O tempo é de júbilo na celebração dos cinquenta anos da Diocese de Guarapuava Ao acolhermos a missão de fazer esta REVISTA DO JUBILEU, percebemos a beleza, a delicadeza e o grande desafio da mesma. Jubileu de Ouro de nossa Diocese de Guarapuava! Um tempo magnífico e precioso! Vivido e construído por uma multidão de pessoas. Composto de uma enormidade de fatos importantes. Fatos pequenos ou grandes não nos cabem avaliar sua dimensão. O que podemos é dizer que a seu tempo foram significativos e deixaram marcas indeléveis, inclusive, para a história da Diocese. Ao acolhermos a missão de fazer esta REVISTA DO JUBILEU, percebemos a beleza, a delicadeza e o grande desafio da mesma. Com emoção e alegria colocamos mãos à obra. Logo nos demos conta da importância da pesquisa junto aos que viveram e aos que estudaram a maravilhosa realidade destes 50 anos. Ouvimos suas opiniões, acolhemos muitas sugestões. Convencemo-nos da grandiosidade do projeto e de nossa pequenez diante das pessoas e dos fatos. Com determinação, sensibilidade e coragem produzimos o que vão encontrar ao longo destas despretensiosas páginas, incapazes de esgotar as riquezas desta efeméride. Quanto mais poderíamos incluir nelas! Agradecidos a Deus pelo passado, lutas, empenho e vitórias; pelas lágrimas e sofrimentos dos momentos difíceis, “Em tudo damos Graças a Deus!” (cf. 1 Ts 5, 18) Por intercessão de Nossa Senhora de Belém levantamos os olhos e encaramos o futuro. Virão outros cinquenta anos e muito mais. Iluminados pelo Espírito Santo, muitíssimos outros e outras continuarão a construção do Reino de Deus nesta Diocese. Caminhos novos brotarão dos Grupos de Reflexão, da caminhada missionária, da participação na consagração do dízimo. Com o Papa Francisco abraçamos a nova igreja em saída, atuante e presente no meio do povo. O horizonte que se descortina é de esperança, trabalho e alegria. Somos gratos a todos que contribuíram para a confecção desta revista! “Sint Unum!”! “Que todos Sejam um!” Deus abençoe a todos. Dom Antônio Wagner da Silva, SCJ Bispo Diocesano Jubileu de Ouro - 3
Índice 68913 18 22 26 28 30 32 34 36 38 42 44 -
O ano de 1966 - Contemporização História da Diocese de Guarapuava O primeiro bispo História da Catedral Nossa Senhora de Belém Nova Catedral Nossa Senhora de Belém Padre Chagas Colégio Nossa Senhora de Belém Paróquia Assunção de Nossa Senhora Irmãs Vicentinas Edifício Nossa Senhora de Belém Central Cultura de Comunicação S.O.S. Airton Haenich Irmãs da Caridade Social Casa de Líderes Seminário Nossa Senhora de Belém
46 48 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 72 74 -
Renovação Carismática Católica Santuário de Schöenstatt Albergue Frederico Ozanam Pastoral da Criança Dom Albano Obra Kolping Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus Padre Cassiano Santuário da Divina Ternura Dom Giovanni Centro Educacional João Paulo II Casa de Formação Sao José Freinademetz Dom Wagner Assembleia dos Bispos em Guarapuava Casa de Acolhida Nazaré
Produção: Centro Diocesano de Comunicação (CDC). Editor: Pe. Itamar Abreu Turco. Redação: José Luiz dos Santos. Diagramação: Mauricio Toczek. AGRADECIMENTOS: Para que este trabalho se concretizasse, as colaborações foram de suma importância. A equipe do Centro Diocesano de Comunicação (CDC) da diocese de Guarapuava agradece imensamente a estas pessoas e instituições que não mediram esforços no sentido de fornecer informações, fotografias e outros subsídios para que esta revista comemorativa em homenagem aos cinquenta anos da diocese de Guarapuava fosse viabilizada. Em agradecimento, destacamos as seguintes pessoas: Padre José de Paulo Bessa, professora Miura Mendes, professora Gracita Gruber Marcondes, padre Reonaldo Pereira da Cruz, bispo diocesano de Guarapuava, Dom Antônio Wagner da Silva, padre Acácio Evêncio de Oliveira, Vanessa Paula, e Jorge Teles dos Passos. Também estendemos nossos mais sinceros agradecimentos à Secretaria Paroquial da Catedral Nossa Senhora de Belém, Institutos e Congregações religiosas que não se furtaram em fornecer material e informações para pesquisas. A todos, rogamos a Deus e a Nossa Senhora de Belém para se mantenham firmes na caminhada junto à nossa Igreja, fortalecendo sempre os pilares de sustentação de nossa diocese.
Jesus convida! Nós respondemos!
Irmãs Paulinas: a serviço do Evangelho com a comunicação.
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Irmãs
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Meio século de caminhada em favor da vida e da evangelização “O bom pastor é aquele que vela por todas as suas ovelhas. Há instantes em que é preciso parar, contemplar o rebanho e ir à busca da ovelha desgarrada e que, por sua vez, é a que mais precisa de ajuda naquele momento.” Contemplamos meio século de existência e continuamos o caminho nesta longa e incessante jornada rumo à evangelização e ao amor incondicional com base nos ensinamentos de Jesus Cristo e de Nossa Senhora de Belém. A Diocese de Guarapuava vive seu Ano Jubilar e a história mostra que, ao longo do tempo, muitas conquistas brilharam resplandecendo em puro ouro, o ouro das comemorações dos cinquenta anos. A história desta Diocese se traduz numa sucessão de eventos importantíssimos que serviram como preparação para esta data que representa mais um ponto atingido dentre tantas metas desta longa e incessante caminhada. Muitos caminhos foram percorridos. Muitos acontecimentos marcaram o trajeto que, nem sempre foi de estrada pavimenta e reta, mas com esforço, coragem e muita fé, tudo se transformou e hoje floresce com cores douradas, com os reflexos jubilares a transcender o tempo e mostrar com clareza que mesmo ante tantos percalços, seguir em frente é da lei e se faz necessário. É algo que se mostra divino na mais pura das essências. Ao lermos tantas histórias que estão presentes nesta publicação especial em comemoração aos cinquenta anos, notamos que o crescimento chegou aos pouco, mas que se solidificou como rocha nesta região do Paraná, sempre à luz dos ensinamentos de Jesus Cristo, razão de nossa existência enquanto Comunidade. Como num mosaico de proporções gigantes, a grande peça artística chamada Diocese de Guarapuava vem sendo construída com amor e detalhe em cada inserção de um novo elemento neste desenho espetacular que tem por obje-
tivo a incansável caminhada rumo ao servir, ao fazer melhor, tendo o Espírito Santo como guia e mentor. Neste belo e importante desenho mesclam-se as mais variadas artes. O entalhe e a pintura, no entanto, se sobressaem no final. São estes detalhes que dão o tom e apontam a direção correta a ser seguida sempre com base na leveza e na candura para com todos os que estão à sua volta e que não se contentam em apenas apreciar, mas sim, precisam e se sentem motivados a fazer parte desta composição que é, na verdade a mola propulsora dos sonhos de cada um. Cinquenta anos de existência pode ser muito ou pouco tempo, dependendo do ângulo em que se observe, dependendo da perspectiva em que se queira apreciar e entender o que foi feito com a visão de novos projetos para o futuro e para o agora. Relativizar o tempo não se faz necessário neste momento. É época sim, de viver o Jubileu de Ouro enquanto cristãos, enquanto Comunidade Católica que somos e, a partir de então, vislumbrar novos horizontes que contemplem não apenas mais cinquenta anos, mas sim, muitos séculos alicerçados na oração, na partilha e na vivência divina. Cada uma das 47 Paróquias, juntamente com suas 1190 Capelas, além de Institutos, Congregações e a Comunidade que sempre se manteve unida, neste momento, saúdam esta família que representou um verdadeiro divisor de águas nesta vasta região do Paraná quando foi criada. Regada ao amor e a muito trabalho, a Diocese de Guarapuava foi capaz de permanecer sempre com a chama de Cristo ardendo como se uma sarça seca constantemente estivesse a alimentar o fogo purificador e renovador de todas as coisas.
Através desta Revista Comemorativa, queremos somar com cada um e também partilhar deste momento com a alegria que se traduz em sorrisos abertos e resplandecentes. É preciso estar sempre pronto e apto às mudanças. No entanto, não se pode perder nunca o ponto de partida ou esquecer o traçado do caminho já percorrido. O bom pastor é aquele que vela por todas as suas ovelhas. Há instantes em que é preciso parar, contemplar o rebanho e ir à busca da ovelha desgarrada e que, por sua vez, é a que mais precisa de ajuda naquele momento. A partir de então, inspirada pelo amor de seu pastor, o desejo é o de que a alegria volte à ovelha e ela então, se sinta parte de um todo, parte do grupo que precisa primar sempre pela união e a partilha. Que os próximos anos da nossa Diocese sejam incessantes de buscas e de preservações por aquilo que de bom existe. Que haja sempre a ânsia pelo novo, pelo belo, sem perder de vista o ponto de partida nem o ponto em que se quer chegar. Celebrar o Jubileu de Ouro da Diocese de Guarapuava é mais que importante, é fazer parte desta grande família que traz consigo o espírito aguerrido de esperança e de partilha em todos os momentos. Parabéns, Diocese de Guarapuava! Parabéns a todos os que fazem parte desse grupo de cristãos que querem sempre o melhor para quem está do lado! Um aplauso longo e caloroso a cada um que, com sua oração, mesmo que silenciosa, contribuiu para que a Estrela de Belém permanecesse iluminando os caminhos e continuasse a instigar a busca constante pelo melhor para todos sem levar em conta o momento, tampouco, as circunstâncias. •
O ano de 1966 - Contemporização
A
década de 1960 do Século XX foi marcada por grandes acontecimentos mundiais. Muitas mudanças ocorreram nestes dez anos e muitas destas mudanças se refletem em dias atuais, algumas como sinônimo de bem-aventurança e outras, nem tanto. Foi neste intervalo de tempo, que muitos países ocidentais voltaram-se à esquerda politicamente falando, depois da vitória de John F. Kennedy nas eleições de 1960 nos Estados Unidos, da coalizão de centro-esquerda na Itália em 1963 e dos trabalhistas no Reino Unido em 1964. Em janeiro de 1966, Indira Gandhi (1917-1984) é eleita primeira-ministra da Índia. Filha de Jawaharlal Nehru, Indira Gandhi governou o país entre 1966 e 1977 e entre 1980 e a data da sua morte em 1984. Numa onda crescente de acontecimentos naquele ano, a sonda soviética Lunik 9 torna-se o primeiro objeto construído pelo homem a pousar com suavidade na superfície lunar e a emitir uma série de imagens do Mar das Tormentas. Isto aconteceu no dia 05 de fevereiro. Já no dia 16 do mesmo mês, foi anunciado oficialmente que outra sonda soviética, esta chamada Venera 3, chegara ao planeta Vênus e, segundo os soviéticos, manteve contato via rádio com a terra. De acordo com os soviéticos, a sonda Venera foi o primeiro aparelho construído por humanos a pousar em outro planeta. Vale destacar que o mundo vivia a chamada Guerra Fria e muitas informações inverídicas eram simplesmente disseminadas a fim de provocar o oponente e criar verdadeiro bochicho entre os povos. No dia 30 de maio de 1966, os Estados Unidos lançaram o satélite Surveyor 1. De acordo com eles, o satélite foi o primeiro a pousar com suavidade na superfície lunar. Há aqui que se destacar, novamente, a questão da Guerra Fria e da corrida incessante por se mostrar melhor na área da tecnologia, dos inventos e das conquistas, principalmente das conquistas espaciais.
6 - Diocese de Guarapuava
Concílio Vaticano II
Nos esportes, o destaque maior foi para a oitava edição da Copa do Mundo de Futebol, que aconteceu na Inglaterra em julho. No total, dezesseis seleções participaram. A equipe campeã foi a seleção da Inglaterra, depois de vencer a Alemanha Ocidental por quatro gols a dois. CATÁSTROFES O ano de 1966, também foi de catástrofes. Em janeiro deste ano, no dia 17, dois aviões da Força Aérea dos Estados Unidos se chocaram em pleno voo. Um bombardeiro B-52 retornando de uma missão de rotina, colidiu com o aviãotanque que iria reabastecê-lo. O acidente aconteceu na região espanhola de Palomares. Oito tripulantes das duas aeronaves morreram na hora. Com o acidente, quatro bombas de hidrogênio que os aviões transportavam foram lançadas. Uma das bombas caiu nas águas azuis do Mar Mediterrâneo, e três outras caíram perto de uma pequena vila de agricultores, a cerca de 200 quilômetros a leste de Granada. Duas dessas bombas, segundo informações, explodiram ainda no ar e derramaram plutônio radioativo sobre a pequena cidade. A terceira foi recuperada quase intacta no leito seco de um rio e a quarta foi recuperada no
mar após uma extensa pesquisa com buscas nas profundezas usando mergulhadores e equipamentos de ponta à época. O acidente provocou muitos problemas na região e, até hoje, a área não é considerada limpa do material radioativo derramado. As brigas e acusações por causa do acidente continuam. Moradores e governos exigem reparações. O imbróglio é grande e o assunto já chegou a arranhar as relações diplomáticas entre os Estados Unidos e a Espanha. PERDA Já no final do ano, no dia 03 de outubro de 1966, morre em Estocolmo, na Suécia, o célebre físico Rolf Maximilian Sievert, famoso pelas suas contribuições para o estudo dos efeitos biológicos da radiação ionizante. Sua morte foi considerada uma perda irreparável para a ciência mundial.
Os Beatles, em 1966
ENQUANTO ISSO, NO BRASIL... No Brasil, João Goulart virou o primeiro presidente trabalhista com a renúncia de Jânio Quadros. A década de 1960 representou, no início, a realização de projetos culturais e ideológicos alternativos lançados e pulverizados, principalmente pela juventude e a classe trabalhadora ainda na década de 1950. Vale destacar que os anos 1950 foram marcados por uma grande crise no moralismo rígido da sociedade, expressão remanescente do tão almejado “Sonho Americano” que não conseguia mais empolgar a juventude, principalmente a daquele país. A segunda metade dos anos 1950 já prenunciava grandes revelações para a década vindoura no mundo todo. Havia uma efervescência em todos os setores, mas foi nas artes que a explosão definitivamente aconteceu provocando verdadeira hecatombe no modo de pensar e de agir da população. ARTE NO MUNDO E NO BRASIL Foi no início dos anos 1960 que surgiu a chamada literatura beat, tendo como protagonista Jack Kerouac, com o polêmico livro “On The Road” “Pé na Estrada”, numa tradução livre para o português. Na música, o rock de garagem, com uma vertente totalmente à margem dos grandes astros do rock (e que resultaria na surf music), deu uma verdadeira sacudida na maneira de se fazer música no mundo inteiro. Surgiam aí, as bandas alternativas, muitas permanecem até hoje. No cinema no teatro de vanguarda houve grande movimentação, principalmente no Brasil devido à situação política pela qual o país passava. A década de 1960 pode ser dividida em duas etapas. A primeira, de 1960 a 1965, marcada por um sabor de inocência e até de lirismo nas manifestações socioculturais. No âmbito da política é evidente o idealismo e o entusiasmo no espírito de luta do povo. A segunda, de 1966 a 1968 (porque 1969 já apresenta o estado de espírito que definiria os anos 70), em um tom mais ácido, revela as experiências com drogas, a perda da inocência, a revolução sexual e os protestos juvenis contra a ameaça de endurecimento dos governos. É ilustrativo que os Beatles, banda que existiu durante toda a década de 1960, tenha trocado as doces melodias de seus primeiros discos pela excentrici-
Papa Paulo VI. 1966.
dade psicodélica, incluindo orquestras, letras surreais e guitarras distorcidas. “I want to hold your hand” é o espírito da primeira metade dos anos 1960. “A day in the life”, o espírito da segunda metade. Não se pode deixar de citar que foi na década de 1960 que teve início, no mundo inteiro, uma grande revolução comportamental como o surgimento do feminismo e os movimentos civis em favor dos negros e homossexuais. O Papa João XXIII abre o Concílio Vaticano II e revoluciona a Igreja Católica. Surgem movimentos de comportamento como os hippies, com seus protestos contrários à Guerra Fria, à Guerra do Vietnã e o racionalismo. Esse movimento foi também chamado de contracultura. Ocorre a Revolução Cubana na América Latina, levando Fidel Castro ao poder. Tem início também à descolonização da África e do Caribe, com a gradual independência das antigas colônias, mas com processos exploratórios acirrados em todos os âmbitos. No entanto esta década começou já com uma grande prosperidade dos países ricos. Por exemplo, com a explosão do consumo, 90% dos americanos possuíam televisão em 1960 e uma em cada três famílias inglesas tinha automóvel em 1959. ANO DE 1966 NO BRASIL No Brasil, o ano de 1966 foi de intensas mudanças e acontecimentos marcantes em muitos âmbitos. Em se tratando de política, vale destacar que o Brasil havia mergulhado num Regime Militar que durou até 1985, com a restauração da democracia e a realização das eleições indiretas pelo Congresso Nacional para
presidente, quando Tancredo Neves foi eleito. Ele não chegou a assumiu o cargo em 15 de janeiro do mesmo ano, como previsto; morrendo em 21 de abril, dia de Tiradentes. Quem assumiu o cargo, foi o vice-presidente, José Sarney, nome marcante na política brasileira até os dias atuais. Para vencer a disputa, o PMDB de Tancredo Neves, de Ulysses Guimarães e de tantas outras personalidades que lutaram contra o regime militar teve de se unir à chamada Frente Liberal, formada por dissidentes do PDS, partido de sustentação do governo militar. Uma atmosfera nada boa para a época, mas, segundo estudiosos, se fazia necessária para que a democracia, lentamente, fosse restabelecida no país que ficou sob o domínio ditatorial por trinta anos. Voltando à década de 1960, temos muitos acontecimentos que tornaram esses dez anos, inesquecíveis: No dia 05 de fevereiro de 1966, é decretado o Ato Institucional N° 3, que institui as eleições indiretas para governadores e vice-governadores e a nomeação de prefeitos. Em 05 de junho, Ademar Pereira de Barros é afastado do cargo de governador de São Paulo e cassado pelo presidente Castelo Branco. No dia seguinte, em 06 de junho, o chefe do Partido Comunista Brasileiro, Luís Carlos Prestes, é condenado a 14 anos de prisão. Na onda efervescente, para não dizer em ebulição que seguia a política no Brasil na década de 1960, a violência tornara-se comum, principalmente nas grandes cidades. No dia 25 de julho de 1966, um atentado à bomba contra o marechal Artur da Costa e Silva, candidato a presidente do Brasil, no aeroporto de Guararapes, em Recife, Pernambuco, deixa três mortos e vários feridos. A explosão foi atribuída a membros de esquerda e houve diversas prisões. Em se tratando de direitos trabalhistas, em 13 de setembro, o presidente Humberto de Alencar Castelo Branco sanciona a lei, que estabelece o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), algo que permanece até os dias de hoje e que, segundo especialistas, representa uma das grandes vitórias, em se tratando de leis e direitos trabalhistas, por permitir, pelo menos um pouco de segurança ao trabalhador brasileiro. Através de eleições indiretas, no dia 03 de outubro de 1966, o então candidato da Aliança Renovadora Nacional, Artur da Costa e Silva, é eleito presidente do Brasil pelo Congresso Nacional com 295 votos. • Jubileu de Ouro - 7
História da Diocese de Guarapuava
O
tempo e a época podem representar tudo e, ao mesmo tempo, nada. Em se tratando de história, os acontecimentos, por mais que sejam localizados, nunca estão isolados. O mundo, um país ou mesmo a menor das cidades, sempre possuem elos entre si que os mantêm conectados, de certa forma. A independência em se tratando de inter-relações é praticamente impossível. Enquanto o Brasil passava por graves problemas, em 1966, com o Regime Militar sufocando e matando pessoas, havia também coisas bonitas e interessantes ocorrendo no país. Pessoas se juntavam nas pequenas cidades e organizavam eventos. As festas tinham sabores especiais e a juventude, apesar das restrições com as quais aprendia a conviver, se mostrava interessada pelo país e pelas coisas da comunidade.
8 - Diocese de Guarapuava
Neste ínterim, em meio a esta ebulição e problemas pelos quais o Brasil passava, a Diocese de Guarapuava foi criada. O dia da criação desta nova Instituição Católica foi 16 de dezembro de 1965 pela Bula “Chisti Vices”, do Papa Paulo VI, desmembrada das Dioceses de Ponta Grossa, Campo Mourão e Toledo. A instalação da nova Diocese do Paraná, no entanto, se deu no dia 26 de junho de 1966. Abrangendo 11 municípios, totalizando 18 Paróquias e 250 Capelas, a Diocese de Guarapuava passou a funcionar como mais um ponto de luz no Estado a guiar uma vasta comunidade em sua grande área de abrangência. Não bastassem as longas distâncias entre uma Paróquia e outra, a falta de padres também contribuía para o aumento dos percalços a serem enfrentados pelo novo Bispo, o austríaco há anos trabalhando no Brasil, Dom Frederico Helmel.
Ante as dificuldades existentes, a vontade do povo era muito grande e, em pouco tempo, as alianças sólidas foram formadas e isto permitiu que os trabalhos não parassem, em momento algum na nova Diocese. As congregações religiosas desempenharam papel fundamental na sustentação da evangelização mesmo nos lugares mais longínquos. Com o trabalho missionário das congregações que já atuavam nas Paróquias e das que chegaram convidadas pelo novo Bispo, as missões de evangelização só cresceram. Partindo desta confiança já existente para com os religiosos, o novo Bispado pôde, então, se empenhar, também, nas tarefas de ordem prática, como as construções, elaborações de projetos, dentre outros trabalhos que requeriam muita dedicação por parte do novo Bispo.
O Primeiro Bispo Com o lema: “O Amor de Cristo me impulsiona” Dom Frederico Helmel foi o primeiro Bispo da Diocese de Guarapuava. Nascido no dia 02 de maio de l911, na cidade de Lumz am See, na região montanhosa da Áustria, filho de Franz e Mathilde Helmel, Frederico é o segundo de quatro irmãos, sendo três meninos e uma menina. O trabalho e a fé sempre estiveram presentes na família Helmel, como dádivas a serem vividas com intensidade. O pequeno Frederico inicia seus estudos em 1917, na escola da mesma cidade. Desde criança, a vocação para o sacerdócio foi notada pela família que sempre primou pelos estudos como fonte de luz a alimentar a sabedoria. Os estudos secundários do agora jovem Frederico vão até 1931, período em que, apoiado pela família, decide ingressar na Congregação do Verbo Divino. Seis anos depois, em 1937, Frederico Helmel é ordenado sacerdote.
Chegada de Dom Frederico em Guarapuava.
IDEAIS DEFINIDOS Idealista e destemido, sempre se pondo a serviço do povo, Frederico torna-se um sacerdote missionário e é então enviado ao Brasil onde passa a exercer seu ministério em várias regiões do continental país. Totalmente o oposto da Europa, onde a ideia que se tinha era a de que tudo já estava pronto, bastando apenas usufruir de suas benesses, aqui, o Sacerdote sentiu que havia muito a ser trabalhado, principalmente em prol dos mais pobres. As diferenças culturais, geográficas e climáticas em comparação à Áustria, não foram obstáculos para o jovem e dinâmico Padre que se revela um apóstolo incansável e cheio de vontade de trabalhar em prol do povo, principalmente, dos mais necessitados e carentes da verdadeira Palavra de Deus. Dom Frederico viveu à frente do seu tempo, sem, no entanto, atropelar a cultura popular e os costumes daquela que agora era a sua gente. Erudito e temente a Deus, deixou marcas profundas cravadas no campo da fé, da cultura, do ensino e da convivência entre os povos. 10 - Diocese de Guarapuava
As ações do então Padre Frederico Helmel não passaram despercebidas. Seguindo a ordem natural do sacerdócio, ele teve seu nome indicado e aprovado para o Episcopado da Igreja do Brasil. Nomeado, agora Dom Frederico Helmel foi designado como o primeiro Bispo da recém-criada Diocese de Guarapuava. Em termos práticos, a nomeação de Dom Frederico para o Bispado se entrelaça com a fundação/implantação da nova Diocese. O catolicismo vivia, à época, a verdadeira efervescência. O efeito pós Concílio Vaticano II, que ocorrera no dia 25 de dezembro de 1961, pelo Papa João XXIII, e inaugurado pelo mesmo Pontífice, no dia 11 de outubro de 1962, sendo que só terminou após quatro sessões, em 08 de dezembro de 1965, já sob o Papado de Paulo VI, abriu caminho para as novas ideias e a Igreja passou a caminhar em novo ritmo. A partir do Concílio Vaticano II, com a convocação de mais de dois mil Prelados de todo o mundo, vários pontos e temas
da Igreja Católica foram discutidos e regulamentados à luz de documentos já existentes e outros novos, elaborados a partir de então. As decisões estão expressas nas quatro constituições, nove decretos e três declarações elaboradas e aprovadas pelo Concílio. Neste clima de mudança, adequações e de muitas dúvidas quanto aos resultados do Concílio e sua aplicabilidade a partir de então, Dom Frederico Helmel pôsse a trabalhar como verdadeiro desbravador à frente da nova Diocese, sempre com metas ousadas e olhar voltado para o ser humano, seus anseios e medos, sem desprezar, portanto, seus costume e tradições. Visitas pastorais, elaboração de projetos e execução destes são alguns dos legados que Dom Frederico Helmel deixou para a Diocese de Guarapuava nos mais diversos campos. Com seu jeito cativante, aos poucos, Dom Frederico ia tecendo uma maneira nova de pensar e de viver na região, tornando notória sua influência cultural e pastoral em meio ao povo.
Nesta edição especial em comemoração aos cinquenta anos da Diocese de Guarapuava, na medida em que os assuntos surjam, estes serão descritos com detalhes, pois têm a finalidade de retratar de forma simples e de fácil entendimento este meio século de existência da Diocese de Guarapuava, bem como a importância desta instituição para as atuais 47 Paróquias e suas 1053 comunidades, distribuídas numa vasta
Região do Estado do Paraná, abrangendo 31 municípios. Com uma extensão territorial de quase trinta mil quilômetros quadrados e uma população estimada em 560 mil habitantes, de acordo com o Censo de 2010, a Diocese de Guarapuava limita-se com as Dioceses de Palmas/Francisco Beltrão, União da Vitória, Ponta Grossa, Apucarana, Campo Mourão e com a Arquidiocese de Cascavel.
Percorrer todos estes locais e entender seus problemas, necessidades e anseios é um verdadeiro apostolado que o Bispo Diocesano precisa cumprir. Somado a tudo isso, no início, havia ainda os percalços de uma Diocese recém-criada e, por isso, os trabalhos de desbravadores tinham que ser executados por membros do clero e também por leigos que, numa união de forças, transformaram as situações e condições desta gigante Região.
Dom Frederico, o casal José e Ieda Canestraro, professora e historiadora Julita-Santa Cruz e o casal Ademar e Nair Teixeira. Equipe que fazia parte do primeiro Conselho Diocesano.
TEMPOS DIFÍCEIS Inicialmente com 11 municípios, uma área geográfica de 29 mil quilômetros quadrados, uma população de 400 mil habitantes, totalizando 18 paróquias e 250 capelas, as dificuldades eram muitas por toda a região. Não bastasse isso, o Bispo contou apenas com quatro padres seculares e 27 de congregações, todos de origem estrangeira para dar conta dos cuidados de toda a diocese. O reduzido número de sacerdotes e a vasta extensão territorial tornavam, segundo o Bispo, os trabalhos muito dificultosos, mas, ao mesmo tempo, prazerosos, pois através da boa vontade do povo, muitas tarefas foram cumpridas e
a evangelização se sobressaiu em meio às dificuldades e tropeços. O deslocamento dos padres era feito a cavalo, em muitos destes lugares devido ao difícil acesso. Estas dificuldades, no entanto, não fizeram com que amainasse a inquietude de Dom Frederico que trazia consigo a dádiva de criação, da edificação. Havia nele a vontade latente de querer sempre mais em prol de sua comunidade. Com injeções de ânimos, ele fazia com que as pessoas acreditassem em si mesmas, sempre com bases sólidas nos ensinamentos cristãos, fonte de toda a luz para seguir em frente e não temer nenhuma dificuldade no meio do caminho.
Com os poucos recursos que possuía e muita criatividade, além de sua inquietude produtiva, o Bispo foi buscar alternativas que transformassem a Diocese de Guarapuava. Os trabalhos foram muitos e com total intensidade. Os resultados, no entanto, chegaram mais cedo do que o esperado. As transformações começaram a aparecer de forma ousada fazendo com que a comunidade se sentisse parte do processo de mudança e de evangelização. Dom Frederico permaneceu à frente da Diocese de Guarapuava até o ano de 1986. Foram vinte anos de trabalhos pastorais e de edificação. • Jubileu de Ouro - 11
Catedral Nossa Senhora de BelĂŠm. Abril de 2016.
12 - Diocese de Guarapuava
Nossa Senhora de Belém, padroeira da diocese de Guarapuava. Foto: Almir Soares Jr.
História da Catedral
N
o Brasil, como em muitos países, a maioria das cidades foi fundada em torno de uma Comunidade Católica. Grande parte destas cidades têm nomes de santos ou algo que remeta ao Cristianismo, ao Catolicismo em si. Com Guarapuava, não aconteceu diferente. Embora a cidade não leve o nome de santo, o catolicismo está tão arraigado na história do município que é impossível separar uma situação da outra. A hoje Paróquia e Catedral Nossa Senhora de Belém foi ponto chave para que os aspectos físicos da cidade tivessem melhor direcionamento. Muitos acontecimentos que até certo ponto seguiam paralelos, em dado momento se entrecruzaram com a história da Catedral e, assim, à forma de unicidade, seguiram até os dias atuais.
