Etapas de uma vida

Page 1

ETAPAS DE UMA VIDA

I


VANILDA TENFEN MEDEIROS VIEIRA

ETAPAS DE UMA VIDA A autora deste livro, Professora Vanilda Tenfen Medeiros Vieira, é ex-Secretária da Educação de Palhoça, SC, cidade situada na Grande Florianópolis, titular da Cadeira nº 11 da Academia de Letras da referida cidade e pertence à Academia Catarinense de Filosofia. Recentemente brindou os leitores com “Quadrinhas”, tendo escrito durante certo tempo em jornais e revistas da região sobre Artes, Filosofia e Letras. Vanilda Tenfen Medeiros Vieira, que é sobrinhaneta do famoso escritor e filósofo Huberto Rohden, o qual viveu em Washington e foi vizinho e amigo de Albert Einstein, falecido em 1981, oferece-nos agora um livro de linguagem correta, plena de reminiscências, tudo num estilo leve, afetivo e atraente. É um livro cheio de surpresas, informações, dados e “estórias” diferentes... Vale a pena ler “Etapas de uma Vida”... Os editores. II


ETAPAS DE UMA VIDA

VANILDA TENFEN MEDEIROS VIEIRA

ETAPAS DE UMA VIDA

1ª edição LEDIX (Livraria Editora Xavier) Florianópolis – Santa Catarina 2011 III


VANILDA TENFEN MEDEIROS VIEIRA

ETAP AS DE UM A VIDA © Vanilda Tenfen Medeiros Vieira Editoração Gráfica Marcos Roberto Rosa Capa Desenho livre da autora Vieira, Vanilda Tenfen Medeiros. Etapas de uma Vida. Florianópolis, SC : LEDIX, 2011. 194 p. 1. Poemas, 2. Crônicas, 3. Quadrinhas. I. Título ISBN: 978-85-86251-37-5

CDD: B869.8

Proibida a reprodução total ou parcial (exceto a última, com citação expressa da fonte), sob qualquer forma, meio eletrônico, mecânico ou processo xerográfico, fotocópia e gravação, sem permissão do Editor (Lei nº 5.988, de 14-12-1973). Reservados os direitos de propriedade desta edição pela Livraria Editora Xavier (LEDIX) Av. Atlântica, 409 - Fone (48) 3240-1642 – Florianópolis, SC – 88095-700 – editoraledix@gmail.com

IV


ETAPAS DE UMA VIDA

Agradeço especialmente ao dileto esposo João Alfredo o incentivo e apoio, bem como ao meu genro, Marcos, a competência em organizar meus alfarrábios esparsos... Dedico a meus filhos (Pedro Jr e Fernando) e filhas (Simone, Deise, Fabíola e Vanilda Lídia), genros (Marcos, Cláudio, Murilo e Geverson) e noras (Marilene e Silvânia), netos (Luiz, Rafael, Rubens, Pedro Felipe e Roberto Henrique) e netas (Ana Luiza e Mariana), pela paciência e compreensão que têm para comigo. Deus abençoe a todos!

V


VANILDA TENFEN MEDEIROS VIEIRA

“Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo de Deus.” (Sócrates)

VI


ETAPAS DE UMA VIDA

SUMÁRIO A P R E S E N T A Ç Ã O ............................ 11 I N T R O D U Ç Ã O ....................................13 Etapas de uma vida ...............................................16 A espera ................................................................ 18 À procura de um espelho ......................................21 Água essencial ......................................................24 Água ......................................................................26 Aleatoriamente ......................................................28 Amargura .............................................................. 29 Amizade ................................................................ 30 Amplidão .............................................................. 31 Aninha...................................................................32 Aparência .............................................................. 34 Bambuzal ardente .................................................35 Bem estar .............................................................. 37 Brincando .............................................................. 38 Brincando, simplesmente,.....................................39 Cadê? ....................................................................40 Casinha amarelinha ...............................................42 Celebração da Ceia ...............................................44 Chuvinha ............................................................... 46 Constelação ........................................................... 47 Desvelo .................................................................48 Desventura ............................................................ 49 VII


VANILDA TENFEN MEDEIROS VIEIRA

Deus...................................................................... 50 Efemérides............................................................ 50 Emoções ............................................................... 52 Engano.................................................................. 54 Enterro dos ossos ................................................. 56 Esperança ............................................................. 57 Estamos à deriva .................................................. 59 Estranheza ............................................................ 61 Estranheza II......................................................... 62 Feliz e Santo Natal ............................................... 63 Fumaça ................................................................. 64 Fumaça no Ar ....................................................... 65 Girando Irando ..................................................... 66 Harmonia Celestial ............................................... 68 Hecatombe Mundial ............................................. 69 Hoje ...................................................................... 71 Incoerência no trânsito ......................................... 72 Ingratidão ............................................................. 74 Injustiça ................................................................ 75 Interrupções .......................................................... 77 Jargões .................................................................. 78 Justeza .................................................................. 80 Loucura ................................................................ 80 Mãe ....................................................................... 82 Mãe da Paz ........................................................... 83 VIII


ETAPAS DE UMA VIDA

Maldição do ancestral ...........................................85 Mansidão............................................................... 86 Marasmo ............................................................... 88 Medo e Coragem...................................................89 Mente Perigosa .....................................................91 Meu neto ............................................................... 92 Minha janela .........................................................94 Morte Gradativa ....................................................95 Muito verbo conjuguei ..........................................97 Natal ......................................................................98 Natal e minha mãe ................................................99 Natureza Ferida ...................................................103 Noite mal dormida ..............................................106 O aquário e os peixinhos ....................................108 O beijo, o banco e a praça...................................110 O céu será assim .................................................111 O quatrilho ..........................................................113 Pasmaceira ..........................................................115 Percebi com sutileza ...........................................116 Por que minha mãe merece descanso? ...............117 Promessa .............................................................118 Que Gato!............................................................119 Querido computador ...........................................120 Quimera ..............................................................121 Rei! Rei! Rei! ......................................................122 IX


VANILDA TENFEN MEDEIROS VIEIRA

Retornando às quadrinhas .................................. 123 Rio do Rio .......................................................... 136 Rio II .................................................................. 137 Rio Substantivo .................................................. 138 Saudades ............................................................. 139 Saudades Infindas .............................................. 140 Sintonia com Sinfonia ........................................ 142 Solicitude/Plenitude ........................................... 143 Sonhar ................................................................ 144 Sonhos ................................................................ 146 Tiradas do Rafinha ............................................. 148 Traição................................................................ 149 Trinados vespertinos .......................................... 151 Valores Perdidos ................................................ 152 Vésperas ............................................................. 153 Quem sou eu? ..................................................... 154 Memória fotográfica e ilustrações de algumas etapas de minha vida .......................................... 173

X


APRESENTAÇÃO

Sou Vanilda Tenfen, nascida no município de Rio Fortuna, Estado de Santa Catarina, aos vinte e oito de fevereiro de mil novecentos e quarenta e sete, ou melhor, aos trinta de janeiro, segundo afirma minha mãe.

Apelidos: ME, VANI. 11


12


INTRODUÇÃO Há muitos anos escrevo poemas, especialmente nos momentos de grandes emoções, tais quais nascimentos dos filhos, troca de idade, rupturas relacionais, promoções ou perdas profissionais e outras situações relevantes. No entanto, preocupada como cristã, professora, mãe e cidadã, considerei que desabafos de fortes sentimentos, especialmente, revolta, frustração, mágoa, não seriam construtivos diante de meus filhos, discípulos, cidadãos, amigos. Decidi, diversas vezes, rasgar e jogar ao lixo minha história pessoal escrita, a experiência de anos de magistério e de casamento. Hoje, lamento tal atitude, pois, minha identidade pessoal estava registrada naquelas folhas jogadas ao vento... Minha trajetória incluía muito compromisso, trabalho e responsabilidade. Ocupei cargos como o de Secretária Municipal da Educação, Gerente de Educação Especial, Supervisora Local de Educação, Professora, Técnica em Educação, todos exercidos sob muita pressão da Comunidade Escolar, das Famílias, da minha Igreja e da 13


Política Partidária, uma vez que praticamente criei a Ala Feminina de meu Partido e a presidi durante dez anos. Sou fiel até hoje à minha Igreja, ao meu Partido, à minha Comunidade, à minha Família... Devia satisfações a todos que depositavam confiança em mim. Aliás, fidelidade sempre foi um valor que cultivei em meu jardim, onde floresceram muitas flores especiais, ou seja, minhas quatro filhas, dois filhos, cinco netos e duas netinhas. Aí está meu campo florido, meu verdadeiro tesouro! Devido justamente ao meu tesouro e ao meu campo, fiquei durante muitos anos ligada às preocupações e ocupações práticas da vida. Restaram de lado a Arte, Literatura, Filosofia... Estava restrita a textos técnicos, orientações pedagógicas, geralmente em coparceria. Por força do ofício, participei de muitos Cursos e Comissões Julgadoras de âmbito artístico-cultural. Como Secretária Municipal da Educação do Município de Palhoça, realizei e participei de muitos eventos juntamente com a Secretaria

14


Municipal de Cultura, dirigida pelo saudoso e competente Secretário Claudir Silveira. Na sala de aula, enfatizei a pesquisa, o espírito crítico, a leitura, a comunicação e expressão. Invariavelmente incentivei a pesquisa de campo e a valorização das tradições folclóricas. Por solicitação de amigos, resolvi publicar traços de minha autobiografia e alguns poemas, desejando registrar minha trajetória pessoal.

15


Etapas de uma vida (Apenas alguns momentos significativos) Degrau por degrau A subida é difícil e íngreme, O ápice está próximo O Reino já sendo antegozado!... De repente, uma grande reviravolta. É a conspiração do Mal. Um empurrão alheio, Um pé em falso resvala na imensa escadaria E tudo vai ao chão. Ardilosamente é preparada uma armadilha Digladiam-se o Belo e o Feio, Traiçoeiramente é montado o cadafalso. Desmorona a construção do Ideal Quando as forças sucumbem. No entanto, ergue-se esquálida figura, Porque alguém lhe estende a mão Levanta a cabeça e segue Não titubeia a criatura. Retoma a direção, mesmo sentindo as farpas, 16


Sem abandonar os limites Mesmo se a vingança a persegue Sempre respeitando as etapas Cumprindo zelosa Missão.

17


A espera Quando tudo se perde E as esperanças findam, Resta apenas o vazio E uma espera infinda!... Talvez uma réstea de luz Receba pelos séculos sem fim Embora no plano atual Nada reste para mim. Na eternidade quem sabe, O encontro se dará Ligados por laços perenes, A felicidade virá! A espera é causticante, Desgasta ossos, órgãos, mucosas. Ninguém jamais colherá Novas manhãs prazerosas. Antes tudo era espontâneo 18


Até a vida brotava Com força, vigor e alegria. E a beleza cantava. Num verdadeiro festival De sons, cores e melodias. Havia harmonia de tons Verdadeira polifonia. Saltitantes trinavam Passarinhos alvissareiros Tudo era verdadeiro A família, o lar, os herdeiros. Rompem-se as comportas A ameaça paira no ar Agora surge a falta E a sina é esperar. Que tudo não esmoreça Permaneçam a paz e a união Foram-se as aparências Mas permaneceu o coração. 19


Antes que tudo escureça Vamos juntar as mãos Num esforço supremo, Aceitar as limitações. Consolidar os laços, Fortalecer o companheirismo. Melhor ficar sereno Não contracenar com o cinismo. Foi o motor que gerou As armadilhas perpetradas Sigamos o rumo traçado Caminhando firmes pela estrada. Finalmente toda a espera Pode virar esperança O vazio se locupletar E a vida, nova dança!

