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Boletim Informativo Clube Niteroiense de Montanhismo Ano VIII – número 18 Fundado em 20/11/2004

Niterói, Setembro de 2012

Dedo de Deus

100 anos

• Contusões X Arnica • CNM na Semana do Meio Ambiente • • Dicas relacionadas ao mosquetão • Ponta da Joatinga •


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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 18

TENTANDO NOS ACHAR: TRILHAS CIRCULARES DO PARQUE NACIONAL DA TIJUCA Por Alessandra Neves

O Parque Nacional da Tijuca inaugurou no dia 17 de junho, o maior sistema de trilhas sinalizado do Brasil, composto pelos circuitos Major Archer e Castro Maya, no Centro de Visitantes da Unidade, localizado no setor Floresta da Tijuca, Alto da Boa Vista. O evento, [...] foi a primeira ação do Projeto Travessias, que pretende implementar e sinalizar trilhas em outros nove Parques Nacionais. Os circuitos externo, Major Archer, e interno, Castro Maya, homenagem a dois importantes personagens históricos, tiveram seus respectivos levantamentos topográficos iniciados em abril, quando receberam a sinalização indicativa que servirá de modelo para outros parques. Apesar de trabalhar apenas com trilhas pré-existentes em seu percurso, a integração proposta destas é o grande diferencial do projeto, pois resgata diversos pontos turísticos de considerável valor histórico-cultural para a cidade, apresentandoos de maneira gradual no decorrer dos roteiros. Idealizadas pelo atual Diretor de Criação e Manejo de Unidades de Conservação do Instituto Chico Mendes, Pedro Cunha e Menezes, as trilhas circulares de longa duração do Parque Nacional da Tijuca conduzem os visitantes por mais de 30 quilômetros, contextualizando estruturas históricas dos séculos XVIII e XIX, como Capela Mayrink e as ruínas do Sítio Midosi, com panoramas clássicos da Unidade, como o Pico da Tijuca e o Bico do Papagaio. O circuito interno, com aproximadamente 12 quilômetros, leva dois dias para ser completado, enquanto o externo, com quase o dobro da extensão, 20 quilômetros, propõe um roteiro de quatro dias. Outra novidade provém da sinalização rústica, que estabelece uma iconografia simples e de fácil entendimento na compreensão dos trajetos a serem percorridos. Setas com tinta nas cores amarela e vermelha, inseridas principalmente em árvores e rochas. Além disso, dezenas de placas, sendo 52 de madeira plástica feita com resíduos industriais, vegetais, minerais, entre outros, indicarão os destinos e os sentidos dos percursos. Os mapas dos circuitos estarão disponíveis para download no site do Parque e em folhetos detalhados, distribuídos gratuitamente em seus principais pontos. O Instituto Chico Mendes (ICMBio), responsável pela gestão do Parque Nacional da Tijuca, acredita que a inau-

guração dos circuitos circulares vai aumentar a visitação e ajudar, inclusive, no manejo das trilhas, visto que o fluxo de visitantes diários da Unidade será dividido ao longo dos dois novos trajetos. Em harmonia com pressupostos da Rio+20, o projeto aposta na visão atual de um turismo ecológico que se baseia na colaboração da sociedade para garantir a preservação de áreas verdes, mediante um trabalho de educação ambiental agregado aos princípios de conduta consciente em ambientes naturais. Conhecer para conservar. Fonte: http://www.parquedatijuca.com.br/noticias.php MUTIRÕES DO PNT

Aproveitando a oportunidade e espaço aberto para divulgação no boletim CNM, Lúcio M. Palma, da Monitoria Ambiental e Voluntariado do Parque Nacional da Tijuca e, equipe, disponibilizam a todos o calendário dos próximos mutirões em 2012. 01/07 – PICO DA TIJUCA 14/07 – PEDRA DA GÁVEA 19/08 – PAPAGAIO/COCANHA 15/09 – MORRO DA TAQUARA 21/10 – FELIZARDO 10/11 – CACHOEIRA DAS ALMAS 02/12 – CIRCUITO SÃO MIGUEL / MUSEU DO AÇUDE + CONFRATERNIZAÇÃO

PARTICIPEM!!


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SEGURANÇA: ALGUMAS DICAS SOBRE MOSQUETÃO Por Eny Hertz

Frequentemente surgem na lista de discussão do CNM sugestões sobre manutenção do mosquetão. Na página da Black Diamond há as seguintes recomendações.

