Prólogo Dias atuais
N
a biblioteca imperava o silêncio, às vezes, ouvia-se um arrastar de cadeiras e alguns risinhos, mas logo o silêncio voltava a reinar. Há duas semanas, este era o lugar que Isabela vinha frequentando assim que saía do trabalho. Saía correndo e chegava na porta da biblioteca quase tendo um ataque do coração de tanto correr pelas ruas do centro, parecia uma doida correndo pelas ruas e desviando das pessoas que estavam em sua frente, ela sempre tinha pressa em chegar à biblioteca. Hoje, além do coração disparado, por causa da corrida, também estava um pouco molhada. Estava um dia muito chuvoso, com muito vento e com um tempo desse o guarda-chuva não faz diferença. Entregou seu cartão da biblioteca para a moça da recepção, que a olhou com um sorriso no rosto, Isabela lhe dedicou um sorriso de reconhecimento, depois foi até o armário guardar sua bolsa e o seu guarda-chuva, indo direto para o corredor onde ficavam os livros da era medieval, os seus preferidos. Pegou um livro e foi para umas das mesas, começou a pesquisar o livro que dizia como era a vida das mulheres daquela época. O interesse de Isabela pela era medieval começou depois que seu amigo Rubens, um amigo do trabalho, lhe mostrou
vários filmes sobre a Escócia medieval, Isabela ficou fascinada por essa época, então, começou a devorar todos os livros que falavam sobre esse assunto e sobre esse país. Aprendeu algumas coisas lendo esses livros e cada vez que lia ficava mais fascinada. Várias vezes ficava imaginando como seria viver naquela época. Como seriam os homens medievais? Eles seriam mesmo bárbaros como muitos livros os descreviam? Eles tratavam realmente os seus cavalos melhores que as suas esposas? Como seria viver com essas pessoas, numa época tão diferente da que ela vivia? Isabela pensava em tudo isso enquanto lia esses livros. Ela sempre quis viver uma aventura, e viver na Escócia da era medieval com certeza seria uma grande aventura. Depois de ler o livro que tinha pego da prateleira, Isabela olhou para o relógio e viu que já era hora de voltar para casa, já estava quase na hora da biblioteca fechar. Ela sempre saia alguns minutos antes da biblioteca fechar. Resolveu que levaria um livro para ler em casa. Isabela nunca levava os livros para ler em casa, gostava de ler ali na biblioteca junto com as outras pessoas, só assim não se sentia tão sozinha. Mas naquele dia, ela resolveu que levaria um livro, o tempo chuvoso que estava fazendo pedia uma boa leitura debaixo das cobertas. Então, ela voltou na prateleira para escolher o livro que levaria. Depois de uma rápida olhada nos livros que poderia levar para casa, ela decidiu levar um livro sobre a biografia de uma dama inglesa que viveu durante um tempo na Escócia. Ao ler a palavra Escócia o livro já lhe interessou, pegou o livro e foi registrálo. Quando Isabela saiu da biblioteca já tinha escurecido, e
para seu espanto chovia ainda mais. Olhou para cima e viu um raio atravessar o céu, isso fez com que ela se arrepiasse, não sabia se tinha se arrepiado pela intensidade do raio ou pelo vento frio que soprava em seu rosto. Nunca teve medo de tempestades, mas aquela parecia que anunciava que algo aconteceria. Isabela esperava que se fosse mesmo acontecer alguma coisa de diferente naquela noite, que pelo menos esperasse que ela tivesse chegado em casa e estivesse bem protegida dentro do seu apartamento. Fez sinal para um táxi e foi direto para casa. Seu apartamento estava silencioso como todas as noites. Isabela não se acostumava com aquela solidão, que por um tempo até que havia sido boa, mas que agora gostaria de ter com quem conversar, e até com quem brigar. Sentou na poltrona da sala e se aconchegou nela, fechou os olhos e imaginou que não estava sozinha, mas que braços fortes a rodeavam em um abraço forte e carinhoso, apertou mais os olhos para que a sensação não passasse, colocou as pernas em cima da poltrona e as abraçou. Isabela se encolheu e chorou. Depois de chorar por um tempo, suspirou e secou as lágrimas, mas ainda continuou encolhida na poltrona, tentando afastar a solidão. Estava morando sozinha há três anos, desde que seu casamento com Alexandre terminara. Isabela estava com 30 anos, completados há um mês atrás, sem festa, sem comemoração. Há tempos que ela não tinha vontade para badalações. Sentia que sua vida estava vazia, nada lhe dava prazer de viver. Sabia que não era uma mulher muito bonita, mas todos sempre diziam que ela era muito simpática e que tinha o seu encanto. Nunca encontrou um homem que ela
