Museu do
Louvre Paris
Primera parte
Índice das salas
MEZANINO
Galleria degli Uffizi Florença © 2009 E-ducation.it S.p.A., Firenze Una società SCALA GROUP, Firenze Direzione editoriale: Cinzia Caiazzo Chief Editor: Filippo Melli Coordinamento redazionale: ....................... ........... Redazione: ............................................. Impaginazione: ..................................... Ritocco fotografico: ............................. Progetto grafico: .................................. © 2008 Edizione speciale per Pubblicata su licenza di E-ducation.it S.p.A., Firenze Finito di stampare nel mese di lulgio 2008 presso: .................................. © 2008 E-ducation.it S.p.A., Firenze tutti i diritti riservati www.e-ducation.it info@e-ducation.it
ANTIGUIDADES GREGAS, ETRUSCAS E ROMANAS 10 Salas 1-3 Antiguidades Gregas ANTIGUIDADES EGÍPCIAS 12 Salas A-C Egipto Romano e Copto
RÉS-DO-CHÃO ANTIGUIDADES ORIENTAIS 14 Salas 1-6 Mesopotâmia 16 Sala 4 Mesopotâmia, Assíria – Khorsabad 24 Salas 7-15 Irão Antigo 26 Sala 12a O Palácio de Dário I em Susa 34 Salas 19-21 Levante ANTIGUIDADES EGÍPCIAS 36 Sala 1-19 Antiguidades Egipcias ANTIGUIDADES GREGAS, ETRUSCAS E ROMANAS - GALERIA DARU 38 Sala B Antiguidades Gregas, Etruscas e Romanas 44 Salas 1-17 Antiguidades Gregas 46 Sala 4 Sala de Olímpia 50 Sala 12 Galeria da Vénus de Milo – Sala Athena Mattei 52 Sala 17 Sala das Cariátides 58 Salas 18-20 Antiguidades Etruscas 60 Sala 18 Sala do Sarcófago dos Esposos 66 Sala 21-23 Antiguidades Romanas 68 escadaria daru Nike de Samotrácia
PRIMERO PISO ANTIGUIDADES EGÍPCIAS 72 Salas 20-30 Antiguidades 74 Sala 22 O Reino Antigo 71 Sala 25 O Reino Nov
Egipcias
os
mperdíveis
Arte assíria, O rei Sargon II e um alto dignitário Sala 4, página
17
Galeria Daru (Sala B), página
Arte assira, Touro androcéfalo alado Sala 4, página
20
Galeria Daru (Sala B), página
Sala 4, página
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Sala 4, página
12
12
Arte grega, Estela de Farsalo
Arte aqueménida, Friso dos grifos
12
Sala 4, página
Arte aqueménida, Capitel de uma coluna da sala das audiências (Apadana) Sala 12a, página
12
Arte grega, Vénus de Milo Sala 12, página
12
12
Sala 17, página
12
Arte grega, Afrodite agachada Sala 17, página
12
12
Sala 17, página
12
12
Sala 25, página
Arte grega, Nike de Samotrácia
12
Arte egípcia, O inspector dos escribas Raherka e sua esposa Marseankh
12
Arte egípcia, Escriba sentado Sala 22, página
12
12
Arte egípcia, Akhenaton e Nefertiti
12
Escadaria Daru, página
12
Arte egípcia, O rei Amenófis IV Sala 25, página
Arte etrusca, Lajes de Campana Sala 18, página
12
Arte egípcia, Torso feminino (Nefertiti) Sala 25, página
Arte etrusca, Sarcófago dos esposos Sala 18, página
Arte egípcia, Colher com jovem nadadora Sala 25, página
Arte grega, Hermafrodita adormecido
Sala 2, página
Cópia romana de original grego, Gladiador Borghese Galeria Daru (Sala B), página
12
Arte grega, Cabeça de Atena com elmo
Arte aqueménida, Friso dos arqueiros
Sala 12a, página
12
Arte greca, Torso de Mileto
22
Sala 12a, página
Cópia romana de original grego,, Diana de Versalhes
Cópia romana de original grego, Vaso Borghese
Arte assíria, Transporte de madeira de cedro do Líbano Sala 4, página
Arte romana, O imperador Trajano
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História do Louvre
A
s prestigiosas colecções do Louvre distribuem-se por vários pisos, ao longo de uma superfície expositiva que abrange três alas do complexo: a ala Sully, lado Cour Carrée; a ala Denon, lado Sena; e a ala Richelieu, lado Rue de Rivoli. Dos sete departamentos que reúnem o património do Louvre, três são dedicados aos achados antigos. As colecções incluem obras-primas de estatuária oriental, célebres mármores gregos e romanos, mas também artefactos de uso quotidiano, como objectos de toilette ou vasos: arte, mas também artesanato. Na secção de antiguidade oriental são eximiamente ilustradas as culturas das civilizações do Próximo Oriente, graças aos materiais encontrados nas frutuosas campanhas oitocentistas na Síria e no Iraque. Os arqueólogos franceses Jacques de Morgan, a quem se deve a descoberta do Código de Hammurabi, também este conservado no Louvre, e Andrè Parrot trouxeram para Paris achados únicos tais como as estátuas de Gudeia ou os frisos do palácio de Dário em Susa; mas a expedição mais importante, graças à qual foi criado o primeiro “museu assírio”, foi a de Khorsabad de Paule Emile Botta, da qual provêm os relevos do palácio de Sargon. A secção que inclui as colecções egípcias está ligada às figuras de Napoleão Bonaparte e Jean François Champollion, considerado o pai da egiptologia, decifrador da famosa Pedra de Roseta e director do “museu egípcio” do Louvre desde 1826. O núcleo das antiguidades clássicas era formado, no século XIX, pelas colecções reais de Francisco I e Luís XIV. Pouco tempo depois, as aquisições das colecções Borghese, Albani e Campana acrescentaram mais de 12.000 elementos à secção. Em meados do século XIX, foi inaugurado o primeiro museu grego com exposição das obras segundo um itinerário cronológico. Novas obras-primas, como a Vénus de Milo ou a Dama de Auxerre, entraram no museu graças a doações e trocas com outras entidades. Este longo processo de formação está na origem daquela que se tornou numa realidade inigualável para a história da arte antiga: três extraordinários museus arqueológicos concentrados num único grande museu, ainda hoje em contínua evolução.
