Primus inter pares: Oscar de Niemeyer Soares Filho. Da formação à consagração (1907-1947)

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PRIMUS INTER PARES: OSCAR DE NIEMEYER SOARES FILHO. DA FORMAÇÃO À CONSAGRAÇÃO (1907 – 1947)

PROJETO DE TESE APRESENTADO AO CONCURSO DE SELEÇÃO PARA O CURSO DE DOUTORADO EDITAL 2019/1 - PROGRAMA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA Autor: Marcos Leite Almeida Orientador: Carlos Eduardo Dias Comas Porto Alegre, janeiro de 2019


Referência: ALMEIDA, Marcos Leite. Primus inter pares: Oscar de Niemeyer Soares Filho da formação à consagração (1907 – 1947). Projeto de tese apresentado ao concurso de seleção para o curso de doutorado - edital 2019/1. Orientador: Carlos Eduardo Dias Comas. PROPAR, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2019. Imagens da capa: Esquerda, Oscar Niemeyer circa de 1937 (Fundação Oscar Niemeyer) Oscar Niemeyer em Nova Iorque, 1947 (Getty Images)

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Isso depois eu compreendi lendo em diversos livros, quando eu li o...o poeta francês o... não me lembro o nome agora, ele dizia que a invenção, o espanto é a característica principal da obra de arte. De modo que na minha arquitetura, o que eu faço, a preocupação inicial é que seja diferente, é que o povo pare surpreso de ver uma coisa nova… ...Baudelaire. Oscar Niemeyer em "A vida é um sopro" documentário de Fabiano Maciel, 2007

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Oscar Niemeyer e sua filha Anna Maria Fotograma do documentário “o Risco Lucio Costa e a utopia moderna”- filmado por Lucio Costa em Nova Iorque 1939

CITAÇÕES E TRANSCRIÇÕES NECESSÁRIAS

Le Corbusier, sobre arquitetura: afirmações. O ensino na Escola Nacional de Belas Artes, até 1930. Oscar Niemeyer, sobre Le Corbusier: influência. Ingresso de Oscar Niemeyer, na equipe de Lucio Costa. Le Corbusier e Oscar Niemeyer: dois contatos imediatos. Carta de Le Corbusier a Lucio Costa. Resposta de Lucio Costa a Le Corbusier. Lucio Costa, sobre Oscar: um gênio incubado. Lucio, sobre Oscar: a revelação realizada. Autoria.

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Le Corbusier, sobre arquitetura: afirmações Il nous sera enfin agréable de parler ARCHITECTURE après tant de silos, d'usines, de machines et de gratte-ciel. L'ARCHITECTURE est un fait d'art, un phénomène d'émotion, en dehors des questions de construction, au delà. La Construction, C'EST POUR FAIRE TENIR; l'Architecture, C'EST POUR ÉMOUVOIR. L'émotion architecturale, c'est quand l'oeuvre sonne en vous au diapason d'un univers dont nous subissons, reconnaissons et admirons les lois. Quand certains rapports sont atteints, nous sommes appréhendés par l'oeuvre. Architecture, c'est « rapports », c'est « pure création de l'esprit »1 Que les yeux voient: cette harmonie est là, fonction du labeur régi par l'économie et conditionné par la fatalité de la physique. Cette harmonie a des raisons; elle n'est point l'effet des caprices mais celui d'une construction logique et cohérente avec le monde ambiant. Dans la transposition hardie des travaux humains, la nature est présente, et d'autant plus rigoureusement que le problème était difficile. Les créations de la technique machiniste sont des organismes tendant à la pureté et subissant les mêmes règles évolutives que les objets de la nature qui suscitent notre admiration. L'harmonie est dans les ouvrages qui sortent de l'atelier ou de l'usine. Ce n'est pas de l'Art, ce n'est pas la Sixtine, ni l Erechthéion; ce sont les oeuvres quotidiennes de tout un univers qui travaille avec conscience, intelligence, précision, avec imagination, hardiesse et rigueur.2 L'architecture agit sur des standarts. Les standarts sont choses de logique, d'analyse, de scrupuleuse étude. Les standarts s'établissent sur un problème bien posé. L'architecture est invention plastique, est spéculation intellectuelle, est mathématique supérieure. L'architecture est un art très digne.3

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LE CORBUSIER. Vers une architecture. Nouvelle édition revue et augmentée. Paris: G. Crès, 1929. p. 9. Idid. p. 80. 3 Ibid. p. 115 2

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O ensino na Escola Nacional de Belas Artes, até 1930 O registro de reminiscências trás à lembrança prioridades específicas: o primeiro rebelado modernista da Escola, já em 1919, na aula de pequenas composições de arquitetura, foi Atílio Masieri Alves, filho do erudito Constâncio Alves, ex-aluno da Politécnica, entusiasta da cenografia de Bakst e da mímica de Chaplin, – mentalidade privilegiada que a boemia perdeu; o primeiro a assinalar em aula o aparecimento da revista L’Esprit Nouveau, foi o então aluno Jaime da Silva Teles; o primeiro edifício construído sobre pilotis, onde moro desde 1940, data de 1933 ou 34, e foi projetado por Paulo Camargo; o primeiro quebra-sol foi obra de Alexandre Baldassini, no edifício de apartamentos de uma rua transversal do Flamengo, e era constituído de lâminas verticais basculantes e contraíveis, repetindo-se nas varandas de todos os andares. 4 Buddeus e Warchavchik fizeram na Escola verdadeira revolução. As fontes de inspiração dos alunos eram até então os Concours d'Ècole, os GrandPrix de Rome e os Concours Chénavard, da Escola de BelasArtes de Paris. Buddeus introduziu as revistas Form e Modern Bauformen, com novo vocabulário plástico de sólidos geométricos elementares e nova técnica de apresentação: exata, pura, que começou a ser adotada dentro e fora da Escola e continua em uso até hoje. Ele era partidário da escola racionalista ou funcionalista. “A fachada", dizia, adeve ser o reflexo da planta." Ernani Vasconcellos, que foi seu aluno, fala dele com entusiasmo. Warchavchik, como pioneiro do Movimento Moderno, trazia para o ensino o prestígio das casas "modernas", que desde 1927-1928 construíra em São Paulo, e o de ter sido escolhido por Le Corbusier representante dos CIAMS para toda a América do Sul. Os alunos deliram com as inovações. Entre eles estava lançada a revolucão modernista.5 O curso de arquitetura dado na velha ENBA, se arrasta por seis longos anos. Esse curso era ministrado de uma forma totalmente clássica. Era a velha teoria de que o aluno tem de aprender o que o mestre sabe ensinar, coisa que, por sua vez, o mestre aprendeu de seus mestres. Nada de inovações. Nada de novo poderia se esperar de professores, que pareciam emissários diretos da "École des Beaux-Arts” de Paris trazendo debaixo dos braços os "Cahiers d’Architecture” Também os alunos, na sua quase totalidade, por falta de maiores e melhorés informações, e por total ignorância do que se fazia na Europa e nos Estados Unidos eram, por formação e de espirito, clássicos. Desinformados de que, desde 1919, ao terminar a primeira guerra mundial, Walter Gropius, o grande arquiteto, era indicado por Henry van der Velde como o único nome com capacidade para dirigir o que se tornou, mais tarde, a fabulosa BAUHAUS, nós, pobres alunos de uma faculdade arcaica, ignorávamos, quase todos, que na BAUHAUS lecionavam Paul Klee, Wasily Kandinsky, Laslo Mohaly Nagy e muitos outros artistas e arquitetos de grande fama na época. Nada sabíamos da sucessora da ARTS AND CRAFTS e da WERBUND. [...] E pensar que com aquele ensino, com aqueles professores completamente desatualizados da realidade, completamente ignorantes do que já se fazia no resto do mundo, se formaram arquítetos, citando apenas alguns, como Lúcio Costa, Affonso Eduardo Reidy, Marcelo Roberto, Atilio Corrêa Lima, Paulo Antunes Ribeiro e Jayme da Silva Teles.6 O ensino na Escola Nacional de Belas-Artes era cheio de lacunas, a tal ponto que nós éramos obrigados a procurar nosso rumo de maneira autodidata, fora do âmbito escolar. Isto explica por que os meus contatos com Lucio Costa não foram fortuitos. Fui deliberadamente ao seu encontro, sabendo que ele era um grande arquiteto e certo de que com ele eu poderia me familiarizar com os problemas da profissão. E lhe devo muito. Devo-lhe minha orientação arquitetural, minhas relações com a técnica e a tradição brasileiras e, sobretudo, o exemplo de correção e ideal que ele dá, ainda hoje, a todos os que dele se aproximam..7

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COSTA, Lucio. Muita construção, alguma arquitetura e um milagre - 1951. In: Registro de uma vivência. 2.ed.São Paulo: Empresa das Artes, 1997.p.167 5 SANTOS, Paulo. A reforma da Escoa de Belas-Artes e do Salão. In: XAVIER, Alberto (Org.). Depoimento de uma geração – arquitetura moderna brasileira. São Paulo: Cosac & Naify, 2003, p.61. 6 SOUZA, Abelardo de. Arquitetura no Brasil: depoimentos. São Paulo: Livraria Diadorim Editora - Editora da Universidade de São Paulo, 1978. P. 20 e 24. 7 Oscar Niemeyer in: PETIT, Jean. Niemeyer Poeta da Arquitetura. Lugano: Fidia Edizioni d’Arte,1998. p.21.

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Oscar Niemeyer, sobre Le Corbusier: influência Foi nos bancos da Escola Nacional de Arquitetura do Rio de janeiro que tivemos nosso primeiro contato com a obra de Le Corbusier. Foi ali que nós estudamos, folheando seus livros, tentando entender suas intenções, descobrir. em cada traço e em cada curva, o objetivo arquítetural. Mesmo vários anos após nossos estudos, sua obra. que consultávamos freqüentemente, continuou a nos guiar. Lembro-me o quanto éramos solidários com a luta que ele travava com intransígência pela defesa de seus princípios, princípios que a incompreensão dos homens rejeitava, a ponto de impedir a realização dos seus admiráveis projetos. Nós nos revoltávamos em ver que essa barreira ínqualifícável impedia que o mundo civilizado possuísse as mais belas obras da arquitetura. Meu primeiro contato com Le Corbusier foi em 1936. Quando, tendo sido convidado pelo ex-ministro Gustavo Capanema, passou alguns dias conosco. Foi nessa ocasião que lhe pude ser útil como desenhista, fazendo algumas perspectivas para os projetos que ele havia elaborado. Lembro-me da sua maneira carinhosa de lidar conosco. e de uma carta que djrigiu a Lúcio Costa após seu retorno à França, na qual ele falava de mim.8 Lembrava Rodrigo a me dizer: “Oscar, leia os gregos e os clássicos portugueses." E li. Li muito. Li como quem nada sabe e tudo quer aprender. Li com a devoção com que lera, anos atrás, a obra de Le Corbusier.9 De modo que a minha arquitetura começou realmente com a palavra invenção. No dia que eu compreendi que o propósito do Corbusier, que foi um grande arquiteto, era fazer uma arquitetura nova, inventiva, que criasse espanto, aí eu ingressei nesse caminho. O importante, que ele dizia, é que foi ele que me deu essa idéia que arquitetura é invenção. Quando ele chegou aqui, nós estávamos na periferia da arquitetura. O que eu aprendi, não foi nos livros dele que a gente lia, foi na conversa com ele. Senti que a preocupação era a preocupação da beleza, que um prédio, para ser uma obra de arquitetura, assim exemplar, não basta funcionar bem, tem que ser bonito, tem que ser diferente, ele tem que criar surpresa. De modo que isso foi muito importante para mim..10

