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COLEÇÃO

FLASHBACK! ANOS 70

CHIC GLORIA GAYNOR BEE GEES DIANA ROSS ABBA

DONNA SUMMER



COLEÇÃO

FLASHBACK! ANOS 70


SUMÁRIO ANOS 70: A ERA DISCO ABBA: O FENÔMENO POP HITS DOS ANOS 70

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8 • CONFESSIONS ON A DANCE FLOOR 12 • AS ORIGENS ENRAIZADAS NO ATIVISMO DE MINORIAS

14 • THANK YOU FOR THE MUSIC 19 • DISCOGRAFIA

20 • FLASHBACK! HITS DA DÉCADA


CONFESSIONS ON A DANCE FLOOR Música disco, disco music, discoteca... são muitos os nomes que batizam esse estilo musical, tão famoso nas danceterias de todos os cantos do mundo durante os anos 1970. A psicodelia, a influência latina e os famosos falsetes marcam a “Era Disco”. Mas a história desse ritmo de música vai muito além dos globos de discoteca e luzes coloridas.

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ANOS 70: A ERA DISCO


Não dá para definir exatamente quando surgiu a música disco, já que ela se caracteriza muito mais como um novo capítulo da música negra do que como um estilo independente. Porém, é possível encontrar um ano divisor de águas nessa história: 1973. Nessa época, começam a explodir nas rádios gravações de Betty Wright, Harry Wayne “K.C.” Casey e KC and the Sunshine Band. Antes, porém, muitos artistas de soul music já produziam canções que se aproximavam do que viria adiante. Entre eles, Stevie Wonder e Manu Dibango. Mas, especialmente, Isaac Hayes, com uma das trilhas mais famosas do cinema, a de Shaft, em 1971.

Dali em diante, muita coisa aconteceu e nomes pipocavam quase que mensalmente durante toda a década de 70, com destaque para a primeira diva da música disco, Donna Summer, embalada pelo sucesso de I Feel Love. Bee Gees, ABBA, Chic e The Jacksons, que seria conhecido no mundo todo pelo talento de seu integrante mais jovem, Michael Jackson, são outros nomes pesados dessa fatia da cultura negra. Queen, The Rolling Stones, Elton John e até Pink Floyd são alguns artistas que embarcaram nessa onda durante seu pico. Nos cinemas, nada representou e marcou mais essa época da cultura popular do que o filme Saturday Night Fever (Os Embalos de Sábado à Noite), que revelou John Travolta para o mundo.

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ANOS 70: A ERA DISCO

Flashback | Anos 70

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As origens enraizadas no ativismo de minorias Nova York e Filadélfia foram as grandes capitais do começo da música disco, que se espalhou, especialmente, pelas boates frequentadas por negros, latinos e homossexuais. As principais bandeiras iniciais do estilo se uniam aos protestos em favor aos direitos das minorias que davam suporte ao ritmo na época, além de iniciar uma campanha contra o domínio de artistas brancos no rock e a depreciação da música dance .

Unidos sendo dominados pela ala Republicana, conhecida por ser mais conservadora e representada na figura de presidentes como Ronald Reagan, Gerald Ford, que começara seu mandato na década anterior, e George H. W. Bush, ganham força as manifestações contrárias ao estilo e as discotecas começam a se desfazer diante do preconceito de movimentos contrários ao domínio de negros, latinos e homossexuais. Assim, a música disco é obrigada e deixar suas raízes e migrar para A criação das discotecas e o espírito de liberdade, outros lugares do mundo, especialmente tanto sexual quanto comportamental, que na Europa, onde segue fazendo sucesso e a música disco dava aos seus consumidores, evoluindo, cada vez mais eletrônica e moderna. fez com que o estilo ganhasse imenso espaço na cultura de massa na época e o sucesso Mas o ritmo dançante do estilo deixou se prolongou durante toda a década de heranças e se viu representado até em seu 70, especialmente nas regiões com maior maior rival, o rock, que voltou a ganhar força população negra dos Estados Unidos. na década de 80, só que, agora, muito mais eletrônico, abusando de sintetizadores, O início dos anos 1980 não foi bom para a batidas eletrônicas e roupas extravagantes. música disco. Pelo contrário. Com os Estados