realmente amasse, talvez esse fosse o maior vazio de sua vida, nunca ter vivido um grande amor. Seu casamento com Alexandre durou quatro anos, quatro longos anos, e não foram anos muito felizes. A verdade era que havia se casado para ver seus pais felizes. Por ela ser filha única seus pais sempre sonharam em vê-la casada para poder dar-lhes muitos netos, então fez o que achou ser certo. Conheceu Alexandre em uma festa de amigos e cinco meses depois se casaram em uma simples cerimônia no civil, sem direito a lua de mel pois ele tinha uma viagem para um congresso de corretores de imóveis naquela mesma semana. Na época Isabela já trabalhava como secretária na fábrica de cosmético, onde trabalha atualmente. Durante o tempo que ficaram casados, pouco se viam por causa das viagens de trabalho de Alexandre, a empresa onde ele trabalhava tinha escritórios em alguns estados do Brasil, e Alexandre era um ótimo vendedor, quando uma venda estava difícil ele era chamado pois sabiam que ele efetuaria a venda. Às vezes ele passava duas semanas viajando e quando chegava cansado em casa, não tinha tempo para carinhos com Isabela. Dois anos depois de casados, que até pareciam dez, era como se fossem dois estranhos. Às vezes se passava uma ou duas semanas para que Alexandre a procurasse na cama, e cada vez mais sem carinho, como se fosse algo que simplesmente tivesse que fazer. Depois que se passaram mais dois anos de casamento, Isabela não aguentou mais e pediu o divórcio, mesmo sabendo que isso magoaria seus pais, mas não havia outra solução para o seu casamento, ele já não existia há muito tempo. Resolveu levantar da poltrona e esquecer a solidão. Foi
tomar um banho para tentar relaxar depois de um dia muito estressante no trabalho. Depois de passar rapidamente pela cozinha, naqueles últimos dias Isabela quase não sentia fome, foi para cama ler o novo livro que trouxe da biblioteca. O livro era sobre uma dama de Londres que viveu no século XV, Lady Mírian Wilmington. A família Wilmington era muito importante na Inglaterra daquela época, a biografia falava sobre sua vida devassa e misteriosa, algo bem diferente para aquela época, pois a maioria das mulheres eram muito recatadas, os escândalos sempre vinham dos homens, mas Lady Mírian era muito diferente das mulheres de sua época. Alguns de seus amantes morreram em situações misteriosas, alguns diziam que ela mandava matar os amantes que a deixava, foi casada com um lorde escocês por um ano, depois que se casou foi morar com ele na Escócia, depois de um ano seu marido morreu em situação também misteriosa e que ninguém nunca soube explicar, mas pessoas da época afirmavam que lady Mírian tinha um amante e que ele era muito próximo e uma pessoa de confiança de seu marido, e que foi ele quem matou o lorde a mando dela, pois ele estava loucamente apaixonado por lady Mírian, mas que depois esse homem desapareceu misteriosamente. Depois que seu marido morreu lady Mírian voltou para Londres e voltou a usar o seu nome de solteira. A biografia dizia que Lady Mírian era uma mulher muito bonita, mas também muito má, desde pequena sempre tratou seus criados de modo perverso, dando sempre os piores castigos para quem lhe desobedecesse, às vezes por puro divertimento. Suas damas
de companhia viviam constantemente com muito medo de fazer algo que não a agradasse e levassem uma bofetada de sua senhora, duas de suas damas de companhia haviam morrido por maus tratos de lady Mírian, e como eram camponesas e não tinham família, ninguém nunca reclamou pelo ocorrido. Antes de morrer ao 65 anos, lady Mírian frequentava muitos bailes e eventos, e muitas pessoas importantes estavam sempre a sua volta, mas nunca teve realmente alguém em quem confiasse ao seu lado, pois ela não confiava em ninguém. Teve muitos amantes em sua vida, fofocas da época diziam que ela teve mais de 100 amantes. Nunca voltou a se casar, dizia que amava seu falecido marido e que nenhum outro homem tomaria o seu lugar, mas sempre depois que dizia essa frase, dava uma longa gargalhada. Lady Mírian morreu sozinha em sua grande mansão em Londres, em seu velório quase não tinha ninguém para lamentar a morte daquela senhora, nem amigos e nem família, tudo o que era seu passou para a coroa inglesa, pois não possuía nenhum herdeiro. Depois que leu sobre a história de lady Mírian Wilmington, Isabela não conseguiu dormir, ficou pensando em tudo o que tinha lido sobre aquela misteriosa mulher. Uma mulher bonita, misteriosa e má. Apesar de tudo o que ela viveu, de tantos amantes que teve, tinha morrido sozinha e sem ninguém para chorar a sua morte. Isabela pensou que com certeza não gostaria de ter sido aquela mulher. Mas algo chamou a atenção de Isabela, a biografia de lady Mírian quase não falava de seu marido, só que ele era um lorde escocês e que morreu um ano depois que se casou com ela, nem seu nome tinha sido mencionado no livro. Isso fez
com que Isabela começasse a se fazer um monte de perguntas: Quem seria aquele lorde? Por que ela o teria matado? Seria ele um homem violento para que ela o tivesse matado? Como teria sido o casamento deles? Como tinha sido a aparência dele? Por que o livro não mencionava nada sobre o marido de lady Mírian? Não conseguia parar de pensar em todas essas perguntas. O que teria acontecido durante esse um ano de casamento de lady Mírian e esse lorde escocês? Isabela fechou os olhos, segurando o livro no peito. De repente, sentiu seu corpo diferente, sentiu seu corpo pesado. No começou Isabela não pensou em nada, só ouvia o barulho da tempestade do lado de fora, sua respiração acelerou, com olhos fechados Isabela começou a pensar na vida de lady Mírian, imaginou como seria se ela fosse