Diários de Estágio: (Observação) 1, 4 e 5 de Março de 2010
Nesta décima terceira semana de estágio, o dia de aula iniciou-se com normalidade. A aula começou às 8:30h, com a professora a ir buscar os alunos ao pátio e a dirigirem-se para a sala de aula. Esta semana é muito importante e crucial, será a nossa última semana de observação. Na semana seguinte daremos início à nossa prática pedagogia. Os alunos deram início à aula com as rotinas habituais, com a distribuição das tarefas, por eles já combinadas. Feitas as tarefas habituais, a professora registou no quadro a data:
Funchal, 1 de Março de 2010. Hoje é segunda-feira e está frio. Posteriormente passou-se ao Plano Diário, onde constavam os seguintes itens: 1tarefas; 2-Partilha de Novidades; 3– Mudar Tarefas; 4- Planificação da Semana; 5Preencher o novo PIT; 6- Projectos; 7-Matemática; 8- Tempo de Estudo Autónomo; 9Balanço do dia. Relativamente ao patamar número dois do Plano Diário, Partilha de Novidades, a professora perguntou aos alunos como correu a semana dado que, por causa da tragédia que devastou a nossa ilha, foi impossível haver aulas, portanto, a nossa escola esteve fechada a semana inteira e os nossos alunos não puderam ir à escola. Como tal, os alunos demonstraram interesse em comunicar sobre o acontecimento. Dada a situação, a nossa cooperante achou de extrema necessidade conversar com os alunos sobre o sucedido e com o consentimento dos mesmos foi comentado o acontecimento avassalador que nos sucedeu na semana anterior. Achei de uma grande sensibilidade por parte da cooperante enfrentar o problema directamente com a realidade que nos aconteceu, dando oportunidade aos alunos de conversarem e reflectirem sobre a tragédia.
Todos os alunos tiveram oportunidade de contar vários testemunhos, alguns discentes mencionaram o que vivenciaram, outros simplesmente o que visualizaram na televisão. Estivemos das 8:30 até as 10:30 com o diálogo. Generalizando, tivemos casos na nossa turma de alguns alunos que o temporal inundou as suas casas, uma aluna cujo telhado da sua casa desapareceu e o mais triste foi ouvir que uma aluna, com a enxurrada, perdeu um familiar, a sua prima. Foi um momento comovedor, onde a aluna e a professora cooperante se emocionaram. A professora titular demonstrou uma grande empatia e sensibilidade com a aluna, deixando transparecer os seus sentimentos. Acho muito importante e bonito testemunhar o companheirismo e o carinho que a nossa cooperante demonstra ter com os nossos alunos. De salientar, pela negativa, o caso das duas alunas que chegam sempre muito tarde. Novamente uma chegou as 9:10 e outras as 9:35. Acho muito desagradável quando isto acontece, e questiono-me: será que não podemos fazer alguma coisa? Será que não podemos ajudar as alunas? Será que não devemos tomar uma atitude? Porque, reflectindo um pouco, quem é gravemente prejudicado são as alunas porque não conseguem acompanhar a matéria e ficam atrasadas em relação à turma. Após o intervalo, a professora distribuiu os PIT´S corrigidos e, de uma forma geral, fez algumas críticas e sugestões. Passou em seguida a dispor os novos PIT´S para que os alunos o preenchessem. Na continuação, a cooperante juntamente com os alunos mudaram as Tarefas e planificaram a semana da seguinte forma: Organizaram as parcerias; Trabalho de texto da Raquel; Lista de palavras na terça-feira; Ler e escrever números na quinta-feira; Quadrado Mágico na sexta-feira;
Jornalinho na quinta-feira em vez do Caderno de Escrita Livre, Os livros e a leitura será na quarta-feira. Será trabalhado o livro: O Principezinho.