Perspectiva do segundo corredor
Guia das salas
Antiguidades Gregas, Etruscas e Romanas Antiguidades Gregas Salas 1-3
Arte ciclรกdica, Cabeรงa feminina 2700-2300a.C.
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Arte grega, Dama de Auxerre 640-630 a.C.
Arte grega, Estรกtua feminina c. 570 a.C.
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Antiguidades Egípcias Egipto romano e copto Salas A-B-C
Arte copta, Cristo e São Menas Século 7-8 d. C. Arte copta, O nascimento de Afrodite Século V d. C. Arte copta, Retrato de mulher jovem c. 160 d.C.
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Antiguidades Orientais Mesopotâmia Salas 1-6
Arte sumero-acádica, Ur-Nanshe’ e a sua família c. 2550-2500 a.C. Arte mesopotâmica, O intendente Ebih-il c. 2500 a.C. Arte mesopotâmica, Estela da vitória de Naram Sin 2350-2200 a.C. 14
Arte babilónica, Código de Hammurabi 1792-1750 a.C.
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Sala 4 Mesopotâmia, Assíria – Khorsabad
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N
o interior desta sala, situada no rés-do-chão da Ala Richelieu, reúnem-se as colecções de antiguidade assíria do Louvre, que já em 1847 albergava um museu assírio. Em 1843, Paul-Emile Botta, cônsul francês em Mossul, no Iraque setentrional, trazia à luz o palácio do rei Sargon II na cidade de Dur-Sharrukin, actual Khorsabad. O luminoso pátio interno coberto, que deve o seu nome a essa cidade fundada no século VIII a.C., acolhe as decorações das paredes do palácio real e de uma porta da cidade. O sugestivo espaço, concebido em 1993 pelo arquitecto americano Stephen Rustow, desfruta da altura da sala para sugerir ao visitante a impressão de estar dentro do mundo mesopotâmico, com os grandes relevos colocados à altura original. Uma estrutura moderna funciona como uma esplêndida moldura para os touros alados de cinco patas colocados em frente à terceira porta das muralhas de Khorsabad e para os belíssimos baixos-relevos que adornavam o palácio do rei e que relembram a sua construção.
Arte mesopotâmica, Cena de caça às aves 722-705 705 a.C. 1
■ Arte assíria, O rei Sargon II e um alto dignitário 721-705 a.C. Sargon II, rei dos assírios por volta de 700 a.C., é a figura em destaque no centro do relevo proveniente da cidade de Khorsabad; a coroa troncónica e o bastão de comando são os atributos
reais com os quais o soberano é retratado. A barba é realizada com pequenas pérolas na parte superior e em tranças verticais na parte inferior. As vestes, compridas e pesadas, são decoradas com rosetas inseridas em quadrados. Todas as personagens são adornadas por ricas jóias: brincos e
pulseiras, e carregam uma espada, guardada numa bainha decorada com cabeças de leão. Em frente ao soberano apresenta-se provavelmente o príncipe herdeiro Sennacherib, representado como um alto dignitário vestido com uma túnica comprida, em parte lisa, em parte percorrida
por pregas densas. Sobre a superfície do relevo, em correspondência com os olhos e a barba, foram identificados traços de cor, testemunhando que os relevos deveriam ser pelo menos em parte policromáticos.
1
os mperdíveis ■ Arte assira, Touro androcéfalo alado 721-705 a.C. O sugestivo e fantástico animal, considerado pelos antigos assírios o guardião dos fundamentos do mundo, defendia a porta do palácio do rei Sargon II. Esta estranha figura, que exprime força e potência, reúne num único ser harmonioso e vigoroso elementos diversos retirados do corpo humano e do mundo animal. O rosto tem traços humanos, delineados com cuidado em cada linha, da sobrancelha arqueada aos olhos alongados, do nariz ligeiramente curvo aos lábios cerrados. Uma longa barba enrolada desce entre as possantes patas dianteiras alinhadas e sobre a cabeça deste ser repousa uma coroa. O corpo é de touro, representado contudo com cinco patas, ou seja, completamente infiel à forma animal. A linha sublinha a musculatura e a força desta besta, símbolo da fecundidade das manadas. O rei das aves, a águia, fornece a este ser imaginário as asas, as quais se separam das patas dianteiras desenhando o corpo com um gosto pelo decorativismo que testemunha a sofisticação da arte assíria. 20
os mperdíveis ■ Arte assíria, Transporte de madeira de cedro do Líbano Século VIII a.C. Vasto era o reino de Sargon II, poderoso rei assírio que viveu por volta do século VIII a.C. O relevo desta laje testemunha-o. O cenário é uma paisagem montanhosa; apercebemo22
nos disso graças ao recurso gráfico da decoração por camadas, utilizada na arte oriental para indicar a montanha. Aqui vinte e oito personagens (o sentido de leitura é da direita para a esquerda), estão atarefadas na actividade de transporte de uma importante e preciosíssima matéria-prima: a madeira
proveniente do Líbano. A laje faz parte de uma série de relevos decorados e o objectivo de introduzir este tema no interior do palácio real era o de proclamar o poder do soberano mesmo em países longínquos. Em geral, o transporte dos troncos era feito por via fluvial; neste caso, é ilustrada a
passagem do transporte por terra, através da mãode-obra recrutada entre escravos e deportados. Os troncos são arrastados manualmente, com o auxílio de cordas.