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ANOS 70: A ERA DISCO

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THANK YOU FOR THE MUSIC Reconhecidamente o grupo de maior sucesso comercial dos anos 70, o ABBA foi o foco de um revival no início dos anos 90, quando a coletânea ABBA Gold ficou no topo das paradas ao redor do mundo. A imagem alegre e os discos cativantes fizeram do grupo estrelas internacionais — Nelson Mandela chegou a dizer que é sua banda pop preferida. Ironicamente, foi o sucesso estrondoso que, de acordo com os integrantes, levou ao fim do grupo em 1982, após ameaças de morte e sequestro.

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ABBA: O FENÔMENO POP

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A música “SOS” do álbum “ABBA” deu ao grupo o primeiro lugar da parada britânica por nove vezes seguidas, de 1974 a 1980.

Quando se conheceram em junho de 1966, Benny Andersson tocava teclado no The Hep Stars, um dos grupos suecos mais populares daquela década, e Björn Ulvaneus fazia parte do grupo folk Hootenanny Singers. A empatia foi tanta, que ao fim daquele ano eles já haviam estabelecido uma parceria regular como compositores e talvez por isso Benny tenha deixado o Hep Stars logo depois, enquanto o Hootenanny entrava em estúdio com Stig Anderson (1931-1997), o produtor da Polar Music que cuidou da carreira do ABBA anos mais tarde. Foi em 1969 que a dupla de compositores encontrou a “outra metade” que compôs o 16

ABBA: O FENÔMENO POP

quarteto. A norueguesa Anni-Frid Lyngstad, também conhecida como Frida, imigrou para a Suécia ainda menina e começou a cantar pouco antes de Agnetha Fàltskog, que vinha mantendo uma carreira bem sucedida desde o lançamento de seu primeiro single, em 1967. Ela e Björn casaram-se em junho 1971; Frida e Benny, em outubro de 1978, mas no início o encontro foi fundamentalmente musical. Eles colaboraram uns com outros no instrumental de algumas músicas, na produção, e nos vocais de base de trabalhos solo e em dupla, até que a musicalidade das quatro vozes combinadas deu-lhes a ideia de participar do Festfolk de 1970, o que não deu muito certo,

mas colocou-os na trilha certa. Em 1972, com o lançamento do single ‘People Need Love’, eles passaram a serem conhecidos como Björn & Benny, Agnetha & Anni-Frid.

apresentava pelo acrônimo “ABBA”, a junção da primeira letra de seus nomes. ‘Waterloo’ não só impressionou o júri internacional, como emplacou todas as paradas europeias e ainda entrou no Top 10 dos Estados Unidos. A música ‘SOS’ do álbum ABBA deu ao grupo o primeiro lugar da parada britânica por nove vezes seguidas, de 1974 a 1980. ‘Mamma Mia’ também foi hit, o número um da Austrália, onde foi lançado em agosto de 1975. O mesmo aconteceu nos anos seguintes, somando seis primeiras posições. Em 1976, quando o disco Arrival chegou à s lojas, as músicas ‘Money, Money, Money’ e ‘Knowing Me, Knowing You’ já eram hits imbatà­veis. Além disso, as diferentes compilações lançadas na Austrália e na Grã-Bretanha fizeram um sucesso tão estrondoso que ainda continuam constando nos registros de maiores vendagens de álbuns na história destes paà­ses.

O ABBA estava no auge. Todos os shows na A receptividade do público serviu de incentivo Europa e na Austrália tiveram capacidade de para a inclusão da música ‘Ring a Ring’ no público esgotada, de janeiro a março de 1977. concurso Eurovision de 1973 e embora tenham Durante a turnê australiana, eles aproveitaram ficado em terceiro lugar, o single e o álbum para gravar o filme ABBA - The Movie, que de mesmo nome conquistaram as primeiras estreou junto com o disco The Album, em posições da parada sueca, além de virar hit dezembro do mesmo ano. E enquanto isso em vários países europeus. Razão pela qual acontecia, as clássicas ‘Fernando’ e ‘Dancing eles voltaram ao concurso no ano seguinte, Queen’ dominavam todas as paradas mundiais, desta vez indo à grande final na Inglaterra incluindo a posição mais elevada da Billboard com a música ‘Waterloo’. Aquele abril foi americana. Diante disso, faltava sair em um marco na história do grupo, que já se campanha pelos Estados Unidos e foi o que Flashback | Anos 70

