BIBLIOTECA MULTIMテ好IA DE CAMPINAS
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estruturas mテウveis de informaテァテ」o
TFG 2009 unicamp [faculdade de arquitetura e urbanismo] mariana ginesi - 016861 [orientador: prof. dr. leandro medrano]
Resumo Introdução A cultura no Brasil A Tecnologia Objetivos Objetivos gerais Objetivos específicos Justificativa Contexto urbano Análise geral Um breve histórico A Região Metropolitana de Campinas (RMC) Fatos e Tendências Principais Instituições O local de trabalho Análise sensorial Argumentos teóricos e críticos Arquitetura Tecnologia Mobilidade e nomadismo Referências Programa de necessidades Partido Arquitetônico Anexo I – Expresso Bandeirantes Anexo II – Ampliação de Viracopos Anexo III - Legislação Anexo IV – Esboços de projeto Relação de Imagens Figuras Tabelas Bibliografia
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RESUMO
A falta de leitura e acesso a informação é um problema no país. Campinas é hoje uma cidade com pouco mais de um milhão de habitantes e visivelmente carente de infraestrutura de ensino e cultura. Levando em consideração essa deficiência, o projeto em questão tem como objetivo a criação de uma arquitetura composta por uma estrutura fixa e outras móveis de aquisição e troca de conhecimentos e informações, a princípio para a cidade de Campinas mas que pode ser extendida para outras localidades. A arquitetura deverá ser acessível à população e por isso se instalará em uma zona central da cidade. O local trará a tona questões contemporâneas como a sobreposição de arquiteturas no tempo ou o diálogo entre o questionáveis conceitos de novo e velho, uso e desuso, recaracterização e modificação de uma área da cidade, gentrification, mobilidade e tecnologia no processo construtivo entre outras coisas.
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INTRODUÇÃO A CULTURA NO BRASIL O baixo índice de leitura anual no Brasil é uma das evidências da crise cultural na qual o país se encontra. Segundo a pesquisa denominada Retratos da Leitura no Brasil encomendada em 2008 pelo Instituto Pró-livro ao Ibope Inteligência o brasileiro que frequenta escolas lê cerca de 4,7 livros ao ano, enquanto aqueles que não frequentam lêem aproximadamente 1,3 livro por ano. Os números para a região Sudeste, a qual Campinas está inserida, são um pouco melhores, respectivamente cerca de 4,9 e 1,9 livros por habitante por ano, e cresceram em relação à pesquisa realizada em 2000 pelo mesmo instituto, mas ainda são baixos quando comparados com outros países. 1 A mesma pesquisa revela que o hábito da leitura aparece quinto lugar como forma de lazer da população brasileira, ficando atrás de atividades como assistir televisão, ouvir música, ouvir rádio ou mesmo não realizar atvidade alguma. Esse pode ser um indicador da falta de infraestrutura pública de estímulo à leitura, ou seja, número insuficiente de bibliotecas e áreas de difusão cultural, ou ainda do despreparo dos educadores e familiares no auxílio do desenvolvimento cultural dos mais novos. Outra possível causa seria a difícil acessibilidade ao material de leitura graças ao baixo poder aquisitivo da população que é ainda somado aos altos custos das publicações brasileiras.
A TECNOLOGIA As novas tecnologias podem auxiliar no processo de democratização da cultura. As rápidas informações chegam via internet, rádio, televisão, serviços de telefonia celular entre outras coisas. A rede mundial de computadores permite também a obtenção de trabalhos científicos, livros, jornais e revistas ou a leitura de seus conteúdos online. Todo esse desenvolvimento tecnológico causou mudanças significativas comportamentais quanto ao hábito de leitura, apreciação musical e de filmes, ou ainda nos relacionamentos atuais. Os downloads de arquivos de músicas e filmes em formatos mp3, mp4, avi, wma ou ainda livros e artigos em PDF geram questões de princípios éticos com relação à cópia ilegal, divulgação ou reprodução de bens com direitos autorais, além de questionar simplesmente o futuro dos comportamentos humanos em geral e quanto ao lazer e aquisição de cultura. Assim como as visões futuristas estimuladas pelo progresso tecnológico, desde a Revolução Industrial até os perídos pós-guerras, e pela corrida espacial e armamentística da Guerra Fria que nunca se concretizaram, das cidades com carros voadores, casas capsulares e robôs domesticados4, demonstram uma previsão um pouco catastrófica demais. Obviamente já ocorreram, e ainda ocorrerão, mudanças na sociedade e em seu comportamento, não tão drásticas como aparente na ficção científica, porém não se darão a ponto de extinguir meios de comunicação físicos ou ainda extinguir formas de entretenimento, lazer e de socialização.
1 Comprarando a população não estudante, os Estados Unidos e a Inglaterra têm média 5 livros por habitante/ano cada, a França 7 livros por habitante/ ano e a Colômbia 2,4 livros por habitante/ano. 2 Segundo pesquisa realizada em 2001 pela Confederação Nacional dos Trabalhadores de Educação (CNTE), cerca de 60% dos professores brasileiros não têm o hábito de ler. 3 Comparado com o custo de publicação na Itália, por exemplo, o preço da impressão de um livro pode ser até 5 vezes inferior do que o mesmo impresso no Brasil.(Lima 2004) 4 Cenários futurísticos desse tipo podem ser observados em Blade Runner (1982), filme americano dirigido por Ridley Scott, que retrata uma Los Angeles em 2019 bem diferente do que ela está se tornando, ou ainda em Metropolis (1927) filme alemão dirigido pelo austríaco Fritz Lang.
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A teoria fenomenologista de arquitetos como o finlandês Juhani Pallasmaa, ou o americano Steven Holl, baseada em conceitos filosóficos do francês Maurice Merleau-Ponty, demonstra claramente a necessidade da interação do homem com o meio e consequentemente com a arquitetura para a completa experiência do mundo. “Claramente, uma arquitetura que ‘melhore a vida’ deve voltar-se a todos os sensos con temporaneamente e fundir a imagem de si mesmo com a própria experiência de mundo. A principal tarefa da arquitetura é acomodar e integrar. A arquitetura articula as experiências do ser-no-mundo e intensifica o nosso senso de realidade e de nós mesmos; é a arquitetura que nos permite não habitar um mundo de pura artificialidade e fantasia.” (Pallasmaa 2007, 14) Seguindo o mesmo pensamento, Mario Botta afirma que os espaços, assim como as cidades históricas, possuem linguagem própria e por isso comunicam. Como elementos evocativos, são capazes de provocar emoções nas pessoas. Segundo o arquiteto seria impossível permanecer indiferente estando no interior de um ambiente construído.(Botta 2007, 5) Leonardo Benevolo na introdução de seu livro A arquitetura no novo milênio acrescenta que a uma da principais tarefas é justamente defender a realidade e tornar possível a distinção entre a paisagem real do cotidiano e a virtual de lazer construída e vendida pelos meios de comunicação de massa. (Benevolo 2007, 10) Portanto, a Midiateca tem como objetivo promover a acessibilidade de informações ao público geral e princialmente aos estudantes de Campinas e região, aumentar consideravelmente o acervo disponível e criar um espaço de identificação da população com as artes em geral.
Figura 1. Cartaz do filme de Metropolis. Fonte: http://chasness.wordpress.com/2008/07/03/metropolis-rediscovered/
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Outra meta do projeto seria potencializar o caráter de futuro pólo atrativo da cidade de Campinas evidenciado pelos audaciosos planos de expansão do Aeroporto Internacional de Viracopos e das conexões aérea e terrestre com a cidade. Essas serão promovidas respectivamente pelo aumento de vôos destinados a Viracopos e pelos projeto de trens de alta velocidade entre a capital do estado e Campinas chamará a atenção para a cidade e promoverá novas necessidades, especialmente infraestrutura de cultura e lazer. Como processo criativo, o projeto tem intenção de contemplar as necessidades de inovação, pesquisa e propõe uma solução arquitetônica baseada em teorias de diversas áreas conjuntas a fim de encontrar uma solução específica para o caso estudado.
comunicação acessibilidade
INTERNET
cultura
mobilidade
http:\\www
INFORMAÇÃO 5
OBJETIVOS
“O novo que permanece novo não é simplesmente “o novo”, mas aquilo que não envelhece.” Antônio Cícero
OBJETIVOS GERAIS Na era da sociedade da informação o papel do projeto de um acervo público de diversas mídias não é só o de instrumento de formação de leitores e ampliação da leitura, cultura e disseminação de informação em geral, mas também o de agente democratizante dessa mesma sociedade. No caso do Brasil, apesar de não conseguir suprir todo o défict de infra-estrutura informacional e cultural, as bibliotecas e midiatecas podem “oferecer produtos e serviços estruturados com as necessidades informacionais da comunidade.”(Suaiden 2000, 52) Essa entidade deve prestar serviços ao público em geral independentemente das condições sociais, educacionais e culturais. Segundo Suaiden o segmento da sociedade que é parcialmente atendido e em pequena proporção é o dos estudantes do Ensino Fundamental e Médio, e portanto, deve-se pensar em como a arquitetura e seus efeitos secundários benéficos poderiam alterar a estrutura das relações de aprendizado, transmissão de informações e cultura em uma cidade como Campinas. O projeto para essa arquitetura de auxílio ao conhecimento deverá considerar ainda diversas características demográficas, econômicas e climáticas da cidade, assim como o bairro, o entorno ao qual está inserido e as preexistências edificadas na busca de resultados eficientes para o tema ao qual se propôs. Importante também, serão os temas da mobilidade, da sobreposição de fluxos e da flexibilidade tratados sob conceitos contemporâneos
da teoria da Arquitetura. Seguindo a teoria contemporânea, a forma já não pretende seguir pura e simplificadamente a função específica proposta por um programa como acontecia no Modernismo. A arquitetura deverá possibilitar múltiplos e imprevisívei usos e não deve ter mais o caráter de promotora de melhorias morais. Rem Koolhaas aponta todos esses questionamentos em seu livro S, M, L, XL e afirma ainda que a flexibilidade não seria uma antecipação exaustiva de todas as possíveis mudanças pois muitas delas seriam imprevisíveis.(Koolhaas and Mau 1995, 239). A intenção da arquitetura em questão, portanto, é criar um espaço que seja capaz de abrigar uma variedade de programas diversificados, que não necessariamente estarão separados, mas em contínuas trocas. Será considerada a necessidade de um local de eventos espontâneos que possam se formas de expressão da população. Bernard Tschumi em seu livro Architecture and Disjunction coloca em crise o conceito de função e muda o foco de atenção do objeto arquitetônico para as pessoas que o vivem, com suas sensações e interpretações. O arquiteto acredita que as diversas interações estariam em constante mutação, assim como os espaços que as abrigam. “A estrutura funcional de um edifício complexo adquire sentido no momento em que ocorrem eventos.”(Griffa 2008, 77-78) Essa flexibilidade de usos e eventos permite uma maior durabilidade à arquitetura que sempre se renova. Isso somado a pertinência ao local, segundo Benevolo, poderia modificar o contexto e criar “vida que ultrapasse as circunstâncias de seu emprego inicial (...) tornando-se o cenário para tranformações futuras.” (Benevolo 2007, 28) É nesse complexo sistema de teorias que se ba-
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seia esse estudo. A proposta tentará suprir as necessidades culturais e educacionais da população criando um espaço trasmissor e gerador de cultura que possa mover-se pela cidade. Tentará lidar com a complexidade do local e avaliar as preexistências de modo a não fazer parte do movimento pendular de doutrinas arquitetônicas que contradiz e anula tudo o que a anterior propunha.5 A demolição não será considerada como única forma de solução, será entretanto realizada a reutilização e modificação do velho para que a o novo 6 se mescle e se confunda com o existente e que consiga trabalhar a “dicotomia de tempo e lugar abrindo lugar a um espetáculo de novas possibilidades.”7
5 Rem Koolhaas descreve the mindless pendulum movement como uma sequência negativa na qual toda geração ridiculariza a anterior para ser anulada pela próxima. O efeito dessa sequência sim-não-sim é antihistórica e condena o discurso da arquitetura para tornar-se uma cadeia de frases disconexas.(Koolhaas and Mau 1995, 259) 6 Alguns profissionais e teóricos da arquitetura têm opiniões e conceitos diversos sobre os conceitos de “novo e velho”. Benevolo define “novo” como o que se acrescenta ao patrimônio passdo, em conformidade com ele ou não.(Benevolo 2007, 51) Já por exemplo a arquiteta Benedetta Tagliabue acredita que seria um equívoco somente denominar algo novo ou velho pois a forma construída tem uma complexa relação com o tempo, além de que as arquiteturas de tempos antigos que conseguiram chegar aos nossos dias seriam por isso atuais, úteis e contemporâneas.(Taglia bue and Miralles 2000, 34) 7 B. Tagliabue em matéria da revista El Croquis 100/101, pp 34-37.