Antiguidades Orientais Irão Antigo (Salas 7-15)
Arte persa, Cálice em terracota pintado com decorações de animais c. 4000 a.C. 24
Arte persa, A princesa de Bactriana com um vestido Kaukenes Final do III milénio
Arte persa, Modelo em bronze de um local de culto para cerimónias ao sol nascente (Sit-Shamsi) c. 1150 a.C.
Arte persa, Taça com monstros Século XIV-XV a.C.
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Sala 12a O Palácio de Dário I em Susa
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stamos prestes a entrar no domínio do “Grande Rei”. Nesta sala ampla estão guardados, entre as extraordinárias obras provenientes do Irão, os soberbos relevos que ornamentavam as paredes do palácio de Dário, rei da Pérsia, e um grandioso e monumental capitel proveniente desse mesmo edifício. Quem entrasse no palácio do rei Dário em Susa e se encaminhasse para a sala do trono, era obrigado a percorrer corredores decorados com uma torrente contínua de figuras de guerreiros, repetidas em sucessão. Eram os chamados “imortais”, os guardas escolhidos pelo rei, porque a cada derrota eram imediatamente reintegrados: uma espécie de exército imortal e invulnerável. Mas todo o aparato decorativo do enorme palácio era construído com a intenção de transmitir ao visitante a força, a grandeza e a potência do rei e do seu exército. Visitando estas salas, também nós ficamos perfeitamente convencidos.
Arte aqueménida, Asa de vaso em forma de cabra montês alada Século IV a.C. 2
Arte aqueménida, Friso dos arqueiros c. 510 a.C. Os arqueiros do rei Dário da Pérsia, representados neste excepcional baixo-relevo, apresentam-se armados perante o visitante: aos ombros carregam a aljava com as setas e o arco e nas mãos seguram uma longa lança. Apesar de
serem representados de perfil, a luz que se reflecte nos ladrilhos esmaltados confere vivacidade e volume aos seus corpos. A obra está conservada de forma excepcional, em particular no que toca à vivacidade das cores. Cada laje está coberta por ladrilhos esmaltados
e o relevo é realizado em matriz, de acordo com a tradição da decoração das paredes nos palácios assírios e babilónicos. As personagens do friso, reproduzidas em série, estão vestidas com ricas vestes chamadas chandis, decoradas minuciosamente com motivos típicos
orientais tais como rosetas, estrelas e flores de lótus. O comandante é ornamentado por turbantes e tiaras. A barba é feita de pequenas pérolas. O luxo das decorações e as armas dos guerreiros recordam ao visitante a grandeza do rei Dário e a força do seu exército. 2
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■ Arte aqueménida, Friso dos grifos c. 510 a.C. O sujeito representado é um grifo, mas o que é um grifo? Trata-se de um animal fantástico do repertório oriental, com um corpo que une características de leão e de águia. O animal é retratado
de perfil, numa posição avançada, e a sua cabeça é coroada por grandes cornos retorcidos. O focinho leonino, com a boca semiaberta em jeito de rugido, exprime toda a sua ferocidade. As grandes asas são realizadas com precisão nos detalhes de cada pena.
A representação não é naturalista, mas sim bastante estilizada, com referências a figuras heráldicas. O pêlo não parece natural, escamado na barriga e no pescoço e em pequenas esferas ao longo do dorso. A massa muscular é também realizada de
forma esquemática, com preenchimentos de cor, como a lua alinhada com o músculo da coxa. A policromia é vivaz, realizada com ladrilhos esmaltados em relevo, com a técnica de estampa.
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os mperdíveis ■ Arte aqueménida, Capitel de uma coluna da sala das audiências (Apadana) c. 510 a.C. O capitel, único sobrevivente das 36 colunas que sustentavam o tecto da sala das audiências do palácio de Dário, é formado por
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duas partes distintas: a parte inferior, em que é recorrente o tema da espiral utilizado como ornamento no campo monumental, e a parte superior, que apresenta o famoso motivo decorativo dos dois animais. Neste caso, os touros unidos pelo dorso constituem um
elemento arquitectónico. As cabeças não são realizadas de forma naturalista, mas sim bastante esquemática, tal como a pelagem dos animais, que é executada através de uma série de pequenas espirais em relevo alinhadas, quase com função ornamental. A escultura de alta escola
persa tem um carácter essencialmente decorativo: os motivos repetemse, sempre iguais, em esquemas iconográficos bem identificáveis. A escolha do touro teve sem dúvida como objectivo sugerir uma ideia de força e estabilidade relativamente ao soberano e ao seu reino.
Antiguidades Orientais Levante (Sale 7-15)
Arte da Idade do Bronze, Modelo de barco com pessoas a bordo 2000-1600 a.C. Arte da Idade do Bronze, Modelo de uma casa em terracota Arte fenĂcia, Estela de Baal de Ras Shamara 34
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Antichità Egizie Salas 1-19
Arte egípcia, Estátua em granito preto da deusa Sekhmet, representada com cabeça de leão 1391-1353 a.C.) Arte egípcia, Hipopótamo em maiólica c. 2016-1963 a.C.
Arte egípcia, Sarcófago de Madja em madeira e gesso pintado c. 1690 a.C.. Arte egípcia, Didi e seu filho Pendoua ajoelhados 36
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Antiguidades Gregas, Etruscas e Romanas Galeria Daru (Sala B)
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ntramos agora na galeria Daru, um dos três pavilhões internos, juntamente com Denon e Mollien, mandados construir por Napoleão III em 1857. Esta sala luminosa, com janelas amplas, projectada como galeria de exposição para as esculturas do Salon anual de Paris, alberga actualmente antiguidades gregas e romanas, em especial estátuas e sarcófagos. Entre as muitas obras expostas nesta sala, duas delas chamam imediatamente a atenção: a grande Cratera e o Gladiador Borghese, adquiridos por Napoleão Bonaparte para ajudar o cunhado Camillo Borghese, que passava por graves dificuldades económicas. Contudo, a maior parte dos sarcófagos e das estátuas romanas aqui presentes derivam da colecção que integrou as obras do Louvre em 1808. A galeria expõe também alguns mármores provenientes da colecção do Cardeal Richelieu e do Marquês Campana.
