Jornal PAPEL DO GUIA nº 50 - Julho de 2008

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IMPRESSO

Fotos: Mauro Rubinstein

SINDEGTUR / RJ • Ano 9 • Nº 50 • Edição julho 2008

RIO DE JANEIRO

CATARATAS DO IGUAÇU

A hora e a vez da América do Sul

BUENOS AIRES

MACHU PICCHU

SINDEGTUR / RJ contribui com o PNT

Bem vindo a Jerusalém, RJ

Peru leva o Turismo a sério

Iko Poran: O Turismo da solidariedade

Pág. 5

Págs. 6 e 7

Págs. 8 e 9

Pág. 11


Editorial

Ano 9 • Nº 50 • Edição julho 2008

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Números cruéis O que a Malásia tem que nós não temos?

A

s estatísticas do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) há anos posicionam o setor Viagem e Turismo em primeiro lugar na atividade econômica mundial, superando a maioria dos outros setores em crescimento e sustentabilidade. No Brasil, já se tem a consciência de que o Turismo é a atividade que mais emprega com o menor investimento, contribuindo para preservação do patrimônio material e imaterial das nações, promovendo o entendimento entre os povos, e assim por diante. Mas na Olimpíada do crescimento do Turismo – a mãe de todas as soluções –, o Brasil tem apresentado desempenho modesto, quando comparado a outros países em condições semelhantes de desenvolvimento econômico e social e que possuem distâncias equivalentes dos principais pólos emissores. Os dados demonstram que nosso país perde para todos, com exceção da Argentina, nossa vizinha e companheira de infortúnios político-sociais. Na tabela, apresentamos dados extraídos do site do WTTC referentes ao percentual de incremento do número de visitantes estrangeiros em cada país, entre 1990 e 2007, incluindo o turismo de negócios. Tomamos o ano de 1998

% Visitantes Internacionais (1998 = 100) 1990

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

Brasil

120,26

165,92

161,95

165,42

164,77

172,52

178,73

183,60

191,26

Argentina

120,25

153,35

150,23

155,38

155,06

161,50

167,23

172,96

182,07

Peru

119,00

172,50

167,50

168,68

167,22

177,96

184,15

188,39

194,82

Costa Rica

128,37

200,36

211,59

217,61

237,80

240,84

247,33

265,14

270,86

Egito

113,17

177,71

181,27

204,83

206,38

211,61

218,66

225,44

232,20

Líbano

195,81

205,69

210,77

219,72

218,27

230,13

228,92

231,58

240,94

Turquia

108,25

217,67

221,99

228,53

226,53

236,76

240,75

244,94

251,62

Quênia

123,51

202,06

207,80

210,82

221,06

223,80

231,07

242,96

248,70

África do Sul

135,47

206,55

223,50

232,08

264,37

257,20

262,22

290,94

300,28

Austrália

134,52

238,47

238,56

248,67

242,44

276,51

289,06

293,52

311,79

Indonésia

142,59

274,29

277,50

294,25

283,36

329,42

346,11

356,61

387,54

Malásia

147,97

318,96

326,52

350,92

334,42

394,16

416,45

440,51

489,49

como ponto de partida, com índice igual a 100. Nas colunas seguintes, cada país apresenta o aumento correspondente a um determinado ano em relação a 1998. Reparem que, em 1990, todos se alinhavam na faixa média de 20 a 40% de aumento. Porém, no ano 2000, as diferenças regionais já eram marcantes, com variações de 55 a 200%, em 12 anos. Em 2007, o receptivo internacional no Brasil, Argentina e Peru,

PUBLICAÇÃO DO SINDICATO ESTADUAL DOS GUIAS DE TURISMO DO RIO DE JANEIRO Rua Santa Clara, 75 • 13º andar • Cob. 01 • CEP 22041-010 • telefone (0xx21) 3208-1801 • Fo n e / F a x ( 0 x x 2 1 ) 3 2 0 8 - 1 8 2 7 • e - m a i l s i n d e g t u r @ s i n d e g t u r. o r g . b r • Site: www.sindegtur.org.br • Horário de atendimento: de segunda a sexta-feira, das 10h às 13h e 14h às 18h PRESIDENTE: Luiz Augusto Nascimento dos Santos • VICE-PRESIDENTE: Mauro Rubinstein • JORNALISTA RESPONSÁVEL PELA EDIÇÃO: Graça Portela (Mtb/RJ 17391/79/2) • SECRETÁRIA: Marcia Rabello • COLABORARAM NESTA EDIÇÃO: Cristina Baumgarten (Salvador, BA), Efraim Schvaitzer, Luiz Augusto N. dos Santos, Márcia Rabello, Mauro Rubinstein, Milton Teixeira• DESIGN GRÁFICO E EDITORAÇÃO ELETRÔNICA: Kátia Regina Fonseca • TIRAGEM: 3.000 exemplares • IMPRESSÃO: Jornal do Commercio • PERIODICIDADE: Trimestral • DISTRIBUIÇÃO: Gratuita.