Figura 2. Mercado de Santa Caterina. EMTB. Barcelona, Espanha. Fonte: Area 06. Critical Barcelona, Janeiro/Fevereiro 2007: p.73.
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OBJETIVOS ESPECÍFICOS Quanto ao edifício e às unidades móveis: •Projeto de biblioteca e midiateca 150.000 volumes fixos e 8.000 móveis, constituídos por livros, periódicos como revistas e jornais de diversas áreas, gibis, CDs e DVDs de músicas e filmes, CD-ROM de programas para computador;. •1.000 postos divididos entre postos individuais de leitura, salas de estudo, espaço infantil, cabines de áudio e vídeo que comportem até 5.000 visitantes ao dia; •Área de lazer infantil (brinquedoteca); •75 postos de acesso à Internet livre, entre eles computadores fixos e locais com conexão wireless; •Espaço para eventos artísticos variados e uso público espontâneos ou não; •Auditório para 200 pessoas; •Praças e áreas de lazer externas; •8 unidades móveis de transporte de acervo em um projeto de adaptação de caminhões. Quanto ao local: •Reutilização de uma quadra da área central de Campinas atualmente em desuso; •Tentativa de gerar novos fluxos e usos ao entorno; •Reutilização de parte da estrutura existente da antiga Rodoviária de Campinas afim de não descartar totalmente o passado do local e ser economicamente viável.
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JUSTIFICATIVA
No contexto local, ao gerenciar a biblioteca pública, o responsável pela biblioteca deve utilizá-los como subsídios para visualizar a ampla gama de serviços e formas de atuação possíveis e desejáveis para a biblioteca pública na sociedade contemporânea e, dentro deste leque de possibilidades, selecionar as formas de atuação e serviços que melhor atendem à comunidade local. (Nacional 2000, 27) O estreitamento da relação da biblioteca e de outros acervos com a escola promove o mútuo conhecimento, tornando-se altamente produtiva para o desempenho das funções das duas instituições. A escola, ao conhecer melhor o acervo, certamente irá usá-lo de forma mais adequada e eficaz, trazendo benefícios para o ensino/aprendizado e a educação dos estudantes. A biblioteca ou midiateca, por sua vez, ao conhecer as demandas e necessidades dos professores e alunos, poderá oferecer melhores serviços para esta importante parcela da comunidade. A cidade de Campinas dispõe atualmente de quatro bibliotecas municipais públicas sendo uma delas de acervo de material infantil: • Biblioteca Ernesto Manoel Zink, no Paço Municipal de Campinas. Acervo: 47.827 obras mais a hemeroteca; • Biblioteca Pública Municipal Joaquim de Castro Tibiriçá, no bairro do Bonfim: 12.631 volumes; • Biblioteca Pública Distrital de Sousas Guilherme de Almeida: 11.244 volumes; • Biblioteca infantil Monteiro Lobato no Bosque dos Jequitibás.
Como se pode notar, essas bibliotecas juntas não somam nem 75.000 volumes e não possuem nenhum computador de acesso gratuito à Internet. A biblioteca Manoel Zink, a biblioteca central da cidade, apresenta problemas de acessibilidade e não possui possibilidade de ampliação de seu edifício. É usada principalmente por pessoas que trabalham ou estudam no centro da cidade e residem na regiões e distritos periféricos. As outras três são utilizadas quase exclusivamente pelos habitantes dos bairros onde se encontram. A biblioteca infantil Monteiro Lobato possui além de livros infantis, uma gibiteca e uma brinquedoteca, mas não consegue atender mais que 10 crianças por vez por se tratar de um espaço de não mais que 40 metros quadrados, com apenas uma funcionária. Pode-se notar, portanto, a deficiência e o baixo número de volumes por habitante, mesmo quando comparado com outras cidades latino-americanas8. Além disso, a infraestrutura de cultura, que terá suas principais instituições especificadas mais adiante, é escassa e elitizada, quando não, está encerrada em centros de consumo. Portanto, vê-se latente a necessidade de uma arquitetura de apoio ao conhecimento e à cultura que auxilie, complemente e melhore as relações de estudantes e da população em geral com as mesmas.
8 Em Buenos Aires só o acervo da Biblioteca Nacional conta com 900.000 itens para uma população de cerca de 2,7 milhões de pessoas (quase o número de habitantes da população da RMC). Há ainda outros 3 grandes acervos, sem contar as bibliotecas universitárias.
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CONTEXTO URBANO ANÁLISE GERAL UM BREVE HISTÓRICO Campinas caracteriza-se por ser uma cidade que teve a questão fundiária como articuladora de interesses na apropriação, produção e consumo do espaço urbano. A formação da cidade deu-se primeiramente graças ao pouso bandeirista das Campinas Velhas na rota de tropeiros e mineradores denominado Caminho das Minas dos Goyazes que margeava o atual ribeirão Anhumas e que corta a cidade no eixo Norte-Sul. Essa importante rota teve como consequências a localização da freguesia, o assentamento da vila e de sesmarias, aproximadamente em 1732, e consequentemente a futura estruturação da cidade. Posteriormente, o desenho urbano campineiro foi delimitado em função da fundação da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas do Mato Grosso de Jundiaí pelo então capitão-general e governador da capitania de São Paulo em 1774. A ocupação do território no eixo centro-sul brasileiro pela corte portuguesa assim como a expansão da economia mercantil-escravista açucareira e de criação de gado eram os objetivos de nossa metrópole que almejava libertação dos entraves ao seu crescimento provocados pela subordinação portuguesa à corte inglesa desde 1703. Com a crise e o esgotamento dos canaviais e a abolição de escravidão do fim do século XIX a base da economia do Estado Nacional brasileiro já era o café. A antiga freguesia se eleva à condição de vila e apagamse os vestígios do antigo rossio em seu desenho.
Posteriormente, os engenhos de cana-de-açúcar decadentes são herdados ou vendidos e transformados em fazendas de café que graças ao progresso técnico e ao trabalho assalariado alavancam a economia e promovem um salto capitalista definitivo rumo à industrialização. É nesse contexto que se desenvolvem as infraestruturas de distribuição de energia, primeiramente a gás em1872 (depois elétrica já em 1906), a construção do gasômetro e da estrada da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro e Navegação no mesmo ano, sucedidas pela Companhia Campineira de Tração, Luz e Fôrça (1911). Nota-se que após a crise do final do período desse Antigo Sistema Colonial, Campinas consolida-se como “oficina republicana de política e engenharia na consolidação do Estado Nacional e de um projeto de nação.”(Santos 2002, 23) A cidade serve de exemplo, sendo uma das denominadas cidades do café, para as experimentações de reforma e melhoramentos urbanos como por exemplo a contribuição teórica do engenheiro Antonio Francisco de Paula Souza 9 e a intervenção realizada por Saturnino de Brito na realização do primeiro projeto de abastecimento de água e esgotamento sanitário da cidade de Campinas. Ainda nesse âmbito pode-se destacar a remodelação da cidade ocorrida durante o a ditadura do Estado Novo (1937-1945) com a participação de Anhaia Mello e Prestes Maia que abrangia também obras de abastecimento de água, saneamento básico da bacia hidrográfica de Anhumas 10. Por sua concepção e por razão das condições políticas da época, essa intervenção urbanística marcou o desenvolvimento desigual e contraditório da cidade até a década de 70. (Santos 2002, 25)
9 Para maiores informações sobre Paula Souza consultar Dr. Antonio Francisco de Paula Souza – Notas biográficas, 1843-1917, Escola Politécnica de São Paulo, 1918. 10 Consultar Plano de Melhoramentos Urbanos de Campinas (1934-1938) do engenheiro Francisco Prestes Maia.
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Os três planos posteriores entre os anos 70 e 90 mantiveram o mesmo padrão, de investimentos públicos em obras de infraestrutura urbana intra-urbana que tiveram como efeitos a valorização da terra, fazendo da cidade um lugar privilegiado de oportunidade de negócio para certas frações do capital.