IMAGEM DA SANTA Segundo a oralidade popular, a imagem de Nossa Senhora de Belém veio de Portugal em 1818, trazida por Dona Laura Rosa da Rocha Loures. A caminho da Região, a expedição foi atacada por índios Kaigangs, às margens de um rio. Dona Laura fez a promessa que, se conseguisse sobreviver ao ataque, construiria uma capela para homenagear Nossa Senhora. A mulher foi ferida, mas sobreviveu, apesar de muitos da expedição terem perdido suas vidas no ataque. Desta forma, o rio onde a batalha ocorreu às suas margens, passou a ser chamado de Rio das Mortes, atualmente, ponto de referência para o município e toda a Região. Em se tratando da construção da Igreja, esta já estava nos planos do Vigário curitibano e grande evangelizador que atendia à Região. Seu nome era Francisco das Chagas Lima, do qual falaremos mais detalhadamente nos próximos capítulos desta publicação que tem por finalidade celebrar os cinquenta anos de existência da Diocese de Guarapuava. Vale destacar que no entendimento de Padre Chagas, a comunidade se uniria cada vez mais com a construção da nova igreja, tornando a Região um lugar de destaque no Estado e no Brasil que, à época, passava a se voltar para o interior com interesses visíveis e necessários de povoação e domínios territoriais. Com este intuito, ele próprio elaborou o projeto arquitetônico e estrutural da Catedral, buscou recursos através de doações da comunidade, principalmente financiamento político e, em 1818, conseguiu inaugurar a Igreja que, a partir de então passou a ser ponto referencial na cidade. • Jubileu de Ouro - 13
Torre da Igreja de Guarapuava. Construtor: AntĂ´nio Nertonello. Dia 4 de fevereiro de 1958. Notar pessoas colocando a cruz da torre.
14 - Diocese de Guarapuava
Foto de 1884. Primeira foto conhecida da Catedral Nossa Senhora de Belém
Foto de 1942. Ainda com aspecto de fortaleza espanhola.
Foto de 1950. Celebração em frente da Matriz. Praça enfeitada com arcos e flores.
XXX do final da década de 50. Foto Caminhões de madeira deixam Guarapuava rumo à construção de Brasília.
Foto do final da década de 50. Chegada do Sino da Catedral para a nova torre.
Jubileu de Ouro - 15
Foto interna da Catedral do início da década de 1960. Antes do Concílio Vaticano II. O sacerdote ainda celebrava de costas para os fiéis. Curiosidade: O piso da Catedral foi rebaixado na década de 1980. O pároco, à época, era o padre Salvatore Renna. O trabalho segundo informações, foi para melhorar a acessibilidade. 16 - Diocese de Guarapuava
Abertura da Porta da Misericรณrdia. 14 de dezembro de 2015. Jubileu de Ouro - 17
Nova Catedral Nossa Senhora de Belém Beleza e louvor em perfeita harmonia Há dezesseis anos, um sonho de muitos ganhava formas em Guarapuava. Era o início da construção da Nova Catedral Nossa Senhora de Belém. Atualmente a obra está em fase de acabamento.
T
odos os grandes projetos do mundo começaram com sonhos e com necessidades. As necessidades e os sonhos são verdadeiras molas propulsoras em se tradando de edificações. Com a construção da Nova Catedral Nossa Senhora de Belém, em Guarapuava, não foi diferente. A partir do sonho de muitos e também da necessidade de um local de acolhida amplo e condizente com a representatividade e importância da Diocese para a Igreja Católica, teve início, ainda em 1997, os pré-projetos da construção. A escolha do local, os estudos das condições do terreno, os projetos para a arrecadação de fundos necessários para a construção da nova obra, passaram por muitos estágios e divergências, mas, no final do ano de 1999, as sondagens e escavações para a construção da nova igreja tiveram início. Assim que chegou à Diocese de Guarapuava, vindo de Cascavel, em 1996, e assumiu as funções de Pároco da Catedral Nossa Senhora de Belém, o Padre José de Paulo Bessa contou que foi preciso dar início às obras de reforma e reestruturação dos prédios no entorno da Catedral. Ele também destaca que a igreja precisou passar por reforma e melhorias. No entanto, os pensamentos e intenções, conforme rememora, eram os de que seria preciso, o quanto antes, iniciar as obras da Nova Catedral. A escolha do local para que a nova igreja fosse construída foi motivo de grande debate. Por fim, ficou decidido que a nova obra seria erguida no mesmo terreno da Catedral Antiga. 18 - Diocese de Guarapuava
Paralelo aos estudos do terreno, em 1998, uma espécie de concurso entre os arquitetos de Guarapuava foi criado para que as maquetes da nova obra fossem apresentadas. Muitos profissionais passaram, de imediato a trabalhar em seus projetos esboçando assim, seus pensamentos e ideias inerentes no sentido de contribuir ativamente para a nova obra. Ao final, a maquete escolhida em consenso entre todos os concorrentes, foi a apresentada pelo arquiteto Paulo Ernesto Siqueira Martins. O projeto, que tem as formas do Espírito Santo com suas asas abertas sobre a cidade, une modernidade e religiosidade fazendo com que a construção se apresente harmoniosa e bela ocupando lugar de destaque em Guarapuava, sem inibir ou ofuscar a beleza da Antiga Catedral. Mas, segundo os idealizadores do projeto, os percalços foram muitos na trajetória de mais de dezesseis anos de construção da Catedral. O grande desafio, de acordo com Padre José Bessa, foi em relação a não danificar a Catedral Antiga que é um marco na história da cidade e região. Boatos à época davam conta de que haveria a necessidade de se demolir a igreja antiga para que a outra fosse erguida. O assunto inserido na sociedade considerado de forma maldosa gerou muita polêmica e especulações. Com explicações verdadeiras do que estava acontecendo, segundo contou Padre Bessa, Pároco à época, foi possível fazer com que todos entendessem que jamais, em momento algum, sequer se cogitou a possibilidade de demolir a Catedral já existente. “Nunca passou pela cabeça de ninguém cometer um erro desta natureza. Jamais se falou em demolir a Antiga Catedral. Nós tivemos sim, muitos desafios quanto a manter intactas as estruturas da igreja, pois esta não tem alicerces profundos no chão. Era como se construía naquela época. Foi preciso sim, de muitos estudos e trabalhos técnicos para que as
estruturas do que já existia não fossem abaladas. Conseguimos. Não houve sequer uma rachadura nas paredes da Catedral Nossa Senhora de Belém para que a outra fosse construída no local”, detalhou Padre Bessa em entrevista. Com riqueza de informações e apresentando dados técnicos, Bessa explicou que o projeto da Nova Catedral foi aprovado com a exigência de existir um estacionamento subterrâneo na edificação. No local, há muitas vertentes de água e, nas proximidades, passa um rio que não podia ser desviado. O grande trabalho de engenharia foi no sentido de canalizar a água para que ela não viesse a prejudicar a construção no futuro. Uma empresa especializada foi contratada em Curitiba para fazer a fundação e implantar as sessenta e cinco colunas que dão sustentação à obra. Os trabalhos foram muito delicados, segundo relatórios, pois não se podia correr o risco de danificar a igreja antiga. As perfurações foram feitas com bate-estacas, técnica que elimina grande parte das vibrações do terreno no entorno. Com isso, as colunas foram construídas, a água foi canalizada e os trabalhos, então, tiveram sequência. Já era o ano de 2000. “Foi um trabalho dificílimo a construção da fundação da Nova Catedral. Graças às técnicas e também ao profissionalismo das pessoas envolvidas no projeto, conseguimos sair da parte mais complicada que era a fundação. A partir de então, os desafios foram outros. Estes, no sentido de arrecadar recursos para que as obras não parassem. Durante o período em que trabalhei como Pároco da Catedral, juntamente com a comunidade, foi possível dar grandes passos na construção da nova igreja. Isto é motivo de muitas alegria para todos os que participam ativamente desta obra”, classificou Padre Bessa. Padre José de Paulo Bessa trabalhou como Pároco da Catedral Nossa Senhora de Belém de agosto de 1996 a novembro de 2007. •
Nova Catedral. Junho de 2016.
Jubileu de Ouro - 19
Dom Wagner motivando os fiéis a ajudarem neste grande projeto. Fevereiro de2005.
Festa da Padroeira. Fevereiro de 2008.
Ordenação de cinco diáconos na Nova Catedral. Adriano W. Toczek, Ângelo Altair de Oliveira, Itamar Abreu Turco, Jean P. Oliveira e Valdecir Badzinski. 20 de março de 2010.
Maquete da Nova Catedral. Os trabalhos ainda continuam.
Celebração do Jubileu de Ouro da Diocese. Junho de 2016.
20 - Diocese de Guarapuava
As obras prosseguem Quando chegou a Guarapuava e assumiu seus trabalhos como Pároco na Catedral Nossa Senhora de Belém no final de 2007, vindo da Paróquia Santana em Pitanga, Padre Acácio Evêncio de Oliveira tinha pela frente um grande desafio que era dar sequência às obras da Nova Catedral. As dificuldades financeiras se mostraram como um dos grandes obstáculos a serem vencidos, conforme explicou Padre Acácio em entrevista. Ele, por sua vez, pontua a generosidade das pessoas de Guarapuava como fator fundamental para que os trabalhos de construção da nova igreja não parassem. “Graças a Deus, pudemos contar com a generosidade do povo de Guarapuava que já vinha ajudando e que nunca deixou de contribuir para com as obras da Nova Catedral. Tivemos muitas dificuldades na sequência deste trabalho e entendemos os percalços pelos quais as pessoas passam no país. Mas sinto que tudo valeu a pena, pois estamos conseguindo manter o cronograma que é o de inaugurar a igreja agora em 2016, por ocasião do Jubileu de Ouro da nossa Diocese”, exemplificou Padre Acácio. Campanhas Com campanhas bem elaboradas que falaram diretamente ao coração das pessoas e muita dedicação por parte dos envolvidos com o projeto, hoje se pode dizer que a data de conclusão das obras está próxima, principalmente da parte interna da Catedral. Pequenos passos “São nos pequenos passos que se percorrem grandes distâncias”, segundo o dito popular. Esta definição cabe perfeitamente se aplicada à construção da Nova Catedral Nossa Senhora de Belém, em Guarapuava. Além da campanha constante a fim de arrecadar recursos para que as obras
não parem, em julho de 2015, foi lançada também a campanha “Doe um Banco”. O objetivo do projeto era arrecadar dinheiro suficiente para que os novos bancos pudessem ser fabricados e instalados no sentido de oferecer maior conforto a quem participa das celebrações. Até então, as pessoas que participavam das missas e reuniões realizadas na Catedral inacabada, precisavam se acomodar em cadeiras de plástico que eram montadas de forma provisória no local. Mais uma vez a comunidade respondeu ao pedido e passou a doar os recursos necessários. A empresa que fabricou os bancos aceitou que os pagamentos fossem feitos de forma fracionada e, no final de dezembro de 2015, todos os bancos em madeira maciça foram montados. Além dos bancos, trabalhos de acabamento como detalhes no piso, instalação do forro e o projeto de iluminação já estão prontos. Com a vasta fachada em vidro, a luz que incide na Nova Catedral é transformadora fazendo com que as lâmpadas figurem apenas como adereços durante o dia, pois a claridade natural tem cem por cento de aproveitamento. A Igreja é considerada por arquitetos e engenheiros especialistas em obras sacras como uma das que têm maior aproveitamento de luz solar durante todo o dia. Isto, além de gerar muita economia em se tratando de consumo de energia elétrica é tida como uma dádiva em se tratando de beleza arquitetônica. Com a presença do Bispo Emérito de Guarapuava, Dom Giovanni Zerbini, do Pároco da Catedral, Padre Acácio Evêncio de Oliveira, as arquitetas da cidade de Umuarama, no Norte do Paraná, Caroline Salgueiro Marques Fenato e Angela Carolina Laino, no final do ano passado, foram
discutidos os detalhes do acabamento da na Nova Catedral. Na ocasião, Caroline frisou que o momento era o de tomadas de decisões em se tratando da arquitetura interior. “Este é um projeto pensado em conjunto com muitas pessoas. Ao longo desses dias, vamos estudar os elementos que comporão o interior da Igreja para depois, em conjunto, decidirmos como tudo será feito”, destacou a arquiteta. O arquiteto responsável pelo projeto da Catedral, Paulo Ernesto Siqueira Martins relatou que haverá detalhes em madeira, principalmente no presbitério. De acordo com ele, a madeira é um elemento que casa perfeitamente com outros detalhes em pedra ou metal e tem o potencial de se destacar e oferecer aconchego a todos os que estiverem dentro da Catedral. “Haverá detalhes em lambril no presbitério. Este detalhe fará toda a diferença. Ainda estamos conversando com as arquitetas que estão trabalhando no projeto, com o Pároco da Catedral e com Dom Giovanni. Vamos chegar a um ponto em comum para que a obra da Catedral seja a mais bela possível”, defendeu Paulo Ernesto. A cada dia que passa a transformação da Nova Catedral Nossa Senhora de Belém se torna mais visível na cidade. Sua beleza transcende ao físico, ao tocável. Contemplar cada detalhe da obra torna-se tarefa Divina, digna de vivenciar um sonho. “Ainda temos muitos compromissos a serem cumpridos, principalmente compromissos financeiros, mas as comunidades estão nos ajudando e muito nesta tarefa. Eu não me canso de agradecer a todos os que abraçaram esta causa. Com fé em Deus e muito trabalho, vamos conseguir entregar este presente para o povo de Guarapuava”, finalizou Padre Acácio. •
“Uma das prioridades do projeto é aproveitar ao máximo a luz solar.”
Jubileu de Ouro - 21
Padre Chagas
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erá preciso um capítulo para falar de Francisco das Chagas Lima, o Padre Chagas. Neste ponto, a história da Catedral Nossa Senhora de Belém e a criação do município de Guarapuava também estão inseridas. Há uma congruência histórica, um desenrolar de fatos, uma mescla de acontecimentos impossíveis de se separar e, por isso, instigantes em se tratando de curiosidades, de conhecimento histórico em si. Nascido em Curitiba, em 1757, Padre Chagas foi considerado um visionário para sua época. Tornou-se Padre muito cedo e as questões indígenas sempre foram seu foco de estudo e atuação. De Julho de 1784 até setembro de 1795, foi Vigário de Curitiba. Em 1800, o governo do Estado de São Paulo lhe designou a tarefa de catequisar os índios que, à época, eram considerados povos errantes e muitas tribos, além da miséria, eram acometidas por várias doenças e as frequentes guerras que dizimavam centenas de pessoas de uma só vez. Pelo trabalho com este povo, Padre Chagas foi considerado “Apóstolo dos Gentios”. Segundo a história, Padre Chagas dedicava grande parte do seu tempo à catequese e cuidados com índios doentes. Este apostolado ele exercia com muito amor e dedicaão. Chegou a escrever um catecismo na língua nacional dos Índios Purys, única fonte que se tem atualmente sobre a dialética deste povo que foi extinto e teve sua língua morta. Em maio de 1804, Padre Chagas passa a trabalhar como vigário de Guaratinguetá, em São Paulo. Depois foi o fundador da Aldeia de São João de Queluz, de cuja Igreja foi o administrador das obras. Na ocasião, Padre Chagas precisou enfrentar e saber lidar com a extrema pobreza e a fome das pessoas do lugar. Muitas destas pessoas eram caboclas e indígenas. Percebendo a situação precária dos moradores de Queluz, interviu junto ao governo e conseguiu deste, vários talhões de terra para que o povo cultivasse café. A ideia deu certo. Depois da adesão à nova cultura, muitas famílias saíram da linha da miséria e passaram a sobreviver de forma mais digna. 22 - Diocese de Guarapuava
Em 1809 foi promovido ao posto de Primeiro Capelão da expedição a Guarapuava, um trabalho considerado de extrema importância, pois através dele, a abertura de novas regiões do Brasil seriam possíveis. Padre Chagas foi então nomeado Vigário da Freguesia de Nossa Senhora de Belém, atual cidade de Guarapuava, com o intuito de catequisar os índios chamados Gentios, que habitavam os arredores do Fortim Atalaia, um ponto estratégico onde se travou grandes batalhas naquele período sempre resultando em muitas mortes. Padre Chagas chegou a Guarapuava com a Real Expedição do Comandante Diogo Pinto de Azevedo Portugal, da qual faziam parte pelo menos trezentas pessoas. Deste grupo, mais de duzentos eram soldados. Segundos dados históricos, muitos escravos também fizeram parte da expedição, mas, como naquele período eram tratados como propriedade e não como pessoas, eles sequer entraram na estatística. Desta forma, os próprios historiadores admitem uma grande deficiência em explicar quantos eram estes homens e mulheres que literalmente abriram caminho por entre a mata e na região de Guarapuava, se estabeleceram, contribuindo de forma direta e, muitas vezes, com as próprias vidas, para que o lugar se transformasse. Também segundo a história, nem todos esses civis chegaram às novas
terras por livre e espontânea vontade. Muitos deles se sentiam amedrontados e ameaçados de morte pelas tribos indígenas que habitavam a vasta extensão de terras. Guarapuava, à época, era chamada de “Koran-bang-rê”. O Cacique Guairacá (autor da frase: “Esta terra tem dono!”) derrotou o exército paraguaio comandando doze tribos indígenas. Por ordem do rei, o comandante Azevedo Portugal recrutou os colonizadores entre fazendeiros de Curitiba e pessoas que não possuíam estabelecimento fixo (vieram poucas mulheres e houve muitos casamentos forçados de colonizadores com índias) para participarem da expedição. Anos depois, entre 1812 a 1859, também foram enviados para continuar o povoamento de Guarapuava muitos criminosos já sentenciados que cumpririam pena de trabalho forçado, sem salário algum nas novas terras. Padre Chagas, por sua vez, foi quem celebrou a primeira missa em Guarapuava, em 1810, no Fortim Atalaia. Ele foi escolhido para a tarefa, pela facilidade que tinha no trato com os povos indígenas. Relatos escritos à época dão conta de que o fato de ele os tratar com respeito e igualdade, fazia com que estes confiassem em suas ações e aderissem à sua catequese sem muito relutar. Muitos se convertiam ao Catolicismo e passavam a ajudar Padre Chagas em suas tarefas. Em seus trabalhos de evangelização, o sacerdote recebeu ajuda de um cacique chamado Antônio José Pahy. Este colaborou com os trabalhos de evangelização entre 1812 e 1819. Conta-se que a Catequese prosperou muito neste período, graças às virtudes do cacique Pahy e seus princípios morais usados para conquistar a confiança dos outros índios para que estes passassem a estudar o Cristianismo. Com a morte de Pahy, foi escolhido pelo comandante para das sequência aos trabalhos de evangelização, o cacique Luiz Tigre Gacon. No entanto, Gacon era considerado muito cruel e, por exigir que os índios trabalhassem forçadamen-
“É desses conventículos que saiu um precipitado e absurdo requerimento para a extinção de todos os selvagens de Guarapuava, pelas armas da expedição.” Padre Chagas
te, não foi aceito e a Missão de evangelização e de catequese decaiu. Os índios viviam em grupos e, estes grupos, por sua vez, guerreavam entre si. Havia conflitos frequentes entre os Kaigangs, que viviam nas aldeias os Cayeres, que habitavam a região chamada de sertão. Destes conflitos maiores, outras guerras se formaram entre os Votorões, os Dorins e os Xocrens. Em uma destas batalhas, a aldeia dos kaigangs junto ao Fortim Atalaia, foi destruída e muita gente morreu. Alguns sobreviventes se mudaram para os Campos de Palmas e outros foram para o Norte do Paraná em busca de melhores condições de instalações. Através de sua influência política e pastoral, em 1819, Padre Chagas conseguiu um alvará que lhe dava direito à criação de um novo povoado. Criouse então, a Freguesia Nossa Senhora de Belém. Os primeiros habitantes na nova vila, foram os moradores que sobraram da matança que havia acontecido no Povoado Atalaia, por ocasião da guerra dos índios. A tribo Kaingang, por sua vez, permaneceu na região evitando assim qualquer contato com os brancos e com outras tribos. De certa forma, permaneceram segregados, mas sempre alertas para qualquer imprevisto que pudesse acontecer.
A escolha de uma planície para fundar a Freguesia, se deu pela facilidade geográfica do lugar. O novo povoado ficava a uns nove quilômetros do antigo. O documento chamado de: “Formal da Criação da povoação e freguesia de Nossa Senhora do Belém nos Campos de Guarapuava”, foi redigido por Padre Chagas e o Comandante Interino da expedição, Antônio da Rocha Loures. Estes figuram na história como os fundadores de Guarapuava, que foi como o lugar passou a ser chamado posteriormente. Com a diplomacia que lhe era nata, Padre Chagas costumava fazer a ponte, ser o elo entre índios e colonizadores. Por ter catequizado três tribos indígenas, falava com fluência suas línguas. Especialistas na língua Kaingang, atribuem a ele um vasto vocabulário escrito e publicado anonimamente, em 1852, de um dialeto intitulado “Língua Bugre”. Em 1825, aproximadamente 200 índios do sertão assaltaram a Região de Atalaia, queimaram as propriedades e mataram o cacique Gacon e mais 27 índios. No dia do ataque, Padre Chagas, que estava dormindo no aldeamento, ao perceber a emboscada, fugiu para o mato em busca de ajuda. Na manhã seguinte, voltou com reforços para providenciar tudo o que fosse necessário: enterrou os mortos conforme os ritos Católicos já que, segundo relatou, todos eles eram
batizados, com exceção de um que estava sendo preparado para tal ofício cristão. Além dos 28 mortos, toda a colheita de milho e feijão do ano foi incendiada, bem como todas as roupas e objetos que existiam no aldeamento, também. Padre Chagas, como responsável não só pela catequização e evangelização, mas também pelo sustento e alojamento dos indígenas, precisaria encontrar um novo lugar para abrigar os aldeados. Então se encaminhou com os 73 sobreviventes, e mais 30 índios não aldeados que encontrou pelo caminho, para um lugar relativamente próximo da Freguesia Nossa Senhora de Belém. Essa localidade foi denominada por Chagas Lima de “Nova Atalaia”. Padre Chagas escreveu: “Este lugar de Nova Atalaia está à vista da Freguesia, da qual não dista mais que uma légua de bom caminho. É neste lugar que faço minha principal residência, promovendo a feitura de novas casas para moradia dos índios, das quais tenho feito levantar três maiúsculas e outras tantas menores, além de outra mediana, que comprei a um paisano que ali morava, e me ofereceu, quando se quis mudar para outra parte: todas cobertas de palha. Agora estou cobrindo de telhas mais uma, que é grande, com bastante comodidade, para nela se erigir um oratório, em que se possa dizer Missa quando necessário”. Jubileu de Ouro - 23
INSEGURANÇA E CONFLITOS DE INTERESSES A violência empregada no ataque a Atalaia causou insegurança entre os fazendeiros da freguesia que à época eram em pequeno número, mas possuidores de grandes extensões de terras. Isso gerou um conflito entre o padre e os proprietários que queriam os índios do sertão mortos e o fim da aldeia dos Kaigangs. Padre Chagas disse: “Quanto não deverei eu estar consternado, e penetrado de dor até hoje [...] Porém, o que mais me tem aumentado minhas aflições, é estar vendo e conhecendo, que o povo português que aqui se acha, em vez de me confortar, me impõe, arguindome com seus conventículos particulares, como se minhas faltas de prevenções tivessem ocasionado esta desgraça. É desses conventículos que saiu um precipitado e absurdo requerimento para a extinção de todos os selvagens de Guarapuava, pelas armas da expedição”, lamentou em um de seus discursos que se mantém escrito. Para os fazendeiros os índios eram apenas mão de obra e, por isso, permitiam as aldeias cristãs tão próximas. Para o padre, no entanto, os indígenas eram irmãos de fé, catecúmenos e, sobretudo, filhos de Deus. EM DEFESA DOS NATIVOS Em 1824, Padre Chagas escreveu, quando houve uma tentativa de abandono em massa por parte dos indígenas da aldeia de Atalaia: “Tendo eu aviso nesta freguesia, que os índios e índias da Atalaia, quase todos [...] se tinham retirado em figura de irem estabelecer nos seus antigos lares do sertão; no mesmo instante montei no meu cavalo e [...] fui atrás deles; e os convenci a voltarem a sua aldeia; e a seguirem nela como dantes a religião cristã, que haviam professado”. Os fazendeiros, além de criticar o trabalho de Padre Chagas, dizendo que ele não era rígido com os índios da aldeia, não os reprimindo e que por isso não trabalhavam direito, acabaram por sugerir a guerra contra os “índios do sertão”. Esses povoadores também pediam o fim da separação entre o aldeamento dos índios Kaigangs e a freguesia. Padre Chagas disse aos fazendeiros que não julgava a atitude deles inteligente a de agir com violência contra os indígenas, pois isso somente prejudicaria o 24 - Diocese de Guarapuava
contato e a aproximação pacífica a fim de converter aqueles grupos ao Cristianismo. No entanto, os colonizadores consideraram como devaneios as ideias de Padre Chagas. Este, por sua vez, rebateu dizendo que antes de os fazendeiros chegarem a Guarapuava ou a qualquer região do país, os índios já habitavam a Região o que, os fazia, por direito, os verdadeiros donos da terra. Por dizer sempre o que pensava, Padre Chagas fez muitas inimizades. O comandante Antônio da Rocha Loures, não era a favor de matar os índios do sertão. O Padre o tinha convencido quando disse: “Além disso, como seriam realizadas as incursões aos sertões sem os índios que serviam de guias? Como ficaria a segurança da freguesia se o período de 12 anos de paz entre índios e povoadores fosse suspenso?”, questionou. Ele acreditava que se houvesse um massacre dos índios, ninguém conseguiria permanecer em Guarapuava, devido à violência a que estariam expostos em virtude das vinganças que lhes seriam aplicadas pelos nativos. Pensando diferente, o comandante era a favor de que os índios se alistassem e passassem a fazer parte do exército e trabalhassem ao lado dos soldados brancos na defesa do território, porém sem os direitos destes. Entendendo que os índios não tinham malícia para esta convivência militar com os brancos, Padre Chagas discordava da ideia de mesclar os dois costumes neste sentido. Ele entendia que eram díspares as ideias e as ideologias dos dois povos, principalmente no que dissesse respeito a questões militares. Havia um jogo de interesse na intenção de mesclar brancos e índios, segundo os relatos de alguns historiadores que buscaram documentos da época. Conforme descrevem, os fazendeiros tinham interesse em uma sesmaria que Padre Chagas havia doando aos índios. Este, por sua vez, negou com veemência esta prática. Contrariado pelo sacerdote, o comandante acabou sucumbindo à pressão dos fazendeiros. O padre lembrou ao comandante e aos fazendeiros que era ele quem mantinha a aldeia, os catecúmenos (novos cristãos), citando as doações de terra e animais que havia realizado como forma de manter estas pessoas no lugar, com o mínimo de dignidade. Não houve argumento que dissuadisse o comandante de misturar brancos e índios.
Historiadores afirmam que o trabalho do padre foi todo perdido a partir do momento em que houve esta mistura entre índios e soldados brancos. Valores morais adquiridos ao longo dos tempos foram desfeitos com rapidez, pois os nativos passaram a ser vistos e tratados como selvagens, como animais, destoando completamente do trabalho pastoral e de evangelização proposto por Padre Chagas. MEMÓRIAS Velho e doente, em 1827, Padre Chagas escreveu um livro intitulado: “Memórias sobre a Conquista de Guarapuava”. No ano seguinte, em 1828 ainda mais debilitado, o sacerdote permanecia em Guarapuava e era o único padre a atender a crescente população que buscava na nova cidade uma oportunidade de se estabelecer no Sul do Brasil e aqui, prosperar. Somente em 1832, Padre Chagas foi aposentado pela Corte, por determinação de Diogo Feijó. Viveu seus últimos dias, muito pobre, sem salário algum, na cidade de Parnaíba, na Província de São Paulo, em companhia de seu irmão João Gonçalves de Lima que também era padre. Morreu em outubro de 1832, aos 75 anos, muito debilitado, mas em plena lucidez. Padre Chagas, além de grande sacerdote, é personagem histórico e heroico de Guarapuava. Sem seus feitos, os rumos da história do lugar poderiam ser outros. A interferência dele em questões delicadas e a intercessão em favor dos mais necessitados elevam o sacerdote no conceito de quem estuda sua vida. Sem ele, destacam os estudiosos, a paz, se é que chegaria, teria demorado muito para se estabelecer na Região que era tida como inóspita e extremamente violenta. Na década de 1970, a prefeitura de Guarapuava, através do prefeito Nivaldo Passos Kriguer homenageou Padre Chagas trazendo suas cinzas que estavam na cidade de Parnaíba, em São Paulo. As cinzas do padre e fundador da cidade mantêm-se conservadas numa urna, em um totem, na Praça Nove de Dezembro, em frente à Catedral Nossa Senhora de Belém. •
Monumento dedicado a Padre Chagas na Praça 9 de Dezembro em Guarapuava. Nele, está escrito: “Neste monumento foram depositadas as cinzas do Reverendíssimo Padre Francisco das Chagas Lima, benemérito fundador da cidade de Guarapuava e seu 1 º vigário Colado. Nascido em 1757 em Curitiba e falecido a 6 de outubro de 1832 em Parnaíba, estado de São Paulo. Homenagem da Prefeitura Municipal de Guarapuava e de seu povo no 155º aniversário de fundação, sendo prefeito o Sr. Nivaldo Passos Kruger.”
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Educação que germina e frutifica 1907 ao longo dos tempos Por mais de um século, o Colégio Nossa Senhora de Belém em Guarapuava marca presença na educação e na vida de muitas pessoas com reflexos nítidos na sociedade.
Inauguração da Capela da Escola. 14 de dezembro de 1967.
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uase seis décadas antes da implantação da Diocese de Guarapuava, uma instituição já marcava presença em toda a região em se tratando de ensino. Trata-se do Colégio Nossa Senhora de Belém. A história desta instituição está totalmente entrelaçada com os acontecimentos regionais, principalmente em se tratando de representatividade, fé, devoção e respeito à Igreja Católica. O começo dos acontecimentos com referência ao Colégio Belém se deu quando um grupo de Irmãs da Congregação Missionárias Servas do Espírito Santo chega a Guarapuava e funda a primeira Escola da cidade. A instituição de ensino tinha o nome de Educandário Nossa Senhora de Belém. A fundação da escola aconteceu no dia 07 de maio de 1907 e foi motivo de grande festa na cidade. A proposta inicial da unidade de ensino era abrigar as filhas dos colonos e comerciantes da região nos regimes de internato e também de externato. 26 - Diocese de Guarapuava
Início da construção do atual edifício do colégio. Fevereiro de 1963.