Por sua vez, também são comuns considerações sobre a forma de uso de um mosquetão no loop e no corpo do baudrier na página da PETZL, onde há artigo com recomendações sobre seu uso seguro e adequado.

drier. Na publicação, recomendam que o mosquetão esteja sempre preso a essa parte do equipamento, cuja fabrição prevê o suporte de, no mínimo, 16KN como recomenda a norma CE, assim como o baudrier. Fabricantes atuais preferem trabalhar numa margem de segurança mais alta para que com o passar do tempo a resistência do baudrier e do loop fique sempre acima dos 16KN. Encontramos loop, ao sair da fábrica, suportando até 32KN. Os testes de produção, em sua grande maioria, são feitos no loop e não nas alças do baudrier. Para tranquilidade dos escaladores, os testes mostram que a maior parte das quedas está abaixo de 4 KN. Porém nem sempre os acontecimentos são como planejados. Há vários acidentes com comprometimento do loop em quedas com dissipação de energia de apenas 10 KN... bem abaixo dos 16 KN exigidos! Para ficarmos na zona de segurança: algumas técnicas recomendam que o escalador troque o baudrier a cada ano, independente de seu uso. Outros colocam uma tabela ligada a frequência de uso: para uso diário em 2 anos; em uso de 2 a 3 vezes por semana em 3 anos; com uso semanal troque em 4 anos; e somente uma vez por mês ou menos, compre um baudrier novo a cada cinco anos. Uma dica em relação a segurança citada pelos Daflon é colocar um cordelete kevlar ou dyneema de 5,5 mm ao lado do loop, para reforçá-lo. A resistência destes materiais nesta espessura varia de 13 a 18 KN. Outra recomendação dos autores é nunca colocar um mosquetão nas alças do baudrier, se não, você estará forçando este mosquetão em três pontos quando é projetado para suporte em apenas dois. Cuidado para não encontrar uma caveirinha! Escale com Segurança!

Comentários sobre a segurança do loop também são comuns. Flavio e Cintia Daflon, autores do livro Escale Melhor e com Mais Segurança, falam sobre essa peça do bau-


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SAÚDE

Passe Arnica nas Contusões Por Alessandra Neves e Eny Hertz

Depois de uma longa caminhada, travessia ou simplesmente após uma pequena queda na escalada é recomendado que se coloque gelo na área dolorida (cuidado para não queimar a pele com a baixa temperatura) por 20 minutos, três vezes ao dia nas primeiras 48 h. Este procedimento diminui o processo inflamatório. Uma excelente opção de tratamento paralelo é a Arnica, que pode ser ingerida ou usada como emplasto (não pode ser em pele com corte ou arranhada). Há séculos que esta erva é indicada de forma preventiva e terapêutica nas dores musculares e manchas escuras na pele causadas por contusões. Ela apresenta ação anti-inflamatória, analgésica e anti-séptica. Ela é encontrada tanto nos quintais quanto nas lojas de produtos naturais e ou farmácias homeopáticas. O ideal é que assim que se chegue em casa tome-se a arnica e continue por no mínimo uma semana ou assim que perceber que não há mais manchas ou dores musculares.

Há várias variedades dessa espécie. A Arnica montana também denominada de verdadeira é originária das regiões montanhosas da Europa e da Sibéria, sendo difícil de encontrá-la no Brasil. Há ainda a Solidago chilensis nativa na parte meridional da América do Sul e a Porophyllum ruderale, todas as três espécies são usadas para os mesmos fins e são excelentes interna ou externamente para calos doloridos, bolhas, pancadas, traumatismo, contusões, quedas e fadiga muscular de qualquer natureza. A arnica-brasileira, Solidago chilensis, deve ser utilizada internamente com restrição, por apresentar toxina. ATENÇÃO!

• Todo medicamento deve ser usado com cautela. Qualquer erva pode provocar reação alérgica e apresentar efeitos colaterais em altas doses. • A automedicação pode levar a erros de diagnósticos, à escolha de uma uma terapia inadequada e pode retardar o reconhecimento de uma doença, com a possibilidade de agravá-la. • Consulte seu médico, antes de tomar qualquer tipo de remédio! Fonte: Guia da medicina homeopática de Nilo Cairo; Plantas Medicinais no Brasil de Lorenzi e Matos e “Contusões – Remédios da despensa”, Revista Petros e Você – maio 2012