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Le Corbusier (1963). In: PETIT, Jean. Niemeyer Poeta da Arquitetura. Lugano: Fidia Edizioni d’Arte, 1998. P.321 NIEMEYER, Oscar. Meu sósia e eu. Rio de Janeiro: Revan, 1992. p. 67 10 RODA VIVA NIEMEYER. http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/8/entrevistados/oscar_niemeyer_1997.htm 9

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Ingresso de Oscar Niemeyer, na equipe de Lucio Costa Eu já cursava a Escola de Belas Artes - não trabalhava -, e com o aluguel de uma casa que Milota [prima de Niemeyer] possuía no centro da cidade íamos vivendo. No terceiro ano da Escola [1931] os estudantes procuravam fazer estágio nas firmas construtoras, onde tomavam contato com os problemas da profissão, o que lhes garantia inclusive um salário razoável. Não quis segui-los, preferindo, apesar da situação financeira difícil em que vivíamos, freqüentar graciosamente o ateliê de Lucio Costa e Carlos Leão, onde diziam que encontraria o caminho da boa arquitetura. E essa decisão mostra que já naquela época as questões de dinheiro não me interessavam. Desejava apenas ser um bom arquiteto.11 Nesse conjunto de profissionais igualmente interessados na renovação da técnica e expressão arquitetônicas, constituiu-se porém, de 1932 a 35, pequeno reduto purista consagrado ao estudo apaixonado não somente das realizações de Gropius e de Mies van der Rohe, mas, principalmente, da doutrina e obra de Le Corbusier, encaradas, já então, não mais como um exemplo entre tantos outros, mas como o “Livro Sagrado” da arquitetura. Foi o conhecimento e a demorada e minuciosa análise dessa tese monumental nos seus três aspectos – o econômico-social, o técnico e o artístico –, foi o dogmatismo dessa disciplina teórica auto-imposta, e o intransigente apego, algo ascético, aos princípios de fundo moral que fundamentavam a doutrina – atitude que faz lembrar a dos positivistas –, foi esse estado e espírito predisposto à receptividade, que tornou possível resposta instantânea quando a oportunidade de por a teoria em prática se apresentou.12 A maioria passou a trabalhar em firmas construtoras, onde tomava contato com os problemas técnicos, recebendo salário correspondente. Apesar de enfrentar momentos econômicos difíceis, por intermédio de Ulisses Carneiro da Rocha, fui trabalhar gratuitamente no escritório de Lúcio Costa e Carlos Leão, onde sabia encontrar resposta para minhas dúvidas de estudante.13 Por exemplo, quando me procurou pela primeira vez, trazendo uma carta de apresentação, e tentei dissuadí-lo de trabalhar comigo uma vez que o serviço era pouco e não lhe daria a remuneração necessária, ele, invertendo os papéis, propôs “pagar” para ter direito de participar de algum modo do meu dia a dia profissional. Se levarmos em conta que ele já era casado e tinha uma filha, e que sua família, originariamente abastada, atravessava, nessa época, uma fase difícil, essa atitude, aparentemente impensada, revela de forma incisiva o seu desejo de seguir a orientação que, no seu entender, era a mais acertada. Qualquer outra pessoa, em tais circunstâncias, teria sacrificado a carreira em favor das obrigações domésticas, o que teria sido sensato, porém errado.14 Eu tinha entrado para a Escola de Arquitetura pelo desenho. Eu entreí porque quis, já estava casado. Logo nos primeiros anos, os alunos começam a frequentar os escritórios técnicos de engenharia, porque antigamente as condições melhores eram dadas aos construtores. Mas eu não queria... Eu, que estava até desempregado, casado e com poucas possibilidades de dinheiro, preferi trabalhar com o Lucio de graça. Me disseram que ele era o arquiteto mais importante, mais familiarizado com a arquitetura, então eu falei com um amigo meu que era do Banco Boavista, que se entendeu com ele, e ele me atendeu. Eu fui lá, e comecei a ajudar... Não sabia, estava começando... Não sabia nem fazer desenho técnico. Eu fiquei ali, com ele e com o Carlos Leão, que tambem foi muito importante para mim. Eles eram inteligentes, informados, sabiam das coisas. Eram corretos, sabiam qual era o caminho bom da profissão, de modo que o contato com eles, para mim, foi fundamental.15

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NIEMEYER, Oscar. Minha Arquitetura – 2002. Rio de Janeiro: Revan, 2002. p.41-42 COSTA, Lucio. Muita construção, alguma arquitetura e um milagre - 1951. In: Registro de uma vivência. 2.ed.São Paulo: Empresa das Artes, 1997. p.167 13 NIEMEYER, Oscar. Meu sósia e eu. Rio de Janeiro: Revan, 1992. p.61 14 COSTA, Lucio. Registro de uma vivência. 2.ed. São Paulo: Empresa das Artes, 1997. p.195. Originalmente escrito para PAPADAKI, Stamo. The Work of Oscar Niemeyer. 2.ed. New York: Reinhold, 1951. p.1-2 15 Oscar Niemeyer in: O risco: Lúcio Costa e a utopia moderna: depoimentos do filme de Geraldo Motta Filho. Rio de Janeiro: Bang Bang Filme Sr 2003. 255 p.111. 12

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Le Corbusier e Oscar Niemeyer: dois contatos imediatos Quem o ajudava muito nos seus projetos, quem era o enfant gaté de Le Corbusier era o Oscar Niemeyer. Como era o mais jovem e desenhava muito bem, Oscar Niemeyer passou a ser o “sacristão" de Le Corbusier. Ele não fazia nada sem o Oscar. O Oscar convertia as suas idéias logo em desenhos.16 Lúcio indicou-me para acompanhá-lo [Le Corbusier] como desenhista, e durante 15 ou 20 dias [Julho e Agosto de 1936] tive a oportunidade de conhecê-lo melhor. Todas as tardes ele vinha ver os desenhos que eu fazia; gostava da minha maneira de desenhar. Publicou-os num livro sobre os seus trabalhos [Oeuvre Complete], e um clima de simpatia se estabeleceu entre nós.17 Quando se entregava com lógica implacável e vigor característicos à análise das condições que orientariam a solução arquitetônica pretendida, não o fazia segundo duas operações sucessivas, a primeira puramente intelectual, fundamentada num raciocínio objetivo, e a segunda essencialmente manual, dando forma adequada às conclusões decorrentes do exame preliminar. Para Le Corbusier, as duas abordagens eram simultâneas e indispensáveis. Assim, toda a reflexão correspondia a um desenho, que, por sua vez, gerava uma nova reflexão provocando um novo desenho; este processo continuava até a solução final, que resultava do estudo conjunto dos diversos fatores funcionais e estético. Válido tanto para a pesquisa de um tema ou de uma solução, quanto para a demonstração dos fundamentos dos resultados obtidos, esse método gráfico impressionava fortemente a todos os que presenciaram a maravilhosa aplicação que o mestre franco-suíço fazia, com destreza incomparável, desse instrumento. Ninguém absorveu tanto este método quanto Oscar Niemeyer, que passou a empregá-lo sistematicamente por conta própria. O contato direto com Le Corbusier proporcionou outra vantagem: demonstrou que, embora partisse de uma doutrina supostamente objetiva ou a ela chegasse graças a uma tendêncía natural para classificar e elaborar normas precisas, que propunha para si e principalmente para os outros, pessoalmente ele nunca se comprometia por inteiro com as regras que instituía. Sabia libertar-se de sua rigidez, estimulando, sempre que possível, sua capacidade criadora, o que enfatiza um segundo aspecto de sua contribuição pessoal.18 Durante minha permanência em New York privei diariamente com Le Corbusier e Budiansky. Juntos trabalhávamos, juntos almoçávamos, juntos participávamos de todos os problemas que o trabalho oferecia. Desse contato recordo-me de passagens interessantes, como no dia em que Lê Corbusier, examinando fotos dos meus projetos, comentou: "Oscar, você tem as montanhas do Rio dentro dos olhos. Faz o barroco com o concreto armado, mas o faz muito bem." Vinte anos depois, almoçava em sua casa em Paris quando, esquecido da antiga conversa, ele desabafou: "Dizem que eu faço o barroco e estou muito satisfeito. A arquitetura é como um rio que muda de curso constantemente." E, mostrando-me o desenho da marquise do edifício do Congresso de Chandigart, acrescentou: "Pode ser barroca, mas não é qualquer um que pode fazer isso".19

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CAPANEMA, Gustavo. Depoimento sobre o edifício do Ministério da Educação. In: XAVIER, Alberto (Org.). Depoimento de uma geração – arquitetura moderna brasileira. São Paulo: Cosac & Naify, 2003, p. 127. 17 NIEMEYER, Oscar. Minha Arquitetura – 2002. Rio de Janeiro: Revan, 2002. p. 42 18 BRUAND, Yves. Arquitetura Contemporânea no Brasil. 3 ed. São Paulo: Perspectiva, 1999. p.90. 19 NIEMEYER, Oscar. Quase memórias: viagens: tempos de entusiasmo e revolta: 1961-1966. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. p.10.

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Carta de Le Corbusier a Lucio Costa Edifício do "Castelo". Rio de Janeiro - Paris, 21 de novembro de 1936 Caro amigo, 1º— Anexa uma carta escrita ao ministro Capanema em resposta à carta em que me anuncia que o Ministério não se construirá à beira-mar, mas naquele terreno porcaria no interior do bairro comercial. Fiquei desapontado, com dor no coração, pois já imaginava erguer-se no céu o produto de nossa colaboração, bem como a sinfonia paisagística em meio àquele sítio admirável. É um crime não o ter feito. Não compreendo as razões disso. Isto me desespera frente a todos empreendimentos contemporâneos, pois enfim, pela primeira vez, parecia que o negócio do Rio estava seriamente ancorado e apoiado tanto por sua simpatia (dos arquitetos) quanto pela do próprio Ministro. Relate-me um pouquinho o que aconteceu, por gentileza. Conto com você para me informar. 2° — E a Cidade Universitária, a quantas anda? O ministro disse-me que os arquitetos apresentaram um projeto e que foi convocada a Comissão de professores para julgar o trabalho dos arquitetos. Será que neste projeto levaram em conta meu trabalho? Dêem-me, portanto, algumas notícias, algumas precisões. Vocês me deixam na expectativa, isso não é correio. Escrevam-me, você ou Carlos Leão, por favor!!! Enviei em seu nome uma carta para o nosso amigo Celso Antônio. Creio que você já a recebeu e entregou. Espero notícias suas antes do final do ano. Faça que elas sejam boas. Mês amitiés à vous et à votre femme ainsi qu'à tous lês amis. Le Corbusier PS. O que é feito daquele valoroso Oscar e suas belas perspectivas?20

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SANTOS, Cecilia R. dos. Le Corbusier e o Brasil. São Paulo: Tessela / Projeto, 1987. p. 177-178.