Este formato de educação durou até 1946, quando a escola toma novo impulso com a abertura do Curso Normal Regional Nossa Senhora de Belém. Durante 49 anos, as Irmãs Missionárias Servas do Espírito Santo conduziram o Colégio Nossa Senhora de Belém com esmero. De acordo com a história da instituição, as dificuldades enfrentadas pelas religiosas foram muitas, principalmente devido ao momento pelo qual o mundo passava com a Segunda Guerra Mundial, quebra de bolsas de valores, dentre outros acontecimentos sociais que tangiam a história por novos vieses e formatos. Em 1956, as Servas do Espírito Santo doaram o Colégio à Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo, as Scalabrianianas, cuja missão é acolher os migrantes em suas necessidades sociais, educacionais e espirituais. O mote do Colégio Belém é ter em seus funcionários e alunos membros de uma grande família com alicerces sólidos calcados na educação e na religião
católica. Mesmo depois de mais de um século de existência, a premissa continua a mesma: promover a educação sem perder de vista a religiosidade e os valores cristãos. Esta missão, conforme explicam as Irmãs Scalabrinianas, prima por uma metodologia pedagógica que respeite a dignidade humana e estimule o compromisso com a vida, a justiça e a solidariedade. Na década de 1960 a ação empreendedora e a dedicação ao Ensino da Irmã Maria Auxiliadora Pereira Marcondes (Irmã Nila) fomentaram o crescimento estrutural do Colégio e a organização didático-pedagógica da Escola, sempre primando pela excelência. À Irmã Nila deve-se também a criação da Bandeira de Guarapuava. Ao longo de sua história o Colégio Nossa Senhora de Belém sempre foi referência em educação para a cidade e região, participando ativamente da vida da sociedade.
“Fazer florescer as sementes e os germens das virtudes em cada ser humano que é colocado em nossas mãos.” Ampliando as estruturas e a missão Diante da situação precária em que se encontravam as salas de aula e do aumento constante no número de alunos matriculados, em 1960 inicia-se a construção do novo prédio escolar. A nova estrutura foi inaugurada em 01 de maio de 1964. No mesmo período, foi lançada a pedra fundamental para a construção do auditório, capela e demais dependências do Colégio. Atualmente, a ação educativa scalabriniana tem como objetivo e missão a promoção de uma educação de excelência, alicerçada em valores cristãos, onde a escola procura afirmar no seu cotidiano a grandeza do homem e da mulher como imagem e semelhança do Criador (Gn 1,26). Para que essas ideias se tornem realidade, o Colégio procura caminhar junto com a comunidade de Guarapuava em parceria sincronizada com a Diocese, investindo na formação sólida de seus
colaboradores e na ampliação de suas estruturas, que unem modernidade e história para atender seus alunos. Com isso, a instituição acredita que está criando e também reforçando uma cultura escolar que preza pela solidariedade, acolhida e fraternidade. O clima que se busca criar no Colégio Belém é o de família, a Família Belém, que por mais de um século, educa pessoas tornando-as capazes de participar ativamente de uma sociedade que está sempre em construção, em evolução. A história do Colégio Belém de Guarapuava se entrelaça com a história da cidade, da Igreja e é ponto de referência e balizador em se tratando de educação. O amor à educação com bases no catolicismo são referências que incutem qualidades extraordinárias à instituição. Tendo a família como vergalhão inquebrável e local de acesso aos primeiros passos educacionais, o colégio conseguiu, ao longo dos anos, manter-se como um
ícone capaz de fazer com que os trabalhos ali ministrados consigam ultrapassar os limites do pragmatismo e se propagar à forma de ações por todos os lugares, indo além dos limites geográficos de sua abrangência. Com propósitos firmes, sem perder a essência de seu legado, mas também com mentes abertas ao novo, os projetos educacionais do Colégio Belém de Guarapuava visam sempre trabalhar o ser humano sem que, em momento algum, se perca a imagem e semelhança divina. A Diocese de Guarapuava, por ocasião das comemorações do seu Jubileu de Ouro, rende ao Colégio Belém todas as homenagens e desejos de muito sucesso, sem que, em momento algum, se percam as palavras do lema da instituição que diz o seguinte: “Fazer florescer as sementes e os germens das virtudes em cada ser humano que é colocado em nossas mãos” (cf. SCALABRINI: Uma voz atual. São Paulo: Loyola, 1989, p. 231). •
Com informações da assessoria de comunicação do Colégio Nossa Senhora de Belém.
Jubileu de Ouro - 27
1931
Paróquia Assunção de Nossa Senhora História que traduz em beleza a devoção ucraniana em Guarapuava
Dom Frederico Helmel, Bispo da Diocese de Guarapuava à época, foi convidado a participar da inauguração da Paróquia Assunção de Nossa Senhora. Houve uma grande festa, segundo relatos.
A
Diocese de Guarapuava completa cinquenta anos num momento em que os olhares e os sentimentos se voltam para os ensinamentos do Papa Francisco que clama em seus discursos por “Uma Igreja em Saída”. De acordo com os ensinamentos do Santo Padre, cada vez mais as pessoas carecem de união, da junção de forças para que a Misericórdia de fato, aconteça e reluza nas mentes e nos corações de cada um. Partindo destes ensinamentos, faz-se necessário rememorar a história da Igreja e entender sua caminhada nos mais diversos locais onde esta se faz presente, sempre com o objetivo claro de congregar, de unir as pessoas através da fé, sem, portanto, levar em consideração as nomenclaturas. Discorreremos aqui, sobre a presença da Paróquia Assunção de Nossa Senhora de Rito Ucraniano em Guarapuava e região. Mesmo não fazendo parte da Diocese de Guarapuava, uma vez que esta é gerida pela Metropolia Católica Ucraniana e também pela Eparquia (no caso de Guarapuava, pela Eparquia de Prudentópolis) esta comunidade é de grande importância para a região em se tratando de ensinamentos cristãos. Para contar a história da Igreja Ucraniana em Guarapuava e Região, se faz necessário rememorar alguns acontecimentos que marcaram a presença desta importante comunidade na cidade. As primeiras manifestações da presença dos ucranianos em Guarapuava aconteceram em 1931. A primeira família ucraniana que chegou à cidade foi de Nicolau Denega. Ele e sua família vieram da Ucrânia para o Brasil no ano 1929 e para Guarapuava no ano 1931. Naquela época Guarapuava ainda era considerada uma pequena cidade do interior do Paraná. Em seguida foram chegando mais famílias ucranianas em Guarapuava, oriundas de cidade vizinhas, sobretudo de Prudentópolis, local com a maior comunidade ucraniana do Brasil. À
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época, foram registradas aproximadamente trinta famílias desta etnia no município. O primeiro sacerdote ucraniano a dar assistência espiritual aos descendentes do Leste Europeu em Guarapuava foi o Padre Marciano Chkirpan da Ordem de São Basílio Magno (OSBM), que partiu de Prudentópolis em 1931, e celebrou a primeira Divina Liturgia no rito católico ucraniano, na casa do morador Paulo Kasnocha. Após a celebração aconteceu uma reunião com os presentes para tratar do assunto referente à formação da primeira comunidade ucraniana católica na cidade. Durante a conversa, discutiuse também sobre a aquisição do terreno para a construção da futura igreja. A partir daquela reunião, teve origem a primeira comissão responsável pela constituição da comunidade. Compuseram a primeira comissão da comunidade eclesial, Paulo Kasnocha, Waldomiro Kasnocha, Miguel Romanichen, Estefano Turok, Wasílio Ditkun, Nicolau Muzeka, João Cherevatek, Wladislau Skrepczuk, Miguel Padleski, José Baumel, Miguel Gavanski. O encontro foi conduzido por Paulo Kasnocha e pelo Padre Marciano Chkirpan, da Ordem Basiliana de São Josafat (OSBM). Após a eleição da primeira comissão, ficou definido que esta precisava ser renovada a cada dois anos, sempre através de eleições diretas podendo votar integrantes da comunidade. Os ideais eram bem definidos e a construção da Comunidade era o principal objetivo naquele momento. Um ano antes, por intermédio de Padre Marciano e do morador local Estafano Turok, a Comunidade Ucraniana recebera, em forma de doação, da Câmara de Vereadores da cidade, um terreno. Segundo documentos, a cessão do local fora feita em maio de 1930, sob o Decreto Lei número 500. Este terreno situa-se na Rua Saldanha Marinho, 354, esquina com as Ruas Cinco de Outubro, Silva Jardim e Dezessete de Julho, local onde foram construídos a Igreja Matriz, Casa Paroquial, Secretaria e também o Colégio Assunção de Nossa Senhora, que faz parte da Comunidade Ucraniana.
Relatos dão conta de que cercar o terreno foi a prioridade naquele momento. Em seguida, foi construída uma pequena casa para que um funcionário permanecesse no local e cuidasse dos materiais de construção que seriam comprados para a construção da igreja. Em 1935, depois de uma reunião entre o Pároco e a diretoria, decidiu-se pela realização de uma festa para angariar recursos que seriam aplicados na construção da igreja. Durante cinco anos, os trabalhos da Comunidade Ucraniana se voltaram para construção da Matriz que, de acordo com relatos históricos representou grande dificuldade. Cinco anos depois, nova reunião foi realizada e o assunto referente à construção foi aventado. Naquele momento, um balanço foi realizado para se saber a quantidade de material de construção que se possuía e o que estava faltando para dar início às obras. Na ocasião, também ficou definido que o padroeiro da Paróquia seria São Basílio o Grande. No dia 23 de fevereiro de 1944, em nova reunião na casa de Estefano Turok, agora com as presenças dos Padres Cristoforo Myskiv (OSBM) José Martenetz (OSBM), novamente o assunto da construção foi o que predominou na conversa. Neste ínterim, já havia sido construída no terreno cedido pela Câmara, uma pequena capela onde as celebrações eram realizadas. O objetivo principal, no entanto, era canalizar todos os esforços para que as obras da Igreja Matriz pudessem ser iniciadas. A Capela Santa Terezinha, que fica no Bairro Jardim Pinheirinho, em Guarapuava, já existia e muitas missas eram celebradas naquele local. Eleita uma nova comissão no dia 25 de maio de 1952, ficou decidido que a construção de uma casa que serviria provisoriamente como igreja para acolher ao crescente número de fiéis se fazia necessário. Também, de acordo com moradores da época, esta comissão trocou o nome da Comunidade e o padroeiro não seria mais São Basílio o Grande, mas sim, Assunção de Nossa Senhora. Um texto publicado no site da Comunidade Ucraniana diz o seguinte: “Com a presença do
Padre Arsênio Kozechen (OSBM), realizou-se uma reunião geral na capela denominada Assunção de Nossa Senhora. Essa nova diretoria concordou em construir uma igreja em alvenaria”, diz o texto. A Pedra Fundamental para a construção foi lançada no dia 15 de agosto de 1961. A partir daquela data a obra foi progredindo lentamente, de acordo com documentos. O projeto foi elaborado em 1963, pelo engenheiro Rafael Kuliski, o mestre de obras foi Pedro Marcelino Meira. A partir de então, toda a comunidade começou a se organizar, realizar coletas e promoções para arrecadar fundos para a construção da igreja. Enquanto isto, a Divina Liturgia, era celebrada nas casas dos fieis e em outras igrejas da cidade. A primeira capela utilizada para a celebração ucraniana em Guarapuava foi a Santa Terezinha, no Bairro Jardim Pinheirinho. A primeira Missão na Comunidade Ucraniana de Guarapuava aconteceu entre os dias 21 e 28 de maio de 1972. Os Padres responsáveis pelos trabalhos foram Nicolau Ivaniv, e Basílio Zinko, ambos da Congregação OSBM. Mesmo com a nova igreja em construção, as celebrações foram feitas naquele local causando emoção nos presentes, segundo relatos de pessoas que participaram daquele momento considerado histórico para a Comunidade. Com nova diretoria, em 1973, o andamento da construção prosseguiu. Houve a demolição da cerca, para efetuar terraplanagem em frente à igreja e a construção das escadas. Todos os sábados Padre Atanásio Kupiski (OSBM) se deslocava de Prudentópolis para celebrar a Divina Liturgia e atender aos fiéis em Guarapuava. Aos poucos a construção da nova Matriz foi avançando. Detalhes como a instalação do forro, dos bancos, das cruzes e a construção das três torres, além do lustre sobre o altar, deram as mais belas formas à Igreja que é referência em arquitetura em todo o Estado. Em 1975, com nova diretoria, os últimos acabamentos como lambris nas paredes, piso, pintura externa e alguns lustres, foram concluídos. Padre Doroteu Zubacz (OSBM), assumiu a comunidade em 1976 e em 1977 retorna o Padre Atanásio Kupiski (OSBM). Para terminar o piso, a nova diretoria, recebeu uma ajuda da Benemérita Adveniat.
Paróquia Assunção de Nossa Senhora. Rito Ucraniano. Guarapuava - Paraná
O seminarista José Ratuchnei (OSBM), pintou a imagem da Assunção de Nossa Senhora, com a moldura doada por Emílio Kosalka e esculpida por Valdomiro Gavanski. Em 1979 assume a direção da comunidade o Padre Vito Slobojan (OSBM) e também outra diretoria. Em meados de 1982, os últimos detalhes na construção da nova igreja foram executados. Era então concluída a obra da nova Matriz. Depois de muito esforço e para a alegria dos paroquianos, no dia 15 de agosto, tendo como Vigário Padre Vito Slobojan, foi inaugurada solenemente a nova igreja Assunção de Nossa Senhora. A consagração aconteceu com o Eparca Dom Efraim Krevey, OSBM. Naquela ocasião, Dom Frederico Helmel, Bispo da Diocese de Guarapuava foi convidado a participar da inauguração. Com ele, muitas pessoas das Paróquias da cidade também se fizeram presentes. Os Padres que participaram da celebração foram: José Baraniuk, Demétrio Zapp, Eleutério Dmetriv, Geraldo Daciuk, Valdomiro Burko, BoresChociai, Gregório Mazepa, Jovino Ferentz, Carlos Melniski, VitoSlobojan, Teodoro Haliski, TarásOlinek e José Waurek. A Divina Liturgia foi cantada pelo coral Vesselka de Prudentópolis. No dia 15 de agosto de 1994 aconteceu a fundação oficial da Paróquia Assunção de Nossa Senhora. A ata oficial encontra-se nos Arquivos da Eparquia sob o nº T.II-220/94. Sendo
o primeiro Pároco, Padre Jovino Ferentz (OSBM). Desde os primeiros passos para a instalação da Igreja, até os dias atuais, muitos foram os acontecimentos que fizeram parte da Comunidade Ucraniana Assunção de Nossa Senhora em Guarapuava. Em nota, representantes agradecem a todos os que participaram do projeto que sempre tiveram como finalidade a propagação do Reino de Deus e destacam que a fé precisa ser renovada todos os dias com orações e ações, sempre visando a união entre todos. “Por essa tão magnífica obra, sempre para a propagação do Reino de Deus, a Comunidade Ucraniana segue seus passos, sempre contando com a graça de Deus. Por isso não desanimamos nas dificuldades, mas caminhamos com fé, esperança e amor. Seguindo o exemplo de muitos santos, mas de modo especial São Basílio o Grande, e o santo ucraniano São Josafat Kuntzevitch e outros”, diz a nota. Comemorar uma data sempre é motivo de muitas alegrias. Partilhar do momento especial é a verdadeira dádiva, um presente de Deus. Neste momento especial que reluz ao reflexo do Jubileu de Ouro, a Diocese de Guarapuava rende os mais sinceros votos de agradecimento pela presença da Comunidade Ucraniana em muitas cidades de abrangência desta instituição. Neste Ano Santo da Misericórdia, seguir os ensinamentos do Papa Francisco que luta e defende a “Igreja em Saída”, se faz vital para a convivência de irmandade entre todos desta vasta comunidade cristã. • Jubileu de Ouro - 29
Irmãs Vicentinas na diocese de Guarapuava: 1933 Mais de um século de Missão Por mais de um século, as religiosas trabalham na região onde atualmente se encontra a diocese de Guarapuava. O amor aos mais pobres sempre foi a motriz dos trabalhos.
E
m todas as comunidades, em todos os grupos de pessoas, em algum momento da história surgem necessidades e estas são muitas. É fato que as necessidades foram e continuam sendo as responsáveis por muitas descobertas e conquistas em todos os campos da vida. Quando se fala em congregações religiosas, a situação não é diferente. Elas surgem da necessidade da presença humana com bases sólidas em meio às comunidades para atender às demandas deste ou daquele grupo de pessoas e oferecer-lhes conforto e amenizar os sofrimentos. Em todo o mundo, cidades surgiram, cresceram e se desenvolveram em torno das congregações, partindo da mística de que a bondade e o amor ao próximo precisam ser levados adiante sem importar, portanto as situações, condições ou época. Nesta oportunidade, por ocasião dos cinquenta anos da diocese de Guarapuava, abriremos espaço para a história da congregação Companhia das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. Fundada em 29 de novembro de 1633, em Paris, por Vicente de Paulo e Luísa de Marillac, a congregação tinha por objetivo servir a todos os pobres, principalmente os mais vulneráveis. Em 1668, a Companhia teve sua aprovação junto ao Papa Clemente IX, após 35 anos de trabalho em favor dos pobres, sempre tendo o amor como motriz dos serviços prestados. Depois da aprovação papal, a congregação tornou-se uma das primeiras iniciativas de vida consagrada autorizada a trabalhar pelo povo, fora da clausura. É num contexto de grandes injustiças e miséria, durante a guerra, que surge então, a Companhia das Filhas da Caridade. A presença de seus trabalhos junto ao povo pobre e oprimido, foi um verdadeiro sopro de Deus que inspirou Vicente e Luísa a buscarem novas formas de atenuar tanto a dor do corpo como da alma naquela realidade e época de suas vidas.
30 - Diocese de Guarapuava
Mesmo ante tanta adversidade, os dois não recuaram com sua missão. Pacientemente, eles aguardaram o momento propício para levar conforto a quem, àquela altura, nem humano era considerado por muitos da sociedade. Idosos desamparados, loucos, juventude pobre, crianças órfãs e abandonadas pelos pais, mães solteiras, camponeses arruinados e trabalhadores mandados aos campos de batalha clamavam pela bondade, sem terem a quem recorrer, com quem contar. Pessoas assim eram atendidas com amor pelas Filhas da Caridade. Durante estes atendimentos, a congregação procurava fazer com que os nobres ouvissem o lamento dos pobres e, mesmo que minimamente, pudessem aceitar que todos os seres humanos precisavam e mereciam a dignidade para viver. Neste ínterim, com esta realidade e lutando contra todas as adversidades, a Companhia foi crescendo. Em 1652, depois de um trabalho de formação, as primeiras irmãs foram enviadas à Polônia. A partir de então, os trabalhos missionários destas religiosas passariam a ser requisitados por diversos países do continente Europeu. Em seguida, as missionárias também foram enviadas para a Ásia e a África, no intuito de arrefecer o sofrimento daquele povo. A partir de então, em pouco tempo, todas as regiões do mundo puderam contar com os trabalhos das Filhas da Caridade como num abraço aconchegante e protetor em favor dos que mais precisavam. Em 1873, a Polônia sofre com as invasões. Rússia, Alemanha e Áustria dominam o país. A língua materna é proibida nas escolas, igrejas e nas repartições públicas. O povo está oprimido com multas impostos e prisões. Muitos poloneses são obrigados a deixar o país por causa de perseguições e da fome. À época, a América era tida como um refúgio. Várias colônias europeias se instalaram no novo continente em busca de uma vida melhor. Naquele período, o Brasil, mais precisamente a cidade de Curitiba, no Paraná, acolheu 258 pessoas vindas da Polônia, formando a Colônia Aranches.
Com a chegada dos imigrantes, alguns padres da mesma pátria também decidiram se instalar no país e junto de seu povo, dar sequência aos trabalhos missionários e de evangelização. O grande problema, segundo a história, era que o número de sacerdotes era pequeno ante o número crescente de pessoas das comunidades. Sentindo esta necessidade, o bispo de Curitiba, à época, Dom José de Camargo, pediu sacerdotes da Congregação da Missão para atender à comunidade. Em 1903, enviados da cidade de Cracóvia, na Polônia, chegaram à capital do Paraná. A presença dos padres era importante e seus efeitos positivos junto à comunidade passaram a ser nitidamente percebidos. No entanto, havia entre os imigrantes poloneses de Curitiba, a necessidade da existência de professores, uma vez que o número de crianças era crescente e havia uma preocupação com a educação e também com a manutenção da língua materna. Devido à confiança em seus trabalhos, as irmãs da congregação Filhas da Caridade foram convidadas a fazer parte da nova comunidade brasileira. Três religiosas da cidade de Chelmo, na Polônia, as irmãs Luiza Olsztynska, Natalia Zietka e Leocádia Suchoswiat, chegaram ao Paraná em outubro de 1904. A partir de então, com a presença das irmãs no sul do Brasil, nascia a Província de Curitiba das Filhas da Caridade. Atualmente, mais de trezentas religiosas atuam nas seis Províncias dos três Estados do sul do Brasil, (Paraná, Santa Catariana e Rio Grande do Sul) e desenvolvem inúmeros trabalhos sempre voltados para as necessidades dos pobres e marginalizados. No mundo, as mais de dezesseis mil Filhas da Caridade estão presentes em noventa e dois países. Duas destas religiosas trabalham para a Organização das Nações Unidas (ONU) na defesa das Causas Sociais e dos Direitos Humanos.
CONGREGAÇÃO NA DIOCESE DE GUARAPUAVA PRUDENTÓPOLIS Na cidade de Prudentópolis, as irmãs da Companhia das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo chegaram no dia 07 de julho de 1907. As irmãs Kasemira Urbanka, Leocádia Suchoswiat e Natália Zietak foram as primeiras religiosas a trabalhar na área da educação. Numa pequena casa de madeira, as três deram início às suas atividades na cidade ministrando aulas do curso primário e também ensinando catequese, artes domésticas e formação humana. Foram elas que promoveram a “Campanha de Alfabetização de Adultos”. Estas aulas eram ministradas aos domingos, depois das celebrações das missas. A maioria dos alunos era do interior do município. Em 1908, as religiosas abriram um pequeno ambulatório médico e dentário. Como não havia hospital na cidade, elas improvisaram uma enfermaria na sala de visita da casa onde viviam para a convalescença dos doentes que vinham de longe. A partir dessa iniciativa e dos primeiros trabalhos de cuidados para com os doentes, nasceu o primeiro hospital de Prudentópolis, o Hospital São José. Depois, o hospital passou a se chamar Santa Casa. Como o local era pequeno, a instituição foi transferida para o lugar onde se encontra atualmente. Em 1914 um novo prédio da congregação foi construído. Junto às novas instalações, também foi erguido um internato para atender aos alunos que moravam distante e que precisavam estudar. No ano de 1967, a Escola Santa Sofia foi estadualizada. Três anos depois, em 1970, a instituição passou ao comando do município. Houve novas mudanças e, em 1999, o colégio passa a atender apenas no sistema de ensino particular. O centenário da Escola Santa Sofia foi celebrado em 2007. Em 2008, aconteceu, portanto, a venda da instituição de ensino para a paróquia São João Batista de Prudentópolis. A congregação, em dias atuais, trabalha em três frentes distribuídas da seguinte forma: três Irmãs continuam atuando no Lar São Vicente de Paulo (Asilo) junto aos mais de setenta idosos internos. Uma
das irmãs é liberada para atuar em tempo integral com os trabalhadores rurais, sem terra, assentamentos, e Pastorais Sociais no Paraná. As demais irmãs atuam na Pastoral Carcerária, Ação Social com a Família Vicentina que englobam os serviços junto à Associação da Medalha Milagrosa, Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), Associação Internacional da Caridade (AIC), Visitas domiciliares às famílias mais vulneráveis nas periferias, trabalhos manuais nas Santas Missões Populares e visitas às capelas e em outros locais onde são chamadas. Em julho de 2017, a congregação celebra seus 110 anos de presença no município de Prudentópolis. LARANJEIRAS DO SUL Em Laranjeiras do Sul, as Filhas da Caridade chegaram em 1938. As irmãs Cecília Lechowska e Salomé Dets foram as fundadoras do Instituto Santa Ana. A instituição surgiu com a missão de oferecer educação pré-escolar e primária aos moradores. Além do ensino regular, o Instituto passou a oferecer também regime de internato, cursos de datilografia, corte e costura, trabalhos manuais e atendimento aos pobres. Em 1979, foi fundada, anexa ao Instituto, a Creche Nossa Senhora das Graças. A instituição tinha por objetivo desenvolver trabalhos com crianças vulneráveis. Em 1986, foi lançado o Projeto Social da escola: Centro de Menores Integrados na Comunidade (CEMIC) voltado às crianças de sete a quatorze anos. Em média, cinquenta pessoas passaram a ser atendidas.
PITANGA O Instituto Santa Terezinha em Pitanga foi fundado em 12 de janeiro de 1942. As primeiras irmãs a trabalharem na cidade foram Margarida Hella, Martha Kleina e Rosa Koleska. No município, as religiosas passaram a atuar na educação e também no hospital São Vicente de Paulo. Atualmente, o colégio está alugado e as irmãs desenvolvem suas atividades junto às comunidades e Pastoral da Criança. Com frequência, elas realizam visitas às famílias consideradas vulneráveis e desenvolvem projetos de promoção social. A partir da Pastoral Paroquial, o sistema de horta e floricultura familiar foi desenvolvido pelas religiosas. Várias famílias aderiram ao projeto e hoje prosseguem com os trabalhos que lhes garante renda e dignidade. A Missão junto à comunidade foi cumprida ao longo de mais de um século de existência na diocese de Guarapuava. Com o crescimento das cidades surgiram mais escolas e, com isso, a carência na educação foi suprida. Com isso, acreditam as religiosas, chegou o momento de ir ao encontro de novos desafios, de outras missões, pois esta necessidade nunca termina. No ano em que a diocese de Guarapuava celebra seu Jubileu de Ouro, narrar a história desta congregação é motivo de honra, graças e bênçãos. Que o espírito missionário continue a mover pessoas de bem que, mesmo distantes de suas pátrias, desenvolvem seus trabalhos missionários com alegria e tornam os lugares por onde passam, melhores. Jubileu de Ouro - 31
1966
Edifício Nossa Senhora de Belém
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m 29 de abril de 1968, iniciavam-se as obras de um dos mais importantes edifícios pertencentes à Diocese de Guarapuava e um marco para a cidade, o Edifício Nossa Senhora de Belém, que fica no centro de Guarapuava, Rua XV de Novembro, de frente para a Praça Nove de Dezembro e para a Catedral Nossa Senhora de Belém. Com seus seis andares, além de garagem no térreo, o prédio tornou-se ponto de referência em toda a Região e foi mais um dos tantos sonhos do primeiro Bispo que trabalhou na Diocese de Guarapuava, Dom Frederico Helmell. Visionário e cheio de esperança, Dom Frederico acompanhou a obras desde os primeiros trabalhos que começaram a ser desenvolvidos no terreno em 1968, com a escavação, a fundação e preparação para os alicerces. Muita gente trabalhou na construção da obra. Campanhas para arrecadação de fundos foram realizadas e, em 1972, os trabalhos foram concluídos com muitas comemorações por parte de toda a comunidade. Desde o início, ficou definido que o novo prédio abrigaria a Central Cultura de Comunicação, que naquela época, era composta apenas pela Rádio Cultura AM 560, que recebera autorização para instalação e funcionamento no ano de 1966, mas isto só aconteceu em 1972. Com as amplas salas em todos os andares, logo após a conclusão, o prédio passou a ser ocupado por instituições da Diocese e também por empresas que locavam as salas que ficava num dos endereços mais privilegiados da cidade. Com espírito edificador e empreendedor, Dom Frederico não sossegou enquanto não conseguiu autorização para uma nova emissora de rádio para a Diocese. Desta vez, o canal pleiteado era em frequência modulada (FM). No dia 26 de junho de 1981, entrava no ar, então, a Cultura FM (Atual Rádio 93 FM), primeira emissora em frequência modulada na Região Centro-Sul do Estado. 32 - Diocese de Guarapuava
Capela do edifício.
Biblioteca Diocesana Nossa Senhora de Belém.
A nova emissora foi instalada, também, no Edifício Nossa Senhora de Belém que se firmava cada vez mais como um centro de comunicação da Igreja Católica em Guarapuava. Muita coisa mudou ao longo do tempo, mas o Edifício Nossa Senhora de Belém continua como uma das principais obras da cidade. Além das instituições da Diocese ocupar grande parte do prédio que, recentemente passou por reformas internas, muitas empresas também decidiram locar salas neste endereço por acreditarem nas referências do local como ponto principal da cidade.
Além da Central Cultura de Comunicação, o Centro Diocesano de Comunicação (CDC) também funciona no Edifício Nossa Senhora de Belém. Capela, biblioteca, instituições ligadas à Igreja, além dos espaços alugados para empresas, somam-se a esta grande família que o Edifício abriga. As reformas internas e implantação de melhorias fazem parte de um planejamento da Diocese que dá continuidade aos trabalhos já desenvolvidos até aqui, sempre com visões futuras para a edificação de novos empreendimentos, com foco na comunidade, razão única da existência da Igreja. •
Edifício Nossa Senhora de Belém. Julho de 2016.