apesar dos esforços institucionais na fixação de metas, recebeu em média apenas 30% de visitantes a mais do que em 2002, enquanto que a África do Sul cravou 68% e a Indonésia, 93%. Neste mesmo período de seis anos, a Malásia superou os 100% de aumento, algo que nós não conseguimos em 20 anos. O Brasil acostumou-se a debitar a performance medíocre às crises econômicas, às panes aéreas, aos surtos epidêmicos, à violência urbana, à desvalorização do dólar, às notícias desfavoráveis divulgadas na mídia nacional e estrangeira, enfim, desculpas não faltam. Acontece que estas mesmas pragas também afligem todas as outras economias, além de guerras, ataques terroristas e catástrofes ambientais, situações que nunca nos afetaram. O Líbano vive uma guerra civil recorrente há décadas e, ainda assim, o número de visitantes aumentou 140% desde 1998. Na África do Sul, que passa por uma crise social de proporções brasileiras, o movi-

2007

mento internacional cresceu 200% no mesmo período, contra 91% no Brasil. Para não desanimar o leitor, preferimos nem publicar os valores dos rendimentos com o Turismo pelo mundo afora, comparados aos nossos. Para tanto, pesquisem no endereço http:// www.wttc.org/eng/Tourism_Research/ Tourism_Satellite_Accounting_Tool Como observaram alguns guias de turismo e seus clientes, que têm viajado pela América do Sul, o Peru e a Argentina, países com os quais dividíamos a lanterna da competição, já largaram na frente. Eles estariam recebendo o turista com muito mais eficiência e se promovendo bem melhor do que nós. Ao que tudo indica, falta-nos vontade e competência para chegarmos ao pódio, pois, de resto, temos tudo para deixar de ser o eterno País do Futuro, também no que se refere ao Turismo. Mauro Rubinstein Vice-presidente do SINDEGTUR / RJ


Legislação

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Votada a Lei Geral do Turismo Divulgação / INFRAERO

F

oi finalmente votada e encaminhada ao Senado Federal a Lei Geral do Turismo (LGT), cuja última versão sofreu diversas modificações desde o início dos debates em 2003. Apesar de constituir um marco para o desenvolvimento do turismo, infelizmente a versão não incluiu qualquer menção aos guias de turismo, dentre os prestadores de serviços turísticos elencados. A emenda de nº 3, da deputada federal Andréa Zito, que propunha citar agentes e guias de turismo, terminou rejeitada pela relatoria. Assim como, várias outras emendas. Na justificativa do relator, deputado Carlos Eduardo Cadoca, “O turismo é um setor dinâmico que necessitava de um marco regulatório que permitisse acompanhar as peculiaridades da economia, as mudanças de costumes e os avanços tecnológicos. Todos (estes são) fatores bastante voláteis e

imprevisíveis. Ao detalhar mais a Lei Geral do Turismo, correríamos o risco de perder a flexibilidade necessária para adaptá-la ao futuro (o grifo é nosso). Isso porque, qualquer iniciativa neste sentido passaria a depender da aprovação do Congresso Nacional que, como sabemos, não costuma ser

um processo célere. Assim, o ideal é que os pormenores venham em outras proposições”. “[...] Questões há tempos demandadas pelo trade, como a questão da reciprocidade na concessão de vistos estrangeiros, o reconhecimento do turismo receptivo como atividade exportadora, a tribu-

tação incidente sobre os agentes de viagem, a regulamentação da profissão de turismólogo não são tratadas pela Lei Geral. Principalmente, devido às divergências internas no Poder Executivo”. Os esforços tardios, por parte da FENAGTUR e do SINDEGTUR/ RJ, esbarraram na disposição da Câmara em dar urgência à votação da lei. Mesmo assim, recebemos mensagens de apoio de muitos deputados. Comparados aos turismólogos, cuja profissão nem é sequer reconhecida, até que não estamos tão mal. Precisamos agora de um esforço integrado entre sindicatos estaduais dos guias e Federação, para regulamentar as leis estaduais que determinam a contratação de guias para os serviços de acolhimento turístico, dar uma melhor redação à lei que regulamenta a nossa profissão e criar os conselhos de classe.


