo tempo em direção ao topo da colina. Lá em cima estava a Sra. Arlana, ama de Rossilyn, uma mulher de cabelos prateados, baixa e tinha a forma um pouco arredondada. — O que é, ama? — Seu pai quer vê-la agora. Venha. Se despeça dos seus primos e venha. Rossilyn se despediu dos primos como a ama mandou e subiu a colina correndo. A Sra. Arlana abraçou a garota carinhosamente e as duas caminharam em direção ao Castelo Dunakin. — Sabe o que o meu pai quer comigo, ama? — Não sei. Mas acho que é coisa séria. Ele estava muito sério. Até mais do que o normal. As duas sorriram com o comentário da mulher. — Minha mãe também está lá? — Está. — Então deve ser sério mesmo. Eu aprontei alguma coisa, ama? — perguntou de forma inocente.


— Você sempre apronta, minha Rossilyn — disse sorrindo ao apertar a menina em seus braços. Ao entrar na sala onde seu pai realizava as reuniões, Rossilyn parou perto da porta e viu o pai em pé atrás de sua grande mesa e sua mãe perto de uma das paredes. Os dois não tinham um semblante amistoso, o que deixou a menina ainda mais apreensiva. Ela suspirou forte, engoliu em seco, caminhou até a mesa e parou com os braços estendidos ao longo do corpo. Parecia uma condenada prestes a receber a condenação de morte. — O que foi que eu aprontei dessa vez, pai? Rossilyn estava preparada para a bronca que com certeza viria. — Você não aprontou nada, Rossilyn. — Então o que estou fazendo aqui? — olhou surpresa de um para o outro. — Sente-se, Rossilyn. — A menina sentou na cadeira em frente a mesa. Roland e Gisela também sentaram. — Temos algo para lhe dizer, filha — olhou para Gisela, que não gostou de ser incluída na conversa. — O que é? — Daqui a duas semanas você se casará — disse rapidamente. Rossilyn arregalou os olhos e olhou para a mãe para que ela negasse aquele absurdo. Gisela olhou para a filha com um olhar desolado. A menina viu nos olhos na mãe que o pai falava a sério. — Mas minha mãe disse que só no próximo ano que eu começaria a me preparar para o casamento. Disse também


que demoraria mais alguns anos até que o senhor escolhesse um marido para mim. Pensei que Darren se casaria primeiro? — Eu sei de tudo isso, Rossilyn. Mas os planos mudaram. Rossilyn se levantou e correu até a mãe, que estava sentado em um dos cantos da sala. Ao ver a filha se aproximando, Gisela se levantou. — Por favor, mãe — suplicou. — Desculpe, filha. Mas o seu pai já se decidiu e não tem mais como voltar atrás. — Eu não quero me casar — disse encarando o pai. Rolando se levantou e olhou furioso para a filha. — Você não tem que querer, Rossilyn. O acordo já está feito. Você se casará em duas semanas. Rossilyn olhou furiosa para os pais, virou em direção à porta e saiu correndo pelos corredores do castelo. Ao chegar ao grande salão, viu Katriona esperando por ela perto da escada que dava para os dois andares de cima. Katriona se aproximou da prima e viu que ela tinha a respiração acelerada. — Venha comigo. Katriona segurou a mão da prima e a levou até o estábulo do castelo. — Minha mãe contou que você se casará. — Terei que me casar daqui a duas semanas — disse indignada. — Estou com muita pena de você. Vai ter que se casar com um homem velho.


Rossilyn se virou e olhou surpresa para a prima. — Um velho? — Você não sabia? — percebeu que tinha falado demais. — Foi o que minha mãe me contou, mas pode ser mentira. — Não é mentira. Meu pai vai me casar com um velho. — Rossilyn não conseguiu mais segurar as lágrimas, que escorreram por seu rosto. Rossilyn montou em Proteus, o cavalo de sua mãe, e cavalgou em direção ao rio, onde antes tinha estado brincando com os primos. Ela desceu do cavalo e se ajoelhou em frente ao rio. Olhou para a correnteza e sentiu como se sua felicidade fosse carregada para longe como aquela correnteza fazia com as folhas das árvores que caíam em suas águas. Ela gritou e chorou. Pouco depois a Sra. Arlana sentou ao seu lado. Ao virar o rosto, encontrou-se com o olhar carinhoso da ama. A Sra. Arlana a abraçou. — Por que ele vai fazer isso comigo, ama? — perguntou chorosa. — É por causa da guerra, minha Rossilyn. Seu pai precisa de mais homens para lutar contra os homens do conde Desmond. Ele atacará novamente a ilha. Rossilyn já tinha ouvido sobre o ataque do conde Campbell e sabia que seu pai começaria a buscar aliança com os outros clãs. Só não sabia que seria obrigada a se casar por causa disso. — Katriona disse que ele é um velho. — Ele não é tão velho, minha pequena Rossilyn. — O que é um homem não tão velho, ama? —


perguntou choramingando. — Eu não quero me casar — abraçou forte a ama. A Sra. Arlana sentiu toda a dor que a menina estava sentindo naquele momento. A mulher não gostava de ver Rossilyn sofrendo. Gostava da menina como se fosse sua filha. Há 13 anos ela deixou a aldeia de Torin e o clã MacKinning para ser a ama da filha dos MacKinnon. Quando a pequena Rossilyn nasceu, sua mãe teve uma febre muito forte e todos acreditavam que ela iria morrer, por isso contrataram uma ama para cuidar da menina. Gisela ficou meses de cama. A Sra. Arlana soube o que tinha acontecido e se ofereceu para ser a ama da menina. Ela tinha perdido o marido um ano antes, depois de mais de 20 anos de casados, e se sentia muito sozinha, pois não tinha filhos, todos tinham nascido mortos. A Sra. Arlana se apaixonou pela menina. Quando Gisela melhorou, viu o quanto a Sra. Arlana tinha se afeiçoado a filha, por isso deixou que ela continuasse a ser sua ama. A Sra. Arlana prometeu que jamais se separaria de Rossilyn. — Um dia você teria que se casar, Rossilyn. — Mas minha mãe disse que quando chegasse o momento eu estaria pronta. Eu não estou pronta, ama. — A maioria de nós nunca está pronta para esse momento, minha menina. Você é uma garota esperta. Vai dar tudo certo. Rossilyn olhou para a mulher de cabelos prateados e sorriu. Ela queria muito acreditar no que a ama estava dizendo, que tudo daria certo.


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