AGARTHA

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AGARTHA





Quanto mais tento aproximar-me desta realidade utĂłpica, mais longe dela fico. As camadas que nos separam sĂŁo mais fortes que a minha vontade de as ultrapassar.



Ser unicamente livre num tempo contínuo. Pertencer à terra que nunca ninguém viu - seria egoísta desejá-lo? Com a porta aberta fica difícil recusar a entrada.



Interior de solo incerto. Desejado.



Espreito e ninguĂŠm aparece. Grito e ninguĂŠm aparece. Fecho os olhos e uma onde de alternativas emerge.



Cada um cria as suas próprias sensações, reações, realidades imaginárias. O interior deste espaço deverá ser a mente de cada um. Lá, apenas o seu eu atemporal existe.



A minha prĂłpria consciĂŞncia perturba-me.



Será possível que todo o mundo visível exista apenas na minha mente? Cada decisão, cada olhar, cada passo, cada toque e interação, tudo isso imaginação de uma mente perturbada.



Nada ĂŠ real, tudo desaparece.



Tudo feito por mim. A consciência da minha existência está a ser posta em causa. Eu existo? Tu existes? Aquela pessoa que passa sem de mim dar conta, existe? Ou é invenção?



As minhas memĂłrias fundem-se com as de alguĂŠm esquecido, e assim sou teletransportada para um mundo interior passado, agora invisĂ­vel, mas real.



Um espaço tão complexo não pode ser habitado por todos.



Um tempo Ăşnico onde nada mais que eu existe.



E o que é a invenção? Se nada para além de mim existe, tudo o resto que vejo é invenção do meu cérebro. Mas se tudo o que vejo existe realmente, então o que aqui escrevo é invenção.



Este lugar não é real? Porquê? Eu estou a vê-lo.



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