Jubileu de Ouro - 33
1966
Criação da Central Cultura de Comunicação
A
no de 1966, na época em que muita gente ainda não tinha acesso à televisão, a telefonia ainda era deficitária e, nem se imaginava falar de internet no país, surgia em Guarapuava uma nova empresa, a Rádio Cultura Nossa Senhora de Belém Ltda. No dia 18 de junho deste ano, João Cotlinski, hoje residindo em Curitiba, Admar Schitini Teixeira e Reinaldo Losso (ambos in memorian), pessoas essas ligadas aos serviços da Diocese de Guarapuava e indicadas por Dom Frederico Helmell, Bispo Diocesano na época, assinavam o contrato de radiodifusão criando uma empresa que teria como finalidade a exploração de concessões de rádio que pudessem ser permitidas ou outorgadas pelo Conselho Nacional de Comunicações (CONTEL). 34 - Diocese de Guarapuava
Muitas pessoas, muitos nomes que não aparecem nos documentos, na história oficial, também participaram do início desta obra, como o do Padre Francisco Schluter, pároco da Catedral Nossa Senhora de Belém que, segundo João Cotlinski, foi com ele até a cidade de Ponta Grossa tomar conhecimento do edital que permitia requerer uma rádio para Guarapuava. Já, no ano de 1966, a empresa, que estava legalmente constituída e apta a candidatar-se a explorar os serviços de rádio, solicitou ao Conselho Nacional de Comunicações o canal de rádio AM que estava disponível para Guarapuava. A autorização foi concedida no ano seguinte através da portaria 658, de 17 de outubro de 1967. Em julho de 1968, João, Admar e Reinaldo transferem, através de escritura
pública de testamento, a propriedade da empresa Rádio Cultura Nossa Senhora de Belém Limitada para a Mitra Diocesana de Guarapuava. Em 18 de janeiro de 1971 a emissora entra no ar em caráter experimental e, em 18 de fevereiro do mesmo ano a rádio passava a operar em caráter definitivo. Com o decorrer do tempo, no ano de 1976, a empresa transformou-se na Fundação Nossa Senhora de Belém cujo patrimônio foi constituído de todo o ativo e passivo da Rádio Cultura Nossa Senhora de Belém Limitada. No ano de 1981, em 26 de junho, a entrada no ar da primeira emissora em frequência modulada na Região CentroSul do Estado foi considerada um marco na comunicação. Para a Diocese de Guarapuava este fato foi de vital importância, pois a Rádio Cultura FM, também
Antes e Depois.
pertencente à Fundação Nossa Senhora de Belém, passou a levar a voz da Igreja Católica também nesta faixa. Na época a emissora tinha sua abrangência reduzida, devido ao baixo número de receptores de FM, mas este projeto já vislumbrava um futuro próximo, a popularização do rádio FM. De lá para cá muita coisa mudou. Os receptores tornaram-se mais acessíveis, a potência do transmissor foi aumentada, os equipamentos e estúdios passaram (e continuam passando) por constantes atualizações e melhorias, o quadro de funcionários foi se profissionalizando cada vez mais, a programação foi se adequando à realidade do mercado, o que resultou no crescimento expressivo da audiência da Cultura 93,7. Em 1995, os veículos da Fundação Nossa Senhora de Belém foram agrupados na Central Cultura de Comu-
nicação, que teve inclusive um veículo impresso, o Jornal Cultura, funcionando em Guarapuava por um breve período de tempo. Neste ano também foi criado o portal que hoje está com o domínio www.centralcultura.com.br. A convergência das mídias foi outro fator observado pela Central Cultura de Comunicação e a disponibilização do áudio das emissoras ao vivo, no formato on demand, em textos, fotos e vídeos foi incorporado ao novo jeito de “fazer rádio”, tudo isso aliado à força da interatividade das redes sociais. Em 2014, vislumbrando a migração das AM para a faixa de FM, a Rádio Cultura FM adotou o nome de fantasia de 93FM, haja vista o grupo passar a ter duas emissoras de FM na mesma cidade. Há muitos anos as emissoras que operam na faixa de AM passaram a sofrer com as interferên-
cias em suas transmissões. Muitos são os fatores que prejudicaram a qualidade do som da AM. As redes de energia elétrica, principalmente de alta tensão, as lâmpadas fluorescentes, os computadores, os celulares e até mesmo os motores dos automóveis interferem, de certa forma, na transmissão. Inicialmente se falava em digitalização da frequência AM para sanar os problemas, mas a atitude prática tomada pelo Governo, através do decreto assinado pela Presidente Dilma Rousseff em 7 de novembro de 2013, para solucionar o caso, foi a “Migração do AM”. Para a nova emissora FM, após a migração, os ouvintes que acompanham a programação da AM 560 terão ainda mais qualidade e muitas novidades. Será uma rádio ainda melhor. • Pesquisa e redação: Jorge Teles
Jubileu de Ouro - 35
1966
S.O.S. Airton Haenich Um lugar que acolhe, renova as esperanças e restaura a dignidade do idoso
Ao todo, quarenta idosos moram na casa e recebem os cuidados necessários para que possam viver com dignidade. A Instituição sobrevive de doações da comunidade e precisa de ajuda.
A
o passo que envelhecemos, precisamos cada vez mais de cuidados e atenção especiais. Em muitos momentos, as famílias não têm condições financeiras ou mesmo psicológicas para cuidar de um ente idoso com dificuldades, sejam elas motoras ou psicológicas e estes idosos da família acabam totalmente desamparados, abandonados. Há também, mesmo que mínimos, os casos de negligências familiares e maus tratos a estes idosos. Em situações de risco, eles necessitam, com urgência, serem atendidos, cuidados para que se recuperem dos traumas e possam seguir suas vidas de forma digna e tranquila. Em situações assim, o ingresso do idoso em instituições específicas, é através de ordem judicial. Pessoas idosas, tal como as crianças, precisam de muito carinho e dedicação constantes, bem como de aparo e confiança para que possam ter melhor qualidade de vida. Em Guarapuava, o Serviço de Obras Sociais (S.O.S.) Airton Haenich, entidade ligada à Diocese da cidade, supre esta demanda e, há cinquenta anos, trabalha com idosos acima dos 60 anos (excetos em casos especiais) desamparados em todas as situações e condições. Com capacidade para abrigar quarenta pessoas, o S.O.S. está sempre lotado e a procura por vagas é muito grande, não só por pessoas de Guarapuava, mas de municípios vizinhos. A instituição que é gerida pelas Irmãs da Congregação da Sagrada Família, foi fundada em 11 de outubro de 1966 e possui 13 funcionários efetivos além das Irmãs e de muitos colaboradores voluntários. A Instituição que foi fundada no mesmo ano em que a Diocese de Guarapuava foi implantada é uma referência
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em se tratando de cuidado com os idosos em toda a região. Leônidas Ribas é o diretor geral do S.O.S. e atua na Instituição há quase trinta anos. Ele detalha que todos os dias é uma batalha muito grande para manter a casa em funcionamento, pois os serviços lá prestados dependem da boa vontade e do carinho da população que colabora. No entanto, ele destaca que é sempre motivo de alegria poder fazer parte da vida de pessoas que encontram no S.O.S. um refúgio, um abrigo, seu verdadeiro lar como numa grande família para poder viver em paz. Além dos funcionários efetivos e das Irmãs que lá prestam seus serviços, o S.O.S. conta sempre com pessoas voluntárias que colaboram na realização de eventos para angariar fundos a fim de manter a casa em funcionamento e não deixar que nenhum projeto benéfico aos idosos pereça. Com uma despesa de mais de trinta mil reais por mês, incluindo os salários dos funcionários, o diretor relata que as doações são de fundamental importância para que a Instituição se mantenha em funcionamento. Ele também conta que o SOS recebe uma verba mensal (que não especificou o valor) da prefeitura de Guarapuava. A prefeitura também mantém profissionais de fisioterapia e de nutrição dentro da Instituição como forma de colaboração. “O S.O.S. precisa de doações sempre. As despesas são grandes, girando em torno de R$ 30 mil por mês. Sem a colaboração da comunidade, não temos nenhuma condição de funcionar, de atender aos idosos. Recebemos doações de roupas, calçados e alimentação. Muita gente doa cestas básicas e isto contribui e muito para a manutenção da casa. Em épocas de colheita, os agricultores mandam para cá feijão, arroz, milho e outros alimentos dos quais precisamos. Há também fazendeiros que oferecem uma ou duas cabeças de gado por ano. Estes animais são inspecionados e abatidos em frigoríficos da cidade, seguindo todas as
normas sanitárias e de saúde. A carne é trazida para cá e serve para preparar a alimentação dos idosos. Sempre pudemos contar com a comunidade e isto é importantíssimo para nós. Sem as doações, não teríamos a mínima condição de sobreviver”, disse Leônidas a uma entrevista concedida à estudante de Jornalismo Amanda Lima. Muitas pessoas, todos os anos, se prontificam a trabalhar como voluntária no S.O.S. e se dizem realizadas por poderem exercer tal função. Outras, no entanto, preferem se associar à Instituição e contribuir com uma quantia em dinheiro todos os meses como forma de manter a obra de caridade sempre em funcionamento. Dentre os voluntários que lá trabalham, alguns promovem bazares com produtos doados pela comunidade, outras pessoas, colaboram passando roupas ou ajudando na limpeza da Instituição. Há ainda, quem cuide das organizações de festividades em épocas específicas, como Natal, Ano Novo, Páscoa, Festas Juninas, dentre outros períodos festivos que ocorrem durante o ano. Estes voluntários ajudam nas decorações e preparações dos ambientes para que as festas aconteçam, além de cuidarem dos idosos nos dias do evento para que não sofram nenhum acidente. Todos os eventos do S.O.S. são realizados nas dependências da Instituição. Em um salão com espaço para quase 300 pessoas, as festas são momentos de muitas alegrias e descontração por parte dos moradores que contam com animação de diversos grupos da cidade. Eles também recebem presentes especiais nestes dias. Durante a semana, as terças e quintas-feiras, além de sábado e domingo, o S.O.S. abre suas portas para visitantes. Muitos vão até lá para conversar com os idosos e passar momentos de trocas de experiências. Durante as visitas, muitas pessoas levam donativos que são entregue na secretaria do e distribuídos depois para os moradores.
ROTINA A direção do S.O.S. classifica a rotina dentro da Instituição como muito trabalhosa e que precisa de atenção e muitos cuidados específicos. Os serviços começam às 07 horas da manhã, quando todos os moradores tomam banho. Muitos deles precisam ser banhados pelos voluntários devido às dificuldades de mobilidade. Depois, o café da manhã é servido e, em seguida, começam as sessões de fisioterapia, atividades esportivas e passeios dentro do pátio da Instituição. Às quintasfeiras, há missas às 18 horas na Capela do S.O.S., sempre com a participação da maioria dos idosos. Dentre tantas histórias, a mais marcante, de acordo com Leônidas, é a generosidade da comunidade que, mesmo em períodos difíceis, nunca
deixou que a obra sucumbisse. Ele também reforça os pedidos de doações, pois, de acordo com o que destaca qualquer enfraquecimento neste sentido, faz com que as dificuldades reflitam diretamente nos idosos e isto seria muito difícil. Leônidas também enfatiza a necessidade que há de novos voluntários, de pessoas interessadas pela causa dos idosos na cidade. Segundo o diretor, na medida em que o tempo passa, é indis-
pensável ter com quem contar no futuro para que os trabalhos permaneçam. “É preciso que muito mais pessoas se interessem por esta causa. Estamos sempre precisando de ajuda e quem quiser fazer uma visita para conhecer, as portas estão abertas e esta pessoa será muito bem acolhida. Com o passar do tempo, é necessário que estejamos preparados para que alguém ocupe nosso lugar e dê sequência aos trabalhos”, convida. •
SERVIÇO Quem quiser conhecer um pouco mais sobre o Serviço de Obras Sociais (S.O.S.) Airton Haenich: Rua Generoso de Paula Bastos, 2245, Bairro Santa Cruz. Guarapuava. Fone: 42 3623-1872. Jubileu de Ouro - 37
1967
Irmãs da Caridade Social em Guarapuava
U
ma instituição das dimensões e importância da Diocese de Guarapuava não se constrói do dia para a noite. Elos fortes precisam ser atrelados para que haja sustentação. Assim, as parcerias com outras instituições filantrópicas e, sobretudo, com as Congregações, foram e continuam sendo vitais para a sobrevivência da mesma. Neste capítulo, falaremos um pouco das Irmãs da Caridade Social. Para a Diocese de Guarapuava, a participação destas religiosas serviu e continua servindo de alicerce, de base para que muitos dos projetos de assistência social e humana saíssem do papel, ganhassem formas e crescessem, sempre visando à elevação do ser humano, razão fundamental da existência desta Congregação. COMO SURGIU A COMUNIDADE DAS IRMÃS DA CARIDADE SOCIAL? As Irmãs da Caridade Social são uma Comunidade de Vida Apostólica fundada em 1919 em Viena, Áustria por Hildegard Burjan e têm por Carisma: Tornar presente o Amor Misericordioso de Deus aos irmãos mais necessitados através do Serviço Social. CARIDADE SOCIAL NO BRASIL Durante o Concílio Vaticano II, o Papa Paulo VI fez um apelo às Congregações para abrirem-se mais, expandindo seus carismas e atividades entre as nações, especialmente onde houvesse maior
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necessidade. O Brasil à época, se mostrava como uma destas nações carentes deste apoio apostólico. As Irmãs da Caridade Social acolheram este apelo e começaram a se preparar para abrir uma comunidade na Argentina, mas, Dom Frederico Helmel, no dia em que foi sagrado Bispo em Viena, Áustria, descobriu aquela intenção e pediu encarecidamente à Coordenadora Geral para que enviasse suas irmãs para a sua Diocese de Guarapuava que estava em fase de fundação e, por isso, precisava com urgência dos trabalhos pastorais e de auxílio prático não só atendendo a pessoas da cidade, mas de uma vasta região. Por ser extremamente agrícola, a pobreza, mais do que hoje, fazia parte de Guarapuava. Toda e qualquer ajuda, em se tratando de prestações de serviços religiosos ou mesmo, no auxílio profissional assistencial, seria bem recebida. Atendendo ao pedido do Bispo, no dia 03 de agosto de 1967, as primeiras Irmãs chegaram ao Brasil e, de imediato foram enviadas para Guarapuava com a missão de iniciar na nova Diocese seus trabalhos assistenciais. No início colaboraram na organização da catequese na Diocese, onde puderam conhecer a realidade social e ver bem de perto a pobreza e miséria em que vivia grande parte da população. A desigualdade e a segregação eram visíveis e um assunto a ser trabalhado com afinco para que a situação fosse revertida.
Sensibilizadas com aquela dura realidade, as irmãs, que como o Bispo, vinham de uma formação europeia, com requintes de erudição, sentiram que, além de evangelizar, era necessário criar condições, mesmo que mínimas, a fim de que as pessoas pudessem viver de maneira mais digna e humana na cidade que se mostrava como uma das mais pobres e desiguais no Sul do Brasil. No dia 30 de Janeiro de 1970, reuniram-se em assembleia, com um grupo de pessoas interessadas pela fundação de uma entidade de assistência social, promoção humana e fins filantrópicos, que atendesse às necessidades das pessoas em situação de miséria, vulnerabilidade e exclusão social. Esta entidade recebeu o nome de Caritas Socialis. A entidade iniciou suas atividades sob a presidência da Irmã Maria Mair, organizando encontros de formação para as famílias, cursos e capacitações na área de alimentação, higiene e puericultura (que se diz da ciência médica que se dedica ao estudo dos cuidados com o ser humano em desenvolvimento, mais especificamente com o acompanhamento do desenvolvimento infantil). Além disso, foram promovidos cuidados com os filhos destas pessoas, estendendo estes cuidados para com os afazeres domésticos, em constantes aulas de higiene e limpeza.
Através de encontros, foram criados vários grupos de mulheres da periferia de Guarapuava para que os ensinamentos ministrados pudessem atingir a todos os participantes de forma igual. Nesses grupos, elas recebiam formação em diversas áreas e assim, podiam influenciar cada vez mais o espaço familiar e interferir nas decisões. A partir destes grupos iniciaram-se os clubes de mães. Houve época em que a instituição chegou a ter 70 Clubes de Mães e vários grupos de gestantes. Como não havia locais para estes encontros, foram organizados e construídos oito Centros Comunitários nos bairros de Guarapuava para que os atendimentos fossem facilitados. Em 1971, através de projetos consistentes, as Irmãs fundaram o Departamento de Promoção Humana. Este departamento foi um órgão criado pela Caritas Socialis com a finalidade de desenvolver ações de assistência social. O mesmo pertence à Fundação Social e Cultural de Guarapuava. Percebendo as causas do empobrecimento do povo, entre elas, a falta de capacitação para o trabalho, as irmãs promoveram cursos profissionalizantes que na época não existiam em nenhuma esfera pública do município. Em Outubro de 1972, em Convênio com a LBA (Legião Brasileira de Assistência) foi realizado um total de 284 cursos, dentre eles: Corte e Costura, Arte-Culinária, Tricoteiro, Crocheteiro, Costureiro, Confecções de Acolchoados, Atendente de Enfermagem, Parteira, Economia
Doméstica, Artes Culinárias, Cabeleireira e Manicure para as mulheres. Para os homens, foram oferecidos cursos de Pedreiro, Encanador, Mecânica Geral, Eletricista e Marceneiro. Muitos destes cursos foram realizados na Casa de Formação de Lideres em regime de internato por cinco semanas. Contudo, com a finalidade de atingir também a área rural, foram preparados instrutores que se tornaram multiplicadores, ministrando novos cursos nas comunidades onde residiam. Esta iniciativa, a da multiplicação, partiu dos próprios moradores e vizinhos que demonstraram interesse pelo aprendizado. Os efeitos na sociedade foram presenciados com muita rapidez segundo consta de relatos de moradores. Com mais pessoas capacitadas, os trabalhos desenvolvidos passaram a ter melhor qualidade e, por conseguinte, os preços cobrados eram mais altos, elevando assim, o poder aquisitivo dos profissionais que passaram a se sentir cada vez mais motivados a desempenharem da melhor forma suas funções. Movidas pelo desejo de colaborar ainda mais na construção de um mundo melhor, de uma sociedade mais digna e igualitária, em abril de 1980, as Irmãs, através da Entidade Caritas Socialis se lançaram em uma obra considerada ousada e muito especial em um dos bairros de Guarapuava. O objetivo, considerado dificílimo por alguns e julgado impossível até de se iniciar por outros, visava a extinção das favelas da localidade de São Cristóvão. As Irmãs entendiam
que com uma casa mais confortável para as famílias, estas se sentiriam cada vez mais valorizadas e motivadas a buscar melhorias, tornando a comunidade um lugar mais aprazível e desenvolvido humana e intelectualmente. Em parceria com a Companhia Paranaense de Habitação (COHAPAR), foi construído, então, um Núcleo Habitacional chamado de João Paulo II, em uma homenagem à visita do Papa ao Brasil em 1980. As casas foram erguidas no Bairro Morro Alto, região de extrema pobreza da cidade de Guarapuava. Ao todo, foram construídas 96 residências em forma de mutirão. Neste sistema, as próprias famílias ajudavam com a mão-de-obra e, ao mesmo tempo, seus membros faziam cursos de Pedreiro, Carpinteiro, Eletricista e Encanador, adquirindo assim, uma profissão que lhes desse um trabalho digno capaz de suprir suas necessidades e de suas famílias. De forma brilhante, estas pessoas aprendiam na prática o ofício que lhes daria suporte para uma vida melhor. O trabalho direto dos moradores com a construção das casas, foi considerado uma etapa importantíssima no que diz respeito ao crescimento social e humano, fator fundamental em qualquer sociedade. Moradores emocionados contam histórias da época e agradecem às Irmãs pela oportunidade que tiveram de saírem da miséria extrema e passarem a ter acesso a uma vida digna onde os direitos, sobretudo os direitos humanos eram respeitados. Jubileu de Ouro - 39
CRESCIMENTO DE UMA COMUNIDADE O desenvolvimento humano sempre foi diretamente proporcional ao desenvolvimento de sua comunidade. Pelo menos este é o reflexo natural de quando as coisas estão andando corretamente, dentro de um curso normal. Um exemplo disso foi a necessidade de ampliação da Igreja São Luiz, no Bairro Morro Alto, em Guarapuava, que até o início da década de 1990, resumia-se a uma pequena capela. Com a adesão das famílias que passaram a participar com mais frequência aos eventos daquela comunidade, motivados pelos trabalhos das Irmãs, houve, portanto, a necessidade de se construir uma nova igreja, com maior espaço e com acomodações melhores, capaz de acolher a todos em condições agradáveis. Uma mobilização foi iniciada com base nas palavras de Hildegard Burjan, que falou: “Todo trabalho social é vazio,
em vão, se não tivermos em vista o principal de tudo e o mais precioso: preparar os caminhos para que as pessoas possam encontrar o verdadeiro sentido da vida e o seu fim último: Jesus Cristo!”. A nova igreja foi então edificada. As palavras de Hildegard Burjan, que desejava que a Caridade Social deixasse se tocar pelas necessidades mais urgentes, indo ao encontro dos irmãos para levarlhes amor e justiça social, continuou a inspirar as religiosas e também muitas pessoas da comunidade envolvidas com as causas do lugar. Desta forma, nos anos de 1994 e 1995, respectivamente, as religiosas iniciaram uma verdadeira cruzada com o intuito de melhorar as condições de vida de 121 famílias que passavam necessidade na Comunidade Vila São Luiz. Estas famílias, segundo relatos históricos, viviam abaixo da linha da miséria, completamente esquecidas pelo poder público. Em uma união de forças entre as mesmas e contando com a generosida-
de de muitos moradores de Guarapuava, foram então construídas 140 casas de madeira. A partir destas obras, a dignidade foi devolvida às pessoas que também passaram a fazer parte da vida social do lugar, conhecendo a fundo seus direitos e deveres enquanto seres humanos e filhos de Deus. Nos corações das Irmãs e da comunidade que colaborou para que tudo acontecesse, a sensação de dever cumprido, de paz e alegria pelos objetivos alcançados, sempre alicerçados no pilar maior que inspira e dá sustentação a tudo, Deus. Na ocasião da entrega das moradias, houve muita emoção, segundo relato escrito em documentos da Congregação. Um dos relatos que chamou a atenção foi: “Agora ninguém mais pode nos chamar de favelados e vagabundos, agora somos gente também”. O nome do dono da frase permanece no anonimato até hoje, mas seus efeitos causam comoção a quem quer que leia, em qualquer lugar que seja.
“Agora ninguém mais pode nos chamar de favelados e vagabundos, agora somos gente também”.
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NOVOS PASSOS A Caridade Social permaneceu por 16 anos na Comunidade São Luiz, em Guarapuava. Conforme o princípio de sua Fundadora: “Cumprindo uma tarefa, aliviada uma necessidade, devemos estar dispostas para empreender novas iniciativas”. Então, as Irmãs compreenderam que era hora de dar um novo passo. Entregaram as atividades para a Congregação das Irmãs Salesianas e optaram em dar prioridade ao trabalho da Pastoral da Criança na Diocese de Guarapuava e abrir uma nova comunidade na periferia de Curitiba, lugar de muita carência à época e que precisava com urgência de seus trabalhos. E assim, desde 1997, a Caridade Social tornou-se presente no Bairro Novo, nas Comunidades Eclesiais de Base, onde implantou a Pastoral da Criança, coordenou Grupos de Partilha, colaborou na Formação de Lideranças e na assessoria de várias Pastorais. Além disso, a instituição criou o Projeto Mutirão, através do qual foram desenvolvidas cinco Ações Sociais: Padaria Comunitária, Oficina de
Costura, Clube de Troca e Economia Solidária, Inclusão Digital e Cidadania e o Projeto dos Catadores de Papel. Atualmente, em Guarapuava, a Caridade Social continua na coordenação diocesana da Pastoral da Criança, presente nas 47 Paróquias e 31 Municípios, acompanhando 11.311 famílias, 17.273 crianças de 0 a 6 anos e 744 gestantes através de 1520 líderes voluntários. Além disso, assessoram encontros, retiros, formação de jovens e acompanham famílias e pessoas doentes, sempre na busca constante pelo conforto e bem estar destas pessoas. Em 2005, as Irmãs da Caridade Social passaram a residir no Bairro Bonsucesso, onde fundaram a casa de formação para jovens vocacionadas à vida consagrada. Nesse mesmo bairro, foi construído o Centro de Apoio à Família, com o objetivo de oferecer um espaço de orientação e formação para crianças, adolescentes e famílias em situação de vulnerabilidade social. Através de ações individuais e coletivas, de atendimento e acompanhamento sócio-familiar, o Centro de
Apoio visa o restabelecimento e fortalecimento do vínculo familiar e comunitário. Também a prevenção, promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente fazem parte dos trabalhos desenvolvidos pelas religiosas. As Irmãs colaboram ainda na formação de lideranças, orientação de retiros espirituais e atendimento continuado a famílias em situação de vulnerabilidade social. Desde 1986 a Caridade Social coordena a Pastoral da Criança na diocese, dando suporte formativo e espiritual à média de três mil pessoas de ambos os sexos voluntários, presentes em todas as Paróquias de abrangência da Diocese. Assim, no silêncio das orações ou nos aglomerados dos mutirões, encontros ou reuniões promovidos pelas Irmãs da Caridade Social, há sempre um toque divinal na beleza espontânea do ser humano que carece, todos os dias, de apoio e sustentação para dar sequência à vida que é dádiva de um Deus latente, sempre com foco na dignidade e na boa convivência. • Jubileu de Ouro - 41
1974
Casa de Líderes Nossa Senhora de Guadalupe
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m dos mais importantes locais de encontros religiosos e atividades pastorais de Guarapuava, a Casa de Líderes Nossa Senhora de Guadalupe tem papel importantíssimo nestes cinquenta anos de existência da Diocese. O prédio com mais de mil metros quadrados, que fica em uma chácara no Bairro Santana, em Guarapuava, foi inaugurado no dia 01 de março de 1974. Com 45 apartamentos, além de outras dependências como salas de reuniões,
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escritórios cozinha, capela, refeitório e hall de entrada, a Instituição se tornou verdadeiro ícone na Região. Anos mais tarde, foi construído no mesmo terreno, um auditório com mais de 300 metros quadrados e capacidade para mais de mil pessoas. O novo prédio deu verdadeiro fôlego à Casa de Líderes que já se tornara pequena para abrigar tantas pessoas nos dias de eventos, principalmente os de cunho regional.
Com o passar do tempo, o local precisou de uma grande reforma. Surgiram problemas elétricos, hidráulicos e de infiltração. A cozinha, os dormitórios e os banheiros precisavam ser reformados e adequados às novas normas impostas pelos órgãos competentes, visando à acessibilidade de portadores de necessidades especiais. Durante todo este tempo, muitas foram as pessoas que relataram experiências positivas em suas vidas através
dos encontros de formação recebidos na Casa de Líderes. O local é considerado um território de diplomacia onde o diálogo é a base que dá o tom dos trabalhos ali desenvolvidos, sempre com foco nas comunidades, na sociedade, nas famílias e nas pessoas, de modo geral. A reforma total do local foi possível através de diálogos com o Bispo Diocesano Dom Antônio Wagner da Silva, juntamente com o Conselho de Consultores. Em 2012, foi constituída uma Comissão
para tratar do assunto durante o Encontro de Lideranças de Pastorais e Movimento. Esta comissão, além de aprovar os trabalhos, também foi responsável pelo acompanhamento das obras e a fiscalização da documentação, bem como, da aplicação correta dos recursos. Após o término dos serviços, um relatório foi apresentado e publicado em portais da Diocese de Guarapuava e também em veículos impressos, com as descrições dos trabalhos realizados.
Isto, segundo o ecônomo da Diocese, Padre Sercio Ribeiro Catafesta, deu maior transparência aos serviços desenvolvidos. Ele destaca também, que, como as reformas foram realizadas com recursos da comunidade, esclarecer ponto por ponto sobre os valores aplicados e em quais setores é estritamente necessário, pois as pessoas, segundo afirma, precisam saber e entender como foi todo o processo de reforma. •
Foto: Encontro de Formação dos Clero. Diocese de Guarapuava. 06 de junho de 2016.
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Seminário Nossa Senhora de Belém: 1976 37 anos dedicados à formação sacerdotal Local de fé e de muito estudo, o Seminário Diocesano Nossa Senhora de Belém, em Guarapuava é parte de um sonho que se concretizou e continua pujante.
É
fato notório que toda fé sem obra é morta. Há, portanto, obras que são erigidas, construídas e mantidas em função da fé, numa ânsia por saciar as necessidades desta busca tão frenética por conhecimentos que para todos, serve de alicerce, de base. Trabalhar e viver a fé são tarefas para poucos, só para os que se doam por completo sem medir as consequências deste ato e sem nada pedir em retribuição. Nada mais concreto para se ilustrar a fé do que a criação de uma instituição religiosa capaz de formar seus futuros sacerdotes e despertar nestes, cada vez mais, a vocação, o espírito de doação e a vontade de servir sem que haja, necessariamente, uma contrapartida, algo em troca deste trabalho que tem o potencial de elevar o espírito e deixar a alma cada vez mais leve... Local de fé e de muito estudo, o Seminário Diocesano Nossa Senhora de Belém, em Guarapuava é parte de um sonho que se concretizou e, como videira em terra fértil, está no auge da produção dos mais belos e admiráveis frutos, resultado da doação e perseverança que se perpetua ao longo dos tempos. Inaugurado no dia 28 de janeiro de 1979, o Seminário foi considerado, à época, fruto de uma ideia concebida e alimentada desde a fundação da Diocese, em 1966, pelo seu primeiro Bispo, Dom Frederico Helmel. A nova casa de formação dos futuros sacerdotes da Igreja Católica da Região Central do Paraná foi vista pela comunidade como um verdadeiro presente para todos. Tal benesse tinha por finalidade romper com barreiras e, através dos estudos, transformar pessoas e dar-lhes bases sólidas na fé cristã e fazer com que estas disseminassem a Palavra de Deus nos mais longínquos rincões, sem levar em 44 - Diocese de Guarapuava
consideração os graus de dificuldades e também a resistência por parte de alguns. Segundo relato do primeiro reitor do Seminário Diocesano Nossa Senhora de Belém, Padre Casemiro Oliszeski, a ideia de Dom Frederico era ousada para a época, mas muito provocativa, uma vez que a comunidade sentia a necessidade de um local de estudos onde pudesse formar seus próprios Padres. Em um artigo escrito especialmente para o Jornal A Igreja na Diocese de Guarapuava, em maio de 2011, com o título de: “A Ousadia de um Projeto” Padre Casemiro discorre sobre a concretização dos sonhos de um homem que via na construção e criação de benfeitorias, uma grande forma de evangelizar e de alicerçar a Igreja em bases sólidas e inquebráveis. “Dom Frederico Helmel, assumindo a Diocese de Guarapuava, sendo seu primeiro Bispo, percebeu logo a urgente necessidade de sacerdotes para trabalhar numa região tão vasta como esta. Imagino o que deve ter passado pela cabeça de um Bispo procurando organizar e dinamizar a evangelização numa Diocese recémcriada e com tantos desafios a serem
enfrentados. Para formar um sacerdote levam-se muitos anos. Há necessidade de uma estrutura física, de uma equipe de formadores, de recursos para custear a formação”, discorre Casemiro. Antes da criação do Seminário, a alternativa para Dom Frederico, segundo relata Padre Casemiro, era chamar Sacerdotes de Congregações europeias para suprir as urgentes necessidades das Paróquias de Guarapuava. “Dom Frederico, pelo visto, procurou uma saída alternativa para solucionar a falta de clero. Foi buscar na Europa, Padres já formados. Chegaram então à Diocese os valorosos e valentes Padres da Itália e da Polônia. Estes homens jamais serão esquecidos pela sua dedicação, sua coragem, seu amor ao Evangelho e ao povo que serviram”, grifa Padre Casemiro. Quando Dom Frederico assumiu a Diocese de Guarapuava, havia três seminaristas da Região estudando em outros Seminários. O mais procurado era o Seminário São José, da Diocese de Ponta Grossa. Alguns estudantes também cumpriam com suas tarefas escolares em Londrina, no Norte do Estado.