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eles fizeram. Lá, o single ‘Take a Chance On Me’ oscilava entre os três primeiros do ranking e o disco ABBA - The Album percorria as 20 primeiras posições. Em abril de 1979, o lançamento do sexto álbum foi recebido pelos fãs como um alento. Björn e Agnetha haviam anunciado o divórcio no começo daquele ano e Voulez-Vous pôs fim aos boatos de que o grupo tinha acabado. Para mostrar que vida continua, eles saíram em uma grande turnê que passou pelo Canadá, Estados Unidos e Europa. Depois foram ao Japão, onde realizaram os últimos concertos ao vivo. A segunda metade de 1980 foi destinada à s gravações de Super Trouper, o álbum da clássica ‘The Winner Takes It All’. Dois anos depois, Björn e Benny passaram a privilegiar o revival das carreiras-solo de Agnetha e Frida, o único disco lançado pelo grupo foi a coletânea The Singles - The First Ten Years, com duas músicas novas de bônus. Ao final de 1982, eles decidiram parar. No mesmo ano em que os membros do ABBA se separaram, uma produção francesa de um show ‘tributo’ (um musical de TV infantil chamado Abbacadabra que usou 14 canções do ABBA) gerou um novo interesse na música do grupo.Em setembro de 1992 foi lançado ABBA Gold: Greatest Hits, uma nova coletânea. O single Dancing Queen voltou à ativa nas rádios do Reino Unido no verão de 1992 para promover o álbum Gold. Como resultado, a

música voltou ao Top 20 das paradas de sucesso no Reino Unido em agosto desse ano, atingiu a posição de 16º lugar. Com o enorme interesse na compilação Gold, foi lançado More ABBA Gold: More ABBA Hits em 1993. Em 2005, todos os quatro membros do ABBA apareceram na estréia do musical Mamma Mia,

em Estocolmo. Em 4 de julho de 2008, todos os quatro membros ABBA foram reunidos na estréia sueca de Mamma Mia! O Filme. Foi apenas a segunda vez que todos eles tinham aparecido juntos em público desde 1986. Björn Ulvaeus afirmou que ele queria que a banda fosse lembrada como eram durante os anos de pico de seu sucesso.

RING RING

WATERLOO

ABBA

ARRIVAL

1973

1974

1975

1976

THE ALBUM

VOULEZ-VOUS

SUPER TROUPER

THE VISITORS

1977

1979

1980

1981

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flashback! HITS DA DÉCADA Os hits mais importantes, as músicas mais icônicas e inovadoras, que continuam influenciando a música pop até hoje.

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HITS DOS ANOS 70


LADY MARMALADE LABELLE 1974

A música teve inspiração nas experiências de Bob Crewe em Nova Orleans e nas garotas de programa da área. Uma delas, chamada Lady Marmalade, aparece para um homem chamado Joe, flerta com ele e o leva para casa. Joe bebe vinho e grita palavras em francês enquanto ela toma banho. A canção foi escrita em partes, explica o compositor Kenny Nolan: “Eu tinha uma parte da canção aqui e outra lá, e ainda precisava de algo. Bob e eu viemos com a ideia do ‘Voulez-vous couchez avec moi ce soir’. Foi como um quebra-cabeça que finalmente se encaixou”. 22

HITS DOS ANOS 70

A canção foi gravada primeiramente pelo The Eleventh Hour, um grupo de músicos de estúdio liderados por Kenny Nolan nos vocais, porém não obteve sucesso. Então, Bob mostrou a música para Allan Toussaint em Nova Orleans e ele decidiu gravá-la com o LaBelle. “Lady Marmalade” foi a primeira faixa de Nightbirds, o primeiro álbum de LaBelle após elas reinventarem sua imagem e mudado de nome (antes chamavam-se The Blue Belles). Lançado como o primeiro single do álbum, estourou nas discotecas e então se espalhou pelas rádios. Entrou para o Hot 100 em 4 de Janeiro de 1975 e chegou em primeiro lugar 12 semanas depois. Flashback | Anos 70