Passando ao patamar número sete do Plano Diário, Matemática Colectiva, foram abordados os seguintes conteúdos: “as metades e o dobro de…”, “o triplo e a terça parte de…” A cooperante realizou alguns exercícios no quadro e sugeriu a correcção dos mesmos aos alunos que apresentam algumas dificuldades nesta área. De salientar que os alunos chegaram à conclusão de diferentes formas, utilizando distintos raciocínios. Passo a dar o exemplo de um exercício que foi resolvido de diferentes formas:
O dobro de…: 16
2 x 16 = 32 (conclusão da Carlota)
16
16 + 10 = 26 + 6 = 32 (conclusão da Cristina)
16
16
16 (Conclusão da Jessica) 16
(Conclusão da Bea)
Reflectindo um pouco sobre o que visualizei, saliento uma vez mais a Pedagogia Diferenciada, em que nesta situação, estamos a respeitar cada aluno, ou seja, cada raciocínio e cada ritmo. Não interessa como é que o aluno faz, o raciocínio que utiliza, se faz como a Carlota ou se faz como a Bea, o que interessa é se o aluno chega à conclusão certa, atingindo de igual forma as competências necessárias. Para finalizar esta aula, o Presidente e o Secretário dirigiram-se para marcar o Balanço do Dia, ou seja, como correu o dia de aula.
De salientar que neste dia a turma esteve bem, atingindo quatro verdes e dois amarelos, ou seja, durante a aula os alunos tiveram 80% de bom comportamento e rentabilidade escolar.
Foi com agrado e muita satisfação que me dirigi para a escola primária, onde iria
leccionar
Margarida. agitadas,
As
com
a
minha
crianças,
esperavam
no
colega
turbulentas pátio
e
pela
professora, para mais um dia de aulas. A
aula
iniciou-se
dentro
da
normalidade: os alunos aprontaram o seu material escolar para principiarem as suas Tarefas. Posteriormente, passou-se à escrita da data no quadro, e em vez de ser a professora, como normalmente o faz, desta vez fui eu que registei a data no quadro:
Funchal, 4 de Março de 2009. Hoje é quinta-feira e está pouco nublado. Adorei fazê-lo, senti-me muito bem, fiz como a professora costuma fazer, questionar sempre os alunos. Seguidamente, a cooperante passou a escrever o Plano Diário, onde constavam: 1- Tarefas; 2- Planificações; 3- Jornalinho; 4- Tempo de Estudo Autónomo (escrita no Computador); 5- Música; 6- Ginástica; 7- Balanço do Dia. Hoje, gostaria, antes de mais, de salientar que as alunas que chegam sempre tarde, neste dia chegaram a tempo e horas, ambas chegaram no início da aula. Será que a partir de agora elas chegarão a horas ? Espero que sim para o bem das duas. Passámos para o patamar número três, o Jornalinho. Neste dia consegui perceber que os alunos estão em fase de finalização, portanto os textos para o Jornalinho já tinham sido produzidos. A professora aproveitou a situação e bem, na minha opinião, para chamá-los à atenção para algumas falhas que eles cometem, sendo que o objectivo é que, numa próxima vez isso não aconteça.
Antes de passarmos ao patamar número quatro, Tempo de Estudo Autónomo (escrita no Computador); a professora explicou aos alunos que nós iríamos apoiar os vários grupos, meia hora. 60
Gostaria de salientar que nesta altura, muito oportunamente, a professora fez uma representação da meia hora de trabalho, utilizando um relógio, explicou que a sua metade será a meia hora. Esta exploração abrange o conteúdo que foi trabalhado anteriormente na 30 Matemática Colectiva.
60 30
30
Posteriormente, a colega e eu fomos para a sala de Informática com metade da turma, com o objectivo de trabalhar com os alunos no computador, estes realizaram: trabalho de
texto, criação de frases, lista de palavras, ditados e cópias. Nunca tínhamos realizado tal actividade, pelo que achei muito interessante, motivador e potenciador
de
muitas
competências. O futuro são as tecnologias, para tal os nossos alunos têm que acompanhar a evolução e desenvolvimento da sociedade. Alguns dos nossos alunos estão a ensaiar para uma peça de teatro que virá a ser apresentada na próxima terça-feira. É na aula de Música que decorrem os ensaios. No dia de hoje não houve excepções, mas o responsável pela disciplina pediu a minha colaboração e a da Margarida, para ajudá-lo a preparar os alunos para o ensaio. Ajudámos a preparar e a vestir os alunos. Estavam muito bonitos. A peça era uma peça musical, onde os alunos interpretariam distintas músicas com diversas personagens.
Gostei muito de ter colaborado com o professor de Música, porque assim, além de me sentir mais integrada no meio educativo, também consigo acompanhar as actividades dos meus alunos, sabendo mais um pouco das suas actividades extracurriculares. Para finalizar, saliento a grande felicidade que sinto por hoje o Balanço do Dia só ter tido um amarelo. Significa que a nossa turma está a evoluir tanto a nível comportamental, como a nível de competências. Fico deveras satisfeita e muito orgulhosa dos nossos alunos. Não querendo ser muito exigente, ainda espero que no Balanço do Dia esteja tudo verde.