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■ Cópia romana de original grego, Gladiador Borghese c. 100 a.C. Este sujeito, erroneamente definido gladiador, é na realidade um combatente numa atitude de defesa, e testemunha perfeitamente aquilo que a escultura representou, mais do que qualquer outra arte figurativa, nos séculos anteriores ao advento da fotografia: soube colher o instante, parar o tempo, mostrar-nos uma acção no seu decurso. Observe este guerreiro; do seu posicionamento no espaço presume-se que fizesse parte de um grupo: o seu olhar dirige-se para cima… talvez um segundo guerreiro estivesse prestes a lançar-lhe um ataque. 38
Defende-se com o braço esquerdo, onde um cordão nos diz que segurava um escudo, mas com a mão direita está pronto para golpear com a espada que brandia. A linha oblíqua do seu corpo, do pé esquerdo à mão direita, testemunha magicamente o movimento do golpe, do mergulho em que o guerreiro está para cair. A excepcional qualidade dos detalhes anatómicos deixa deduzir que o artista tenha recorrido, além de modelos vivos, a um corpo sem pele para a reprodução da musculatura. O rosto tem traços fisionómicos característicos e provavelmente retrata um indivíduo bem preciso, cujo nome se perdeu no tempo. 39
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mperdíveis ■ Arte romana, O imperador Trajano c. 108 d.C. A estátua representa o imperador Trajano. As características fisionómicas do seu rosto, que encontramos em todos os seus retratos, são de facto inconfundíveis: a face triangular, os lábios finos e os cabelos penteados para a frente sobre a testa, numa espécie de franja comprida. É retratado de pé com o peso do corpo distribuído sobre a perna direita e o braço correspondente, elevado para suster uma lança ou um ceptro perdidos. A intenção do artista é evidente: celebrar o imperador nas vestes de grande conquistador. De facto, sob o seu comando supremo, o império alcançou a sua máxima extensão territorial. Na complexa decoração da armadura, onde se reconhecem duas Vitórias aladas circundadas por troféus, escudos e dois prisioneiros, o artista alude em particular à submissão da Dácia, ocorrida entre 101 e 106.Sobre o ombro o paludamentum, típico manto dos generais romanos que cai numa cascata de densas pregas, envolvendo o braço. O conceito geral da obra recorda sem dúvida a célebre estátua de Augusto de Prima Porta, na qual seguramente se inspirou. 40
■ Cópia romana de original grego, Vaso Borghese c. 40-30 a.C. Trazido à luz em 1556 no interior dos Jardins de Salústio em Roma, este grande vaso de mármore é inteiramente decorado em relevo. A forma é
típica de uma cratera, um vaso de boca larga, utilizado para a prática do simpósio, durante o qual era hábito misturar vinho com água para diminuir o conteúdo alcoólico. Mas este vaso, com 172 centímetros de altura, tinha seguramente uma função
diferente: provavelmente adornava, por exemplo, o jardim de uma casa. Faltam-lhe as pegas, que deveriam estar colocadas lateralmente, na parte inferior do reservatório, em correspondência com algumas gárgulas de sátiros. No corpo da
cratera é representado um cortejo dionisíaco emoldurado por ramos de videira. Na procissão, que procede ao som de música, participa o próprio Dionísio, acompanhado por sátiros e sacerdotisas dançantes.
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Antiguidades Gregas, Etruscas e Romanas Antiguidades gregas (Sale 1-17)
Arte grega, Estela fúnebre em mármore de Phainippos, Mnesarete e Mnesarete Metade do século IV a.C. 42
Arte grega, Ptolomeu I Século III a.C.
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ntramos agora na “Sala de Olímpia”, que deve o seu nome a algumas métopas, aqui expostas, provenientes do templo de Zeus em Olímpia e datadas de metade do século V a.C.. Nesta secção conservamse os vestígios atribuídos à Grécia clássica. Contemplemos as placas que decoravam a fachada do templo, que tinham como tema os doze trabalhos de Héracles, o mítico fundador dos jogos olímpicos. Sobretudo aquela que retrata a luta de Héracles contra o touro cretense, obra-prima absoluta de jogos de linhas, de forças contrapostas e de potência sobre-humana. A mesma potência que encontramos também no chamado “Torso de Mileto”, estátua acefálica e mutilada mas que conserva ainda toda a sua força expressiva.
naturalista, de acordo com as regras do estilo severo que se impunha no século V a.C. entre os artistas de Egina e do qual esta extraordinária obra encarna todas as características. Devemos imaginar a obra na sua origem policromática, apesar de hoje não existirem traços de cor na superfície. A cabeça estaria decorada com elementos adicionais que se perderam e dos quais restam apenas os numerosos furos come testemunho. Aqui presumimos que estariam implantados caracóis que pendiam até às têmporas, brincos metálicos nos lóbulos das orelhas e elementos do elmo como a protecção para as bochechas e o penacho.