Figura 3. Planta Da Cidade De Campinas – 1929. Sem escala. Fonte: Centro Audio-visual (Cav) – Puc-Campinas
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A CIDADE ATUAL
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Figura 4. Perímetro urbano, limite de município de Campinas e principais rodovias. Fonte: http://www.campinas.sp.gov.br
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Figura 5. Equipamentos públicos – educação da cidade de Campinas. Fonte: http://www.campinas.sp.gov.br
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Figura 6. Transporte coletivo e terminais urbanos. Fonte: http://www.campinas.sp.gov.br
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DADOS GEOGRÁFICOS Área Total: 796,4 Km² Perímetro Urbano: 388,9 Km² Área Rural: 407,5 Km² Clima: Tropical de Altitude Altitude: 680 metros acima do nível do mar Coordenadas: Latitude S 22°53’20” Longitude O 47°04’40” Distância da Capital do Estado: 100Km
TERRITÓRIO População Projetada (2006): 1.041.509 Densidade Demográfica (Habitantes/ km2) (2005): 1.161,10 Taxa Geométrica de Crescimento Anual da Pop. - 2000/2005: 1,24% a.a Grau de Urbanização (2005): 98,58% Índice de Envelhecimento (2005): 47,50% População com Menos de 15 Anos (2005): 22,01% População com Mais de 60 Anos (2005): 10,45%
HABITAÇÃO E INFRAESTRUTURA URBANA Domicílios com Espaço Suficiente (Em %) 2000: 90,17 Domicílios com Infra-estrutura Interna Urbana Adequada 2000: 89,25% Coleta de Lixo - Nível de Atendimento 2000: 98,85% Abastecimento de Água - Nível de Atendimento 2000: 97,30% Esgoto Sanitário - Nível de Atendimento 2000: 86,45% Esgoto Sanitário Tratado 2003: 12% Lixo Domiciliar/Comercial (Formas Recomendáveis) 2003: 99%
EDUCAÇÃO Taxa de Analfabetismo da População de 15 Anos e Mais (2000): 4,99% Média de Anos de Estudos da População de 15 a 64 Anos (2000): 8,50 População > 25 Anos e Menos de 8 Anos de Estudo (2000): 46,31% População de 18 a 24 Anos com Ensino Médio Completo (2000): 47,56%
ECONOMIA E CONDIÇÕES DE VIDA Participação da Agropecuária no Total do Valor Adicionado 2004: 0,71% Participação da Indústria no Total do Valor Adicionado 2004: 44,60% Participação dos Serviços no Total do Valor Adicionado 2004: 54,69% PIB (Em milhões de reais correntes) 2004: 14.716,83 (BR - 11º) PIB per Capita (Em reais correntes) 2004: 14.262,06 Participação no PIB do Estado 2004: 2,69% Índice Desenvolvimento Humano Municipal - IDHM 2000: 0,852 (SP- 8º)
Fonte: Fundação SEADE. (Prefeitura Municipal de Campinas)
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Figura 7. Campinas. Fonte: http://opacote.wordpress.com/2009/01/16/the-urban-society/
A REGIÃO METROPOLITANA DE CAMPINAS (RMC) A região foi institucionalizada legalmente em junho de 2000, ocupa área de 3.373 km² e conta com 2,3 milhões de habitantes. É constituída pelos municípios de Americana, Artur Nogueira, Campinas, Cosmópolis, Engenheiro Coelho, Holambra, Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Jaguariúna, Monte Mor, Nova Odessa, Paulínia, Pedreira, Santa Bárbara d’Oeste, Santo Antônio de Posse, Sumaré, Valinhos e Vinhedo; 19 no total. Campinas apresenta-se como “capital regional” dessa parcela do interior paulista que tem como atividades agrícolas de destaque o café, a cana-de-açúcar, a laranja e a fruticultura. Outro fator que atesta o alto grau de modernização e complexidade da estrutura produtiva da região é a articulação das atividades agropecuárias com as indústrias e o setor terciário, com os serviços financeiros, de transporte, armazenagem, comercialização e de apoio. O desenvolvimento da RMC, e principalmente da cidade de Campinas, deu-se graças a diversas políticas go -vernamentais (federais, estatais e municipais) desde as décadas de 50 e 60 do século XX com o Plano de Metas, continuando com as posteriores que incentivaram as exportações e a agroindústria, o Pró-Álcool, e os investimentos em infra-estrutura de transportes, comunicações, ciência e tecnologia. A atração de plantas industriais de grandes empresas amplia também a rede de pequenas e médias empresas e o setor terciário diversificado e sofisticado. O crescimento urbano e populacional em alta velocidade causam expressivos processos de conurbação na área. A heterogeneidade estrutural (social, produtiva e espacial) ainda estão presentes nesse pólo moderno nacional. Como consequência dessa rápida expansão,
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Figura 8. RegiĂŁo Metropolitana de Campinas e malha rodoviĂĄria. Fonte: http://www.campinas.sp.gov.br
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mesmo com o crescimento dos setores da economia local, não foi possível a absorção da totalidade dos intensos fluxos demográficos que se dirigiram à região. Isso gerou a periferização das camadas sociais de menor poder aquisitivo.(Wilson Cano 2002, 403) A estagnação econômica das duas últimas décadas provocaram desemprego e diminuição da renda real dos trabalhadores que causaram a formação de um dos mais sérios focos de violência do país. FATOS E TENDÊNCIAS Quanto aos índices demográficos, percebe-se ainda crescimento da RMC no início do século XXI e a tendência é que os números continuem em ascenção. Os municípios do entorno de Campinas cresceram no geral mais do que a própria sede da região. A cidade de Campinas reduziu seu crescimento em relação aos outros municípios mas passa a receber nas últimas décadas em maior número imigrantes de classe de maior renda, atraídos pela demanda de vagas de empregos de maior qualificação. A tendência portanto, é a atração de migrantes de maior renda e qualificação enquanto prossegue a periferização da mão-de-obra de baixa qualificação.(Wilson Cano 2002, 412) Quanto à economia, nota-se analisando dados de três décadas passadas o setor agropecuário apresenta queda na participação relativa a contribuição fiscal no estado de São Paulo, enquanto os outros setores da economia como a indústria, o comércio e serviços vêm ganhando importância. Acredita-se que essa seja a tendância para os próximos anos11. As finanças públicas apresentam um grande quadro de fragilidade em todos os municípios e geram empecilhos ao enfrentamento de seus problemas. O
forte endividamento acumulado e o enorme aumento das demandas sociais foram respondidos com o corte de investimentos e despesas sociais, dificultando assim a ampliação das ofertas de serviço e coloca em risco a qualidade dos já existentes. Reverter essa situação será bastante difícil pois mesmo com a continuidade de corte de gastos, os recursos não sofreram aumentos significativos. A infraestrutura urbana encontra-se pressio nada como um todo por causa do constante crescimento demográfico. As situações mais críticas são as da administração dos recursos hídricos (captação, tratamento e abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos e resíduos sólidos), do transporte público e da política habitacional. Essa questão depende também, quase que completamente, da administração das finanças públicas, como visto anteriormente. O sistema de saúde da RMC está centralizado em Campinas e acaba abrangendo mais do que a própria região em si (inclui outros 23 municípios). O pólo regional conta com grande disponibilidade de leitos hospitalares e gera intensos fluxos de prestação de serviços de saúde. Esse dado sobre a atração de pacientes não corresponde apenas à presença do Hospital das Clínicas da Unicamp, mas também demonstra a deficiência desses serviços nas outras cidades. O ensino fundamental e médio, assim como as outras infraestruturas urbanas, encontra-se saturado. A tendência é que essa pressão continue, visto que a demanda é sempre maior que o número de vagas oferecidas. Em sua maioria, os alunos encontram-se em instituições estaduais, principalmenteos alunos do Ensino Médio. Por conta da presença de muitos centros universitários, o ensino superior apresenta-se fortalecido
11 Dados da Secretaria da Fazenda, Fundação Seade publicados em Wilson Cano, Carlos A. Brandão. A Região Metropolitana de Campinas. Campinas: Editora da Unicamp, 2002, v.2, p.414.
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chegando a representar 15% de toda a concentração científica e cerca de 10% de pós-graduação do país. PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES INDÚSTRIA Acer, Alcatel, Hewlett Packard, Bosch/GE, Pirelli, Siemens (Campinas); Goodyear (Americana); Coca-Cola (Cosmópolis); IBM, Magneti Marelli (Hortolândia); Toyota (Indaiatuba); Johnson, Antarctica, Compaq, Motorola (Jaguariúna); Tetra-Pak (Monte Mor); Rhodia, Dupont, Petrobrás, Purina (Paulínia); 3M do Brasil, Honda (Sumaré); Unilever (Valinhos); Gessy Lever (Vinhedo), entre muitas outras. SAÚDE Hospital das Clínicas da Unicamp (Campinas), Hospital Estadual de Sumaré. EDUCAÇÃO Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP), sedes das universidades paulistanas Fundação Getúlio Vargas (FGV), Universidade Presbiteriana Mackenzie, Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e Senac e entre outras. TRANSPORTE Aeroporto Internacional de Viracopos e Aeroporto Campo dos Amarais (Campinas), Terminal Intermodal de Campinas, entre outros. A região é servida por cerca de oito principais rodovias e suas ramificações e entre elas destacam-se: Rodovia Anhanguera (SP 330), Rodovia dos Bandeirantes (SP 340) , Rodovia Dom Pedro I (SP 065), etc..
COMUNICAÇÃO Campinas conta com 63 estações de rádio FM e 21 canais VHF e UHF de televisão (sendo que entre esses 3 têm sede no município). CULTURA E LAZER As principais estruturas de lazer da cidade de Campinas são o Teatro do Centro de Convivência Cultural Carlos Gomes, Teatro Castro Mendes, Teatro Parque Dom Pedro Shopping, o CPFLCultura, cerca de 42 salas de cinema, as quais estão localizadas principalmente nos centros comerciais do município, o Museu de Arte Moderna (MAM), o Museu de Arte Contemporânea de Campinas (MACC), Museu da Imagem e do Som (MIS), Museu do Café (MUCA), Museu da Cidade (MUCI), Museu Dinâmico de Ciência de Campinas (MDCC) e o Museu de História Natural (MHN). O LOCAL DE TRABALHO A área destinada ao projeto é central, servida pelo transporte público e próxima aos terminais rodoviário e intermodal de Campinas. O local escolhido aparece como um desafio pois encontra-se praticamente inutilizada e teve seu entorno bastante modificado pela ausência de função do antigo edíficio da década de 70. A antiga Estação Rodoviária Dr. Barbosa de Barros, último uso de principal parte do terreno, até 1969 abrigava a Maternidade de Campinas, que após ter sido transferida para a rua Orozimbo Maia, teve seu edifício no terreno em questão demolido. Após um acordo com a prefeitura de Campinas, a Maternidade cedeu o uso do terreno para a construção do terminal rodoviário, inaugurado em 1974, em troca da administração do novo edifício. No início da década de 80 foi iniciada a cons-
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trução de um anexo, onde se previa a instalação de comércios, mas as obras foram paralizadas em 1989 e nunca mais foram retomadas. O que se pode notar ainda hoje é a estrutura de concreto armado remanescente na lateral nordeste da área, margeando a avenida Andrade Neves. O atual desuso da área e o abandono de muitos comerciantes e prestadores de serviços do entorno explica-se pela desmotivação causada pela mudança da antiga Rodoviária em 2008 para uma área onde primeiramente se localizada um dos pátios da Fepasa. Nesse caso o projeto poderia servir de ponto de atração de pessoas e produzir como efeito secundário, fora de sua esfera de atuação, uma reorganização de fluxos funcionando como agente renovador nesse sentido.
LOCALIZAÇÃO O terreno tem como limites as avenidas Barão de Itapura e Andrade Neves, e as ruas Barão de Parnaíba e Marquês de Três Rios. REGIÃO Centro de Campinas, São Paulo. ÁREA Aproximadamente 11.500 m² de partes construídas da antiga rodoviária, dois estacionamentos, um um pequeno comércio e espaços vazios. LEGISLAÇÃO O terreno está incluído da Zona 13 segundo a Lei de Ocupação e Uso do Solo de Campinas 6031 de 1988.12
12 Para maiores informações sobre uso e ocupação, gabaritos e recúos, consultar o anexo III desse trabalho.
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Pra ça Ramos d e Azevedo
Figura 9. Localização da área de estudo - fonte:http:// maps.google.com
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Figura 10. Uso do solo atual. Área de projeto. Fonte: maps.google.com Figura 11. Análise de fluxos e vento. Fonte: maps.google.com
| Antiga Rodoviária | Estacionamentos | Comércio | |Estrutura Concreto nunca utilizada| Fluxo Intenso
Fluxo médio
ANÁLISE SENSORIAL SONORA E OLFATIVA E DE FLUXOS As zonas de maiores ruídos e odores da poluição urbana são as das avenidas Barão de Itapura e Andrade Neves. As ruas Barão de Parnaíba e Marquês de Três Rios apresentam níveis médios de poluição sonora e odores produzidos pelo tráfico intenso de automóveis e motos. O infográfico demonstra os níveis de fluxo de automóveis nas vias do entorno e levarão à decisões projetuais como por exemplo a localização de acessos de usuários, áreas que necessitam silêncio e outras que se beneficiam desse intenso fluxo, ou ainda na criação da via interna para carros, ônibus e para as unidades móveis bem como para o estacionamento localizado no subsolo.
VISUAL As poucas áreas verdes localizadas na Av. Andrade Neves encontram-se abandonadas com mato crescendo e sem uso efetivo. Há algumas árvores demonstradas na figura 13 que serão mantidas. Atualmente a área apresenta-se descuidada e em alguns pontos suja. Alguns estabelecimentos foram fechados, como por exemplo bares, hotéis e antigos estacionamentos.
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INFOGRÁFICOS DE ANÁLISE DO ENTORNO
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Figura 12. Usos do solo do entorno.
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Figura 13. Gabarito das edificaçþes.
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Figura 14. Vegetação e praças.
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Figura 15. Gabarito dos edifícios do entorno e estrutura pré-existente na área de estudo.
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TOPOGRAFIA
Figura 16. Acima e abaixo à esquerda: Curvas de nível da implantação da antiga Rodoviária e as originais do terreno respectivamente. Abaixo, à direita, movimentação de terra proposta pelo projeto da biblioteca multimídia.
