Diário de Estágio (Actuação) 10 e 14 de Maio de 2010
N
Nesta oitava semana de estágio coube--me a responsabilidade de exercer a prática pedagógica. Tive uma preparação antecipada tanto a nível psicológico como prático. A nível psicológico, no sentido em que estive a mentalizar-me de que seria exposta perante o grupo e que tinha uma grande responsabilidade, a de não poder falhar.
A
nível
prático,
tinha
tudo
preparado, o roteiro devidamente orientado e planificado, bem como os materiais necessários para este dia. No inicio deste dia, demos continuidade aos adereços e aos cenários, para a Dramatização. Esta actividade está a desenvolver nos alunos uma grande excitação. Quando menciono à turma que, neste dia, temos como objectivo dar continuidade a esta actividade, a turma é unânime no revelar do seu grande entusiasmo. Pensei, muito sinceramente, que na semana
anterior
iríamos
finalizar
esta
actividade e que nesta semana faríamos o ensaio
da
peça
e,
posteriormente,
a
Dramatização final. Retiro daqui três grandes conclusões, para a minha vida futura como docente: a primeira, não devemos deixar nunca os alunos de lado em actividades que lhes dizem respeito, porque estes não se sentem integrados, não tornando a aprendizagem significativa, em segundo lugar, quando realizamos este género de actividade devemos ter tudo muito bem planeado e organizado, dado que são actividades que demoram algum tempo pois os alunos depositam toda a sua criatividade e originalidade, fazendo com que a actividade se torne perfeita e demorada. Por último, estas actividades são muito ricas para os alunos, no geral, uma vez que adoram realizar este género de tarefas, demonstrando muito interesse, motivação e orgulho nas suas produções.
Como esta actividade faz parte do Programa Nacional, a criação da mesma desenvolve as seguintes competências:
Explorar as capacidades de improvisação e dramatização;
Verificar a capacidade de interpretação de um texto e explorar as possibilidades expressivas do corpo, voz, espaço e objectos;
Utilizar a linguagem corporal e vocal para expressar sentimentos e ideias;
Explorar a dimensão da palavra enquanto elemento fundamental da teatralidade na sua vertente escrita, lida, dita, falada e cantada;
Desenvolver a espontaneidade e a criatividade dramática individual;
Desenvolver a postura, flexibilidade e mobilidade corporal.
Pela pequena experiência que tenho no Ensino e sem estar a generalizar, os docentes,
muitas
vezes,
retiram
esta
actividade das aulas, por achar que se está a perder tempo não existindo tempo para a exploração do currículo, mas com esta actividade além de explorar o currículo está, também, a explorar diversas competências no programa e na aprendizagem do aluno, fazendo com que os mesmos se sintam cada vez mais motivados para o trabalho futuro. As Dramatizações, ou melhor dito, a Expressão Dramática têm grande importância para o desenvolvimento de uma criança. Esta área é transversal, podendo estar ligada a qualquer outra ou outras do Currículo, desenvolvendo na criança, um desenvolvimento intelectual, físico e social, de uma maneira incisiva e eficaz. Assim, a Expressão Dramática é fortemente generalista, incluindo a extensão sonora, da palavra, do movimento em acção, convertendo-se uma área privilegiada da educação artística. Seguidamente passamos para a Matemática Colectiva, neste dia tinha como o objectivo dar continuidade de um conteúdo explorado anteriormente pela cooperante,
mais especificamente sobre adição com três parcelas; escrita de números por extenso e decomposição e leitura de números. A exploração do tema decorreu com alguma normalidade, mas poderia ter corrido na perfeição. Considero que não fiz algumas coisas que deveria e poderia ter feito, como tornar a explicação mais rica se tivesse utilizado os materiais que estão presentes na sala de aula. Assim, os alunos conseguiriam assimilar a informação através da visualização concreta de objectos, algo que nesta fase se tornaria mais produtiva para os alunos. Para este dia estava também agendada a iniciação dos novos Projectos, portanto teria que ser eu a organizar os alunos para os novos grupos de trabalho. Era um momento que me deixava um pouco preocupada porque, de facto, não era fácil. O que mais me preocupava era a escolha dos temas, podendo existir o interesse do mesmo tema para mais do que um grupo de trabalho. O que daria azo a que alguns alunos entrassem em desacordo, levando, por sua vez, a uma grande desmotivação e desinteresse. Mas, a nível psicológico já estava minimamente preparada para tal situação. As minhas questões eram: como iria convencê-los a mudar de tema? Que argumentos iria utilizar? Iniciei a organização dos alunos por grupo enquanto os alunos exploravam o manual do Estudo do Meio, escrevi os nomes do Projectos no quadro. A organização e o planeamento dos Projectos estava a correr dentro da normalidade, quando surge o que temia, dois grupos desejavam trabalhar o mesmo tema, as Plantas. Comecei a perceber o desalento que os alunos estavam a transmitir e constatei de imediato a desmotivação que estava a sair de toda esta situação estratégia a seguir foi perceber as razões pelas quais os dois grupos tinham aptidão pelo mesmo tema. Enquanto um grupo gostaria de saber as diversas plantas da Madeira, o outro grupo desejaria trabalhar as partes constituintes de uma planta. Então resolvi o assunto da seguinte forma: visto que seriam os últimos Projectos deste ano lectivo, em consenso e concordância com toda a Turma, decidi que ambos os grupos trabalhariam o mesmo tema, visto que o resultado final seria bem diferente e mais enriquecedor para os restantes colegas, existindo uma diversidade de conteúdos.