20


À procura de um espelho Mulher faceira deseja apenas localizar um espelho para retocar a maquiagem. O Centro Comercial dispõe de muitas vitrines, incluindo lojas, farmácias, lanchonetes e bares. Mas, e o espelho? Onde localizar um? Não precisa ser de corpo inteiro, basta abranger o rosto!... Nossa protagonista caminhou até uma loja de bijuterias. Nada. Seguiu mais adiante. Numa lanchonete, sabia que havia uma pia externa, com torneira e água. Confirmou que espelho ali era objeto raro. Nem dentro do banheiro, recordou, jamais viu algo parecido com um espelho. Era um ambiente de muito movimento, lugar altamente rotativo, tipo “bate-volta”. Nenhum ato do cliente deveria impedir a presteza do ambiente. Reflexiva, ponderou que na ótica, espaço onde se provam os óculos para verificar sua adequação ao rosto, por certo encontraria um belo espelho, daqueles que aumentam o tamanho dos poros, dos pelos e dos defeitos faciais... 21


Qual não foi a sua surpresa ao constatar que não havia um mísero espelhinho disponível sobre o balcão naquela hora da manhã... Convém frisar que essa necessidade premente de utilizar um espelho aconteceu fora do horário comercial e estava tudo fechado. Aliás, o comércio deveria abrir suas portas mais cedo e não às nove horas! As pessoas que saem para caminhar, especialmente as idosas, estão desde cedo nas ruas. Ora, se todos os pontos comerciais estavam fechados, quem sabe algum vidro espelhado na butique da esquina serviria para executar a tarefa de retocar o batom, contornar a sobrancelha? Para lá se dirigiu a “feminina”, como dizem os policiais ao fazerem referência a uma mulher. Pessoalmente, costumo denominar pelo nome genérico, “mulher”, e não “senhora”, mais sofisticado. Mas, a pessoa em questão era uma senhora, esposa, mãe e avó! Apenas tinha o direito de ver sua imagem refletida. Persistente, resolveu ir fundo. Dirigiu-se lá para o canto esquerdo (relativo a quem adentra ao

22


Complexo Comercial, onde estão localizadas as lanchonetes ) Maravilha! Ao longe brilhava a claridade matinal refletida num lindo e grande espelho na parte do fundo de um elevador! Nossa amiga chegou a fazer menção de ir até lá. Parou estupefacta! Como entrar num elevador se era claustrofóbica?! E se a porta se fechasse? Não havia ninguém por ali. Nem um ascensorista por perto. O pânico estagnou a dita senhora. Desistiu da beleza pela fobia!...

23


Água essencial Chove lá fora e Chove cá dentro!... Tudo é água e Água torrencial!... Como o céu despenca em águas, Assim desmorona a VIDA: humana e animal. Rolando pelas encostas alteradas pelo homem, Rodopiando pelas avenidas, Entupidos os bueiros! Boiando sem raízes, sufocando mágoas, Pobres famintos o futuro temem! Animais perdidos, vegetais sucumbidos. Tudo encharcado, Prejudicado. Onde está a causa, quando foi o início? 24


Como começam as dores e os dissabores? Pequenas brechas na natureza em harmonia Agora tudo se transforma em agonia! Filho ao colo, mãe chora. Pai de braços cruzados-impotente. Quando teu filho ficará contente? Assim também valores humanos Foram jogados ao lixo, Sem preocupação com o futuro e o transcendente. Na natureza o homem matou o animal, o bicho. Por que, por que tanta ânsia? Serrou, derrubando o vegetal com ganância Veio a desarmonia, a chuva atemporal A água transborda em desequilíbrio Quando depois, faltará A água essencial!

25


Água Teu nome é água Fria ou quente, Mas, cristalina sempre. Queremos ser teus amigos. A vida e a morte Convivem contigo diariamente Prevalece a vida E de ti não guardamos mágoa. Hidra, tu és muito querida. O planeta é lindo agora Envolto em tuas ondas e nuvens Estás por dentro e por fora. No céu e no mar infindo, Sacias os mamíferos, Habitas meu corpo Circulas nas plantas, por sorte Te escondes nos aquíferos 26


Por isso a gente agora canta: Enchentes e maremotos Não saem de minha mente São consequências de atitudes Destruição irresponsável. Amigos, mais compreensão! Esses são os meus votos Essa é a grande virtude Seja sempre amável Ame água de coração. Tu és um ser humano Não fiques inativo E não causes poluição.

27


Aleatoriamente Meu teclado, simplesmente, Ficou doido e me deixou surpresa!... Começou a trocar letras E as palavras necessariamente, Não tinham o sentido que eu lhes dera... Que loucura, que fazer? Enviei mensagens truncadas Meus amigos, com certeza, Chegaram a fazer caretas! Mas, também, pudera! Receberam palavras e frases falhadas... Que culpa eu posso ter? Tudo saiu aleatoriamente.

28


Amargura

Tantas perdas, carências e falta de rimas... Tal qual uma nau na plenitude das brumas. O ânimo a fenecer e a mente aos traumas Isso é aos poucos morrer. São flagelos na alma em noites calmas... Sentimentos feridos E diversas formas de padecer!

29


Amizade Segundo meu coração, amigo ou amiga é algo muito raro. Às vezes acreditamos que temos alguém para compartilhar uma amizade, mas o tempo se encarrega de nos desiludir. Tudo conspira para fazer fenecer um relacionamento amigável: o egoísmo, a inveja, a competição, a ganância, a distância... Logo, se temos uma amizade sincera, precisamos cultivá-la com carinho, respeito, lealdade e tantos outros valores tão esquecidos nos dias atuais. Quando há uma verdadeira amizade, ali prospera a fidelidade, a paciência, o companheirismo, enfim, o

30


Amplidão1 Tudo paira na amplidão do cosmo... Voando nas asas da liberdade chegamos, Ao coração da Origem... Doce amplexo segue o encontro... Como é bela a harmonia, a eterna sinfonia. Coros celestiais entoam hinos. O que partiu retorna, a aliança é restaurada, pois

“Desde toda a eternidade eu já pensava em ti e te amava e já havia te escolhido!...”

1

Publicado em: http://www.frankelim.com/amigos/amplidao.htm. 31


Aninha2 Aninha, que emoção minha netinha!... Minha queridinha, vieste alegrar o coração da tua vó. Espero, se Deus permitir, contigo criar laços e num breve porvir trocarmos muitos abraços. Não quero jamais ficar só! Nem tu ficarás sem tua vovó Estarei sempre contigo, mesmo em pensamento!.. Em ti e nos primos teus, quero sentir esperança. Guardar muitas lembranças, nunca dizer adeus, mas sempre até breve, até daqui a pouco. Nestes momentos, 2

Homenagem a Ana Luíza Macedo Januário – neta da autora – pelo seu nascimento. 32


Tu sempre irás, como criança, Rolar pela grama, correr pelas planícies, Festejar comigo e com os teus, abraçar que nem loucos, mostrar tua faceirice, vencer novas tramas...

33


AparĂŞncia

Superficilidades... ou sensualidades?

AnuĂŞncia!

34


Bambuzal ardente O bambuzal que geme e chora, Retorcendo seus tufos de folhas Canta uma música ora estranha, Ora muito sutil só para quem ama. Qual alma penada leve e solta, Vez por outra remexe sua cabeleira revolta. O véu cobre o seu corpo nesta hora Enquanto faz estratégicas paradas A arder está meu coração. Descansas? Num doce enlace agora Parece espiral de saca-rolhas, Vestígios de outros amores? Garras frias ou mãos aveludadas... Macias? Seus galhos enjaulados, em dores. Enfileirados! Parecem a escolta da morte, querida. Estáticos num momento... Não há flores? Querem tudo depois abraçar, Mas, não têm liberdade para o fazer 35


Longe vai meu insano pensamento: Onde estão as valsas que bailamos? Quero meu passado rever... Lá fora está quem amamos. Meu coração tal qual o bambuzal Em chamas está a arder e a amar. E agora, o que fazer, afinal? Ainda vejo que no sol, ao nascer, O bambuzal se agita e dança a Vida Vibrando ao som de um novo amanhecer!

36


Bem estar É isso mesmo!... Alegria no coração, Saúde plena, Auto realização! O jargão é “qualidade de vida” Mas, quando se vive o bem, Quando se está com a paz na alma A vontade é a vida celebrar, Os acontecimentos diários comemorar, Cantar, pular, dançar, Ao compasso do amor e da alegria! Então, tudo é feito com calma, Não importa o que se tem, Os caminhos da bondade percorrendo, Mesmo se o corpo está morrendo... A vida não foi a esmo, Se assim fosse jamais seria, Um hino de louvor de toda a criação!

37


Brincando3

Como é bom ser inocente e poder brincar. Livremente, Com a mente sã E todo o corpo sadio. Assim vivo a festar alegremente, sempre com a mente a criar, sempre com o corpo a bailar, sempre com a alma a vibrar!... Jesus, que tanto demonstraste aqui na terra Gostar das criancinhas Vem, com urgência, impedir a guerra E nos ensinar a sempre festar Tudo para a honra e glória do PAI Para o Seu reino implantar. 3

Publicado em: hhtp://www.mensagensvirtuais.com.br/msgs.php? id=3625. 38


Brincando, simplesmente, de eco, de sombra, de imagem refletida no espelho. ... Quanta alegria nos olhares siameses, quanta esperança na palavra proferida, muita fé na dublagem perfeita...

Imagem e semelhança do Pai, assim sendo Sua imagem refletida, vamos todos a caminho, qual crianças, sorvendo o aqui e agora, brincando, simplesmente... 39


Cadê? Não querem nem mais saber Dos meus cadês semanais Mas só quero perguntar Cadê minhas coisas, meus ais. Some tudo de uma feita Nem sei onde foram parar Talvez num bota fora impensado No lixo foram acabar! Tem gosto e afeição para tudo Uns agregam sentimentos Em objetos inusitados Mas que levam o pensamento Para em outras épocas e tempo A mente a bem longe viajar Por isso eu peço atenção Não façam nada de “caso pensado”. Analisem a situação Quero tudo sempre arrumado Porque já passaram nas mãos Dos meus queridos ancestrais Que são o “fio guia” que sigo pelos caminhos 40


Desta passagem neste plano. Quiçá um querido amigo, Um dia, não por engano Deu-me com muito carinho, Uma taça, um quadro, um pano Que para sempre quero recordar.

41


Casinha amarelinha Nossa casa altaneira Lá no alto da colina paira Qual asas de um canarinho Irá abrigar nosso maduro amor Com calor. Foi executada com carinho... Tem a nossa cara! É uma casa de esquina Ficou um mimo! Cercada de bananeiras Bem longe do rotineiro estresse Do meio de muitos carros e casas Das cidades poluídas. Um dia, talvez bem distante Quando Ele nos chamar Estaremos já bem perto Da imponente cumeeira Para o céu é um pulo só Na casinha amarelinha Cada tijolo foi colocado Com lamentos e muita dor. 42


Só entrarão os amigos Assim jamais haverá deserto. Teremos também a companhia Da garça, do sabiá, Das marrecas e dos biguás. Enfim, seremos felizes-feliz é aquele que dá E a paz haverá de reinar. Mas quando lá estivermos Nenhuma mente ferina Jamais sairá triunfante Pois estaremos nós dois Com a força divina Na plenitude da vida Tendo os filhos e netos Nós por eles e eles por nós a zelar!

43


Celebração da Ceia

Que agitação nos bastidores! Quanto tumulto pelas ruas... O Mestre vem chegando. Tudo preparado e devidamente ornamentado: Flores em profusão, sinetas badalando. Onde estavam as mulheres na ocasião? Porque o Evangelista não fala nelas? Será que alguém teria comentado Que Jesus não as queria por perto? Estariam espiando o movimento pelas janelas Ou quem sabe nos quartos, nuas, E até com um grande aperto no coração, Esperam o solene momento De vestir os melhores trajes. Foram elas, por certo, 44


Que varreram, limparam, espanaram... Por que as mulheres não aparecem Nas pinturas e telas? E, agora que ele retorna do deserto, E vem celebrar a Santa Ceia Que tanto já esperaram Será que elas estão de fora? Eis que Ele chega da grande viagem E com toda humildade Consagra e reparte o pão e o vinho Deixando para nós uma divina mensagem.