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AMBIENTE

Limpeza na Margem da Lagoa de Itaipu por Eny Hertz

Para comemorarmos em 2012 o Ambiente, o Clube Niteroiense de Montanhismo – CNM, AMADARCY, Coalizão pelo Mar, Culinária Viva e Ateliê da Vida Simples organizaram um mutirão de limpeza. Somente a sociedade civil planejou e organizou. Nenhum político foi envolvido. Convidamos o Grupo de Escoteiros Guardiões da Honra para participar do evento. O mutirão ocorreu no dia 02 de junho. na página (http://jornal. ofluminense.com.br/editorias/cidades/mutirao-paralimpar-restinga-da-lagoa-de-itaipu) encontra-se o texto abaixo na integra: “A Operação de limpeza incluiu ambientalistas e moradores da região e todos têm o mesmo objetivo: salvar e preservar um dos principais espelhos d’água da Região Oceânica de Niterói. Cenário de beleza e berço natural de diversas espécies de aves, a Restinga da Lagoa de Itaipu, em Niterói, tem sofrido nos últimos anos um dos piores impactos provocados pelo homem em seu ecossistema: o descarte inadequado de lixo. Por conta disso, grupos formados por ambientalistas, incluindo moradores da região e escoteiros mirins realizaram mutirão de limpeza, na manhã de sábado, às margens da lagoa e na mata. “Aqui é uma área pública, de grande fluxo de turismo e lazer, como pesca. Isso já vem sendo acumulado há bastante tempo. É o resultado do nosso viver urbano. O lixo é descartado por pessoas que

circulam na restinga, isso não temos dúvida. Já a maré e os rios acabam devolvendo o lixo jogado nas águas”, explica a ambientalista Ana Lemos, AMADARCY, uma das organizadoras do mutirão. Cadeiras, barracas, aramados, tampinhas, garrafas pets, caixas de isopor, além de copos de plástico e canudos foram encontrados em vários pontos. O encontro aconteceu no Núcleo de Apoio aos Voluntários da Aldeia Guarani de Camboinhas, que fica dentro da restinga. No dia 05 de junho, comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente. “Todos podem abraçar essa causa. Se cada um fizer a sua parte, já é de bom tamanho, porque ambientalistas todos somos. Porém, cada um precisa levantar a bandeira”, acredita Ana. Durante o mutirão, o grupo recebeu lixo eletrônico e medicamentos usados. A Companhia de Limpeza de Niterói (Clin) ficou responsável pelo recolhimento do lixo e entrega de material como luvas e sacos recicláveis. CONSCIENTIZAÇÃO

“Esta é a segunda vez que visitamos a restinga. É triste encontrá-la com tanto lixo. Em tempos de sustentabilidade, ainda nos deparamos com a falta de conscientização das pessoas. Isso precisa ser plantado enquanto criança. Depois de adulto, fica bem mais difícil”, ensina o chefe de escotismo Carlos Eduardo Magalhães. Com ele, 15 crianças do Engenho do Mato também vestiram as luvas e deram início ao “trabalho” de limpeza. A Lagoa de Itaipu é um dos ecossistemas mais importantes para o equilíbrio da Região Oceânica de Niterói. É reconhecida também pela sua importância paisagística e cultural, e como fonte de renda e lazer para a população local e turistas. (O Fluminense) Percebemos que esta tarefa precisará ser repetida algumas vezes tanto para retirar o que ficou do lixo quanto para conscientização da população. Alguns dedicando muito de seu tempo a uma causa, tornam-se notícia. A maioria dedicando parte de seu tempo a uma causa, escreverão a história.


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HISTÓRIA

100 Anos da Conquista do Dedo de Deus Localizado no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, o Dedo de Deus (1692m) se destaca pelo seu formato único e beleza. Símbolo do Montanhismo Brasileiro, o Dedo de Deus é certamente a montanha mais conhecida da Serra dos Órgãos, quiçá do Brasil. Apesar de diversas montanhas terem sido escaladas em data anterior, é a conquista do Dedo de Deus que é considerada o marco do Montanhismo no Brasil pelo alcance do feito e influência que causou. Essa história começou em 1912 com a conquista do Dedo de Deus por cinco jovens teresopolitanos. A CONQUISTA

