Boletim cnm 2014 4

Page 1

Boletim Informativo

Clube Niteroiense de Montanhismo Ano X - Número 27 Niterói, Dezembro de 2014

Pedra do Frade e Freira, um passeio pelo Espírito Santo

• • • • • •

Técnica: SSS versus PLUS • Abelhas e Vespas • Padronização dos procedimentos de escalada • GT Montanhismo e Conselho Consultivo do PESET • Projeto CNMeio Ambiente• Artigo: Reflexões sobre as concessões em parques• E muito mais! •


2

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27

MENSAGEM DO PRESIDENTE

SUGESTÃO DE LEITURA

Fechamos mais um ano!

Tenha uma boa leitura! Por Leandro do Carmo

Por Leandro do Carmo Olá Pessoal!!!

A Volta por Cima – 980 Dias de Aventuras ao redor do Mundo a Bordo de um Monomotor, de Margi

O ano passou... Ou melhor, vôou!

Moss com Gérard Moss Ler

Fechamos 2014 com muitas novidades e tenho

viagem

o

relato

de

uma

ao redor do mundo

certeza de que com muitas atividades também! Foram

a bordo de um avião foi uma

viagens, escaladas, trilhas, reuniões sociais, cursos,

experiência nova. É um livro

oficinas, etc. Além de tudo isso, uma nova diretoria

com leitura fácil, agradável e

tomou posse. Eu, como presidente, Vinícius Araújo

informativa. As fotos ajudam

como vice e o Leonardo Carmo como Tesoureiro.

a ilustrar a história. Já havia

Mas não estaremos sozinhos! Com a dura missão de

lido outras viagens ao redor

tocar o clube para vôos mais altos, se juntaram a nós:

do mundo, mas de avião...

Patrícia Gregory, na diretoria social; Stephanie Maia,

Recomendadíssimo!!!

na diretoria de meio ambiente; e o Alexandre Rockert como secretário. Temos sangue novo!!! Naufrágios e Comentários, de Álvar Núñez Traçamos objetivos ousados para a nossa gestão,

Cabeza de Vaca

que são: dobrar o nosso número de associados e termos

Percorrer

caminhos

a tão sonhada sede! Difícil? Pode até ser... Impossível?

desconhecidos, enfrentar frio,

JAMAIS!!! Tenho a certeza de que todos colaborarão,

fome, doenças, ataques de

assim como foi em nossa grande festa de aniversário.

índios, etc, por 10 anos!?!?!? E tem gente que acha que fazer

Para

as

nossas

atividades,

lançaremos

um

uma travessia de 3 dias é coisa

calendário anual, com pelo menos uma grande atividade

de outro mundo!!! rs. Acho

por mês, além de nossas escaladas e trilhas nos finais

que mais o mais legal do livro

de semana. Queremos tornar o clube muito mais ativo

e da pessoa de Álvar Núñez

do que já é.

Cabeza de Vaca foi a maneira como ele tratava os índios

Contamos com a ajuda e paciência de todos.

locais

E... Bora escalar?

por

onde

passava.

Se todos no passado tivessem feito dessa maneira, a história teria sido diferente. Recomendo a leitura!

Mensagem de Ffinal de ano Por Eny Hertz

Família Schurmann – Um mundo de Aventuras, de : Heloisa Schurmann Excelente! No início do

“Uma trilha difícil ou uma escalada desafiante é

livro, comecei a ler rápido

uma viagem iniciada por nossa própria escolha. Muitas

para matar a curiosidade, já

vezes este passo nos ajuda a terminá-la com sucesso. E

no final, lia devagar, já sentido

o que significa sucesso? Significa estar fora da zona de

saudades! O livro envolve,

conforto, significa aprender com a experiência.

me

O ano de 2014 est´pa terminando, um ótimo momento

para

revermos

o

que

aprendemos

na

fiz

Muitos

parte detalhes

da

família! sobre

a

circunavegação de Magalhães,

montanha. Desejamos a todos, mil trilhas e vias que nos

cultura

façam sair de nossa zona de conforto e continuemos

paravam e a vida no mar. Uma

dos

lugares

onde

aprendendo.”

experiência em tanto.


Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27

3

TÉCNICA

SSS versus PLUS

Com a evolução do esporte, com vias cada vez

Por Eny Hertz

mais técnicas, percebeu-se que este método não se enquadrava mais num padrão de segurança. Pois o

Um dia destes, na Pracinha de Itacoatiara, observei que

alguns

escaladores

faziam

procedimentos

diferentes do que eu faço ao dar segurança em top

tempo que as duas pontas das cordas ficavam em frente do corpo, ou seja, fora da posição de maior atrito do aparelho, era muito longo.

rope. Resolvi pesquisar na internet. Desde o início do milênio que as academias A história da escalada precisou também ser

americanas passaram a só permitir que os escaladores

pesquisada. No início não haviam aparelhos de freio.