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ESTUDO DE INSOLAÇAO: EDIFÍCIOS CIRCUNDANTES E PROJETO 22/06 - 10:00 h
22/11 - 10:00 h
22/06 - 15:00 h
22/11 - 15:00 h
O estudo de insolação permite prever as áreas de sombra causadas pelos edifícios do entorno e pelo próprio projeto. Como se pode perceber, não haverá grandes sombreamentos no edifício causados pelas construções ao seu redor e nem o inverso. No inverno nota-se sombreamento na porção nordeste e noroeste do terreno, assim como no verão, porém em maiores áreas. A observação das imagens desses períodos críticos do solstício de verão e de inverno, auxiliou na localização das aberturas, na composição das varandas, e na utilização de brises, como demonstrados nas pranchas de projeto.
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ANÁLISE DE FLUXOS
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Figura 17. O estudo de fluxos de diferentes categorias que influenciaram na localização dos acessos de usuários, sejam eles pedestres ou motorizados.
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RELAÇÕES COM A CIDADE
Figura 18. Distâncias entre o projeto e algumas das principais estruturas de transporte urbano de Campinas.
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IMAGENS DO LOCAL
Figura 19. Fotomontagem: Esquina da Avenida Andrade Neves com rua Marquês de Três Rios. Fotos: Mariana Ginesi.
Figura 20. Fotomontagem: R. Marquês De Três Rios. Lateral da antiga rodoviária. Fotos: Mariana Ginesi.
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IMAGENS DO LOCAL
Figura 21. Fotomontagem: Rua Barão De Parnaíba. Fotos: Mariana Ginesi.
Figura 22, 23, 24 e 25. Vistas das pré-existências. Fotos: Mariana Ginesi.
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ARGUMENTAÇÃO TEÓRICA E CRÍTICA
ARQUITETURA A teoria fenomenologista já definiria a necessidade da totalidade dos sentidos na verdadeira percepção dos espaços. Isso se aplica igualmente na especificidade do espaço construído. Duas dimensões entram em jogo, ou seja, há um conflito do material, daquilo que se pode ver, tocar, inalar, perceber; com o imaterial. A primeira categoria se refere realmente à construção arquitetônica em si, enquanto que a segunda pode se subdividir em diversas sub-categorias, passando da percepção de imagens, cheiros e ruídos às sensações experimentadas, sua manipulação, interpretações do lugar. “Não esqueçamos que, ao lado das técnicas de construção, está a construção das técnicas, o conjunto de mutações espaciais e temporais que reorganizam incessantemente, com o campo do cotidiano, as representações estéticas do terrritório contemporâneo. O espaço construído não o é exclusivamente pelo efeito material e concreto das estruturas construídas, da permanência de elementos e marcas arquiteturais ou urbanísticas, mas igualmente pela súbita proliferação, a incessante profusão de efeitos especiais que afetam a consciência do tempo e das distâncias, assim como a percepção do meio.” (Virilio 1993, 16) Enquanto a primeira categoria é constituída de elementos físicos e que podem ser precisamente localizados, a segunda é volátil, momentânea, instavél, sem território. Paul Virilio afirma que a primeira seria representada pelos elementos arquitetônicos e urbanísti-
cos que organizam os espaços geográficos e políticos, e a segunda pelos que organizariam e desorganizariam indiscriminadamente o espaço-tempo. A cultura ocidental manteve por 25 séculos, desde os conceitos vitruvianos13, ideais de estabilidade, solidez, materialidade, permanência e espacialidade como definidores da Arquitetura. Há relativamente pouco tempo, iniciaram-se questionamentos quanto a fluidez e quanto a capacidade de alteração e livres mudanças da arquitetura. Uma arquitetura quase que mais atrelada ao tempo que ao espaço, que não tenha como intenção organizar somente um local e suas dimensões e sim o movimento, os fluxos e durações. Ignasi de Sola-Morales propõe a existência de uma arquitetura materialmente líquida, de fluidez alternada, atenta e configuradora não de estabilidade mas de mudança e, portanto, com toda essa fluidez nos seria apresentada toda a realidade. (Sola-Morales 2001) Bauman afirma que os fluidos não se atêm muito a qualquer forma e estão constantemente prontos (e propensos) a mudá-la, assim, para eles, o que conta é o tempo, mais do que o espaço que lhe toca ocupar; espaço afinal que preenchem apenas “por um momento”. (Bauman 2008, 8) Sola-Morales acredita que a sociedade contemporânea conseguiu assumir os dinamismos de seu entorno porque atendem prioritariamente à mudança, à transformação e aos processos que o tempo estabelece e que através dele modificaram o modo de ser das coisas. Ele afirma ainda que essa passagem do “sólido ao líquido” necessita de um processo que estabeleça estágios intermediários, e que seria justamente nesse momento que se encontra a arquitetura atual. Uma arquitetura que vive as tensões de prioridades opostas
13. Utilitas, firmitas, venustas; que podem ser traduzidos como comodidade, firmeza e beleza.
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porém relacionadas: tempo e espaço. É no século XX que a noção de espaço/tempo se converte na base teórica da teoria da Arquitetura Moderna. A experiência temporal passa a ser essencial na descrição total da experiência. Sola-Morales diria que “O epaço é percebido no tempo e o tempo é a forma da experiência espacial” A arquitetura buscada seria aquela baseada na intuição de tornar-se duração, como multiplicidade da experiência dos espaços e dos tempos, onde os acontecimentos não fixam objetos, nem delimitam espaços ou detêm o tempo. Os espaços fixos se tornariam dilatações e os tempos cronometráveis se convertem em fluxos, em experiências do que é durável. (Sola-Morales 2001, 5) Todos esses questionamentos levam a uma arquitetura sem categorias fixas e que sejam capazes de reunir em um mesmo plano esperimentações diversas não excludentes nem hierarquizadas. É o que se pode notar com a grande tendência de evitar (quando possível) a realização de um projeto de programa baseado em uma principal atividade e apostar em programas complexos e alternáveis que gerem espaços mais ricos e utilizados; ou seja: permanentes em suas mudanças. Segundo Bernard Tschumi, a arquitetura nas grandes cidades deve encontrar soluções não familiares aos problemas ao invés das “cômodas” soluções da criação de comunidade, é o que ele denomina um choque nas grandes metrópoles. “Choque é só o que nos sobrou para comunicarnos nesses tempos de informações generalizadas.” (Tschumi, Six Concepts 1994)
Mesmo a justaposição de rodovias, shopping centers, arranha-céus e de pequenas casas poderia ser vista como um sinal positivo de vitalidade da cultura urbana. Tschumi ainda propõe a criação de eventos a partir dos chamados “choques urbanos” que intesifiquem e acelerem a experiência da cidades através de colisões e separações. O conceito de completa intermutabilidade entre forma e função provocariam a negação da tradicional e canônica relação de causa e efeito pregada pelo Modernismo imortalizada pela famosa frase “Form follows function”. Para o arquiteto essa afirmação não seria verdadeira, todavia não se pode negar a interação entre eles. (Tschumi, Six Concepts 1994) Não existiria arquitetura se a ela não fossem somados o cotidiano, os movimentos e as ações. E seria portanto, a dinâmica de separação destes que sugerem uma nova definição do que seria arquitetura. Segundo Ana Rosenbluth, o cotidiano é na verdade tudo, ou seja a vida diária e tudo aquilo que a constitui,e seria imprescindível na construção das cidades na escala humana. (Rosenbluth 2001, 6) A atividade humana transforma o mundo de interpretações subjetivas na realidade objetiva e coerente. O mundo da realidade cotidiana é o mundo do sentido comum, aquele que que se experimenta em estado de vigília, aquele que proporciona ordem e ortoga sentido e significado ao aqui e agora. (...) Nesse sentido, a experiência vivida deve ser mais importante que a forma física na definição da cidade. (Rosenbluth 2001, 6) A riqueza da vida cotidiana estaria portanto além das atividades básicas do ser humano e depende da inclusão de um sistema complexo, variado e amplo de
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significados que também eles são múltiplos e mutáveis. A “contaminação” de todas as categorias, as constantes substituições e a confusão dos gêneros seriam as novas diretrizes de pensamento arquitetônico para muitos críticos, desde Andreas Huyssens até Jean Baudrillard e pode ser usado na renovação da arquitetura como um todo. Se arquitetura é ao mesmo tempo conceito e experiência, espaço e uso, estrutura e imagem superficial – não-hierarquicamente- então a arquitetura deveria parar de separar essas categorias e ao invés disso misturá-las em combinações de programa e espaço sem precedentes. (Tschumi, Six Concepts 1994) A dinâmica criada pelos eventos que acontecem nesses espaços, para Tschumi, são tão importantes quanto o espaço em si. E se não são conseguidos “choques” a partir da sucessão e justaposição de fachadas e ambientes, talvez seja a justaposição de eventos que os produzam.
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TECNOLOGIA A TECNOLOGIA E A ARQUITETURA Nos dias atuais já não se vê o crescimento urbano como descreveria Jane Jacobs fundamentado na vida em pequena escala, nas atividades de bairro e sua desordem, e na coexistência de preexistências e do novo. Os novos processos econômicos flexíveis e as cidades interligadas globalmente mudaram a forma de interpretação das cidades. Em sua contradição, a cidade se desenvolve baseada na extrema acumulação de riquezas e na consequente marginalização de grande parcela de sua população, que apesar de ter ciência da avançada condição tecnológica de suas cidades, não participa desse processo. É o high tech convivendo com o cotidiano. Em algumas visões, a cidade pode ser vista como um bem econômico, como uma unidade estratégica, passível de transações de mercado para aqueles que podem adquirí-la, e que perdeu seu objetivo lógico inicial de ser um bem social. Henri Lefebvre aponta que durante a era industrial dos séculos XVIII e XIX, as cidades que inicialmente baseavam-se principalmente na atividade comercial e por isso caracteristicamente abertas passaram a ser fechadas. A coexistência inicial da cidade pré-industrial e da “não-cidade” 14 gerava uma ruptura da realidade urbana. Entretanto, em algum momento no desenvolverse desse processo, segundo Lefebvre, “a ‘não-cidade’ e a ‘anti-cidade’ vão conquistar a cidade, penetra-la, explodila e, assim apaga-la desemsuradamente, alcançando a urbanização da sociedade”. (1970, 3 apud Lemos 2004, 3).
Na virada para o século XX surgirão as cidades modernas fechadas no sentido físico, político e econômico. Seria portanto, na era pós industrial que as cidades de fluxos globalizados retomariam sua abertura. É o que Lemos denomina cibercidades, espaços de fluxos dentro da nova era tecnológica onde os limites físicos se confundem com os espaços de seu entorno.
14 A primeira seria o conjunto de ruas, praças e monumentos enquanto a segunda as aglomerações industriais fora dos eixos urbanos e próximos a fontes de energia, recursos naturais e reservas de mão-de-obra.