No início do século XX diversos alpinistas estrangeiros haviam tentado sem sucesso chegar ao cume desta montanha. Ao saber da notícia o ferreiro pernambucano José Texeira Guimarães, radicado em Teresópolis lançou a idéia da conquista. A ele juntaram-se Raul Carneiro e os irmãos Acácio, Alexandre e Américo Oliveira, todos de Teresópolis. Algumas incursões para reconhecimento do local teriam sido feitas pelo grupo, mas a investida que resultaria na conquista teve início na manhã de 6 de abril de 1912, sendo consumido um dia inteiro na caminhada de aproximação e montagem do acampamento-base. A chuva que caiu no dia seguinte não permitiu qualquer avanço. Na manhã do dia 8 são retomados os trabalhos e aí enfrentam o primeiro grande obstáculo: um paredão vertical de aproximadamente 12 m, com uma calha e fissura do lado direito. Ali são colocados, inicialmente 2 grampos de arganel. Com auxílio de um tronco amarrado aos grampos é vencido um lance e alcançado um pequeno platô; mais 2 grampos e o mesmo recurso do tronco, e o paredão superado. O lance que viria a seguir, com 3m e igualmente

vertical é vencido através de uma pirâmide humana, permitindo atingir a base de uma chaminé horizontal muito estreita, com 8 m de extensão, transposta com alguma dificuldade após a colocação de 4 grampos. Neste ponto é preciso enfrentar um lance externo e bastante exposto que exige a colocação de outros 3 grampos aos quais amarram o tronco; mais um obstáculo é vencido. Ao todo foram fixados 19 grampos de arganel (executados por Texeira), alguns dos quais ainda lá se encontravam. Após acender uma fogueira com objetivo de sinalizar para Teresópolis, os conquistadores improvisaram uma cobertura com ramagens e pernoitaram no cume. Não bastasse a persistente garoa, cai a tarde e começa a escurecer. Já não é mais possível prosseguir. Retornam então, à base do primeiro paredão onde, numa reentrância de pedra, se acomodam para passar a noite. Na manhã do dia 9 de abril reiniciam a escalada superando, um a um, todos os lances vencidos no dia anterior. Chegam, finalmente, a uma chaminé bastante estreita mas de pouca dificuldade (“Arranca-botão”). Outra chaminé vem a seguir, esta em forma de V, sendo cravados 3 grampos no primeiro trecho e mais 2 no segundo, permitindo alcançar um platô bastante amplo. Neste ponto já é possível antever a próxima chegada ao cume, mas o obstáculo agora é o paredão negativo de uns 4 m. Colocando um grampo na base e outro a 1,5 m, fixam


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a eles um tronco. Com auxílio de pirâmide humana, fazem subir Alexandre, o mais leve, o qual fixa o último grampo, possibilitando, assim, a subida de todo o grupo. Eram 17:00 do dia 9 de abril de 1912 e o Dedo-de-Deus fora finalmente conquistado! Consta que alguns conquistadores teriam voltado ao Dedo dois anos após a conquista, mas naquela época não existiam associações de montanhismo e não se dispõe de qualquer registro desses eventos. Às 10:00 do dia 10 de abril, após hastearem uma bandeira nacional, os escaladores iniciaram a descida. Em Teresópolis foram recebidos como heróis e seu feito notificado com grande destaque pela imprensa. Feito notável para a época, principalmente se considerarmos que não tinham qualquer noção de técnica de escalada nem o equipamento de segurança de que hoje dispomos. ASCENSÃO ARROJADA

Pela primeira vez a bandeira brasileira tremula no “Dedo de Deus”. Telegrama que acabamos de receber de Therezopolis informa-nos da arriscada expedição que fizeram ao Dedo de Deus os arrojados excursionistas José Teixeira Guimarães, José Américo Oliveira Junior, Accacio José Oliveira, Raul Carneiro e Alexandre José Oliveira, que deram mostras de grande arrojo na perigosa empresa, e também de bello patriotismo, desfraldando naquelas alturas, virgens de vestígio humano, o auriverde pendão brasileiro. É a primeira vez que a nossa bandeira flutua em tão grande altitude. Jornal Correiro da Manhã, 09/04/1912 (terça-feira) A PRIMEIRA ASCENSÃO AO DEDO DE DEUS

De Therezopolis escreve-nos o conceituado capitalista sr. Joaquim Freire, que assistiu á ascensão dos primeiros excursionistas que conseguiram galgar os ásperos cimos do “Dedo de Deus”. “Escrevo-lhe com o espírito incendido e o coração transbordando alegria pelo acontecimento que hoje abalou os que, em Therezopolis, se interessam pelos feitos úteis. Hoje, dia 8, ás 11:45 da manhã, foi galgado o cimo do grande obelisco conhecido pelo nome de “Dedo de Deus”, que na cordilheira dos òrgãos desafiava as audácias humanas. A escalada do imponente obelisco, que até hoje era reputado inacessível, só não abalará o mundo scientifico por ter sido feita por meros touristes, sem maiores preocupações. As 11:45, ascenderam o cimo; ás 12:40 fincavam a primeira bandeira branca, e á 1 hora içaram a bandeira nacional. Devo dizer-lhe, sem vaidades, mas intima satisfação, que fui eu quem primeiro desvendou os felizes profanadores do segredo que a Natureza tão avaramente escondeu nos píncaros daquela pedra. Fui esperal-os à saída da picada, por onde haviam penetrado na serra e vi, com bastante magua, que entre alguns amigos delles só eu representava o elemento veranista. Conduzi-os ao Hotel Hygino, onde bebemos uma taça de champagne.