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Resposta de Lucio Costa a Le Corbusier Rio, 31/XII 1936 Caro Corbusier Hoje é o último dia do ano. Já faz, no entanto, cinco meses que você partiu e as coisas se encontram quase no mesmo pé em que você as deixou. Resumo dos acontecimentos. Primeiramente a C.U.B. 1 ° — Amaral e Campos apresentam a Capanema seus relatórios com ... páginas. Têm a pretensão de ter "demolido" você; como verdadeiras mulas não entenderam nada, nem é preciso dizer, da grandiosidade do seu projeto — em suma: uma lamentável mistura de besteira e má fé. 2° — No dia 12 de outubro apresentamos a Capanema nosso anteprojeto que, em consequência do seu, adotava entretanto um partido por assim dizer oposto — adaptando-se às circunstâncias: em lugar de uma vista imediata e grandiosa de todo o conjunto, impressões que se desenvolvem sucessivamente durante o percurso do campus. Dentro dos nossos limites e na "nossa escala", o projeto está bom. Incorporamos desde agora ao projeto — a fim de tornar possível, mais tarde, uma "encomenda" — o seu auditório. 3° — O projeto agrada muito ao Ministro que o submete imediatamente à comissão de professores — estes ainda o estão examinando, e ao que parece teremos que sofrer, malgrado tudo, nós também, as "terríveis" críticas desses senhores. Mandei pelo correio as plantas e nosso relatório. Agora, o M.E.S.P. 1 ° - Capanema rejeita a ideia de mudar aquele terreno "porcaria", e isso por razões que, no fundo, podem ser assim resumidas: também ele não entendeu toda a excepcional beleza do seu edifício. E em razão desse estado de espírito, os incovenientes de ordem geral e as dificuldades de ordem prática para levar a coisa a bom termo, tomam a seus olhos o aspecto de obstáculos íntransponíveís. 2° — Capanema desinteressa-se um pouco do assunto do edifício, preocupado que está com a reforma de seu Ministério, submetida desde o ano passado à Câmara e ao Senado: os créditos dependem disso — o ministro das finanças é contra, ela é modificada com sucessivas "emendas". Está certo que será aprovada, ao menos parcialmente, em alguns dias. E como não lhe resta senão 16 meses de administração — ou começa imediatamente a construção ou não a fará mais. 3° — A ideia de fazer a "múmia", depois que vimos as coisas tão belas que você tirou dela não nos empolga: propusemos então a ele uma nova solução, num só bloco, como você nos tinha aconselhado, mas no sentido mais curto do terreno (S-SE) e, com dupla profundidade. Eis onde nos encontramos. Quanto aos seus honorários, você os recebeu alguns dias após a chegada de sua carta, portanto não falemos mais nisso. Como já lhe dissera: sua visita custou-me um ano de diligências junto a Capanema, avanços e recuos, em suma, um verdadeiro "milagre". Você está tendo a prova agora. O fato é que todas as coisas que dependem do governo são muito difíceis entre nós. Continue mandando notícias, isso significa bastante para todos nós. Seu P.S. deixou Oscar "emocionado" — ele está fazendo coisas lindas no momento — sua visita abriu novos horizontes para ele. Carlos, Reidy, Jorge e Ernani, todos mandam lembranças. Leleta continua orgulhosa do croqui feito "especialmente" para ela. Quanto a mim — cansado dessas lutas e polémicas que não levam a nada e me chateiam — mereço a sua amizade. Faço o possível para lhe ser útil. Se, na sua opinião, nem sempre sou bem sucedido, tenha a gentileza de me desculpar. Lucio Costa21

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SANTOS, Cecilia R. dos. Le Corbusier e o Brasil. São Paulo: Tessela / Projeto, 1987. p. 178-179.

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Lucio Costa, sobre Oscar: um gênio incubado “foi graças a esse convívio de apenas três meses [semanas] que o excepcional talento do arquiteto Oscar Niemeyer - Oscar de Almeida Soares, conforme, no seu apego à tradição luzitana, preferia vê-lo chamar, que este é o seu legítimo nome -, até então inexplicavelmente incubado, revelou-se em toda a sua plenitude".

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Foi efetivamente a presença desse criador de gênio, especialmente convidado, a meu pedido, pelo ministro Capanem a e o seu convívio diário, durante quatro semanas, com o talento excepcional, mas até então ainda não revelado, daquele arquiteto, por assim dizer predestinado, que provocaram a centelha inicial, cujo rastro logo se expandiu graças à circunstância feliz de se haverem podido aplicar imediatamente os benefícios decorrentes de tão proveitosas experiências: primeiro, na elaboração do projeto definitivo e na construção do edifício do Ministério da Educação e Saúde, e, logo depois, em Nova York, no ano de 1938, no risco em colaboração comigo do projeto para o pavilhão do Brasil na Feira Mundial daquela cidade. Foram esses os fatores determinantes do surto avassalador que se seguiu.23 É impressionante que um talento tão raro tenha permanecido assim tanto tempo ignorado; na verdade, não foi senão em 1936, quando trabalhou por apenas quatro semanas sob a orientação direta de Le Corbusier, que a sua verdadeira estatura artística se revelou. Antes desta experiência decisiva, não houve o menor indício de sua iminente trajetória.24 No Rio, Le Corbusier trabalhou onde? No seu escritório? É, no escritório do edifício Castelo, onde o nosso meticuloso e querido Jorge era como que o dono da casa. E ele logo se instalou. Em quatro semanas fez um projeto para a Cidade Universitária, ali atrás da Quinta, fez seis ou sete conferências, fez um projeto para o Ministério, num terreno à beira-mar, e ainda procurou adaptar o projeto ao terreno definitivo, sem conseguir. E além de tudo nos deixou de quebra o Oscar Niemeyer. Porque ele não existia antes da vinda do Le Corbusier, não existia absolutamente. E veio a questão do trabalho no Ministério, depois eu o levei a Nova York, para o Pavilhão da Feira Internacional de 1939, veio a Pampulha. Foi a presença de Le Corbusier que o deixou, de quebra. O Le Corbusier achava Niemeyer um jovem promissor? Não. Ele gostava do Oscar porque ele às vezes o ajudava a fazer os desenhos, ajudava a fazer as figuras que aparecem nas perspectivas. Dos vários arquitetos tinha um – o Oscar – que toda hora estava à mão e pronto para fazer qualquer coisa. Mas o Leão, o Carlos, ele gostava muito do Carlos. Ele sempre perguntava: “Et Léon, comment va-t-il? “ O Carlos era o mais inteligente, uma pessoa muito culta, de boa base. O Oscar, na época, era tímido, não tinha a menor comunicação e recebeu aquilo em cheio, aquele oxigênio todo. Ai é que revelou o que era de fato, o que estava incubado.25

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Carta de Lucio Costa para Gustavo Capanema 03/10/1945. CPDOC FGV. Arquivo: Gustavo Capanema. Classificação: GC b Costa, L. Data: 03/10/1945 a 27/02/1978 23 Depoimento, 1948. COSTA, Lucio. Registro de uma vivência. 2.ed. São Paulo: Empresa das Artes, 1997. p.198 24 COSTA, Lucio. Prefácio para o livro de Stamo Papadaki 1950. In: Registro de uma vivência. 2.ed.São Paulo: Empresa das Artes, 1997.p.195 25 COSTA, Lucio. Presença de Le Corbusier. Entrevista concedida a Jorge Czajkowski, Cristina Burlamaqui e Ronaldo Brito. In: Lucio. Registro de uma vivência. 2.ed. São Paulo: Empresa das Artes, 1997.p. 152

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Lucio Costa, sobre Oscar: a revelação realizada O PRAZER tão raro de receber notícias diretamente de vós, dissipa-se pouco a pouco, à medida que prosseguimos, item por item a leitura de vossa carta. E uma penosa sensação de angústia abateu-se sobre nossos corações, ao imaginarmos o gênio de uma época vagando de um continente a outro, e batendo de porta em porta a reclamar o que lhe é devido. Pois é bem o caso, já que aquilo que há de legítimo na Arquitetura moderna, em toda a parte do mundo, se liga ao vosso riquíssimo âmago e se alimenta nas fontes límpidas de vosso espírito. ... E, estou certo, vossa emoção seria intensa e alentadora ao verdes, face a face, pela primeira vez, o edifício do Ministério e que vós apalparíeis seus magníficos "pilotis" de dez metros de altura. E vos seria igualmente reconfortante constatar "in loco" que das sementes generosas lançadas aos quatro cantos do mundo — de Buenos Aires a Estocolmo, de Nova Iorque a Moscou —, aquelas disseminadas no caro solo brasileiro — graças ao talento excepcional, mas até então oculto, de Oscar e de seu grupo —, desabrocharam numa floração de arquitetura cuja graça e encanto jônicos já são bem nossos.26 Pois, sem pretender negar ou restringir a qualidade, em certos casos verdadeiramente original e valiosa, da obra dos nossos demais colegas, ou o mérito individual de cada um, é fora de dúvida que não fora aquela conjugação oportuna de circunstâncias e a espetacular e comovente arrancada do Oscar, a arquitetura brasileira contemporânea, sem embargo da sua feição diferenciada, não teria ultrapassado o padrão da estrangeira, nem despertado tão unânime louvor, e não estaríamos nós, agora, a debater tais minúcias. Não adianta, portanto, perderem tempo à procura de pioneiros – arquitetura não é “far-west”; há precursores, há influências, há artistas maiores ou menores e Oscar Niemeyer é dos maiores; a sua obra procede diretamente da de Le Corbusier, e, na sua primeira fase sofreu, como tantos outros, a benéfica influência do apuro e elegância da obra escassa (1948) de Mies van der Rohe, eis tudo. No mais, foi o nosso próprio gênio nacional que se expressou através da personalidade eleita desse artista, da mesma forma como já se expressara no século XVIII, em circunstâncias, aliás, muito semelhantes, através da personalidade de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.27 A personalidade de Oscar Niemeyer Soares Filho, arquiteto de formação e mentalidade genuinamente cariocas – conquanto, já agora, internacionalmente consagrado – soube estar presente na ocasião oportuna e desempenhar integralmente o papel que as circunstâncias propícias lhe reservaram e que avultou, a seguir, com as obras longínquas da Pampulha. Desse momento em diante o rumo diferente se impôs e a nova era estava assegurada. Assim como Antonio Francisco Lisboa, em circunstâncias muito semelhantes, nas Minas Gerais do século XVIII, ele é a chave do enigma que intriga a quantos se detêm na admiração dessa obra esplêndida e numerosa, devida a tantos arquitetos diferentes, desde o impecável veterano Afonso Reidy e dos admiráveis irmãos Roberto, de sangue sempre renovado, ao civilizado arquiteto Mindlin, transferido para aqui de São Paulo, e às surpreendentes realizações de todos os demais, tanto da velha guarda quanto da nova geração e até dos últimos conscritos.28 O livro do Dr. Lúcio é um livro complicado, porque a gente pensa que leu, e não leu (mesmo quando lê direitinho). Anteontem, por causa dessa conversa de hoje, eu abri o livro, e vi só uma coisa: o memorial da Cidade Universitária. Mas vejam vocês, eu fui ler uma coisa que já tinha lido. Achei muito bonito: sério, racional, cuidadoso, extremamente escrupuloso na questão da educação, da iluminação, da ventilação, da orientação dos prédios. [...]. De repente, eu vi uma coisa que eu nunca tinha visto: o projeto do clube universitário. [...]. E aparece um projeto delicioso, pequeno, movimentado, alegre, que é o clube dos estudantes, o clube universitário. Este é de Oscar Niemeyer. Eu nunca tinha visto esse projeto. E a legenda desse desenho é assim: "Projeto elaborado pessoalmente por Oscar Niemeyer e marco inicial de sua carreira". A legenda é do Dr. Lucio. Eu nunca tinha visto que esse clube universitário do Oscar. E é 1936! Então, finalmente, eu via uma coisa que devia ter visto há mais tempo. A gente agora sabe quando foi que o Dr. Lúcio definitivamente percebeu que Oscar Niemeyer era um arquiteto especial. Foi no Ministério da Educação, e foi nesse clube. No mesmo ano, todo mundo vira Corbusier trabalhando com o Oscar. E o Oscar desenhando as perspectivas para ele, e crescendo naquela equipe, fazendo com que seu nome acabasse figurando em primeiro lugar na placa proposta pelo Dr. Lúcio para o hall de entrada do Ministério.29