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“Espaco de fluxos é a organização material de tempo-compartilhado de práticas sociais que funcionam por fluxos. Por fluxo eu entendo sucessões propositadas sucessões propositadas, repetitivas, programáveis de troca e interação entre posições fisicamente deslocadas, organizadas por atores sociais nas estruturas econômicas, políticas e simbólicas de sociedade.” (Castells, The rise of the network society.The Information Age: Economy, society and culture 2000, 412) O atual espaço de fluxos, segundo Manuel Castells, poderia constituir as tentativas de virtualização das cidades como continuidade da urbanização pós-industrial. (1996, apud Lemos 2004) Porém, para dar conta dessa virtualização, Lefebvre afirma que a forma deve evocar e provocar concentração e dispersão: massa, acumulações colossais, evacuações. (1970, 57 apud Lemos 2004, 3) A idéia de Lefebvre é a de que os ciberespaços podem proporcionar uma das características mais fundamentais da vida nas cidades como a anulação simbólica das distâncias entre os ocupantes através da comunicação digital. Ele afirma ainda que “a superação do fechado e do aberto, do imediato e do mediato, da ordem próxima e da ordem distante, em uma realidade diferencial na qual esses termos não se separam mais, mas mudam em diferenças imanentes.”(1970, 57 apud
Lemos 2004, 4) Mas como se daria a relação dos espaços virtuais e das cidades como a conhecemos? Teria a cibercidade o mesmo efeito nos diversos sentidos humanos de seus usuários do que a realidade física? E os encontros entre habitantes, como se dariam? Segundo Lemos a cidade e a cibercidade devem ser vistas como forma espaço-temporal que se constróem pelo movimento (físico e de informação): transporte e comunicação. Isso significa que além da mera metáfora na analogia entre cidades e circuitos eletrônicos, deve existir transporte de informação e formação de situações de comunicação. Por sua rede social complexa que interliga diferentes sistemas e agrupamentos socioculturais da cidade, não seria possível uma tradução simplificada dos aspectos da sociedade atual em uma determinada linguagem computacional de programação. As inter-relações e as formas de impacto de um sistema sobre outro não podem ser simplesmente determinadas, e é importante ressaltar que os espaços virtuais não têm esse objetivo. Quanto às similaridades com o espaço físico das cidades contemporâneas, Nelson Brissac acredita que as cibercidades nunca chegarão a ser como as cidades atuais simplemesmente pela ausência de memória
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coletiva, abstrata ou expressa pelos elementos urbanos. Além disso, como já dito, o objetivo de uma cibercidades não seria substituir a cidade real pela descrição de seus dados, mas insistir em formas de fluxos comunicacionais e de transporte através da ação à distância, sendo assim uma “narrativa” da cidade e não sua transposição literal ou espacial.(1998, 10 apud Lemos, 2004,4) O estudo das cibercidades e de novas tecnologias aplicadas ao projeto de arquitetura e urbanismo desde seu processo inicial deve ser, portanto, a luta contra a exclusão social, regeneração do espaço público e promoção da apropriação social das novas tecnologias. O virtual não deve ser substitutivo ou transpositivo, mas complementar e auxiliar na potencialização dos processos conectivos entre as pessoas. O questionamento de que as cidades poderiam vir a sofrer processos de esvaziamento pela segurança, rapidez e facilidade das redes virtuais é defendida por Castells, que acredita que a emergente troca de informações telemáticas potencializam uma separação entre as relações no espaço e aquelas na rede, como por exemplo as várias funções exercidas na vida cotidiana, como trabalhar, comprar, se educar ou mesmo se divertir. Baumam cita a mesma tendência de isolamento em condomínios fechados e nos “templos de consumo” nos quais apesar de compartilhar os espaços físicos, a população não tem nenhuma interação social. (Bauman 2008, 114) No entanto, o sociólogo espanhol Martín Barbero crê que em nenhum momento esta dissociação pode ser interpretada como esvaziamento da cidade real em função da separação e isolamento de seus indivíduos. Muito pelo contrario, as trocas tenderiam a aumentar, no espaço físico, os problemas como a circulação de pessoas. Os problemas de transportes tenderiam mesmo a
se agravar, já que, pelo impacto das novas tecnologias na vida cotidiana, as pessoas estariam liberadas do confinamento espaço-temporal em escritórios, agências de burocracia, bancos ou supermercados.(1996, 27 apud Lemos 2004, 7) Importante também é avaliar a qualidade do contato social produzido nos atuais locais de lazer e consumo, que apesar de existir passa a ser breve e superficial, quase que inevitável. É que o o sociólogo Bauman analisa no decorrer do processo de entendimento do que ele denomina a Modernidade Líquida. Em busca de conforto, segurança, da sensação de comunidade e do sentimento de identidade comum, grande parte da população se dirige aos centros de consumo criados para a fabricação de uma experiência impossível de se obter fora desses edifícios. A TECNOLOGIA E O PROCESSO PROJETUAL A incorporação de novas tecnologias foi fundamental no processo de alterações conceituais do processo de projeto arquitetônico e teve como primeira grande transição a migração da informação do suporte material ao digital. Isso fez com que a informação fosse acessível as pessoas que inicialmente possuíssem uma linha telefônica e um modem ligados a um microcomputador. Num plano maior, pode-se dizer que foi um grande momento na ruptura do paradigma espaço/ tempo, pois permitia uma interação não-física em tempo real. A possibilidade de acessar diversos conteúdos e localidades virtuais (que na sua maioria representam entidades físicas reais, como instituições de ensino, cultura e lazer, etc.) quase que simultaneamente, gera uma multiplicação de presenças a uma mesma pessoa. Pode-se dizer que foi criada uma segunda di-
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mensão na vida de seus usuários que quebra a linearidade das referências cronológicas. Mas não foi só no cotidiano que a tecnologia quebrou paradigmas. Os processos de concepção e desenvolvimento e fabricação de novos produtos foram altamente afetados pela aplicação da tecnologia digital. Acredita-se que não se trata apenas uma incrementação de processos anteriores, e sim a constituição de um processo criativo fundamentado sobre outra lógica. Na arquitetura contemporânea, formalmente, temos como exemplos de mudanças dramáticas a utilização de formas curvilíneas e complexas nos projetos, e conceitualmente, a experimentação de uma “aquitetura concebida digitalmente a partir de um espaço geométrico não-Euclidiano, sistemas cinéticos e dinâmicos e algoritmos gerativos de formas.” (Nardelli 2007, 30) Esses novos processos estão superando os padrões arquitetônicos tradicionais, e auxiliados pela incorporação dos avanços já ocorridos na indústria automobilística, aeroespacial e navegação, permitiram a produção e a construção de formas altamente complexas, antes inviáveis em termos de custos e produção. William Mitchell afirma que enquanto a arquitetura tradicional era a materialização de desenhos realizados sobre o papel, a arquitetura contemporânea é a materialização das técnicas digitais que permitem a concepção de objetos com alto nível de complexidade. (Nardelli 2007, 30) A anterior busca Modernista de estabilidade e modulação repetitiva seria trocada pela representação de um mundo dinâmico, em constante mudança, que desafia a logica estática das normas e das tipologias. Portanto, a busca pela diversidade, descontinuidade e difereciação poderia ser pensada como a simbiose entre produto, projeto e modo de concepção fundamentado por recursos digitais. 15 Para maiores informações consultar: (Oxman 2005, 244-260)
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Nardelli resume os modelos paradigmáticos de Rivka Oxman (Nardelli 2007, 33)15 : •Sistemas CAD, um primeiro passo para o rompimento com desenho convencional sobre papel, porém com pouco efeito inicial sobre o processo de projeto; •“Formation”, um conceito estabelecido a partir da teoria emergente de projeto que transformou o conceito de forma em conceito de composição associado à topologia (que explora conceitos formais topológicos e a geometria não-Euclidiana), parametrização e animação (transformações morfológicas e de outra natureza, que se multiplicam descontinuamente num continuo dinâmico); •Geração: caracterizados pela provisão de mecanismos computacionais por processos gerativos, onde as formas se definem a partir de fórmulas gerativas pré-definidas. Aqui podem ser definidos dois sub-grupos, shape grammars (gramática formal) e modelos evolutivos; •Performance, determinado pelo desempenho e potencialidade integrados com processos “formation” e de geração a partir de determinantes exter nas, como questões ambientais, características do sítio, programa, etc. Para o acompanhamento dessa revolução digital é portanto percebida a necessidade de reavaliação dos currículos escolares e do aprendizado das novas tecnologias por profissionais. MOBILIDADE E NOMADISMO Num primeiro momento, com o aprimoramento das tecnologias de tipo móvel sobre as formas de conhe-
cimento, segundo Marshall McLuhan, teria teriam transformado a percepção de mundo tendo a predisposição de uma sequência lógica linear, da ordenação de fatos e eventos atrelados a ela que não permitiam conexões criativas e polivalentes. (Duarte 1999, 66) Com o florescimento das tecnologias que superaram a escrita na disseminação de informação, na primeira metade do século XX, serão superadas as concepções espaciais, políticas e temporais no mundo, e portanto estimulando outro sentidos humanos antes subjulgados pela visão. A mobilidade das pessoas no contexto urbano muda com o desenvolvimento dos sistemas tecnológicos de transporte, informação e comunicação e a dinâmica lógica dos novos meios de comunicação redireciona as propostas arquitetônicas. A cidade do automóvel, pro jetada para carros e caminhões. Esta seria uma nova modalidade da cidade orgânica que, com suas autopistas, parece dar vazão ao fluxo (transporte e comunicação) deste organismo. (Lemos 2004, 1) Já na década de 60, com a explosão demográfica nas metrópoles e as consequências dos pós-guerras, estudaram-se novas propostas para a cidade baseados no entrelaçamento global de sistemas informacionais. A expansão territorial para as periferias e portanto o aumento do tempo de deslocamento dos habitantes para estudar ou trabalhar obrigavam as pessoas a passarem mais tempo fora doque dentro de suas próprias casas e faziam também que sua interação com a tecnologia, das tvs aos carros, reordenavam a ordem das cidades. Os modelos propostos inicialmente pelos metabolista e em seguida pelo grupo Archigram, com cápsulas móveis, unidades arquitetônicas-informacionais, que
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possibilitavam a reconfiguração dos espaços e a ação das pessoas serviram como crítica à massificação urbana e a estandartização. O grupo britânico propôs projetos de reflexão sobre a cidade baseados em tópicos como sobrevivência, o indivíduo e as diversas inerações, os movimentos e fluxos como um todo, a cidade como organismo e habitat do homem, as redes de comunicação, identidade e as situações como propulsores da vida urbana. Bauman afirma que durante a era moderna sólida, os hábitos nômades eram mal vistos e que tudo o que não representasse assentamento e sedentarismo significava a exclusão da comunidade obediente e protegida pela lei. Em contraposição à essa solidez, na contemporaneidade líquida e de fluidez, quem domina a massa assentada é a elite nômade e extraterritorial. (Bauman 2008) “Fixar-se ao solo não é tão importante se o solo pode ser alcançado e abandonado à vontade, imediatamente ou em pouquíssimo tempo. Por outro lado, fixar-se muito fortemente, sobrecarregando os laços com compromissos mutuamente vinculantes, pode ser positivamente prejudicial, dadas as novas oportunidades que surgem em outros lugares. “(Bauman 2008, 21)
