Folha de sala overtime e book

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Overtime

Allan Kaprow

Overtime - happening by Allan Kaprow, Maio, 1968 University of San Diego, California, Praia de San Diego .

Cartaz / Litografia offset sobre papel. ImpressĂŁo a preto sobre papel branco. 53,49 Ă— 40,96 cm. Overtime, um happening que envolvia uma cerca com sinalizadores vermelhos. Organizado pela State University em NY, New Paltz, Abril, 1968.


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O cartaz – Overtime – de Allan Kaprow divulga na verdade um happening que nunca se realizou na data e local divulgados, muito pelo contexto histórico conturbado em que teria lugar. O ano de 1968 foi determinante no contexto universitário. Estudantes americanos e europeus unem-se na luta contra a Guerra no Vietnam. Na Columbia University, em particular, onde Kaprow teria a maior adesão de estudantes para o seu happening, os líderes da SDS – Students Democratic Society realizam uma série de protestos relacionados com políticas discriminatórias no espaço universitário, (1) sendo que Overtime só é realizado dois meses mais tarde,na San Diego University, California.(2) O desfecho desta obra porém contrasta com outras obras de artistas do mesmo período. Como é o caso de Yayoi Kusama cujos happenings não só adquiriram mais notariedade nesta década da sua carreira artística como adquiriram uma natureza antiguerra como é o caso do happening/performance de Anatomic Explosion.(3) Provavelmente, o processo artístico da obra de Kaprow não tenha sido possível muito pela sua natureza criteriosa, no que toca ao planeamento do decorrer dos happenings ou mesmo à natureza das suas obras como combate à audiência passiva que apenas contempla a arte. Kaprow queria algo mais. Queria que as pessoas se fundissem formando a obra. Para o mesmo, todos os objetos poderiam fazer parte do que chamou a nova arte. Uma arte que o cativou pelas inúmeras possibilidades performativas, pela expressão no processo de criação, assim como a liberdade e autenticidade conseguidas, deixando para segundo plano o objeto artístico finalizado, ideais que também o irão fazer desvincular-se do conceito associado aos seus primeiros eventos realizados no interior de museus, e que isolavam a obra do meio natural.(2) O aspeto mais informal da criação artística veio, por outro lado, permitir aos artistas da época, a produção dos seus próprios meios de divulgação, despojados ainda de regras corporativas, muito pelo caráter imediato e informal da intervenção. Razões pelas quais Kaprow teria começaria a criar os seus próprios cartazes. Esta alteração viria, de

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facto, questionar o papel do designer enquanto elo fundamental na comunicação artista/público Kaprow projetou ainda todos as suas estratégias de divulgação dos anos 60, desenhou imagens representativas, escreveu o texto à mão. No cartaz Overtime, combina ainda texto impresso com fotografias do projeto. Torna-se uma mescla entre espontaneidade, arte e publicidade.(4) A década de 60 foi também marcada muito pela preocupação e interesse na democratização da obra de arte que foi conseguida pela introdução de trabalho em série e técnicas que o tornaram possível, como a fotografia e serigrafia. O artista é simultaneamente o criador e divulgador da obra, não existe portanto uma quebra desde o processo inicial até ao produto que é dado a ver ao público. O público inclusivé é incorporado neste processo. faz parte da obra. A metáfora torna-se realidade. «Art as Life».


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Fachada da Biblioteca da Columbia university, com intervenção dos estudantes face ao policiamento.

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Biblioteca da columbia university, reunião da Students Democratic Society, em 15 de Novembro de 1968.

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Columbia University primavera de 68. O assassinato de Martin Luther King veioagravar os protestos dos alunos contra a guerra no Vietnam.

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Policiamento na Columbia university aquando do decorrer das manifestações.

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Yayoi Kusama, happening Anatomic Explosion NY, 1968. Fotografia Shunk-Kender Fundação Roy Lichtenstein

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Comentário de Kapprow relativamente ao processo do hapenning Overtime, página Fondation du doute.

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Poster hippie -Make love not war - alusivo a guerra no Vietnam, EUA, 1968. Muito de encontro dos movimentos nudistas anti guerra no Vietnam. Autor desconhecido

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Cartaz de Maio de 1968, Concerto na Fillmore East, por David Byrd. Cartaz do Festival de Woodstock em Agosto de 1968, cujo artista convidado principal seria Jimi Hendrix.

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Fbaul - Design de Comunicação - 2º ano História e Crítica do Design II Mara Abreu 7485 (1) http://studentsforademocraticsociety.org/ (2) Kaprow, Allan. ‘Essays on the Blurring of Art and Life’ University of California Press, Ltd. 1993, 2003 (3) http://aaaaarte.com/general/2014/12/yayoi-kusama-y-iii-caida-y-apoteosis-final (4) http://www.hauserwirth.com/shop/35/overtime/view/?p=&artist_id= http://www.robertcolbourne.co.uk/digbeth-coach-station


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