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Y.M.C.A. VILLAGE PEOPLE 1978

YOU MAKE ME FEEL (MIGHTY REAL)

Os Village People sempre foram muito positivos sobre sua energia e sobre o que eles faziam. “Nós nunca cantamos sobre corações partidos ou sonhos despedaçados”, disse Randy Jones, o “cowboy”, “e um lugar muito positivo é a YMCA (conhecida no Brasil como Associação Cristã de Moços). Eles providenciaram comida, abrigo, e encorajamento espiritual para muitas pessoas por mais de um século. É uma instituição muito positiva, por isso que decidimos cantar sobre isso”. No entanto, a música foi implicitamente entendida na cultura gay como uma celebração da reputação da YMCA como um ponto popular para encontros e pegações, especialmente para os homens mais jovens, aos quais a instituição era destinada.

SYLVESTER 1978 A faixa foi gravada originalmente como uma melodia gospel conduzida no piano, no entanto, depois que o produtor Patrick Cowley viu um ensaio da música na discoteca da cidade de San Francisco, ele se ofereceu para remixar a canção. O resultado foi um dos registros pioneiros do disco ao usar instrumentação eletrônica e efeitos, seguindo de perto por “I Feel Love”, da Donna Summer, que teria uma grande influência nas décadas de 80 e 90 no estilo da música dance. Críticos têm descrito “You Make Me Feel (MIghty Real)” como “a maior gravação” de Sylvester, “a base da música disco gay”, e “uma gravação épica na história da disco”, expressando ainda a visão de que “Sylvester impulsionou seu falsete muito acima de seu alcance natural e montou ritmos mecânicos que correram em direção a velocidade de escape, criando um novo poderoso campo sonoro, e ‘de outro mundo’ o suficiente para articular a felicidade requintada da utopia das pistas de discoteca”.

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HITS DOS ANOS 70

ABC THE JACKSON 5 ABC foi escrita e produzida pelo grupo “The Corporation”, montado em 1969 pelo chefe da Motown, Berry Gordy, para criar hits para os Jackson 5, a nova aposta da gravadora. O time criou “ABC” como uma amostra alto-astral para seu mais novo e menor protegido, Michael Jackson, de apenas 11 anos de idade. Em suas descompromissadas apresentações ao vivo, Michael já estava sendo descrito como “uma miniatura de James Brown”, “uma criança prodígio desenvergonhada”. Os Jackson 5 estavam facilmente entre os mais inovadores e imitados grupos pop do início dos anos 70. Eles foram os pioneiros do bubblegum soul e, com isso, venderam mais que qualquer outro artista na história da Motown.

1970

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I FEEL LOVE DONNA SUMMER 1977

“I Feel Love” foi gravada em 1977 no álbum “I Remember Yesterday” e era considerada futurista na época em que foi lançada, gravada com sintetizadores e uma orquestra. Em entrevista a Brian Eno, David Bowie disse que a primeira vez que ouviu a faixa “tinha ouvido o som do futuro”. “É isso, não procure mais nada. Este single vai mudar o som da música para os próximos 15 anos”, comentou Bowie. “I Feel Love” ganhou aura icônica dentro da disco music, influenciou a new wave dos 1980 e foi ponto de partida para a house, o tecno e praticamente tudo o que foi feito depois na música eletrônica. “Ninguém, inclusive eu, pensava que poderia tornar-se um sucesso tão grande e revolucionar o uso de sintetizadores no mundo da dança eletrônica”, diz Giorgio Moroder sobre o hit. “Quando começamos a compor essa música, estávamos escrevendo várias canções ao mesmo tempo. Estava ficando complicado, então eu disse a Giorgio: ‘Vamos deixá-la simples, com menos letra”, contou Donna Summer. “Deixamos praticamente uma linha vocal. Ficou simples, direto, limpo. O vocal te carrega para cima e para baixo.” É um clima que Donna conhece, pois frequentava clubes nos anos 1970. “Saía para dançar todas as noites e ficava até amanhecer. Quando comecei a fazer muito sucesso, não dava mais, não conseguia me divertir por causa do assédio.”