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Remetto-lhe uma “magnólia silvestre”, colhida no cimo da pedra, onde há alguma vegetação e muita pedra solta. Na próxima quarta-feira serei portador das photographias dos cinco heróes. Será o Correio da Manhã o primeiro a estampar o retrato dos arrojados excursionistas, como foi o primeiro a receber a nova extraordinária ascensão.” Fonte: Jornal “Correio da Manhã”, 10 de abril de 1912 (quarta-feira) Nota: Há uma dúvida acerca da real data em que ocorreu a conquista do “Dedo de Deus”, já que alguns textos informam ter sido o dia 08 de abril e, outros, em maioria, reportam o dia 09 de abril de 1912. Da fonte consultada, não resta dúvida quanto a ser o dia 08 de abril de 1912, uma segunda-feira, o dia da conquista. Ocorre que, por motivo que desconhecemos, a comemoração da conquista no dia nove se tornou uma tradição entre os montanhistas. Fica como registro histórico a matéria publicada no Jornal “Correio da Manhã”. Na semana de 23 de abril a 01 de maio de 2012 parte da comemoração dos 100 anos da conquista foi com invasões de escalada, oficinas, palestras, campeonatos e encontros científicos na Urca. Fonte: http://www.semanademontanhismo.com.br/100anos/a-conquistado-dedo-de-deus


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RELATO DE ATIVIDADE

A Travessia da Ponta da Joatinga Por Adriano Paz

Com a chegada da Semana Santa, eu, Alessandra Neves e Ary Cardoso combinamos a Travessia da Ponta da Joatinga. Esta trilha cruza a Reserva Ecológica da Joatinga (Reserva Estadual) com área de 80.000km2, que está contida na APA de Cairuçu, que é federal, com área de 338.000km2, e tem cerca de 33km de extensão contando com desnível máximo de cerca de 500m.

Planejamos fazer esse percurso em 3 dias, saindo da Praia do Engenho no Saco de Mamanguá, com primeiro pernoite em Martim de Sá e segundo pernoite em Ponta Negra, terminando na Vila do Oratório em Laranjeiras. Sendo que esta travessia é feita normalmente em 5 dias. Saímos na quinta no início da tarde com a intenção de dormir em Paraty-Mirim para acordar cedo e dar início a travessia. Pegamos o ônibus por volta das 16h na Rodoviária de Niterói em direção a Paraty. Chegamos em Paraty por volta das 21h e na mesma Rodoviária tomamos o ônibus para Paraty-Mirim.

Em Paraty-Mirim pernoitamos no camping do Seu Jesus, único camping da localidade, ele fica a poucos metros da praia de Paraty-Mirim. Acordamos cedo e saímos por volta das 8h com o objetivo de pegar um barco para a Praia do Engenho no Saco de Mamanguá. A travessia de barco dura cerca de 30’ ao custo de R$ 30,00 por pessoa, preço em Abril de 2012. Pegamos o barco e atravessamos o Saco de Mamanguá com um visual magnífico e chegamos a Praia do Engenho sem problemas. Em nosso planejamento faríamos este trecho de 13,37km com desnível médio de 400m em nosso primeiro dia, pernoitando em Martim de Sá no fim do dia. Partimos da Praia do Engenho em meio às vielas para encontrar o início da trilha para a Praia Grande de Cajaíba. A dica é ao sair do píer da Praia do Engenho tome à esquerda e depois direita sempre subindo. O início da trilha se dá no quintal de uma casa branca com uma caixa de água azul redonda. Passamos por dentro do quintal da casa e seguimos a trilha após a caixa de água que fica à direita da casa. Durante todo o trajeto até a Praia Grande de Cajaíba esse trecho é feito por dentro da mata subindo. Levamos cerca de 2,5h para chegar na Praia Grande de Cajaíba caminhando cerca de 5,27km e com desnível em torno de 430m com uma forte inclinação. A Praia Grande de Cajaíba é o início tradicio-

nal desta travessia, no final da praia tem dois bares e o último pertence aos donos do único camping da Praia Grande de Cajaíba, praia com cerca de 1km de extensão de areia. No final da praia seguimos a trilha para a Praia do Pouso da Cajaíba. Este trecho segue pelo litoral, passando por praias desertas e habitadas com colônias de pescadores. Passamos por Itaoca (praia deserta), Calhaus (praia