fragmentados tornam os homens entidades espacial e temporalmente indefinidas. As informações eletrônicas e os espaços urbanos se sobrepõem e não se anulam mutuamente, portanto eles são considerados não somente como partes centrais desse sistema, mas como definidores de novos padrões de mobilidade em seu contexto urbano. (Mitchell and Casalengo 2005) A crescente quantidade de informação digital disponível e disseminada pelo território, enfatiza o elemento dos lugares físicos; o ambiente se torna uma interface real da mobilidade, um tecido conector, onde informações digitais locais enriquecem a experiência de se mover pela cidade. Mitchell acredita que seria impossível dissociar os sistemas reais de transporte do acesso à tecnologia eletrônica. O acesso onipresente e difundido à tecnologia não muda só o modo de transportar-se nas cidades, mas também o modo como se for-mam as sociedades, pertencem a comunidades e acessam os recursos que a cidade oferece. Cesare Griffa condensa todos os conceitos que norteiam esse projeto na seguinte afirmação que diz que os novos motores de desenvolvimento não são nada mais do que hubs de comunicação, onde a riqueza não é mais a matéria prima e sim a capacidade de ativar os fluxos de informação. (Griffa 2008, 28)
Portanto, no desenvolvimento de um projeto contemporâneo envolvendo um sistema de transporte de cultura e informação o estudo dacorrelação entre o território urbano, a informação digital e as pessoas é fundamental. Mitchell afirma que a “mobilidade acontece igualmente a partir do ponto de vista físico e cognitivo.” (Mitchell and Casalengo 2005, 13) Gregory Bateson acredita que as redes estendidas em relação ao corpo humano e os habitats
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REFERÊNCIAS
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PROGRAMA DE NECESSIDADES “O projeto não nasce dos preconceitos do desenho, mas de uma reflexão exaustiva sobre dados do programa que determina a escritura arquitetônica, de modo que cada objeto pede uma arquitetura diferente. Jean Nouvel.”(Benevolo 2007, 188)
Levando em consideração as teorias da multiplicidade de funções que poderiam serem criadas em uma arquitetura de evento ou de crossprogramming expostas por diversos arquitetos como Bernard Tschumi ou Rem Koolhaas sustentados por conceitos filosóficos de Michel Foucault, Jacques Derrida e Andreas Huyssens será desenvolvido um programa de necessidades específico ao momento em que se realiza o projeto, analisando a cidade de Campinas e as tendências futuras, suas necessidades atuais e expectativas. Apesar desse proposta, poderão ser realizadas futuras alterações convenientes às mudanças sociais e tecnológicas assim como a realização de espaços de uso, funções e eventos múltiplos. O programa não tentaria protanto buscar uma “definição fixa e permanente ao espaço mas dar uma forma física ao tempo” (Sola-Morales 2001, 26) Para esse projeto serão seguidas as normas brasileiras da ABNT para sistematização da apresentação da proposta. Segundo as NBR 13531 e 13532 de 1995, o programa de necessidades de arquitetura deve considerar as informações de referência do levantamento de dados pré realizados assim como outras informações adicionais. Deverão ser produzidas informações técnicas: a) necessárias à concepção arquitetônica da edificação (ambiente construído ou artificial) e aos serviços
de obra, como nome, número e dimensões (gabaritos, áreas úteis e construídas) dos ambientes, com distinção entre os ambientes a construir, a ampliar, a reduzir e a recuperar, características, exigências, número, idade e permanência dos usuários, em cada ambiente; b) características funcionais ou das atividades em cada ambiente (ocupação, capacidade, movimentos, fluxos e períodos); c) características, dimensões e serviços dos equipamentos e mobiliário; exigências ambientais, níveis de desempenho; instalações especiais (elétricas, mecânicas, hidráulicas e sanitárias). Para isso devem ser apresentados além do memorial, desenhos (incluindo organograma e fluxograma), esquemas básicos e uma planilha que leve em conta a relação ambientes/usuários/atividades/equipamentos/ mobiliário, incluindo características, exigências, dimensões e quantidades. Para o dimensionamento do projeto foram consideradas as referências projetuais citadas, análise de casos como o da Biblioteca Nacional da Argentina e de outras cidades latino-americanas, comparados os indíces de leitura anual brasileiros e regional e a proposta de crescimento do índice nacional pelo Ministério da Educação. Por se tratar de um programa bastante único e sem precedentes exatamente iguais, e ainda, pelo caráter do edifício, de não se tornar centro de pesquisa e referências regionais e sim de promover um aumento nos índices de leitura e melhoria da cultura geral da população, será proposta uma Biblioteca com 150.000 volumes e 1.000 postos de leitura divididos em algumas categorias detalhadas na tabela. Se considerarmos que o tempo médio de permanência dos usuários é de 2 horas
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e que o edíficio funcione 10 horas ao dia, poderíamos estimar um número de até 5.000 visitantes ao dia. Para o dimensionamento foram utilizados os parâmetros do arquiteto e consultor Harry FaulknerBrown baseados em normas britânicas de requerimentos espaciais adequados. Segundo o arquiteto, considera-se uma área de 1,25 m² por leitor para armazenagem de livros e outras mídias e administração, mais 4 m² de área por posto de leitura, mais 25% desta área para circulação. (Marie-Françoise Bisbrouck 1997, 22) Segundo esse cálculo, estimaria-se uma área de aproximadamente 16.800 m² ao edifício, sem levar em consideração as áreas públicas, estacionamentos, armazenamento de acervo ou as estruturas móveis do projeto. Os acervos móveis serão transportados em caminhões adaptados e serão 8 unidades no total, para que inicialmente cada uma das macrozonas de Campinas seja atendida pelas unidades da Midiateca. O projeto poderá ser expandido no futuro. Cada
caminhão conta com 8 m² de área de armazenamento e exposição de mídias que serão detalhadas futuramente. Portanto, para cada uma das bibliotecas móveis foi calculado 910 volumes baseando-se na tabela (Nacional 2000, 54) que calcula os diferentes tipos de acervo por metro linear de estantes de 1,70 a 2,0 metros de altura. Com relação às entregas anteriores foram alteradas as áreas descritas na tabela do Programa de Necessidades. A adequação dos ambientes à area do projeto e às necessidades de cada atividade geraram essas mudanças. A principal altreração foi quanto às áreas dos acervos abertos e fechados. A idéia inicial era a de haver áreas idênticas para os dois tipos de arquivo, porém no decorrer do processo de projeto, verificou-se a maior necessidade da acessibilidade ao acervo ao invés de seu armazenamento. Isso reforça o caráter de democratização à cultura do edifício.
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Programa de Necessidades Categorias de Ambientes Armazenamento do acervo fixo e para empréstimo Espaço de leitura, visualização de outras mídias, pesquisa e referência Eventos culturais e de lazer Serviços internos administrativos e de manutenção Áreas públicas, semipúblicas, externas ou circulação Transporte de pessoas e informação Outros
Ambiente
Uso
Atividade Ler
Ambiente Postos de Leitura Postos de Leitura Individual Área de Estudos em Grupo Área de Leitura de Periódicos Sala de Leitura Lúdica Gibiteca
Assitir a vídeos
Postos de Visualização Sala de Exibições Coletivas
Ouvir música
Cabines de Som Individuais
Categorias de Usos População Funcionários Ambos
Ocupação 250 50 25 15 50 50 25 45
Equipamentos mesas, cadeiras, luminárias de mesa
Desempenho Arquitetônico Silencioso, bem iluminado, aconchegante, agradável, sem umidade, organizado, sinalizado
mesas e cadeiras pequenas, pavimento em Estimulante, bem iluminado, material colorido, estantes de prateleiras aconchegante, seguro para crianças inclinadas cabines com televisores, cadeiras projetor, tela de projeção, puffs
Silencioso, pouca iluminação, aconchegante
Área Circulação(2 Área tot. x m²(unid.) 5%) Ocup.(m²) 2.5 2.5 2.5 2.5 3
3.125 3.125 3.125 3.125 3.75
781.25 156.25 78.125 46.875 187.5
2.5
3.125
156.25
4 4
5 5
125 225
4 4
5 5
125 250
Postos de Música
50
cabines com reprodutor de CDs, fones de Silencioso, aconchegante ouvido e cadeira entradas para fones de ouvido e puffs
Acessar à Internet
Postos de Conexão Fixa Zonas Wireless
50 25
mesas e bancos altos, computadores poltronas para laptops
Estimulante, confortável, funcional
4 4
5 5
250 125
mesas, cadeiras, computadores, lousa
Usar o computador
Sala de informática
Estimulante, confortável, funcional
4
5
250
Pesquisar referências
Terminais de Consulta
mesas, cadeiras e computadores
Confortável, funcional
4
5
75
Assitir/Participar Eventos Artísticos
Área Livre
a definir 0Ͳ50
Estimulante, multifuncional, bem iluminado
200
equipamento de áudio e vídeo, poltronas, Silencioso, bem iluminado, mesa confortável, agradável, funcional, 0.45
0.5625
162.5
4
5
175
Auditório Assitir Palestras/Conferências/Peç as Teatrais
25
50 15
Brinquedoteca 35 Brincar
brinquedos, estantes, armários, lousas,mesas e cadeiras pequenas
Estimulante, bem iluminado, aconchegante, seguro para crianças
53
Descansar
Áreas públicas internas Praças Centro Fotocópia
Fotocopiar
25 30
puffs , poltronas, sofás bancos
Confortável, aconchegante, agradável, com vegetação
5
balcão, fotocopiadora, mesas, cadeiras, armários
Funcional
estantes, balcão, cadeira
Funcional, agradável, sem umidade, bem iluminado e ventilado
Livraria 25
Comprar livros/ materiais escolares Alimentar-se
Guardar pertences
Café
5
6.25
31.25
4
5
125
4 4
5 5
120 75
15
Guarda-volumes
50
armários
Funcional
2
2.5
125
mesa, cadeiras, telefone, computador
Funcional, confortável, iluminado, ventilado
5
6.25
6.25
Funcional, confortável, iluminado, ventilado
5
6.25
6.25
Agradável, funcional, sinalizado
3
3.75
7.5
3
3.75
7.5
3
3.75
3.75
3
3.75
7.5
7.5 5
9.375 6.25
18.75 6.25
4
5
30
3
3.75
112.5
5
6.25
18.75
5
6.25
18.75
1.5
1.875
4687.5
1.5
1.875
4687.5
Sala da Gerência Gerenciar edifício Recepção Secretaria
24
1
1 2 2
mesa, cadeiras, telefone, computador
balcão, cadeiras, telefone mesa, cadeiras, telefone, computador
Fazer a manutenção do edifício
Sala do Zelador
Proteger patrimônio
Sala de Segurança
2
mesa, cadeira
Funcional, confortável
Armazenar
Depósito de Limpeza Almoxerifado
2 1
estantes
Funcional, sem umidade
Treinar/Reunir Funcionários
Sala de Reunião
6
mesa de reunião, cadeiras
30
cadeiras com braço, mesa, tela de projeção, equipamento de áudio
Funcional, confortável, iluminado, ventilado
Sala de Treinamento
1
Restaurar/higienizar acervo Sala de Restauro 3
Armazenar acervo
125 187.5
Copa
Sala da Administração
Catalogar/Encadernar acervo
5 6.25
mesas, cadeiras, balcão, bancos, caixa, máquina de café mesa, bancos, pia, fogão, forno
Administrar recursos
Recepcionar
Funcional, agradável, bem iluminado, ventilado, limpo
4 5
Sala de Catalogação 3
Sala de Acervo Fechada Sala de Acervo Pública
mesa, cadeiras, telefone
mesa, luminárias de mesa, estantes, armários
mesa, luminárias de mesa, estantes, armários
estantes variável
Funcional, confortável
Funcional, sem umidade, iluminado, climatizado, limpo
Funcional, sem umidade, iluminado, climatizado, limpo
Funcional, sem umidade, iluminado, climatizado, limpo
54
Transportar acervo
Estruturas móveis adaptadas (unid.)
estantes,armários, televisor, brinquedos 8
Usar o banheiro
Banheiros (cabines) Banheiro Deficientes Físicos (cabines) Vestiários
76 10 8
Estacionar
Vagas de usuários (1vaga/60m² a.c) Estacionamento estruturas móveis (vagas) Estacionamento funcionários (vagas)
vasos sanitários, mictórios, pias, espelhos
30
Iluminado, ventilado, limpo, agradável, sinalizado
vasos sanitários e pias adaptados, espelhos, barras de apoio vasos sanitários, mictórios, pias, chuveiros, armários, bancos, espelho
Organizado, sinalizado, funcional, iluminado, seguro
130 8
Funcional, organizado, limpo, agradável, estimulante
----
8
10
80
2.5
3.125
237.5
5
6.25
62.5
16
20
160
12.5
15.625
2031.25
21
26.25
210
12.5
15.625
468.75
Área total construída (m²): Área total móvel (m²):
16746.3 80
Tabela 7 Tabela do Programa de Necessidade e estudo de áreas. (Faulkner-Brown, 1997)
55
Figura 26. Infogrรกfico de atividades
56
57
Figura 27. Organograma de relação usuários x funcionários.