Nesta semana, à semelhança das anteriores, a aula decorreu com normalidade. Os alunos deram início às suas Tarefas, tal como já estava combinado antecipadamente no Conselho de Cooperação, e dirigiram-se aos seus lugares.
A professora escreveu no quadro
: Funchal, 5 de Março de 2010. Hoje
é sexta-feira e está a chover. Seguidamente, passou a escrever o Plano Diário, em que constava: 1- Tarefas; 2Planificação; 3- Comunicações; 4- Tempo de Estudo Autónomo; 5- Avaliação do PIT; 6- Quadrado Mágico; 7- Conselho de Turma e 8- Balanço do Dia. Nas Comunicações, um aluno mostrou um desenho que elaborou juntamente com o pai. Este desenho era mais especificamente o emblema do Sport Lisboa e Benfica. Algo que achei interessante foram as diversas intervenções que existiram durante este momento. Os restantes alunos fizeram boas questões, realçaram críticas e deram sugestões. Reflectindo um pouco sobre este momento, chego à conclusão que este momento das Comunicações é muito importante no espaço da aula, pois desenvolve muitas competências, tanto no aluno que apresenta a comunicação com os restantes que participam, como por exemplo: linguagem, a comunicação, a postura, entre outras. Durante o Tempo de Estudo Autónomo, trabalhei com um aluno que apresentava algumas dificuldades na área da Matemática, mais especificamente na escrita e na leitura de números. Juntamente com ele, elaborámos alguns exercícios, onde o discente trabalhou de forma aplicado e determinado a resolver o seu trabalho. Torna-se cada vez mais importante este momento de trabalho, “ para que os alunos, individualmente ou a pares, possam treinar capacidades e competências curriculares guiadas por exercícios propostos em ficheiros; possam estudar, em textos
informativos ou nos manuais, as matérias nucleares dos respectivos programas e possam exercitar-se no trabalho de produção ou de revisão de textos escritos; proceder a leituras à sua escolha, ou realizar quaisquer outras actividades de consolidação ou de desenvolvimento das aprendizagens”. (Sérgio Niza, 1999) Consigo durante o T.E.A. acompanhar um ou mais alunos, conseguindo-me aperceber das suas dificuldades e necessidades através do contacto directo com os mesmos. Também preciso realçar que é nestes momentos que consigo aperceber-me da minha maior dificuldade: acompanhar dois alunos ao mesmo tempo, como já realcei em outra reflexão, “ (…) Saliento que durante esta actividade senti algumas dificuldades, pois não conseguia dividir a minha atenção de igual forma pelos dois, deixando, por vezes, um à espera do outro. Esta situação, em particular, fez-me a pensar que terei que arranjar uma melhor estratégia para apoiar os alunos, sem os deixar à minha espera. Certamente que situações idênticas ocorrerão mais vezes e eu terei de ser capaz de solucioná-las em tempo útil.” As Listas de Verificação, são uma mais-valia no sentido que orientam tanto o aluno como o professor para o nível de competências que já existem e as que são precisas ainda adquirir, como nos diz Inácia Santana “facilitam, por um lado, a gestão colectiva do trabalho, uma vez que assinalamos o que foi trabalhado e o que os projecta trabalhar e propicia, por outro, regulação individual das aprendizagens, através da autoavaliação periódica, permitindo a cada um situar-se, em qualquer momento, face ao que já foi realizado. Dá-nos uma visão global dos progressos do grupo e de cada um facilitando aos alunos a tomada de consciência dos seus percursos. Chegadas do intervalo, a Margarida e eu tomámos a orientação da turma. Dado que a nossa cooperante teve que se ausentar por alguns minutos, pediu-nos que realizássemos com os alunos a mudança das Tarefas e a avaliação das parcerias. Isto foi muito importante para nós, tanto a colega como eu adorámos a experiência. Algo que gostaria de salientar foi a ajuda fornecida pelos nossos alunos, uma vez que estes tinham plena noção que, como era a primeira vez que estávamos a exercer tal trabalho, nós precisaríamos de ajuda. Criou-se ali um momento de afinidade tanto para a colega como para mim. A cooperação que a metodologia defende, entre os alunos e a cooperante é ultrapassado com a nossa presença, chegando a existir também entre os alunos e nós.
