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Fortalecendo os vínculos com o uso das tecnologias 43Aprendizagem, pandemia e competências socioemocionais
from Revista Aprendiz 7
Fortalecendo os vínculos com o uso das tecnologias
Andrea Brzeski* Idala Mello**
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Há mais de um ano e meio, o planeta mudou completamente e isto é inegável. A pandemia da Covid-19 assolou todos os cinco continentes, dizimando famílias, empregos e, sobretudo, sonhos. Contudo, como em todas as adversidades que aconteceram na sociedade, sempre é possível buscar novos entendimentos, novas experiências e ressignificar o momento em que vivemos. A Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração (Renapsi), entidade formadora na parte teórica do programa de aprendizagem, também enfrentou as dificuldades impostas pelo novo coronavírus. Todavia, apesar de todas as limitações constatadas desde o início de 2020, a instituição precisou se adaptar, bem como diversos setores espalhados pelo Brasil e pelo mundo. Ou seja, a entidade necessitou se adaptar para manter o vínculo com os jovens de uma maneira até então desconhecida pela empresa, mas muito familiar pela chamada “Geração Z”, também conhecida como a geração dos que nasceram no início dos anos 1990 até a primeira década dos anos 2000. Se para grande parte dos jovens o mundo digital e as tecnologias já estão presentes há alguns anos, para a Renapsi algo precisou ser realizado a fim de estreitar os laços adquiridos no período pré-pandêmico. E foi neste sentido que, sem os atendimentos presenciais, nasceu o Chat Online de Escuta Humanizada. O canal de apoio psicossocial é uma forma da empresa atender de forma ágil, oferecendo conforto e orientações para milhares de famílias espalhadas pelo país. Com sensibilidade, dedicação e qualidade, psicólogos e assistentes sociais da entidade vêm trazendo suporte aos jovens e suas respectivas famílias com a ferramenta virtual na qual permite avaliar as necessidades e preocupações que os jovens trazem por meio da escuta qualificada, oferecendo nesse primeiro momento conforto, orientação e de certa forma tenta reduzir os efeitos do isolamento social. Na Plataforma de Formação Conectada identificamos uma baixa frequência na aprendizagem, evasão e inclusive casos de desistências por parte do jovem. Os instrutores de aprendizagem conseguiram imaginar os jovens sozinhos em seus respectivos lares, rodeados de dúvidas e angústias sobre sua aprendizagem. Nessa perspectiva, a entidade seguiu se esforçando para resgatar o vínculo com os jovens que, desde o início do ano passado, veio se distanciando e, consequentemente, repercutiu no desenvolvimento profissional dos mesmos. Seja com lives, aulas online, auxiliando com cestas básicas, atendendo jovens e famílias via chat e vídeo chamada, a Renapsi precisou se reinventar e se inserir em um mundo até então dominado pelas novas gerações. A psicóloga da entidade Fernanda Prylucki ressalta que “a afetividade e o vínculo são partes importantes do processo de aprendizagem” e que juntos “precisamos nos ressignificar e compreender que o avanço tecnológico no qual a pandemia nos propiciou, não irá regredir.” A profissional ainda acrescenta que “usar diferentes tipos de abordagem e estarmos conectados tecnologicamente é o que neste momento tem trazido resultados para a reconstrução da conexão.”
Afinal, nada se compara às relações humanas e interpessoais, que fazem total diferença no dia a dia na vida de milhares de aprendizes espalhados por 23 estados, incluindo o Distrito Federal.
*Gerente Renapsi RS. **Analista Educacional Renapsi RS.
Claiton Costa*
Os programas de Aprendizagem Básica se revestem de importância fundamental em relação a seu potencial de reduzir as assimetrias sociais de nosso país. É lícito afirmar que um jovem aprendiz (vinculado a um curso profissionalizante e com contrato de trabalho celebrado com uma empresa) terá melhores oportunidades de se inserir no volátil mundo do trabalho do que um indivíduo de mesma faixa etária que não tenha passado pela experiência da educação profissional. No entanto, muito mais do que política pública de inclusão social por meio do acesso ao emprego, a Aprendizagem Básica existe para atender a demandas específicas a fim de incrementar o desempenho das organizações. Um aprendiz com competências profissionais bem desenvolvidas, além de ter aumentadas as suas possibilidades de acesso, permanência e ascensão no mundo laboral, influi decisivamente nos indicadores de produtividade e competitividade de uma empresa. Entretanto, percebe-se que este am-
biente tem mudado de forma cada vez mais intensa, abrangente e rápida. Sintonizar suas ofertas aos desafios do mundo do trabalho tem sido um grande desafio para as instituições formadoras, principalmente em relação aos aspectos comportamentais. Segundo o WORLD ECONOMIC FORUM (2020), as principais habilidades exigidas pelo mercado de trabalho para o ano de 2025 serão: pensamento analítico e inovação; aprendizagem ativa e estratégias de aprendizagem; resolução de problemas complexos; pensamento crítico e análise; criatividade, originalidade e iniciativa; liderança e influência social; uso, monitoramento e controle de tecnologia; projeto e programação de tecnologia; resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade; raciocínio, resolução de problemas e ideação; inteligência emocional; solução de problemas e experiência do usuário; orientação de serviço; análise e avaliação de sistemas; persuasão e negociação. Estas habilidades, mais voltadas a aspectos comportamentais e atitudinais do que relacionadas a técnicas ou a operação de recursos tecnológicos, são as chamadas competências socioemocionais. Neste novo contexto, os conteúdos serão mais voláteis e terão obsolescência mais rápida. Portanto, é necessário que capacidades mais focadas em comportamentos e atitudes possam ser o suporte para que os profissionais desenvolvam seus caminhos cognitivos fundamentais. Se já vínhamos há algum tempo preocupados com essas temáticas em nossos programas de Aprendizagem, maior importância ainda precisamos atribuir às competências socioemocionais durante e após a pandemia. Se entendíamos que essas habilidades (aprendizagem ativa, resiliência, tolerância ao estresse, criatividade, originalidade e iniciativa) seriam necessárias no trabalho, agora sabemos que elas são mais do que necessárias já nos ambientes de aprendizagem. Atingidos pelas mudanças provocadas pela pandemia, os aprendizes de 2020-2021, por força das situações que enfrentaram para manter o progresso de seu aprendizado, puderam desenvolver de forma mais consistente e significativa as competências socioemocionais requeridas pelo mundo do trabalho.
REFERÊNCIA WORLD ECONOMIC FORUM. The future of jobs report. Genebra: WEF, 2020. Disponível em: https://www.weforum.org/reports/ the-future-of-jobs-report-2020. Acesso em: 28 out. 2020.
*Gerente Técnico da Gerência de Desenvolvimento Educacional - SENAI/RS, graduado em Educação e pós-graduado em Intervenção Cognitiva e Mediação da Aprendizagem. 43