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2 SDUHQWH SREUH GR HQVLQR A UniĂŁo Europeia fixou em 2005 um objectivo estratĂŠgico: os cidadĂŁos devem ser encorajados a dominar trĂŞs lĂnguas europeias – a materna e mais duas estrangeiras, recomenda o livro branco “Ensinar e Aprender – Rumo Ă Sociedade Cognitivaâ€?. Uma dĂŠcada mais tarde, as estatĂsticas do EurobarĂłmetro mostram que sĂł 13% dos portugueses dominam duas lĂnguas estrangeiras (a mĂŠdia europeia ĂŠ 25%) e 61% nĂŁo falam nenhuma. O inglĂŞs, aliĂĄs, vai entrar pela primeira vez nas salas de aula do 1.o ciclo, em Setembro, quando recomeçar o ano lectivo. AtĂŠ agora o ensino de uma lĂngua estrangeira, o InglĂŞs neste caso, era apenas facultativo e remetido para as Actividades de Enriquecimento Curricular, tornando-se obrigatĂłria apenas no 5.o ano de escolaridade. Em alguns paĂses, como ItĂĄlia, Ă ustria e Alemanha, o primeiro contacto com uma lĂngua estrangeira acontece no 1.o ano. Em França começa no Ăşltimo ano do prĂŠ-escolar e na EstĂłnia, na Luxemburgo, na SuĂŠcia ou na Islândia, ĂŠ possĂvel aprender duas lĂnguas estrangeiras logo no 1.o ciclo. Fala-se muito da importância das chamadas disciplinas nucleares, como PortuguĂŞs e MatemĂĄtica, mas pouco ou quase nada se reflecte sobre o ensino das lĂnguas estrangeiras no sistema educativo, como se fossem o parente pobre do programa curricular. Enquanto nĂŁo hĂĄ uma estratĂŠgia que torne as lĂnguas estrangeiras uma prioridade, hĂĄ oportunidades que se perdem, vantagens competitivas que se deixam escapar e abismos que se acentuam. ,Ă…UJB $BUVMP 3URSULHWžULD (GLWRUD ,&(175$/ 1(:6 6$ 6HGH 5XD &HVžULR 9HUGH $ /LQGD D 3DVWRUD 4XHLMDV 1,3& &5& /LVERD VRE R Q — &DSLWDO 6RFLDO b 'HWHQWRUHV GH PDLV GH GR FDSLWDO 1HZVKROG 6*36 6$ &RQVHOKR GH $GPLQLVWUDĂ„Ă€R -RVÆ 0DUTXLWRV DGPLQLVWUDGRU Ă—QLFR 'LUHFWRU 9ĂŠWRU 5DLQKR 'HSDUWDPHQWR &RPHUFLDO 0DUNHWLQJ H 'LVWULEXLĂ„Ă€R 'XDUWH 9LFHQWH 'LUHFWRU &ULVWLQD 6LOYD $VVLVWHQWH &RPHUFLDO 3XEOLFLGDGH HGLĂ„Ă€R SDSHO &ULVWLQD &DUDWĂ€R 6DQGUD (VWHYHV 5XL 5RGULJXHV 3XEOLFLGDGH HGLĂ„Ă€R RQOLQH 6Ă?QLD $OPHLGD 9DQGD 0DFKDGR 6WHIIDQ\ &DVDQRYD *HVWRUD GH 3URGXWR $QD 6LOYD $VVLVWHQWH GH 0DUNHWLQJ )LORPHQD 3LVFR 0DUNHWLQJ $VVLQDWXUDV &RODERUDUDP QHVWH QĂ—PHUR 0DULD -RĂ€R %RXUERQ H 0DQXHO 9LFHQWH ,PSUHVVĂ€R 6RJDSDO 'LVWULEXLĂ„Ă€R 9DVS 'HS /HJDO 5HJLVWR (5&
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SFEBDDBP!JPOMJOF QU Afonso Reis domina seis idiomas. AlĂŠm da lĂngua materna, consegue falar fluentemente em inglĂŞs, alemĂŁo, francĂŞs, espanhol e italiano. NĂŁo foi por necessidade que as coleccionou. O ponto de partida desta viagem foi a escola, com inglĂŞs e francĂŞs, mas o interesse e a curiosidade levaram-no mais longe. Na universidade teve disciplinas em inglĂŞs, participou no programa Erasmus (em Lausanne, na SuĂça), viajou muito e trabalhou em vĂĄrios paĂses. E de cada paragem levou consigo uma mochila cheia de culturas e experiĂŞncias de vida. â&#x20AC;&#x153;O facto de termos uma lĂngua materna latina torna mais fĂĄcil aprender os idiomas latinosâ&#x20AC;?, garante o agora empreendedor e professor universitĂĄrio. SĂł o alemĂŁo saiu fora do baralho, e para o aprender foi preciso mudar â&#x20AC;&#x153;radicalmente a maneira de pensarâ&#x20AC;?. O interesse pelas lĂnguas abriu-lhe portas fora do paĂs, levando-o Ă OCDE, Ă s Naçþes Unidas e Ă organização social Swisscontact. Actualmente a viver em Portugal, reconhece que nĂŁo utiliza diariamente este leque linguĂstico, mas falar seis lĂnguas ĂŠ um trunfo no trabalho.