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COSTA, Lucio. 1946. SEMENTES DE UM GÊNIO. Carta a Le Corbusier, 18 6.46 In: Sôbre Arquitetura p. 118 COSTA, Lucio. Depoimento 1948. In: Registro de uma vivência. 2. ed. São Paulo: Empresa das Artes, 1997. p. 195 28 COSTA, Lucio. Muita Construção, alguma arquitetura e um milagre 1951. Depoimento de um arquiteto carioca. In: Registro de uma vivência. 2. ed. São Paulo: Empresa das Artes, 1997. p. 169 29 Depoimento de Ítalo Campofiorito. O risco. Lucio Costa e a utopia moderna: depoimentos do filme de Geraldo Motta Filho. Rio de Janeiro: Bang-Bang Filme, 2003. p. 49-50. 27

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Autoria Caro Corbusier, Aproveitamo-nos da boa vontade do sr. Monteiro para enviar-lhe, com toda a segurança, os desenhos executados depois de sua partida. Segundo o bilhete que acompanhava sua carta de outubro(!) compreendi que voce não recebeu minha "carta-relatório" enviada por avião (35, rue de Sèvres, Paris) e onde o colocava a par dos acontecimentos. Vou resumi-los rapidamente para você. Primeiramente a Cidade Universitária: a comissão dos professores - encabeçada por Amaral e Campos - recusa, sem compreender nada, o seu belo projeto. Quanto a nós, tendo dois mesés para apresentar uma nova solução, fizemos o melhor possível, ainda que nos adaptando às circunstâncias, pois era necessário encher o terreno de construções. Mas, mesmo desta vez, por unanimidade (e eles são 14 na comissão de professores), o projeto foi rejeita do. Parece que Campos querter toda a liberdade para fazer uma arquitetura só dele - eis tudo. E agora o prédio do Ministério, reconhecida a impossibilidade de construí-lo no magnífico terreno que você escolheu - pois seria necessário fazê-lo muito mais baixo e sem poder ampliá-lo no futuro, por causa do aeroporto; e reconhecido, por outro lado, que a "múmia" já estava bem morta - fizemos um novo projeto diretamente inspirado em seus estudos. Oscar, que após sua partida tornou-se a estrela do grupo, é o principal responsável por ele e aguarda, emocionado sem dúvida - como todos nós, de resto - o OK de Jeová. Estamos enviando também o belo projeto que ele fez com Reis para o Instituto Nacional de Puericultura: o que você acha dele? Sua visita foi portanto muito útil para nós e esperamos todos que ela também lhe tenha servido em alguma coisa. Capanema mostrou-nos, outro dia, as belas reproduções da enciclopedia, e envia-lhe agora os dez mil francos para a impressão do seu livro. Charles Ofaire já se instalou aqui - inteligente, ativo e muito simpático, terá sucesso, sem dúvida. Para nós - esse "monte de brasileiros" - a simpatia ainda conta. Acceptez donc, cher Le Corbusier.avec nos meilleurs souvenirs - notre amitié. Lucio Costa30 Convidado por Lúcio Costa para examinar o projeto em curso para o edifício do Ministério da Educação e Saúde, Le Corbusier sugeriu de pronto uma outra solução que encontrou em Lúcio Costa a compreensão e a generosidade habituais. De começo, Le Corbusier elaborou um estudo para um local hipotético, perto do mar; em seguida, adaptou-o à realidade, em forma definitiva. Com aquele pensamento no subconsciente, fiz alguns esboços por conta própria, procurando aproximar-me não do segundo estudo, mas do primeiro, destinado a um sítio imaginário.31 Acho que a tendência do trabalho é ser feito em equipe. Mas não na primeira fase. Nela, é só um que pensa. Não adianta fazer um congresso para resolver um problema. Na primeira fase, trabalho sozinho. Faço o anteprojeto sozinho. Aí, apresento aos colegas, que desenvolvem e eu acompanho. A primeira parte, eu assumo, porque cada um trabalha de uma maneira. Agora mesmo me convidaram para fazer um trabalho na França, em que teria como companheiro o Botelho, certamente. Seriam um arquiteto francês e um português. Respondi: - O resto tá tudo certo, trabalho com eles, mas a inicial, só faço sozinho.32 Quando eu olho para trás, que eu vejo o começo do meu trabalho, me agrada sentir que eu tinha coragem de fazer as coisas. Eu, por exemplo, quando fui falar com Juscelino, eu fui com o Rodrigo Melo Franco de Andrade, que era meu amigo, para ele me dar o programa de Pampulha. E ele me disse: “olha Oscar, você vai fazer uma igreja, um cassino, um clube, um restaurante, mas você vai fazer um bairro novo para Belo Horizonte e quero o projeto do cassino para amanhã”. Eu disse: “está bem”. Fui para o hotel, trabalhei a noite inteira, fiz o projeto do cassino, entreguei a ele no dia seguinte e o cassino foi construído. De modo que eu tive a coragem, eu mal saíra da escola, de ingressar num tipo de arquitetura que era diferente. Eu estava começando a fazer essa arquitetura. Eu tive coragem de aceitar o desafio e fazer de corrida isso. Então, foi o primeiro contato que nós tivemos e ele sentiu, com certeza, que eu era um homem que podia trabalhar com ele, com aquela pressa que o caracterizava, não é? De modo que, daí de Pampulha eu fui trabalhar, surgiu Brasília. E Pampulha foi um assunto novo para a arquitetura. Eu me lembro que quando surgiu Pampulha, que os que faziam aquela arquitetura antiga, racionalista, eles tiveram um susto, sentiram que qualquer coisa diferente estava surgindo.33

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Carta de Lucio Costa a Le Corbusier Rio 3-VII-37. In: SANTOS, Cecilia R. dos. Le Corbusier e o Brasil. São Paulo: Tessela / Projeto, 1987. p.180. 31 NIEMEYER, Oscar. Oscar Niemeyer, Milão, Mondadori Editore, 1975, pp. 21-22. In: HARRIS, Elizabeth Davis. Le Corbusier: riscos brasileiros. São Paulo: Nobel, 1987. p 83-84. Conforme a autora Lucio Costa confirma o fato.. 32 Entrevista de Oscar Niemeyer. In: PERFIL DO PENSAMENTO BRASILEIRO. RJ: Correio da Selva, 1988. p. 183. 33 RODA VIVA NIEMEYER. http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/8/entrevistados/oscar_niemeyer_1997.htm.

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Club Esportivo - Janeiro de 1935

Fonte: Revista da Diretoria Municipal de Engenharia, do Districto Federal, nยบ14 pรกgina 236 e 238

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Club Universitรกrio - Outubro de 1936

Fonte: Revista da Diretoria Municipal de Engenharia, do Districto Federal, nยบ14 pรกgina 236 e 238

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1. APRESENTAÇÃO DO TEMA A incursão de Oscar Niemeyer na arquitetura inicia em 1930, com seu ingresso, na Escola Nacional de Belas Artes, do Rio de Janeiro onde permanece até 1934, graduando-se 34

como engenheiro architecto. Os registros e estudos publicados sobre a sua vida acadêmica são escassos: o ensino pouco estimulante e a busca por formação diferenciada fora do âmbito acadêmico aparecem com frequência em suas memórias. Quanto ao Curso as informações publicadas são mínimas; estrutura curricular, programas e disciplinas ficaram perdidas no tempo e ainda estão por ser descobertas nos arquivos da Escola 35

Nacional de Belas Artes . Fundamental e certo é o papel que Lucio Costa irá desempenhar na sua formação. Deliberadamente Oscar Niemeyer pede para estagiar como desenhista no escritório de Lucio Costa então sócio de Carlos Leão e Gregori Warchavchik. A passagem de 36

Lucio Costa pela direção da Escola Nacional de Belas Artes , entre dezembro de 1930 e setembro de 1931, o Salão de 31 e a exposição da primeira “casa modernista" no Rio, também em 1931, e o Salão de Arquitetura Tropical de 1933, podem explicar o interesse e a aproximação de Oscar Niemeyer em relação à Lucio Costa. Em entrevista de dezembro de 37

1930, logo ao assumir a direção da Escola Nacional de Belas Artes , Lucio Costa defende a transformação radical do ensino, a convergência entre arquitetura-estrutura-construção, o estudo da história com sentido crítico e o indispensável conhecimento por parte dos nossos arquitetos da Arquitetura Brasileira da época colonial. O convívio e o trabalho, como desenhista, no escritório de Lucio faz com que Oscar Niemeyer participe, até 1934, de projetos como: as 3 Casas sem Dono, os Apartamentos Proletários da Gamboa, a Cidade Operária de Monlevade, a Chácara Coelho Duarte e as Casas Carmen Santos, Maria Dionésia e Álvaro Osório de Almeida. Este período corresponde exatamente ao final da sociedade com Warchavchik e à mudança de rumo adotada por Lucio Costa através do estudo mais aprofundado das vanguardas europeias, principalmente da obra de Le Corbusier. A influência da relação com Lucio Costa, fica evidente nos dois primeiros projetos publicados de Oscar Niemeyer Soares, como assinava à época: o Club Sportivo e o Ante-

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Abordo a formação de Niemeyer no artigo “Anos 30: três casas formadoras” publicado em CANEZ (2016), o artigo é derivado da dissertação de Mestrado de 2005. Roberto Segre e José Barki, em artigo de 2008, apresentam dados da passagem de Niemeyer pela Escola Nacional de Belas Artes. A presente pesquisa quer aprofundar o tema. 35 Conforme o site do Museu D. João VI O Museu D. João VI da EBA / UFRJ, através do Projeto de Revitalização patrocinado pela PETROBRAS, digitalizou o Arquivo catalogado da antiga Academia Imperial, depois Escola Nacional de Belas Artes, que está sob sua guarda. 36 Lucio Costa é levado ao cargo por Rodrigo Melo Franco de Andrade, quando da revolução de 30. 37 Situação do ensino na Escola de Belas Artes. COSTA, Lúcio. Registro de uma vivência. São Paulo: Empresa das Artes, 1995, p. 68.