45


Chuvinha Chuvinha querida amiga Não me venha incomodar Estou arrumando um versinho Para os amigos brindar Se queres molhar no molhado Deixa eu me agasalhar Quero no inverno sentir Todo o calor de amar. Tens uma missão a cumprir? As encostas fazer rolar? Vai refreando teu frenesi Que é muito mal desbarrancar. Matas florestas e rios Pelas águas alterados Cedem e rebentam Transformam tudo em banhado!

46


Constelação Constelação de amores, De flores... Constelação, reunião, conjunto – todos juntos, integrados, em nome do PAI! Abraçados, enlaçados, vinculados em fraterna união.

47


Desvelo Preocupações, zelo desvelo. samaritana aflição. Espartana resistência à dor... Tudo em nome de algo maior AMOR Velo ao pé da cama. Zelo em tua cabeceira, pois algo por dentro me inflama. Assim que te restabeleces fico faceira. A ser missionária TU me chamas e jamais me esqueces.

48


Desventura Quando a alma o Bem não alcança Há um desvirtuamento e o Mal Faz perene ditadura. Tudo redundará em sofrimento. Onde está o merecimento? A caminhada terminou E os braços muitas vezes se cruzam Esquecendo-se das Bem Aventuranças... Só se espalhou vingança! Vem, ó visão beatífica Minha alma amparar Um eterno prazer vislumbrar E ainda abraçados Contemplar! Feliz a Voz irá dizer Vinde, estejam enlaçados Para todo o sempre O Princípio e o Fim, O Alfa e o Ômega Convosco estarão!

49


Deus

DEUS seja bendito e louvado por tantos presentes dados gratuitamente para nรณs.

50


Efemérides4 Tantas quantas se tem experienciado, vivido, nutrido. Há para todos os gostos, pois, “gostos e cores não se discutem”... Dependendo das nuances, do dia, do lugar... De repente, num relance, pode-se apreciar o inusitado, o fora de padrão, o diferente da cultura, o contrário. Libertar os preconceitos, aceitar novos conceitos, acreditar no contraditório, antagônico, paradoxal, anômalo, acéfalo. Vibrar com o inusitado, sonhar com o remoto 4

Publicado em: http://www.mensagensvirtuais.com.br/msgs.php? id=3661. 51


Emoções Como ondas, elas chegam de mansinho... Provocadas por pensamentos ou ações, ou a troco de nada! Vão e vem, jamais findam, sempre mais invadindo, possuindo. Lembranças veladas, ansiedades, comprimindo corações. Tudo é levado de roldão, qual tempestade de verão. Dúvidas e fé em contradição. Por causa de veleidades, a vida é transformada num inferno. O passado vai se expandindo, criando asas na imaginação. Quantos sonhos desfeitos, tantas emoções, altos e baixos, depressão... Meros caprichos do erro, da ilusão. Restam atos obscuros. Aquilo que eram saltos, são outros tantos recuos elucidativos, encobrindo a racionalidade. 52


Ficam aquém do explicativo! Sofrem-nas qualquer idade. Química, matéria, psique, ou tendências herdadas? Apenas emoções, nada mais que emoções!...

53


Engano Ledo engano e ledo engodo Falácias, sempre falácias. (Até parece politicagem em jogo!) Promessas não cumpridas Ameaças veladas, palavras faladas Palavras escritas Coisas ditas e coisas mal ditas Tudo por baixo do pano. Lutas vencidas, ameaças Velas desfraldadas Jazem murchas, caídas. Quanta desdita! Afrontas de ambos os lados Nada vale Tudo se perde na mente doentia Ordenam que você cale! A validade já está vencida. A cisma persiste, A ideia é fixa. A escala vai de oito a oitenta Vai ceder, quem? 54


Mas a alma continua doente Apenas vislumbra lampejos do Bem Nós e entrenós Ouço apenas uma voz Torcida e retorcida... Que criatura demente! Só em seus causos, Só em busca de seus aplausos! Quanta incompreensão Dispara nas artérias a pressão Dói e corrói o coração. Melhor apenas SER!

55


Enterro dos ossos Hoje, realmente, ainda é o autêntico enterro dos ossos. Corpo doído, cabeça girando, tudo conspira para um dia de ressaca. Mas, valeu a pena a CONFRATERNIZAÇÃO. Todos estavam felizes e participaram ativamente da confraternização natalícia: presentes foram doados, brindes erguidos, comidas e bebidas saboreadas, mensagens recebidas e risadas bem dadas. Tudo em homenagem a uma simples e humilde filha de DEUS: EU!

56


Esperança5 Anjo de Deus Descido à terra, Encarnado-tal e qual Neste endereço! Presente raro-de Natal! Sejas tu motivo de Harmonia, manifestação do Amor. E não de guerra. Não foi por acaso que nasceste No seio desta família, MAIS CEDO! Serás de tudo o recomeço Jamais pedra de tropeço. Apenas risos, jamais dor. Prova segura, Enquanto nossa caminhada aqui dura. Eterna sinfonia: “Desde toda eternidade eu já pensava Em ti e te amava E já havia te escolhido”... 5

Homenagem a Pedro Felipe Ferreira de Macedo – neto da autora – pelo seu nascimento. 57


Deus, Que todos os netos meus (dons, presentes, tudo de graça) Permaneçam sempre comigo/contigo Ao lado-conforme o prometido: Com a alma e o corpo Tal qual fizeste a tua imagem e Semelhança. Que teu Reino aconteça/permaneça Entre nós-temos Esperança! Que teu Plano de Amor se realize E não fique estagnado. Para tua honra e glória, Aqui, agora e sempre! Transbordam de alegria os corações. É a vitória-foram atendidas nossas orações. São do lado humano realizações A plenitude da maternidade/paternidade Beleza da vida madura Bálsamo para a alma ferida/preterida Perpetuidade do SER – certeza para a Criatura Missão cumprida! 58


Estamos à deriva Por baixo, por cima Pelo centro, pelas calotas Ficamos à mercê de Deus Que segura as comportas. O planeta gira, gira Seguindo sua órbita A lei e a harmonia divinas, Governam a incógnita. O deslocamento tectônico é global O centro arde em chamas Os céus, rompido o ozônio As matas e a pele inflamam. Placa sobre placa Nos finalmentes não restará Por certo o último socorro Só ao criador caberá. Tanto ódio, tanta ganância 59


Tudo leva o temporal Sobra apenas a tribulação Consequências do vendaval. Estamos à deriva Sobre o mar em aquecimento. Humano e animal Ficamos no esquecimento? Perdidos no espaço sideral Miríades de coisas a bailar Sabemos que em nenhum segundo A providência divina vai falhar. Fiquemos então a postos Para quando acontecer O juízo de Deus, ao final Irá prevalecer. Cada qual que tenha cumprido Sua missão com os irmãos Que todos tenham amado Essa será sua salvação. 60


Estranheza Que estranha constatação Até as árvores cortaram Executaram nosso amor! Sofro perenes dores... Conspiração cósmica? Onde estão aqueles que um dia se amaram? Transformaram nossa praça, Podaram nossas flores Mudou meu humor São os efeitos da devastação. Tudo era motivo de alegria e graça Os sentimentos murcharam Quando o sol declinou E as nuvens o seu brilho empanaram!

61


Estranheza II Tudo era empolgação Os beijos e os abraços furtivos Os colegas e a oração As viagens nos coletivos. Os anos passaram As promessas foram esquecidas Nossos cálices esvaziaram. O que foi feito de nossas vidas? Vem, ó céus, novamente conciliar Proporcionar novo encontro O que foi desfeito reatar Reativar tudo sem confronto. Felizes nos daremos abraços Reconciliados caminharemos de mãos dadas Restaurados todos os laços Viajaremos para as eternas estradas!...

62


Feliz e Santo Natal6 Caros confrades, Queridas confreiras, Amigos aqui presentes: Sejamos todos partícipes Do banquete do Senhor. Nossa missão é ser artífices De nosso Mestre e Salvador! Em Belém a eterna sinfonia Entre ovelhas e pastores dos céus desceu um dia... miríades de graças venha o menino derramar sobre nós que, com louvores, entre cânticos e oração, unidos nesta noite de jantar, simbolizamos universal confraternização! Deus nos venha abençoar!

6

Em oito de dezembro de dois mil e seis, dia consagrado à Imaculada Conceição de Maria. Confraternização dos acadêmicos da Academia de Letras de Palhoça. 63


Fumaça Preciso exercitar meu direito de ir e vir Tenho de caminhar por ordem da medicina. Se antes nas reuniões de trabalho A fumaça alheia tinha de aturar... Agora parece que todos saíram à rua Para com a poluição Colaborar! Acudam-nos grita nosso pulmão! Socorro! Nossas narinas a arder, Parecem até gemer... Quanta deselegância feminina Mulheres a andar fumando Expirando fumaça Os cabelos e a roupa a incrementar Com nicotina. Meu Deus, preciso de tudo desviar. Que arruaça! Buracos, carros, poças d´ água, E, cigarros!

64


Fumaça no Ar Saí a caminhar... Maravilha, céu azul, Sol a espiar No horizonte. Primeiramente, não esquecer o alongamento. Durante breve parada, Um fumante a soprar, Fumaça na amurada. Adentrei à praça verdejante, Com pássaros a trinar, Flores a desabrochar Em pleno outono - contradições das estações Mais gente a pitar! Atravesso a ruela- na busca de oxigênio. Diversos clientes do banco Fumando a esperar. Ironia do destino, crueldade do gênio? Passo pelas lojas da avenida Sempre nas portas alguém a fumar! Cadê meu puro ar?

65


Girando Irando7

Triste mundo e murcho Planeta Terra, deixado para nossos filhos e netos... Belo mundo herdado de nossos pais e avĂłs! Senhor, onde foi que erramos? MirĂ­ades de seres desaparecidos, extintos pelo ANIMAL RACIONAL! Onde encontrar o ELO perdido? Qual o caminho da volta?

7

Publicado em: http://www.frankelim.com/amigos/girando.htm. 66


Gratidão Como é bom agradecer As graças e bens recebidos E toda a hora em oração Façamos nossos pedidos. Tens amor por tua vida E por todos os irmãos? Levanta para o céu a voz E também as tuas mãos. Agradece, canta e louva Ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo Lembra sempre de fazê-lo Com bonito e belo canto! Enche a boca, estufa o peito Não esquece a natureza Acolhe a vida do irmão Deus criou toda essa beleza.

67


Harmonia Celestial Suave encantamento da alma, pureza do coração, vislumbre da eternidade, eis o que pode explicar a harmonia que o ser humano sente em determinados instantes... Fugazes momentos de deleite do espírito quando afinado com o cosmos, com a entidade superior, ou melhor, com DEUS! Sintonia divinal, aspirações angelicais, tudo conspirando para o embevecimento do ser e a vivência da PAZ!

68


Hecatombe Mundial8 Triste história traçada pelo ser humano pós-moderno. Lamentos e dores espalhadas entre infelizes criaturas. Quem és tu, ó homem, para brincar assim de guerra? Tornas tudo num instante um inferno... Transformas pobres seres de almas puras. Revestes de cinzas e pó toda nossa terra! Quando vais parar e conter tua mania? Esperas, um dia Deus te perdoar? Tu mesmo, ó maldito, criaste o Apocalipse! Deixaste em ódio o amor se transformar. Saibas que tua vida e a saúde dos teus está em jogo. Um dia, talvez tarde demais, hás de chorar. Mas, tudo será tarde para lágrimas derramar. E tudo terá sumido num eclipse. 8

Publicado em: http://www.ultratextos.com.br/ler.asp?id=786 e http://www.mensagensvirtuais.com.br/msgs.php?id=3441. 69


Pois, homem, és pó e em pó te hás de tornar. Assim está escrito no Livro para o povo. Será que poderão nossos filhos e netos um novo dia vislumbrar?