mperdíveis
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■ Arte grega, Cabeça de Atena com elmo C . 470-460 Queixo redondo, pálpebras pesadas, expressão grave e austera, olhar profundo e intenso: é desta forma que Atena é representada nesta escultura. A deusa da guerra, que usa um elmo, mostra-se no entanto no seu aspecto mais valoroso, reflexivo, menos sanguinário: perdeu o dito sorriso arcaico, que caracterizava a produção escultória precedente, pare se aproximar da representação das figuras do frontão este do templo de Aphaia em Egina, ilha onde foi descoberta. Detalhes com os olhos e a belíssima boca são realizados de forma extremamente
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Sala 4 Sala de Olímpia
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mperdíveis ■ Arte greca, Torso de Mileto c. 480-470 a.C. É impressionante o modo como esta escultura, ainda que mutilada, parece contudo prestes a avançar; o movimento é impresso no mármore, na tensão dos músculos, na leve curva da coluna vertebral, na assimetria dos peitorais, com o peso do corpo distribuído sobre a perna direita, enquanto a esquerda deveria estar ligeiramente flectida. A obra situa-se cronologicamente no momento de passagem entre a época arcaica e a época clássica, fundindo assim as características 44
estilísticas de ambos os períodos. Dos chamados kouroi arcaicos, ou seja, estátuas de jovens representados no auge da sua beleza física e intelectual, mantém a posição estática e frontal, a perna esquerda ligeiramente avançada e a nudez, mas mostra uma vontade nova de exprimir movimento. Contudo, são os músculos bem delineados e maciços e os ombros possantes a revelar a verdadeira novidade em relação ao estilo antigo, ou seja, uma forte componente realística em contraposição à estilização arcaica dos corpos.
■ Arte grega, Estela de Farsalo c. 470-460 a.C. Duas figuras femininas colocadas de perfil são as protagonistas desta estela que, chegada até nós sem a parte inferior, não nos permite perceber se foram retratadas de pé ou sentadas. Mas aquilo que vemos é suficiente para depreender aquilo que estão a fazer: trocam presentes e as suas mãos entrelaçam-se delicadamente ao centro da cena. Sobre os seus ombros cai um quíton pesado; os cabelos estão em parte apanhados junto
à nuca com uma faixa de tecido amarrada por cima da orelha, em parte emolduram as têmporas com um movimento
ondulado regular. Os presentes são, sem dúvida, objectos com significado simbólico, que no entanto não conseguimos
reconhecer: talvez flores, para outros astrágalos ou romãs.
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Sala 12 Galeria da Vénus de Milo – Sala Athena Mattei
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o rés-do-chão da zona Denon situa-se a sala que acolhe famosas obras da antiguidade clássica. Apresenta paredes revestidas em mármore e um pavimento coberto por mármore policromático embutido. No centro desta sala, que se ilumina graças às grandes janelas, repousa sobre um pedestal a escultura que representa a deusa Vénus, descoberta em 1820 na ilha de Milo e doada ao rei Luís XVIII pelo marquês de Rivière. Esta eleva-se esplêndida e mutilada, como uma divindade num templo. Emblema da harmonia e do fascínio feminino, envolve o visitante pela beleza expressiva do rosto e pelo movimento sinuosa do corpo vital seminu.
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Arte grega, Vénus de Milo c. 100 a.C. O busto nu da deusa do amor, Vénus, surge do manto enrolado que lhe cobre a parte inferior do corpo, com um modelo robusto e torneado. A estátua foi esculpida em dois blocos de mármore distintos, que se unem junto às ancas, onde se enrola o manto deslocado. Os flancos da mulher são largos, os seios pequenos. A cabeça apresenta um penteado simples com os cabelos ligeiramente ondulados divididos por um risco ao meio e recolhidos em duas faixas laterais que terminam num nó sobre a nuca. A expressão severa rosto é modelada no mármore branco com um naturalismo esfumado, que se detém a descrever os lábios finos, o nariz pequeno, as pálpebras leves. A ausência dos braços permite-nos apenas formular hipóteses sobre a postura desta Vénus, cujo braço esquerdo talvez pousasse num apoio lateral, o mesmo sobre o qual se apoiava o pá esquerdo ligeiramente elevado.
Sala 17 Sala das Cariátides
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sta sala na qual estamos a entrar era, na sua origem, uma das maiores salas de baile do palácio e recebeu o seu nome das quatro figuras femininas que sustentam, como colunas, a tribuna destinada aos músicos. Actualmente estão aqui conservadas cópias romanas de originais gregos do século IV e da época helenística, cujo gosto se conjuga agradavelmente com as decorações renascentistas que embelezam as paredes desta vasta sala. Entre as obras que mais prendem a atenção do visitante, a mais vivaz e sugestiva é sem dúvida Diana de Versalhes, à qual é reservada uma posição de destaque ao centro da sala; enquanto a Ninfa de Fontainebleau, uma escultura de tema mitológico, cópia do original de Benvenuto Cellini, impressiona pela delicada elegância das formas e pela riqueza de detalhes do baixo-relevo.
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Afrodite agachada durante o acto da lavagem, famoso desde os tempos de Praxiteles e provavelmente destinada a ser colocada em frente a um espelho de água ou uma fonte. O artista romano modelou o seu trabalho de acordo com um original grego, provavelmente a Afrodite de bronze do escultor Doidalsa, que viveu na Bitínia no século III a.C., mas modificou a composição colocando o braço direito elevado atrás do pescoço em vez de o deixar na posição tradicional a cobrir os seios. A cabeça, o braço e a coxa esquerda foram restaurados.
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■ Arte grega, Afrodite agachada Século I-II a.C. A deusa do amor é apanhada de surpresa durante o momento privado do banho, numa pose verdadeiramente inovadora. Até então, nunca fora mostrada uma figura feminina nua assim agachada, investigada até nos detalhes anatómicos, como as dobras da barriga. As formas são suaves e redondas, e a estrutura da obra tem uma orientação quase piramidal. O gesto da deusa esconde pudor e ao mesmo tempo sensualidade. Esta é uma das diversas versões realizadas ao longo dos séculos sobre o tema da
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mperdíveis ■ Cópia romana de original grego, Diana de Versalhes Século I-II a.C. Artemisa, deusa da caça, irmã de Apolo, é aqui representada em acção, enquanto retira uma seta da aldraba, vestida com um quíton curto que lhe facilita os movimentos e envolta num manto (o himation) que se caracteriza pelo cair vivaz. A cabeça está voltada para a direita, o olhar dirige-se para um sujeito externo à composição, talvez uma presa mais apetecida. Com a mão esquerda, a deusa segura os cornos de um pequeno veado retratado de forma extremamente vívida e naturalista ao seu lado. Toda a figura movese no espaço fremente e carregada de pathos, com toda a energia própria da deusa caçadora.