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projecto de residência. Projetado no último ano da Escola de Belas-Artes , o Club Sportivo (1934) não escapa à tendência da produção da época, para Bruand “um funcionalismo destituído de qualquer pesquisa plástica”. O Ante-projecto de residência é o primeiro 39

projeto de Oscar Niemeyer, como Arquiteto. A influência das Casas sem Dono” de Lucio Costa, é notória. O tipo de desenho e os elementos que neles aparecem como o mobiliário, a vegetação tropical cuidadosamente desenhada, as venezianas das esquadrias dos quartos, uma rede e até a mesinha auxiliar com garrafa e copos de refresco afirmam o contato. Segundo o próprio Lucio Costa, Oscar Niemeyer era “apenas um desenhista não 40

demonstrando nenhum talento e alheio ao que representasse Le Corbusier” A participação de Oscar Niemeyer na equipe que trabalha nos projetos do Ministério da Educação e Saúde (1936-1945) e da Universidade do Brasil (1936) e a possibilidade de conviver direta e diariamente com Le Corbusier, que viera ao Brasil a pedido de Lucio Costa, como consultor dos trabalhos e para proferir uma série de palestras, são o impulso decisivo para a sua carreira. É final de dezembro de 1936, em resposta à carta de Le Corbusier que perguntara "O que é feito daquele valoroso Oscar e suas belas perspectivas?" Lucio escreve: "Oscar está fazendo coisas lindas". Em 05 de janeiro de 1937, com o projeto do Ministério da Educação em fase de preparação para execução, uma “nova variante” seria apresentada ao Ministro 41

Gustavo Capanema, aqui denominada de “variante 37”. A autoria do risco é de Oscar Niemeyer, o novo partido é aceito, os rumos do projeto e da Arquitetura Moderna Brasileira são modificados. Entre as “coisas lindas” estão: o projeto de uma residência a ser construída na Urca (Casa Henrique Xavier) e o Club de Estudantes; em coautoria Oscar Niemeyer participa de dois concursos; para o Anteprojeto do Edifício do Ministério da Fazenda (com José de Souza Reis e Jorge M. Moreira) e para o Anteprojeto da Associação Brasileira de Imprensa - ABI (com Fernando Saturnino de Britto e Casio Veiga de Sá). A partir de 1937 projeta e executa

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Para Bruand trata-se de seu projeto de final de curso, hipótese factível perante a data de diplomação de publicação na PDF 39 Nas diversas listagens de obras a casa Henrique Xavier (1936) aparece como primeiro projeto. Mas o anteprojecto de residência é publicado no nº 19 da Revista da Directoria de Engenharia – Prefeitura do Districto Federal, em novembro de 1935, p. 588-590. Antes dele no nº 14, da mesma revista, em janeiro de 1935, aparece o Club Sportivo, apontado por Bruand como sendo projetado quando Oscar Niemeyer cursava o último ano da Escola de Belas-Artes. 40 COSTA, Lúcio. Registro de uma vivência. 2. ed. São Paulo: Empresa das Artes, 1997, adenda. Entrevista concedida a Mário Cesar Carvalho para a Folha de São Paulo, em julho de 1995. 41 O mesmo que CROQUI, Antigamente, no entanto, o têrmo era usado como sinônimo de PROJETO, isto é, designava o desenho original concebido pelo arquiteto ou mestre de obras. CORONA, Eduardo; LEMOS, Carlos Alberto Cerqueira. Dicionário da arquitetura brasileira. Romano Guerra Editora, São Paulo; 2ª edição, 2017. Coleção RG fac-símile. p. 414.

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a Obra do Berço. A serviço de Gustavo Capanema, no Ministério da Educação, projeta uma Maternidade, o Instituto Nacional de Puericultura em (com Olavo Redig de Campos e José de Souza Reis), o stand do Ministério da Educação na grande “Exposição Nacional do Estado Novo” que expressou a síntese da vida Brasileira nos oito anos do Governo Vargas. Oscar Niemeyer projeta até um “palanque” de onde o Maestro Villa Lobos comandava as manifestações de Canto orfeônico realizadas no Estádio de São Januário. A “revelação do gênio incubado” ocorreu. Ao publicar suas memórias no “Registro de uma vivência”, 60 anos depois dos fatos, Lucio Costa legenda uma das ilustrações da memória da Cidade Universitária da seguinte maneira: "Projeto elaborado pessoalmente por Oscar Niemeyer e marco inicial de sua carreira". Entre o pequeno Club da Cidade Universitária e a nova variante 37 do Ministério, realizados após Le Corbusier deixar o Brasil, se passa pouco mais de 4 meses. Por ocasião do Concurso para o Pavilhão Brasileiro na Feira Mundial de Nova Iorque (1938) o reconhecimento se amplifica; vitorioso Lucio Costa convida Oscar Niemeyer, que se classificara em segundo lugar, para desenvolver com ele o projeto definitivo e acompanhar a execução da obra, ambos viajam para Nova Iorque, retornando ao final do ano. A repercussão positiva do Pavilhão é internacional. A proximidade de Oscar Niemeyer com Gustavo Capanema, Rodrigo Melo Franco de Andrade 42

e Carlos Drummond, todos mineiros, o leva por méritos e por influência a projetar em Minas Gerais. Primeiro o Hotel de Ouro Preto e posteriormente o Conjunto da Pampulha (1940-1943) para Juscelino Kubitschek. O prestígio e o destaque aumentam. Oscar de Niemeyer Soares Filho, passa a ser o mais importante arquiteto brasileiro. O reencontro com Le Corbusier ocorre em 1947 na segunda viagem que faz aos Estados Unidos. A convite do arquiteto americano Wallace Harrison participa da equipe encarregada dos estudos para a Sede das Nações Unidas. O projeto da sede não seria escolhido por concurso ou delegado para um único arquiteto, a solução deveria ser obtida através da colaboração entre 10 arquitetos de diferentes partes do mundo, sendo posteriormente desenvolvida por Harrison e equipe. A permanência em Nova Iorque foi de sete meses, entre março e dezembro de 1947. Após Oscar Niemeyer apresentar duas alternativas (17 e 32) e de Le Corbusier ter apresentado uma (23) a proposta conjunta de 43

Le Corbusier + Oscar Niemeyer é a escolhida (23-32), servindo de base à solução final.

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Rodrigo Melo Franco de Andrade nasceu em Belo Horizonte, em 17 de agosto de 1898. Gustavo Capanema Filho nasceu em Pitangui, no dia 10 de agosto de 1900. Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, em 31 de outubro de 1902. 43 O processo de trabalho da comissão de arquitetos, que levou ao projeto e construção é fartamente apresentado e analisado por, Dudley (1994), EL-DAHDAH, (2010) e Silva (2017); com base em fontes primárias.

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A leitura atenta do que Lucio Costa escreveu, em correspondências artigos e prefácios, aliada às “transcrições necessárias” apresentadas na abertura deste projeto de tese, mostra claramente que o entendimento sobre a relevância e importância de Oscar Niemeyer é imediato. O reconhecimento é tanto que, em 1945, consultado por Gustavo Capanema, sobre os créditos relativos ao projeto a serem colocados na inscrição da inauguração do Ministério da Educação e Saúde, Lucio Costa faz com que o nome de Oscar 44

Niemeyer seja o primeiro dentre os integrantes da equipe, Primus inter pares.

1.1. Definição do problema O interesse por Oscar Niemeyer e pela Arquitetura Moderna Brasileira gera uma série de publicações editadas tanto no Brasil quanto no exterior, que juntamente com os periódicos nacionais são o registro mais consistente da vasta produção do arquiteto, até os anos 50, do séc. XX. A atenção dispensada ao início da carreira e às explicações sobre a sua projeção é bem menor, para o próprio Oscar Niemeyer a sua arquitetura começa na Pampulha. A primeira é Brazil Builds: architecture old and new: 1652-1942 (1943) editada pelo Moma de Nova Iorque. Nela Oscar Niemeyer é o mais destacado dentre os 24 colegas com 10 projetos sendo 3 deles casas. O texto é de Philip Goodwin ricamente ilustrado mostrando um panorama desde à época colonial até 1942, separados em duas partes: edifícios antigos organizados por estados e edifícios modernos agrupados por tipos. Obra de referência, Modern Architecture in Brazil (1956), escrita pelo Arquiteto Henrique Mindlin teve traduções para o Inglês, Francês e Alemão tratando-se do principal registro de nossa arquitetura moderna entre 1937 e 1955; assina o prefácio Siegfried Giedon. Sua organização temática mostra Oscar Niemeyer em 19 projetos entre os quais a sua Casa das Canoas. Dois dentre os principais periódicos internacionais dedicam números à Arquitetura Brasileira: Report on Brazil em Architectural Review 116 (1954) e os especiais Brèsil de L'architecture d'aujourdhui, 13-14 (1947) e 42-43 (1952) onde mais uma vez ele é o destaque.

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A expressão latina foi utilizada por Comas: “Anos depois, em Muita construção, alguma arquitetura e um milagre, Lucio retrata Niemeyer como primus inter pares e exalta a sua obra como marca de um rumo novo. Significativamente, porém, na publicação desse depoimento de um arquiteto carioca como Arquitetura Brasileira, as fotos do MESP são precedidas por desenho do plano para o Rio feito por Le Corbusier em 1929 e pela imagem do pórtico da velha Academia Imperial de Belas Artes, de Grandjean de Montigny. “ COMAS, Carlos Eduardo Dias. Precisões Brasileiras Sobre um Passado da Arquitetura e Urbanismo Modernos a partir dos projetos e obras de Lucio Costa, Oscar Niemeyer, MMM Roberto, Affonso Reidy, Jorge Moreira & cia., 1936-45. Tese de doutorado. Paris: Université de Paris VIII, 2002. p.15.