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com colônia de pescadores) e Ipanema (praia deserta) até chegar em Pouso. Esse trecho durou cerca de 2h com extensão de 4,16km e pequeno desnível pois se caminha o tempo inteiro junto ao mar. No Pouso paramos para um lanche, descanso e hidratação, e depois partimos para Martim de Sá de barriga cheia e revigorados. Este último trecho para Martim de Sá percorremos em 1,5h cerca de 4Km com desnível de 300m. Chegamos em Martim de Sá ainda com o dia claro. Martim de Sá é um lugar mágico, com uma praia sensacional. Um lugar paradisíaco que pode-se ficar por dias e dias. Lá só existe uma família residente, do Seu Maneco onde fica o camping do lugar. Ele é uma atração à parte com suas estórias sobre a região. Ele ainda dá uma de guia da região levando as pessoas para conhecer os pontos tu-

rísticos das redondezas. Se for a Martim de Sá não deixe de reservar um tempo para uma boa conversa com Seu Maneco. No dia seguinte ficamos na praia um bom tempo, curtindo o lugar. Por volta das 10h nos aprontamos e partimos para Ponta Negra. Esse trecho é a parte da travessia mais pesada, com uma subida forte por dentro da mata.

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Passamos pelo Saco das Enchovas, lugar onde moram dois dos filhos de Seu Maneco. Depois chegamos em Cairuçu. Lugarejo com várias casas de caiçara. Passamos rápido pelo lugar e adentramos na mata, onde encararíamos o trecho de mais forte subida da travessia. Este trecho é de navegação difícil. Se for fazer essa travessia pela primeira vez tome bastante cuidado. Na dúvida em alguma bifurcação, escolha o caminho que sobe. Se mesmo assim não conseguir se decidir, deixe a mochila e explore o caminho para ter certeza que está fazendo a escolha certa. Depois da extenuante subida, vem a descida não menos íngreme que exige bastante dos joelhos. Após este grande esforço chegamos à Ponta Negra percorrendo 11,40km em 5h com desnível de 580m. Ponta Negra é um lugarejo com várias casas, onde há uma colônia de pescadores. Lá existem dois campings, um próximo à praia e outro mais acima próxima à trilha de saída para a Vila de Oratório (Laranjeiras) que é o camping de Dona Branca, onde ficamos. Ponta Negra possui uma praia pequena, apinhada de casas à beira da praia. Algumas casas são restaurantes em alta temporada. Acordamos cedo e passeamos pelo lugarejo. Há uma diferença grande entre Ponta Negra e Martim de Sá, o primeiro é mais tumultuado e mais habitado, o segundo mais bucólico. O caminhante sente a diferença no momento em que chega a Ponta Negra vindo de Martim de Sá. Após o passeio arrumamos as coisas e partimos para o último trecho da travessia em direção a Vila do Oratório em Laranjeiras.


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Este trecho é o mais fácil da travessia, segue pela costa sem pesadas subidas. Somente uma ligeira subida exigente antes de chegar a Praia do Sono. Partimos de Ponta Negra e após alguns minutos chegamos a Praia de Galetas, uma praia sem areia. Somente pedras de todos os tamanhos tocam as ondas. Atravessamos a praia equilibrando sobre as pedras e chegamos à ponte para atravessar o rio que deságua em um dos seus lados. Cruzamos a ponte a adentramos a mata. Logo após chegamos à entrada da Praia de Antiguinhos. Praia pequena e deserta, chega-se a ela por uma trilha à esquerda junto a um rio, saindo da trilha principal. Voltando a trilha principal chega-se à Praia de Antigos em 5 minutos. Praia mais extensa que Antiguinhos, deserta e com a mesma beleza. Cruzamos a praia sob um sol implacável, o dia estava belíssimo. Como todo bom montanhista, encontramos uma pedra no meio da praia e tratamos de escalá-la. Após esse breve intervalo, metemos o pé para a Praia do Sono, nossa próxima parada. Subimos a trilha e após alguns minutos estávamos no topo com a vista da bela Praia do Sono. Esta praia é muito bonita,

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mas ao contrário das duas anteriores ela é bem mais movimentada. A trilha de acesso desde a Vila do Oratório é bem demarcada e bastante utilizada por moradores e turistas. Mas apesar da grande movimentação, a Praia do Sono não deixa de mostrar seus encantos. Sua extensão é de perder o fôlego, com boas ondas para o surfe. Demos uma parada para um lanche e uma hidratação. Após, seguimos para o ponto final dessa travessia. Caminhamos até o final da praia, subimos uma escadaria e adentramos em um trecho de mata com uma trilha bem aberta. Esta parte da travessia é de fácil navegação com dois pontos de abastecimentos de água. Percorremos esse trecho em mais ou menos 1h. Chegamos a Vila do Oratório com muitas estórias e lembranças. Foi um fim de semana desfrutado com belíssimas paisagens e grandiosa companhia. Se tiverem oportunidade, não deixem de fazer essa travessia. Vale à pena pelo visual e com boa companhia fica perfeito.