Sindical

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A

nova resolução da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT reserva para os guias de turismo uma grata surpresa: para receber a autorização de viagem para cruzeiros rodoviários, a agência ou operadora de turismo deverá informar, antecipadamente a ANTT, o nome do guia de turismo contratado e seu número de cadastro no Ministério do Turismo. A nova resolução inclui dois artigos: os de números 27-A e 27-B, na Resolução nº 1.166, de 5 de outubro de 2005, que ordena o transporte turístico no país. Estes novos artigos abrem caminho para a consolidação do “Cruzeiro Rodoviário”. Confira a íntegra da nova resolução no site: www.antt.gov.br À semelhança de um cruzeiro

marítimo, o cruzeiro rodoviário permite a comercialização de excursões com múltiplos destinos e embarques e desembarques em diferentes pontos do trajeto, o que não era permitido até agora. A exigência da contratação do guia de turismo como condição para a autorização de viagem tem amparo na legislação, e contribui para coibir o exercício ilegal da profissão e os abusos contra o direito do consumidor – turista. Os (maus) empresários precisam entender que uma excursão sem um guia de turismo é uma fraude contra o cliente, pondo em risco a própria segurança do empreendimento e que donos de agências, operadores, professores, celebridades e seja lá quem for, não podem substituir um guia de turismo profissional.

Criação: Maguinho

ANTT quer excursão com guia de turismo

O NOVO PROJETO DO CRUZEIRO RODOVIÁRIO O projeto foi criado pela Agência de Desenvolvimento do Turismo, da Macrorregião Sudeste do Brasil (Adetur-SE), e prevê a criação de roteiros diferenciados para viagens de ônibus. Já existe um roteiro piloto de 14 dias, que começa em São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Belo Horizonte, Poços de Caldas, Campinas, dentre outras

cidades, e passa pelo que há de mais interessante em cada estado. O roteiro pode começar e terminar onde o cliente quiser. Em cada ponto, os turistas terão diversas atrações, além do pernoite em hotéis. A Adetur-SE já trabalha em parceria com a ANTT e com o Ministério do Turismo para aprovar o projeto. Fonte: Gazeta Mercantil, de 28/06/08

“CARIOCA MARAVILHA, AGORA SEM PRAZO PARA TERMINAR O Projeto Carioquinha encerrou no dia 30 de julho, porém a Cia. Caminho Aéreo Pão de Açúcar (CCAPA), re-editou a “Campanha Carioca Maravilha”, criada pela CCAPA em 2003 e sazonalmente ativada. A grande novidade é que agora ela iniciou sem prazo para o seu encerramento. “A empresa entende que todo morador da cidade do Rio de Janeiro tem o estado de espírito do carioca por natureza e deve se sentir privilegiado por morar nesta cidade e, claro, de apreciá-la como um “carioca maravilha”, e esta campanha pretende aproximá-lo ainda mais do ponto turístico, que é uma das 7 Maravilhas do Rio.” A campanha oferece 50% de desconto para moradores do município do Rio de Janeiro e Grande Rio (Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Japeri, Magé, Mesquita, Nilópolis, Niterói, Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, São Gonçalo, São João de Meriti, Seropédica e Tanguá), bastando apresentar comprovante de residência em seu nome e carteira de identidade original. E quem visitar o Pão de Açúcar até o dia 10 de agosto apreciará o Grupo de Capoeira Lagoa Azul gingando ao lado da Estação II, no Morro da Urca. O grupo se apresentará nos domingos 6, 13 e 20 de julho, de 11h às 13h - 3 de agosto, de 11h às 16h e 10 de agosto de 11h às 13h. A Companhia reverte R$ 1 (um real) de cada bilhete vendido no valor integral para o Rio Convention & Visitors Bureau. Valores da Campanha Carioca Maravilha: Acima de 12 anos: R$ 22,00 • De 6 a 12 anos: R$ 11,00 Abaixo de 6 anos a entrada é gratuita Acima de 60 anos: R$ 22,00 (com a apresentação de carteira de identidade original). (1. Esta promoção não é cumulativa com outras promoções ou descontos concedidos pela CCAPA; 2. Preço promocional válido somente na bilheteria da Praia Vermelha, diariamente das 9 às 18 horas e o ingresso não é válido para eventos noturnos; 3. Somente a equipe de atendimento do Pão de Açúcar está apta a fornecer informações sobre as condições de participação na campanha. A empresa não se responsabiliza por informações fornecidas por outras fontes; 4. A CCAPA se reserva ao direito de suspender a promoção a qualquer hora e tempo, sem aviso prévio.)


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Trade

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O Parque Nacional da Tijuca se mobiliza...