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As monografias dedicadas à Oscar Niemeyer começam com Stamo Papadaki que publica três títulos em edições americanas, The work of Oscar Niemeyer (1950) é um registro cronológico, desde 1937 com a Obra do Berço até a fábrica de biscoitos Duchen; em Works in progress (1956) as 30 obras são apresentadas em três partes: na escala de um subcontinente, forma-estrutura-forma e encargos. Masters of world architecture (1960) é a última obra, fascículo de uma coleção onde Oscar Niemeyer figura ao lado dos nomes de: Eric Mendelsohn, Richard Neutra, Walter Gropius, Louis Sullivan, Alvar Aalto, Le Corbusier, Antonio Gaudí, Pier Luigi Nervi, Ludwig Mies van der Rohe e Frank Lloyd Wright, que abre a série. David Underwood com Oscar Niemeyer and Brazilian Free-form Modernism (1994) lançado em português em 2002 e Josep Botey com Oscar Niemeyer (1996) apresentam trabalhos panorâmicos sobre a obra do arquiteto, um de cunho histórico e outro um pequeno catálogo de obras para consistentes. O primeiro além do formato documental tem uma abordagem mais crítica enquanto o outro é uma boa compilação em formato “de bolso” que vem até os anos 90, dividindo a obra tipológica e cronologicamente; integra a coleção obras y proyectos da Editora Gustavo Gili. Jean Petit apresenta em Niemeyer Poeta da Arquitetura (1995) um farto material com característica iconográfica e biográfica, reúne alguns dos escritos de Oscar Niemeyer; o tom é de revisão e registro, sem maiores aprofundamentos. Um livro de mesa. Recentemente Alan Hess publica dois títulos: Oscar Niemeyer Houses (2006) e Oscar Niemeyer Buildings, são obras abrangentes e bem documentadas iconográfica e cadastralmente. A publicação mais extensa e densa sobre Oscar Niemeyer é de Styliane Philippou. Oscar Niemeyer: Curves of Irreverence (2008) em grande formato com cerca de 400 páginas, apresenta a trajetória e obra do Arquiteto analisada crítica e historicamente, no contexto nacional e internacional. Entre 1960 e até próximo à sua morte, uma série de “publicações oficiais” é feita, escritas por Oscar Niemeyer têm caráter biográfico e retrospectivo; como exemplo temos: Quase memórias e viagens, Niemeyer, As curvas do tempo e as diversas edições de Minha Arquitetura. A necessária descrição e análise do período entre o início de seus estudos na Escola Nacional de Belas Artes (1930) e o ingresso na equipe do Ministério da Educação e Saúde (1936-1945) não tem o devido espaço e rigor nas publicações citadas. A visão corrente é simplificada e superficial, com muitas lacunas e algumas imprecisões; os dados e informações existem, mas estão dispersos e ainda por revelar. A descrição, a interpretação e a análise dos encontros de Oscar Niemeyer com Le Corbusier em 1936 e 1947 é outro ponto a ampliar. Esses são os propósitos desta pesquisa.

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1.2. Motivos, importância teórica e pertinência atual da investigação proposta. Reconhecer as razões, fatos e circunstâncias que permitiram e tornaram Oscar Niemeyer o mais importante arquiteto brasileiro são tão relevantes quanto o reconhecimento e o estudo de sua obra em específico. Há uma história a narrar até o final de 1930; há uma história a reconstituir entre 1930 e 1934; há um processo de evolução a explicar desde 1935, que passa pelo encontro com Le Corbusier, e vai até o final de 1936. Há uma revelação a explicar a partir de 1937, com uma obra inicial relevante que o leva até o encargo da Pampulha. E finalmente a sua participação com Le Corbusier nos estudos para o projeto da Sede das Nações Unidas deve ser entendida sob outro prisma. O senso comum, expresso por boa parte da crítica e historiografia em Arquitetura, tende a mitificar, a fantasiar e a simplificar a figura de Oscar Niemeyer e seu processo de 45

projeto, de certa forma ele mesmo tratou o tema de forma superficial . Outra vertente resume Niemeyer a uma mera criatura de Le Corbusier. Bruand (1981) e Comas (2002) são as exceções que confirmam a regra. Seja por reconhecer o impacto do convívio direto com Le Corbusier, seja por apontar a relevância da figura de Lucio Costa, seja por levantar os vínculos com a Teoria Acadêmica e com as Doutrinas e obras Le Corbusier. Cabe à pesquisa reconstituir com detalhes esse período e demonstrar como o preparo, o conhecimento, a erudição e o repertório obtidos por Oscar Niemeyer são as razões primordiais que o levaram 46

a destacar-se, pela originalidade e inovação.

1.3. Objetivos e nível de generalidade da investigação • O centro da investigação se dá no período entre 1930 e 1940; o período anterior é entendido como uma introdução enquanto o posterior configura-se como desdobramento; • Contribuir para o registro e entendimento e interpretação dos fatores que fizeram com que Oscar Niemeyer tenha se destacado, em relação aos Arquitetos Brasileiros, da primeira geração; • Conceituar e contextualizar o Ensino na École nationale supérieure des Beaux-Arts (Paris) e na Escola Nacional de Belas Artes;

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Uma boa interpretação sobre como o próprio Oscar Niemeyer atuou nesse sentido está em: DURAND, J.; SALVATORI, E. A gestão da carreira dominante de Oscar Niemeyer. Tempo Social, v. 25, n. 2, p. 157-180, 1 nov. 2013. 46 “Enfim,como dizia Guadet, mestre de Perret que ensinou Le Corbusier de quem Lucio e Oscar são discípulos confessos, original em arquitetura é fazer melhor o que outros fizeram bem” in: COMAS, Carlos Eduardo DIas. Brazil Builds e a Bossa Barroca. In: VI Seminário Docomomo Brasil, 2005, Niterói. Anais do VI Seminário Docomomo Brasil. Niterói: UFF, 2005. v. 1. p. 1.

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• Recuperar e registrar o Ensino recebido por Oscar Niemeyer; entre 1930 e 1934. Como eram o currículo, as disciplinas, os programas de ensino e as avaliações. • Apontar e analisar o papel de eventos paralelos, na formação de Oscar Niemeyer, tais como o Salão de 31 e o 1º Salão de Arquitetura Tropical de 1933 eventualmente ocorridos; • Recuperar e registrar os trabalhos realizados por Oscar Niemeyer e por outros estudantes no período entre 1930 e 1934; como forma de estabelecer por amostragem a produção na escola à época; • Levantar a bibliografia à disposição na Escola Nacional de Belas Artes, para os estudantes; levantar a literatura sobre arquitetura moderna à disposição no contexto do Rio de Janeiro, até 1936; • Recuperar e traçar a trajetória professional dos contemporâneos e colegas de Escola Nacional de Belas Artes, de Oscar Niemeyer; Recuperar e traçar a trajetória dos Professores da Escola Nacional de Belas Artes; • Estudar a influência da passagem como desenhista pelo escritório de Lucio Costa e Carlos Leão sobre Oscar Niemeyer • Detalhar os eventos ocorridos durante a segunda passagem de Le Corbusier pelo Brasil, dispersos em várias fontes primárias e secundárias; • Registrar os projetos e obras de Oscar Niemeyer ou com sua participação, no período 1935-1947; • Demonstrar e documentar o papel de Gustavo Capanema, Rodrigo Melo Franco de Andrade e outros que tenham contribuído para prover oportunidades na carreira de Oscar Niemeyer; • Registrar e analisar a obra escrita por e sobre Oscar Niemeyer, no período 1935-1947;47 • Demonstrar os conhecimentos operativos e teóricos assimilados por Oscar Niemeyer durante a convivência direta com Le Corbusier, que possam ter sido aplicados na solução da “variante 37”; • Avançar na relação entre a figura de Oscar Niemeyer e a figura de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, conforme enunciado de Lucio Costa; • Avançar na solução da “equação barroca”, proposta por Comas; • Relacionar a solução da “variante 37” com a Teoria Acadêmica e a Doutrina e obra de Le Corbusier até 1936; • Demonstrar o papel e as realizações de Oscar Niemeyer como Arquiteto à serviço direto do Ministro Gustavo Capanema, no Ministério de Educação e Saúde, entre 1936 e 1940; 48

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Além das memórias de projetos, pretende-se incluir a correspondência pessoal e profissional e os textos para jornais e periódicos; preliminarmente sabe-se que Oscar Niemeyer escreve em 1944 para suplemento literário de O JORNAL (RJ) organizado por Vinícius de Moraes 48 Em pesquisa preliminar já foram localizados documentos no arquivo de Capanema e Diário Oficial da União, que atestam a afirmação. Constam como anexo a este projeto.

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• Revelar as atividades que Oscar Niemeyer desenvolve entre o final do Governo de Getúlio Vargas e o Projeto das Nações Unidas, dentro e fora do âmbito da Arquitetura, no período em que cessa o predomínio dos encargos públicos; • Interpretar a influência das viagens aos Estados Unidos, em 1939 e 1947, sobre Oscar Niemeyer • Demonstrar o preparo de Oscar Niemeyer como projetista, sua erudição e conhecimento para assim desmistificar a persona49 criada entorno dele;

1.4. Enunciação do conjunto de hipóteses • A origem familiar e as relações pessoais foram determinantes nas possibilidades de trabalho?50 • O ensino recebido no Colégio da Barnabitas e no Liceu Francês foi base fundamental para Oscar Niemeyer, lhe conferindo bagagem necessária para o estudo posterior e o exercício profissional. • Oscar Niemeyer recebeu uma formação dentro do sistema Beaux-Arts. Apesar de estar na Escola no período em que Lucio Costa tentou implementar reformas no ensino, o reflexo dessa experiência se dará apenas no campo da formação paralela; • Oscar Niemeyer trilhou uma formação paralela à da Escola Nacional de Belas Artes, através do estudo aprofundado dos escritos e obras de Le Corbusier e da convivência com Lucio Costa e Carlos Leão; • Oscar Niemeyer tinha conhecimento e percepção aprofundada da Doutrina de Le Corbusier, a ponto de reconhecer os vínculos desta com a Teoria Acadêmica; • O convívio com Le Corbusier, na qualidade de desenhista, permitiu a Oscar Niemeyer entender e assimilar por completo o método de trabalho do Mestre; acompanhar o desenvolvimento dos projetos com Le Corbusier e assistir as 6 conferências proferidas foram as oportunidades de vincular a Teoria Acadêmica aprendida na Escola Nacional de Belas Artes com os estudos realizados sobre a obra e a Doutrina; de Le Corbusier. A partir daí Oscar Niemeyer conseguiu estabelecer vínculo intelectual e de método perante o problema de projeto; • A partir do convívio com Le Corbusier, Oscar Niemeyer conseguiu aplicar em seus primeiros projetos, a fusão entre a Teoria Acadêmica e a Doutrina e obra de Le Corbusier; defendida por Lucio Costa em “Razões da nova arquitetura”; obtendo resultados inovadores; • Os Grands travaux de Le Corbusier são o repertório que embasou a solução “da variante 37”

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Para Jung, “persona is a complicated system of relations between individual consciousness and society, fittingly enough a kind of mask, designed on the one hand to make a definite impression upon others, and, on the other, to conceal the true nature of the individual. "The Relations between the Ego and the Unconscious" (1928). In: C. G. Jung, Two Essays on Analytical Psychology (London 1953) 50 Com base na pesquisa preliminar é possível afirmar que familiares de Oscar Niemeyer exerceram postos importantes no Exército, Judiciário, Supremo Tribunal Federal e no Clube de Engenharia do Rio de Janeiro

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• O modèle du pittoresque grec de Choisy é a teoria aplicada na solução apresentada por Oscar Niemeyer no Concurso do Pavilhão do Brasil na Feira de Nova Iorque de 1939; • Os Concours de esquisse da École nationale supérieure des Beaux-Arts explicam como o projeto do Cassino da Pampulha foi feito “do dia para noite”; • Houve transmissão de conhecimentos entre Guadet, Perret, Corbusier e Niemeyer; • Diferente da visão corrente e de afirmação do próprio Oscar Niemeyer a “Arquitetura de Oscar Niemeyer” começa com a “variante 37” e não com a Pampulha, a vasta produção entre os dois episódios é apenas um dos indícios; • Em 1936 Oscar Niemeyer interagiu epistemologicamente com Le Corbusier; em 1947 a relação foi dialética. Ele deixa de ser aprendiz para ser mestre; • Oscar Niemeyer desenvolveu posteriormente uma persona ao modo de Jung responsável por explicar seus conceitos sobre o ato de projetar.