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THAT’S THE WAY (I LIKE IT) KC AND THE SUNSHINE BAND 1975

O single captura um pouco do entusiasmo da KC & The Sunshine Band em seus shows. Provavelmente a mais sugestiva sexualmente de todas as suas canções, é notável por seu arranjo de trompete sensacional e os vocais femininos autênticos. Os “un-huh” de Casey alternados com os “un-huh” das backing vocals criam um efeito sexual positivo. De acordo com Casey, a versão de “That’s The Way (I Like It)” que foi primeiro lugar em Novembro de 1975 era muito mais comportada do que a primeira versão: “Eu tive que esfriá-la. Os ‘un-huhs’ eram gemidos mais explícitos e eu tive que limpar isso consideravelmente. Era 1975 e eu apenas pensei que era um pouco malicioso demais”.

HEART OF GLASS BLONDIE 1978 Debbie Harry e o guitarrista Chris Stein escreveram a canção como “Once I Had A Love”, em seu apartamento sujo de Nova York, e a banda se referia a ela como “The Disco Song” (a canção disco). Debbie disse que “as letras não eram sobre alguém. Eram apenas um gemido lamentoso sobre amor perdido “. O tecladista Jimmy Destri providenciou o sintetizador. O resultado trouxe punk e disco juntos na pista de dança. “Chris sempre quis fazer música disco”, disse Jimmy. Nem todos os fãs de rock deles concordaram. “Nós costumávamos tocar ‘Heart of Glass’ para chatear as pessoas”, acrescentou. “As pessoas ficaram nervosas e irritadas quando nós trouxemos diferentes influências ao rock. Embora tenhamos cantado ‘Lady Marmalade’ e ‘I Feel Love’ em shows, muitas pessoas estavam com raiva de nós por ‘fazer música disco’ com ‘Heart of Glass”, disse Debbie.

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HITS DOS ANOS 70

YOU’RE THE ONE THAT I WANT

Olivia Newton-John & John Travolta 1978 No final do filme Grease, a conservadora e doce Sandy (Olivia

Newton-John) aparece vestida com uma peça de couro preto apertada, surpreendendo Danny (John Travolta). Eles superam os constrangimentos sociais do ensino médio e declaram seu desejo um pelo outro, entrando no clima da música. Olivia Newton-John e John Travolta eram um par interessante para o filme. Olivia era uma cantora e estrela global, mas tinha pouca experiência com atuação e estava nervosa para interpretar uma menina no ensino médio aos 29 anos. Travolta era uma estrela de cinema ascendente, e seu personagem protagonista no filme de 1977, Saturday Night Fever, fez dele uma sensação.

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I’M EVERY WOMAN CHAKA KHAN 1978

Enquanto ainda gravava com a banda Rufus até o começo dos anos 80, Chaka Khan fez uma estreia impressionante como artista solo no final dos anos 70. Em 1978, ela lançou seu primeiro álbum “Chaka”, pela Warner Bros Records, onde o destaque ficou por conta de “I’m Every Woman”, hino empoderador e hit número 1 nas paradas de R&B e número 21 nas paradas pop, escrito por Nicholas Ashford e Valerie Simpson especialmente para ela. Lançada em 1978, “I’m Every Woman” estabeleceu a carreira disco de Chaka Khan na época e mostrou mais poder para as mulheres. A ideia de todas as mulheres em uma só, é justamente o conceito de que qualquer mulher pode fazer e ser o que quiser. A mensagem foi claramente passada no vídeo da música, o qual mostra cinco Chakas em roupas diferentes. Nessa época, vídeos de música ainda não eram comuns. Nos anos 90, a canção foi regravada por Whitney Houston para a trilha sonora de The Bodyguard, que é a trilha sonora mais vendida de todos os tempos.