70


Hoje Hoje não sei quem sou... Hoje lamento a desilusão! Criaturas amadas desde toda eternidade... Hoje desencontradas... Quantas reviravoltas, Antes eram escoltas! Constata-se apenas desunião. Preço da liberdade. Desrespeito à privacidade. Limitações do Homo Sapiens. Tentativas inusitadas... Prerrogativas inutilizadas. Encontros beneficentes... Mas, hoje e sempre, Ser ou não ser? Deveras, Hoje existo! Logo, SOU!

71


Incoerência no trânsito Na fila da BR 282, no trajeto em direção ao litoral catarinense, pelas dezessete horas de uma tarde primaveril, o carro na minha frente tinha placa do município de Chapecó e me chamou muito a atenção porque havia um adesivo que dizia mais ou menos assim: “calma, respeito e educação no trânsito, levam à Paz e Harmonia”... Além disso outro adesivo era de um Instituo ou uma Faculdade, um curso para mim novo e interessante, algo ligado à ecologia e desenvolvimento... Para surpresa minha a certa altura da rodovia, perto uns dois quilômetros da BR101, três senhoras precisavam atravessar a pista, tentando passar antes do referido carro de Chapecó, e não é que ele não deu chance? Por ali não existe passarela ou túnel. O jeito é arriscar e atravessar a pista dupla. Como a nossa fila ia a 10 quilômetros por hora e parava seguidamente, era fácil colaborar, ou melhor, respeitar o ser humano, mesmo porque na outra pista, um caminhão havia parado para permitir que as três senhoras atravessassem , correndo elas ainda o risco de 72


passar uma moto ultrapassando sem critérios de direita ou esquerda .E, o carro de Chapecó, nem aí.... Até então eu desconhecia quantos estavam no carro da minha frente, nem quem o estava dirigindo. Quando nos aproximávamos da BR 101, como eu ia entrar em Palhoça, fui pegando a fila da direita e supus que o condutor oestino iria para a 101, como o fez, só que fiquei estarrecida ao ser pressionada por ele que se esforçava em me trancar a passagem. Buzinei e percebi que era um senhor calvo que me tripudiara, e, um passageiro ocupante do banco de trás fez gestos de bravata ao se distanciar rumo à BR 101, talvez para a Capital do Estado. Fiquei a me questionar: o que leva uma pessoa a colar em seu carro palavras de ordem e respeito e praticar justamente o contrário? No primeiro momento eu imaginei, com admiração, pessoas ligadas a entidades novas, modernas, corretas. Depois, a decepção. Quanta incoerência!

73


Ingratidão Tudo entregar por momentos esparsos de prazer... Em contrapartida só desamor receber! São ambições desesperadas, aspirações desencontradas, os ingredientes do desamor. Desrespeito à liberdade de opção, respeito hipócrita à privilegiada posição!... Negação da acolhida, ofensa à vida. Dois pesos e duas medidas, quando o egoísmo quer se locupletar, buscando para si todo o bem alcançar. Impossível desfazer os nós, os laços, verdadeira prisão, amarras, ausência de abraços. Não resta nenhuma ligação, apenas crueldade, subjetividade, injustiça, maldade, cobranças pelo estúpido viver, quando o amor - que não é amor – está a se desfazer...

74


Injustiça Que mancha, duas talvez Num chão imundo Fez o outro ficar Furibundo!? “Era a bola da vez”. Tanta asneira Semelhante às guerras no mundo. Começa por uma besteira E acaba num buraco fundo! Como nasceu? Essa foi mais uma eira (ou beira?) Em que transpareceu Apenas a fera E não aquele que de Deus era! O rico pode Faz e desfaz Mas não o pobre E sua vida se liquefaz... Injustiça, mil vezes falácias Neste lindo céu cor de anil 75


Ainda presenciamos audácias! Palavras, comparações Aqueles a quem mais amamos Fazem sofrer nossos corações!

76


Interrupções Quantas interrupções De sonhos, de planos, de vidas Padecemos quando nos podam O que mais apreciamos: A paz, a calma e a harmonia da natureza. Vem o vento, vem a chuva e os trovões Acompanhados de temporal. Assim os humanos ficam com suas almas feridas Sob as intempéries e o vendaval Leva tudo de arrasto Zerando nossas esperanças Em meio à enxurrada e destroços O mundo parece um padrasto Acontecem as separações Lamentos e choros no ar São os gritos das crianças Que precisamos agora embalar.

77


Jargões Olha só que fantasia Acreditar que a esperteza Seja sinônimo de erudição E só se falar “com certeza”. Causa asco, sem dúvida Escutar ou ler que a Paz Na rádio, na TV, no jornal Com luta é que se faz. Quando vira regra o modismo Importantes são os chavões “Ao encontro de”- frases feitas Valorizam-se os palavrões. Fazer uma “releitura” das teorias “Transformar, construir a realidade” Quando a pobreza vocabular É o que acontece na verdade! Tudo isso é “recorrente” 78


Daqueles que não se aprofundam No estudo do vernáculo Daí os erros abundam. Não querendo ser melhor Apenas fazer uma observação São tantos os chavões Que superam a autêntica criação. Cada qual seja livre Frases feitas geram um efeito, Podem usar: “questão de estilo”?! Mas a isso não sou afeito. Licença poética ou outra coisa Fica tudo muito às soltas Tal qual as ondas do mar Ao vento sul, revoltas!

79


Justeza A JUSTEZA é a assertividade em tudo. Hubert Rohden prefere esta denominação ao invés da palavra Justiça, uma vez que a primeira está de acordo com a realidade. Logo, é a expressão da Verdade. Há JUSTEZA quando a dignidade do ser humano é respeitada; podemos falar em JUSTEZA, nos momentos de partilha, solidariedade e amor; e ainda, proclamamos e agimos com JUSTEZA no sofrimento e na dor compartilhados, mesmo em silêncio.

80


Loucura9 Misto de desventura, ou quiçá ventura, viver na ilusão... Tamanha confusão, virou apenas amargura... Quanta vergonha exposta, humilhação como resposta. O que se fez para merecer? Promessas de um eterno viver... Rompidas, vilipendiadas, na lata de lixo jogadas! Loucura, mil vezes loucura, consequências de uma mente em confusão...

9

Publicado em: http://www.frankelim.com/amigos/loucura.htm. 81


Mãe Luz que irradia, Tudo mais é sombra fugidia. Vibras, ó mãe, em sintonia com o infinito. Traduzes em gestos A bondade de Deus ao criar a vida. Aconchegas em teu peito a filha querida, Mas, quão volúvel somos ao provocar teu grito. Insistimos tanto em fazer nossa egoísta vontade, E tu apontas sempre a verdadeira liberdade. Enquanto nós deixamos teu coração aflito. Diversas estratégias são usadas Até haver o discernimento da idade. Incentivos, apoios, castigos e até palmadas.

82


M ã e d a P a z 10 Aquela para a qual aprendi a cantar desde a já remota infância, quando ainda era uma criança. Abençoa todas as mães da terra, mesmo aquelas que não sabem amar, sofridas, combalidas, com seus filhos envolvidos na cotidiana guerra, em todos os tipos de violência. Pede a teu Filho, por favor, paz e clemência. Não deixes as mães desassistidas, sê nossa segurança. Em ti depositamos nossa confiança. Intercede especialmente pelas mães sofridas, da sociedade banidas, em casebres vivendo, sua fome contendo, em favor de seus filhos e filhas. Ajuda-nos e tira os empecilhos, 10

Publicado em: http://www.frankelim.com/amigos/mae_paz.htm e http://www.ultratextos.com.br/ler.asp?id=1051 83


que matam, sufocam. Perdoa aqueles que os céus provocam. Aceita minha oração, dirigida a ti, Mãezinha do Céu, de todo meu humilde coração.

84


Maldição do ancestral É Sistêmico,. Endêmico Recorrente Congênito! Nas intimidades sempre presentes... Esquizofrenia, Psicopatia, Virou Pandemia! Assunto polêmico Próprio de emergentes, Que estão na mídia a fazer polifonia E as humanas mazelas a revelar contentes.

85


Mansidão É assim que te apresentas hoje Após uma breve ausência Eis que estou de retorno Rio serelepe Ligeiro Tremendo. Pelas curvas vais te espraiando De acordo com minhas preferências Lambendo as beiradas Rompendo as pressões Foste vilipendiado, Represado, Desviado do curso Cortado, podado em tuas margens Estupendo Ficou outra imagem, não és mais o mesmo. Me deixas calada Passas ligeiro Escondendo embora Em teu entorno Podridão. 86


Corres brejeiro No delta abres tuas asas Abraças tudo ao redor Enlaças Até a profundeza de teus mistérios Revelando teu íntimo Transparente, Pululam peixes em teu ventre Volátil, em toda tua grandeza. Pequena garoa se forma Sobre a superfície Exala tua mansidão Suprema Tal qual profícua superação Assim se passa a vida Amena Resplandecendo a obra da criação Os males se tornam ínfimos Apenas a bem aventurança é querida Com todas as forças do coração.

87


Marasmo Que rima com entusiasmo, Mas, na verdade, é seu contrário. Ficamos sempre na espera De algo melhor e bom. No entanto, no mais das vezes acontece Tudo no mesmo tom. A vida segue, e, o nosso rosário é No marasmo ir vivendo o que fenece. O bem, o amor, o perene Sua demora nos desespera Seguimos em nossa andança Pelo caminho vamos serenos Pois, Cristo é nossa esperança. Fiquemos com o coração tranquilo Ele é quem primeiro amou. Nos dá tudo aquilo Que mais e mais pedimos E nunca nos enganou. Jesus locupleta nossa taça Assim não permanecemos na desgraça No conceito do bem subimos 88


M e d o e C o r a g e m 11 Aos três aninhos, Rafael, meu neto, foi pela primeira vez à escola, uma creche comunitária, no bairro onde moramos. Todas as outras crianças também com três anos, já estavam enturmadas, pois, eram veteranas naquela creche. Minha nora, mãe dele, ligou para eu ir vê-lo, pois, ela estava preocupada, porque ele ainda mama no peito. Quando estacionei o carro, longe, já escutei o seu choro, já sabia que era ele que chorava, chamando sua mamãe. Fui pedindo licença e entrando, peguei meu netinho ao colo, sentei-me com ele ao chão (sou professora de Artes e Filosofia e as “tias” me conhecem).

11

Publicado no site http://www.velhosamigos.com.br/meuneto maximo/meuneto2.html. 89


Eu tinha uns bichinhos de brinquedo, que estrategicamente tinha comprado na loja de 1,99. Distribui um brinquedinho para cada criança e brinquei, deitada nos colchonetes. Todas elas aderiram às brincadeiras, e, conforme sugeri, brincavam fazendo animações e dramatizações com os cavalinhos, boizinhos, cabritinhos etc. Faziam de conta que os bichinhos queriam me pegar, me morder etc, sobre os meus braços e cabeça... Meu neto Rafinha, tão medroso e tímido até então, parando de chorar gritou forte e alto para todos: “Para todo mundo! Chega! Não faz isso com a vovó! Ela é minha vovó!”