... MAS A UNIÃO NÃO SE RESOLVE Um dos marcos históricos do Parque Nacional da Tijuca, o célebre Hotel das Paineiras, sob

Foto: Mauro Rubinstein

D

epois das mudanças efetuadas pela direção do Parque Nacional da Tijuca (PNT) quanto ao acesso ao Cristo Redentor, foi criada uma Câmara Técnica de Turismo, apoiada pela Associação de Amigos do PNT, para assessorar o chefe do Parque, Ricardo Calmon, com a participação de diversas entidades de Turismo e do poder público, inclusive o SINDEGTUR/ RJ. A coordenação dos trabalhos está a cargo de Ricardo Pina, Relações Públicas e Ouvidor do Trem do Corcovado. Uma das missões da Câmara é oferecer um projeto para a recuperação do complexo das Paineiras, incluindo o Hotel e as áreas de estacionamento. O Hotel das Paineiras, uma das maravilhas do Rio nos anos 1920, apesar do atual estado de abandono, é perfeitamente recuperável, bastando um pouquinho de boa vontade política e uma pitada de ordenamento jurídico. Por ocasião de uma inspeção conjunta nas Paineiras, no início de junho, o SINDEGTUR/RJ sugeriu à Câmara a criação de uma nova estação de transbordo, de forma a desafogar as Paineiras, nos dias de grande movimento e na alta temporada turística. A idéia é separar o fluxo turístico (proveniente de agências do receptivo, sightseeing e excursões em jipe) dos visitantes independentes e moradores da cidade. Estes continuariam com o acesso via Paineiras, enquanto que os transportadores turísticos passariam a utilizar o mirante Dona Marta, de onde sairia uma segunda linha de vans para o alto do Corcovado. A proposta está sendo estudada quanto à conveniência e viabilidade.

Diz a Secretaria de Patrimônio da União que está “analisando a situação”, pois há vários pedidos para o uso dos prédios, além do Parque. Aí reside o problema: a indefinição do Hotel das Paineiras já dura 30 anos e teme-se que Deus nos levará a todos, antes que a Secretaria decida que pedido atender. Foto: Arquivo

tutela da Secretaria do Patrimônio da União, e que já hospedou até a seleção canarinho tricampeã mundial, está fechado desde os anos 1980. Uma pendenga entre a Secretaria e a Universidade Veiga de Almeida, o atual arrendatário, se arrasta há mais de 20 anos. Diz a Universidade que há 11 anos tenta devolver o Hotel sem sucesso(!). Em 1988, com 70% de obra concluída, o projeto de reativar o Hotel e criar uma escola de hotelaria foi paralisado. A Veiga de Almeida alega que a indefinição do prazo de concessão foi o motivo da desistência. O Hotel das Paineiras tem 98 amplos apartamentos, imensos saguões, rodeado de Mata Atlântica, com estacionamento interno. Era tudo o que o PNT precisava para criar um grande centro de visitantes ou re-inaugurar o Hotel. Vale qualquer iniciativa, menos deixar apodrecer esta maravilha do Rio, ex-concorrente do Copacabana Palace, em luxo e glamour. O PNT reivindica agora a cessão do prédio do Hotel das Paineiras. Segundo Ricardo Calmon, “a indefinição jurídica é um grande obstáculo para se fazer qualquer coisa: licitar, fazer concessão, montar projeto”.

Acima, o Corcovado visto do Morro D. Marta. Ao lado, Hotel das Paineiras, nos anos 1920, na foto de Augusto Malta


Turismo

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Fotos: Mauro Rubinstein

Bem vindo a Jerusalém, RJ Além de Israel, só no Brasil

“Se eu esquecer de ti, Jerusalém, que minha mão direita perca sua destreza. E que minha língua fique grudada a meu palato, se eu não preferir Jerusalém à minha maior alegria” (Salmos 137:5-6)

P

ara grande parte da humanidade, a cidade é a capital mundial da fé. Jerusalém, a cidade-templo das três grandes religiões monoteístas, a Cidade da Paz, tantas vezes destruída por guerras e sempre reerguida. Eterno objeto de cobiça de grandes civilizações, de sofrida história de três milênios, onde co-existem, segundo a canção hebraica, “homens com coração de pedra e pedras com coração de homem”. A maior maquete já construída, representando a cidade santa, foi inaugurada recentemente no bairro de Del Castilho, zona norte do Rio. Mais exatamente no novo Centro Cultural Jerusalém (CCJ), da Igreja Universal do Reino de Deus. Uma experiência imperdível, não necessariamente religiosa, mas certamente emocionante e educativa. Vá conferir! É algo simplesmente espetacular, uma viagem no túnel do tempo, exatamente ao ano de 66 da Era Cristã. Jesus tinha sido crucificado algumas