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ATIVIDADES

Atividades realizadas de Janeiro a Setembro Data - Responsável 08/1/2012 - Alex Figueiredo 14/1/2012 - Andréa Rezende 18/1/2012 - Eny Hertz 22/1/2012 - Ary Carlos 02/2/2012 - Alex Figueiredo 04/2/2012 - Alfredo Vieira 04/2/2012 - Eny Hertz 09/2/2012 - Andréa Rezende 12/2/2012 - Eny Hertz 14/2/2012 - Alex Figueiredo 18/2/2012 - Alfredo Vieira 09/2/2012 - Alfredo Vieira 26/2/2012 - Alfredo Vieira 26/2/2012 - Vinicius Farias 01/3/2012 - Alex Figueiredo 01/3/2012 - Alex Figueiredo 04/3/2012 - Eny Hertz 08/3/2012 - Alex Figueiredo 10/3/2012 - Vinicius Farias 11/3/2012 - Vinicius Farias 17/3/2012 - Alex Figueiredo 17/3/2012 - Ary Carlos 18/3/2012 - Eny Hertz 18/3/2012 - Eny Hertz 18/3/2012 - Vinicius Farias 31/3/2012 - Alex Figueiredo 01/4/2012 - Vinicius Farias 05/4/2012 - Eny Hertz 12/4/2012 - Alex Figueiredo 12/4/2012 - Alex Figueiredo 21/4/2012 - Ary Carlos 21/4/2012 - Ary Carlos 21/4/2012 - Eny Hertz 21/4/2012 - Neuza Ebecken 22/4/2012 - Neuza Ebecken 23/4/2012 - Eny Hertz 01/5/2012 - Neuza Ebecken 04/5/2012 - Alex Figueiredo 06/5/2012 - Eny Hertz 09/5/2012 - Alex Figueiredo 12/5/2012 - Alfredo Vieira 18/5/2012 - Alex Figueiredo 23/5/2012 - João Henrique 26/5/2012 - João Henrique 02/6/2012 - Eny Hertz 13/6/2012 - Eny Hertz

Atividade Pedra de Itaocaia Churrasco de confraternização Pracinha - Vias diversas Pedra da Gavea (PNT) Morro do Santo Inácio (RJ) Mergulho Ilha Grande Entre Quatro Paredes Reunião Social Novos Horizontes Morro do Santo Inácio Morro das Andorinhas Ilhas Maricás Rafting Rio Macae Pedal Icaraí x Itaipuaçu Morro do Santo Inácio Reunião Social Costão de Itacoatiara Morro do Santo Inácio Pedal Paineiras Pedal Zona Sul do Rio Travessia Ponta da Joatinga Cobiçado-Ventania II Sem de Mínimo Impacto Pracinha - Vias diversas Audax 200 Rio das Ostras Morro do Santo Inácio World Bike Tour RJ Emil Mesquita, Paredão Morro do Santo Inácio Reunião Social Novos Horizontes Via dos Bombeiros Acamp Macaé de Cima Circuito Mirandela Pedra da Catarina - Mãe Semana de Montanhismo ATM Morro do Santo Inácio Paraíso Perdido (P3), Paredão Reunião Social Paredão Leila Diniz Morro do Santo Inácio Ás de Espadas, Paredão Italianos com Secundo Mutirão na Lagoa de Itaipu Enseada do Bananal