PARTIDO ARQUITETÔNICO
Os pontos essencias que foram levados em consideração na elaboração desse projeto e que fazem parte do chamado partido arquitetônico são principalmente a análise da viabilidade de aproveitamento da estrutura existente do antigo terminal rodoviário de Campinas, a intersecção de fluxos de pedestres e veículos e sua relações, e a distribuição dos usos e atividades dos espaços da Biblioteca Multimídia em função de uma fluidez do espaço onde fosse desejável ou de parciais isolamentos quando necessário. A estrutura de concreto armado em questão é formada por duas partes distintas, uma delas edificada na década de 60 e que no perído abrigava a Maternidade de Campinas. O edifício de volume quadrangular, que tem como acesso a rua Barão de Parnaíba, foi então desocupado e cedido para a prefeitura que o transformou em terminal rodoviário, uso que teve até 2008. A outra porção que faceia a avenida Andrade Neves foi construída na década de 80, a qual nunca foi finalizada e que tinha como intuito o uso comercial, continua inacabada e em estado de degradação. A idéia de reutilização de grande parte dessa estrutura tem a intenção de criar novos usos surpreendentes a partir de algo considerado degradado. Os custos de construção e da demolição também foram levados em conta, visto que a realidade financeira e os baixos repasses de fundos a equipamentos culturais e de educação de países em desenvolvimento como o Brasil são questões importantes. A última justificativa da manutenção estrutural é o grande volume de resíduos de material de construção que a demolição geraria e que seriam agravados pela
ausência de legislação de depósito de resíduos sólidos na cidade de Campinas. Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo - CETESB, o volume de resíduos da construção civil é de 450 Kg/habitante ao ano, e portanto formas de deposição adequadas, reuso dos mesmos ou ainda evitar sua criação são formas conscientes de se construir e que tem suas bases num projeto arquitetônico inteligente. Para tanto, foi feito um estudo teórico, auxiliado por um engenheiro civil, do concreto utilizado, das cargas das lajes e da possibilidade de redução das dimensões dos pilares que num primeiro momento pareciam superdimensionados e que depois se confirmaram desse modo. Os detalhes dos cálculos estão apresentados mais adiante. A idéia de reutilização como um todo é bastante interessante mas se tornou um fator limitante de projeto. Por isso foram pensadas algumas alterações nas lajes que criassem a fluidez traduzida formalmente aos espaços. As lajes foram expandidas horizontalmente para a esquerda e para a direita criando a ideia de deslocamento e movimento ao edifício. Foi edificada ainda uma ultima laje superior a todas que cria mais um pavimento e que por sua altura permite suportar uma parte da laje inferior que se encontra em balanço sobre o cruzamento das avenidas Andrade Neves e Barão de Itapura. Outro ponto bastante pensado tem também suas raízes na antiga função do local, o de terminal rodoviário. A idéia seria a de criar um projeto permeável aos meios de transportes, sejam eles que se destinam à Biblioteca Multimídia ou aqueles que apenas passem pelo local. O tráfego não seria intenso, mas são previstas algumas linhas de transporte público que permitam acesso fácil e
58
promovam o uso do edifício pela população. Outra consequência da permeabilidade do edifício é a circulação de parte do acervo destinada às outras Macrozonas de Campinas, promovendo o interesse pelo aprendizado, a propapação de informação e do hábito de leitura, e o acesso a novas mídias. Quanto à organização dos pavimentos e das duas estruturas diferentes que combinadas formam o complexo do projeto, foi pensada a interação dos espaços e da fluidez de fluxos na maioria dos ambientes. Os acessos se dão pela rua Barão de Parnaíba e pela avenida Andrade Neves, respectivamente a primeira como entrada ao acervo de mídia física como livros, revistas e jornais e a segunda às mídias eletrônicas e locais de acesso à internet. Portanto, apesar de estarem unidos e ligados, pode-se dizer que fisicamente os acervos estão delimitados pelas diferentes estruturas do projeto. O estacionamento foi inteiramente enterrado e seu acesso dá-se pelo nível -4.0m. Na mesma cota encontra-se a área administrativa e de manutenção do local, assim como parte do acervo que circula pela cidade nas denominadas “Estruturas móveis de informação”. Cada pavimento tem uma mídia eletrônica específica e determinada, enquanto que na parte de biblioteca e hemeroteca, ambos pavimentos são de uso misto. Vale lembrar que há diferentes tipos de acervo que criam áreas diferenciadas dentro do edifício, como por exemplo no térreo da bibliotreca encontra-se o acervo de consulta não-circulante e de controle mais restrito, enquanto que no primeiro pavimento encontram-se os livros e revistas mais comuns. Essa divisão permite ao usuário circular por toda a extensão do edifício e ler onde desejar, permitindo assim uma experiência completa do
local pelo usuáio. Todos os andares possuem acesso a internet fixa ou wi-fi. O único andar que se diferencia é o lúdico, reservado para uma brinquedoteca, área de leitura infantil e gibiteca que se encontra integrado, mas separado do restante do edifício pela possível criação de ruído. As áreas externas foram pensadas como complemento do projeto e por isso a cobertura serve como área de lazer, encontro, leitura e eventos da comunidade. O teto é acessado por uma rampa externa que chega em dois pavimentos avarandados. O paisagismo foi pensado da mesma maneira e lida com diferentes níveis e rampas que criam ambientes interessantes, semi-secos, com presença de árvores que promovam sombreamento e desníveis para sentar-se. Foram pensados os paisagismos das nas três praças do entorno que hoje se encontram em desuso e mal cuidadas e que junto ao projeto e às atividades diversificadas de comércio, serviço e institucional poderiam tornar-se locais de atração da população.
+
Infográfico de estudo de deslocamento das lajes do projeto e de volumetria.
59
Estudo do redimensionamento dos pilares do projeto.
60
UNIDADES MÓVEIS DE INFORMAÇÃO
As unidades rodam a cidade, voltam ao local do projeto podendo ficar estacionadas ou
fazer parte da configuração do edifício em si. As carrocerias po-
Figura 28. Infográfico de mobilidade do acervo às macrozonas de Campinas.
dem ser separadas dos caminhões e colocadas em pontos do terreno ou na cobertura do edifício. 61
62
Figura 29 . Infogrรกfico de mobilidade do acervo da Bibliotrca Multimida de Campinas.
ESTUDO DE CONFIGURAÇÃO
Possibilidade de abertura da cobertura
6,47 m
Área de mídias como vídeos, música e internet
Zona dos livros, revistas, jornais e dos gibis.
2,87 m
Lateral removida para a criação de um pequeno palco para
Localização da rampa de acesso
Adaptação e modificação da carroceria de um caminhão Volkswagen Worker 8-120 (6,47 x 2,87 x 2,57m)
63
Maquete eletr么nica de estudo das unidades m贸veis.
64
ANEXO I – EXPRESSO BANDEIRANTES
A alta densidade de transportes e o crescente nível de congestionamento no principal eixo de ligação entre as metrópoles de São Paulo e Campinas é um grande desafio para o desenvolvimento e o crescimento das mais importantes regiões do Estado de São Paulo. Esse desafio é encarado pela CPTM como uma excelente oportunidade de mudar os paradigmas dos transportes sobre trilhos no Brasil, e propõe a construção de uma ligação ferroviária de 93 Km entre Campinas e São Paulo, parando em Jundiaí. O projeto estima um tempo de viagem de 50 minutos e a velocidade máxima do trem será de 160 Km
por hora [110 Km/h operação comercial]. A tarifa inicialmente prevista é de R$ 12,6 e o intervalo médio entre composições de 10 minutos na hora pico. Em fases futuras, será possível levar o projeto para o Aeroporto de Viracopos, o que permitiria também a conexão com o Aeroporto Internacional de São Paulo-Guarulhos, quando este empreendimento estiver associado ao Expresso Aeroporto, que liga São Paulo ao Aeroporto Internacional em Guarulhos. O custo estimado para implantação do projeto gira em torno de R$ 2,7 bilhões, dos quais R$ 2 bilhões são referentes às obras de infra-estrutura [incluindo desapropriações, construção de vias, viadutos, pontes, passagens, túneis etc.] e R$ 700 milhões para aquisição de trens.
Figura 30 Projeto Expresso Bandeirantes. Fonte:http://www.cptm.sp.gov.br
65
ANEXO II – AMPLIAÇÃO DE VIRACOPOS
A Prefeitura de Campinas e a Infraero assinaram um Termo de Cooperação Mútua para acelerar as desapropriações das áreas no entorno de Viracopos e dar início a ampliação do aeroporto. A área total a ser desapropriada será de 11,93 km², declarada de utilidade pública em 2006, onde será construída a segunda pista de pousos e decolagens, principal obra prevista no desenvolvimento do aeroporto. “Nos próximos 30 anos Viracopos poderá receber de 85 a 90 milhões de passageiros por ano e será o maior aeroporto do hemisfério sul”, disse o presidente da Infraero Sérgio Gaudenzi. O projeto será desapropriar cerca de 200 famílias, num total de 12 bairros, com 3.172 lotes urbanos e 88 áreas rurais. As indenizações custarão aos cofres públicos federais cerca de R$ 150 milhões. A primeira etapa, deverá ter início nos próximos meses, com os primeiros pagamentos da desapropriação. “Até o final do ano o projeto estará pronto e deverá ser licitado para início imediato das obras de construção da segunda pista”, diz Gaudenzi. De acordo com o seu presidente, a Infraero concentrará esforços na ampliação do aeroporto já que o considera tecnicamente a opção mais viável para absorver o futuro tráfego da área terminal de São Paulo. “Viracopos tem todos os requisitos técnicos para se transformar na melhor opção para desafogar os aeroportos de Cumbica e Congonhas. Por isso os técnicos da Infraero e da Prefeitura de Campinas brigaram muito para que a ampliação saísse do papel”, explica o prefeito de Campinas, Dr. Hélio dos Santos. Até o final de 2008 a Infraero concluirá o projeto executivo para a construção da segunda pista, que terá 3,6 mil metros de comprimento por 60 metros de largura. O investimento será de cerca de R$ 350 milhões, e deverá ficar pronta em três anos. Tanto a desapropriação – com o pagamento das indenizações – quanto a construção da segunda pista, serão pagos com verbas do
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A primeira fase do crescimento de Viracopos será concluída em 2015 e inclui, além da construção da pista, a ampliação do sistema de terminal de passageiros. “Viracopos está próximo da capital paulista e também haverá um trem rápido entro Rio e São Paulo, que deverá ter estação em Campinas”, informou Gaudenzi. A segunda fase está prevista até 2025 com a implantação de uma terceira pista e até 2030 a idéia é construir uma quarta pista. Desde 1995 a Infraero já investiu em Viracopos mais de R$ 250 milhões na construção dos terminais de carga e de passageiros, além de outras obras. Em 2007, o aeroporto bateu recorde histórico de crescimento na movimentação de mercadorias importadas e na movimentação de passageiros com aproximadamente 955 mil pessoas. VIP Viracopos Paralelamente à desapropriação, a Prefeitura informou que vai levar investimentos para a área do entorno do Aeroporto. Considerado como o maior projeto de inclusão social do interior do estado de São Paulo e orçado em R$ 104 milhões, todo o projeto VIP Viracopos abrange uma área de cerca de 8 milhões de metros quadrados. Neste espaço, a Prefeitura elaborou um plano que prevê reurbanização, regularização fundiária, saneamento básico, iluminação pública, saúde, educação, casas populares, transporte e equipamentos sociais e de lazer. Os recursos são oriundos da Prefeitura e do Governo Federal. As obras já estão começando e o projeto global deverá ser entregue aos moradores até o final de 2008.
Fonte: Redação Jornal Local 25/03/2008
66
FIGURA 31 PROJETO DE AMPLIAÇÃO DE VIRACOPOS. FONTE: ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL
FIGURA 32 COMPARAÇÃO DAS ÁREAS DOS PRINCIPAIS AEROPORTOS DE SÃO PAULO. FONTE: IDEM
DA AMPLIAÇÃO DE VIRACOPOS E ANAC.
