VHS#17 fanzine | 6th Edition

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CAU SA EFEI TO .

action·reaction

1 º · a n i v e r s á r i o 1 s t · a n n i v e r s a r y VHS#17 é uma fanzine criada por 17 jovens artistas de àreas distintas com o objectivo de responder a vários temas através de uma aproximação multidisciplinar.

VHS#17 is a fanzine created by 17 young artists of distinct areas with the objective of answering several themes through a multidisciplinary approach.


fanzine VHS#17 6ª edição · 18MAI2013 tiragem: 50 exemplares fanzinevhs.com f/vhs17fanzine

Causa·Efeito

1º aniversário OPO’LAB · opolab.com facebook.com/opofablab

Fruto de um fascínio nosso por case studies como o do efeito Pavlov, nesta edição germinamos trabalhos acerca de uma temática que os mais ilustres cientistas e psicólogos da humanidade tentaram fazer antes de nós, sem tanto sucesso evidentemente (nota: apesar das palavras “fruto” e “germinar” serem indícios de um tema bíblico ou relacionado com permacultura, o que nós escolhemos para esta edição não está associado a nenhum dos dois, logo, estas terminologias foram utilizadas somente para gerar esta pequena nota, cujo único intuito é somente o de encher chouriços). De qualquer forma, o que é que aconteceria se transformássemos a VHS no projecto Zimbardo? Quem seriam os prisioneiros submissos e os guardas prisionais sociopatas? Uma coisa é certa, todas as acções- reacções sociais possuem, em alguns casos, um carácter tão imprevisível e incoerente como os estados emocionais femininos em plena TPM. Por isso, esperamos que esta introdução tenha sido o sino que vos estimulou as glândulas salivares para a 6ª edição da VHS, nem que seja pela quantidade perversa de chantilly que se fará presente na festa do nosso primeiro aniversário. (nota: e de cerveja, queremos muito dar-vos a volta à barriga). Hasta la revista, venga la fanzine, VHS#17


Action·Reaction

fanzine VHS#17 6th edition · 18MAY2013 nr. of copies: 50 fanzinevhs.com f/vhs17fanzine 1st anniversary OPO’LAB · opolab.com facebook.com/opofablab

Fruit of our fascination for study-cases such as the Pavlov effect in this edition we´ve germinated several works about a theme that the most remarkable cientists and psicologists of human kind tried to do before us, without so much success, obviously (note: although the words “fruit” and germination” are indication of a biblical or permaculture related topics, the theme of this edition has nothing to do with any of them, therefore, they were used with the solo intent of producing this pointless note to “fill sausages”, a portuguese saying that means writing useless stuff just to create a larger amount of text). Anyway, what could happen if we transformed the VHS zine into the Zimbardo project? Who would be the submissive prisoners and the sociopath prisonal guards in our group? One thing is for sure: all social actions and reactions have, in some cases, such an unpredictable and incoherent character as the female emotional states during PMS. That said, we hope that this introduction was the bell that stimulated your salivary glands to the 6th edition of VHS, even if that it is for the perversely large amount of whipped cream that will be present in our first anniversary birthday party. (note: and beer, because we want to turn your stomach upside down, another portuguese saying for feeling sick with the urge to vomit, or in love, the same thing basically). Hasta la revista, venga la fanzine, VHS#17

a c t i o n



#francisco costa ferreira


# causa路efeito aguarela s/papel 42 cm. x 29,7 cm.


A obsessão tinha-se instalado fazia quase uma semana. Todos os dias Gustav tinha que entrar naquela sala, naquele museu, naquela hora, para ver aquele quadro. Ao passar pela bilheteira deparava-se todos os dias com a mesma cara. Ansioso e envergonhado tentava ser o mais rápido e fugidio possível. - Fauvismo, por favor. - São cinquenta escudos… Mais do que o bilhete, vê-la era o preço que tinha que pagar para poder estar naquele lugar. Apressava-se em direcção à sala antecipando já o seu vislumbre. Cada vez que via aquele quadro era como se fosse a primeira vez, e durante uma hora, o pintor permanecia ali imóvel, decorando cada traço, cada mancha e cada cor como se fosse a última vez que o visse, e para sempre o tivesse que gravar. A satisfação era extasiante. A sensação de “dever cumprido” fazia-lhe o dia. E Gustav regressava ao seu atelier munido de inspiração quase divina para mais um dia de trabalho. Ao pegar no pincel a primeira tontura atacava-o. Subitamente parecia que alguém pegava naquele seu mundo e o estremecia violentamente. E tudo se começava a desvanecer. Aquela pintura que tão fielmente estava memorizada era agora um desfoque de riscos e cores absolutamente sem nexo. E o pânico crescia a cada segundo, alimentado a fardos de desespero e ansiedade. Mais um dia de trabalho perdido. E tudo o que ele conseguia pensar era no olhar de intriga que aquela simples mulher lhe iria lançar no dia seguinte, quando o museu volta-se a abrir. Após mais uma noite mal dormida, voltava o ritual a fazer sentido, e o processo era o mesmo. Passaram-se seis meses sem que Gustav conseguisse pintar uma única tela. Já não tinha onde cair morto, a não ser nas boas graças de uma vizinha rica, que de quando em vez, lá trocava uns dinheiros e umas refeições por gravuras antigas que ele coleccionava. Estava cada vez mais magro, e o seu semblante deixava um rasto de desgaste e amargura por qualquer sítio onde passasse. E aquela maldita obsessão continuava a ser a única coisa que fazia sentido. - Fauvismo, por favor. - Bom dia senhor, seja bem-vindo! São cinquenta escudos portanto. Na cabeça de Gustav, a composição ficou completamente desconcertante. Aquelas palavras soaram a um conjunto de teclas de um piano desafinado, tocando aleatoriamente e sem ritmo. Ao levantar a cabeça reparou numa pessoa nova que lhe sorria com os olhos semicerrados, quase parecendo estar a atravessá-lo, em direcção ao casal atrás na fila. Intrigado, o passo foi mais lento em direcção à sala onde estava o quadro. Não ficou mais de dois minutos a observá-lo. O quadro era cinzento. Tinha um ar descuidado e aparentemente não tinha qualquer interesse. O pintor pela primeira vez saía daquele museu calmo e sem pressa de chegar a parte alguma. Pelo caminho optou por descer à beira rio onde nessa manhã a luz que incidia na água fazia a corrente andar ao contrário. Ao chegar ao atelier pegou numa tela suja que tinha encostada a um canto. Tudo de repente parecia fazer sentido. Durante uma hora deslizaram pinceladas de tons vibrantes, alternadas de gargalhadas de contemplação em cores de satisfação absoluta e de prazer. Nesse dia Gustav pintou o mais belo retrato daquele olhar intrigante da menina da bilheteira. #francisco mesquita moura