O lançamento da pedra fundamental do Seminário Diocesano Nossa Senhora de Belém aconteceu em setembro de 1976, na paróquia Santa Terezinha.
TRABALHO PASTORAL A aposta de Dom Frederico era no trabalho de Pastoral Vocacional bem mais organizado. Com apoio da comunidade e de religiosos, ele conseguiu grandes resultados no despertar de jovens para a vida sacerdotal. Ao mesmo tempo surgia um projeto que exigiria um grande investimento financeiro e também recursos humanos. O projeto do Seminário Nossa Senhora de Belém. Tendo muitos conhecidos e amigos na Europa, Dom Frederico buscou os primeiros recursos no exterior e assim começou a construção da nova instituição que formaria os sacerdotes. Casemiro foi ordenado Padre no dia 08 de dezembro de 1978. No ano seguinte, em janeiro, ele foi convidado para trabalhar como Reitor no novo Seminário. Casemiro lembra que ficou pensativo e até relutante quanto ao pedido do Bispo, mas por fim, acreditando em sua vocação e no chamado de Deus para a tarefa, acabou por assumir os trabalhos. “O ano de 1978 já estava para terminar. A minha ordenação sacerdotal já tinha sido marcada para o dia 08 de dezembro, quando Dom Frederico, passando por Curitiba, local onde eu estudava, me fez uma visita e disse que o Conselho Presbiteral sugeriu o meu nome para assumir o Seminário Diocesano que estava sendo construído. Com muito temor e tremor, depois de muitas ponderações, disse ao Bispo que assumiria”, relembra. Depois da inauguração, organizou-se um Estágio Vocacional. Mais de trinta jovens participaram e passaram a morar no Seminário. Antes da inauguração, alguns seminaristas que cursavam o supletivo em Guarapuava, moravam na Casa de Líderes Nossa Senhora de Guadalupe, que fica nas proximidades. As dificuldades iniciais segundo relatos históricos eram grandes. Além dos trabalhos de formação com os seminaristas, também pesava sobre a reitoria os trabalhos administrativos e burocráticos, os quais requeriam grande esforço e muita dedicação. Durante este período considerado crítico, Padre Casemiro destaca que ele e os outros moradores sempre puderam contar com a ajuda de Dom Frederico que nunca deixou a instituição desprotegida. Irmãs da Congregação de Santa Maria Madalena Postel e duas funcionárias faziam parte da equipe de trabalho no novo Seminário.
Já para o segundo ano de funcionamento da instituição, o espaço foi totalmente ocupado com o ingresso de novos seminaristas. Com a chegada de mais estudantes interessados na vida sacerdotal, houve a necessidade urgente de concluir a as obras de edificação, uma vez que quando da inauguração, apenas cinquenta por cento do espaço estava liberado para o uso. Através da intervenção de Dom Frederico, recursos de fora do Brasil chegaram. O montante fora angariado à forma de doação e as obras do prédio puderam ser concluídas nos anos seguintes. Nos primeiros anos, mais de trinta seminaristas ocupavam a Casa e se dedicavam aos estudos. Os trabalhos de recrutamento e formação eram realizados através de um bom entrosamento entre a equipe da Pastoral Vocacional e a equipe do Seminário. O Reitor permaneceu à frente da formação por cinco anos. Os planejamentos pastorais foram intensos no intuito de recrutar jovens com vocação ao sacerdócio. Os trabalhos deram grandes resultados, segundo a direção do Seminário à época e os primeiros Padres, formados pela Diocese de Guarapuava passaram a desempenhar seus trabalhos nas diversas Paróquias e Institutos nesta vasta Região do Paraná. “Foi uma ousadia de Dom Frederico e uma atitude de fé, todo o esforço e investimento na Pastoral Vocacional e
formação dos futuros Presbíteros Diocesanos. Nos seus últimos anos de governo da Diocese de Guarapuava, os resultados eram notórios. O que hoje existe teve o seu início com o primeiro Bispo diocesano. A ele o nosso reconhecimento e o pedido: “Dom Frederico, rogai por nós!’”, finalizou Padre Casemiro. Desde sua fundação, muitas foram as pessoas que passaram pelo seminário Nossa Senhora de Belém e lá deixaram suas marcas. Reitores, professores e funcionários que num momento ou noutro tiveram a oportunidade da convivência com aquele local de estudos e de formação religiosa, se dizem agradecidas pelo que aprenderam. Atualmente, o Reitor do Seminário Nossa Senhora de Belém, em Guarapuava, é o Padre José Amarildo Novacoski. Ele assumiu as funções naquela casa de formação presbiteral no dia 11 de dezembro de 2015, quando foi empossado pelo Bispo Diocesano, Dom Antônio Wagner da Silva. Padre José Alir Moreira, que antecedeu José Amarildo na reitoria da instituição, passou a trabalhar em Curitiba desde janeiro de 2016. Lá, o sacerdote também exerce a função de Reitor, da nova casa do Seminário Maior Nossa Senhora de Belém, instalado na Capital. A nova casa passou a abrigar estudantes de Teologia da Diocese. A posse de Padre José Alir Moreira em Curitiba foi dada por Dom Wagner no dia 18 de dezembro de 2015. • Jubileu de Ouro - 45
Renovação Carismática Católica 1977 presente em Guarapuava há 39 anos Na Diocese de Guarapuava há mais de cem grupos de oração da Renovação Carismática Católica. Estes grupos estão divididos entre jovens, adultos e universitários.
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os mais diversos setores da vida, há um ponto em que renovar se faz necessário. Sem renovação, sem avanço, as coisas, as situações em si, simplesmente perecem, somem. Quando se fala de fé, devoção e entrega espiritual, não se pode, em momento algum, deixar de lado a palavra renovação. É preciso viver as novas fases sempre com pensamentos límpidos e disposição para avançar cada vez mais na agremiação de pessoas, na busca pelo novo, sem, no entanto, perder de vista o ponto de partida, fator importantíssimo e que dá sustentação à caminhada. Neste espaço, falaremos um pouco da Renovação Carismática Católica (RCC) em Guarapuava. Ao comemorar o Jubileu de Ouro da Diocese, não se pode, em momento algum, esquecer as contribuições trazidas por este Movimento Católico que foi capaz de provocar verdadeiro divisor de águas na forma de evangelizar e acender a chama da oração nos corações de muitas pessoas. A RCC, não só em Guarapuava, mas em todos os lugares do Brasil, carrega em si o espírito latente e as benesses da transformação de vidas. Em um documento histórico da RCC, consta que este movimento chegou à Diocese em 1977, quando esta estava com onze anos de fundação. No início, de acordo com os escritos, Guarapuava, enquanto RCC, pertencia ao Polo Irradiador de São Paulo. Passando a pertencer ao Polo de Curitiba, anos depois. A exemplo de outros lugares, a RCC teve seu início na Diocese de Guarapuava de maneira informal. Os primeiros responsáveis pelo Movimento foi o casal Horácio e Francisca Pereira Machado. Consta que o interesse pela implantação dos trabalhos do Movimento na cida46 - Diocese de Guarapuava
Terço da Misericórdia, promovido pela RCC. 4 de março de 1999.
de surgiu depois que eles participaram de um retiro espiritual no Convento da Santíssima Trindade em São Paulo a convite das irmãs de Francisca. A partir de então, o casal passou a frequentar novos retiros naquele local e, a cada vez que iam, levavam mais pessoas a fim de motivar os visitantes a participarem dos encontros e se juntarem ao grupo que crescia. Neste ínterim, a cidade de Curitiba também articulava para implantar o Movimento Religioso no Paraná. Retiros Estaduais passaram a ser realizados a partir de 1978 com a participação de vários casais de Guarapuava que se somavam aos demais paranaenses imbuídos dos mesmos objetivos. A partir de então, cada vez mais pessoas passaram a aderir aos encontros que eram realizados na cidade e, por isso, no início da década de 1980, houve um vultoso aumento dos grupos nas várias Paróquias da Diocese de Guarapuava. Com isso, o casal Horácio e Francisca Pereira Machado é considerado fundador da RCC na Diocese. Em 1979, Dom Frederico Helmel, primeiro Bispo da Diocese, nomeou o advogado e um dos pioneiros na fundação da instituição, José Canestraro, como coordenador geral da RCC na cidade. Canestraro ocupou o cargo por oito anos. Da primeira diretoria, também fizeram parte os casais: Lívio e Magdalena Nerone, Isalina e Alcir Galicioli como
secretários. Terezinha Alves ocupava o cargo de tesoureira do Movimento. José Canestraro, por sua vez, no decorrer de seus trabalhos como coordenador, incumbiu membros do grupo de iniciarem os trabalhos da RCC em outras Paróquias do Decanato Centro da Diocese. A partir de então, os seminários passaram a ser frequentes e muitas pessoas da comunidade aderiram ao movimento. No início, a aceitação dos trabalhos de evangelização sofriam algumas resistências, mas depois, de acordo com o histórico do Movimento em Guarapuava, as pessoas passaram a entender seu verdadeiro sentido e a relutância foi esvaecendo. Muitos grupos surgiram a partir da implantação da RCC na Diocese. O Movimento, que tem 39 anos de existência, é tido como um grande pilar de sustentação das orações na Diocese. Atualmente, os coordenadores da RCC na Diocese são o casal Edson José Guimarães e Maria Célia Farias Guimarães. Conforme destacam, há mais de cem grupos de oração na Diocese distribuídos entre jovens, adultos e universitários. Em cinquenta anos de existência da Diocese de Guarapuava, contar com os trabalhos da RCC é motivo de júbilo. Através das orações e dos muitos encontros, o pilar da união se mantém firme e pronto a dar sustentação a todos os de dela necessitarem. •
“A Renovação Carismática é uma corrente de graças para a Igreja.” Papa Francisco durante a 37ª Convocação Nacional da Renovação Carismática Católica. 1º de junho de 2014.
HISTÓRICO DA RCC A Renovação Carismática Católica (RCC) surgiu na Igreja no momento em que se começava a procurar caminhos para pôr em prática uma renovação eclesial desejada pelo Concílio Vaticano II. Não se havia passado um ano sequer ao término do Concílio, quando, em outubro de 1966, começou a despontar o movimento religioso chamado agora “Renovação Carismática”. Nesta circunstância, a Renovação aparece como um acontecimento pós-conciliar estreitamente vinculado ao próprio Concílio, em uma conjuntura histórica importante para a Igreja Católica. Um grupo de pessoas membros de faculdades da Universidade de Duquesne do Espírito Santo, reunia-se frequentemente para momentos de oração fervorosa e para conversar sobre a vitalidade de sua vida de fé. Aqueles professores haviam se dedicado durante muitos anos ao serviço de Jesus Cristo, entregando-se a várias atividades apostólicas. Apesar disso, estavam sentindo que algo faltava em sua vida cristã pessoal. Ainda que não pudessem especificar o porquê, cada um reconhecia que havia certo vazio, falta de dinamismo, debilidade espiritual, em suas orações e atividades. Era como se a vida cristã dependesse demasiado de seus próprios esforços, como se avançassem sob seu próprio poder e motivados por sua própria vontade.
Conscientes de que a força da comunidade cristã primitiva estivera na vinda do Espírito Santo em Pentecostes, começaram a orar para que esse divino Espírito manifestasse neles Sua presença cheia de poder, em favor de sua própria vida espiritual e do trabalho apostólico. Dessa forma, os professores de Pittsburgh (EUA) começaram a pedir em oração que o Espírito Santo lhes concedesse uma renovação e que o vazio que seus esforços humanos haviam deixado fosse plenificado com a vida poderosa do Senhor ressuscitado. Cada dia rezavam uns pelos outros: “Vem, Espírito Santo!”. A partir de 1967, houve uma explosão de manifestações de Deus na vida de muitos grupos que insistentemente pediam a renovação no Espírito Santo. Em diversos lugares do mundo se experimentou uma nova efusão neste sentido. O Presidente do Conselho da RCC afirmou que a história da Igreja mostra que esse fato está ligado a outros acontecimentos que propiciaram o surgimento do movimento carismático. Já em fins do século XIX, o Papa Leão XIII escreveu uma Encíclica sobre a Pessoa do Espírito Santo, incomodado que ficou com a insistência de uma freira que lhe escrevia falando da pouca atenção que a Igreja dava ao assunto. Além de se preocupar em fazer a doutrina do Espírito Santo mais popular, escreveu também uma ladainha para a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade e, no fim do século XIX, esse mesmo Papa celebra uma Missa consagrando o século XX à Pessoa do Espírito Santo.
Neste século, o Papa João XXIII manifesta sua vontade de que o Concílio Vaticano II fosse guiado pelo Espírito Santo. E, ao convocar o Concílio, o Pontífice reza pedindo um novo Pentecostes para toda a Igreja. O Concílio, que terminou em 1965, então dá fundamentação para que mais adiante iniciasse a RCC. No ano seguinte, aquelas pessoas da Universidade de Duquesne começaram a questionar sua vida espiritual e seu apostolado, pedindo o mesmo que João XXIII. “A Renovação no Espírito - comenta o Padre. Congar - não é somente uma moda. Seus frutos se percebem de imediato: trata-se de uma forte ação espiritual que transforma vidas. Não somente um ‘reavivamento’, mas uma verdadeira ‘renovação’, um rejuvenescimento, um frescor, uma atualização de possibilidades novas que surgem da Igreja sempre e sempre nova”. Atualmente a RCC está presente, de maneira organizada e realizando um trabalho pastoral em 268 Dioceses do Brasil, chegando a evangelizar perto de 60 mil Grupos de Oração, com a participação de aproximadamente oito milhões de pessoas. Ultimamente, Deus tem exortado a RCC à ousadia de avançar para conquistar a terra prometida. É este o empenho que se espera neste momento da RCC diante da necessidade da redescoberta por toda a Igreja do sentido novo da evangelização que é repleto de frutos do alto, à medida que se torna fruto de um Pentecostes pessoal. Jubileu de Ouro - 47
Há um quarto de século, era inaugurado em 1982 Guarapuava o Santuário de Schöenstatt Espalhado por vários lugares do mundo, o Santuário de Schöenstatt é uma Obra que tem seu ponto de unidade na Aliança de Amor com a Mãe Três Vezes Admirável.
E
m Guarapuava há um lugar onde, assim que se ultrapassa o portão, a paz reina no visitante transcendendo ao físico e tornando o espírito leve e repleto da mais pura essência Divina. É um lugar de reflexão e de encontro com Deus. Este espaço é o Santuário de Schöenstatt. Espalhado por vários lugares do mundo, o Santuário de Schöenstatt é uma Obra de grandes dimensões que tem seu ponto de unidade na Aliança de Amor com a Mãe Três Vezes Admirável de Schöenstatt, na vinculação ao seu Santuário de graças e na fidelidade aos ensinamentos do Fundador, Padre José Kentenich. Em Guarapuava, este trabalho teve início no final da década de 1970. Relatos destacam que tudo começou com a vinda de uma família da cidade de Londrina para o município, o casal Maria de Lourdes Massaro e Jorge Luiz Massaro. Maria de Lourdes destaca que sua família sempre teve muita devoção a Maria. Ela conta que desde criança já participava de grupos de jovens de inspiração Mariana e isto só aumentou com o passar do tempo. Depois que se casou, segundo relata, a participação aumentou em se tratando dos Movimentos Marianos. “Jorge e eu sempre fomos muito unidos à nossa querida Mãe de Deus. Em Londrina, eu já participava da juventude desde 1968. E quando nos casamos começamos a participar da Liga de Famílias em Londrina”, detalhou. Em março de 1979, o casal mudou-se para Guarapuava. Jorge passou a exercer suas atividades junto ao 26º Batalhão de Artilharia de Campanha (GAC). O casal já tinha um filho e Maria de Lourdes estava grávida novamente. Engajados com os serviços junto à Igreja, os dois passaram a trabalhar na formação de Grupos de Oração para a Novena de Natal. A partir das Novenas, segundo destacam Jorge e Maria de Lourdes, 48 - Diocese de Guarapuava
novas amizades foram feitas. O casal Marcos Ludwing e Maria Clara Ludwing moravam numa casa ao lado dos Massaro e as duas famílias tinham um ideal em comum: Construir um Santuário em honra a Maria. Outras famílias aderiram ao movimento e, naquele instante, passou a se pensar na criação de um lugar de oração denominado Santuário Lar Nazaré onde Nossa Senhora pudesse ser reverenciada. Famílias da cidade de Londrina, no Norte do Estado, fizeram uma caravana e viajaram a Guarapuava para colaborar com o projeto evangelizador. Era o dia 29 de maio de 1982 quando a pedra fundamental do Santuário de Schöenstatt foi lançada. A partir de então, os encontros de oração entre as famílias passaram a ser cada vez mais frequentes. Os pais de Maria de Lurdes, incentivando as atitudes das famílias na criação de um local de oração, se prontificaram a contatar pessoas que pudessem orientar quanto aos procedimentos corretos a serem tomados para a criação da instituição. Padre Honorino Muraro trabalhava com os grupos de casais e participava ativamente da elaboração dos projetos. O Padre, da Sociedade de São Vicente Palloti (SVP) e as Irmãs Isabel Machado e Fernanda Balan, ambas do Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schöenstatt, todos da cidade de Londrina, deram início aos trabalhos em Guarapuava. Dezessete casais da cidade foram consagrados pela Liga das Famílias em Londrina. A celebração de consagração aconteceu no Santuário da Esmagadora da Serpente. Em Guarapuava, este grupo pioneiro passou a articular junto à comunidade para que um Santuário também fosse construído em Guarapuava. As ideias foram amadurecendo e, em dado momento, o que antes era só sonho, passou a ganhar formas. Relatos dos Pioneiros afirmam que em uma conversa no consultório do extinto Hospital Nossa Senhora de Belém entre os médicos Jorge Luiz Massaro e
Jacir Cortes Pires, este se prontificou a doar uma parte de seu terreno no trevo de Pinhão para que o Santuário pudesse ser construído ali. A partir de então, os esforços foram no sentido de dar início às obras. Os trabalhos começaram depois da aprovação das Irmãs da Congregação de Schöenstatt. A limpeza do lugar foi desenvolvida em mutirão. Como ainda não havia igreja, a primeira missa do Santuário em Ação de Graças, foi celebrada na casa de um dos Pioneiros. Agora, de posse do terreno, a primeira etapa seria encontrar um local adequado onde as pessoas pudessem fazer suas orações. Ao percorrer o espaço de mata fechada, os Pioneiros encontraram um pé de imbuia. A árvore chamou a atenção pelo seu tamanho e beleza. De imediato, aquele local ficou definido como um ponto de oração e foi inaugurado no dia 13 de março de 1988. A partir de então, aquele espaço tornouse o centro das peregrinações na época. Padre Honorino, tido como grande incentivador e apoiador do Movimento Mariano, celebrava as primeiras Missas. Fiéis de vários pontos da cidade iam ao Santuário para rezar e fazer pedidos. Construir a igreja no lugar sagrado era prioridade para os Pioneiros. Com a chegada de Dom Albano Cavallin, segundo Bispo a assumir a Diocese de Guarapuava, os membros daquela comunidade, em reunião com o mesmo, falaram da intenção e da necessidade de obras no Santuário. Dom Albano, segundo relatos, ficou empolgado com a ideia e incentivou a construção. No dia de sua posse, os Pioneiros contaram que ele entregou aos representantes do Santuário uma maquete, pedindo que esta lhe fosse devolvida em forma de construção real. “Hoje entrego a vocês este pequeno santuário e desejo que me devolvam no dia da Inauguração do Santuário Filial de Guarapuava”, instruiu o Bispo na ocasião.
Dom Albano pedia para que fossem realizadas ao menos três grandes romarias por ano até o Santuário. E elas aconteciam com a ajuda da Legião de Maria que também era dirigida pelo Padre Honorino. Os casais que continuaram com os trabalhos frente ao Santuário, precisavam de muito esforço para dar conta das tarefas que todos os dias aumentavam. Eles contam que as dificuldades eram muitas, mas que não desanimavam. Inspirados por Maria, eles avançavam com as tarefas notavam as transformações do local. Irmã Inês Maria Rubim, foi a primeira Religiosa da Congregação de Schöenstatt a morar em Guarapuava. Como não havia residência no local, ela passou a habital a casa das Irmãs da Caridade Social. A partir daquela residência, ela desenvolvia seus trabalhos para que as obras do Santuário não parassem. Dois grupos de casais faziam os trabalhos pastorais. Juntamente com os Pioneiros, as famílias passaram a receber as imagens peregrinas que também eram levadas em escolas e hospitais da cidade. Com o intuito de arrecadar fundos para a construção da igreja e também da casa para as Irmãs, os Pioneiros passaram a organizar jantares. Estes eventos eram realizados no Salão Social da Catedral Nossa Senhora de Belém, em Guarapuava, uma vez que a Comunidade ainda não possuía seu local para festas.
O MOVIMENTO O Movimento Apostólico de Schoenstatt faz parte da Obra Internacional de Schoenstatt, fundada pelo Padre José Kentenich, em 18 de outubro de 1914, em Schoenstatt, na Alemanha. O ato da Fundação é a Aliança de Amor, selada pelo Sacerdote juntamente com um grupo de seminaristas pallottinos convidando a Mãe de Deus a estabelecer-se numa Capelinha e fazer dela um Santuário de graças, de onde partisse um movimento de renovação religioso e moral para o mundo. As
As primeiras edições dos jantares, de
Sacerdotais e Religiosas.
Para concluir as obras, foi necessário muito empenho, segundo relatam os Pioneiros. A rifa de um automóvel novo marcou o momento decisivo para a conclusão das obras. Com uma grande festa, a inauguração do Santuário aconteceu no dia 18 de novembro de 1990. De lá para cá, são mais de 25 anos de trabalho evangelizador que se soma às comemorações do Jubileu de Ouro da Diocese de Guarapuava por ocasião dos seus cinquenta anos de fundação. •
circunstâncias comprovam que Nossa Senhora aceita esse convite e leva a sério a consagração realizada. Em poucos anos, o local torna-se muito visitado por pessoas de vários lugares da Europa e também de outras partes do mundo. A Obra é duramente provada no decorrer das duas guerras mundiais e também por meio das autoridades eclesiásticas. Tais dificuldades aprofundam ainda mais a espiritualidade própria de Schoenstatt e amadurecem o amor e a fidelidade à Igreja de todos os que se empenham por essa Obra. A essência desta espiritualidade é a Aliança de Amor que os membros selam com a Mãe, Rainha e Vencedo-
ra Três Vezes Admirável de Schoenstatt, no Santuário. Essa Aliança é um meio eficaz para a vivência mais consciente da Nova e Eterna Aliança, na qual somos inseridos pelo Batismo. Por meio dela, podemos crescer numa profunda fé na Divina Providência e aproveitar as pequenas coisas do dia-a-dia como caminho de santidade. Uma Obra de tão grandes dimensões tem seu ponto de unidade na Aliança de Amor com a Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt, na vinculação ao seu Santuário de graças e na fidelidade aos ensinamentos do Fundador, Padre José Kentenich.
acordo com relatos, recebiam em média, cem pessoas. Depois, o número aumentou e, uma mais de quatrocentas pessoas passaram a fazer parte dos eventos beneficentes. Com recursos angariados através das promoções, a construção da igreja teve início. Por sugestão de Dom Albano, o Santuário seria dedicado às Vocações
Jubileu de Ouro - 49
1984
Albergue Noturno Frederico Ozanam Três décadas de acolhida e partilha
Mesmo ante as dificuldades enfrentadas, a alegria de acolher a quem mais precisa é motriz para todos os funcionários e voluntários que ajudam na manutenção do Albergue Noturno de Guarapuava.
N
estes 50 anos da Diocese de Guarapuava, é preciso abrir um espaço especial para falar do Albergue Noturno Frederico Ozanam. Importante instituição de caridade que, há 32 anos, apesar das dificuldades enfrentadas, está sempre de portas abertas para acolher quem mais precisa, nos momentos de maior dificuldade. Fundado no dia 04 de abril de 1984, por iniciativa da Sociedade São Vicente de Paulo, em conjunto com a Diocese de Guarapuava, através do Bispo Dom Frederico Helmel, o Albergue Noturno foi um divisor de águas na cidade que, até então, não contava com este tipo de obra de caridade. Desde sua fundação, milhares de pessoas já passaram pela instituição que, todos os dias está de portas abertas a atender a quem mais precisa. Diariamente, cerca de 60 pessoas procuram pelo Albergue Noturno Frederico Ozanam para pernoitar e para fazerem uma refeição que, muitas vezes, é a única do dia. A maioria das pessoas que procuram pelo Albergue Noturno, segundo informações da direção, em sua maioria são andarilhos, doentes, mulheres que sofreram violência doméstica, grávidas, além de estrangeiros que trabalham com arte de rua e que precisam de um local para dormir. Há também casos de pessoas que ficaram desabrigadas por causa de catástrofes, como enchentes e vendavais, e que permanecem alojadas na instituição por um longo tempo até que a situação seja resolvida. Houve casos, de acordo com relatos de funcionários do Albergue em que a pessoa que precisou ficar alojada na instituição, depois que teve condições de sair e voltar para sua vida, passou a contribuir para com a casa, numa maneira de retribuir a acolhida e o apoio recebido.
50 - Diocese de Guarapuava
“A comunidade sempre nos ajudou e é por isso que conseguimos nos manter e acolher a quem precisa...” A procura por pernoite e refeição no Albergue Noturno é bastante expressiva também por parte de pessoas de outras cidades que chegam a Guarapuava para consultas médicas, realização de exames e acompanhantes de familiares que estão internados em hospitais da cidade. Informações obtidas com a direção da instituição dão conta de que muitas destas pessoas que chegam à cidade com as ambulâncias dos municípios vizinhos, sequer têm o dinheiro da passagem de volta, quanto menos, a possibilidade de se alimentar em um local onde precisem pagar. No albergue, no entanto, estas pessoas recebem alimentação, espaço para banho e higiene pessoal e também o pernoite, tudo de forma gratuita. Atualmente, o diretor da instituição é Adelino Luiz Moreira, que fala das dificuldades enfrentadas pela casa para se manter enquanto instituição de acolhida, mas também da alegria que é poder receber as pessoas no momento em que estas mais precisam de ajuda. “Nós precisamos de ajuda sempre. Não temos condições financeiras para suprir todas as necessidades da casa e estamos sempre em busca destes recursos. Gostaríamos que o poder público olhasse para nosso problema e nos auxiliasse o quanto antes para que os serviços continuem a ser prestados aos que mais precisam. Apesar das dificuldades enfrentadas, é sempre motivo de muita alegria para nós e para todos os que trabalham no Albergue Noturno, poder receber pessoas e ajudar em suas necessidades básicas, que é a alimentação e o pernoite. É emocionante ver a satisfação no rosto das pessoas por terem um local digno e seguro onde permanecer”, contou Adelino.
O diretor também destacou que a instituição se mantém através de doações e de uma verba que a prefeitura de Guarapuava repassa anualmente. No entanto, ele reclamou da brusca redução dos valores disponibilizados pelo poder público em prol do albergue. Dos 48 mil reais por ano que eram repassados em anos anteriores, segundo explicou, o montante ficou reduzido a apenas 20 mil reais no mesmo período. Desta forma, relata Adelino, nem as despesas básicas podem ser supridas com a verba. “Os valores que recebemos da prefeitura foram reduzidos drasticamente. Na gestão anterior do município, o repasse era de 48 mil reais por ano. Agora, o que recebemos são 20 mil reais apenas. Mas é necessário dizer que a população que procura o Albergue Noturno aumentou e, com isso, as despesas também. Este recurso é muito pouco. É preciso que o poder público reveja isto para que a instituição não pereça e as pessoas possam continuar usando os serviços”, advertiu. Com seis quartos contendo dez camas cada um deles, por muitas vezes, a casa fica lotada. Devido às regras da instituição que proíbe o consumo de bebidas alcoólicas, cigarros e outras drogas, muitas pessoas preferem fazer apenas as refeições naquele local e ir dormir em outro lugar. Mesmo assim, a instituição disponibiliza de um local para banho e fornece um cobertor e roupas limpas para estas pessoas para que tenham o mínimo de conforto e dignidade durante as noites que, em sua maioria, são geladas em Guarapuava.