Posteriormente, passámos à Avaliação dos PIT. Os alunos, como já é habitual, iniciaram a Avaliação como combinado através da orientação da professora Mónica. É surpreendente como este momento é feito tão inconscientemente, pois os alunos dirigem para os seus lugares sem qualquer aviso prévio. Passámos ao patamar número seis do Plano Diário, Quadrado Mágico. Neste momento, a professora aproveitou para trabalhar as simetrias. Esta actividade vem na sequência da actividade do projecto Construindo o Êxito na Matemática (CEM) que tem por tema “A Matemática e a cidadania”. De salientar o facto de os alunos terem mostrado um grande entusiasmo durante a realização da actividade. Finalizada a actividade, a professora pediu aos alunos que arrumassem as suas coisas porque iríamos dar início ao Conselho. Durante este momento os alunos fizeram um barulho extremo levando a professora a aborrecer-se. Dada esta situação, a docente elaborou juntamente com os alunos uma lista com regras intitulada “quando arrumamos”. Algo de que me apercebi foi o facto de sempre que os alunos têm uma atitude ou um comportamento menos próprio, em vez de repreender ou até mesmo castigar, a professora cooperante cria as listas com regras, levando os alunos a reflectirem sobre o sucedido e responsabilizando-os para o incumprimento das mesmas. São estes momentos reflexivos que a docente tem com a turma que me faz pensar que, através destes comportamentos (criação das listas com regras) a turma vai crescendo e amadurecendo, tomando consciência dos seus actos e ganhando responsabilidade. Excluindo de todo os gritos e as repreensões em excesso. Passámos em seguida para Conselho de Turma, onde os alunos iniciaram com normalidade. O Secretário inicia a leitura da acta da semana anterior, em seguida o Presidente lê o Diário de Turma para depois se instalar o debate sobre os acontecimentos sucedidos e, posteriormente, a reflexão dos mesmos. Para que a Turma funcione como um sistema organizacional e auto-regulador, um dos preceitos fundamentais do sistema ou da organização da Turma é, sem dúvida, o Conselho. Segundo Sérgio Niza (1991) “o Conselho é assim um momento de articulação, de reordenação, de coordenação e de instituição por excelência. É o
momento de síntese e chave da abóbada da construção educativa de cada um dos subgrupos sociais (turmas) que constituem a escola” Este grande momento de regularização social e de democratização que é o Conselho, tem como principal guia o Diário de Turma, um instrumento colectivo de pilotagem. “ O Diário de Turma é, em síntese, o motor do Conselho de turma (ou conselhos de classes) e como seu instrumento fundamental torna o Conselho o centro da tomada de decisões democraticamente negociadas; o Centro do controlo institucional da execução das actividades e dos projectos combinados e da análise sistemática e crítica do seu desenvolvimento; o lugar de construção e do debate crítico das normas de convívio e dos comportamentos sociais do grupo”. Sérgio Niza (1991) Assim, o Diário de Turma revela-se um instrumento de extrema importância, já que nos permite ficar a saber tudo o que se passa com o grupo, em geral, com o próprio aluno, em particular, e até mesmo com todo o meio educativo envolvente: funcionários, outros professores, outros colegas, directora da escola, entre outros. Deste modo, o professor consegue ter um maior e fácil controlo do aluno, da Turma e de tudo o que se passa em seu redor. “O Diário de Turma torna-se assim um verdadeiro catalisador emocional na medida em que ajuda a instaurar “habitus” de racionalização e formalização mediadora, (…) ele permite desocultar os destinos clandestinos e os incidentes críticos e assumir o lado inconsciente das instituições como renovadoras e instituintes. E permite-o, pela anulação da vigilância externa, desenvolvendo o autocontrolo, isto é, interiorizando o papel de “vigilante””. Sérgio Niza (1991) Para finalizar a aula, o Balanço do Dia correu extremamente bem. Os alunos tiveram sete actividades verdes, uma actividade não fizeram e uma actividade amarelo. Dado que o Balanço do Dia é o retrato do que aconteceu ao longo do dia de trabalho, revelando os comportamento, atitudes e qualidade de trabalho, os alunos neste dia transpareceram um dia fantástico de trabalho. Fico muito contente e orgulhosa pelos nossos alunos, verifico que o Balanço do Dia tem vindo a melhorar e que eles estão a fazer um grande esforço para que assim seja. Aguardo passivamente o dia em que teremos tudo verde, e realço que se a turma continuar no bom caminho esse dia estará cada vez mais próximo.