Opinião sobre a iniciativa Laboratórios de Aprendizagem / Future Classroom Lab (LA/FCL)- Por Maria Silva
O modelo educativo vigente nas escolas portuguesas provém do modelo educativo de epistemologia positivista dos finais do século XIX, da época da industrialização. É um modelo assente essencialmente na uniformidade pedagógica- para todos os alunos, os mesmos ritmos, metodologias e avaliações- e que continua, como então, a valorizar a rotina, a repetição, a uniformidade didáctica. Vivemos mudanças cosméticas dos currículos escolares, mas mantémse a forma como o espaço e o tempo são geridos na Escola. Os métodos de ensino e de avaliação dos alunos são primordialmente orientados para os resultados. Existe uma excessiva pressão exercida sobre os professores para os resultados nas provas finais e nos exames. A escola de hoje continua a perpetuar um modelo de ensino reconhecidamente obsoleto, desfasado das reais necessidades de empregabilidade para o século XXI. As aulas são consideradas aborrecidas pelos alunos que, segundo o estudo internacional da OMS sobre a adolescência, mostraram não gostarem muito da escola:
Segundo Margarida Matos, a investigadora que coordena este estudo da OMS em Portugal:
"Quando em Portugal perguntamos do que é que gostam na escola, as aulas aparecem em último lugar. Pior que as aulas, só mesmo a comida da cantina. E isto tem sido recorrente, somos sempre dos piores no gosto pela escola e na percepção de sucesso escolar. Não há nenhuma razão demográfica ou geográfica que eu conheça que explique tal, e o atraso provocado pelo obscurantismo de antes do 25 Abril (sendo uma incontestável verdade) já devia, por esta altura, estar ultrapassado.” O desafio para as escolas e professores do século XXI está em procurar responder ao ritmo e às exigências da era digital que passa pela mudança não só dos ambientes de aprendizagem mas também das práticas pedagógicas por forma a favorecer o desenvolvimento das competências para o século XXI. Neste sentido, a Escola deverá ser o lugar onde se fazem projetos, onde as crianças e os jovens têm a oportunidade de partilhar as ideias com os seus pares, onde têm voz. (Prensky, 2007). A partilha de experiências inovadoras como aquelas que nos são nos documentos de referência da FCL-FC da (EUN) desenvolvidas em ambientes de aprendizagem inovadores e facilitadores da aprendizagem são uma fonte de inspiração de utilização das tecnologias para romper com a tradição objectivista da educação.
Num contexto que abraça a diferença, em que o processo de ensino-aprendizagem está centrado no aluno com respeito pelos diferentes estilos de aprendizagem, numa pedagógica accional direcionada para a realização de tarefas autênticas em contextos reais, a primazia é dada à criatividade e à exploração do conhecimento e da realidade. São contextos inovadores onde há lugar para a flexibilidade e abertura, em que predominam a solidariedade e a afetividade.
Este é o tipo de contexto de aprendizagem que se coaduna com a recente reforma educativa operada na Finlândia que segundo Morgado se traduz na intenção de desenvolver “formas de
trabalho em sala de aula que transcendam a lógica do trabalho interior a cada disciplina, definindo um conjunto de tópicos que exigem saberes oriundos de diferentes disciplinas e que serão trabalhados de forma transversal”. Referências Artigo do Público “A escola mudou pouco, os adolescentes mudaram muito” por ANDREIA SANCHES, disponível em: https://www.publico.pt/sociedade/noticia/a-escola-mudou-poucoos-adolescentes-mudaram-muito-1726244?page=-1
Artigo do público “Em Portugal, a falta de autonomia dos adolescentes “é algo assustadora” por ANDREIA SANCHES, disponível em: https://www.publico.pt/sociedade/noticia/em-portugala-falta-de-autonomia-dos-adolescentes-e-algo-assustadora-1726066 Artigo do Público “O que a Finlândia vai mudar no ensino é em tudo contrário ao que Portugal fez” por CLARA VIANA, disponível em:https://www.publico.pt/sociedade/noticia/o-que-afinlandia-vai-mudar-no-ensino-e-em-tudo-contrario-ao-que-portugal-fez-1691439 Artigo do Público “Quando a escola deixar de ser uma fábrica de alunos” por CATARINA FERNANDES MARTINS, disponível em http://www.publico.pt/temas/jornal/quando-a-escoladeixar-de-ser-uma-fabrica-de-alunos-27008265
Laboratórios de aprendizagem: Cenários e Histórias de Aprendizagem Iniciativa “Laboratórios de Aprendizagem (Pt) /Future Classroom Lab (EUN)”, disponível em: http://erte.dge.mec.pt/sites/default/files/Projetos/Laboratorios_aprendizagem/magazine_la_final. pdf