Se em projectos anteriores recorri à fotografia como reflexo das experiências individuais que fazem da pessoa um ser singular, este livro permitirá percepcionar a pessoa como um ser único e individual, mas também como representação uniformizada relativamente à representação de outras pessoas - um todo homogéneo na forma porém não uniformizável no conteúdo - e que se relaciona diretamente com as caraterísticas tecnológicas de visualização da imagem inerentes ao nosso tempo. (E que tempo é considerado o nosso...)
«Numa época em que o aqui e o agora se assumem como estruturas cujos limites se atenuam», a nossa identidade tende a assumir novas formas, muito pela nossa presença inevitável nestas dimensões em transformação.
A forma como conhecemos o outro, hoje, a nível social, passa não só por estabelecer um contacto visual direto com essa outra pessoa, mas também pelo contacto indireto, pelo ver apenas aquilo que nos é dado a ver. (continuar no livro) Fotografia e Texto de Mara Abreu