décadas antes e o antigo templo de Salomão, suntuosamente reconstruído por Herodes, seria totalmente arrasado quatro anos mais tarde. Hoje dele só ficou a muralha ocidental – o Muro das Lamen- localizados com infográficos, imaA cidade é mostrada intra-mutações – venerado pelos judeus. gens e ilustrações sobre os seto- ros, como na maquete do hotel A maquete fica localizada num res da cidade, incluindo a Cida- Holyland, de Jerusalém, mas no imenso salão, em cujas paredes de Nova, a Cidade Alta e a Baixa CCJ também vemos o seu desenestão afixadas imagens em 360º – a antiga Cidade de Davi; o volvimento para além das murados arredores da cidade santa. O Monte do Templo; o Monte Calvário, lhas que a cercavam. cenário está montado com perfeição onde ocorreu a crucificação de No mezanino, não deixe de para uma inesquecível viagem his- Jesus; o Palácio de Herodes, dentre visitar a exposição sobre Israel e tórica interativa. Logo você nota- outras edificações de época. sua capital, a atual Jerusalém. rá que a iluminação vai mudando, proporcionando vistas diurnas, ao pôr do sol e sob o céu estrelado, quando as luzes no interior das edificações se acendem. A água corre dos chafarizes dos pátios, córregos e fontes. Foram cinco anos de trabalho árduo e minucioso. De Israel, trouxeram o material e os especialistas que supervisionaram cada detalhe. O tour é guiado por instrutores, com o apoio de cinco totens e s t r a t e g i c a m e n t e As presidências do SINDEGTUR/RJ e da Operadora Carioca Tropical com a equipe de recepção do CCJ

Divulgação

Nas imagens, detalhes da reprodução precisa e realista de uma Jerusalém congelada no tempo


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Turismo

Nossos agradecimentos especiais ao Efraim, da Carioca Tropical, que apresentou à direção do SINDEGTUR/RJ este novo atrativo turístico-cultural. A Carioca Tropical já está operando este tour com sucesso. Segundo Efraim, “quem já visitou saiu encantado”.

O Centro Cultural Jerusalém abre para a visitação diariamente das 9h às 18h. O ingresso para a sala da maquete custa R$ 10, com 50% de desconto para estudantes, portadores de deficiências e pessoas acima de 60 anos. Guias de turismo portando o

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crachá são isentos. É permitido fotografar sem flash. Informações: Centro Cultural Jerusalém - Av. Dom Helder Câmara, 4.242 - Del Castilho - Rio de Janeiro/RJ. Tel.: (55-21) 2582-0140 (de 2ª a 6ª feira, das 8 às 17h) • Visite o site: www.centroculturaljerusalem.com.br


Turismo

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Arriba Peru!

N

os distantes anos 1980, a América do Sul ainda era mesmo o quintal dos americanos (do Norte) e nós sofríamos do complexo de vira-lata, na magistral expressão cunhada por Nelson Rodrigues para descrever a baixa auto-estima nacional. O turismo era muito precário, coisa para aventureiros. Quem mais se arriscaria a conhecer o paraíso longínquo, os tristes trópicos das cobras venenosas e aranhas do tamanho de um prato, das crianças esfarrapadas pedindo esmolas? Os trópicos continuam tristes para uma boa parcela da população, mas a América do Sul já não é aquela. Evoluiu, ainda que não tanto quanto gostaríamos. Seu exotismo exuberante pode ser visitado agora com boa infra-estrutura e organização. O Peru, por exemplo, impressiona pela efervescência cultural, culinária

variada com qualidade, paisagens arrebatadoras, muita história e muita determinação em receber bem...

diversificadas, são encontradas em cada esquina. São exímios comerciantes e muito preparados. No centro histórico limenho, as

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cholitas (meninas indígenas em trajes típicos), que vendem bolsas pelas ruas, falam aos turistas sobre suas dificuldades financeiras em inglês... Além do Centro Histórico, o Museu do Ouro – uma das mais completas coleções privadas do mundo, e o Parque do Amor são algumas das atrações imperdíveis do city tour de Lima. O aeroporto internacional de Lima causa inveja a um carioca pela eficiência e funcionalidade, a começar pelos carrinhos de bagagens de ótima qualidade, a rapidez do check-in, a segurança – áreas reservadas somente para passageiros com bilhetes aéreos impedem a ação de bandalhas e ladrões. Existe quase que uma ponte-aérea entre Lima e Cusco, principal destino dos turistas no Peru. O policiamento é intenso e ostensivo em todo o aeroporto e nas ruas, sobretudo nas áreas turísticas. Em Lima, e no país em geral, sobretudo na região de Cusco, no Vale Sagrado e, naturalmente, no maior ícone do País – as ruínas de Machu Picchu, Turismo se escreve com T maiúsculo. É visível o esforço do governo e da iniciativa privada em promover a indústria sem chaminés, a que mais emprega no mundo com o menor investimento...