â&#x20AC;&#x153;Vivemos num paĂs pequenino, mas pensar que as lĂnguas nĂŁo sĂŁo necessĂĄrias ĂŠ um erro. Para as minhas aulas vou buscar conteĂşdos a vĂĄrios paĂses e tenho alunos de todo o mundoâ&#x20AC;?, conta o professor de 32 anos. AlĂŠm disso, a organização que fundou com o intuito de incentivar a participação cĂvica dos jovens, Mentes Empreendedoras, estĂĄ agora a internacionalizar-se para a SuĂça. ,1*/§6 /ÂŞ1*8$ */2%$/ Dominar vĂĄrios
idiomas ĂŠ uma vantagem tanto para quem quer voar para longe como para os que nĂŁo tiram os pĂŠs de Portugal. â&#x20AC;&#x153;Hoje, na maioria das empresas mais activas no recrutamento (multinacionais e internacionais), a perspectiva de uma carreira internacional ĂŠ quase obrigatĂłriaâ&#x20AC;?, avisa o profissional de recursos humanos da RAY Human Capital Miguel Abreu. E ĂŠ por isso, aliĂĄs, que a multinacional de consultoria Everis disponibiliza um programa de idiomas no seu plano de formação, em versĂŁo e-learning e presencial. â&#x20AC;&#x153;As lĂnguas estrangeiras nas quais investimos mais sĂŁo as dos paĂses nos quais estamos presentesâ&#x20AC;?, conta ClĂĄudia Silva, da equipa da People, destacando o inglĂŞs, o castelhano e o italiano. O essencial ĂŠ que os profissionais saibam comu-
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nicar em mais de um idioma, com o inglĂŞs no topo da lista. â&#x20AC;&#x153;Ainda assim, e tendo em conta a aposta que se tem feito em Portugal para a formação em inglĂŞs, jĂĄ nĂŁo o encaramos como uma vantagem, mas como um obstĂĄculo a enfrentar por quem nĂŁo o domina.â&#x20AC;? ObrigatĂłria ou nĂŁo, certo ĂŠ que a lĂngua inglesa nĂŁo estĂĄ tĂŁo enraizada como parece entre a população portuguesa. Quem o diz ĂŠ Miguel Abreu e InĂŞs Espada Vieira. A professora e coordenadora do curso de LĂnguas Estrangeiras Aplicadas da Universidade CatĂłlica estĂĄ convencida de que a ideia de que actualmente todos conseguem falar inglĂŞs ĂŠ apenas um â&#x20AC;&#x153;mitoâ&#x20AC;?. â&#x20AC;&#x153;Existe ainda uma percentagem considerĂĄvel de pessoas que, quando sĂŁo avaliadas neste idioma, se sentem pouco Ă vontadeâ&#x20AC;?, acrescenta o consultor da RAY Human Capital, explicando que o nĂvel normalmente exigido nĂŁo tem de ser perfeito, mas deve ser â&#x20AC;&#x153;suficiente para uma pessoa se sentir confortĂĄvel a comunicar.â&#x20AC;? '2 */2%$/ $2 0,125,7Â&#x17E;5,2 Que o inglĂŞs
deveria ser hoje um dado adquirido, ninguĂŠm duvida. Segue-se o espanhol, porque ĂŠ impossĂvel fugir aos nossos vizinhos, mas o francĂŞs e o alemĂŁo tambĂŠm tĂŞm bastante peso no mercado de traba-