lady Mírian. Será que ela se apaixonaria por esse lorde? Ela teria ficado na Escócia mesmo depois da morte do marido? Isabela estava tão envolvida com os seus pensamentos que não percebeu as mudanças que aconteceram, mas algo a fez para de pensar. Ainda com os olhos fechados ela sentiu um corpo de um homem em cima do seu, ouviu o barulho que ele fazia, ela continuava deitada em sua cama, pelo menos era o que ela pensava. Estava esticada na cama e ele estava em cima dela, ele estava lhe fazendo amor. Isabela ficou em pânico. Como aquele homem havia entrado em seu quarto. Quando abriu os olhos viu uma parede em sua frente, era uma parede que nunca tinha visto antes. Isabela sentiu o pânico crescendo dentro dela, o que estaria acontecendo? Sem mexer a cabeça ela percorreu com os olhos a parede que
estava em sua frente. O quarto estava escuro, a única luz que tinha era a luz do luar que entrava pela única janela que tinha no quarto e que estava aberta. Isabela sentiu cheiro de fumaça e percebeu que o quarto estava um pouco enfumaçado. Ela queria gritar, mas estava tão aterrorizada que não conseguia formar nenhuma palavra em sua boca. Devagar, Isabela virou a cabeça para olhar para o homem que estava em cima dela, ele também estava com o rosto virado para o lado. Sua cabeça estava alguns centímetros afastada da cabeça de Isabela. Isabela olhou para ele durante um tempo, mas a única coisa que via era o cabelo dele, que estava preso por uma fita, de repente ele levantou a cabeça e virou para ela, nesse momento seus olhares se cruzaram. Isabela quase perdeu o ar, ela se obrigou a lembrar que tinha que respirar. Como era lindo aquele olhar, de um azul tão lindo, tão límpido, parecia um céu sem nuvens, Isabela pensou que poderia passar horas olhando para aqueles olhos. Ele parou e olhou para ela, como se não tivesse entendendo o que estava acontecendo, ela também queria dizer a ele que também não entendia o que estava acontecendo. Olharam-se por alguns instantes em silêncio. O coração de Isabela quase parou ao perceber que aquele olhar tão lindo tinha uma tristeza tão profunda, Isabela viu que aqueles olhos eram como um poço vazio, sem sentimentos, ela sentiu uma tristeza tão grande por ele, que aquele sentimento a assustou. Ela fechou os olhos. Ao abrir os olhos novamente, ela estava de volta em sua cama. Foi como acordar de um sonho muito louco, ela ainda podia sentir o peso do corpo daquele homem. Isabela olhou para o seu quarto para ter certeza que estava no lugar
certo. Sim, era o seu quarto, estava quente, ao contrário daquele quarto onde estava, que era tão frio, ela pôde sentir o ar gelado que estava naquele quarto. Que sonho estranho que teve. Mas ela não sentia que havia dormido, ela só tinha fechado os olhos por uns instantes. Ela sentou na cama e se sentiu perdida por um momento. Mas o que teria acontecido? Quem era aquele homem que tinha visto em seus sonhos? De repente, Isabela sentiu uma dor muito grande, uma vontade de estar de novo com aquele homem, de abraçá-lo e de amá-lo, sentiu uma necessidade de fazê-lo feliz. Isabela levou as mãos ao rosto e chorou, chorou sem saber porque chorava, ela chorou como nunca havia chorado antes em sua vida, ela sentia uma grande dor em seu peito. Era como se ela tivesse magoado alguém que amava muito, e agora estava muito arrependida. O que estava acontecendo com Isabela? Por que estava sentindo tanta dor? O que tudo aquilo significava?
O Casamento Escócia 1423
T
udo tinha acontecido tão depressa que não tinha dado tempo para Lady Mírian tentar reverter aquela situação em que estava vivendo. Agora estava casada com um homem que nem conhecia, e que a levaria para bem longe de Londres. Tudo foi decido apenas em uma única noite, em uma única conversa, onde ela não teve permissão de opinar, seu destino já tinha sido decidido. Seu pai tinha acertado seu casamento com aquele homem, que ela ainda nem conhecia, tudo arranjado pelas suas costas, ela se sentia traída por seu pai, a única pessoa no mundo que ela amava, mas que já não amava tanto, já que ele a tinha colocado naquela situação. Ela agora estava em sua carruagem, sacolejando pelas estradas das terras altas da Escócia, indo ao encontro de seu marido. Enquanto passava os dias dentro daquela carruagem, junto com sua única criada, pois ela só fora permitida levar somente uma criada, o que a aborreceu muito. Lady Mírian sempre gostou de ter muitas criadas lhe servindo, mas assim que chegasse no castelo de seu marido, mandaria que ele providenciasse mais duas criadas para ela. Como não tinha nada para fazer dentro