Esta é uma cópia romana em mármore de um original grego de bronze realizado por Leochares, escultor grego que viveu em Atenas no século IV a.C. A obra, na onda do coleccionismo de antiguidades, conheceu um notável sucesso, e entre os séculos XVI e XVII foi reproduzida nos mais prestigiosos jardins de França, como Fontainebleau e Versalhes. ■ Arte grega, Hermafrodita adormecido Século II d.C. Hermafrodita, belíssimo filho de Hermes e Afrodite, por castigo divino passou a exibir traços femininos e masculinos, a partir do momento em que uma ninfa, não correspondida, pediu para unir para sempre o seu corpo ao do amado. Aqui vemo-lo
adormecido com traços de adolescente, distendido, coberto apenas por um manto que se enrola em volta de um braço e das pernas. Trata-se de uma cópia romana inspirada num original de bronze grego, ao qual sucessivamente foram acrescentados um colchão e uma almofada esculpidos por Bernini. A visão deste jovem adormecido provoca no observador um sentimento de profunda inquietação porque dois opostos convivem no mesmo corpo; mudando a perspectiva, o sujeito altera o seu género de masculino a feminino. Toda a obra se permeia de uma forte sensação de contraste: o sono é sereno e profundo, mas ao mesmo tempo conturbado e inquieto, o corpo está abandonado mas a torção
atormentada do busto indica que o sujeito está para prestes a voltar-se para cima. De uma parte, nádegas redondas, as covas dos rins, ombros finos e toda a serenidade do repouso; da outra, todas as conotações masculinas. Também no rosto é possível vislumbrar a ambiguidade dos traços fortemente masculinos unidos a uma boca extremamente feminina. O penteado é sem dúvida um dos mais ricos e elaborados que nos foram transmitidos pela tradição, com tranças amarradas, cachos e aplicações de pedras preciosas.
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Antiguidades Gregas, Etruscas e Romanas Antiguidades etruscas (Salas 18-20)
Arte etrusca, Urna cinerĂĄria em terracota SĂŠculo VIII-III a.C. Artista: Arte etrusca, Estatueta feminina em bronze 350 a.C.
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Sala 18 Sala do Sarcófago dos Esposos
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desaturare lo sfondo, colore brutto
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sta ampla sala do museu, situada no rés-do-chão do pavilhão Denon, é dedicada a duas culturas que são, ainda hoje, em grande parte um mistério: as culturas de Villanova e etrusca. Se da cultura de Villanova os nossos conhecimentos são relativamente reduzidos, em relação ao modo de vida dos etruscos sabemos muito mais, graças a uma maior quantidade de achados, que permitiram aos estudiosos elaborar um quadro bastante preciso dos usos e costumes deste povo. Algumas das obras de artes etruscas mais interessantes presentes nesta sala provêm da necrópole de Cerveteri, como o Sarcófago dos Esposos. Trata-se de um túmulo em terracota que reproduz dois esposos estendidos sobre o leito, banqueteando-se. O sarcófago confirma a importância das mulheres na cultura etrusca, porque – ao contrário do que acontecia no mundo grego – a esposa participa no banquete juntamente com o homem e possui proporções semelhantes, sinal da mesma igualdade e posição social.
■ Arte etrusca, Sarcófago dos esposos c. 520-510 a.C. Um casal de defuntos pertencente a uma rica família etrusca é representado estendido sobre um leito convivial com o busto semi-erecto, enquanto participa num banquete fúnebre. A posição dos cônjuges
desloca o equilíbrio para a direita, acentuando a espessura física e a forte evidência plástica dos seus bustos e diminuindo a das pernas, que se tornam cada vez mais finas até ao fim do leito. Aqui pousam os pés, os do homem, descalços, e os da sua companheira, calçados com sapatos afunilados.
Finas camadas de argila modelam as vestes e os cabelos, que caem sobre os ombros como pequenos cordões entrançados de forma plástica. Cada pormenor é modelado com extremo realismo. As mãos harmonizam-se entre si num jogo de gestos envolventes, capazes de prender o olhar do
espectador, atraído pela serenidade de espírito dos esposos.
Arte etrusca, Antefixa com cabeça feminina Início do século V a.C. 58
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■ Arte etrusca, Lajes de Campana Segunda metade do século VI a.C. As lajes devem o seu nome ao Marquês Campana que, na primeira metade do século XIX, as acolheu na sua rica colecção, e representam um ponto de viragem da arte etrusca: a delicada técnica artesanal itálica começa de facto a inspirar-se em elementos figurativos gregos. Neste caso, por exemplo, é forte a influência iónica, sobretudo no recorte amendoado dos olhos, nas densas pregas das vestes femininas, nos cabelos numa massa única, na forma maciça dos corpos. O estilo das representações recorda sem dúvida a pintura de vasos, começando pelas cores usadas: branco, vermelho e preto, as cores típicas das cerâmicas pintadas. O cortejo avança entre duas faixas decorativas. Na cena, provavelmente uma procissão, são representadas alternadamente personagens femininas e masculinas com ofertas: as primeiras carregam armas e caracterizam-se pela pele de cor mais escura; as mulheres levam espigas de trigo e a sua tez é branca. Os homens vestem um quíton curto, as mulheres, cobertas, vestem por sua vez uma longa túnica. As lajes destinavamse inicialmente a um edifício público, e só mais tarde parecem ter sido adaptadas às paredes de um túmulo da necrópole de Banditaccia em Cerveteri. 2
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Antiguidades Gregas, Etruscas e Romanas Antiguidades romanas (Salas 21-31)
Arte romana, Baixo-relevo de Domitius Ahenobarbus: recenseamento dos cidadãos e sacrifício ao deus Marte 100 a.C. 4
Arte romana, O imperador Adriano com a couraça
Arte romana, O imperador Adriano Segundo quarto do segundo século
Arte romana, O julgamento de Páris c. 115
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Escadaria Daru
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ampla e monumental escadaria que sobe desde o rés-do-chão da ala Denon até ao piso superior foi construída pelo arquitecto Hector Lefuel a mando do imperador Napoleão III. A realização da imponente escadaria durou muitos anos. Em 1883, foi finalmente colocada no topo do primeiro lanço a estátua da deusa da Vitória, que chegara há pouco a França vinda da ilha grega de Samotrácia. Do topo das escadas, Vitória parece desafiar o espaço, impressionando o visitante que se prepara para subir os degraus pela sensação de liberdade e de movimento que emana desta figura acéfala e sem braços, com o cair das vestes que ora aderem ao corpo, ora se afastam devido à força do vento. As decorações da escadaria com frescos e mosaicos, que foram realizadas nos anos imediatamente a seguir à sua construção, foram eliminadas em 1934, quando se preferiu a nudez da pedra como fundo para o corpo possante e impetuoso da Vitória.