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STAYIN’ ALIVE BEE GEES 1977

TAKE ME HOME CHER 1979 Após lançar quatro álbuns de estúdio que foram fracasso de vendas, Cher foi à sede da Casablanca Records, com o intuito de começar a gravar um novo disco. Ela estava com esperanças de gravar músicas com pinceladas de rock and roll, mas foi rapidamente avisada por Neil Bogart, o fundador da Casablanca, a mergulhar na música disco antes de gravar um gênero que, de acordo com ele, ela não era muito boa. A cantora foi relutante para aceitar seu conselho, pois ela considerava música disco como um gênero “superficial” e não acreditava que era “música séria”. No entanto, ela seguiu o conselho e começou a trabalhar com Bob Esty, que produziu álbuns para Donna Summer e Barbra Streisand.

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HITS DOS ANOS 70

O empresário dos Bee Gees, Robert Stigwood, abordou a banda para um filme sobre a discomania. “Ele disse ’Vocês gostariam de fazer a trilha sonora para um filme?’ Nós dissemos ‘Que filme?’ ‘Um que estou fazendo. Ainda nem tem título. Talvez pudessem pensar nisso também” disse Robin Gibb. “Quando nos mandará o roteiro?’ Ele disse, “Ainda não tenho um roteiro. Vocês só devem se virar com a trilha sonora.’” “Stayin’ Alive” acabou abrindo Saturday Night Fever, enquanto John Travolta caminha com estilo pelas calçadas da cidade. “’Stayin’ Alive’ é sobre sobreviver na cidade grande – qualquer uma – mas basicamente Nova York,” disse Robin. “Quando vimos o filme ficamos surpresos que tudo encaixava. Nós ficamos perplexos, já que nunca tínhamos visto o roteiro.”

I WANT YOUR LOVE CHIC Lançada após a épica “Le Freak”, a uptempo suave “I Want Your Love” foi o topo das paradas em seu próprio direito no início de 1979. Simples, mas ainda extremamente texturizada, é uma lamentação autobiográfica e agridoce de um amor não correspondido de Nile Rodgers, guitarrista e co-fundador da banda Chic. Dominante aqui é o riff de quatro notas da canção, que se desenrola através da introdução de sinos antes de ser arrastada para as cordas alegres que finalmente conduzem a melodia. Ecoado por trompetes e vocais, o refrão ligeiramente melancólico “Eu quero o seu amor, eu preciso do seu amor” foi a apaixonada repetição que fez da música tão cativante um círculo sem fim – uma obra-prima sonora.

1978

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LOVE HANGOVER DIANA ROSS 1976

“Love Hangover” começa suave e muda de ritmo para se encaixar na febre da discoteca. Diana Ross repetia na década de 70 o mesmo sucesso que havia feito nos anos 60 à frente do trio vocal The Supremes. No entanto, a cantora não estava muito a vontade com a proposta de gravar uma música dançante, pelo menos não ao estilo da discoteca. Convencida pelo produtor Hal Davis, ela resolveu aceitar a sugestão. Durante a primeira parte é possível escutar um belíssimo arranjo e a voz quase sussurada de Diana Ross. O single está em seu quarto disco, que foi lançado em fevereiro de 1976. No mês seguinte o compacto também foi disponibilizado pela gravadora Motown. A música chegou ao primeiro lugar da parada americana, além de ter rendido à cantora uma indicação ao Grammy.

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Para que Diana Ross se soltasse durante a parte dançante dessa música, o produtor Hal Davis teve uma ideia. Ele pediu ao engenheiro de som que instalasse um equipamento de luz estroboscópica no estúdio. Quando “Love Hangover” muda de ritmo, começaram os efeitos de luz que transformaram o local numa verdadeira discoteca. O clima de festa contagiou a cantora e o resultado é que Diana se divertiu durante a gravação.

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LOST IN FRANCE BONNIE TYLER 1976

KILLING ME SOFTLY WITH HIS SONG

Em 1975, Bonnie Tyler foi descoberta por um caçador de talentos em um clube no País de Gales, e foi convidada à Londres para gravar umas faixas demos. Meses se passaram, e então ela recebeu uma ligação da RCA Records, oferecendo a ela um contrato. Logo após o lançamento do single, Bonnie se submeteu a uma operação para a retirada de nódulos das suas cordas vocais. Ela falhou em seguir o período de seis semanas descansando recomendado pelo seu médico e acabou ficando com uma voz rouca diferenciada e permanente. “Quando eu ouço Lost In France agora, eu penso, meu Deus, essa sou eu?” disse ela. “Eu não soo nada como aquilo agora. Eu sou bem mais rouca agora, por causa de todo esse tempo que cantei e também por causa da remoção dos nódulos.”