daquela carruagem, pois ela não era dada a bordar, sempre achou essas coisas muito entediante, ela ficava revisando várias vezes como tudo tinha acontecido, como sua vida tinha tomado um rumo totalmente diferente do que tinha imaginado para ela. Há cinco dias atrás, ela estava em seu quarto se aprontando para dormir, depois de ter se divertido muito em mais um baile da corte, estava feliz e pronta para se deitar quando uma de suas criadas veio avisá-la que seu pai a estava esperando em sua sala particular, pois precisava vê-la com urgência. Lady Mírian teve que se vestir novamente para o encontro com seu pai. Estava muito curiosa para saber o que era tão importante para que ele mandasse chamá-la aquela hora da noite. Seu pai era o lorde Wilmington, um homem muito respeitado na corte inglesa, por causa do bom nome e da fortuna de seu pai, ela sempre tinha muitos cavaleiros a sua volta nos bailes da corte. Assim que entrou na sala, ela deu de cara com um homem enorme em sua frente, quem ela nunca tinha visto. Ele era o tipo de homem que ela nunca flertaria em um baile. O homem não era feio, mas com aquele tipo de roupa, uma saia escocesa, tudo indicava que era um escocês, e Mírian não gostava dos escoceses. — Mírian minha querida, esse é Sir John Alexander MacKay, ele veio representando seu irmão, Lorde Robert William MacKay, senhor de Strathnaver e líder do clã MacKay na Escócia, ele está em uma campanha de batalha pelo clã de seu primo, por isso não pode estar aqui pessoalmente. — Mírian percebeu que seu pai estava muito eufórico enquanto lhe apresentava aquele homem, como se
ele fosse uma pessoa muito importante. Seu pai continuou com as mãos em seu ombro. — Amanhã, você se casará com Lorde Robert, representado aqui pelo seu irmão John... Nesse momento Mírian interrompeu seu pai. Ela virou de encontro a ele e o encarou. — Como?... Vou me casar amanhã?... Não estou entendo papai?... Quem é esse Lorde Robert?... Por que vou me casar com ele? — Mírian até aquele momento tinha ouvido tudo calada como se tudo aquilo não fizesse sentido algum, mas quando ouviu a palavra casar, olhou para seu pai com um olhar furioso. Não podia acreditar que aquilo estivesse acontecendo. Tinha chegado de um baile na corte, tinha flertado com muitos cavaleiros, tinha sido cortejada por outros tantos, como que do dia para noite ela teria que se casar, e com um desconhecido? — O senhor está certo do que está fazendo papai? Vai acabar com a minha vida, o que eu fiz para merecer esse castigo? — Estou certo no que estou fazendo minha filha. — agora o seu pai não estava mais eufórico, mas falava muito sério. — Será para o seu próprio bem, estou cansado de seus escândalos, de todas as fofocas entorno do nosso nome, tudo por sua causa, isso tem que acabar. Você não me deixou outra escolha minha filha, a não ser casá-la com alguém que viva bem longe de Londres. Conversei com nosso rei e ele ficou de conseguir um bom partido para você... — Um escocês? — Mírian gritou interrompendo seu pai e olhando para John. John, que durante toda a conversa se manteve calado, não se importou nem um pouco com o que Lady Mírian
acabara de dizer, ele estava começando a sentir pena de seu irmão pela esposa que teria. Mírian era bem diferente de sua esposa Sofia, que era uma mulher que nunca levantava a voz, era sempre muito obediente, sempre acatando as ordens que lhe davam. Sofia era um exemplo de esposa, apesar de não ter amor entre eles, existia carinho e respeito. — Nosso rei falou com o rei da Escócia, e ele tratou tudo com Lorde Robert, será um bom marido para você. Já disse o que tinha que saber, agora suba e descanse para amanhã, pois será o dia do seu casamento. — com isso terminou a conversa e a dispensou. Sem Mírian saber, seu casamento já tinha sido arranjado, e a cerimônia já estava marcada à alguns dias. No dia seguinte à conversa que teve com seu pai em sua sala particular, ela se casou com lorde Robert, representado por seu irmão. O casamento de lady Mírian foi em uma simples capela, longe de Londres. Para Mírian não saber o que estava acontecendo seu pai tinha marcado seu casamento em uma capela afastada de Londres, não havia convidados, não que ela tivesse muitos amigos a quem convidar, a maioria das damas de Londres não simpatizava com ela, sempre falando dela pelas costas, muitas tinham inveja de Mírian por ela estar sempre rodeada de cavaleiros que faziam tudo o que ela queria, tudo para conseguir um simples olhar de Mírian. O seu casamento foi completamente diferente do que ela sempre imaginou. Sempre imaginou casar com um nobre com muitas posses, com um bom título e que fosse muito bonito, tudo o que Mírian queria era ser invejada por todas as mulheres da Inglaterra. Mas agora, se casaria com um homem que nem
conhecia. Ela jamais seria invejada pelas mulheres da Inglaterra. Foi o dia mais triste para Mírian. Assim que terminou a cerimônia, ela se despediu de seu pai, e entrou na carruagem em direção ao seu novo lar, nas terras altas da Escócia. Aquela igreja tinha sido escolhida por ficar na direção da Escócia. Tudo foi muito bem pensado por seu pai. Ao pensar nisso dentro da carruagem sentiu um grande ódio pelo homem que tanto admirava, jamais poderia perdoar o que ele tinha feito à ela. Do outro lado da Escócia, Lorde Robert estava em sua sala particular sentado enfrente a sua mesa e pensando em tudo o que estava acontecendo em sua vida nesses últimos dias. Pensava em como sua vida mudaria quando John chegasse com sua nova esposa no castelo, ele não queria admitir, mais estava muito apreensivo quanto a esse casamento. Ele não tinha pensado em voltar a se casar