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formas do corpo feminino, com o qual cria um suave jogo de claro-escuro. O manto cai sobre os ombros da deusa e desce pela perna direita até aos pés. A outra faixa, movimentada pelo ar, circunda a figura e agitase com impetuosidade sobre os seus membros, caindo em dobras densas num ritmo quebrado, que mudam frequentemente de direcção e se emaranham na parte inferior do corpo. O escultor anónimo deixa o vento da ilha de Samotrácia modelar esta grandiosa figura divina, cuja torção do corpo se conclui na cabeça voltada para a esquerda, transmitindo ao observador a sensação de perfeita simbiose da deusa com a atmosfera.
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Arte grega, Nike de Samotrácia c. 190 a.C. No topo de uma proa de navio imaginária ergue-se a imponente imagem de Nike, a deusa grega da Vitória, retratada como uma mulher alada. Acéfala e sem braços, a anca esquerda da Vitória sobressai de lado, enquanto o tronco se desloca no sentido oposto, conferindo um sentido de movimento ao eixo de simetria. À deslocação dos membros em direcções opostas corresponde o movimento das vestes, que ora aderem ao corpo, ora se afastam, sopradas pelo vento. O fino quíton apertado junto aos seios forma leves ondulações no tecido do vestido, sob o qual se vislumbram as generosas
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Antiguidades Egípcias Salas 20-30
Arte egípcia, Punhal de Gebel el-Araq 3400 a.C. Arte egípcia, Estela do rei Serpente de Abydos 3100-2700 a.C. 72
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Sala 22 O Reino Antigo
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nquanto as salas no rés-do-chão propõem uma apresentação “temática” da arte egípcia, os ambientes do primeiro piso, nos quais estamos agora a entrar, oferecem um percurso cronológico que nos permitirá aprofundar os aspectos principais da evolução artística do Egipto, do Reino Antigo ao Novo Reino. Os testemunhos desta época compreendem essencialmente monumentos e material fúnebre, mas podemos observar também antigos papiros, muitos dos quais extremamente preciosos e bem conservados. Alguns dos achados aqui expostos são autênticas obras-primas, como as estátuas dos dois esposos Sepa e Nesa e o famosíssimo Escriba sentado, que demonstram - apesar de realizadas segundo os cânones tradicionais – uma extraordinária intensidade de movimento e vivacidade nas cores. Excepcionalmente realista é por sua vez a pequena estátua de marfim do jovem nu, com o detalhe do ventre rechonchudo e do umbigo redondo.
Arte egípcia, Estela de Nefertiabet 2590-2565 a.C.
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os mperdíveis ■ Arte egípcia, O inspector dos escribas Raherka e sua esposa Marseankh c. 2350 a.C. O Egipto ofereceu-nos numerosas estatuetas, datadas do Reino Antigo, que representam grupos familiares. Este pequeno grupo em calcário pintado faz parte de uma vasta série que representa cônjuges que se abraçam ou dão as mãos, entre as quais uma estatueta em madeira do
Louvre. Aqui a mulher, Merseankh, abraça-se ao marido Raherka, cingindo-lhe os ombros com o braço direito e colocando-lhe a mão esquerda sobre a anca: é uma atitude que exprime confiança e intimidade. A mulher ostenta um vestido comprido de linho branco e o homem a habitual saia; ambos usam uma peruca, símbolo de distinção social. Provavelmente Raherka era um alto funcionário. A expressão pacata e
serena dos cônjuges parece reflectir a segurança que provém do bemestar. Também a ligação afectiva assim ostentada tem uma função social: celebra a estabilidade e a continuidade da família.
os mperdíveis ■ Arte egípcia, Escriba sentado 2620-2350 a.C. A estátua, considerada uma das principais obrasprimas da estatuária egípcia de todos os tempos, representa um funcionário do faraó na mais nobre das suas funções, a de escriba. Está sentado no chão 8
com as pernas cruzadas, escrevendo num papiro desenrolado sobre a saia, estendida entre os joelhos afastados. A figura é rigorosamente frontal, como se mostrasse a memória das quatro perspectivas fundamentais, segundo as quais foi preso o bloco original.
Isto corresponde a uma exigência de ordem compositiva e de clareza narrativa comum a toda a estatuária egípcia. A cabeça apresenta-se lisa e imóvel, quanto os detalhes do rosto, os olhos fixos, o nariz volitivo, os lábios cerrados, sugerem a firmeza e a determinação
do homem. Impressiona a intensidade do seu realismo: os olhos incrustados de pedras duras conferem vitalidade ao olhar, e a mão direita, que escreve, é reproduzida de forma naturalista.
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Arte egípcia, A dama Toui 1400-1250 a.C.