90


Mente Perigosa Não é no imperativo A mera expressão acima Não ordena nenhuma mentira, Mas fala do mal implantado Na cabeça do psicopata Nada sente, não compartilha Nem empatia, nem compaixão É puro exibicionismo acumulado Apenas quer poder e prazer. Faz teatro, quer atenção Da mentira faz aparências Não me venham agora dizer Que é doença, merece pena. Leva uma vida a enganar Contra todas as evidências Tem inteligência para o mal Sabe lindas histórias contar E faz muita encenação Quer a todos ludibriar Narcisismo é a tônica Egocêntrico por natureza Não o deixes te fazer surpresa! 91


M e u n e t o 12 Aqui em meus braços, neste momento de ternura, faço uma reflexão, sobre tamanha ventura. Sonho com futuros laços, que construiremos com emoção, na caminhada que agora iniciamos. Lindo e querido neto, tenho por ti muito afeto. Neto dileto, nós te amamos! Realização de um forte sonho... Quanto encantamento, e por que não, deslumbramento. Presente divino, minha esperança em ti ponho, causa de minha inspiração. Pleno de potencialidades,

12

Publicado em: http://www.frankelim.com/amigos/meu_ neto.htm. Homenagem a Rubens Antonio Rosa neto – neto da autora – pelo seu nascimento. 92


aspiração do coração, mil felicidades! Embevecida, te afago e quero te fazer agrado, pois representas pura realização. És conforto, és alegria. Deus te abençoe e guarde. Que coros de anjos, com maestria, entoem em todo o universo, muitas e belas mensagens. Que sejas sempre do Pai a imagem, pois, desde toda a eternidade, Ele já pensava em ti e já te amava e já havia te escolhido, já na tenra idade, para estares entre nós, ocupando um digno espaço, por teus pais merecido. Não foi um lapso, foi predestinação, e muita oração.

93


Minha janela Abrindo as cortinas de minha janela, vislumbro uma paisagem sem igual: um fundo azul celeste, nuvens brancas tal qual algodão devidamente esterilizado, árvores entrelaçadas num amplexo amoroso, e, no primeiro plano, os passarinhos saltitantes. Linda visão beatífica a visão panorâmica de minha janela dominical!

94


M o r t e G r a d a t i v a 13 Teu hálito, teu perfume, teu suor, tal qual aderências, impregnados em meu ser, eram marcas indeléveis.

Estavas em mim grudado, sugando meu âmago. Sanguessuga, carrapato, parasita do corpo e da alma. Sofrimentos ,lamentos, lágrimas vertidas, espírito machucado,

13

Publicado no site http://www.ultratextos.com.br/ler.asp?id=781 em 01/02/2004. Texto lido 263 vezes até 18/05/2007. 95


por tua loucura engendrados. Quanta amargura, matéria quebrada, mas, era o hábito, o costume... Depois, a morte gradativa, calma. Sentimento de incompletude. A difícil descida, os experimentos. Não mais a permanência, de quem sugava por prazer. E, de quem se doava mesmo a padecer. Custou um pesado preço: arrancar, lavar, purificar. A prostituição desalojar. Já não mais concordâncias. A química desfeita, sem compactuar a permanências. Projetar tua imagem no telão remoto. Esperar o zelo, o senso, o sizo... Até quando?

96


Muito verbo conjuguei Muita louça eu lavei, Muito café engarrafei, Muita fralda eu troquei E almoços preparei! Hoje sou feliz porque Uma prole cultivei, Uma árvore plantei E um livro eu lavrei! Muita coisa eu criei E assim eu fiz feliz você!

97


Natal

Sempre. Natal ontem, hoje, eternamente! Desde os primeiros amores, Tudo são flores... A festa é de confraternização, Então, aqui e agora o cosmos está a vibrar, O Reino está em manifestação!... Vamos criar um tapete de cores, Porque o Deus menino quer livremente Para todo o sempre por nossas vidas passar!

98


N a t a l e m i n h a m ã e 14 Tábita Brüning Tenfen, minha mãe, é para mim símbolo vivo do Natal. Nascida em São Ludgero, terra de seminário e berço de grandes ordenações sacerdotais, cresceu e se educou num clima cristão e de esmerados conhecimentos doutrinários. Com a devida permissão dos leitores, não poderia deixar de homenagear nesta semana do Natal, aquela que me orientou e encaminhou para o verdadeiro espírito natalino, juntamente com os outros filhos: Irene, Lorena, Arlindo, Jurema, Marlene, Luís, Sérgio, Ângela e Valério. O gosto pelo presépio: Desde criança eu gostava de desenhar carneirinhos na areia e na “lousa”, Também recordava as figuras dos “santinhos” para armar os presépios que fazia na varanda da casa e no paiol. Era uma alegria ir à missa na festa do Natal. O espírito era de grande religiosidade, e não comercial como hoje em dia para muita gente. Tábita lembra, aos setenta e quatro anos de idade,

14

Publicado no jornal “O Regional” em dezembro de 1993. N.A.: Minha mãe faleceu em 01/11/2008. 99


o nome exato das freiras, professoras com as quais aprendeu a ler e escrever alemão: Hermenhildes, Teófina, Nivardes. Aula de português não havia. Mas, até hoje, além de uma boa leitora de alemão e português, Tábita lê e escreve em ambas as línguas. Aos dois anos de idade perdeu a mãe, Elizabeth Rohden, que faleceu deixando doze filhos, inclusive um bebê de colo. O pai, Reinaldo Brüning, casou-se novamente, deixando ao todo vinte e dois filhos. Ele faleceu quando Tábita tinha dezesseis anos. Tábita casou-se aos vinte e três anos de idade com José Domingos Tenfen, meu pai, a quem também respeito e amo. Moraram em Pinheiral de Rio Fortuna, onde ela fez o primeiro presépio da igreja local. Daí em diante tem feito muitos presépios em diversas igrejas das paróquias onde residiu: Campinas, Palhoça, Florianópolis. Neste Natal, montou o presépio da Igreja São Francisco, na Capital. Realmente, ela é criativa e detalhista em seus presépios. Coloca muita natureza viva. É uma artista. O que é mais original é que até as figuras de Jesus-Menino, Maria, José, pastores e animais, foram muitas vezes modelados à mão em argila. Em nossa casa era infalível o presépio dela. Faz também 100


bichinhos de pano como galinhas, passarinhos, gatinhos e os coloca junto à estátua de São Francisco de Assis, o protetor dos animais. É muito dinâmica e inteligente. Adora cantar, com sua voz afinada. Tem participado de coros. Os parentes ilustres: De origem humilde, pois a família é descendente de alemães que se dedicaram à lavoura e à indústria rudimentar do açúcar, banha, cachaça, farinha e à criação de gado, Tábita fica feliz ao lembrar que tem dois irmãos padres (Humberto e Clemente), um primo-irmão que foi Arcebispo (D. Afonso Niehues), um tio-avô filósofo e escritor (Huberto Rohden), outro irmão poeta e escritor (Martinho Brüning), sobrinho escritor (Jaime Brüning), sobrinha freira (Terezinha Brüning), fora primos padres e freiras. Diz que agradece todas essas graças a Deus e também o fato de ter dez filhos, vinte e cinco netos, cinco bisnetos, todos perfeitos e com saúde. Tábita se dedicou muitos anos ao comércio. Hoje dedica-se apenas a cuidar das flores e da urbanização do Lar São Francisco onde reside por opção. Afirma: “Minha vida toda foi trabalhar, ajudar os outros. 101


Tenho satisfação e alegria em fazer minhas tarefas. As flores alegram a gente e aos outros. Hoje, apesar das dificuldades que passei na vida, sou uma pessoa otimista, rezo e tenho fé em Deus". Tábita é zeladora da Diretoria do Lar São Francisco e tem em Helena Borba, a provedora, uma amizade muito sólida e antiga. Para encerrar, minha mãe afirmou que a festa de maior alegria, desde criança, sempre foi o Natal. Eu sou testemunha dos cuidados com os preparativos natalinos. Tudo limpo e novo, até os trajes para os filhos, confeccionados por ela própria. E os presépios em nossa casa me marcaram. São recordações singelas de uma época de muitas dificuldades, mas de uma fé cristã esclarecida. Obrigada, mãe!

102


Natureza Ferida Chão de nobre estirpe, Terra batizada, Teresópolis! Ancestrais ilustres. Terra invadida, Barbárie, Devastação! Natureza ferida no âmago do ser Desnudada, Rompida, Vilipendiada! Assim se apresenta a alma Sem perspectiva de verdadeiro amor Quando a privacidade não é respeitada E a dignidade vai “por água abaixo” Levando sofrimento e dor. Romperam-se os diques Inundaram de lama a fonte. A origem foi corrompida, 103


Maculada, Poluída. Tragédia sobre desgraça, sem horizonte!... Não há mais “pedra sobre pedra”, Foram embora a paz e a calma. Os princípios e valores distorcidos... Só desolação, Putrefação, Escuridão! Vida e morte convivem “lado a lado”, Restando poucas esperanças. O ser humano traumatizado, Sobrevivendo à luz de velas! Esse é o preço do mal. Pânico, Terror, Pesadelo! Feições distorcidas, corações petrificados, Retratam o momento fatal! É hora da construção de Nova Aliança Teoria e Práxis em função indissolúvel Elaborar novas pontes, 104


Buscar a cura das feridas, Resguardar a natureza Com suas árvores belas, Esperar o processo de cicatrização. Remendar é fazer de conta Não ocupar mais os montes, Com a natureza não fazer outras afrontas. Solicitude para as pessoas queridas, Para todos ter compaixão. Aguardar o Juízo Final!...

105


Noite mal dormida Quem merece toda a noite ficar Pensando nos imbróglios da vida? De um lado a outro a rolar, Na cama entre os lençóis? São tantos os problemas, As contrariedades, as frustrações Que mal e mal nos deitamos E começam as alucinações. Vivemos muitos dilemas O Bem a brilhar – o Mal a nos subjugar Embora tenhamos momentos plenos Sofremos deveras as penas Mal resolvidas durante toda a vida Herdadas de nossos pais. Então, se tudo tem causa, Daí a origem de nossos ais. Assim a noite lenta vai O tormento virando de lado. Finalmente surge uma pausa Lembramos uma pessoa querida O amargor é subjugado. 106


O sono sereno nos vem embalar Nos braços do amanhecer Tudo agora vai recomeçar AtÊ novamente anoitecer.

107


O aquário e os peixinhos Venha morar no meu mundo, diz o aquário. Estou cheio de amor para dar. Aqui a água é fresquinha, a ração é saborosa, os mosquitinhos fagueiros. Pedras e flores colorem meu mundo e vivem em sintonia. Musgos e plantinhas, mais a água limpinha se movimentam e oxigenam o ambiente. Tudo vem de mãos alheias, lá do Alto, todos os dias... Dos meus dois peixinhos, seduzi o primeiro... Azul e branco, longa cauda... O outro, preto e vermelho, curtido, vivido! Quando as águas de março chegarem, haja rio! Tudo desembocará no aquário do marzão. Meus braços a te esperar, o amplexo do Amor perene e verdadeiro Entoará hinos e cânticos que o tempo não conseguiu apagar... 108


A paixão levará ambos de roldão, o pequeno aquário será amplidão O micro não perderá sua identidade no macro. As portas do céu irão se abrir O Reino está desde todo o sempre preparado. Deus haja! Pois aqui e agora, tal qual o vaso e a flor, O eu e o outro fomos vivenciados!

109


O beijo, o banco e a praça Era uma vez um casal de namorados Em amar estavam empenhados Naquela tarde de verão Fragilizado estava meu coração. O mar a beijar os pés, Hoje já nem sei quem tu és. Sentados no banco da praça Em nada mais acho graça Lembro com nostalgia... Distante daquele dia Do amor vivo em perenes férias Ao meu redor agora, só pilhérias Pleno de encantamento o ar, O mar a lembrar Onde está a magia do meu canto? O primeiro beijo se deu naquele banco!...