# com 9 dedos tambĂŠm se bebe caneta s/papel


o 24 tem 3 regras, no 24 bebe-se: o que queres? nada, por enquanto – tenho 8 anos e não posso beber, diz uma criança com um copo de vinho na mão. as mãos normalmente têm 5 dedos mas neste caso não: são 4 dedos na mão direita e 5 na esquerda - 4 dedos também levantam um copo de vinho, disse alguém dentro do café: a criança bebe. encha o copo que a criança gosta, e a mulher, a dona do café, lá encheu o copo da criança dos 4 dedos na mão direita. és deficiente? eu não sirvo deficientes, disse a dona do café – não, sou uma criança de 8 anos com 4 dedos na mão direita e 5 na esquerda. as mãos são instrumentos preciosos na anatomia do corpo humano mesmo sem a presença de 1 dedo, pois ainda existem outros 9. como perdeste o dedo? não o perdi, apenas não nasceu – então és deficiente e eu não sirvo deficientes, disse novamente a dona do café. no 24 bebe-se e não se serve deficientes: essa é a regra número 1 – e tu o que sabes sobre regras se a única coisa que fazes é abastecer miseráveis? no 24 bebe-se mas nem todos são miseráveis, são bêbedos: um homem levantou-se e espancou a criança, era um bêbedo. os bêbedos não querem saber se tens 4 dedos na mão direita e 5 na esquerda, os bêbedos querem sim o teu dinheiro para continuar a beber: essa é a sua crença – tens dinheiro? sim, tenho - então dá-me pois quero beber, e a criança deu: enfiou os 4 pequenos dedos da mão direita no bolso e retirou o dinheiro que tinha – são uns trocos, dá para alguma coisa? não. no 24 bebe-se mas tem que se pagar: uma criança de 8 anos com 4 dedos na mão direita está bêbeda e sem dinheiro para pagar o que bebeu – o que bebeste? não me lembro, faz um esforço, alguém segura o teu braço, foi o homem que te bateu, o que escolhes? um pagamento, mas roubar é feio, e só os homens e os bêbedos é que roubam, e tu és uma criança, não podes roubar, agora dá-me a tua mão e bebe mais um copo. no 24 bebe-se e a gentileza é inimiga da embriaguez: senta-te e acalma-te, esta é a regra número 2, um copo e uma faca, um medidor de espaços encaixa entre os teus dedos da tua mão deficiente: qual tirar? o da direita obviamente, respondeu a criança bêbeda e depois desmaiou. no 24 bebe-se e uma criança perdeu um dedo mas ninguém quer saber qual foi: e essa é a regra número 3. #francisco relvas










# we’ve been fighting over rotten potatoes fotografia A3, 2013


#maria begasse





#tamara alves

# s/tĂ­tulo 2013, desenho e tratamento digital


# s/título impressão tipográfica manual, 2013

#margarida castel-branco



# causa·efeito tinta-da-china e acrílico s/pinho 200 cm. x 60 cm.

#teresinha adão fonseca


#mariana baldaia

# untitled esquisso 路 escultura em arame e papel


#tomรกs gamboa


# multilanguage visual music composition digital


Duas forças serão a mesma intensidade a mesma direcção em sentidos opostos Abandona a audição sente a melodia a emoção, a premonição calma e tranquila Enche-te de paixão sente o equilibrio os corpos, a atracção e aprecia o momento... Sente a conexão invade o meu espaço assim, a sobretensão e confia... Acção Causa Reacção Efeito Passemos aos actos, então A menina dança? - Porque não? Aldrabão?! Foi uma mera sugestão...

Zé Claro




queres ser um vhsiano? escreve-nos para info@vhsfanzine.com


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