tão cedo, apenas dois anos depois de ficar viúvo de lady Catharina. Robert tinha 33 anos, ainda podia esperar alguns anos até pensar em se casar novamente, mas seu rei não deixou escolha, ou se casava com uma noiva escolhida por ele, ou ele tomava seu castelo e suas terras e expulsaria todo seu clã, deixando-os sem um lugar para morar, tudo por causa da dívida que seu pai fizera enquanto estava na corte. Seu clã já tinha passado por muitos problemas por causa de seu pai, não podia fazê-los passar por mais problemas. Desde o dia que passou a ser o chefe do clã MacKay, decidiu que faria de tudo para melhorar a situação de seu clã, por isso ele aceitou a nova esposa imposta por seu rei. Ele esperava que pelo menos sua nova esposa não fosse como sua primeira esposa. Lady Catharina era mimada e
egoísta. Durante os três anos de casados sua primeira esposa nunca o tratou com carinho, sempre que podia o chamava de monstro e dizia que odiava estar casada com ele. Robert nunca teve uma mulher de verdade em sua cama, uma mulher que realmente o desejasse. Sua primeira esposa era fria e ausente, foram poucos os momentos que teve com ela em sua cama. As mulheres só iam para cama com ele por dois motivos, por ele ser um lorde e por isso ser um bom partido ou quando ele pagava uma mulher da vida. Por causa de suas cicatrizes de batalha pelo seu corpo e pela cicatriz em seu rosto que lhe dava uma aparência monstruosa, as mulheres se afastavam dele. Por causa de sua cicatriz no rosto, sua esposa lhe disse várias vezes que não conseguia olhá-lo sem sentir nojo por ele. Mas agora isso não importava mais para Robert, já não se importava mais com o que as mulheres pensavam sobre ele enquanto estava montado sobre elas, o que ele queria era de vez enquanto sentir seu prazer e ir embora, sem nem ao menos olhar como a mulher era. Robert esperava que seu irmão tivesse informado a sua nova esposa sobre sua aparência, não queria uma nova Catharina em sua vida. A senhora Anna entrou na sala, interrompendo os pensamentos de Robert. — Sr. Robert, chegou um mensageiro, disse que trás notícias de seu irmão, ele está no salão esperando pelo senhor. — a senhora Anna informou a Robert e saiu. Robert se levantou e foi até o salão, seguido de perto pela senhora Anna. Ao entrar no salão, viu um rapazinho que o olhava com o rosto amedrontado, ele já estava acostumado com o medo que todos sentiam por ele, o
rapazinho se inclinou e cumprimentou Robert. — Qual é a mensagem que meu irmão me enviou? — Robert estava ansioso para saber se John estava trazendo sua nova esposa, se tudo tinha ocorrido bem enquanto esteve com os ingleses. — Milorde, seu irmão Sir John, mandou que o avisasse que está à dois dias do castelo, e que está trazendo sua esposa com ele. — disse tudo de uma vez, sem olhar para Robert. Robert balançou a cabeça, virou para senhora Anna. A senhora Anna já era a governanta do castelo há muitos anos, ela veio para o castelo junto com a mãe de Robert e John quando ela se casou com lorde Lain William MacKay. Ela conhecia os irmãos desde que eles nasceram, era ela quem comandava o castelo. Apesar de ter lady Sofia, que podia comandar o castelo, era a senhora Anna quem comandava por ordens de lorde Robert. Até quando era casado com lady Catharina, era a senhora Anna quem comandava. — Senhora Anna. — Sim, sr. Robert. — a senhora Anna estava sempre pronta para atender Robert quando ele a chamava. Ela sempre estava pronta para quem a precisasse. — Dê o que comer ao rapaz e arrume um lugar para ele descansar, e depois mande aprontar o quarto para lady Mírian. John chegará em dois ou três dias, quero tudo pronto para a chegada de lady Mírian. — Não se preocupe sr. Robert, quando sua nova esposa chegar, tudo estará pronto, não se preocupe com isso. A senhora Anna levou o rapazinho para a cozinha e Robert voltou para a sua sala. Sua sala particular era aonde
ele passava a maior parte do tempo quando estava no castelo. Assim que sentou na cadeira em frente sua mesa, sua mente não parou de pensar em como seria sua nova esposa. Lady Mírian já não aguentava mais o balanço da carruagem, vários dias atravessando a Escócia desde a Inglaterra, ela já não aguentava mais passar o dia todo dentro daquela carruagem e passar as noites nas piores hospedarias que já havia estado em sua vida. Como seu pai podia fazer aquilo com ela? Casá-la com um escocês que nem se deu ao trabalho de ir pessoalmente oficializar o casamento? Com certeza nenhum dos seus admiradores faria isso. Aquele escocês arrogante enviou seu irmão para representá-lo, isso com certeza demonstrava o quanto ele não estava feliz com aquele casamento. Claro que ela não acreditou na história que ele estava em batalha, seu pai era mesmo um ingênuo se tinha acreditado naquela desculpa, mas ela conhecia muito bem seu pai para saber que ele também não havia acreditado, mas não se importou com a mentira do irmão de seu marido, tudo o que ele queria era casá-la e despachá-la para bem longe. Não perdoaria nunca seu pai por isso. Quando chegasse no castelo, ela também demonstraria à ele o quanto estava infeliz com aquele casamento, deixaria bem claro que tinha sido forçada a se casar com ele, que por vontade própria ela jamais se casaria com ele. Quando foi apresentada ao seu cunhado, Mírian não o achou bonito, ele não era o tipo de homem que a agradava. Sir John era alto, o homem mais alto que ela já virá em toda sua vida, ela sempre ouviu falar que os escoceses eram