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Arte egípcia, Estatueta da dama Nai c. 1400 a.C.
Arte egípcia, Senynefer e sua esposa Hatchepsout c. 1410 a.C. 81
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Sala 25 O Reino Novo
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manca dida tradotta
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Arte egizia, Pannello in avorio da un cofanetto con la rappresentazione di una principessa amarniana che raccoglie fiori di loto e uva, circa 1352-1336 a.C.
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uem era o Faraó herético? E por que motivo, da sua grandiosa obra de renovação civil, politica, artística e religiosa, parecem restar pouquíssimos traços e porque é que a sua memória foi apagada durante tanto tempo? Esta sala oferece-nos a possibilidade de descobri-lo. Na realidade, Amenófis IV, rei reformador, poeta, místico e criador de uma nova religião de carácter monoteísta dirigida ao culto de Áton, o disco solar, foi um grande Faraó. Em oposição aberta ao politeísmo dos sacerdotes de Ámon, proclamou Áton único deus, símbolo e fonte da vida. Em sua honra alterou o próprio nome para Akhenaton e fez erguer junto a Tebe um grandioso templo a céu aberto. É deste templo que provém o esplêndido fragmento do colossal busto do soberano - retratado com insólito realismo conservado nesta sala. Para além do faraó, é recordada nesta sala a sua belíssima esposa Nefertiti, que sempre acompanhou e encorajou o marido nas suas escolhas reformadoras. Depois da morte do faraó, os sacerdotes retomaram o poder, restauraram o antigo culto de Ámon, restabeleceram as antigas tradições e fizeram de tudo para que as suas obras e o seu nome fossem apagados da história.
■ Arte egípcia, Colher com jovem nadadora 1400-1360 a.C. Deste objecto em madeira e marfim, bastante difundido na produção egípcia da XVIII dinastia até ao advento da era cristã, não sabemos ainda claramente a função. A opinião mais partilhada
é a de que se tratassem de recipientes para cosméticos, maquilhagem ou unguentos perfumados. O cabo da colher é habilmente modelado com a forma de um corpo feminino. A jovem é representada nua, enfeitada com uma peruca, brincos pesados e um colar gravado
na madeira. É retratada enquanto nada, segurando delicadamente com os braços estendidos um pato, cujo corpo funciona como um pequeno contentor. A cabeça do animal é feita de marfim, o que contribui para tornar este objecto mais valioso. Alguns detalhes estilísticos
como os grandes olhos horizontais, o nariz voltado para baixo e o penteado permitem datar este exemplar por volta do fim da XVIII dinastia. A jovem emana elegância e beleza e o seu rosto sereno transmite calma e bem-estar.
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os mperdíveis ■ Arte egípcia, Torso feminino (Nefertiti) c. 1360 a.C. A estatueta em quartzito vermelho, infelizmente sem cabeça, representa a rainha Nefertiti que foi mulher de Akhenaton, o faraó que revolucionou a cultura egípcia com uma 88
nova espiritualidade ligada ao culto do deus sol. Numerosas obras de arte celebram a beleza da rainha, “de rosto belo, senhora da felicidade, grande de amor”. Provavelmente Nefertiti terá também desempenhado um papel efectivo na
administração do reino. O casal real aparece junto num pequeno grupo de estátuas de calcário pintado, também este conservado no Louvre [v. 0110913]. Na estatueta, a figura florida da rainha é exaltada pela túnica transparente,
que adere ao corpo e ao braço esquerdo com dobras subtis, deixando maliciosamente descoberto o ombro direito. As formas do corpo são realizadas de maneira naturalista; o talento do artista soube conferir à pedra uma suavidade carnuda.
os mperdíveis ■ Arte egípcia, O rei Amenófis IV c. 1350 a.C. Este busto colossal e fragmentário representa o faraó Amenófis IV, mais conhecido como Achenaton, ou seja, “seguidor de Áton”. Por volta de 1350 antes de Cristo, realizou uma revolução religiosa que substituiu o politeísmo tradicional pelo culto de um único deus, o deus sol Áton. O retrato provém do grande santuário erguido em honra de Áton em Karnak; fazia parte de uma estátua-pilar colocada no recinto do templo. Os traços do rosto estão longe da imagem estereotipada dos soberanos precedentes: a face oval com o maxilar alongado, os olhos pequenos e a boca carnuda reflectem um novo estilo. Retocando a pedra com cor, obtinha-se um efeito naturalista: aqui reconhecem-se ainda alguns traços de cor vermelha sobre os lábios e sobre a barba. No peito encontram-se cruzados o ceptro e o chicote, insígnias do poder. Sobre o ombro e sobre os braços, em pequenos blocos em relevo, estão inscritos os nomes do deus Áton. 90
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■ Arte egípcia, Akhenaton e Nefertiti após 1345 a.C. O faraó Akhenaton, que viveu por volta de 1300 a. C., é retratado juntamente com a sua companheira Nefertiti. Os esposos avançam de mãos dadas com orgulho e de forma imperturbável. Ambos 92
usam leves vestidos de linho, com várias pregas, segundo a moda egípcia. Envergam uma cobertura para a cabeça típica dos soberanos e um rico e pesado colar, decorado com cores vivas que revelam a variedade dos materiais preciosos utilizados, como lápis-
lazúlis e turquesas. As figuras encarnam todos os cânones previstos pela revolução artística, além da religiosa, que o faraó operou durante o seu reinado. Um exasperado verismo, um novo sentido de dinâmica e uma estilização dos defeitos físicos
caracterizam esta obra: o pescoço que se alonga para a frente, a cabeça elevada, os ombros estreitos e o busto curto. Nota-se ainda um ligeiro arredondamento das formas, nomeadamente nas ancas e coxas, em ambas as personagens.
Arte egípcia, O deus Amon protege Toutankhamon 1336-1327 a.C.
Arte egípcia, Cabeça real 1337-1295 a.C.
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