“DEJAME QUE TE DIGA, LIMEÑO...” Lima pode não ter o apelo paisagístico de um Rio de Janeiro ou a arquitetura de uma Buenos Aires, mas surpreende pela boa rede hoteleira, limpeza e organização de seu centro histórico e bairros turísticos. A culinária é um ponto forte, assim como um eficiente sistema de informação dirigido ao turista, com farta distribuição de mapas (eles têm mapas para cada bairro turístico!) e folhetos de alto padrão. Nos hotéis, até os carregadores de malas falam (bem) vários idiomas. Os peruanos são os mestres das cores, tecidos, prataria, pintura, decoração e música. As artes populares, multicoloridas e

As ruas do centro de Lima impressionam pela conservação e limpeza


Fotos: Mauro Rubinstein

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A Plaza de Armas de Cusco onde todos se encontram ao final da tarde

CUSCO E MACHU PICCHU, CABEÇA E CORAÇÃO DO IMPÉRIO INCA Quem conheceu Cusco no início dos anos 80, deve lembrar-se da pobre infra-estrutura hoteleira, poucos restaurantes e muita desordem urbana. Hoje, Cusco se eleva orgulhosa, impecavelmente

limpa e profusamente turística, com um trânsito intenso, mas ordenado nas ruelas apertadas, sem ter perdido, no entanto, sua encantadora atmosfera bucólica e colonial. A igreja de Santo Domingo, erguida sobre os remanescentes de Korincancha – o Templo do Sol é uma visita obrigatória em Cusco, imprescindível introdução aos mis-

térios das culturas pré-colombianas, que se estendem por todo o chamado Vale Sagrado – as cidadelas de Pisac, Ollantaytambo e outros vilarejos – ao longo da via férrea que conduz à fascinante Machu Picchu, como o Cristo Redentor do Rio de Janeiro, uma das sete novas maravilhas do mundo. Desde que a empresa Orient Express com seus trens impecáveis passou a controlar o acesso ferroviário a Machu Picchu, o turismo explodiu na região. Hoje, o santuário inca recebe anualmente mais de quinhentos mil visitantes e já se tornou uma grande preocupação para a preservação do patrimônio histórico. Mesmo a longa caminhada pela Trilha Inca, reservada

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para o turista mais bem disposto – única alternativa à via férrea para se chegar à antiga cidadela inca –, chega a receber dois mil visitantes diários na alta estação. Ir a Machu Picchu, assim como às Cataratas do Iguaçu, ao Cristo Redentor ou à Patagônia faz parte hoje do ideário do turista contemporâneo e já compete – agora no quesito qualidade – com os destinos mais tradicionais de outras partes do mundo. Turistas exploram as ruínas de Machu Picchu


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Cultural

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Capoeira - A arte marcial do Brasil Foto: Luiz Augusto

O

fenômeno surgido no Brasil tem, como se sabe, suas raízes na África. Especula-se que nasceu da combinação de elementos extraídos de danças de diferentes povos africanos com outros encontrados aqui no Brasil. Alguns estudiosos vêem na capoeira uma forte influência do n’golo – a dança da zebra – praticada em regiões hoje localizadas no Congo e em Angola. Arrancados de suas famílias e nações, negros de uma etnia passaram a conviver no Brasil com conterrâneos africanos de outras regiões e culturas, adicionando, deste modo, novos elementos às suas próprias manifestações culturais. Assim, o jogo da capoeira regional, mais permeável a influências, é, em sua essência, afro-brasileiro, enquanto que a capoeira angola se manteve fiel ao legado dos antepassados e, portanto,

O grupo liderado por Mestre Boiadeiro na Praia de Ipanema

mais africana, mais tradicionalista. Na capoeira angola, a harmonia ou equilíbrio dos movimentos é tão importante quanto a luta em si. Acertar o “camarada” não é o

objetivo principal e, sim, o confronto de perguntas seguidas de respostas, até que um dos lados não tenha mais recursos para responder. Um jogo onde ganha a inteligência, a astúcia, a malandragem, a malemolência do finge que vai, mas não vai. A capoeira já foi simplesmente capoeira, sem estilos ou sobrenomes. Com o tempo, a capoeira regional, fruto do sincretismo cultural, absorveu a tradicional capoeira angola, ampliando seus horizontes. O estilo regional surgiu na Bahia com o Mestre Bimba, que muito contribuiu para a divulgação mundial desta arte brasileira, cujos pólos principais são o Rio de Janeiro e a própria Bahia. No Rio de Janeiro, um dos pontos de encontro dos aficionados é o Aulão que acontece na última sexta feira de cada mês no CIEP do Humaitá, quando vários mestres e alunos se reúnem para o aprimoramento de técnicas. Além disso, encontramos a prática da capoeira em qualquer bairro da cidade, em qualquer espaço. Praias, praças, parques e ruas são os locais preferidos pelos capoeiristas para formar uma roda para jogar. Ou, na falta deles, nas academias e escolas. Os tradicionais toques (as can-