homens muito altos, diferentes dos ingleses, e quando viu seu cunhado, teve certeza que falavam a verdade. John tinha os cabelos pretos que iam abaixo dos ombros, ele sempre os deixava soltos lhe dando uma aparência de bárbaro, seus olhos eram azuis, um azul muito intenso. Lady Mírian não achava seu cunhado bonito, se seu marido fosse igual a seu irmão, seu casamento seria mais difícil ainda, foi o que ela pensou. Tinha sido cortejada por homens lindos, ao pensar nisso odiou ainda mais seu pai. Como ele podia casá-la com um escocês e ainda por cima feio? Todos diziam que ela era uma mulher muito bonita. Mírian tinha 19 anos, cabelos pretos e longos que chegavam até a cintura em pequenas ondas, lindos olhos castanhos, tão claros como o mel, com o rosto redondo que lhe dava um aparência de inocência, ela era pequena e delicada. Mírian tinha sido muito mimada por seu pai, ela era filha única, e depois que sua mãe morreu, quando tinha apenas seis anos, seu pai deixou que Mírian fizesse tudo o que queria e todos também tinham que fazer tudo como ela queria. Muitas vezes com voz carinhosa Mírian tinha conseguido o que queria de seu pai, mas desta vez não conseguiu fazer seu pai mudar de ideia sobre seu casamento, seu pai estava decidido mesmo a casá-la com aquele escocês, que ele nem conhecia e mandá-la para bem longe de Londres. Durante a viagem, John tentou conversar com Mírian por várias vezes, mas ela não queria saber nada de seu futuro marido ou do lugar que moraria, daquele dia em diante. Nunca gostou dos escoceses, chegou a conhecer alguns na corte, mas todos eram tão sem charme. Para Mírian os escoceses eram pessoas inferiores aos ingleses,
apesar de serem nobres eles não tinham a classe que os ingleses tinham, nunca tinha se imaginado casada com os escoceses que conhecia na corte, ao contrário do que acontecia quando conhecia um novo lorde inglês. Mírian sempre imaginava as vantagens que teria se fosse casada com tal lorde. Agora teria que suportar um escocês como marido. Tudo estava calmo no castelo, faltava um dia para a chegada de sua nova esposa, lorde Robert olhava para a janela de sua sala particular e pensava na vantagem que tinha obtido com aquele casamento, com o dote de sua esposa ele pode quitar a dívida que tinha com o seu rei, seu castelo e seu clã já não corriam mais perigo, mas ainda precisava de muito dinheiro e tempo para recuperar tudo o que tinha perdido. Seu clã por muitas vezes passou fome por causa de seu pai, não deixaria que isso acontecesse novamente. Depois que sua mãe morreu seu pai acabou com todos os recursos que tinha, passou a viver na corte do rei esbanjando sua riqueza com mulheres e jogos, não se importava mais com seu clã. Quando sua mãe morreu, Robert e seu irmão John resolveram ir para as batalhas, onde tinha uma batalha lá estava os irmãos MacKays, mas depois que seu irmão John foi ferido e quase morreu, as coisas mudaram. John voltou para o castelo e se casou com lady Sofia. Robert ainda ficou nas batalhas por alguns anos, e conheceu Dougall Murray e ficaram muito amigos, mas as batalhas já não lhe davam a alegria que antes lhe davam. Robert gostava de batalhar, aprendeu a arte de guerrear quando ainda era uma criança, seu pai o treinou nas artes dos guerreiros das terras altas. Seu pai sempre dizia que no
futuro ele seria o líder de seu clã e precisava aprender a ser forte desde muito cedo, tinha que aprender tudo sobre como comandar e sobre as armas, queria que ele fosse o melhor guerreiro que o clã MacKay já tivera, por isso mesmo sendo ainda muito menino seu pai o acordava muito cedo, logo assim que o sol nascia no horizonte, e treinavam durante toda a manhã. Quando o treino terminava, Robert estava esgotado, com o seu corpo todo dolorido, mas nunca reclamava, ele gostava daqueles momentos com seu pai. Ele olhava para seu pai e admirava a sua força, mesmo depois dos treinos que tinha com seus homens ele nunca parecia cansado. Agora, depois de tantos anos que se passaram desde aqueles tempos, Robert se dava conta que aqueles treinamentos que tivera com seu pai, quando ainda era um menino, o prepararam para os anos de batalhas. Robert era imbatível nos campos de batalhas, seus homens o olhavam admirados com a habilidade que ele tinha em estar em todas as partes do campo combatendo o inimigo. Seu pai sempre dizia que um líder vivia para defender seu povo e sua honra. Uma tristeza sempre passava pelo rosto de Robert quando pensava que seu pai havia esquecido o seu dever com o seu clã durante o tempo que passou se divertindo na corte. Então, quando chegou a notícia que seu pai havia morrido em um duelo com o marido de uma de suas amantes, Robert teve que voltar ao castelo e ocupar seu lugar de líder de seu clã, já que ele era o filho mais velho. Robert levou seu amigo Dougall com ele, tornando-o segundo capitão de seus homens, seu irmão era o primeiro. Assim que voltou para seu clã, arrumou uma esposa, a linda Catharina, mas assim que a viu, sentiu o quanto ela o desprezava. Robert