VOLUNTÁRIOS A espinha-dorsal do Albergue Noturno Frederico Ozanam em Guarapuava são os voluntários. Através de doações por parte das pessoas da comunidade, a casa é mantida com suas necessidades básicas como alimentação e produtos de uso diário. Há também quem ofereça móveis, roupas, calçados e outros donativos que são vendidos nos bazares promovidos nos três primeiros sábados de cada mês na casa. O quarto sábado é destinado à celebração da missa com a participação dos moradores e da comunidade. Há também quem prefira fazer doações em dinheiro com o intuito de manter o funcionamento da instituição. A estas pessoas, são oferecidos número de conta corrente para que possam efetuar o depósito dos valores oferecidos como caridade. “A comunidade sempre nos ajudou e é por isso que conseguimos nos manter e acolher a quem precisa nos momentos de maior dificuldade. Recebemos muitos donativos que são comercializados nos bazares que realizamos nos três primeiros sábados
de cada mês. No quarto sábado, acontece a missa com a participação dos moradores e também da comunidade vizinha. Quase todos os dias nós recebemos cestas básicas de pessoas que cumprem pena por infrações cometidas e a justiça determina que sejam feitos estes pagamentos a uma instituição. Também recebemos dinheiro de multas da Justiça do Trabalho. Estes valores nós usamos para pagar funcionários e comprar coisas que quase não recebemos em forma de doações, como carne, massa de tomate e produtos de limpeza”, explicou o diretor. O Albergue de Guarapuava mantém quatro funcionários com recursos próprios. Outros dois, além de uma estagiária, são mantidos pela prefeitura da cidade. Destes, dois são vigias e a estagiária colabora na secretaria da instituição. Para a Diocese de Guarapuava, em comemoração aos 50 anos de sua existência, poder contar com uma obra tão importante quanto o Albergue Noturno Frederico Ozanam é sempre motivo de muitas alegrias. A Instituição é o exemplo crasso da partilha e da acolhida a quem mais necessita.
Seguindo o exemplo de seu fundador, o médico Frederico Ozanam, o Albergue Noturno de Guarapuava está sempre à disposição de todos. Frederico Ozanam nasceu em 23 de abril de 1813, em Milão, na Itália. De família católica e assistencialista, desde muito cedo, Frederico fez da caridade seu modo de vida, doando seu trabalho, seu tempo e suas ideias em prol de quem mais necessitava. Em sua profissão, o médico nunca fez distinção de classe social, dispendendo o mesmo atendimento a quem podia pagar e a quem nada tinha a oferecer. Desta maneira, em maio de 1833, com apenas 20 anos, Frederico funda, juntamente com seis companheiros, as Conferências de São Vicente de Paulo. Esta obra deu origem em todo o mundo ao sistema de acolhida aos necessitados com raízes profundas no catolicismo e nos ensinamentos de Jesus Cristo. Em muitos lugares esta obra é chamada de albergues. •
SERVIÇO Qualquer pessoa da comunidade pode ser um voluntário e ajudar no Albergue Noturno Frederico Ozanam. Para isso, basta entrar em contado com a instituição através do telefone: (42) 3624-3121. Há também uma conta disponível para as doações em dinheiro. Os dados são: Banco do Brasil; Agência: 0299-2; Conta Corrente: 34781-7. Quem tiver interesse em visitar a o Albergue, este fica à Rua Jaime Amaral Pachêco, 191, Bairro Conradinho, Guarapuava – PR. CEP 85055-120. Jubileu de Ouro - 51
1986
Pastoral da Criança Trabalho de trinta anos que se mescla ao Jubileu de Ouro da Diocese de Guarapuava
Em 1986, apesar de muitas ações por parte da Igreja Católica, Guarapuava ainda figurava entre os municípios mais miseráveis do país.
H
á 30 anos na Diocese de Guarapuava, a Pastoral da Criança é considerada como uma verdadeira tábua de salvação para muitas pessoas na cidade e região. A Pastoral foi implantada em Guarapuava pela necessidade que havia de assistência social em se tratando de crianças e famílias que viviam abaixo da linha da miséria. O ano de 1986 foi decisivo na vida de muita gente, principalmente na vida das crianças que tiveram nos primeiros acompanhamentos dos membros da Pastoral da Criança a oportunidade de sobrevivência e desenvolvimento com dignidade. Em 1986, apesar de muitas ações por parte da Igreja Católica, Guarapuava ainda figurava entre os municípios mais miseráveis do país. A desnutrição e a mortalidade infantil atingiam índices alarmantes. Sem atenção do poder público e preocupado com a situação gritante de pobreza e segregação de grande parte da população que vivia nas periferias da cidade, o primeiro Bispo da Diocese, Dom Frederico Helmel através de seus contatos com as congregações religiosas europeias, tentou mudar a situação.
52 - Diocese de Guarapuava
Com a vinda das Irmãs da Caridade Social para Guarapuava, atendendo a um projeto missionário de sua congregação, tiveram início os serviços de atenção e assistência social às famílias mais necessitadas já nos primeiros anos de existência da Diocese. Quando a instituição já tinha vinte anos de existência, em 1986, a necessidade de se implantar a Pastoral da Criança se tornou vital, uma vez que a entidade marcava presença no Paraná, estendendo-se com rapidez para outros Estados e regiões carentes do Brasil. À época, duas Irmãs da Caridade Social foram até Londrina, no norte do Estado onde através de cursos, conheceram a metodologia, as ações e a mística da Pastoral da Criança, que serviria como base para a implantação dos trabalhos também em Guarapuava. Com o aval e incentivo de Dom Frederico, as Irmãs Stefana Bernhard, Zeneida de Matos e Clotilde do Bonfim, conhecendo a realidade local, escolheram uma comunidade da cidade para iniciar o que seria o projeto-piloto da Pastoral. A Vila Concórdia, região que pertence à Paróquia Santa Cruz, foi a escolhida para receber os trabalhos iniciais
do projeto que se estenderia por toda a Diocese em pouco tempo. Os serviços na Vila Concórdia foram iniciados no dia 27 de setembro de 1986. A experiência surtiu efeito imediato, alcançando ótimos resultados segundo dados históricos da Pastoral. No ano seguinte, em 1987, a Irmãs participaram de um encontro do Clero que aconteceu na cidade. Na ocasião, elas apresentaram a Pastoral da Criança aos participantes e explanaram sobre suas ações e metodologia, bem como, evidenciaram os resultados satisfatórios obtidos já nos primeiros meses de implantação na Vila Concórdia, em Guarapuava. Os Padres, segundo documentos, foram muito receptivos com a ideia e, de imediato, vários deles pediram que os trabalhos da instituição fossem instalados também em suas Paróquias. De imediato, as sete paróquias do Decanato Centro consentiram em receber a Pastoral. Foi desenvolvida inicialmente, através de reuniões com as lideranças de cada Paróquia, a conscientização sobre como deveria funcionar os atendimentos e a quem estes se destinavam. Ao longo do
ano de 1987, mais de oitenta líderes receberam treinamentos e se tornaram aptos a visitarem as comunidades de suas Paróquias. O intuito era acompanhar as crianças e seus familiares que se enquadrassem na situação de desnutrição ou mesmo de riscos de sofrerem problemas tais como doenças ou falta de higiene. Segundo Irmã Clotilde Rodrigues Bonfim, as voluntárias percorriam todos os redutos das comunidades com muita empolgação aplicando a metodologia da Pastoral da Criança no intento de solucionar problemas de desnutrição, saúde e higiene.
De imediato, segundo grifa Imã Clotilde, os resultados apareceram. A mortalidade infantil diminuiu, as famílias passaram a ter mais consciência a respeito da situação em que se encontravam, resultando em crianças mais felizes, amadas e saudáveis. A capacidade de organização das comunidades foi de extrema importância no processo, segundo destacam as religiosas. Desta forma, por três décadas, a missão de salvar vidas vem sendo cumprida dia a dia pelas integrantes da Pastoral da Criança que, através de um voluntariado comprometido e de ações incessan-
tes, consegue transformar a realidade das comunidades onde vivem. Depositando na Pastoral da Criança a confiança e destinando a ela todo apoio necessário para continuar a missão de salvar vidas, a Diocese de Guarapuava celebra as três décadas de existência desta entidade que só veio a somar com as atividades diocesanas ao longo de seus cinquenta anos de existência. Agindo em quase todas as Paróquias, os trabalhos da Pastoral da Criança são luzes esplêndidas em um farol a guiar pessoas rumo à vida em sua plenitude. • Jubileu de Ouro - 53
1986
Dom Albano Bortoletto Cavallin O segundo bispo da Diocese de Guarapuava ficou conhecido pelo seu carisma
Em cinco anos frente à Diocese de Guarapuava, Dom Albano primou pelas questões sociais, evangelização e catequese.
D
om Albano Bortoletto Cavallin foi o segundo Bispo a assumir a Diocese de Guarapuava. Ele foi nomeado pelo Papa João Paulo II, no dia 14 de dezembro de 1986 quando tomou posse na cidade. Foi um momento de grande festa, segundo matérias de jornais da época. A posse de Dom Albano aconteceu na Paróquia Santa Terezinha, em Guarapuava e foi presidida por Dom Calo Furno, à época, Núncio Apostólico do Brasil. Arcebispos e Bispos de várias regiões do Brasil, bem como autoridades civis e militares participaram da cerimônia que, também de acordo com matéria jornalística da época, foi muito emocionante. Antes de trabalhar em Guarapuava, Dom Albano trabalhou em Curitiba por 13 anos, exercendo as funções de Bispo Auxiliar
Carta do adeus Durante 5 anos, através do Boletim Diocesano, escrevi mais de 200 cartas aos irmãos da Diocese de Guarapuava. No dia 14 de dezembro de 1986, não imaginava que para o dia 9 de maio de 1992 haveria de escrever esta carta de adeus. Foram cinco anos abençoados de convivência fraterna e amiga. Agradeço a Deus e aos irmãos as graças, a bondade, o carinho de tantos encontros, novos amigos, diálogos e bons exemplos que recebi. De minha parte, posso dizer que procurei cumprir com a
54 - Diocese de Guarapuava
daquela Arquidiocese. Ele foi ordenado Bispo no dia 28 de agosto de 1973. Em Guarapuava, Dom Albano trabalhou por cinco anos, quando então, precisou deixar a Diocese e retornar a Curitiba. Em 1996 foi nomeado Arcebispo de Londrina, no Norte do Paraná. Com foco na catequese e na evangelização, mesmo em pouco tempo em Guarapuava, Dom Albano conseguiu desempenhar um trabalho considerado por muitas pessoas como brilhante e um legado que permanece até hoje. Relatos de textos jornalísticos da época descrevem que “a Diocese de Guarapuava passou a ser conhecida no país inteiro depois da chegada de Dom Albano na cidade”. Evangelizador e muito carismático com as pessoas, tendo posições firmes quanto à Justiça, o Direito, a Política e a Cidadania, o Bispo se envolveu em muitos conflitos, principalmente em questões agrárias que, naquela ocasião eram frequentes em todo o Brasil.
“Dom Albano foi sempre um homem de posições firmes e um verdadeiro pregador da justiça. Em Guarapuava, acredito que ele chegou a ser mal compreendido em muitos momentos por se posicionar e defender de forma clara os mais pobres, as pessoas que sofriam. Dom Albano contribuiu de forma grandiosa para com a catequese, a evangelização e também para com a cidadania. Seu interesse pelo ser humano e a forma carismática com que tratava todas as pessoas, eram impressionantes. A Diocese de Guarapuava deve muito a este homem que, mesmo tendo ficado pouco tempo à frente dos trabalhos pastorais, conseguiu fazer grande obras no campo da fé, da evangelização, das questões humanas”, recorda o Pároco da Comunidade Bom Jesus, Padre José de Paulo Bessa que conviveu com Dom Albano. Quando da saída de Guarapuava, Dom Albano escreveu uma carta que publicou no Boletim Diocesano. O artigo era intitulado “Carta do adeus” reproduzido abaixo:
minha missão de Pastor da Diocese, com muita fé, esperança e amor. Esta despedida nos faz pensar. Como é importante agir sempre com reta intenção, pois quando menos esperamos, o Senhor nos chama, ou para lugares ou para a vida eterna. Esta despedida nos faz pensar que todos somos necessários, mas só Deus é indispensável. Os italianos tem outro provérbio consolador que diz: “Morre um Papa, fazse outro.” É assim a vida. Só Deus é eterno e é o tudo de nossas vidas. E Cristo, de quem fui empregado durante 5
anos em Guarapuava, continua sempre ao nosso lado. Se tivesse que deixar recados, seriam estes: - Façam de Cristo o tudo de suas vidas e Ele os fará felizes; - Rezem, desde já, pelo novo bispo e recebam-no com fé e carinho pois, pensando bem, é Deus que está por trás de todos os acontecimentos. Continuarei, sempre, rezando por vocês, pois como diz o poeta: “És eternamente responsável por aqueles que cativaste.” O irmão Bispo Albano
BIOGRAFIA DE DOM ALBANO
“Façam de Cristo o tudo de suas vidas e Ele os fará felizes.” Dom Albano
• Dom Albano Bortoletto Cavallin, filho de Pedro Cavallin e Celestina Bortoletto Cavalin, nasceu no dia 25 de abril de 1930 no município da Lapa, Paraná. • Estudou no Seminário Menor de São José, em Curitiba e também, no Seminário Maior de Ipiranga, em São Paulo. Ao todo, foram treze anos de estudos, de 1940 a 1953. • Foi ordenado Sacerdote no dia 06 de dezembro de 1953. • Recém-ordenado, exerceu suas funções na Catedral de Curitiba de 1954 a 1957. • Foi Vice-Reitor do Seminário Maior de Curitiba em 1957. • De 1958 a 1963, com intervalos para estudos, exerceu as funções de Pároco na Paróquia Santa Terezinha, em Curitiba. • No Seminário Maior Rainha dos Apóstolos, também na Capital paranaense, foi Diretor Espiritual, permanecendo nesta atividade por dez anos, de 1963 a 1973. • Fez curso de especialização em Roma entre os anos de 1960 e 1961. Também na Europa, estudou sobre Pastoral em Brugues, na Bélgica durante o ano de 1969. • No dia 28 de agosto de 1973, é ordenado Bispo. • É escolhido membro da Comissão Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) por dois períodos, compreendendo os anos de 1979 a 1986. • Toma posse como segundo Bispo da Diocese de Guarapuava no dia 14 de dezembro de 1986. • É escolhido pela terceira vez para ocupar lugar junto à Comissão Pastoral da CNBB por um período de quatro anos, na dimensão Bíblico-Catequética, em 1991. • Nomeado Arcebispo de Londrina, no dia 11 de março de 1996, assume suas funções naquela Arquidiocese no dia 09 de maio do mesmo ano. • Em 2006, aos 75 anos de idade, apresentou renúncia de seu cargo conforme determinação do Direito Canônico da Igreja Católica. • Atualmente, Dom Albano Bortoletto Cavallin é Arcebispos Emérito da Arquidiocese de Londrina. Ele continua com seu trabalho pastoral e catequético. Recentemente, foi lançado um livro com sua biografia.
No dia de 25 de maio de 1989, Corpus Christi, o Bispo Diocesano Dom Albano Cavallin organizou uma campanha de doação de agasalhos para pessoas carentes.
• No ano do Jubileu de Ouro da Diocese de Guarapuava, destacar o trabalho de Dom Abano frente a esta Comunidade se faz necessário. A semente plantada nesta região permanece. Muitos depoimentos reforçam sua ousadia e coragem para enfrentar os problemas e superar as dificuldades sempre com foco no ser humano, buscando em cada um, o que tivesse de melhor a oferecer. Jubileu de Ouro - 55
Obra Kolping: Trabalho e dignidade 1987 na formação humana
“A religião e o trabalho são a riqueza maior de um povo.” Pe. Adolfo Kolping
Por quase três décadas, a Obra Kolping está presente em Guarapuava. Dentre os objetivos da entidade, estão: promover a formação profissional e solidificar os ensinamentos cristãos na construção da dignidade humana.
E
stá comprovado que o trabalho, além de dignificar o ser humano, também é capaz de transformar as coisas e melhorar a situação das pessoas em qualquer lugar que seja. Através do trabalho, as mudanças ocorrem. Uma cidade, um bairro, uma vila, uma comunidade, enfim, onde as pessoas tenham a oportunidade de trabalhar, nota-se, com nitidez, que a alegria flui e que tudo se transforma. As famílias são mais unidas e felizes onde há trabalho e novas oportunidades. As crianças podem crescer, estudar e viver a dignidade em sua plenitude onde o trabalho não falte a seus pais. Há que se destacar que nenhum trabalho pode sair bem-feito se não houver a preparação, a profissionalização e, principalmente o incentivo calcado em valores morais e éticos que lhes dê suporte. Nos últimos tempos, muito se fala em cursos técnicos em aberturas de oportunidades de profissionalização para pessoas por parte de muitas esferas. Isto é importante, é vital para a sociedade. Sem este espaço onde as pessoas possam se preparar adquirindo conhecimento, a certeza de um caos total seria iminente.
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Na Igreja Católica, há muitos anos um movimento ganhava corpo e oferecia apoio profissional para o trabalhador e sua família no sentido de amenizar os problemas cada vez mais crescentes em uma sociedade voltada ao capitalismo e ao consumismo. Este movimento é conhecido mundialmente por Obra Kolping. A Obra Kolping foi fundada por Adolfo Kolping, em 06 de maio de 1849, em Colônia, Alemanha. Kolping era um sapateiro que aos 31 anos se tornou padre. Atualmente, os trabalhos desta obra social estão presentes em 40 países. No Brasil, onde sua atuação é incisiva e significativa, a Obra Kolping se faz presente em 200 comunidades. Dirigentes e associados são empenhados em melhorar as condições de vida da população do seu bairro e município, na busca por atender ao apelo do seu fundador, (beatificado no dia 27 de novembro de 1991, pelo Papa João Paulo II) que tem por objetivo principal, tornar as pessoas em trabalhadores autênticos, bons pais de família primando pela competência, além de se posicionar na sociedade como cidadãos conscientes. Na formação profissional oferecida pela Obra Kolping, há sempre espaço para a profissionalização e apoio aos empreendimentos de trabalhadores autônomos, e pequenos produtores rurais. Além disso, há incentivo à participação dos trabalhadores em associações e organizações que defendam seus
interesses no sentido da coletividade, do cooperativismo. A Obra Kolping prima pelo apoio eficaz de caráter subsidiário, acompanhados de estímulos e educação. Este apoio é destacado pela entidade como “ajuda para autoajuda”. Formação e Ação Toda ação da Obra Kolping se baseia na vida comunitária de seus membros reunidos em pequenos grupos com visão nos valores familiares focados na consciência humana. Nestes grupos, a fé cristã deve traduzir-se em prática para a construção de uma sociedade melhor. Tal ação visa aplicar todos os esforços em projetos de assistência e promoção social, com foco no profissionalismo, sempre com passos, embora pequenos, firmes e significativos na vida de quem faz parte destes serviços. Na medida em que os conhecimentos vão sendo absorvidos, novas metas são estipuladas. Dentre essas metas, destacam-se organização popular, movimentos sociopolíticos, com o intuito de renovar as estruturas organizacionais e familiares, no que, neste aspecto, já é considerado um grande passo. Formação e Ação são dois elementos que devem estar sempre presentes em todas as atividades da Obra Kolping. A Comunidade também prima pelos ensinamentos éticos e morais numa escola que tem na prática diária os amplos exercícios da democracia e da cidadania.
Kolping no Paraná No Estado do Paraná, a Obra Kolping tem sede em Guarapuava e foi fundada no dia 13 de fevereiro de 1987. Atualmente em todo o Estado, são sete comunidades. Destas, três estão no município sede, Guarapuava. As outras quatro se dividem entre os municípios de Inácio Martins, São Jerônimo da Serra, Inajá e Conselheiro Mairincki. Nas sete comunidades, a Obra Kolping agremia um total de 209 associados. Os cursos profissionalizantes, bem como as atividades da Obra Kolping são bastante diversificadas com prioridade para as necessidades de cada região onde esta se encontra instalada.
Dentre as atividades desenvolvidas, destacam-se os Clubes de Mães em trabalhos realizados em conjunto com a Pastoral da Criança, Grupos de Jovens, Adolescentes e de Terceira idade que participam de atividades lúdicas e artísticas no intuito de promover a unidade e a amizade. Há também espaço para a realização de cursos profissionalizantes além de aulas de cunho artístico. Com instalações amplas, o escritório central da Obra Kolping em Guarapuava que está situado no Bairro Santana, Rua Wilson Luiz Martins, 157, conta com alojamento com capacidade para acolher 40 pessoas, além de disponibilizar de cozinha e salas de palestras. No mesmo
Sobre o fundador Adolfo Kolping nasceu em 08 de dezembro de 1813 em Kerpen, perto de Colônia, Alemanha. Exerceu o ofício de sapateiro até a idade de 24 anos. Chegou a conhecer a miséria social do proletariado. Enfrentando grandes dificuldades, tornouse sacerdote aos 31 anos. Trabalhou como capelão em Elberfeld, cidade industrial, depois como cura de catedral de Colônia, e mais tarde, como reitor da igreja dos Minoritas. Sua obra principal foi a fundação da Associação dos Jovens Operários Profi-
cionais, (atualmente Obra Kolping) que além de melhorar as condições sociais do operário, teve em vista sua evangelização. Verdadeiro apóstolo da juventude operária, foi formador da vida da família católica e iniciador da construção cristã da sociedade. Adolfo Kolping morreu no dia 4 de dezembro de 1865 e seu corpo está sepultado diante do altar de São José, na igreja dos Minoritas, em Colônia. Adolfo Kolping foi beatificado pelo Papa João Paulo II, em Roma, no dia 27 de novembro de 1991 na presença de 30.000 membros Kolping.
local, a Obra abriga salão de festas e oficinas de marcenaria. O presidente da Obra Kolping em Guarapuava é o Irmão Carlos Wiszniewsky, da congregação Sociedade do Verbo Divino (SVD). Carlos explica que toda a estrutura da Obra é mantida através das taxas cobradas pelos cursos e também pelos aluguéis do salão. No entanto, ele salienta que a maior parte dos recursos para manter o funcionamento das atividades advêm de doações por parte da comunidade. Desde que foi fundada em Guarapuava, a Obra Kolping já beneficiou mais de mil famílias com seus programas de formação. •
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Há 25 anos as Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração 1991 de Jesus trabalham em Guarapuava O Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, foi fundado em Viareggio (Lucca-Itália), em 1894 pela Serva de Deus Madre Clélia Merloni (1861-1930).
A
s Congregações Religiosas sempre tiveram por missão atender às necessidades de uma comunidade e, através de seu carisma, dar possibilidades para que estas possam seguir em frente, sempre calcadas em bases sólidas e cristãs. A Diocese de Guarapuava, ao longo de seus cinquenta anos de existência, tem seu alicerce arraigado nas Congregações que, através do trabalho pastoral num apostolado incansável, foi capaz de mudar para melhor a vida de muitas pessoas ao longo do tempo. Antes da existência da Diocese, as Congregações já atuavam na região e foi através de seus trabalhos de evangelização que os caminhos foram abertos para que as novidades chegassem. Nesta oportunidade, destacaremos o trabalho das Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus (ACJ), em Guarapuava. No ano de 1991, as Religiosas Cristina Mário, Anália Vele e Lorena Facciochi se instalaram na cidade para desenvolver seus trabalhos pastorais junto à comunidade. De lá para cá, são 25 anos de atuação junto à população da Diocese, desenvolvendo diversos trabalhos que vão ao encontro de quem mais precisa. A sede da Congregação das Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus em Guarapuava fica ao lado da Paróquia Santa Terezinha, Rua Tiradentes, 1980, Centro da cidade. As fundadoras da Congregação em Guarapuava, depois de certo tempo, foram trabalhar em outras regiões, mas os projetos iniciados continuaram com as Religiosas que chegaram para atuar junto à comunidade.
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Madre Clélia Merloni, fundadora da Congregação ACJ
Durante este quarto de século em que estão trabalhando junto à Diocese, muitos foram os projetos promovidos pelas Irmãs. Catequese, Grupos de Oração, Movimentos Religiosos e a Pastoral Indígena são alguns dos trabalhos desenvolvidos até então. Na metade do ano de 2015, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), através do Regional Sul 2, assumiu as responsabilidades do Centro Indígena São João Diego. Por conseguinte, a administração e manutenção do mesmo, passou a ser de responsabilidade das Religiosas que há muito, vinham trabalhando com a Pastoral Indígena, atendendo a mais de 70 comunidades. Desde que a CNBB, através do Regional Sul 2 assumiu em definitivo os trabalhos no Centro Indígena, as articulações para que as religiosas se mudassem para aquele local, foi iniciada. Elas aceitaram o pedido e se disseram felizes pela oportunidade de continuarem a intensificar cada vez mais os trabalhos com os indígenas.
Há cerca de um ano, o local vem passando por reformas e, segundo destacou Irmã Rosana Morais, responsável pela Pastoral Indígena, até o final do ano de 2016, as quatro Religiosas que atuam em Guarapuava se mudarão para a nova residência. Antes de passar à responsabilidade da CNBB, o Centro Indígena de Guarapuava que se chamava São Juan Diego, era gerido pelo Padre Garibaldi Uerti, da Congregação da Sociedade do Verbo Divino (SVD). Na ocasião, a cessão do local representou, de acordo com Dom Mauro Aparecido dos Santos, Arcebispo de Cascavel e presidente do Regional Sul 2 da CNBB, um verdadeiro ato de desapego por parte de Padre Garibaldi e da Congregação SVD. Dom Mauro, disse na ocasião, que era preciso “enaltecer o ato de desapego da Congregação pela cessão do local”. Ele também destacou que a instituição estaria em boas mãos a partir daquele momento, uma vez que as Irmãs assumiram os trabalhos administrativos, bem como, dariam continuidade aos serviços que já vinham sendo desenvolvidos. Dos cinquenta anos da Diocese de Guarapuava, a metade deste período foi com a presença das Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus. A contribuição que as Religiosas deram para a Diocese é visível e precisa ser evidenciada não só neste Ano Jubilar, mas sempre. Gratidão é a palavra que deve ser pronunciada sempre em se tratando dos trabalhos realizados pelas Religiosas em Guarapuava. Atualmente, as Irmãs Maria Aparecida de Carvalho, Rosana Morais, Terezinha de Jesus Felipe e Julieta Bairro Sarate são as Religiosas da Congregação que atuam em Guarapuava e desenvolvem os trabalhos pastorais e missionários junto às diversas comunidades. •
Centro Indígena São João Diego. Desde 2015 sob a responsabilidade das irmãs.
Espaço de Oração. Centro Indígena São João Diego.
Residência das Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus em Guarapuava.
SOBRE A CONGREGAÇÃO • O Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, foi fundado em Viareggio (Lucca-Itália), em 1894 pela Serva de Deus Madre Clélia Merloni (1861-1930), foi canonicamente erigido em Piacenza, em 1900 por Dom João Baptista Scalabrini e aprovado definitivamente pela Santa Sé em 24 de março de 1931. • Clélia Merloni nasceu em Forlì - Itália no dia 10 de março de 1861,filha de Joaquim Merloni e Teresa Brandinelli. • Ficou órfã de mãe aos três anos de idade. A preocupação do pai foi dar-lhe uma excelente educação e formação. • Em 1894, na cidade de Viareggio funda o Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus. • Seis anos após a fundação, o espírito aberto e empreendedor da Fundadora, e desejosa de tornar conhecido e amado o Sagrado Coração de Jesus e socorrer os mais necessitados, enviou suas filhas para a América. • Em 1900 as primeiras Apóstolas chegaram a terras brasileiras e em 1902 nos Estados Unidos. • Madre Clélia morreu em Roma no dia 21 de novembro de 1930. Seu processo de canonização está em curso no Vaticano. • O tempo foi passando, as necessidades aumentando e o Instituto foi crescendo em número de Irmãs e as sucessoras de Madre Clélia continuaram sua expansão. • Atualmente, as Apóstolas estão presentes em quatro continentes e em 13 países. • A Sede Geral do Instituto está localizada na cidade de Roma - Itália • Atualmente, o Instituto é governado por Madre Mary Clare Millea, Superiora Geral. • No governo geral do Instituto a Superiora Geral é auxiliada por um Conselho. • No governo da Província a Superiora Provincial também é auxiliada por um Conselho. Jubileu de Ouro - 59
Padre Cassiano Waldner: 1992 Vocação Sacerdotal a serviço da comunidade Nascido na Itália e ordenado aos 22 anos, Padre Cassiano Waldner fez da Diocese de Guarapuava seu lar. Dentre tantas funções desempenhadas, por três anos, ele também foi Administrador Diocesano.
D
entre tantas histórias que a Diocese de Guarapuava vivenciou ao longo dos seus cinquenta anos, o período em que esta ficou sem a presença de um Bispo vale destaque. Era o ano de 1992, e a Diocese estava com 26 anos de existência. Muita coisa fora construída e os trabalhos do Bispado à época estavam a cargo do segundo Bispo da Diocese, Dom Albano Bortoletto Cavallin. Dom Albano foi chamado para a Arquidiocese de Curitiba e, depois, foi nomeado Arcebispo de Londrina, no norte do Estado. Com a Diocese de Guarapuava vacante, um administrador precisou ser nomeado. Naquele momento, entrava em cena o Padre Cassiano Waldner. Carismático e evangelizador, o Sacerdote Diocesano mostrou-se também um brilhante administrador nos três anos em que permaneceu à frente da Diocese. Ele deixou suas funções em março de 1995 quando o terceiro Bispo de Guarapuava, Dom Giovanni Zerbini, da Congregação Salesianos de Dom Bosco (SDB) assumiu os trabalhos junto à Diocese. SOBRE O SACERDOTE Padre Cassiano Waldner nasceu no dia 31 de agosto de 1941, na região de Tirol do Sul, no Norte da Itália. Desde criança, segundo a história contada por familiares, Cassiano demonstrava vocação ao sacerdócio. Aos 10 anos, entrou para o Seminário Diocesano de sua região. Aluno brilhante e evangelizador nato, segundo contam, conseguiu cumprir todos os estudos em tempo recorde. Em 1964, aos 22 anos de idade, estava pronto para ser ordenado Padre.