ções) da capoeira têm mais de doze ritmos diferentes. Para cada jogo há mais de 30 golpes e movimentos. A capoeira transmite valores humanos que transcendem a posição social do indivíduo. A doutrina da paz e da harmonia pressupõe o respeito ao oponente e a humild a d e . Tr a t a - s e , n o entanto, de uma luta, e bem violenta, porém, com golpes simulados. Entre as instituições que divulgam a capoeira, podemos citar a ABADÁ – Capoeira (Associação Brasileira de Apoio e Desenvolvimento da Arte – Capoeira), que realiza cursos, palestras, seminários e o mais importante evento da capoeira: os Jogos Mundiais. A instituição tem representações em todos os estados brasileiros e em mais de 40 países. No Rio de Janeiro, ela se localiza no CIEP Presidente Agostinho Neto (CIEP Humaitá), que fica na Rua Visconde Silva, s/n°, no bairro do Humaitá, e na internet no endereço: www.abadacapoeira.com.br

ORIGEM DA PALAVRA “CAPOEIRA” O escritor José de Alencar, talvez o primeiro estudioso a analisar a origem da palavra capoeira, em 1865, sugeriu o vocábulo tupi CAA-APUAM-ERA, traduzido por ilha de mato já cortado. Já o lingüista Macedo Soares juntou a sílaba CÁ, do guarani CAÁ (coisa de mato, planta, floresta virgem ou erva) com PUÊRA (o que foi, o que não existe mais), formando mato extinto. Agradecemos o apoio do grupo liderado pelo Mestre Boiadeiro, que compartilhou conosco o seu conhecimento e participou da sessão de fotos.


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Turismo Solidário

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Você já ouviu falar em Turismo Solidário?

Voluntárias e membros da comunidade se confraternizam

ciação quer promover a assistência social à infância e adolescência e às populações vulneráveis, zelando pelo resgate de sua cidadania e reintegração social. Desde 2003, a Iko Poran recebe grupos de voluntários de diversas partes do mundo, organizan-

Fotos: Mauro Rubinstein

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ualquer um de nós preferiria viver num Brasil mais justo e igual, sem tanta disparidade entre as classes sociais. Ninguém gosta de ver uma criança com fome, nem mesmo o mais insensível brucutu e ninguém se sente seguro, nem mesmo o morador da Vieira Souto, com suas grades e circuitos internos. O problema não está na meta e sim no método para chegar lá. Como diminuir as diferenças tão profundas? A Associação Iko Poran (“tudo bem” no idioma guarani) adotou como método de luta contra as diversas formas de exclusão social, o estímulo ao voluntariado internacional nas áreas de ecologia, educação, saúde, arte e cultura, entre outras. Por meio desse intercâmbio de vivências, a Asso-

A criatividade na fachada de uma casa pintada por todos

(www.portaldovoluntario.org.br). Pa r a m e l h o r c o n h e c e r o I k o Po r a n , v i s i t e o e n d e r e ç o www.ikoporan.org O clássico registro no final dos trabalhos

do programas de prestação de serviços sociais no Rio de Janeiro, que duram de quatro a 24 semanas. Para quem não dispõe de tanto tempo, existem também programas de um dia de duração, como aquele realizado em maio de 2008, por alunos da Universidade de Minnesota (EUA), que se ofereceram para pintar a quadra de esportes da comunidade Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Programas como estes já podem ser oferecidos pelas agências e guias a seus clientes. As imagens do evento mostram a emoção compartilhada por todos os participantes, membros da comunidade e voluntários. Ninguém deu a mínima para as dificuldades com o idioma: o importante ali era fazer o trabalho e, por meio dele, se relacionar com o próximo e com a comunidade. Uma forma, digamos, participativa de se fazer turismo... Fluminenses (habitantes do Estado, já que o programa Rio

Voluntário é aqui) interessados em trabalhos voluntários devem p r o c u r a r o R i o Vo l u n t á r i o (www.riovoluntario.org.br). Para programas em outras localidades, existe o Portal do Voluntário

Informações: Associação Iko Poran – Direção: Luis Felipe Murray Rua do Oriente, 280/201 - Santa Teresa - Rio de Janeiro/RJ - CEP: 20240-130 • Tel.: (55-21) 3852-2916; Fax: (55-21) 3852-2917; e-mail: rj@ikoporan.org


