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introdução justificativa

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concepção formal

concepção formal

No Brasil, a transição demográfica vivenciada nas últimas décadas vem indicando uma situação que já desperta preocupação: a população está ficando mais velha. O crescimento dos estudos direcionados ao tema envelhecimento estão associadas a um aumento gradativo das pessoas com mais de 60 anos de idade. A elevação dessa taxa de longevidade é resultado de alguns fatores como: o grande desenvolvimento da medicina neste século, principalmente no que se refere a prevenção de doenças, a melhoria na alimentação e a queda na taxa de fecundidade observado nos últimos 30 anos. Atualmente, a população idosa, com 60 anos ou mais de idade, representa um contingente de 32,6 milhões de pessoas, ou seja, 15% dos brasileiros. Estima-se que, em 2050, os idosos corresponderão a 28,4% da população total, ou seja, quase o dobro da quantidade atual (IBGE, 2022).

O cenário em que a pessoa idosa vive, na sociedade brasileira, é marcada por inúmeras discriminações em diferentes aspectos, como familiar, econômico, social, no mercado de trabalho, entre outros. Este paradigma preconceituoso da velhice, que foi solidificado e cultivado por anos na sociedade brasileira, levou o afastamento social do idoso, fazendo com que o sentimento de solidão chegasse à grande maioria desse grupo.

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A população mundial de idosos está crescendo continuamente e a solidão interfere na qualidade de vida da pessoa, que se priva do convívio, empobrecendo o conhecimento adquirido no contato social e afetando as atividades de vida diária. (LITVOC; BRITO, 2004; PAPALÉO NETTO, 2002, apud LOPES, R.; LOPES, M.; C MERA, 2009).

A discussão a respeito desse tema, no Brasil, está aos poucos ganhando espaço. Em 2017, de acordo com a Agência Câmara de Notícias, do site da Câmara dos Deputados, especialistas se reuniram para uma audiência pública conjunta das comissões de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa e de Seguridade Social e Família para discutir sobre o envelhecimento da população brasileira. Segundo a reportagem, escrita por Cláudio Ferreira, “especialistas sugerem interação entre jovens e idosos como política para um envelhecimento saudável”. Ele citou falas de especialistas que afirmaram que a população brasileira pede por políticas públicas para estimular a chamada “solidariedade intergeracional”. Cláudio Ferreira ainda descreve:

“O convívio dos idosos com as camadas mais jovens, principalmente no ambiente familiar e no meio profissional, pode diminuir o isolamento social dos mais velhos, afirmaram os participantes do debate. O representante da Confederação Nacional das Entidades de Família, Pedro Hollanda, listou os benefícios dessa interação. ‘Isso gera maior bem estar no idoso, diminui a sensação de solidão, aumenta a expectativa de vida, e aumenta a noção de sentido para vida desse idoso, porque ele passa a se sentir alguém ativo na sociedade.’"

Nessa audiência, participantes citaram exemplos de como outros países investem na solidariedade intergeracional: “Na Itália, uma residência pública destina os dois primeiros andares a estudantes, e os dois últimos aos idosos. Os jovens prestam serviços aos mais velhos como pagamento pela moradia.“

O crescimento populacional da terceira idade é um acontecimento recente em países subdesenvolvidos, ao contrário dos países desenvolvidos, onde a taxa de longevidade é crescente há décadas, e estudos a respeito do tema já estão em fases avançadas, produzindo re exos positivos para a sociedade mundial. Ao analisar esses avanços, foi possível identicar, no que se refere à arquitetura, uma gama de conceitos e modelos de habitações que tem como principal objetivo integrar o idoso com a sociedade, principalmente com os mais jovens e a universidade - local que possui infraestrutura incentivadora e capacitadora para qualquer geração.