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Um pequeno entrave, no entanto, dava sinais de atrasar o recebimento das ordens por parte do então Seminarista Cassiano. De acordo com as normas da Santa Sé, ele só poderia ser ordenado com a idade mínima de 24 anos. Percebendo a latente vocação sacerdotal do jovem, uma licença especial foi emitida pela mesma Santa Sé, autorizando sua ordenação. A cerimônia aconteceu no dia 29 de junho, Dia de São Pedro e São Paulo com grande festa da comunidade a que ele pertencia. Depois da ordenação, o jovem Padre passou a trabalhar em Paróquias de sua região. Quatro anos depois, sentiu a necessidade de ser missionário no Brasil. Como havia conhecido Dom Frederico Helmel na Europa quando este era ainda Sacerdote e agora, então Bispo recém-nomeado para a nova Diocese de
Guarapuava, sentiu interesse em partir rumo à América do Sul para exercer suas funções. Segundo relatos, o convite para vir ao Brasil partiu de Dom Frederico através de correspondência antes mesmo de este ter sido nomeado Bispo. Feliz pelo novo desafio, Padre Cassiano, então com 27 anos incompletos, deixou sua pátria e viajou para o Brasil. O jovem Sacerdote chegou à nova pátria no dia 15 de agosto de 1968. Relatos dão conta da grande vontade que ele tinha de trabalhar em prol das pessoas, principalmente as mais pobres, no país ainda desconhecido por ele. Dom Frederico já o aguardava no Rio de Janeiro. Tão logo chegou, embarcaram rumo a Guarapuava, pois o espírito edificador de Dom Frederico ansiava por pessoas ávidas por trabalhar e a nova Diocese carecia da motivação de alguém como Padre Cassiano. A Paróquia de Sant’Ana em Pitanga foi designada ao Sacerdote estrangeiro recém-chegado ao Brasil. O trabalho de Padre Cassiano se mostrou intenso na Paróquia e, em pouco tempo, ele foi nomeado Pároco daquela comunidade onde permaneceu por 18 anos. Dentre os vários projetos executados pelo novo Pároco, a construção da nova Igreja Matriz, a Casa Paroquial, a Igreja da Comunidade Pitanguinha (atual Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro) e a Casa de Líderes Beato José Freinademetz merecem destaque. Após 18 anos em Pitanga, por alguns meses, Padre Cassiano Trabalhou como Pároco de Nova Tebas, na Comunidade São Pedro Apóstolo. Em 1987, o Bispo da Diocese, Dom Albano Cavallin convidou-o para trabalhar na Catedral Nossa Senhora de Belém, em Guarapuava onde exerceu as funções de Vigário-Geral e Pároco.
Percebendo a necessidade de se construir um novo salão paroquial para a Comunidade, Padre Cassiano, juntamente com os paroquianos, expos a ideia e, em seguida, passou a trabalhar no projeto. Tempos depois, a nova obra era entregue à população que comemorou o feito com uma grande festa. Com a saída de Dom Albano da Diocese de Guarapuava, Padre Cassiano foi nomeado Administrador Diocesano pelo à época Arcebispo de Curitiba, Dom Pedro Antônio Marchetti Fedalto. Paralelo ao cargo de Administrador Diocesano, Padre Cassiano também trabalhou em Entre Rios, exercendo suas funções sacerdotais junto à Paróquia São Miguel Arcanjo.
Em 1995, depois da posse de Dom Giovanni Zerbini (SDB) como Bispo de Guarapuava, foi então novamente acolhido na Catedral Nossa Senhora de Belém para exercer as funções de Vigário-Geral. No ano seguinte, em 1996, Dom Giovanni nomeou-o Pároco da Comunidade Nossa Senhora Aparecida, Bairro Bonsucesso, em Guarapuava. Aos moldes de Dom Frederico Helmel que tinha espírito edificador, Padre Cassiano, juntamente com a comunidade, deu início às obras do Santuário Nossa Senhora Aparecida que se mostra como um dos mais belos trabalhos de arquitetura sacra existente na região.
Padre Cassiano não conseguiu ver a obra do Santuário acabada. Ele morreu no dia 24 de novembro de 1998, por complicações respiratórias. Nestes cinquenta anos da Diocese de Guarapuava, contar a história de Padre Cassiano se faz necessário e serve de base para se entender e perceber os caminhos percorridos até aqui. Humilde e carismático, muitos são os feitos materiais deixados por Padre Cassiano. No entanto, as lembranças do homem evangelizador, paternal e missionário sempre pensando em prol das pessoas de sua comunidade são atributos que se perpetuarão na memória de todos. •
Jubileu de Ouro - 61
Santuário da Divina Ternura: Arte e 1994 religiosidade numa composição harmônica Há mais de 20 anos, o Santuário da Divina e Trina Ternura em Guarapuava é tido como um dos lugares mais bonitos e atraentes à reflexão.
O
frenesi da rodovia BR277 em Guarapuava emudece. Veículos em alta velocidade parecem de brinquedo ao serem observados. De cima do morro, tudo remete à paz e contemplação. Divina perspectiva. Divino olhar de ternura e paz. A sensação que se tem é a de que estamos em outra esfera, a de que vemos tudo através de uma tela, de uma obra de arte a céu aberto. Esta é a sensação que se tem ao entrar no Santuário da Divina Ternura, em Guarapuava. Um lugar que se tornou ponto máximo de reflexão, oração, meditação, contemplação e adoração a Deus. Neste espaço cercado de muito verde, a arte parece saltar aos nossos olhos e nos dizer tudo em seu silêncio multicolorido. Mosaicos, pinturas, escultura e, mesmo a arquitetura do lugar são elementos que nos remetem ao sagrado, mas um sagrado tocável, um sagrado possível no qual, como seres humanos, estamos inseridos e dele fazemos parte. Em uma visita ao Santuário da Divina Ternura, a equipe de reportagem conversou com o idealizador deste projeto de evangelização e, em pouco tempo, uma aula de história, sobretudo, da história da arte sacra, foi ministrada com a alegria efusiva de um homem que ganha mais vitalidade e amor por seu trabalho na medida em que o tempo passa. Descontraído, alegre e pleno de conteúdo, o Padre italiano Giovanni Rocchia, ou, em português, João Rocha, como se tornou conhecido, mostrou o lugar e falou de como tudo começou. Padre João Rocha que completou 50 anos de sacerdócio em dezembro de 2015, destaca que viver o Jubileu é ter a oportunidade de servir a Deus todos os dias, agradecendo pelo dom da vida e a oportunidade de estar sempre em movimento, criando oportunidades e desen62 - Diocese de Guarapuava
“...começamos devagar e sempre iluminados pelo poder Divino...” Pe. João Rocha
volvendo tarefas em prol de uma causa maior, Jesus Cristo. Nascido no dia 17 de março de 1941, na Região da Occitânia, que é uma das nações sem Estado da Europa, que compreende as regiões históricas da Provença, Limusino, Auvérnia, Gasconha, Languedoque e Delfinado, na França, João Rocha parecia predestinado a ser um cidadão do mundo, um artista sem fronteiras, um evangelizador sem pátria e, ao mesmo tempo, pertencente a todas elas. Estudioso e pesquisador nato, desde muito cedo o sacerdócio entrou em sua vida. Ele conta que sentia a necessidade de disseminar os ensinamentos de Cristo e de estudar cada vez mais. Depois da ordenação, trabalhou por um período em sua Região e também na Itália e, quando teve a oportunidade de vir para o Brasil, em 1968, atendendo a um pedido do
Papa João XXIII, o jovem padre disse ter sentido a grande oportunidade de pregar a Palavra de Deus fora dos limites de seu continente e isto lhe agradou. “Eu percebi, naquele momento, que precisava largar tudo e atender a este chamado. Cheguei a Curitiba e aprendi a falar português com as pessoas das periferias da cidade. Foi a maior escola da minha vida. Eu agradeço a Deus todos os dias por ter tido esta oportunidade”, conta emocionado o sacerdote. João Rocha permaneceu em Curitiba por mais de vinte anos. Neste período, sempre primou pelos estudos e pela convivência direta com as pessoas em seu trabalho pastoral e de evangelização. Ele sublinha que ao visitar milhares de famílias e ouvir seus anseios, gritos e gemidos numa luta constante pela sobrevivência, sentia que precisava fazer sempre mais,
ARTE VIVA No Santuário da Divina Ternura, a arte ganha vida e em seu silêncio, faz com que as reflexões tomem conta dos visitantes que se sentem imbuídos de paz, amor e devoção a Deus. Mosaicos, pinturas, esculturas, além da arquitetura e da natureza que compõem os milhares de metros quadrados do lugar, fazem do Santuário da Divina Ternura um verdadeiro oásis de oração, reflexão e louvor a Deus. Em meio a tudo isso está seu idealizador e incentivador dos vários artistas que compõem o grupo de criadores que ajudaram e continuam ajudando a transformar o lugar, o Padre João Rocha. “Todos nós temos muito potencial guardado. Eu procuro fazer com que este potencial seja despertado nas pessoas. A arte é um dom divino. As pessoas que trabalham com arte precisam de incentivo, precisam de espaço e de tempo. A inspiração chega no momento certo e aí, a arte flui e transforma a vida do artista e das pessoas à sua volta”, frisa João Rocha. doar-se mais. Além do trabalho pastoral, o Padre também dava aulas de História da Igreja no curso de Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Há 22 anos, Padre João Rocha transferiu-se para Guarapuava a pedido do Bispo Diocesano da época, Dom Albano Cavallin, onde deu início à sua obra de evangelização e espiritualidade. Com vitalidade e muita ousadia, João Rocha conseguiu visualizar no Morro da Divina Ternura, que à época era apenas um lugar abandonado, o ponto exato para fundar um santuário. “Ao ver este lugar pela primeira vez, eu senti que deveria providenciar para que algo bonito e que alegrasse a Deus e às pessoas fosse construído. Desta forma, começamos, devagar e sempre iluminados pelo poder Divino a construir tudo o que hoje existe aqui”, contou. Com mais de 100 livros publicados, todos abordando assuntos de evangelização, João Rocha conta que foi através da escrita e também inspirado por Deus
que conheceu Madre Constância Scarponi. Madre Constância, há mais de 50 anos, insistia com várias pessoas ligadas à Igreja Católica sobre a necessidade de se criar um Santuário dedicado à Divina e Trina Ternura. No entanto, no ano de 1985, a religiosa leu um artigo escrito por um missionário que trabalhava no Brasil falando sobre “Deus é Ternura”. Naquele momento, ela destaca que teve a inspiração de que aquele homem já havia iniciado a obra com a qual ela vinha sonhando. Através de vasta troca de cartas, Madre Constância e Padre João Rocha começaram a lapidar e afinar a ideia e, quando este foi transferido de Curitiba para Guarapuava, conseguiu pôr o projeto em prática e transformar o sonho em realidade. No dia 12 de dezembro de 1994, a Pedra Fundamental do Primeiro Santuário da Divina e Trina Ternura do mundo era lançada em Guarapuava com a celebração de uma missa. •
CHAMADO À VISITA Visitar o Santuário da Divina Ternura é algo transformador. Todos os dias, centenas de pessoas passam pelo local que também abriga projetos sociais. Durante as celebrações das missas, a igreja fica lotada. Também há participação maciça nas aulas de estudos bíblicos que são ministradas pelo Padre João Rocha às 20 horas, todas as terças-feiras. Chegar ao Santuário da Divina Ternura, em Guarapuava é fácil: ele está localizado no quilômetro 352, da rodovia BR 277, Rua Genarino Batistelli, sem número. O lugar é conhecido como Morro da Divina Ternura e pode ser visto à distância. Já no portal de entrada, há um texto extraído do Evangelho de Lucas, 6,19, que diz: “Dele saía uma força que curava a todos” (Lucas 6,19). Um pinheiro em forma de cálice compõe a paisagem única e bela tornando o lugar Divino e Terno. Jubileu de Ouro - 63
Terceiro Bispo da Diocese de Guarapuava, 1995 Dom Giovanni Zerbini não para de evangelizar Carisma, humildade, perseverança e muito amor pelas causas da Igreja são algumas das qualidades de Dom Giovanni Zerbini, Bispo Emérito da Diocese de Guarapuava.
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os 88 anos de idade completados no dia 29 de dezembro de 2015 e em plena lucidez, Dom Giovanni Zerbini, terceiro Bispo da Diocese de Guarapuava é a representação viva e vivaz da Igreja Católica. O Bispo que trabalhou de 19 de março de 1995 até 02 de julho de 2003, atualmente Bispo Emérito, tem muita história para contar e não hesita em fazê-lo. A cada conversa com o homem de voz vibrante, a certeza do enriquecimento em se tratando de cultura, arte e, sobretudo, de amor a Deus. Dom Giovanni se mostra um evangelizador e um estudioso da Religião tão intenso que suas ideias são capazes de instigar a todos à sua volta para que também busquem incessantemente pelo conhecimento e, com a mesma simplicidade que ele, o dissemine em forma de paz e delicadeza. Dom Giovanni, que nasceu em Chiari, na Itália, tinha a certeza, desde muito cedo que o sacerdócio seria a extensão de sua vida, uma mescla perfeita entre corpo e alma. No dia 29 de junho de 1956, foi ordenado Padre pela Congregação Sociedade de São Francisco de Sales – Salesianos de Dom Bosco (SDB). No mesmo ano, foi designado para trabalhar no Brasil, país que adotou como sua segunda pátria. Trinta e nove anos depois, em 19 de fevereiro de 1995, foi nomeado Bispo de Guarapuava, ocupando, portanto, a terceira vaga do Bispado da Diocese. Dom Giovanni atuou à frente da Instituição Religiosa até o dia 02 de julho de 2003, quando então assumiu a Diocese Dom Antônio Wagner da Silva, atual Bispo Diocesano. A educação e a organização sempre se fizeram presentes na vida de Dom Giovanni. Quando assumiu a Diocese de Guarapuava, as questões administrativas foram priorizadas já de início pelo novo Bispo.
64 - Diocese de Guarapuava
Dom Giovanni junto com o então Papa João Paulo II.
Com experiências de outras regiões onde trabalhara, Dom Giovanni primou pela unificação das Paróquias da Diocese. Através de reuniões e explanações para a comunidade, o Bispo criou o Estatuto e Regimento da Diocese. Em seguida, houve a publicação do material e a distribuição às Comunidades. Os funcionários e os representantes do Conselho Diocesano para Assuntos Econômicos (CODAE) e Conselho Paroquial para Assuntos Econômicos (COPAE) foram o público alvo da publicação que foi estudada com atenção e os ensinamentos aplicados no dia a dia das comunidades. Os resultados foram imediatos. Questões como a regulamentação do Dízimo, manutenção e preservação do patrimônio paroquial, remuneração dos funcionários, normas administrativas, normas para a realização das festas nas Comunidades, dentre outros temas, passaram a ser vistos com maior profundidade e estudados à luz do material publicado. As visitas pastorais também compõem as boas lembranças do Bispado de Dom Giovanni. No período em que esteve à frente da Diocese, todas as Paróquias e Capelas, além de muitas escolas, institu-
tos educacionais e empresas receberam a visita pastoral de Dom Giovanni. O trabalho com os coroinhas também foi fator marcante durante sua atuação. Muitas vocações foram despertadas a partir deste contato direto de crianças e adolescente com a Igreja, segundo informações de muitas pessoas das comunidades. “Uma das coisas que considero muito marcante quando se fala de Dom Giovanni, é sua humildade. Dom Giovani nunca teve receios de pedir perdão quando percebia que cometera um erro. Também sempre se mostrou aberto a perdoar qualquer desavença que pudesse acontecer. De inteligência brilhante ele sempre esteve preocupado com todas as questões da Diocese e foi capaz de unificar as Paróquias mostrando que com estudo e dedicação, qualquer problema pode ser resolvido”, detalhou Padre Reonaldo Pereira da Cruz que trabalhou diretamente com Dom Giovani exercendo a função de ecônomo da Diocese a convite do próprio Bispo. Durante os oito anos em que trabalhou em prol da Diocese de Guarapuava, Dom Giovanni foi capaz de cativar a comuni-
Dom Giovanni durante a celebração de seus 60 anos de chegada ao Brasil, 60 anos de vida sacerdotal e 70 anos de profissão religiosa. Catedral Nossa Senhora de Belém. 14 de agosto de 2016.
dade que reconhece de forma vibrante seu carinho e dedicação em favor da Igreja. O Bispo apresentou sua renúncia conforme o Direito Canônico no dia 02 de julho de 2003 e tornou-se Bispo Emérito de Guarapuava. Ele optou por permanecer no Brasil e, até o dia 16 de agosto de 2016, morava no Bispado da Diocese de onde nunca parou de trabalhar. Todos os dias, durante o tempo em que permaneceu na cidade, muitos foram os atendimentos prestados a pessoas e comunidades. Sorridente, ele sempre primava pela graça de se estar vivo. Também nunca se furtou em celebrar encontros e missas nos diversos locais onde foi convidado. Dom Giovanni, ao longo do tempo em que ficou em Guarapuava, ocupando, inclusive, os mesmos aposentos que quando era Bispo Diocesano, recebeu inúmeras homenagens prestadas por diversas entidades que reconheceram
seus trabalhos em prol das pessoas, sobretudo, das mais necessitadas. No campo do conhecimento, os serviços do Bispo Emérito também são de grande representatividade. Muitos são seus escritos publicados acerca da Igreja Católica nos diferentes temas. Com a força que lhe é nata, Dom Giovanni desconsidera a idade cronológica e as dificuldades do dia a dia, olha para frente e vislumbra, a cada momento, novos horizontes a serem descortinados. Por opção, Dom Giovanni decidiu morar em Araçatuba, São Paulo em uma casa pertencente à sua congregação. Antes de partir de Guarapuava, no entanto, ele lançou mais um livro. “Jesus Jovem em Nazaré”. A obra contou com as participações de dois de seus amigos de juventude, o jornalista Angelo Montonati e o pintor Gian Calloni. Ao longo de sua jornada repleta de amor a Deus e pelo trabalho exercido, Dom Giovanni demonstra, com certe-
za, que o bem viver está em se renovar a cada dia que passa, em buscar motivos, mesmo que mínimos para ser feliz e, por conseguinte, fazer com que todos ao seu redor também se sintam felizes e plenos de paz de espírito. Além de Bispo, Dom Giovanni tornouse membro das famílias de toda a região. E a família, por sua vez, é uma das razões de seu apostolado. Ele costuma dizer sempre que: “Se a família é saudável, a sociedade é saudável”. Para todos da Diocese de Guarapuava, poder contar atualmente, mesmo que à distância, com os trabalhos de Dom Giovanni, com sua lucidez e discernimento é motivo de muitas comemorações que se somam às inúmeras celebrações realizadas neste Jubileu de Ouro. “Comuniquem coisas boas!”, foi o que disse Dom Giovanni da última vez em que esteve no Centro Diocesano de Comunicação (CDC).• Jubileu de Ouro - 65
1996
Centro Educacional João Paulo II
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om foco total no ser humano, o Centro Educacional João Paulo II, em Guarapuava tem por missão principal, desde sua fundação, apoiar e respeitar a proteção de direitos humanos reconhecidos internacionalmente. Além disso, a Instituição fomenta e incentiva o desenvolvimento e a difusão de tecnologias ambientalmente amigáveis, capazes de tornar harmoniosa a convivência entre homem e seu habitat. Com este mote, o Centro Educacional João Paulo II desenvolve e apoia iniciativas para promover maior responsabilidade ambiental sempre almejando resultados que se perpetuem, passando de famí-
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lia para família. A abordagem preventiva também faz parte das tarefas que, diariamente são pensadas e executadas no sentido de se antecipar aos possíveis problemas. Tratar diretamente das questões sociais e se envolver na vida das pessoas, tomando ciência de seus problemas e apresentando soluções também faz parte da missão da instituição. Desta forma, eliminar a discriminação no emprego, abolir o trabalho infantil, extinguir todas as formas de trabalho forçado e degradante, são princípios motrizes da jornada diária das pessoas que trabalham no Centro Educacional João Paulo Segundo.
Apoiar a liberdade de associação e o reconhecimento efetivo do direito à negociação coletiva é uma das metas que se mantém latente na instituição, pois através deste trabalho, os direitos fundamentais do ser humano são garantidos. Neste sentido, o combate à corrupção se faz necessário. Para isso, aulas são ministradas aos adolescentes e jovens que frequentam aquele ambiente, no sentido de prepará-los e preveni-los contra os males da corrupção que se travestem de muitas formas, dentre as quais, podem ser citadas a extorsão, a propina que resulta na escravidão e a mentira contada nas promessas de campanhas eleitorais no intuito de iludir as pessoas.
HISTÓRIA O desejo dos Padres Salesianos de criar a Obra em Guarapuava foi ponto chave para que os projetos saíssem do papel e, em seguida, postos em prática. A Obra, segundo os Padres, era de suma importância para a cidade, pois atenderia às necessidades de uma população crescente em Guarapuava e com muitas carências de aprendizados, de educação voltada para o lado humano e prático da vida. Para dar sequência aos trabalhos já idealizados, a presença das Irmãs Salesianas, mesma Congregação dos Padres que pensaram o projeto, foi solicitada. As facilidades para trabalhar com jovens foi o que motivou a presença destas religiosas na cidade. Ao longo da história da Congregação, inúmeros são os serviços prestados em prol da população juvenil, principalmente em se tratando de trabalhos preventivos e de inserção social. Em 1995, logo no início do ano, as religiosas Irmãs Laura Mondini e Maria Ana Vegini, conselheiras inspetoriais da Congregação Salesiana, estiveram em Guarapuava para analisar a possibilidade da abertura de uma casa pertencente àquela Congregação, mas que serviria a uma grande parcela da comunidade, carente de seus serviços. Em junho do mesmo ano, Dom Giovani Zerbini entrou em contato com a Inspetoria Nossa Senhora Aparecida apresentando insistentemente a proposta de aceitação à doação da Obra das Irmãs da Caritas Socialis que daquele momento em diante, partiriam para outros trabalhos comunitários e de evangelização. Ele entendia que as obras Salesianas na cidade eram de fundamental importância para a população jovem, principalmente para os que viviam no entorno do local onde a casa das religiosas e que já tinham passado por um processo de inserção social através das Irmãs da Caridade Social. No início do ano seguinte, em 13 de janeiro de 1996 as Irmãs Laura Mondini, Zenira Ostrowski e Terezinha Bonat-
to, iniciaram seus trabalhos. Irmã Laura, atuou como diretora da nova instituição que levou o nome de Casa Nossa Senhora das Graças e também do Centro Educacional João Paulo II. Nos primeiros anos de atuação na cidade, as Irmãs focaram seus serviços nas crianças de zero a seis anos de idade com a criação da Creche João Paulo II. Paralelo aos trabalhos com as crianças, um grupo artístico foi montado, este, para jovens. As religiosas também passaram a acompanhar os jovens que desenvolviam suas atividades na Escola Hidegard Burjam e na Comunidade São Luiz Gonzaga. Além dos trabalhos artísticos, elas também coordenavam a catequese, trabalho básico e de suma importância na evangelização. Na década de 2000, os trabalhos foram ampliados na instituição. Em 2007, o Projeto Segundo Tempo que oferecia oficinas de artesanato para adolescentes fez muito sucesso desde sua implantação. A adesão das pessoas da comunidade foi maciça e, com isso, houve a necessidade da ampliação de espaço capaz de acolher a todos e oferecer-lhes conforto. Com isso, através de projetos previamente elaborados, deu-se início à construção de um salão e também de outros espaços que vieram suprir as necessidades da instituição. Seguindo com os trabalhos educativos e preventivos, até o final de 2010 foram desenvolvidas atividades voltadas às crianças, adolescentes, jovens e famílias em duas frentes: a Educação através da Escola de Educação Infantil e o atendimento a adolescentes e jovens através de projetos e parcerias com diversos órgãos públicos. Paralelo a estas atividades, foi desenvolvido um trabalho nos arredores no sentido de acompanhar e incentivar a construção de hortas comunitárias e também oficinas de leitura. Projetos estes que foram ao encontro das necessidades de muitas famílias. No início de 2011, a Educação Infantil passou a ser administrada pelo município, com o nome de Centro Municipal
de Educação Infantil João Paulo II, mas permanecendo no mesmo prédio onde antes os trabalhos eram desenvolvidos pela religiosas. As Irmãs, juntamente com os profissionais contratados e estagiários cedidos pela prefeitura, deram continuidade aos projetos. Atualmente, várias oficinas são oferecidas, tais como de música, dança e ginástica rítmica, além de práticas de esportes, leitura, artesanato, bordado, capoeira, apoio pedagógico, PROJOVEM e também ginástica aeróbica para mães dos alunos e outras mulheres dos bairro, através do projeto: Comunidade, Infância Missionária e Articulação da Juventude Salesiana. Com foco em questões humanas, as parcerias entre outras instituições foram fundamentais para que os projetos fossem desenvolvidos. Com esta filosofia, em 2013, teve início a primeira turma do Programa: “Meu Negócio, meu Futuro”, um projeto de qualificação profissional, em parceria com a PROVOPAR de Curitiba. O objetivo do curso era a qualificação para o mercado de trabalho, na área de Auxiliar Administrativo. No mesmo ano, o Programa Mesa Brasil do Serviço Social do Comércio (SESC) passa a ser desenvolvido em parceria com a Instituição. Quanto ao projeto em si, trata-se de um programa de segurança alimentar e nutricional sustentável, que redistribui alimentos excedentes próprios para o consumo ou sem valor comercial. O Centro Educacional João Paulo II, também aderiu ao VIDES (Volontariato Internazionale Donna Educazione Svilupp), o qual é desenvolvido por uma ONG internacional e que tem como finalidade, promover, através do voluntariado, intervenções educativas em favor de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Através de projetos e parcerias, sempre contando com ajuda de pessoas da comunidade, o Centro Educacional João Paulo II continua crescendo e desenvolvendo projetos que visam o bem-estar humano em todas as circunstâncias. •
SERVIÇO Conheça melhor o Centro Educacional João Paulo II: Rua Bernardino R. de Lacerda, 532. Morro Alto. Guarapuava. Paraná. Fone: (42) 3623-5047 Jubileu de Ouro - 67
Há 18 anos a Casa de Formação São José 1998 Freinademetz era inaugurada em Pitanga Um trabalho solidário que contou com a participação maciça de crianças e adolescentes italianos e também das Comunidades da Diocese de Guarapuava se concretizou e é referência em evangelização.
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o dia 20 de janeiro de 1998, a cidade de Pitanga recebia uma das mais belas obras da Igreja Católica. Era inaugurada a Casa Beato Josef Freinademetz, um local construído especialmente para retiros espirituais e a realização de estudos por parte das Paróquias e Instituições da Diocese de Guarapuava. Com mais de dois mil metros quadrados de área construída e localizada em uma chácara de noventa e seis mil metros quadrados, em meio à mata, contendo um bosque digno de cartão postal, a construção da Casa São José (como é conhecida atualmente, numa tradução para o português do nome do fundador), começou com o desejo de Dom Frederico Helmel, primeiro Bispo da Diocese de Guarapuava ainda em 1975, nove anos depois da fundação da Diocese. Segundo um artigo escrito pelo Padre Cassiano Waldner, que trabalhou naquela Paróquia e também exerceu a função de Administrador Diocesano, Dom Frederico, percebendo a necessidade de uma casa de formação naquele local falou do assunto em reunião e encarregou os Padres para que providenciassem o quanto antes a elaboração de um projeto que contemplasse a obra que, naquele momento, se fazia necessária para atender, principalmente às Paróquias do Decanato Pitanga. À época, a construção da nova Igreja Matriz Sant’Ana estava em andamento e, de acordo com relatos de integrantes da diretoria paroquial, não seria possível iniciar mais uma construção, mesmo que 68 - Diocese de Guarapuava
a necessidade de tal obra fosse visível. Os esforços, naquele momento, estavam voltados para a conclusão da construção da igreja e não havia meios de angariar recursos para outras obras. Em 1993, o Padre Roberto Anhof, do Departamento das Missões da Diocese Italiana de Bozen Brixen, instituição situada na Região de Tirol, na Itália, em visita à Diocese de Guarapuava, fez uma proposta ao Padre Cassiano Waldner, que naquele momento atuava como Administrador Diocesano, para que a Diocese de Guarapuava elaborasse um projeto que fosse ao encontro das necessidades da comunidade naquele momento; que este seria financiado,
em grande parte, pela Missão Italiana. De imediato, segundo escreve Padre Cassiano em seu artigo que publicou em um informativo paroquial alguns anos depois, a sugestão feita por Dom Frederico Helmel em 1975 lhe veio à mente. “Logo me lembrei da tarefa não cumprida e apresentei o projeto para ele [Padre Roberto Anhof]. Já em 1993, recebi uma contribuição inicial. Em 1994, nosso projeto piloto foi contemplado com dez por cento da arrecadação prevista. A proposta de Padre Roberto foi de assumir setenta por cento da construção da casa de encontros e formação através da ‘Ação Três Reis Magos’”, destaca o Sacerdote em seu artigo.
A Ação Três Reis Magos, é um trabalho missionário desenvolvido pela Diocese de Bozen Brixen, aonde crianças e adolescentes das 280 Paróquias, entre o Natal e a Epifania, vão, em grupos de seis, fantasiados de Três Reis Magos e visitam as casas executando canções que destacam o nascimento de Jesus Cristo. Durante esta peregrinação, eles interpretam a adoração dos Reis Magos para com o Cristo recém-nascido e, em seguida, pedem uma doação aos moradores, explicando, portanto para qual projeto será a arrecadação daquele ano. 0987654 As arrecadações do ano de 1994 naquela Diocese Italiana, além de contemplar outras instituições, foi, também, em prol da construção da Casa São José, em Pitanga. Os resultados dos trabalhos das crianças e adolescentes foram expressivos e essenciais para a elaboração de diversos projetos da Igreja em todo o mundo. Com o montante arrecadado e destinado à Diocese de Guarapuava, as obras da Casa São José Freinademetz foram iniciadas. Os trinta por cento que ainda precisavam ser arrecadados, passaram a ser prioridade máxima naquele instante, pois caso não conseguissem os valores, as obras não poderia ser concluídas. Através de reuniões, a comunidade foi chamada a participar do projeto que beneficiaria a todos. Houve, portanto, união entre os Padres, através dos Movimentos Comunitários, como Diretorias de Capelas, Movimento de Cursilho, Renovação Carismática, Apostolado da Oração, Legião de Maria, Peregrinos de Damasco, Círculos Bíblicos, Grupo de Jovens, Ministros da Eucaristia, oficina Santa Rita, Serra Clube, além de trabalhos intensos das Pastorais do
Foto: Edgar de Souza
Dízimo, da Criança e da Família, fizeram a diferença naquele momento. Também foram envolvidos os Catequistas e Catequizandos, juntamente com a Congregação da Caridade São Vicente de Paulo, além de toda a comunidade para que as obras não parassem e o restante do valor referente à construção da Casa fosse arrecadado. O empenho de todos os envolvidos foi a motriz para que tudo acontecesse. Em 1998, portando, em uma cerimônia marcante para toda a Diocese, a Casa São José, foi inaugurada pelo Bispo Diocesano Dom Giovani Zerbini, com a presença de diversos Padres da Diocese e também da população. Desde então, são 18 anos de existência de um dos mais importantes Centros de Formação para a Diocese
de Guarapuava. Além de acolher eventos das quinze Paróquias do Decanato Pitanga (sendo uma de Rito Ucraniano – Paróquia Nossa Senhora da Glória), muitos eventos em nível regional também são realizados naquele local com frequência. Com quarenta quartos e capacidade para hospedar até 140 pessoas para pernoite, além de auditório, salas de reuniões, cozinha, refeitório e capela, a Casa São José passou a oferecer conforto e comodidade para todos os que participam de encontros naquele local. Na parte externa, um amplo estacionamento, bosque e campo de futebol compõem o cenário belo e tranquilo, ideal para orações e reflexões. Através da união de forças, um sonho, que há mais de quarenta anos
já fazia parte dos objetivos do primeiro Bispo da Diocese de Guarapuava, Dom Frederico Helmel, hoje figura de forma concreta na evangelização de toda a população. Durante as quase duas décadas de existência, a Casa de Encontros e Formação São José, em Pitanga, é um exemplo vivo da partilha e da realização de sonhos que vêm ao encontro dos interesses de uma vasta comunidade. Ao celebrar o Jubileu de Ouro da Diocese de Guarapuava, reviver momentos de partilha como foi a construção da Casa São José, é de fundamental importância, pois destaca de forma clara que através dos trabalhos comunitários e da partilha, a realização dos sonhos são possíveis e perduram suprindo as necessidades de muitas pessoas. •
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Dom Antônio Wagner da Silva: 2000 Meio século a serviço da fé Quarto Bispo a assumir a Diocese de Guarapuava, Dom Wagner encontrou pela frente muitos desafios. Porém, imbuído de espírito missionário e contando com apoio da comunidade, conseguiu vencer os obstáculos.