Tomei esta decisão reflectindo sempre naquilo que tinha lido e, acima de tudo, fazia parte das minhas convicções: o professor deve sempre negociar com os alunos a forma como irá ser explorado o currículo, não sendo, de maneira nenhuma, impingindo, desta forma, os alunos é que correm pelo currículo e não o professor. Assim, criamos no aluno uma atitude cada vez mais motivadora e no nosso meio educativo um ambiente cada vez mais harmonioso e democrático. Para que um projecto seja pertinente e aliciante para os alunos é necessário que o trabalho de projecto parta deles e que esteja intrinsecamente relacionado com as vivências pessoais de cada criança. Como nos refere Américo Peças (1999) “o Projecto funda-se (e fecunda-se)
numa
organização
democrática.
Estas condições de exequibilidade e vivificação dos Projectos prenunciam um modelo pedagógico com uma forte organização democrática.” Só desta forma é que a aprendizagem e por sua vez o sucesso faz sentido, citando Tavares & Alarcão (1985), devemos “adequar o ensino ao nível de desenvolvimento dos alunos e ajudá-los a relacionar conhecimentos novos, com outros anteriormente adquiridos (…) Motivar o aluno para a aprendizagem, relacionando-a com as suas necessidades pessoais e os objectivos da própria aprendizagem.” Após a negociação dos temas, foi necessário ouvir as crianças, auscultando as suas questões, recolhendo as suas ideias e motivando-as a colocar perguntas para as quais gostassem de obter resposta. Deste modo, podemos afirmar que num projecto, os alunos têm de estar nele envolvidos desde a sua concepção, passando pela sua execução até à sua avaliação.
Foi com agrado e muita satisfação que me dirigi para a escola primária, onde iria leccionar com a minha colega Margarida. As
crianças,
turbulentas
e
agitadas,
esperavam no pátio pela professora, para mais um dia de aulas. Nesta sexta-feira, dia 14 de Maio, a aula iniciou-se dentro da normalidade: os alunos aprontaram o seu material escolar para principiarem as suas tarefas, enquanto eu escrevia a data e o Plano Diário no quadro. Neste dia, demos continuidade à criação de adereços
e
dos
cenários
relacionados
com
a
Dramatização. Volto a salientar a alegria e a grande motivação que os nossos alunos demonstram pela execução desta actividade. A Dramatização envolve diversas acções, dentro das quais aliadas as emoções, a imaginação, a criatividade e as próprias acções físicas. Assim, esta actividade torna-se, muitas vezes, a libertação exterior de aspectos particulares de cada criança que assim podem evidenciadas. Posteriormente, passamos para a Avaliação do Plano Individual de Trabalho. Quero dar mais destaque neste momento a um facto curioso que me aconteceu. Na minha anterior semana de prática, portanto dia 30 de Abril, ao avaliar o P.IT. apercebi-me de que quase nenhum aluno tinha elaborado fichas do Estudo do Meio durante o Tempo de Estudo Autónomo. Devido a este facto, pedi que os alunos reflectissem sobre o assunto e disse-lhes que tinham de elaborar um pouco de tudo, não excluindo o Estudo do Meio, visto que também tinha grande importância competências.
para
o
desenvolvimento
das
suas
Registo aqui com agrado e espanto que, quando verifiquei durante a avaliação desta semana, todos ou quase todos os alunos tinham elaborado uma ficha do Estudo do Meio. Devido a esta situação fiquei deveras contente por dois motivos: em primeiro lugar porque consegui verificar de uma maneira geral o que estava em falta, em segundo lugar porque os alunos tinham tido um acto reflexivo, conseguindo aperceber-se das suas falhas e compensando-as na semana seguinte. No Conselho de Turma, discutimos os assuntos em destaque. Cada vez mais, os nossos alunos estão a assumir um papel predominante, pois são eles próprios que reflectem sobre os acontecimentos decorridos e solucionam os mesmos. É
de
facto
um
momento
muito
agradável porque conseguimos verificar a evolução que os nossos alunos estão a atingir, como estão a crescer de dia para dia. Destaca-se, igualmente, que os alunos que em outros momentos não realizavam nenhum tipo de comentário, nestes últimos Conselhos, estão cada vez mais participativos, comunicando ao grande grupo opiniões legítimas e coerentes. A concluir, acrescento que ao dar por finalizada mais uma semana de prática, me sinto cada vez mais realizada, pois acho que o meio onde estou a trabalhar me tem dado grandes incentivos. Sinto que, de dia para dia, tanto a colega como eu estamos a melhorar e a limar a nossas arestas, crescendo também ao longo do tempo e, em conjunto com os alunos e com a nossa cooperante, certamente, alcançaremos o sucesso.