110


O céu será assim Certos acontecimentos, determinadas situações, alguns encontros surpreendentes, antecipam a alegria do abraço supremo na eternidade. Quão feliz serei eu se tiver a graça de ser recebida pelo Criador, ternamente sentir-me abraçada, com o ósculo do amor ser ungida!... Ao ser bem atendida num mero evento humano e respeitada pela condição feminina, valorizada pela experiência de vida, posso já aqui vivenciar a harmonia celestial. Voltando à terrinha, descendo do transcendental, desejo relatar o que tenho constatado de bom e utilizável nas periferias da região metropolitana da Grande Florianópolis, independente de partidos políticos. Em Palhoça, a praça central e a Avenida Elza Luchi, por si só já são uma prova de que ali também acontecem realizações para o bem do cidadão. Um viaduto facilitou as conexões no bairro Capoeiras... Em São José, o aterro com suas áreas de lazer, academias, centros para a terceira idade e ponte estaiada, merecem destaque. No município de Biguaçu, o chafariz saltitante, a academia na praça e os banheiros públicos, mostram a preocupação com o ser humano! 111


No Estreito, parte continental de Florianópolis, a Praça do Santuário de Fátima, foi revitalizada. Tudo ali é alto astral, sua gente é muito querida. No Centro da Capital do Estado, as soluções modernas para a Avenida Hercílio Luz fazem a diferença. Santo Amaro da Imperatriz também entrou no ritmo da modernização com reorganizações no trânsito e cuidados com os deficientes. E o que dizer do parque de Coqueiros? Maravilha! Tudo é tranquilidade à beira mar no Balneário da Ponta do Leal... Novas ruas foram asfaltadas no Jardim Atlântico, cortando as favelas, diminuindo as distâncias!... Na Beira Rio, em Tijucas, é um deleite fazer alongamentos, caminhadas e academia. Parece uma onda de boa vontade tantas benfeitorias para o bem de todos, especialmente para os tradicionalmente esquecidos - os velhos, os deficientes, as crianças... E nessa onda eu vou, rumo ao caminho do céu, apreciando aqui e agora as maravilhas proporcionadas pela inteligência e boa vontade humanas. 112


O quatrilho O passarinho, O peixe, O gato E o cão. O cão ,o gato, o peixe, o passarinho. Primeiro veio o passarinho, Depois chegou o peixinho amado. Queridinho. Subia no aquário quando me escutava chamar Assustado. Em seguida adotei o gato. Safado. Por último veio o cão, inteligente, Mas, indisciplinado. Quando me vê com outrem, Magoado, Não fica nada contente. O gato, dei de presente, O alado, buscou a liberdade!.... No dia do aniversário do amado. Quanta confusão! 113


Essa é a verdade. Esconda-se gato, lá vem o cão! Cuidado peixinho, o gato está a chegar. Solte o cão, fuja, gato! Era sempre assim Liberto o gato, voa passarinho! Hoje só resta o cão pra mim.

114


Pasmaceira Que pasmaceira Ficar sem nada fazer Deixar o tempo passar... Esperar! Faceira? O que? Tudo é mesmice Troca de alhos por bugalhos. Estou aqui Aqui estou a pensar... Sem anuências Impossível tantas falhas perdoar? Tantas ausências aceitar? E agora? Se o ontem foi ruim O hoje está pior Sem vínculo, Sem critérios. Um perene ameaçar!

115


Percebi com sutileza Percebi com sutileza Que algumas folhas brotaram Ora vejam que beleza Nem sei se todos notaram. Quem sabe talvez um dia Nossas preces serão ouvidas E acabe essa guerra fria Entre pessoas tão queridas. Numa casa cheia de filhos Falta luz, mas não falta alegria Sobra muita piada e bagunça No escuro também se vive em harmonia. Meu gato vive a caçar Meu peixe lá no aquário Só não sabe que o ganhei No dia do meu aniversário.

116


Por que minha mãe merece d e s c a n s o ? 15 Porque passou muito trabalho para eu nascer. Nasci 20 dias após o prazo... Minha avó chegava para atuar como ajudante de parteira, as contrações sumiam. Acho que era inibição. Era só a vó ir embora de carro de boi, eu ameaçava nascer. Era verão... O lugarejo era Pinheiral-SC. Hoje a mãe tem 86 anos. Teve 10 filhos. Merece descanso!!!

15

Primeiro lugar no concurso das Livrarias Catarinense sobre o Dia das Mães, 2005. 117


Promessa Um dia me prometeste Que mesmo estando velhinho Estarias sempre comigo Do teu amor bem pertinho. Quisera viver plenamente Com tua companhia contar Para sempre dizer com alegria Como é bom saber amar. Espero durante a vida Ter você como companheiro Pois assim teremos paz E verei você sempre faceiro. Meus filhos jamais terão Vergonha de minhas ações Caminhei por trilhas íngremes, Dos erros peço mil perdões!

118


Que Gato! Que gato mais sapeca Ele pulou a cerca Que gato mais manhoso Hoje está gripado! Que gato mais guapeca Enfim chamou socorro Que gato mais fanhoso Nós somos seu amparo Estou falando dele Já vem todo dengoso Fixando nossa cara. Gravei no celular Composição com música e letra O felino a suspirar Uma coisa muito rara!

119


Querido computador

Após alguns longos dias de férias, eis que retorno a ti. Volto para teu teclado, teu CPU, tua impressora, teu som, enfim volto a ti na íntegra. Preciso mais do que nunca atualizar meus conhecimentos e técnicas. Anseio por aprimorar minha agilidade em redigir, pintar, copiar e comunicar para todos meu progresso. FAÇAMOS UM TRATO, AMIGO FIEL: Sejamos pacientes e bondosos mutuamente.

120


Q u i m e r a 16 Quantos sonhos desfeitos... Outros tantos refeitos. Tudo desmoronou Em segundos! Longos anos se vão E nem tudo se recuperou... E agora? Como desfazer o remendo Sem desmerecer? Tudo será tão mais fecundo Esqueçamos o que tombou Soterremos o que passou. Era apenas uma quimera. Construamos um novo mundo...

16

Publicado em: http://www.frankelim.com/amigos/quimera.htm. 121


Rei! Rei! Rei! JESUS CRISTO, Tu és REI! Meu REI, meu SENHOR. Hoje é teu dia - todos os dias são teus... Eu tenho um grannnnnnnnnnnnnde Deus. Ele é meu socorro, minha força, minha inspiração. Meu pedido é feito com muito fervor: Liberta minha vida, Sara meu coração... Cura minhas feridas. Obrigada pelos filhos e filhas. Assim, todos ao meu redor participarão do Reino. Tudo será doravante pleno. Já não mais temerei ameaças. Eu Te louvo e Te exalto pelos dons e graças: dos quais estou sempre repleto. Obrigada pela família, pelos filhos pelos netos... 122


R e t o r n a n d o à s q u a d r i n h a s 17 (Ilustradas) Vou contar um fato verídico. Por ele ser tão sinistro, Foi um evento também gozoso. Mas, deixa que eu administro. No casório do irmão predileto Tudo era pompa e gala Até que chegou a irmã do noivo E calou a nossa fala. Toda faceira e atrevida, Entrando pelo salão, Quase derrubou o vaso, Causando grande confusão. Para a folhagem não despencar, De pronto a Lore saiu Ficou segurando a planta Até que a manhã surgiu. Era tanta a granfinagem Que a irmã- Dona Mê Com a bolsinha no braço, 17

Ilustrações de Lorena Tenfen – irmão da autora. 123


Era lindo de se ver. Haja festa a noite inteira Mil folguedos aprontaram Os noivos foram embora, Mas os convidados brincaram. O Gui de penteado moicano Só falava brincadeiras Olhava pra todos os lados Menos pras moças faceiras. Sua mãe no mar pensava Lembrando as bodas passadas Saía de hora em hora Para dar umas pitadas. Lá se vão tantos janeiros E mais nada sucedeu. Mas, sei que não é o primeiro, Em que o lindo ar bebeu. Vou usando parte dos nomes Como dizem, são alcunhas Pra não receber o troco E quebrarem minhas unhas. Bem cedinho foram embora Embarcados, de carona. 124


Os babados esvoaçantes Da tão fogosa matrona. O mano da cabeça calva Com a companheira ao lado Era o dono da carruagem Na boleia, muito agitado. Só queriam repousar, Mas não havia solução. Tiveram que desviar Para não sofrer punição. Aumentou a quilometragem Não acharam a conexão Com tanta gente a bordo Fizeram até baldeação. Ficou tudo registrado Nas garatujas da Lorinha E agora para completar Rabisquei tudo em quadrinhas.

125


126


127


128


129


130


131


132


133


134


135


Rio do Rio Nunca para É só movimento. Trás em seu bojo Podridão e lama Ontem era vivo, joia rara Transparente Hoje é causa de nojo. Não ama. Indecente. O sábio pré-socrático já o avalia e dita: “Nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio”. É emblemático? Verdade absoluta? Fala sério, Heráclito! Sabedoria é coisa rara. Aflita, Eu, rio do rio E durmo o sono , bendita No conforto de minha cama. 136


Rio II Grosso, estúpido, pleno de maldades. Não pensa, puro instinto. Não respeita, é só rancores. Não faz um mimo, Ausente de voluptuosidades Tudo leva sem leveza. Por mais que se invoque Ele sai de sua toca, sem beleza. Urrando em direção ao mar. Não sabe o que é amar. Hoje é só poluição, fundo! Ereto, sem sinuosidades. Passa preto, furibundo Trazendo destruição. Por dentro da cidade. Esse é o seu destino A muitos destronar Invertendo valores. Pouca vida e favores proporcionar.

137


Rio Substantivo Passando inchado, Molhado. Arrastando flores, Levando amores. Estufado, Tudo encalhado. Profundo, Enquanto dorme, Imundo. Quanta vida arrancando Suas margens destroรงadas, Qual doenรงa terminal, Morre Quando chega ao seu final. Rio calmo, A todos desespera. Rio frio, Nada mais se espera. Torrente, Leva minhas mรกgoas, Corrente Lava minha alma. Que hoje se transforme em pureza, Purificada na correnteza. 138


Saudades Saudades de tudo o que se foi... Da infância, tempo de criança... Saudades de quase tudo que não foi... Foi tudo apenas uma esperança... Depois veio a plenitude dos sonhos alçados. A colheita dos desejos realizados, Coleção de pérolas, verdadeiro colar. Mar de tormentas sucedeu o amar. Enfim, veio a dor, o desamor, o delírio! Tudo não passou de uma ilusão, veio o exílio, e as saudades cada vez mais a corroer e apertar!

139


Saudades Infindas Se tempo não existe Se para alguns não há distância Por que tantas saudades sinto? A razão não admite Mesmo assim, a saudade persiste! “Longe é um lugar que não existe”? Remota e vaga é tua presença Inesperada vem a ânsia De reviver o Natal da infância... Certamente, não minto: O sofrimento é gerado pela ausência. As reminiscências insistem. Por que o Destino não permite, Apenas um breve encontro? Quero estar novamente ao teu lado Não para haver confronto Mas por simples ilusão, Sem dar margem a um novo desencontro. Aqui estou, enervada A espera é vã-sofre o coração. 140


Chove. Longe vejo a escuridĂŁo. Sigo em prantos pela estrada. Perto Lugar que ainda persiste Natal A Alvorada!

141


Sintonia com Sinfonia Quantas já lavradas, muitas sensibilizaram... Muitos sonharam aos seus acordes. Outros em prantos lamentaram ausências... Sinfonia Tema nunca esgotado, Infinitas anuências... Poucos cantaram Diversos até choraram O recinto lotado, Mas foram fortes Positivamente energizaram E entre flores, esperanças Vivem a perene lembrança Da solene e derradeira sinfonia...