2. QUADRO TEÓRICO 2.1. Apresentação de justificativa do método de trabalho O método de trabalho envolverá a pesquisa em fontes primárias, a determinação de uma cronologia de fatos, a revisão das fontes bibliográficas, a coleta de dados sobre o tema. A pesquisa ocorrerá na ordem de assuntos previstos nos “Tópicos estruturadores da redação da tese” no item 6 deste projeto de pesquisa. A trajetória familiar aparece nas diversas memórias e publicações sobre o arquiteto, 51

um tanto dispersa e com diversas versões, imprecisas e contraditórias . Os dados precisam de revisão, organização e comparação com fontes primárias. É de especial interesse a 52

história de seus diversos antepassados, que foram Engenheiros e Militares. A investigação sobre a educação recebida por Oscar Niemeyer no Colégio Santo Antônio Maria Zaccaria da ordem religiosa dos Padres Barnabitas e no Liceu Francês, se dará diretamente nos Arquivos das instituições que ainda existem. Na eventualidade da inexistência ou falta de dados específicos de Oscar Niemeyer ou sobre a época teremos que recorrer a fontes secundárias bibliográficas que versem sobre o ensino básico à época. Artes, língua francesa e mitologia são pontos de interesse da pesquisa. Quanto à formação, o acervo da Escola Nacional de Belas Artes é a principal fonte primária; trata-se do Arquivo catalogado da antiga Academia Imperial, depois Escola

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a data de ingresso na Escola Nacional de Belas Artes é um exemplo de dado incorreto, conforme o livro de matrículas o ingresso ocorre em 1930 e não em 1929. Outro é a cidade de origem da família na Alemanha, segundo a bibliografia seria Hannover, a pesquisa preliminar indica outra cidade: Delmenhorst. 52 Ver no Colégio Brasileiro de Genealogia http://www.cbg.org.br/niemeyer-na-engenharia/

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Nacional de Belas Artes, sob guarda do Museu Dom João VI, no Rio de Janeiro. Este Arquivo 53

foi digitalizado e está disponibilizado integralmente na internet . Nesta fonte primária estão os dados que podem permitir avançar sobre o funcionamento do Curso, sobre o currículo, conteúdos e personagens. Nos anexos deste projeto de pesquisa, são apresentados alguns documentos levantados preliminarmente. Ainda no contexto da Escola Nacional de Belas Artes é importante levantar o acervo, e os principais títulos de teoria acadêmica e história da arquitetura, disponíveis na Biblioteca da Escola Nacional de Belas Artes (no período 1930-1934), bem como os títulos e publicações sobre a nova arquitetura que circulavam entre os estudantes à época. Publicações de e sobre ex-alunos da Escola Nacional de Belas Artes, servirão para traçar, via depoimentos o contexto do 54

ensino à época. Entrevistas estão descartadas em um primeiro momento. O período subsequente à formação, tem como fontes principais publicações já selecionadas na bibliografia, a pesquisa documental na Fundação Oscar Niemeyer, na Casa de Lucio Costa e na Fondation Le Corbusier e Acervo de Stamo Papadaki, pode revelar novos elementos. Outra fonte primária importante são arquivos e acervos pessoais de Gustavo Capanema, Rodrigo Melo Franco de Andrade e Carlos Drummond de Andrade são de consulta obrigatória para estabelecer e reconstituir a passagem de Oscar Niemeyer, elucidar os cargos e funções exercidos e as atividades desenvolvidas; datas de admissão e exoneração. O acervo de Drummond está na Fundação Casa de Rui Barbosa - RJ, já 55

catalogado, mas não disponível online, nele já localizamos dois itens , um deles potencial projeto inédito. No arquivo Capanema há vasta documentação sobre os projetos do 56

Ministério da Educação e Universidade do Brasil, já digitalizados e disponíveis na internet. Entretanto há parte do acervo que ainda demanda consulta local, na sede do Rio de Janeiro. Os arquivos de Benedito Valadares e de Juscelino Kubitschek podem vir a fornecer novas informações sobre a Pampulha, no que diz respeito aos detalhes de como Oscar Niemeyer foi apresentado pelo Governador ao prefeito de Belo Horizonte em 1940. Os periódicos de Arquitetura e jornais são outra fonte valiosa, a cronologia constante nos anexos tem como

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Disponível em: http://docvirt.com/MuseuDJoaoVI/ A realização de entrevistas é dificultada pela ausência dos personagens, por outro lado há bom material já realizado. Em especial interessa a íntegra das entrevistas realizadas entre 1980 e 1981 por Elizabeth Harris para seu livro “Riscos Brasileiros”, transcritas em parte ao longo do livro. 55 Ítem 1253 Cartas a. CDA. (4). Rio de Janeiro e Paris, de mar. 1974 a 8 nov. 1980. 5 fls. Ítem 2214, planta para residência de CDA. (1). S.l., 1947. 1 fl. Projeto de Oscar Niemeyer e Hélio Uchoa. 56 Documentos sobre a construção do edifício do Ministério da Educação e Saúde, disponíveis em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/arquivo-pessoal/GC/textual/documentos-sobre-a-construcao-do-edificio-doministerio-da-educacao-e-saude-destacando-se-o-processo-de-concorrencia-a-participacao-de-le-corbusie Documentos sobre a criação da Universidade do Brasil, disponíveis em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/arquivopessoal/GC/textual/documentos-sobre-a-criacao-da-universidade-do-brasil-destacando-se-organizacao-dabiblioteca-e-projeto-de-lei-de-organizacao-da-universidade-rascu 54

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principais fontes a Hemeroteca da Biblioteca Nacional e a Revista Municipal de Engenharia – PDF. Uma vez coletados os dados, se dará a sua análise, a revisão da bibliografia e a subsequente elaboração da tese.

2.2. Revisão crítica da literatura sobre o tema O entendimento sobre a Teoria Acadêmica se dará diretamente nas obras de Auguste Choisy, Julien Guadet, Jean-Nicholas-Louis. Durand e Louis Cloquet e Antoine Chrysostome Quatremère de Quincy; preliminarmente relacionados por diversos autores como sendo os teóricos acadêmicos de maior influência na Arquitetura Moderna. Para o estudo histórico e de como funcionava o sistema Beaux-Arts de ensino, serão referência fundamental as obras de Arthur Drexler (The Architecture of the École des beauxarts), Donald Egbert (The Beaux-Arts tradition in french architecture) e Robin Middleton (The Beaux-Arts and the nineteenth-century french architecture). Nessa linha temática, mas de forma mais abrangente e com abordagem de cunho teórico temos Bernd Evers (Teoria da arquitectura: do renascimento aos nossos dias) e Jacques Lucan (Composition, noncomposition: architecture et théories, XIXe - XXe siècles). Para a contextualização do Ensino acadêmico no Brasil, especificamente a experiência e história na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, são fontes de consulta as dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado de Helena Uzeda (O ensino de arquitetura no contexto da Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro: 1816-1889 e Ensino acadêmico e modernidade: o curso de arquitetura da Escola Nacional de Belas Artes: 1890-1930); de Marcos Favero (Dos mestres sem escola à escola sem mestre); de Virgínia Nogueira Vasconcelos (A Escola Nacional de Belas Artes: 1930-1945 e A Escola Nacional de Belas Artes: origens e desenvolvimento) e de Sérgio Augusto Malacrida (O Sistema de Ensino Belas-Artes no Curso de Arquitetura da Ècole des Beaux-Arts de Paris em sua tradição e ruptura : legado de saber e de poder). Os livros de Adolfo Morales de los Rios Filho tem interesse pela apresentação de fatos e teorias vinculadas ao período. A vinculação entre Teoria Acadêmica e a Doutrina Moderna é tema desenvolvido por Banham, Colquhoun, Comas e Rowe esses autores são referência importantíssima para a tese a ser desenvolvida. O episódio do projeto do Ministério da Educação e a passagem de Le Corbusier pelo Brasil estão presentes em BARDI, (Lembrança de Le Corbusier: Atenas, Itália, Brasil), COMAS (Precisões Brasileiras Sobre um Passado da Arquitetura e Urbanismo Modernos a partir dos projetos e obras de Lucio Costa, Oscar Niemeyer, MMM Roberto, Affonso Reidy, Jorge Moreira & cia., 1936-45), DECKKER (Brazil Built: the Architecture of the Modern

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Movement in Brazil.), HARRIS (Le Corbusier: riscos brasileiros), FROTA (El vuelo del fênix), LISSOVSKY & MORAES (Colunas da Educação: a construção do Ministério da Educação e Saúde), SANTOS (Le Corbusier e o Brasil), SEGRE (Ministério da Educação e Saúde - ícone urbano da modernidade brasileira) e TSIOMIS (Le Corbusier: Rio de Janeiro, 1929, 1936). Publicados entre 1984 e 2013 são obras que apresentam farta documentação original, pesquisa em arquivos e acervos pessoais, narrativa histórica e análise crítica necessárias para a fundamentação e desenvolvimento da tese. Os conteúdos e reflexões relativos à Teoria do Projeto que visam explicar a vinculação entre e a Teoria Acadêmica e a Doutrina Moderna aplicadas ao desenvolvimento das soluções de projeto por Oscar Niemeyer serão embasados nas obras de Mahfuz (Ensaio sobre a razão compositiva: uma investigação sobre a natureza das relações entre as partes e o todo na composição arquitetônica), Martínez (Ensaio sobre o projeto) e Oliveira (Construções figurativas: representação e operação no projeto de composições espaciais: traçados, modelos, arquiteturas.). Quanto a Le Corbusier e Lucio Costa, tudo aquilo escrito por eles até 1936 tem interesse direto para o entendimento e demonstração da influência deles sobre a formação de Oscar Niemeyer; o argumento se estende à obra projetual de ambos. O que foi escrito após 1936, será relacionado muito mais ao desenvolvimento ou até mesmo à explicação da obra de Oscar Niemeyer. Ainda quanto a Le Corbusier e Lucio Costa, mas agora no que diz respeito à produção de obras e projetos de Arquitetura é necessária uma análise aprofundada dos projetos, das formas de representação, das formas de escrita das memórias descritivas, de suas imagens, de suas partes, de fragmentos que tenham se tornado repertório para Oscar Niemeyer. Temos nos dois primeiros volumes da obra completa de Le Corbusier uma fonte primária, os projetos de Lucio Costa serão buscados nas publicações monográficas, no acervo da Casa de Lucio Costa e na Pesquisa Lucio Costa Obras Completas coordenada por Anna Canez, na qual colaboro desde 2008. A tese de Rodrigo Cristiano Queiroz serve como referência (Oscar Niemeyer e Le Corbusier: encontros) pela leitura comparativa das arquiteturas de Oscar Niemeyer e Le Corbusier concluindo pela existência de um diálogo, entre os Arquitetos. 57

A “Equação Barroca” apontada por Comas merecerá especial atenção. Novas conclusões podem aparecer a partir de um aprofundamento nos autores apontados, como Giedion, Pevsner, Wölfflin e Summerson; e nas sugestões sobre a relação com o Barroco

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Comas desenvolve o tema na sua Tese de Doutorado e no artigo ”Brazil Builds e a Bossa Barroca”

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Mineiro. A interpretação das afirmações de Lucio Costa comparando o surgimento de Oscar Niemeyer com a figura de Aleijadinho deve ser ampliada. As obras sobre Aleijadinho podem conter as repostas. Destaco num primeiro momento, “Vida e obra de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho” de Sylvio de Vasconcellos e “O enigma do Aleijadinho e outros estudos mineiros” de Aires da Mata Machado Filho e “A arquitetura religiosa barroca no Brasil” de Germain Bazin. Oscar Niemeyer colaborou de forma direta com Rodrigo Melo Franco de Andrade no recém-criado Serviço do Patrimônio Histórico Ministério da 59

Educação lá pode ter sido apresentado ao Barroco Mineiro, a Arquitetura Barroca Brasileira (ou de estilo) remanescente até a década de 1940, na cidade do Rio de Janeiro, precisa ser levantada também, ela pode ter marcado a memória de Oscar Niemeyer?