“[...] quanto mais se estimular os adolescentes ao convívio social com idosos maior possibilidade se tem de fazer circular elementos que possam modificar as imagens negativas do velho, nesse grupo, e, assim, propiciar boas relações sociais entre ambos, as quais, aliadas ao fato de ter companhia e sentir-se querido são elemen- tos que contribuem para uma boa qualidade de vida dos idosos (SÖDERHAMN, LINDENCRONA, GUSTAVSSON, 2001, apud FREITAS M.; FERREIRA M., 2013, p. 7)

No Brasil, a universidade pública tem um compromisso social inquestionável e de grande relevância, diante da desigualdade social. Dentre as tarefas que se sobrepõe à produção de conhecimento, subsidiar os idosos em sua saúde física, inserção social e aporte de conhecimentos, pode auxiliar a motivar essa geração no difícil processo de adaptação ao envelhecimento.

Atualmente, o grupo dos estudantes universitários de baixa renda da universidade pública, padecem sobre o déficit de moradia estudantil. A UFG conta com cinco Casas de Estudantes Universitários (CEUs), que oferecem ao todo 307 acomodações. De acordo com o site oficial da UFG, a universidade possui, aproximadamente, 27.000 estudantes ativos, sendo que, entre os anos de 2018 a 2023, aproximadamente, 59% dos estudantes se enquadram na categoria de baixa renda. O total de vagas oferecidas, no entanto, corresponde apenas a 1,93% dos estudantes de baixa renda. Nesse valor, ainda é preciso considerar a quantidade de pessoas oriundas de outro estado, na qual o programa é destinado, porém, a UFG não disponibiliza esses dados em suas plataformas de transferências. No Relatório de Gestão de 2020, disponibilizado pelo PRAE-UFG, na Tabela 1 na pág. 98, aponta o total de inscritos e deferidos no programa (PMECEU - Regional Goiânia), que corresponde a 104 e 27, respectivamente. A vista disso, é possível concluir que a quantidade de vagas oferecidas está longe de ser a ideal para atender todos os estudantes que necessitam desse amparo. Nesse contexto, é importante ressaltar que as casas dos estudantes mantidas pelo governo, representam um caminho que possibilita garantir a concretização dos estudos de muitos estu- dantes. Estes, que precisam sair das casas de seus pais, das suas cidades, para morarem sozinhos e distantes do seu lar. Vale destacar que o direito à educação e à igualdade de acesso e permanência na universidade estão expostos, respectivamente, nos artigos 205 e 206 da Constituição Federal de 1988.

Objetivo

O objetivo principal deste trabalho é desenvolver um projeto de arquitetura de habitação multigeracional, que valorize e destaque a inserção do idoso no conjunto da sociedade, e que gere moradia para estudantes de baixa renda, de modo a trazer a público uma forma de moradia colaborativa, onde possam interagir, auxiliar e explorar valores e potenciais de cada geração em dinâmicas cotidianas e diárias. Para tanto, na primeira etapa do projeto, busca-se estruturar um estudo teórico para subsidiar a elaboração de um projeto de habitação multigeracional para pessoas idosas com autonomia funcional e estudantes universitários,de baixa renda, da Universidade Federal de Goiás, no Setor Universitário, ao lado do Campus Colemar Natal e Silva (UFG). Um espaço que propicie qualidade de vida, convivência, trocas de experiências e conexão com a vida/estrutura da universidade e da cidade.

Objetivos Espec Ficos

Implantar uma Habitação Multigeracional próximo ao Campus Colemar Natal e Silva - UFG, e da Praça Universitária, no Setor Universitário, em Goiânia - Goiás;

Incentivar a continuidade dos projetos de extensão das faculdades da UFG, voltadas para dar assistência às pessoas idosas em diferentes áreas do conhecimento;

Incentivar a elaboração de novos projetos de assistências para os idosos, a fim de garantir amparo no desenvolvimento físico, mental e social.

Inserir o idoso como colaborador e/ou participante das atividades acadêmicas ou administrativas, por meio dos programas de extensão e pesquisa da UFG.

“Feliz é quem olha para os idosos e vê neles uma oportunidade de enriquecer seu conhecimento com a sabedoria que eles transmitem.” autor desconhecido revisão bibliográfica artigos dissertações reportágens revistas relatórios normas leis estudos estudo de casos estudo do lugar perfil dos usuários estatísticas levantamentos coleta de dados diretrizes critérios pré-dimensionamento programa de necessidade desenvolvimento do projeto fluxograma estudo volumétrico partido arquitetônico

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