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o olhar do homem, a comunicação que esfuzia. Vontade pulsante de ser melhor enquanto pessoa, de fazer o melhor a cada instante para todos à sua volta. Esta é a percepção que se tem ao conhecer o Bispo da Diocese de Guarapuava, Dom Antônio Wagner da Silva. Movido a desafios e paixão latente pela Igreja, o religioso nunca hesitou sobre seguir seu coração sempre embasado no discernimento e na justiça que vem de Jesus Cristo, face humana de Deus vivo. Dom Wagner foi nomeado Bispo no dia 29 de março de 2000 pelo Papa João Paulo II. Ele foi ordenado e empossado como Bispo Coadjutor da Diocese de Guarapuava no dia 18 de junho do mesmo ano com o Lema Episcopal: Que todos sejam um. De lá para cá, são 16 anos de muito trabalho em prol da Diocese que se sente cada vez mais honrada e grata em tê-lo como pastor, conselheiro e, sobretudo, como amigo/irmão que nunca deixa a comunidade sucumbir diante dos percalços do dia a dia. Vocacionado, Dom Wagner professou seus primeiros votos com 22 anos de idade. A partir de então, os trabalhos frente à Igreja só aumentaram. A partir de então, muitos foram os desafios enfrentados por ele. Nascido no dia 25 de março de 1944, em Luz, Minas Gerais, a vocação sacerdotal se manifestou muito cedo no menino. Apoiado pela comunidade e pela família que sempre exerceu a base
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fundamental em sua vida foi acolhido pela Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus (SCJ), na cidade de Lavras, no mesmo Estado. Dali em diante, a busca por conhecimento por parte do jovem Wagner foi sua messe, seu objetivo principal. Passou por várias cidades para seguir seus estudos, como Corupá, Brusque, Taubaté e São João del Rey, onde obteve licenciatura em filosofia. No dia 11 de dezembro de 1971, Antônio Wagner da Silva era ordenado Padre. Famílias, amigos, conhecidos, gente que, de uma forma ou de outra passou pela vida de então Padre Wagner, são unânimes em dizer: Ele sempre deu prova de ser um sacerdote autêntico, um verdadeiro operário a serviço de Deus e das pessoas, sem distinção de quem quer que fosse ou da situação em que se encontrava. Sua visão pastoral e ousadia de um sonhador permitiram que se consagrasse como um verdadeiro homem das comunicações inserindo, sem receio
algum, a Igreja na mídia e dando voz à comunidade em todos os locais onde trabalhou. Inspirado nos ensinamentos de São Vicente de Paulo que diz que: “Quando cuidamos dos negócios de Deus, Ele cuidará de nossos negócios”, o Sacerdote nunca se deixou abater ante qualquer dificuldade que houvesse. Amante das artes de um modo geral, mas principalmente da boa música, foi agraciado com o dom do canto e, neste quesito, suas celebrações são as mais perfeitas manifestações da alegria e do louvou a Deus que é o alicerce da existência, o Mestre de todas as coisas. Com uma retórica brilhante, as pregações de Dom Wagner são de fácil entendimento e, por isso, tocam fundo na alma humana, fazendo com que a verdadeira Palavra transcenda ao físico e ecoe pelos corações e mentes, retumbando numa canção de amor pela vida. A perspicácia do homem que há meio século fez seus primeiros votos reli-
giosos, também o levaram a ser um brilhante administrador das causas da Igreja em todas as comunidades por onde passou. Fiel ao fundador de sua congregação, o padre Leon Dehon, Dom Wagner nunca deixou de levar consigo o grande mandamento deixado pelo sacerdote que é: “Ir ao povo”. Para isso, o mesmo Padre escreveu que é preciso que: “Deus venha possuir o nosso coração”. Ele destaca ainda em seus escritos, que: “Somos aliados naturais do povo”. Dom Wagner, fiel discípulo dehoniano, não deixou perecer a chama em seu coração que tem latência por disseminar o verdadeiro amor de Deus para com todos os seus filhos através da Palavra Divina e da boa comunicação. O entusiasmo pela evangelização, pelo apoio às comunidades e pela comunicação só cresceu no homem que, a cada dia que passa, torna-se um ícone do seu tempo, travando sempre grandes desafios com visão clara de um futuro onde a igualdade seja sempre o mote principal. O programa “A Voz do Pastor”, levado ao ar pela Central Cultura de Comunicação, através de suas duas emissoras que pertencem à Igreja e também pelos portais de internet da Diocese, refletem as ideias e ideais de um homem inquieto, sempre tomado pelos sonhos e ousadias naturais de quem tem jovialidade e a certeza de que tudo pode ser melhorado, lapidado como uma verdadeira joia. Além de Bispo da Diocese de Guarapuava, Dom Wagner é o Bispo Referencial das Comunicações do Regional Sul 2 da CNBB. Como tal, não mede esforços no incentivo e envio de pessoas da comunidade a participarem de encontros de comunicação, como o Mutirão das Comunicações (MUTICOM), por exemplo, evento de nível nacional que acontece a cada dois anos, reunindo profissionais e leigos interessados neste assunto com palestras de alto nível referentes a diversos assuntos em evidência.
Localmente, Dom Wagner também está sempre buscando alternativas no sentido de melhorar a participação da comunidade em se tratando da tarefa importantíssima para a Igreja que é comunicar, falar, disseminar a Palavra nos diferentes âmbitos. Exemplo disso foi a organização e realização do Primeiro Muticom Paranaense do Regional Sul 2 da CNBB, quando Guarapuava sediou o evento de 23 a 25 de outubro de 2015. Além disso, a Diocese é reconhecida em todo o país por sempre estar presente, através de seus representantes, em eventos relacionados à comunicação e ao ser humano sejam estes de cunhos profissional, sacerdotal ou leigo. Esta é uma das maiores conquistas em se tratando de Diocese.
Nestes cinquenta anos da Diocese de Guarapuava, que coincidem com meio século de profissão dos primeiros votos religiosos de seu Bispo, a Instituição, através das suas 47 Paróquias, 1053 comunidades religiosas distribuídas nos quatro Decanatos, celebram com grande alegria esta data que se estende por todo o Ano Jubilar. Dom Wagner é o quarto Bispo da Diocese de Guarapuava. Em seus 16 anos na cidade, através de seu trabalho pastoral, conseguiu reunir pessoas e transformar famílias junto à Igreja. Nesta publicação especial para o Jubileu de Ouro da Diocese, os votos são de agradecimento pelos projetos desenvolvidos por Dom Wagner ao longo do tempo em que trabalha na Diocese. • Jubileu de Ouro - 71
Momento marcante para Guarapuava ao 2016 sediar a Assembleia dos Bispos do Paraná A cada ano que passa, a Diocese de Guarapuava se firma como referência para o Regional Sul 2 da CNBB. Geograficamente, realizar trabalhos na cidade tem facilitado a locomoção de pessoas de todo o Estado.
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ano de 2016, Ano Jubilar da Diocese de Guarapuava, onde esta celebra meio século de sua fundação, muitos acontecimentos realizados na cidade têm reforçado ainda mais as comemorações de tão importante data, destacando a cidade como uma das mais importantes do Estado. Por estar situada no centro do Paraná, reunir pessoas de outras Dioceses e Arquidioceses se torna tarefa menos dificultosa, ou seja, a cidade está sempre pronta a acolher os eventos da Igreja Católica em âmbito regional. Dentre tantos acontecimentos importantes no ano de 2016, a Assembleia dos Bispos do Regional Sul 2 da CNBB foi um dos que se destacou por sua organização e representatividade. De 14 a 16 de março, mais de 20 Bispos de todo o Estado estiveram reunidos na Casa de Líderes Nossa Senhora de Guadalupe, para debater e tomar decisões sobre diversos assuntos relaciona-
barreira do preconceito e da ganância para que o perdão faça morada em cada um de nós. A misericórdia e o perdão precisam andar lado a lado. Devemos vencer estas barreiras que nos formam, por vezes, nos instigam a não perdoar”, discorreu o celebrante. Para o anfitrião, Dom Antônio Wagner da Silva, Bispo da Diocese de Guarapuava e referencial da comunicação do Regional Sul 2, receber a Assembleia dos Bispos em Guarapuava foi motivo de muita satisfação e de alegria. Dom Wagner destacou o Jubileu de Ouro da Diocese como uma grande graça para todos os que vivem nesta região e lutam para que as palavras de Cristo ecoem e provoquem mudanças em todos. “Estamos vivendo um momento único e maravilhoso em nossa Diocese. O Jubileu de Ouro é uma verdadeira graça para todos nós que temos na Igreja nosso alicerce. Receber a Assembleia dos Bispos do Regional (Sul 2) é também um dos acontecimentos que nos motiva a seguir
dos à Igreja e às Comunidades do Paraná. A missa de abertura da Assembleia, que aconteceu na Nova Catedral Nossa Senhora de Belém, foi uma celebração marcante e que emocionou o público. A celebração da missa que foi presidida por Dom Mauro Aparecido dos Santos, Arcebispo de Cascavel e Presidente do Regional Sul 2 da CNBB, contou com a presença dos Bispos e também de diversos Padres da Diocese. Na ocasião, Dom Mauro destacou o Ano da Misericórdia como ponto de partida para todos os Cristãos que pretendem seguir os passos de Jesus Cristo. “Precisamos fazer a vontade de Cristo. Fazendo a vontade de Cristo, estamos vivendo a misericórdia e também, fazendo nossas vontades. Cristo deve ser nossa meta. Precisamos estar dispostos a anunciar a este Cristo vivo que está em nosso meio pronto a nos auxiliar, a suportar nossas angústias e dores”, disse Dom Mauro durante a homilia, naquela ocasião. Ele também destacou o perdão como a grande oportunidade que os cristãos têm de se tornarem pessoas melhores e, de fato, fazer acontecer o melhor em suas comunidades. “O perdão está cada vez mais difícil. Notamos isso em nosso meio. É preciso que quebremos esta
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1: Diác. André Lima. 2: Pe. Reonaldo Pereira da Cruz. 3: Pe. Acácio Evêncio de Oliveira. 4: Pe Mário Spaki. 5: Pe. Gilson José Dembinski. 6: Pe. Valdecir Badzinski. 7: Dom Getúlio Teixeira Guimarães (Emérito. Diocese de Cornélio Procópio) 8: Pe. Benediktus Jemiun. 9: Dom Laurindo Guizzardi (Emérito. Diocese de Foz do Iguaçu). 10: Pe. José Manoel Timoteo. 11: Dom Volodemer Koubetch (Metropolia Católica Ucraniana São João Batista). 12: Pe. Geraldo Macagnan (Administrador diocesano. Diocese de Palmas). 13: Dom Giovanni Zerbini (Emérito. Diocese de Guarapuava). 14: Dom Orlando Brandes (Arquidiocese de Londrina). 15: Dom Dirceu Vegini (Diocese de Foz do Iguaçu). 16: Dom Edmar Peron (Diocese de Paranaguá). 17: Dom José Mario Scalon Angonese (Arquidiocese de Curitiba). 18: Dom Francisco Javier Delvalle Paredes (Diocese de Campo Mourão). 19: Dom Antônio Wagner da Silva, SCJ (Diocese de Guarapuava). 20: Dom João Carlos Seneme (Diocese de Toledo). 21: Dom Francisco Carlos Bach (Diocese de São José dos Pinhais). 22: Dom Celso Antônio Marchiori (Diocese de Apucarana).
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em frente com foco na luz brilhante do Espírito Santo”, destacou Dom Wagner. Reuniões, celebrações e partilha de experiências permearam os trabalhos durante os três dias. Segundo os participantes, o contato com os Bispos das mais diferentes Regiões do Estado serviu para reforçar os laços de amizade e de compreensão entre as comunidades e suas realidades. Ao término do evento, foi feito um balanço das atividades trabalhadas durante os três dias. Bispos e Arcebispos consideraram que a Assembleia foi extremamente produtiva e que esta serviu de balizamento a reger as atividades do Regional Sul 2. Dentre os diversos assuntos que estavam na pauta das reuniões e que foram amplamente debatidos, a proibição total da venda de bebidas alcoólicas nas festas e eventos da Igreja, os processos de nulidade matrimonial, a aquisição das vinte mil bíblias para a catequese da Guiné Bissau e também
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segundo destaca, se agravou ainda mais depois da morte do Bispo Dom João Alves dos Santos, ocorrida em abril de 2015. O atual Bispo daquela Diocese é Dom Edmar Peron, que assumiu seus trabalhos no dia 17 de Dezembro de 2015, tendo sido nomeado pelo Papa Francisco em novembro do mesmo ano. “Trabalhamos várias questões importantíssimas neste encontro, mas dentre elas, a que considero de grande importância, foi a colaboração por parte das Dioceses do Regional Sul 2 para com a Diocese de Paranaguá que atualmente passa por dificuldades, tendo esta se agravado ainda mais com a morte de seu Bispo Dom João Alves. Depois de assumir os trabalhos, Dom Edmar esclareceu suas dificuldades e todas as Dioceses se comprometeram em colaborar, durante um ano, para que a Diocese de Paranaguá possa se recuperar e dar passos mais concretos na evangelização daquela região”, considerou Dom Geremias. Uma celebração finalizou os trabalhos da Assembleia dos Bispos do Paraná que apresentaram relatórios sobre as decisões e orientações trabalhadas durante os três dias. O encontro também foi uma preparação para a Assembleia Nacional dos Bispos que aconteceu no mês de abril em Aparecida, São Paulo e que reuniu cerca de quinhentos Bispos e Arcebispos de todo o Brasil. •
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questões documentais acerca do Centro Indígena São João Diego em Guarapuava, que desde o ano de 2015 está sob responsabilidade da CNBB encabeçaram os trabalhos dos religiosos. Para o Bispo de Paranavaí, e Vice -presidente do Regional Sul 2, Dom Geremias Steinmetz, o encontro foi de extrema importância para todas as Dioceses do Regional Sul 2. Ele fez uma avaliação que considerou positiva dos assuntos trabalhados e grifou que a Assembleia foi um momento perfeito de encontro e de partilha do vários assuntos que ocorrem no Regional. Na oportunidade, Dom Geremias também salientou sobre as orientações que os Bispos tiveram, a partir das discussões aventadas no encontro, em se tratando de pessoas ligadas ao Clero que têm a intenção de se candidatar a um cargo público nas próximas eleições. Segundo o Bispo, decidiu-se pela proibição de tal ato em se tratando de pessoas que fazem parte do Clero. Quem descumprir a determinação será responsabilizado e poderá responder por seus atos junto às Dioceses. Dom Geremias também destacou em entrevista, a ajuda que as Dioceses do Estado oferecerão à Diocese de Paranaguá que passa por dificuldades financeiras atualmente. O problema,
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23: Dom Mauro Aparecido dos Santos (Arquidiocese de Cascavel). 24: Dom Sérgio Arthur Braschi (Diocese de Ponta Grossa). 25: Geremias Steinmetz (Diocese de Paranavaí). 26: Dom Agenor Girardi (Diocese de União da Vitória). 27: Dom José Antonio Peruzzo (Arquidiocese de Curitiba). 28: Dom Antônio Braz Benevente (Diocese de Jacarezinho). 29: Dom Manoel João Francisco (Diocese de Cornélio Procópio). 30: Pe. Cícero Pereira de Souza. 31: Dom Meron Mazur (Eparquia Imaculada Conceição). 32: Pe. Francisco Pontarollo Neto. 33: Dom João Mamede Filho (Diocese de Umuarama). 34: Pe. Itamar Abreu Turco. 35: Pe. Erico Gabriel Gurkowski. 36: Pe. João Rocha, IMD. 37: Dom Anuar Battisti (Arquidiocese de Maringá). 38: Pe. Rogério de Melo. 39: Pe. Daniel Willemann. 40: Pe. Sebastião Pereira. 41: Pe. Agostinho Orlei Grande. 42: Pe. Fernando. 43: Pe. Adriano Wierzyski Toczek. 44: Pe. Thiago Alberto Grande. 45: Pe. Luiz Grudznski. 46: Pe. Claudemir da Silveira Didek. 47: Pe. Sercio Ribeiro Catafesta.
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Desde 01 de abril de 2016, Guarapuava conta 2016 com um novo local de acolhida A Casa de Acolhida Nazaré oferece espaço para refeição, descanso e pernoite para pessoas de outras cidades e que estão com familiares em tratamento de saúde em Guarapuava.
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naugurada no dia 01 de abril de 2016, a Casa de Acolhida e Retiros Nazaré, que funciona na Paróquia Santa Cruz, em Guarapuava, é o mais novo endereço de solidariedade pronta a atender toda a região. A instituição que funciona no que antes era a Casa Paroquial daquela comunidade, tem por objetivo acolher familiares de pessoas de outros municípios e distritos e que estão em tratamento nos hospitais e casas de saúde de Guarapuava. Segundo o Padre daquela Paróquia, Alan Hildeu Felício, da Congregação da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo Passionistas (CP) a intenção de transformar a residência dos Padres da Paróquia Santa Cruz em uma casa de acolhida, surgiu no começo de 2015. A ideia, de acordo com ele, amadureceu em um retiro que os religiosos fizeram na cidade de Ponta Grossa no mês de agosto do ano passado onde expuseram as ideias aos demais religiosos que lá estavam. O projeto, segundo explicou Padre Alan, foi acatado por todos e, a partir de então, a intenção foi apresentada à comunidade. “A casa era muito grande para que apenas duas pessoas morassem na mesma. Além do mais, sentimos que muitos familiares de pessoas doentes de outros municípios precisavam de um lugar para ficar quando vinham a Guarapuava para tratamento médico. Pensamos no assunto e expusemos a ideia em um retiro que fizemos em Ponta Grossa em agosto do ano passado (2015). Nosso projeto foi aceito e, a partir de então, contamos sobre a
ideia para a comunidade, para a Diocese, enfim. A partir daí, tiveram início os trabalhos concretos e de viabilização do projeto”, detalhou Padre Alan. Para pernoite, a casa tem capacidade de abrigar 20 pessoas diariamente. Em se tratando de permanência durante o dia, para descanso e refeições, a capacidade de acolhida dobra e a Casa Nazaré tem capacidade para receber até quarenta pessoas de outras cidades. Quem decidirá sobre a acolhida, bem como suas
“Para nós, é motivo de muita alegria receber a todos e poder fazer o melhor para estas pessoas.”
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necessidades, são as instituições de saúde onde os familiares estão internados. A casa, conforme explicou o sacerdote, não faz nenhum tipo de triagem, de modo que só receberá as pessoas que foram previamente selecionadas pelas instituições de saúde e, posteriormente enviadas para acolhida. Padre Alan detalhou que, além de pernoite para até 20 pessoas, três refeições diárias, banho e espaço para descanso, os hóspedes da casa também contarão com translado até as unidades de saúde onde os parentes em tratamento se encontram. Ele também grifou a generosidade das pessoas da Paróquia que encamparam o projeto e,
de imediato passaram a colaborar para com a obra social. “Além do pernoite para as 20 pessoas, três refeições por dia, banho e espaço para repouso, os hóspedes também contarão com translado gratuito até os hospitais e unidades de saúde onde se encontram seus parentes enfermos. Dispomos de dois motoristas voluntários que nos ajudam nesta tarefa. Recebemos da comunidade todo o aparato para as camas e adequação da casa, bem como alimentação. Agradecemos imensamente por tudo isso. A comunidade tem sido muito generosa para com nosso projeto e considero isso uma obra de Deus. Em se tratando da manutenção da casa e da contratação de funcionários para as tarefas internas, estas ficam a cargo da Paróquia”, explicou Alan. A nova residência dos padres foi transferida para uma casa menor que pertence à Paróquia e que fica a aproximadamente cem metros da Igreja. No dia da inauguração da Casa de Acolhida, também tomou posse o Padre Mauro Aparecido Sávio, que chegou a Guarapuava para ajudar com os trabalhos da Paróquia. “Com a vinda do Padre Mauro, somamos três padres na Paróquia. É motivo de muita alegria a realização deste trabalho que vem beneficiar tanta gente dos municípios vizinhos e dar um pouco de conforto para estes familiares que, além de estarem com parentes doentes, também passam por dificuldades em se tratando de estadia. Considero este espaço uma providência de Deus”, descreveu o Padre.
DIVULGAÇÃO Ao contrário de outras novidades, como por exemplo, a inauguração de um estabelecimento comercial onde a procura aumenta nos primeiros dias de trabalho, a busca pela Casa de Acolhida Nazaré não tem sido grande desde sua abertura. De acordo com o Padre Alan, um trabalho de panfletagem e de ampla divulgação está sendo realizado na intenção de que aumente a quantidade de pessoas na casa, tanto para pernoite quanto para descanso diário e refeições. “A procura pela casa ainda é pequena. Mas entendemos que é muito cedo para fazer uma avaliação dos resultados. Contamos com 20 voluntários e sete coordenadores e, em horários alternados, fazemos a divulgação da Casa junto aos hospitais e instituições de saúde. Come-
çamos bem cedo e conversamos com as pessoas que vêm com as ambulâncias e ônibus para tratamento médico. Algumas pessoas de Pitanga, Rio Bonito do Iguaçu e outros municípios vizinhos têm frequentado a Casa de Acolhida Nazaré. Para nós, é motivo de muita alegria receber a todos e poder fazer o melhor para estas pessoas que, como seus parentes doentes, também sofrem”, detalhou Alan. Na noite da inauguração da Casa, o Bispo Diocesano Dom Antônio Wagner da Silva disse que a comunidade, agora, pode contar com mais um espaço de acolhida e de amor. Ele também destacou que, seguindo os ensinamentos do Papa Francisco, a Igreja Católica precisa, cada vez mais, se aproximar das pessoas e, através da acolhida, promo-
ver a caridade. “Este espaço que se abre hoje é um espaço de amor, de acolhida e de caridade. Estamos pondo em prática as propostas de há muito, da Igreja, seguindo as orientações do Papa Francisco. Diante de estruturas que nós temos e que no passado serviram a outros propósitos, agora, precisamos nos abrir e dar a estes locais, finalidades que venham ao encontro do povo”, grifou Dom Wagner. O Bispo também enfatizou a importância da nova instituição para a Diocese de Guarapuava, no ano em que esta comemora seu Jubileu de Ouro. Segundo Dom Wagner, ter em seu meio uma instituição como a Casa de Acolhida Nazaré é motivo de muitas alegrias para toda a comunidade. •
SERVIÇO A Casas de Acolhida Nazaré está situada junto à Paróquia Santa Cruz e Nossa Senha das Dores. O endereço é: Rua Padre Salvador Renna, 961, Bairro Santa Cruz, em Guarapuava. Informações sobre colaborações e doações para com a Casa podem ser obtidas através do telefone: 42 3623-1801, na Secretaria Paroquial. Jubileu de Ouro - 75
Diocese de Guarapuava vive o 2016 auge do seu Jubileu de Ouro Segundo Dom Antônio Wagner da Silva; é hora de começar a preparar os próximos cinquenta anos. De acordo com ele, as crianças de hoje serão os protagonistas do próximo Jubileu.
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esde o último dia 26 de junho de 2016, a diocese de Guarapuava vive o ponto mais alto do seu momento jubilar. Após um longo caminho de preparação e muitas celebrações, o tempo de ouro da diocese já pode ser festejado em toda a sua grandiosidade, em toda a sua plenitude. A festa em comemoração aos cinquenta anos da Diocese que foi celebrada no domingo dia 26 de junho, reuniu milhares de pessoas das quarenta e sete paróquias, além de autoridades de diversos setores que prestigiaram o evento que simbolizou um marco histórico para a cidade e para a Igreja. O Bispo Diocesano Dom Antônio Wagner da Silva evidenciou que muito se fala de tempo, mas é preciso também de
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acordo com ele, levar em consideração as caminhadas e as conquistas obtidas através dos esforços de todos. Dom Wagner sublinha que nos cinquenta anos de existência da Diocese muitas foram as ajudas recebidas de toda a população para que as coisas acontecessem. Ele destaca os grupos de oração e a doação por parte dos sacerdotes, religiosos e leigos como o grande acontecimento em se tratando de desenvolvimento da Igreja Particular. “Estes cinquenta anos significam uma bela caminhada muito frutuosa em nossa Diocese. Esta caminhada envolveu bispos, religiosos e pessoas da comunidade, os puxadores de reza, os catequistas que de fato, fizeram com que muitas coisas maravilhosas acontecessem. Muitos permanecem anônimos, mas para nós, enquanto comunidade deixaram suas marcas e continuam a deixar em muitos momentos de nossas vidas. Agora, nesta celebração, notamos o envolvimento deste grande número de pessoas que, unidas em oração celebra o Jubileu de Ouro”, expressou Dom Wagner.
O descerramento da placa comemorativa aos cinquenta anos da Diocese foi um momento de rememorar as conquistas obtidas até então ao longo de meio século de fundação da instituição. Moradores que participaram da criação da Diocese, os pioneiros, se disseram felizes pelo momento único, emocionante e muito importante para toda população. O prefeito de Guarapuava, Cesar Silvestri Filho, que participou das comemorações do Jubileu, destacou que se sente honrado em fazer parte desta importante família que é a Igreja Católica e também por estar à frente dos trabalhos da cidade num momento único para toda a população dada a importância da instituição para as conquistas e desenvolvimento de toda a região. Com a Nova Catedral Nossa senhora de Belém lotada, a missa presidida por Dom Wagner, com a participação de vários padres da diocese emocionou a todos
“São as crianças que farão acontecer os próximos cinquenta anos.” Dom Wagner
os presentes, quem acompanhou a transmissão pelo rádio através da Central Cultura de Comunicação e também pela internet através de aplicativos. “Por muitos anos esta Diocese recebeu e continua a receber ajuda de fora, de outros países, de outras instituições. Para sua construção e para a construção de casas para as pessoas da comunidade, muita ajuda financeira veio da Europa. Este apoio foi importantíssimo para nós. Agora, é nosso momento de retribuir e estamos fazendo com o envio de nossos missionários e também com a ajuda às dioceses mais pobres de nosso país e fora dele. Nosso trabalho enquanto cristão deve ser levado cada vez mais a sério, pois como nos indica o Papa Francisco, é preciso termos em mente que nossa Igreja deve ser uma comunidade em saída, que vai ao encontro dos que mais precisam”, classificou Dom Wagner em sua homilia. Ao final da missa, o Bispo abençoou as crianças e grifou que são elas [as crianças] “que
farão acontecer os próximos cinquenta anos”, aludindo às comemorações do centenário da Diocese. O momento do encontro das quatro imagens peregrinas de Nossa Senhora de Belém que percorreram as paróquias e comunidades, provocou emoção e reflexão em todos. A apresentação de um número de dança promovido por jovens integrantes da Jornada Diocesana da Juventude (JDJ) transmitiu alegria e muita animação entre os presentes. Na ocasião, o grupo de jovens da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Turvo, Juventude Caminhando Junto (JuCaJu), recebeu as felicitações pela conquista do concurso que lhes garantiu a participação na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que aconteceu no mês de julho na cidade de Cracóvia, na Polônia. Para o Padre Acácio Evêncio de Oliveira, pároco da Catedral, o Jubileu de Ouro não se encerrou com as comemorações, mas sim, abriu espaço para novas conquistas a partir de agora. “Estamos vivendo o auge
do Ano Jubilar. Este é o momento de celebrarmos com muita fé e de comemorarmos com muita alegria os cinquenta anos da nossa Diocese. O dia de hoje nos faz relembrar a data de fundação desta que é a maior diocese do Paraná, mas as festas deste Ano Jubilar vão prosseguir não só durante o ano de 2016, conforme seu calendário, mas por muito tempo. Como disse Dom Wagner, a partir de agora, estamos em preparação para os próximos cinquenta anos”, comemorou padre Acácio. Nesta edição comemorativa do Jubileu de Ouro da Diocese de Guarapuava, falar a cada pessoa das diversas comunidades que compõem este mosaico humano é poder viver um momento de graça. O tempo não para e cabe a cada um fazer e oferecer seu melhor nesta constante construção de valores e de devoção que transforma a vida de todos deixando cada pessoa plena e apta a viver novas experiências, com base nos ensinamentos de Jesus Cristo e de Nossa Senhora de Belém, Padroeira desta Diocese. •
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Um ano de gratidão, memória e compromisso. “Em tudo dai graças a Deus” (1Ts 5,18)
Nossa Senhora de Belém, rogai por nós.
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