3. CRITÉRIOS DE APLICABILIDADE A pesquisa pretende contribuir para o registro histórico de período importante para a história da arquitetura brasileira, apresentando o registro detalhado da trajetória de Oscar Niemeyer até 1947; pretende também produzir uma revisão crítica a respeito dos conceitos e definições correntes sobre a sua obra. É intenção apresentar novas conclusões obtidas a partir da demonstração de que a educação e a formação recebidas conferiram a Oscar Niemeyer o preparo operativo e teórico para o pleno exercício da arquitetura. Ao concluir seus estudos ele estava apto a atuar como projetista e não como um criador inspirado que tenha sido apenas tocado por uma divindade. A reconstituição, análise e demonstração do processo de trabalho do Arquiteto nesses projetos, pode servir como exemplo didático a ser aplicado no ensino de projeto de arquitetura. Esse resultado pretende ser obtido através das análises críticas de três projetos: a “Variante 37” do

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Para Comas em Bossa Barroca "Lucio é complexo, como sempre, mas a sua assimilação de Oscar ao Aleijadinho não se pode desvincular da atenção crescente ao barroco mineiro entre pesquisadores do SPHAN ou afins. Em Originalidade da Arte Mineira (1949), Lourival Gomes Machado dá o barroco mineiro por diverso dos padrões italianos em que se inspira.“ 59 Pois foi também em março de 1936 que Gustavo Capanema telefonou a Mário de Andrade, solicitando a sua colaboração para organizar “um serviço nacional para a defesa do nosso extenso e valioso patrimônio artístico” (Brasil, 1980:22). Trata-se do terceiro convite dirigido por Capanema ao escritor paulista – que, dessa feita, acedeu de bom grado. Em duas semanas, Mário apresentou o projeto para o Serviço do Patrimônio Artístico Nacional – Span. Submetido a Getúlio Vargas em 13/4/1936, foi autorizado pelo presidente a ser encaminhado à Câmara dos Deputados uma semana depois. Assim, a partir de abril de 1936 começou a funcionar o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional “em bases provisórias”, conforme as palavras de Gustavo Capanema (Andrade, 1952:59). Portanto, as tratativas iniciais para a criação de um órgão federal de preservação do patrimônio ocorreram em paralelo à decisão de Capanema de contratar Lucio Costa para elaborar o novo projeto para a sede do Mesp; sendo que Lucio passou a integrar os quadros do novo órgão desde seu início, juntamente com mais dois membros da equipe do projeto: Carlos Leão e Oscar Niemeyer. Mário de Andrade, por sua vez, assumiu a função de representante do Sphan em São Paulo. PINHEIRO, Maria Lucia Bressan. Trajetória das ideias preservacionistas no Brasil: as décadas de 1920 e 1930 in: Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional nº 35 / 2017 - Iphan 1937– 2017, Andrey Rosenthal Schlee (org.) p.28

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Ministério, o Cassino da Pampulha e os Esquemas para a Sede das Nações Unidas; neles se pretende buscar o entendimento a respeito do processo de projeto do Arquiteto em suas etapas iniciais de obtenção da solução do partido geral. Interessa mais o processo do que o produto final. Qual foi a contribuição do sistema Beaux-Arts? Qual o repertório aplicado? Quais as referências diretas? Qual a contribuição dos conhecimentos teóricos e operativos adquiridos durante o processo de educação, formação e informação podem ser descritos? Como ocorreram os diferentes processos até a solução? É possível reconstituir, de modo fundamentado os passos e decisões tomadas?

4. CONCLUSÃO A pesquisa pretende abordar temas ainda não apresentados e estudados sobre a trajetória de Oscar Niemeyer além de aprofundar os já abordados por outros autores. São três os segmentos: um de cunho biográfico e preliminar à sua formação na Escola Nacional de Belas Artes, um da fase inicial de sua carreira (1935-1940) e outro quando ocorre a sua afirmação plena como Arquiteto (1940-1947). Em cada um deles a intenção é apresentar fatos e referências documentados que sirvam para lançar novas luzes sobre o arquiteto. As obras de arquitetura serão o fio condutor da narrativa, não sendo objetivo principal analisálas ou descrevê-las, temática já bordada por outros autores. Os projetos escolhidos para maior análise assim se justificam para embasar um discurso sobre o processo e os métodos de projeto aplicados por Oscar Niemeyer; à luz de sua capacidade operativa, suas influências pessoais (especialmente Lucio Costa e Le Corbusier) de suas referências teóricas e de seu repertório arquitetônico. Finalmente será importante conceituar os termos como invenção, originalidade, liberdade plástica espetáculo arquitetural com a Teoria Acadêmica e com a Doutrina de Le Corbusier. De forma resumida ao final do trabalho será possível compreender como Oscar Niemeyer passa de um mero desenhista a Arquiteto com reconhecimento e prestígio internacionais.

5. ETAPAS GERAIS DA PESQUISA DE DOUTORAMENTO. No momento, há disposição e condições de dedicar tempo integral para o desenvolvimento da pesquisa e elaboração da tese. Isso permitiria estipular, numa visão otimista, a conclusão do processo dentro do tempo regimental mínimo. Apresento abaixo um planejamento, dentro de uma visão mais conservadora, na tabela abaixo.

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6. QUADRO PROVISÓRIO DOS TÓPICOS ESTRUTURADORES DA REDAÇÃO DA TESE. A seguinte estrutura é proposta para o desenvolvimento inicial do projeto de tese: Introdução:

Tema, contextualização geral, definições, objetivos, hipóteses

Capítulo 1:

de Delmenhorst ao Rio de Janeiro, família e origens

Capítulo 2: Educação. O ensino no início do séc. XX; o Colégio Santo Antônio Maria Zaccaria da ordem religiosa dos Padres Barnabitas e o Liceu Francês Capítulo 3:

Formação. A Escola Nacional de Belas Artes, o curso entre 1930 - 1934, A direção de Lucio Costa, o currículo, as disciplinas, os professores e os contemporâneos de escola

Capítulo 4:

A Teoria Acadêmica. Choisy, Cloquet, Durand, Guadet e Quatremère de Quincy

Capítulo 5:

A Doutrina e obra de Le Corbusier até 1936

Capítulo 6:

Incubação - exposição. As lacunas a preencher, influências diretas e indiretas, o Salão de 31, o estágio com Lucio Costa e Carlos Leão, as publicações sobre a nova arquitetura

Capítulo 7

Incubação - manifestação. O Ministério da Educação e a Universidade do Brasil, desenhando com Le Corbusier

Capítulo 8:

Eclosão, Casa Henrique Xavier, 2 concursos, Club de Estudantes e a variante 37

Capítulo 9:

Revelação. O Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova Iorque e o Conjunto da Pampulha

Capítulo 10:

Transição, 1945 e 1946

Capítulo 11:

Consagração, Sede das Nações Unidas em Nova Iorque, projetando com Le Corbusier; schemes 17, 32, 23 e 23-32

Capítulo 12:

Conclusão

Bibliografia Anexos

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ANEXOS

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SEQUÊNCIA DE EVENTOS – ORGANIZAÇÃO PRELIMINAR Observações: - Nas datas dos projetos (linhas em preto), foi atribuído o primeiro dia do mês referente à publicação na Revista municipal de engenharia- PDF - Datas “01/01” são estimadas, anos está correto, a referência de dia e mês ainda correto ainda não foi obtida - MES refere-se ao Ministério da Educação; CUB à Universidade do Brasil.

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NIEMEYER, Conrado Jacob de. Uma idéia das posições que occupão os belligerantes no Paraguay. Rio de Janeiro, RJ: Imperial Instituto Artistico, 1867. 2 mapas, 1 col, 41 x 55. Escala gráfica em metros (=5,4cm.). ((W60° - W55° / S25° - S30°0)). Disponível em: <http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart515375/cart515375.jpg>. Acesso em: 27 jan. 2019. Disponível em: http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart515375/cart515375.htm> . Acesso em: 27 jan. 2019.

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Museu Dom João VI – pasta 6204 - Livro de Matrículas 1929/1930. Oscar Niemeyer é o aluno número 83 da lista. Disponível em: http://www.docvirt.com/docreader.net/MuseuDJoaoVI/31296

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Museu Dom João VI – pasta 6204 - Livro de Matrículas 1929/1930. Histórico Escolar de Oscar Niemeyer Disponível em: http://www.docvirt.com/docreader.net/MuseuDJoaoVI/31683

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Carteira de estudante e diploma de Oscar Niemeyer, fonte: Fundação Oscar Niemeyer

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Arquivo: Gustavo Capanema Classificação: GC f 1934.10.19 Data: 19/10/1934 a 29/10/1945 Qtd. de documentos: 495 ( 1536 fl. ) Documento 1330. Resposta de Lucio Costa à Gustavo Capanema quanto aos créditos relativos ao projeto do edifício do Ministério da Educação e saúde. “ Manuscritos: dos architectos Oscar Niemeyer, Affonso Reidy, Jorge Moreira, Carlos Leão, Lucio Costa e Hernani Vasconcellos. Na borda lateral: “trata-se de uma inscrição lapidar a acentuação das palavras deveria ser dispensada.

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Arquivo: Gustavo Capanema Classificação: GC f 147 Aspectos da Exposição Nacional do Estado Novo e do Pavilhão do Ministério da Educação e Saúde

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Palanque para a regência do canto orfeônico, Villa lobos no palanque, Estádio de São Januário, circa 1940 Fonte: https://musicaesociedade.com.br/canto-orfeonico-vila-lobos/

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Escola Profissional de Belo Horizonte (projeto anterior ao Conjunto da Pampulha) fonte: Revista da Diretoria Municipal de Engenharia, do Districto Federal, nยบ 6, novembro de 1940, p.487

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Projetando com Le Corbusier. Nova Iorque, 1947 Frames extraídos de: A workshop for peace; the creation of the United Nations Headquarters Referência: 366, Ing/Port., color, 54’, 2005, ONU/Peter Rosen Prod. https://youtu.be/oCUbV-VFb58

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