ROBERTA FLACK

VOULEZ-VOUS

1973 “Eu peguei um voo de Los Angeles para Nova Iorque, e no avião haviam oito canais diferentes de música que você poderia ouvir em fones individuais. Eu desci a lista de músicas em um canal e cheguei em ‘Killing Me Softly With His Song’. Pensei, ‘Hmm, isso é diferente’, e me conectei ao canal. Eu disse, “Eu vou esperar por essa” e deitei a cabeça esperando chegar a hora. Quando eu ouvi, eu surtei. Eu absolutamente surtei. Quando cheguei em Nova Iorque, fui para o hotel e liguei para Quincy Jones. Eu disse, ‘Me diga como achar os caras que escreveram essa música”. Roberta Flack então lançou “Killing Me Softly With His Song” no fim de janeiro de 1973, e dentro de um mês, a canção recebeu certificado de ouro, rapidamente subindo nas paradas.

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ABBA A faixa de apoio para “Voulez-Vous” (a música) foi gravada no Criteria Studios, em Miami, onde os Bee Gees fizeram a maior parte de suas gravações disco, e o resto da gravação foi concluída em Estocolmo. Foi a proximidade com os estúdios que deram Björn e Benny a ideia de arriscar, e, em seguida, esta viagem para compor nas Bahamas viu o nascimento da melodia. Os músicos que eles usaram eram membros do grupo de disco Foxy, que tiveram recentemente um hit no Top 10 dos Estados Unidos com ‘Get Off’. “Voulez-Vous” é a única música do ABBA gravada fora da Suécia.

1979

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I WILL SURVIVE GLORIA GAYNOR 1978

Hino da comunidade LGBT Em 1979, a carreira de Gloria Gaynor estava desmoronando. Ela havia sido substituída por Donna Summer como a principal diva disco, e Gloria, que na época tinha 32 anos de idade, tinha recentemente sofrido com a morte de sua mãe e tinha feito uma cirurgia na coluna. Então quando ela cantou “I Will Survive”, ela trouxe atitude extra. A canção era originalmente um lado B, mas depois que DJs começaram a tocá-la nas discotecas, se tornou um hit. Considerada o maior hino LGBT, transformistas e drag queens de todas as nacionalidades ajudam a manter vivos os momentos mágicos da música disco, interpretando essa e outras músicas do gênero sempre que têm oportunidade, utilizando, muitas vezes, recursos de mímica e dança em suas apresentações.

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HITS DOS ANOS 70

Gloria Gaynor conta que, ao gravar “I will survive” – a música de 1978 que lhe renderia o título de “rainha da disco” –, sabia que estava diante de um hit. Em entrevista ao G1 por telefone, a cantora afirma que atribuiu o presságio a duas tragédias pessoais. “Antes da gravação, eu tinha feito uma cirurgia de coluna, e minha mãe havia morrido...”, recorda. “Na época, pensei: ‘Se coloquei essas duas coisas na música – e elas não tinham nada a ver com a letra –, as outras pessoas provavelmente vão estabelecer o mesmo tipo de relação.” Funcionou, embora talvez não como imaginasse a intérprete. De ícone da disco music, “I will survive” converteu-se em cântico da libertação feminina e, posteriormente, em hino da comunidade gay.


POP MUZIK m 1979

“Eu estava tentando criar uma fusão de vários estilos que, de alguma forma, resumiria os últimos 25 anos da música pop”, disse Robin Scott, criador do projeto M. “Era um ponto deliberado que eu estava tentando fazer. Enquanto o rock and roll tinha criado uma lacuna de gerações, a música disco estava juntando as pessoas numa escala enorme. É por isso que eu queria, de verdade, fazer uma declaração simples e vaga, que era, basicamente, ‘Tudo o que estamos falando sobre é música pop.” A canção atingiu o primeiro lugar nas paradas em mais de sete países e foi um dos singles mais populares de 1979.