142


Solicitude/Plenitude

O Tempo e o Vento Solicitam o Espírito É Tempo de Vida Plena... E, o Vento aparece Como uma brisa amena... Sugerindo o Espírito Em Pleno Movimento Na plenitude do Amor Em Solicitude Plena! 143


Sonhar Estou aqui a sonhar... Embaixo das ameixeiras Sentindo a primavera no ar E a vida nas goiabeiras. Embora um redemoinho inflando, Neste momento, meu acalento Com suas brancas nuvens girando, É o céu azul meu alento. Vendaval de paixões e sentimentos, Lembranças vagas e sonhos, Remontam meus pensamentos, Onde minha esperança ponho. Sonho com um mundo melhor Todos em congratulações Já se foi o que era de pior Agora, só boas emoções. A realidade me chama Saio correndo atrás dela 144


A correria me inflama, E haja “sebo na canela” É mercado, é a casa, é a hora O dia a dia sem fim, São os filhos, genros e noras, Que estão precisando de mim. Quanto aos netos e netas, Sinto uma grande ternura São as alegrias prediletas Minha esperança futura. Sonho e sigo sonhando, Ao compasso do meu coração, Acima de tudo amando, Esta é a grande missão.

145


S o n h o s 18 Anelo em teus braços me aninhar... Num doce amplexo mais uma vez sonhar! Ardor, calor, Suor. Depois, pesadelo. Tristes ais no vazio lançados. Apelo, Em plena noite acordar abraçados. Morrer. Embora nascemos ao novamente acordar. Contrastes. Num consolo mútuo amparados. Jamais esquecer a história com fogo gravada, no âmago do ser, tal qual sorrateira punhalada. Momentos fugazes. Profundas cicatrizes, lacunas, Acidente de percurso. Vazio e dor capazes 18

Publicado em: www.ultratextos.com.br/ler.asp?id=980 www.unisul.br – Espaço aberto.. 146

e


de gerar tamanho sofrimento. Sonho... Um véu de brumas... Hoje tudo é distância, lamentos. Como sem sonhos viver? Tudo foi levado ao vento!... De que maneira sobreviver? se viver sem sonhos é padecer?

147


T i r a d a s d o R a f i n h a 19 O Rafinha chegou da creche e sua mãe perguntoulhe: - Filho, teve marcha hoje? Ele respondeu: “Não, mãe, não tinha nenhum cavalo.” (é que seu pai tem um cavalo marchador; mas a mãe estava se referindo aos ensaios para a Parada de 7 de setembro...). Fazendo chantagem com a outra vó, Rafinha disse, após almoçar lá: “Agora a vó Nida não vai mais dar ‘chocoiate’ prá mim, porque eu almocei aqui...” (ficou muito desagradável para mim, que sou a tal vó Nida). Falando ao telefone comigo, o Rafinha fala, mostrando: “Olha, vó, a borboleta é desse tamanhão aqui!” (embora eu esteja do outro lado da linha, muitos quilômetros adiante!). 19

Publicado em: http://www.velhosamigos.com.br/MeuNeto Maximo/meuneto3.html. 148


T r a i ç ã o 20 Embora latente, ainda não era ato manifesto, talvez intermitente... Porém, sabia o coração. Veio o gesto, inconsequente. Acompanharam-no o patente. Tudo se transformou em protesto. Inacreditável tamanha deslealdade. Que terrível constatação! Assim termina o sempre, a festa, a promessa, o presente. Melhor o engodo do que o ciente. Eis a infidelidade. Esperar com paciência? Permanece o ausente. Acabou a sinceridade. Após a traição, ninguém mais responde. 20

Publicado em: http://www.mensagensvirtuais.com.br/msgs.php? id=3660. 149


Invade a solidão, diante de um retumbante não! Triste realidade. Atitude indecente. Quando? Como? Onde? Não é necessário o conhecimento, a ciência. Apenas a confirmação, e jamais a complacência!

150


Trinados vespertinos Como são belos os cantos dos påssaros ao entardecer de um dia primaveril! Tudo conspira para que haja paz e harmonia... Que maravilha apreciar flores e folhagens balançando suavemente ao sopro vespertino da brisa do mar...

151


V a l o r e s P e r d i d o s 21 Ontem tudo era certeza... O Bem e o Mal, o Certo e o Errado eram translúcidos... Veio o tempo, Chegaram o poder, as intempéries da Vida... Sexo, Dinheiro - ingredientes hodiernos... Tudo é jogado ao lixo! Acidente de percurso? Princípios não introjetados? E agora? Mudou o tempo? Mudou o vento? E vem a clássica inquirição: tempo, espaço existem? Por que? Por que? Por que?

21

Publicado em: http://www.frankelim.com/amigos.valores.htm. 152


Vésperas

Como é agradável vivenciar as vésperas dos aniversários! Mil sonhos, miríades de ilusões... Tudo é fantasia. Preparativos e providências são tomadas à sorrelfa. Presentes são providenciados e discretamente negados. Graças Vos dou, Senhor, pela vida! Obrigada pelos filhos, netos, amigos, parentes, TODOS!

153


Quem sou eu? Meu nome é Vanilda Tenfen. Nasci na casa onde meus pais moravam, no dia 30 de janeiro de 1947, na localidade de Pinheiral do município de Braço do Norte (fui registrada em Rio Fortuna e na certidão de nascimento a data está errada). Sei o significado do meu nome que é composto (de Van e Ilda). As Ildes (Ilda) eram deusas da mitologia germânica, socorriam os guerreiros feridos nos campos de batalha... Minha mãe conta que passei muitos dias do prazo de nascer. Acho que eu estava com medo de dar o salto para o mundo exterior. Fui a terceira filha. Meu pai ficou mais uma vez decepcionado, contam. Mas, um ano e meio depois nasceu o tão esperado filho. Meus pais tiveram 10 filhos e graças a Deus todos são inteligentes, saudáveis e gente boa! Meditando hoje, verifico que não tive uma infância muito feliz, não fui criança, e, nem moça muito feliz. Descendentes de alemães, colonos, viemos morar na cidade mas, lutamos com muitas dificuldades. Sempre trabalhei duro, no pesado, na lavoura e comércio que meu pai tinha, e, nos 154


serviços caseiros (que eram grandes devido à família numerosa). Gostava de estudar e chorava quando minha mãe ameaçava tirar-me da escola para ajudar em casa. Meus pais não tiveram um casamento feliz (separaram-se após 29 anos de brigas). Fomos todos muito espezinhados, escorraçados mesmo. Consegui, com muito sacrifício, estudar e me “formar” em Filosofia. Gostava também de Letras, História, Artes e Teologia. Acho que esta tendência é um traço herdado da família. Tenho tios, primos, tio-avô: filósofos, poetas, padres (Huberto Rohden, Martinho Brüning, Jaime Brüning, Nilo Buss, Roberto Tenfen, Huberto Brüning, Clemente Brüning). Disto tudo eu me orgulho (aliás, sou bastante vaidosa e orgulhosa). Por outro lado, respondendo a pergunta “quem sou eu?”, afirmo que me sinto plenamente mulher, muito feminina, muito mulher, muito mãe (não sou feminista, embora pertença a grupos de mulheres). Tenho 6 filhos, todos bonitos, inteligentes e saudáveis, graças a Deus. 155


Falo em Deus porque realmente tenho Fé, acredito Nele, em Seu filho Jesus Cristo e no Espírito Santo que me ilumina constantemente. Sou católica, apostólica, romana (praticante). Realmente procuro cumprir os mandamentos de Deus e os “estatutos” de minha Igreja, assim como cumpro os regulamentos dos outros grupos dos quais faço parte. Nisto sou radical. Se acredito em alguma coisa, sou inflexível. Tenho princípios sólidos: acredito e luto pela Verdade, Justiça, Honestidade, Lealdade, Fidelidade, Amor. Muitas vezes fico frustrada, pois a pessoa humana é imperfeita e nem nela, nem em mim, encontro estas qualidades. Sou muito exigente. Geralmente, descontente comigo. Muitos me consideram competente na minha área, mas eu, cada vez mais, reconheço que não sei nada. Antes eu imaginava que, quando chegasse à idade adulta, ao final da carreira, seria uma “sumidade”. Por outro lado, não tenho muito lazer, não tenho muita liberdade, não sou dona do meu horário, do meu ir e vir, do meu direito de expressão. Logo, sou um tanto revoltada, pois, tive 156


um pai ditador, uma educação autoritária e marido machista. Profissionalmente, sou uma pessoa realizada (como professora de Filosofia, Psicologia, Sociologia e Educação Artística). No momento, ocupo um cargo de chefia que me deixa numa situação muito delicada. De um lado, sinto os problemas dos educadores, sou solidária com eles. Por outro lado, sou do “time” dos poderosos, tenho que agir conforme o grupo do “patrão”. Como sei que estou circunstancialmente no cargo, não me senti até hoje chefe e nem pensei, no passado, em me preparar para tal. Aparentemente, sou uma pessoa dinâmica, corajosa. Trabalho em minha comunidade e já enfrentei situações difíceis, com bravura. No fundo, sou muito medrosa, tenho medo das pessoas, dos animais, das intempéries. Em algumas coisas sou independente: tenho minha profissão, dirijo automóvel, tenho alguma liderança. Em outras, sou dependente e insegura. Tenho meus traumas, complexos e neuroses. Herdei um temperamento com tendências introspectivas. Hoje, superei muitas fraquezas 157


devido talvez a profissão e ao casamento com um homem extrovertido. Porém, sou ainda tímida em muitas situações, muito sensível, guardo mágoa e rancor. Fico “sentida” com a rispidez, o deboche, o cinismo, a ingratidão. Muitas das razões de tais males eu já analisei e justamente nestes pontos fracos preciso me esforçar mais para ter um bom relacionamento humano. Neste esforço contínuo, talvez eu tenha algum mérito. Convivo muito bem com pessoas de outras religiões, raças e partidos políticos (embora tenha algumas inimizades gratuitas devido à sigla partidária). Assim me vejo e protejo meu ego devidamente. Sei que não sou dona da verdade, gosto muito de sempre aprender mais, trabalhar em equipe, desejo fazer mestrado e/ou doutorado na área da educação. Estas são minhas expectativas. Não sou muito expansiva em meus afetos (talvez por ser de origem alemã), não sou muito impulsiva em meus atos, nem aventureira. Outros dados: gosto de ler, de ficar em casa, de lavar, passar e cozinhar, desde que não sejam 158


rotineiramente (não gosto de nenhuma rotina – minha vida profissional também nunca foi rotineira). Agradeço a Deus diariamente pela vida. Após vinte e seis anos de vida conjugal e depois de constatar a infidelidade reiterada do marido ao contrato matrimonial, solicitei “separação de corpos” ao Juiz a fim de proteger a saúde e a prole. Isso redundou em “separação litigiosa” e posteriormente, divórcio. Há dez anos casada “no civil” com João Alfredo Medeiros Vieira, Juiz de Direito aposentado e acadêmico da Academia Catarinense de Letras, resido no município de Florianópolis. Esta sou eu, mulher, mãe, esposa, profissional, engajada política e religiosamente na vida. Relação dos Grupos dos quais faço (ou fiz) parte e papel desempenhado: 1. Família: a) filha, irmã; b) mãe, esposa; 2. Religião: a) responsável pela Equipe de Liturgia do 3º domingo da Capela do Alto Aririú; b) Cursilhista, Ministra da Comunhão; 159


3. Trabalho: a) Secretária Municipal da Educação de Palhoça, SC; b) Professora efetiva do C.E. Aníbal Nunes Pires e depois do C.E. Governador Ivo Silveira, Supervisora Local de Educação; 4. Social: suplente da Associação de Mulheres Palhocenses (suprapartidário, supra religião etc); 5. Partido Político (por força da convivência com o esposo): a) membro do Diretório do PMDB; b) presidente da Executiva do PMDB-Mulher; 6. Aposentadoria: a) avó de cinco netos e duas netas, sogra seis vezes; b) Acadêmica Fundadora da Academia de Letras de Palhoça; c) Secretária da ALP (2008/09). Casos pitorescos e outros casos meus. Vou limitar-me a contar alguns “casos pitorescos” que experienciei. Enquanto residi em Palhoça, isto é, até mais ou menos três anos de idade:

160


 Caí dentro de um buraco de “patente”, “privada” ou “casinha”, feita sobre o mangue... Salve a ecologia! Lembro ainda hoje porque foi traumatizante;  Certa feita, subi por uma pilha de engradados de bebidas (da “venda” de meu pai) para ver uma ninhada de gatinhos lá em cima. Caí agarrada com a penca toda;  Noutra ocasião, participei de um concurso de “boneca viva”. Afirma minha mãe que fui a mais aplaudida, só que “fizeram marmelada” e acertaram a venda de votos na última hora, para favorecer a outra concorrente;  Minha mãe levava uma maleta e eu pendurada na referida, até a Capital do Estado para vender, de loja em loja, as confecções que ela fabricava numa antiga máquina de costura manual. No ônibus, eu dormia e quando acordava, não atinava se estava indo para frente ou para trás;  Aos domingos, íamos à Missa na Catedral. Cada vez que minha mãe ia lá à frente comungar, explicava que já voltaria, mas 161


sempre eu abria a boca e chorava, pois me sentia perdida e o desespero batia no meio da multidão;  Por falar em chorar, quando eu frequentava o Jardim da Infância, as freiras deixavam a gente no pátio, esperando os familiares para nos buscar. Uma vez, a mãe me garantiu que a minha irmã mais velha, a Irene, iria me pegar. Não sei se é porque para a criança o tempo parece eterno na hora da insegurança, comecei a chorar. Uma moça da vizinhança ficou com pena de mim e me levou para casa. Só que, ao chegar, “apanhei uma surra” por ter chorado. Não é um caso “sui generis”?  De Palhoça recordo ainda com saudosismo e meio nublado pela fantasia, que apreciava os “ciprestes” ou “figueiras” trabalhadas com formas diversas. Ficava intrigada e não supunha como eram feitas e o que representavam. Além disso, brincava na calçada da praça, de pular, para defender os pés descalços do calor concentrado no piso;

162


 Desta fase da minha vida, lembro que eu era muito querida pelas moças que gostavam de me levar e trazer para o Jardim de Infância e me elogiavam os cabelos cacheados. Até que a vida era boa.  Meu pai viajava e como diziam que passava pelo Morro dos Cavalos, eu ficava na janela da casa da Dona Gedalva olhando o Cambirela e adjacentes e imaginava que meu pai e cavalos estavam passando pelos contornos das montanhas;  Aos domingos, no verão, quando meu pai estava presente, comprava picolé, que era novidade, e dava para nós, escondido da mãe para não ganharmos bronca;  Noutro dia fui com meu pai a um jogo de futebol. O pai estava de terno branco e eu fiquei agarrada em sua perna. Não sei como aconteceu, só lembro que em certo momento, vi-me agarrada na perna de outro homem. Que medo!  Uma recordação mais remota a este tempo é aquela em que eu ficava presa num caixote de 163


madeira e ali fazia de tudo, por certo abandonada pela mãe com suas tarefas múltiplas;  Do restaurante que tínhamos lembro que eu ficava embaixo do balcão a querer colocar “rabiola” na pandorga, mas, não tinha coordenação motora suficiente, e chorava de raiva até doer a garganta por não conseguir. Engraçado que não pedia socorro a ninguém;  Lembro que pedia feijão por arroz e viceversa e as empregadas não conseguiam me entender;  A mãe dizia que os carneirinhos do presépio estavam comendo a grama do mesmo, e eu acreditava;  Dormíamos numa turma de crianças numa só cama. Quanta confusão! Quando fui morar no Estreito, só fui matriculada aos oito anos de idade na escola, pois, as vagas eram racionadas devido à grande procura. Eu queria muito aprender a ler. Acho que estava madurinha. Tentava soletrar rótulos e letreiros que encontrava pela frente. Só que, no primeiro dia de 164


aula no G.E. “José Boiteux” (onde já estudavam minhas irmãs Irene e Lorena) chorei com medo de todo aquele barulho, da multidão de alunos e da bravura da professora, Dona Heli, que batia até em sua filha que era sua aluna. Ela pegava a filha pelas compridas tranças e socava contra a carteira. Aquilo me assustava, pois ela sentava ao meu lado! Nota-se que minha vida foi muito marcada pelo choro e medo. Até hoje tenho também pavor de multidões, barulhos e lugares trancados. Lá no “José Boiteux” fiz amizade com uma coleguinha da minha rua que depois foi estudar em outro turno e considerei tal fato uma afronta à nossa amizade. Eu não podia brincar na casa de ninguém. Só tinha colegas na sala de aula. Na 5ª série, fui estudar no Colégio Coração de Jesus, em Florianópolis (meu pai achava que estava rico e que educação de freira era melhor para moças). Só tinha mulher, com exceção de um ou dois professores idosos. Mais tarde, meu pai realmente faliu em seus negócios e eu fiquei em situação difícil para pagar os altos custos de um colégio particular. Quando eu me formei professora, estava ainda devendo parte 165


do pagamento e comecei a trabalhar, retornando a cada mês para terminar de pagar as prestações devidas. Pelo menos as freiras parcelaram a minha dívida. O pai nos levava, naquela época, a ver o Carnaval, a comer uma “canja de galinha” no restaurante Rosa, na Praça XV e a tomar um gole de cerveja no calçadão de Florianópolis. Da época em que residíamos no Morro do Geraldo lembro-me ainda que certa vez alguém comeu, sem pedir, parte de uma maçã (que era objeto de luxo) e como não se acusou, todo mundo “apanhou uma surra” de cinta de meu pai. Pagaram justos pelo “criminoso” ou “criminosos”? Já que ninguém se acusava, todo mundo apanhava, era a fatídica sentença de meu pai, plenamente executada. Uma decepção que tive nesta época foi o fato de se aproveitarem da minha ausência (estava viajando com minha mãe, para Rio Fortuna), matando a minha gatinha “Missinha” e perdendo minha bonequinha. Aliás, era bonequinha mesmo. Eu sonhava com uma boneca mais “rechonchuda” (que nunca ganhei). 166


Passava muita tropa de boi, da serra rumo ao matadouro que era no Estreito e sempre fugia algum boi da tropa. Dentre os casos engraçados, lembro que um entrou pela atafona afora e a mãe foi tão ligeira que se atirou pela janela. Noutra ocasião, um boi “pegou” uma senhora, que tinha comprado louça no André Maykot. Ela ficou tão histérica por ter quebrado a louça toda que horas depois ainda segurava a alça de uma jarra sobre uma pilha de madeira. Até hoje tenho medo de boi. Cada vez que se vislumbrava a tropa na curva do Morro do Geraldo, gritava-se e todos corriam para dentro a fechar portões, portas e janelas. Com relação a Campinas, São José, fomos morar quando eu tinha 16 anos de idade, lembro que eu não gostava de lá, pois, deixara no Estreito algumas amizades com colegas de minhas irmãs mais velhas. Em Campinas havia também muito boi solto, e cachorros. Quando fui estudar na Universidade Federal, passei trabalho. Levantava pela madrugada e voltava tarde da noite, no escuro. Não havia iluminação pública, nem ônibus e 167


morávamos no final do bairro, entre dois velhos e enormes ciprestes que a cada “vento sul” pareciam desabar. Sempre gostei de subir em árvores e desde pequena lembro que a mãe nos levava a fazer pescarias e piqueniques no mato, onde subíamos nas árvores a escutar o vento (acho que batia a saudade do interior na minha mãe). Às vezes, andávamos de “carro de molas” e visitávamos navios no cais do Hoepcke, em Florianópolis. Eram os únicos “luxos” de minha mãe, que não tinha nunca papai ao lado dela e dos filhos. Mas, voltando a Campinas, quando chovia e fazia “vento sul”, eu chegava à escola encharcada e ficava o dia inteiro com os pés molhados. Não sei como não adoecia. O de que eu gostava ali era do Aeroclube. Meu pai tinha uma plantação de melancia e fiscalizava a lavoura com arma de fogo a tiracolo. Certa vez, um tal Pedro foi caçar de espingarda e se arriscou a atravessar a cerca de arame farpado para pegar passarinhos... Só que o tal “Zé da Tafona”, meu pai, era valente e lascou uns tiros à queima roupa. Não imaginava ele que seria o sogro do 168


jovem que teve a ousadia de entrar em sua propriedade. Uns tempos depois, fardado de verde, se apresentou lá em casa o Pedro, crente que estava agradando. Só que o “Seu Zé” detestava os “milicos” do “14 BC” por representarem uma ameaça as seis filhas que não poderiam correr o risco de namorar rapazes desconhecidos. Mas ele era de família vizinha do Bairro Campinas... Depois, houve a amizade de escola de Pedro com Arlindo Tenfen (meu irmão). Não sei bem se foi coincidência ou premeditação esta amizade. Outra coincidência foi lecionarem, no ano seguinte, na mesma escolinha da Coloninha – Estreito -, Vanilda e Pedro que vieram a ser namorados por dois anos, noivos por um ano e finalmente se casaram e tiveram seis filhos.22

22

Estas notas foram escritas há mais de vinte anos quando frequentava um curso de Psicologia das Relações Humanas. Foi uma tarefa solicitada pelo professor. Apenas atualizei os dados referentes aos netos e ao rompimento do 1º casamento. 169


Memória fotográfica e ilustrações de algumas etapas de minha vida

170


Foto 1: Entre as duas irmĂŁs mais velhas.

171


Foto 2: Aos 3 anos de idade.

172


Foto 3: Em sua 1ª Comunhão, aos 8 anos de idade, no Santuário Nossa Senhora de Fátima.

173


Foto 4: Recebendo o Diploma do Curso Magistério das mãos de um oficial do Exército. Aos fundos Irmã Gertrudes - Regente da turma.

Foto 5: Em 1966, Vanilda formou-se no Curso Magistério do Colégio Coração de Jesus. 174


Foto 6: Colação de Grau pela UFSC, em 1970.

175


Foto 7: Vanilda em seus trabalho comunitários na localidade de Laranjeiras - Palhoça.

Foto 8: Como Professora de Filosofia, com seus alunos, do Colégio Gov. Ivo Silveira, Palhoça. 176


Foto 9: Vanilda, em 1992, ao lado do então Prefeito de Palhoça, Paulo Vidal, de seu marido Pedro Macedo e do ex-Deputado Evaldo Broering, sendo na época Secretária da Educação e Presidente do PMDB-Mulher.

Foto 10: Vanilda atuou como uma das Gerentes da Fundação Catarinense de Educação Especial - FCEE, de 1995 a 1998. 177


Foto 11: Como candidata a vereadora do Município de Palhoça.

Foto 12: A autora ao lado do ex-Governador Ivo Silveira, José Isaac Pilati e outros acadêmicos fundadores da ALP - 2003. 178


Foto 13: No translado dos restos mortais de seu Patrono e tio-avô, Huberto Rohden, com o sobrinho do Filósofo, Daniel Rohden, em São Ludgero - 2007.

Foto 14: Na Câmara Municipal de Palhoça, na solenidade de entrega das insígnias, com seu esposo João Alfredo Medeiros Vieira. A seu lado, o Presidente da ALP, Manoel Scheimann da Silva e o Presidente da ACL, Lauro Junkes - 2009. 179


Foto 15: Vanilda atuando como Secretária da ALP - 2009.

Foto 16: Ao lado de sua mãe, Tabita Brünning Tenfen - 2005. 180


Foto 17: A autora. 181


Ilustração 1: Fernando - filho da autora.

182


Ilustração 2: Silvânia - nora da autora.

183


Ilustração 3: Vanilda Lídia - filha da autora.

184


Ilustração 4: Pedro Felipe - neto da autora.

185


Ilustração 5: Rafael - neto da autora.

186


Ilustração 6: Luiz Cláudio - neto da autora.

187


Ilustração 7: Roberto Henrique - neto da autora.

188


Ilustração 8: Rubens - neto da autora.

189


Ilustração 9: Ana Luíza - neta da autora.

190


Ilustração 10: Mariana - neta da autora.

191


192


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.