NETO, A.S.; FORTUNATO, I. 20 anos sem Donald Schon: o que aconteceu com o professor reflexivo? In: FEITOSA, R.A.; DIAS, A.M.I. Décadas do surgimento do practicum reflexivo: por teoria(s) e prática(s) articuladas na formação e na ação docentes. São Paulo: Edições Hipótese, 2017. Maurício Coelho Neste capítulo, os autores abordam que temas como reflexão sobre a prática e o profissional reflexivo tem-se discutido bastante nas últimas décadas graças ao filósofo Schön, influenciado pelas obras de Dewey, mesmo que tenham ideias diferentes, pois “para Dewey, o conhecimento é obtido na reflexão da ação, posterior ao acontecido; para Schön o conhecimento é adquirido durante a ação, refletindo sobre ela (p.13)”. No Brasil essa temática surge na década de 1990 e além das obras de Donald Schön, outros autores como Nóvoa, Zeichner, Gauthier e Tardif contribuíram para o assunto. Para o filósofo, existem três pontos principais para o desenvolvimento de uma prática reflexiva: o conhecimento na ação, a reflexão na ação e a reflexão sobre a ação. Eles partem da autorreflexão, é interessante nós mesmos observarmos o que poderia ser evitado ao lecionar e o que eu poderia melhorar em uma próxima aula, mas também é importante que essa observação venha de um profissional mais experiente, que possa nos orientar e apontar onde cometemos certos deslizes. Outra forma de realizar essa autorreflexão é com o método stimulated recall ao gravarmos nossas aulas. As ideias de Schön nascem a partir do modelo behavorista e foram popularizadas no livro Educating the Reflective Practitioner (1997). O tema foi disseminado, principalmente, nos Estados Unidos e Europa. Em Portugal, António Nóvoa escreveu sobre o “professor reflexivo”, apresentando capítulos do próprio Donald Schön e Zeichner, levando esses pesquisadores a serem conhecidos no Brasil. Hoje, vários autores brasileiros analisam o conceito de “professor reflexivo” (ARCE, 2001; DUARTE, 2003; PIMENTA, 2005; LIBÂNEO, 2005)
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Os autores concluem o capítulo mostrando que a escola deseja somente que o professor siga o conteúdo programático, sem se preocupar com o contexto histórico, o que faz com que, independente da faixa etária, os alunos “passam a ter uma visão de que a escola nada tem a ver com a ‘vida’ real (p. 28).” Esse ponto, aliás, é sempre discutido em sala de aula. Ao ensinarmos inglês, precisamos conhecer os nossos alunos para que as lições sejam voltadas a realidade deles. É curioso, por exemplo, ensinar vocabulário
relacionado a winter games, mas por que fazer isso em uma região que não neva? Não seria mais prático ensinar outro tipo de vocabulário? Por fim, Schön também aponta que não basta só o “acúmulo de conhecimento” sem saber aplicá-lo no dia-a-dia e diz que as escolas e a formação de profissionais precisam de uma mudança. Também propõe o desenvolvimento artístico, como a criatividade, uma vez que não se tem o estímulo dessa capacidade inata ao ser humano em sala de aula.