pensou que com o tempo podia fazer com que sua esposa o aceitasse, mas ela não deixava que ele se aproximasse, sempre lhe dizia que nunca o amaria, que havia sido forçada por seu pai a se casar com ele, e que se não tivesse sido forçada jamais teria se casado com ele. Robert sentiu muito pesar pela morte prematura de sua esposa, logo depois de dar a luz a seu primeiro filho, que não sobreviveu depois da morte da mãe. Por isso não pensava em se casar tão cedo, ele precisava esquecer algumas coisas primeiro. Mas de repente tudo mudou, agora já estava casado e em pouco tempo conheceria sua nova esposa. Estava no meio da tarde, quando lady Mírian olhou pela janela de sua carruagem e viu aparecer a sombra de um castelo, isso se Mírian podia chamar de castelo o que estava vendo diante dos seus olhos. Era na verdade uma habitação bem rústica, nada parecida com os castelos da Inglaterra que tanto estava acostumada, era feito de pedras de cor negra, para Mírian era impossível que alguém pudesse viver em um lugar como aquele. Era uma habitação de dois andares, com pequenas janelas de madeiras, todas estavam fechadas, talvez por causa do frio, pois fazia muito frio naquele lugar, e ainda estavam no começo do outono, "como seria viver ali no inverno?" Pensou Mírian olhando para o castelo. Em volta do castelo havia algumas cabanas e viu alguns camponeses. O dia estava escuro, mas ainda não era noite, olhou para cima e viu muitas árvores que impediam a entrada da luz no pátio do castelo, por isso ali era tão escuro, o que dava ao lugar uma atmosfera sombria. De repente, a porta do castelo abriu, o coração de Mírian acelerou, finalmente conheceria seu marido. Mas, a
pessoa que saiu pela porta do castelo não era seu marido, era uma mulher alta e loira, que ao olhar para seu cunhado John, deu um grande sorriso e disse olhando para Mírian: — Espero que tenham feito uma boa viagem. — disse com uma voz muito suave. Essa deveria ser a esposa de Sir John, pensou Mírian. John ofereceu o braço a Mírian para que subissem a escada que dava para a porta do castelo, pararam em frente a porta. — Lady Mírian, essa é minha esposa, lady Sofia. — John olhou com carinho para Sofia.— Essa é lady Mírian, a esposa de meu irmão Robert. Por falar nele, onde ele está? — Esta lá dentro esperando pelo senhor, meu marido. Vamos entrar, parece que vai chover novamente, tem chovido muito nesses últimos dias.— Sofia queria ser amável com a nova esposa do irmão de seu marido, ela sabia que não deveria estar sendo fácil para Mírian todas às mudanças, como não foi fácil para ela. Pelo menos ela não teve que sair de seu país para viver em um lugar estranho e com pessoas estranhas, pelo menos havia se casado com um escocês, como ela. John era um bom marido. Convivendo com seu cunhado todos aqueles anos sabia que Robert seria um bom marido para Mírian como John era para ela. Quando Mírian entrou no castelo, viu que era pior ainda por dentro, era escuro e frio, quase não tinha moveis na sala, era uma sala grande, um grande salão vazio, tinha uma lareira bem rústica. Era tudo muito escuro, era como se à noite tivesse caído dentro daquela sala, bem afastada em um canto, tinha uma grande mesa com dois grandes bancos e duas cadeiras, uma em cada ponta, virou para direita e viu
uma escada que deveria levar ao andar de cima, era o lugar mais iluminado naquela sala. Então Mírian escutou passos descendo pela escada, viu que um homem vinha descendo por ela, um homem muito alto, mais alto ainda que seu cunhado John, quando ele chegou perto, Mírian teve que levanta a cabeça para poder ver direito o homem que estava a sua frente. "Seria aquele homem seu marido?" Ela pensou. Ele era ruivo, com os cabelos lisos que passavam um pouco do ombro, estavam presos com uma fita, seus olhos eram azuis, um azul muito forte, era alto e muito forte, o rosto era bem marcado e apesar de estar um pouco escuro, Mírian conseguiu vê-lo bem, tinha uma cicatriz no lado esquerdo do rosto que lhe dava uma aparência assustadora, como se sempre estivesse de mau humor, a cicatriz começava em seu olho esquerdo passando pela bochecha e terminava no queixo, era uma grande cicatriz impossível de não se notar. Quando ele a olhou, Mírian sentiu que ele a odiava, e isso a vez tremer. — Lady Mírian, espero que tenha feito uma boa viagem pelas terras altas. — A voz dele era grave e forte, soava como se tivesse aborrecido com alguma coisa, ele disse olhando para Mírian, depois olhou para sua cunhada. — Leve lady Mírian para os seus aposentos e mande que a senhora Anna leve algo para ela comer e deixe que ela descanse um pouco, a viagem deve ter sido muito cansativa. — Disse isso e virou para entrar em uma porta perto da parede ao lado da escada. — Venha John, temos que conversar. Antes que Robert abrisse a porta Mírian andou de encontro a seu marido e ficou atrás dele.