lho, especialmente se os planos passam pela UniĂŁo Europeia. JĂĄ o mandarim, com o crescimento da China no panorama econĂłmico internacional, ĂŠ uma aposta de futuro. Mas estĂĄ longe de ser um desafio fĂĄcil. â&#x20AC;&#x153;Tem um sistema linguĂstico tĂŁo diferente do nosso que nĂŁo podemos investir apenas dois anos e desenvolver o resto sozinhosâ&#x20AC;?, avisa InĂŞs Espada Vieira. Falar a lĂngua dos chineses exige paciĂŞncia, mĂŠtodo, esforço e concentração. E o que dizer das lĂnguas minoritĂĄrias? Idiomas como o catalĂŁo, o basco e o gaĂŠlico escocĂŞs â&#x20AC;&#x201C; circunscritos a regiĂľes especĂficas, com um nĂşmero reduzido de falantes â&#x20AC;&#x201C; tornam-se, do ponto de vista profissional, menos imediatos. Mas uma lĂngua vai muito alĂŠm da sua razĂŁo mercantil, â&#x20AC;&#x153;embora seja tambĂŠm esse tipo de relação afectiva que muitas vezes desencadeia os negĂłciosâ&#x20AC;?, ressalva a professora da Universidade CatĂłlica. ClĂĄudia Silva concorda. Mesmo nestes casos, o conhecimento da lĂngua â&#x20AC;&#x153;pode valorizar o currĂculo de um profissional, como factor de distinçãoâ&#x20AC;?. A explicação ĂŠ simples: ĂŠ impossĂvel separar valorização pessoal e profissional. E a aprendizagem de uma lĂngua ĂŠ uma â&#x20AC;&#x153;estimulação global de grande impactoâ&#x20AC;?, assegura o psicĂłlogo da Universidade de
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Lisboa Paulo Jesus. Os benefĂcios sĂŁo a todos nĂveis. Aprender lĂnguas ĂŠ um processo que â&#x20AC;&#x153;complexifica e enriquece o cĂŠrebro com impactos ao nĂvel da linguagem, da inteligĂŞncia e da aprendizagem em geralâ&#x20AC;?, ajudando ainda a â&#x20AC;&#x153;enriquecer as competĂŞncias sociais e comunicacionaisâ&#x20AC;?. %8552 9(/+2 $35(1'( /ÂŞ1*8$6 Com
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um catĂĄlogo de vantagens tĂŁo alargado, o melhor ĂŠ começar cedo. â&#x20AC;&#x153;Quanto mais precoce for a aprendizagem, mais duradouros serĂŁo os seus benefĂciosâ&#x20AC;?, diz Paulo Jesus, explicando que as crianças conseguem aprender mais rapidamente, sem esforço e com uma perfeição gramatical e fonĂŠtica que na idade adulta ĂŠ impossĂvel alcançar. Ainda assim, aprender novos idiomas nĂŁo ĂŠ um horizonte inatingĂvel para os mais velhos. â&#x20AC;&#x153;Os adultos necessitam de muita gramĂĄtica e treino fonĂŠtico para corrigir contĂĄgios entre lĂnguas, mas nĂŁo ĂŠ uma tarefa impossĂvelâ&#x20AC;?, diz o psicĂłlogo. O estudo de idiomas difĂceis e radicalmente novos (como o coreano ou o mandarim, entre outros) tem, aliĂĄs, um â&#x20AC;&#x153;efeito estimulador do cĂŠrebroâ&#x20AC;?, com grandes benefĂcios para os idosos, por ajudar â&#x20AC;&#x153;a prevenir doenças como o Alzheimerâ&#x20AC;?.
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