67
ANEXO III - LEGISLAÇÃO Segundo a Lei de Uso e Ocupação do Solo da cidade de Campinas nº 6031 de 1988 a área está incluída na Zona 13 ou seja: “zona destinada basicamente aos usos comercial, de serviços e institucional, e grande porte”. Portanto os usos pretendidos inicialmente pelo projeto como salas de cinema (SG-4), biblioteca (EL) e filmomateca (EG) estão permitidos. LEGISLAÇÃO DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO DA CIDADE DE CAMPINAS Nº 6031 XIII - ZONA 13 a) quanto ao uso na categoria habitacional serão permitidos os usos unifamiliares e multifamiliares; b) quanto ao uso nas categorias comercial, de serviços e institucional serão: 1- permitidos os usos: CL-1, CL-2, CG-1 e CG-2; SP-1, SP-2, SL-1, SL-2, SL-3 e SL-4; SG-1, SG-2, SG-3, SG-4, SG-5, SG-6, SG-7, SG-8; EL, EG; 2- tolerados os usos: CG-3; EE; 3- proibidos todos os demais usos. c) quanto à ocupação:1- para o uso habitacional serão permitidos os tipos HMV-3, HMV-2, HMV-1, H-3 e HMH3; 2- para os usos comercial, de serviços e institucionais serão permitidos os tipos CSE 3, CSE-2, CSE-1, CSE e CSE4, para estabelecimentos de pequeno, médio e grande porte; (conforme redação dada pelo art. 47 da Lei no 6.367/90) 3- para o uso misto serão permitidos os tipos HCSE-3, HCSE-2, HCSE-1, HCSE e HCSE-4; (conforme redação dada pelo art. 47 da Lei no 6.367/90)
4- os tipos HCSE-4 e CSE-4 somente serão permitidos após estudos específicos, efetuados pelos órgãos técnicos de Planejamento da Prefeitura Municipal de Campinas, por solicitação dos interessados, em locais onde o lençol freático impedir a construção de subsolos. ( verificar Decreto no 10.554/91) - SG - 4 - SERVIÇOS DE LAZER E DIVERSÕES autocine, boliche, cinemas, teatros, auditórios, diversões eletrônicas, “drive-in”, casa de jogos, salão de festas, bailes, “buffet”; - EL - INSTITUIÇÕES DE ÂMBITO LOCAL ensino básico de 1o (primeiro) e 2o (segundo) graus, ensino pré-escolar, parque infantil, biblioteca, clubes as sociativos, recreativos e esportivos,quadras, salões de esportes e piscinas, posto de saúde, creches, dispensário, igreja, locais de culto, agência de correios e telégrafos, instalações de concessionárias de serviços públicos, postos policiais e de bombeiros; - EG - INSTITUIÇÕES EM GERAL ensino técnico-profissional, cursos de madureza, cursos preparatórios, ginásio, parque, pistas de esportes ,cinemateca, filmoteca, associações e fundações científicas, organizações associativas de profissionais, sindicatos ou organizações similares do trabalho, pinacoteca, museu, observatório, quadra de escola de samba, centro de saúde, hospital, maternidade, casas de saúde, sanatório, albergue, asilos, orfanatos, centro de orientação familiar, profissional, centro de reintegração social, agência de órgãos de previdência social, delegacia de ensino, delegacia de polícia, junta de alistamento eleitoral e militar, órgãos da administração pública federal, estadual e municipal, postos de identificação e documentação, serviço funerário, vara distrital, estação de rádio –difusão, instalações de concessionárias de serviços públicos. Quanto à ocupação são permitidos os usos CSE, CSE-1,
68
CSE-2, CSE-3, CSE-4 dos quais serão descritos os tipos CSE -2,3 e 4 apenas. - Área do lote maior ou igual a 450,00m². Testada do lote maior ou igual e 15,00m - Taxas de ocupação para os tipos CSE-2 e CSE-3: te menor ou igual a 0,75 to menor ou igual a 0,5 - Taxas de ocupação para os tipos CSE-4 - Taxas de ocupação (te e to) menores ou iguais a: te : 0,75 to : 0,75 para o primeiro e segundo andares; to : 0,5 para os demais andares. - Coeficiente de aproveitamento menor ou igual a 2 para o tipo CSE-2; a 3 para o tipo CSE-3 e a 4 para o tipo CSE4. - altura da edificação menor ou igual a: H = L + 2R H = altura máxima da edificação; L = largura da via pública de circulação; R = recuo frontal, sendo que a altura da edificação será a medida entre a soleira de entrada do pavimento térreo e o teto do último andar; o recuoserá necessariamente maior ou igual ao recuo frontal mínimo; havendo dois ou mais blocos de edificação no mesmo lote, a expressão da altura será obedecida para cada bloco isoladamente;quando a edificação apresentar corpos com recuos e alturas diferentes entre si, a verificação da altura será feita para cada corpo isoladamente, sendo R o recuo correspondente acada um; quando a edificação apresentar pavimentos escalonados, a verificação da altura será feita isoladamente, para cada pavimento ou grupo de pavimentos igualmente recuados; quando as edificações estiverem localizadas em lotes de esquina, a altura será verificada para a testada do lote. Quando as edificações estiverem localizadas em lotes que ocupem
a área total do quarteirão, a altura será verificada para as vias públicas correspondentes a dois alinhamentos opostos entre si, sendo um deles o alinhamento considerado como testada do lote. Quando as edificações estiverem localizadas em lotes com frente para praças públicas, a largura (L) será considerada igual a 20,00m (vinte metros) ou igual à largura da via pública correspondente, se esta for maior do que 20,00m. Quando as edificações estiverem localizadas em lotes com frente para as vias públicas com largura superior a 30,00m a largura (L) será considerada igual a30,00m. Quando as edificações estiverem localizadas em lotes com frente para vias públicas com largurainferior a 14,00m (quatorze metros), a largura (L) será considerada igual a 14,00m (quatorze metros). Recuos maiores ou iguais a 6,00m quando frontal e 4,00m quando lateral, com exceção dos subsolos destinados às garagens e/ou uso comercial, que poderão ocupar a totalidade da área do lote, desde que nas faixas correspondentes aos recuos mínimos, os níveis superiores da laje de cobertura do primeiro subsolo não se situem acima de 0,50m dos níveis correspondentes do passeio público, junto aos respectivos alinhamentos e não existam aberturas para insolação e ventilação nas faces voltadas para as vias públicas. A edificação destinada à portaria do conjunto poderá ficar localizada junto ao alinhamento, desde que sua área não exceda a 5,00 m² com afastamentos maiores ou iguais a 3,00m quando laterais, para os pavimentos situados acima do pavimento térreo excluída a sobreloja, 6,00m quando de fundo, com exceção dos subsolos; 6,00m quando entre blocos de um mesmo conjunto, para os pavimentos situados acima do pavimento térreo, excluída a sobreloja; 6,00m em relação às vias particulares frontais, com exceção dos subsolos e 4,00m em relação às vias particulares laterais, com exceção dos subsolos. Local destinado à guarda de veículos, na proporção de uma vaga para cada 60,00m² de área construída, sendo que se o estacionamento for coberto, a área
69
correspondente poderá ser deduzida da área de construção, para o cálculo do número de vagas e o resultado será aproximado para mais quando a fração for igual ou maior que 0,5. fonte: www.campinas.sp.gov.br
COMENTÁRIOS SOBRE A LEGISLAÇÃO Como já descrito , o projeto se vale de uma estrutura pré-existente, ou seja, edificada e consequentemente aprovada pelos órgãos responsáveis pela verificação do cumprimento da Lei de Uso e Ocupação do Solo da cidade de Campinas nº 6031 de 1988 . Portanto, os recuos foram mantidos e o cálculo de altura máxima da edificação não pode ser executado, visto que algumas das fachadas estão localizadas no limite do terreno. Uma das alterações foi a escavação de mais um pavimento que abrigará o estacionamento de veículos. Foram alteradas também algumas lajes da estrutura que faceiam a avenida Andrade Neves, incluindo a extensão de duas delas. Parte das lajes ficam em balanço e em projeção próximo ao cruzamento da mesma via com a avenida Barão de Itapura. Apesar de estar em desacordo à legislação, essa proposta visa aproveitar-se de características dessa localidade, nesse caso , na criação de um local de observação de parte da cidade a partir do alto.
70
ANEXO IV- ESBOÇOS DE PROJETO
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RELAÇÃO DE IMAGENS FIGURAS Figura 1. Cartaz do filme de Metropolis. Fonte: http:// chasness.wordpress.com/2008/07/03/metropolis-rediscovered/ Figura 2. Mercado de Santa Caterina. EMTB. Barcelona, Espanha. Fonte: Area 06. Critical Barcelona, Janeiro/Fevereiro 2007: p.73. Figura 3. Planta da cidade de Campinas – 1929. Fonte: Centro Audio-visual (CAV) – PUC-CAMPINAS Figura 4. Perímetro Urbano, Limite do Município de Campinas e principais rodovias. Fonte: http://www.campinas. sp.gov.br Figura 5. Equipamentos públicos – Educáção da cidade de campinas. Fonte: http://www.campinas.sp.gov.br Figura 6. Transporte Coletivo e Terminais Urbanos. Fonte: http://www.campinas.sp.gov.br Figura 7. Campinas. Fonte: http://opacote.wordpress. com/2009/01/16/the-urban-society/ Figura 8. Região Metropolitana de Campinas e malha Rodoviária. Fonte: http://www.campinas.sp.gov.br Figura 9 Localização da área de estudo - Fonte: maps. google.com Figura 10 Uso do solo atual. área de projeto. Fonte: maps.google.com Figura 11 Análise de fluxos e vento. Fonte: maps.google. com Figura 12 Usos do solo do entorno Figura 13 Gabarito das edificações Figura 14 Praças e vegetação Figura 15 Gabarito dos edifícios do entorno e estrutura existente na área de estudo (possíveis manutenções)
Figura 16. Acima e abaixo à esquerda: Curvas de nível da implantação da antiga Rodoviária e as originais do terreno respectivamente. Abaixo, à direita, movimentação de terra proposta pelo projeto da midiateca. Figura 17. O estudo de fluxos de diferentes categorias que influenciaram na localização dos acessos de usuários, sejam eles pedestres ou motorizados. Figura 18 Distâncias entre o projeto e algumas das principais estruturas de transporte urbano de Campinas.Figura 19 Fotomontagem: esquina da av. Andrade Neves com R. Marquês de Três Rios. Fotos: Mariana Ginesi Figura 20 Fotomontagem: R. Marquês de Três Rios. Lateral da antiga Rodoviária. . Fotos: Mariana Ginesi. Figura 21 fotomontagem: Rua Barão de Parnaíba. . Fotos: Mariana Ginesi Figura 22, 23, 24 e 25. Vistas das pré-existências. Fotos: Mariana Ginesi.Figura 26 Fluxograma de atividades realizadas na Midiateca. Figura 27 Organograma da relação usuários/funcionários Figura 28. Infográfico de mobilidade do acervo às macrozonas de Campinas. Figura 29 Fluxograma de mobilidade do acervo da Midiateca. Figura 30 Projeto Expresso bandeirantes - fonte:http:// www.cptm.sp.gov.br Figura 31. Projeto de ampliação de viracopos.Fonte: Estudo de impacto ambiental da ampliação de Viracopos e Anac. Figura 32. Comparação das áreas dos principais aeroportos de são Paulo. Fonte: Idem
72
TABELAS Tabela 1 Dados geográficos Tabela 2 Território Tabela 3 Educação Tabela 4 Habitação e infreestrutura urbana Tabela 5 Economia e condições de vida Tabela 6 Volumes por estantes simples ou dupla. Tabela 7 Tabela do Programa de Necessidade e estudo de áreas.
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