Boca no Microfone

Ano 9 • Nº 50 • Edição julho 2008

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O suplício das malas STEPHAN KANITZ

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e quisermos fazer bonito em hospitalidade e rece ber os turistas aposentados do mundo todo, vamos ter de humanizar os nossos aeroportos. Depois de doze horas viajando num avião a 12.000 metros de altura, seu corpo está cansado, sua cabeça está zonza, devido ao fuso horário, e seus reflexos diminuem. Seu corpo está ligeiramente inchado, reduzindo sua força, medida por centímetros cúbicos de massa muscular. Provavelmente, você está ligeiramente desidratado, o que limita sua capacidade na troca de calor. Daqui a alguns minutos, quatro malas virão em sua direção a 10 quilômetros por hora, e você terá cinco décimos de segundo para capturar suas alças e com um forte solavanco levantar de 25 a 32 quilos no ar, numa

espetacular explosão de energia, e, finalmente, colocar as malas, uma a uma, a seu lado. Só que, na maioria das vezes, você erra na coordenação motora e só consegue capturar a bendita alça quando a mala já está fugindo de você, na direção contrária. Isso significa 20 quilômetros por hora de diferença. Ao todo, você despenderá 1.280 joules de energia em menos de um minuto. Com a elevação no número de passageiros aposentados, com mais de 65 anos, viajando merecidamente mundo afora, o cirurgião Antonio Luiz Macedo vem notando algo muito preocupante. Com todas as pré-condições do início deste artigo, mais a vida sedentária dos aposentados, está aumentando assustadoramente o número de lesões internas devido

a esses heróicos atos de bravura. Dias depois surgem os primeiros sinais de hérnias inguinais, dores musculares, luxações, microrrompimento de tendões, que passam despercebidos e muitas vezes terminarão em cirurgias. No Brasil, o custo de uma cirurgia dessas não sai por menos de 4.000 reais. No exterior, nem se fala. Tudo isso porque a maioria dos aeroportos do mundo decidiu economizar 150 reais, que é o custo de dez fortes carregadores trabalhando por uma hora, que poderiam entregar-lhe as malas num carrinho, pronto para você empurrar. Os aeroportos do mundo devem ter sido projetados por jovens engenheiros que nada entendem do corpo humano ou que nunca viajaram. Construíram esteiras rolantes e carrosséis caríssimos para facilitar a vida dos carregadores, não dos passageiros. Em vez de passageiros se digladiando em torno desses carrosséis, não é difícil imaginar um sistema no qual as malas fossem colocadas em ordem, com o número dos assentos, do mesmo jeito que as companhias aéreas as receberam: juntinhas num carrinho de mão. Sistema parecido já existe no Aeroporto de Denver, para equipamentos de esqui. Se engenheiros conseguem construir aviões que voam, certamente conseguiriam bolar um sistema de entrega de malas muito mais amigável do que o que temos hoje em dia. No mínimo, as companhias aéreas poderiam disponibilizar dez carregadores para ajudar os velhinhos e as velhinhas que precisam de auxílio, como havia antigamente. Isso representaria 0,06% a mais no custo do avião. “Nossas esteiras se tornaram desumanas”, afirma o doutor Macedo, com toda a razão. Se nossos médicos estão preocupados com saúde, em vez de lutar pela volta da CPMF, devem lutar pela redução dos riscos à

“Nossas esteiras se tornaram desumanas” saúde e de despesas médicas desnecessárias como essa. O problema não é somente de quem tem início de hérnia ou sofre uma distensão muscular totalmente desnecessária no meio de uma viagem. Muitas pessoas idosas se enganam com os novos métodos cirúrgicos minimamente invasivos, que não deixam quase cicatriz e cortam o tempo de internação pela metade. Eles reduzem a cicatrização por fora, mas por dentro continua a mesma encrenca, o que exige tempo e comedimento. Há recém-operados que se esquecem disso e dois meses depois estão lá na fila, lutando pelas malas, sem saber dos perigos que correm. Não são as companhias aéreas as culpadas pelas esteiras. São os aeroportos, que estão economizando e destruindo ainda mais o turismo receptivo deste país, hoje dominado por aposentados do mundo inteiro, sem mordomos nem ajudantes de bordo para auxiliá-los. Se o Brasil quiser fazer bonito na área de turismo e hospitalidade, se quiser receber os turistas aposentados do mundo, cheios da grana, mas sem energia, vamos ter de humanizar os aeroportos na chegada e na saída, lembrando que mala de 32 quilos não é para qualquer um levantar.

Stephen Kanitz é administrador (www.kanitz.com.br) Fonte: Revista Veja, Editora Abril, edição 2049, ano 41, nº 8, 27 de fevereiro de 2008, página 20. Reprodução autorizada.


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