— Senhor, eu preciso de três servas para me servir. Eu tenho uma serva que trouxe comigo, mas precisarei de mais duas.— disse Mírian em tom alto e áspero. No mesmo instante, Robert parou onde estava e sem se virar disse: — ficará só com ela senhora, não temos muitos servos por aqui, uma bastará para ajudá-la, não terá que se trocar a todo momento, e ela também poderá ajudar nos afazeres do castelo. — Robert terminou de falar e entrou na sala com seu irmão atrás dele. — Venha lady Mírian, vou mostra seu quarto. Mandei que o arrumasse e colocasse flores para ficar mais alegre, espero que a senhora goste. — disse lady Sofia tentando ser agradável. Mírian seguiu Sofia até seu quarto, enquanto passava pelo corredor, pensava que sua vida naquele castelo não seria nada fácil. Assim que seu irmão fechou a porta da sala particular, Robert sentou em sua cadeira, e disse: — Me conte tudo sobre ela John. Percebi que não lhe contou sobre minha cicatriz. — Robert estava aborrecido por seu irmão ter desobedecido uma ordem sua, ele viu no rosto de sua nova esposa o mesmo nojo que sentiu sua primeira esposa ao olhá-lo pela primeira vez. — Calma meu irmão, vou contar tudo sobre sua nova esposa.— John foi até a mesinha que tinha um jarro de vinho e se serviu, virou para seu irmão. — Ela não quis conversar comigo durante a viagem até o castelo, ficou muito furiosa quando soube do casamento, seu pai só lhe contou que se casaria um dia antes do casamento, o que a
pegou de surpresa. E ficou mais furiosa ainda quando soube que eu iria representá-lo, sua esposa tem um gênio muito forte. — riu distraidamente, mas quando olhou para Robert e viu que ele estava sério, parou de rir. — Ela não quis saber nada sobre mim ou sobre como seria aqui?— Robert perguntou curioso. — Nada meu irmão. Quando eu tentava conversar com ela durante as paradas que fazíamos, ela nada dizia e se afastava, vi que ela não queria conversar, então para não aborrecê-la, não tentei mais. — E o que soube sobre ela? Por que seu pai aceitou esse casamento? — Na verdade foi ele quem pediu ao rei inglês que encontrasse um marido para lady Mírian, um marido que vivesse bem longe de Londres, por causa dos escândalos em relação ao comportamento de lady Mírian. — Comportamento?... Escândalos? Conte isso direito John. — falou com raiva. — Pelo o que eu soube sobre sua esposa, ela gostava de flertar com os homens solteiros de Londres, e com alguns homens casados também. Para ela os homens eram como brinquedos, passava quase todas as noites em bailes, mas nunca decidia por nenhum pretendente, gostava de colocar uns contra os outros. Ela era odiada por muitas damas em Londres, seu pai queria casá-la para terminar com os escândalos. — Mas porque seu pai não a casou com um desses homens, isso não seria mais fácil? — Eu lhe perguntei isso, ele disse que tinha medo que se casasse lady Mírian com um dos homens de Londres, as
coisas ficassem ainda piores, os escândalos poderiam ficar maiores.— Os irmãos se olharam. Robert entendia muito bem o tipo de escândalo que seu irmão estava falando. O pai de Mírian tinha medo que o casamento dela não desse certo e que o marido a deixasse e ela passasse a ser amante de muitos homens, e isso seria um escândalo ainda maior, e ele queria evitar escândalos maiores, por isso queria casar sua filha com um homem que não fosse de seu meio social, de preferência que morasse bem longe de Londres, um homem como ele. — E nosso rei manda para mim uma esposa assim. O que eu vou fazer com ela John? Minha vida se tornará um inferno com essa mulher aqui. — Ela pode mudar meu irmão. Veja Sofia, ela não estava feliz quando chegou aqui... — John foi interrompido por seu irmão. — Por favor, John, não compare Sofia com essa mulher. Sofia não flertava com todos os homens que conhecia, é uma ótima esposa para você. John sabia que seu irmão estava certo, se ele contasse à Robert tudo o que ficou sabendo sobre sua esposa em Londres, com certeza ele a mandaria de volta para o seu pai, mas John não podia contar, se seu irmão fizesse isso, estaria tudo arruinado, o rei tomaria as terras de seu irmão e aonde ele moraria com Sofia, e todo o seu clã estaria perdido. Não podia dizer toda a verdade a ele, tinha que pensar em todos, talvez Mírian mudasse com o tempo. Robert já tinha usado o dote dela para pagar as dívidas. John só esperava que lady Mírian mudasse realmente com o tempo. — Lady Mírian também poderá ser uma boa esposa para
você meu irmão, ela se acostumará com a vida aqui no castelo, e a ser a sua esposa. — John esperava mesmo que isso acontecesse, pois Robert merecia ter uma boa esposa, depois do que passou com o casamento com lady Catharina. — Você só a conheceu hoje, dê mais tempo à ela. — John... você viu como ela é? Gosta que as coisas sejam do jeito que ela deseja. Sei que ela não gostou nada em saber que terá que ficar só com uma criada. É mimada igual Catharina. — Coisas de mulher Robert, não se incomode com isso. Com o tempo ela entenderá como as coisas são aqui no castelo, e aprenderá a viver como todos nós. — John, me diga uma coisa?... Você realmente acredita que uma mulher como lady Mírian, que ia a todas as noites em bailes, acostumada a corte inglesa, com uma vida agitada em Londres, vai realmente se acostumar com a vida que temos aqui no castelo? John ficou pensando por uns instantes, ele sabia qual era a resposta e Robert também, mas queria muito poder ter outra resposta para dar ao seu irmão. — Vamos esperar que sim Robert, isso é tudo o que podemos fazer. Lady Mírian pode se mostrar uma ótima esposa meu irmão, as pessoas mudam. Os dias foram se passando e Robert e todos do castelo puderam conhecer melhor lady Mírian e suas manias. Lady Mírian não fazia nenhum esforço para se adaptar a sua nova vida, ela sempre fazia as suas refeições no quarto sozinha, evitava descer para o salão, como também passava a maior parte do tempo dentro do quarto. Não quis a amizade de lady Sofia, quando lady Sofia falava com ela, lady Mírian a
ignorava e também pouco olhava para Robert. Como a primeira esposa de Robert, lady Mírian não suportava olhar para ele, tudo no castelo a desagradava. O que Robert temia aconteceu, lady Mírian se sentia igual a sua primeira esposa, ela odiava estar casada com ele, e não escondia isso de ninguém e nem dele.
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