Data - Responsável 14/6/2012 - Alex Figueiredo 16/6/2012 - Ary Carlos 23/6/2012 - Eny Hertz 24/6/2012 - Alex Figueiredo 24/6/2012 - Eny Hertz 30/6/2012 - Ary Carlos 30/6/2012 - Eny Hertz 04/7/2012 - Alex Figueiredo 08/7/2012 - Alex Figueiredo 11/7/2012 - Leandro Pestana 14/7/2012 - Ary Carlos 21/7/2012 - Alfredo Vieira 21/7/2012 - Eny Hertz 24/7/2012 - Leandro Pestana 25/7/2012 - Leandro Pestana 26/7/2012 - Eny Hertz 28/7/2012 - Mauro de Mello 29/7/2012 - Leandro Pestana 04/8/2012 - Mauro de Mello 04/8/2012 - Vinicius Farias 08/8/2012 - Alex Figueiredo 10/8/2012 - Vinicius Farias 11/8/2012 - Alfredo Vieira 11/8/2012 - Vinicius Farias 14/8/2012 - Alex Figueiredo 15/8/2012 - Leandro Collares 15/8/2012 - Vinicius Farias 16/8/2012 - Alex Figueiredo 16/8/2012 - Vinicius Farias 18/8/2012 - João Henrique 18/8/2012 - Mauro de Mello 19/8/2012 - Alfredo Vieira 23/8/2012 - Vinicius Farias 23/8/2012 - Vinicius Farias 25/8/2012 - João Henrique 25/8/2012 - Leandro Collares 01/9/2012 - Ary Carlos 01/9/2012 - Vinicius Farias 02/9/2012 - Alex Figueiredo 06/9/2012 - Mauro de Mello 07/9/2012 - Eny Hertz 07/9/2012 - João Henrique 12/9/2012 - Eny Hertz 13/9/2012- Andréa Rezende 15/9/2012 - Vinicius Farias

Atividade Reunião Social Escalavrado Emil Mesquita, Paredão Pedra de Itaocaia Mauricio Mota (M2) Cabeça de Peixe Pracinha - Vias diversas Reunião Social Pedra de Itaocaia Pedalada pela Bocaina Dedo de Nossa Senhora Costão Pão de Açúcar Gemini Azul Costão de Itacoatiara Bike + Caiaque Reunião de Diretoria Paraíso Artificial Pedal Niterói- Arpoador Nitroglicerina Pedal Icaraí x Itaipuaçú Reunião Social Almoço Delírio Tropical Travessia Petrô-Terê Pedal icarai x itacoa Morro do Santo Inácio Reunião Técnica CFG Passeio no Parque Morro do Santo Inácio Almoço Delírio Tropical Enseada do Bananal Leonel Brizola Caminhada dos Fortes Almoço Al-Kwait Passeio no Parque Italianos com Secundo Trilhas de Ibitipoca Paredão Sangue Bão Pedal Icaraí Camboinhas PICNIC CNM Encon Escaladores NE Alto Mourão Salinas, Tres Picos Enseada do Bananal Reunião Social Pedal -Passeio no Parque


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Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 18

Avisos CURSO BÁSICO DE ESCALDA

EXPEDIENTE

EM 2012 NÃO REALIZAREMOS O CURSO BASICO DE ESCALDA

CNM - CLUBE NITEROIENSE DE MONTANHISMO Início das Atividades em 26 de Março de 2003 Fundado em 20 de Novembro de 2004 Website: www.niteroiense.org.br e-mail: cnm@niteroiense.org.br Contato: 8621-5631(Alex Figueiredo)

REUNIÕES SOCIAIS

As reuniões sociais do CNM são realizadas sempre na primeira quinta-feira de cada mês ímpar e na primeira quarta-feira de cada mês par, às 19:30h, em local a ser definido e divulgado. Os encontros acontecem em clima de total descontração e informalidade, quando os sócios e amigos do CNM aproveitam para colocar a conversa em dia, trocando experiências, relatando excursões e vivências ou, simplesmente, desfrutando a companhia de gente simpática e fraterna. São nas reuniões que tambem organizamos as atividades, damos ideias sobre escaladas, travessias, etc. Periodicamente acontecem reuniões e seminários técnicos com o intuito de possibilitar miores detalhes e informações atualizadas aos sócios e interessados. Informem-se sobre os temas das palestras técnicas e reuniões acessando o site: http://www.niteroiense.org.br. Compareçam e sejam muito bem vindos!!!

Diretoria Presidente: Alex Figueiredo Vice Presidente: Eny Hertz Diretor Técnico: Luis Andrade Diretor de Meio-Ambiente: Ary Cardoso Conselho Fiscal: Alan Marra, Adriano Paz, Neuza Ebecken Tesouraria: Leandro Collares Informativo Nº 18: As matérias aqui publicadas não representam necessariamente a posição oficial do Clube Niteroiense de Montanhismo. Ressaltamos que o boletim é um espaço aberto a todos aqueles que queiram contribuir. Envie sua matéria para cnm@niteroiense.org.br. Participe!!! Edição e Diagramação: - Leandro Collares - Leandro do Carmo


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