DON’T GO BREAKING MY HEART ELTON JOHN & KIKI DEE 1976 “Nós estávamos em Barbados para o Natal, e Elton veio até a mim e disse, ‘Eu realmente quero escrever algo uptempo, uma coisa meio soul, meio disco’”, disse Bernie Taupin. “Então eu subi as escadas e comecei a bater nas teclas da máquina de escrever. Em cinco minutos eu fiz algo, desci as escadas, e apenas entreguei a ele. Nos próximos cinco minutos, ele terminou, e foi maravilhoso. Essa foi uma daquelas coisas que se desencadeiam imediatamente. Logo que ele tocou, eu disse, “Bom, esse será o próximo single. Isso é um hit. ” Elton então sugeriu gravar como um dueto, com sua cantora favorita, Kiki Dee. “Don’t Go Breaking My Heart” decolou no início de julho de 1976 e, por agosto, já era o single favorito nos Estados Unidos. “O que eu sempre digo sobre nossos álbuns, nossa música, nossas canções, ” disse Bernie, “é que eu fico feliz que elas vendam o tanto o quanto vendem. Isso não é puramente porque estou fazendo muito dinheiro. Eu só amo o pensamento de saber que milhões de pessoas estão ouvindo o que escrevemos. É um sentimento bom – quero dizer, um sentimento muito bom. É isso o que me deixa feliz.” 40

HITS DOS ANOS 70

SEPTEMBER EARTH, WIND & FIRE Em 1978, a banda negociou um novo contrato com a Columbia que lhes deu a sua própria gravadora, a ARC. O primeiro fruto foi a coletânea “The Best of Earth Wind & Fire, Vol. 1”, e “September”, um novo single que subiu para o número um nas paradas de R&B. A faixa representou o talento de Maurice White para escrever hinos do soul alegremente otimistas. No centro da música estão o crescente Phenix Horns e o falsete do Philip Bailey fechando a canção com vários “bow dee ow dee ow dee ow”. Era uma referência ao doo-wop, contou Maurice à revista Billboard, em 1979, “Meu princípio para produzir é prestar atenção às raízes da América, que é a música doo-wop”.

1978

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Editor

Bruno Anjos Rommel da Silveira Coordenação editorial Mauro Hallal dos Anjos Revisão Mauro Hallal dos Anjos

Instituto Federal Sul-Rio-Grandense Curso técnico em Comunicação Visual - Turma 8M Trabalho acadêmico desenvolvido no primeiro semestre de 2016 para a disciplina de Projeto Editorial.

Projeto gráfico

Impressão Graphos Cópias

Diagramação

Capa Impressão a laser, papel couchê 170g/m2

Bruno Anjos Rommel da Silveira Bruno Anjos Rommel da Silveira Rommel, Bruno. Coleção Flashback! - Anos 70 / Bruno Anjos Rommel da Silveira / 2016. 11f., 19x19cm. Orientado por Mauro Hallal dos Anjos. Trabalho de conclusão de curso (Técnico Integrado) - Instituto Federal Sul-Rio-Grandense. 1.Pop 2. Anos 70. 3. Música. 4. Donna Summer. 5. ABBA I. Rommel, Bruno. II. Instituto Federal Sul-RioGrandense. III. Coleção Flashback! - Anos 70.

Interior Impressão a laser, papel couchê 115g/m2 Tipografia Candara (texto) Bebas Neue (títulos e subtítulos) Century Gothic (sumário, rodapé, sinopse, cólofon e ficha catalográfica)

Bruno Rommel brun.rommel@gmail.com www.lojasodapop.tumblr.com



COLEÇÃO

FLASHBACK!

A Coleção Flashback! é uma coleção composta por 6 fascículos, onde cada um representa uma década diferente da música pop, desde os anos 50 até os anos 2000, com o objetivo de contar um pouco sobre cada subgênero que caracterizou a década e ainda curiosidades sobre alguns dos hits mais importantes, que continuam influenciando a música pop até hoje. Cada fascículo acompanha um CD com músicas selecionadas.

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