façam o procedimento PLUS (também conhecido como

O escalador usava o próprio corpo para frear a corda

PBUS) que significa: Pull, Lock (or Brake), Under and

em caso de queda do parceiro. Ao dar segurança de

Slide. Algumas academias até exigem que o escalador

cima, a corda guia, ligada ao participante, deve estar

faça uma oficina antes de começar a escalar no local.

esticada e passar por trás do segurador (o que no Brasil

Há uma variação aceita nas academias que é o Hand-

chamamos

Segurança

Over-Hand, quando a mão guia fica pouco abaixo do

de Corpo ), esta outra mão

aparelho e a mão freio passa por cima daquela. Este é o

puxa a corda e freia quando

procedimento que sempre adotei.

de

necessário. Para fazer a frenagem

mais

eficiente,

Neste

procedimento

as palmas das mãos devem

atual, a palma tem que ficar

ficar para cima, o braço

para baixo (figura ao lado),

freio deve estar esticado

a mão guia bloqueia a corda

em contato com a coxa,

abaixo do freio, enquanto a

para

mão freio corre pela corda.

aumentar

o

atrito.

Para puxar a corda com segurança,

a

instrução

Observe os 04 movimentos na figura abaixo.

dada é: unir as duas cordas na frente do corpo, a mão guia segura ambas e a mão freio corre pela corda até a altura desejada para então puxar a corda. Ou seja a ponta da corda que precisa ser freada está sempre sendo segurada. Curiosidade: Em 1943, Pierre Allain propõe o primeiro aparelho descensor e em 1968 surge o aparelho descensor do tipo Oito. Em torno de 1970, surgiu o aparelho de freio em

Neste procedimento a corda passa a maior parte

placa, o Sticht Belay Plate por Fritz Sticht, que passou

do tempo na posição de maior frenagem e a corda freio

a ser usado dentro dos moldes da segurança de corpo.

está sempre bloqueada por alguma mão.

Ou seja, palmas para cima, unir as cordas na frente, segurar ambas e a mão freio corre pela corda. Este

Caso

não

esteja

familiarizado

com

o

PLUS,

procedimento é conhecido como Slip, Slap, Slid (SSS) ou

aconselho a praticar bastante, antes de dar segurança a

Classic Method. Quando surgiram os outros modelos de

alguém, para que acidentes não ocorram.

aparelhos de freio, que atualmente estão bem populares (ATC, Reverso, etc) muitos escaladores continuaram com o mesmo procedimento SSS para as escaladas, principalmente em top rope e alguns continuam até hoje

Segurança acima de tudo! Boas escaladas a todos!


4

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27

SEGURANÇA

Padronização dos procedimentos de escalada do CNM Por Eny Hertz

A Padronização dos procedimentos em atividades oficiais

de

escaladas

do

Clube

Niteroiense

Top rope: Passar a corda por um mosquetão de

de

rosca (preferível automático) ou dois mosquetões com

Montanhismo - CNM foi um processo desenvolvido

gatilhos opostos; para que a corda não roce na rocha

pela diretoria técnica do CNM nos últimos meses de

colocar fita, com boca de lobo ou mosquetão de rosca

2014 e está sendo implementada com normas técnicas

no grampo.

pesquisadas e analisadas para a realidade do clube. Segurança

para

o

escalador:

proposta:

PLUS

Esta padronização tem como objetivo definir

(Pull, Lock, Under, Slide) sugestão de site http://

especificações técnicas que auxiliem na maximização

mesarim.com/waiver/safety_first/belay_certification_

da segurança dos procedimentos que ocorrem ou

checkpoints/

podem ocorrer numa escalada oficial do CNM. Backup durante o rapel: Acima com nó prussik Estaremos oferecendo oficinas para divulgarmos

(três voltas), utilizando a própria solteira ou quando

esta padronização. Caso haja alguma dúvida entre em

o aparelho de freio estiver com uma solteira, ou seja

contato com a diretoria técnica

longe do loop, pode-se usar abaixo, com qualquer nó ou aparelho blocante preso no loop. Evitar colocar na

Capacete: em todas as atividades de escalada em

perna.

parede assim que chegar à base. Fica a cargo do guia usar em top rope e boulder.

União de cordas: para diâmetros diferentes, utilizar o pescador duplo; para mesmo diâmetro, pode utilizar

Encordoamento: o guia só poderá sair da base após todos estarem completamente equipados e depois de

o pescador duplo ou o nó da montanha, com pelo menos um metro de ponta livre.

todos conferirem todos; nó oito com sobra de pelo menos um palmo (~ 20 cm), sem ou com arremate

Rapelar um escalador de cada vez.

(pode ser um simples ou o Yosemite tuck completo); em top rope pode ser o nó oito nas duas alças ou a

Pontas na corda no rapel: Nó de frade com três

azelha de oito com 02 mosquetões(gatilhos opostos)

voltas. Não fazer elo na primeira descida, com quem

no loop.

abre o rapel. Pode-se fazer o elo para o segundo a descer.

Solteira: nas duas alças ou no loop.

Sempre conferir o sistema antes de iniciar qualquer procedimento. Sempre que possível proteger a corda de

Aparelho do freio quando não estiver sendo usado:

quinas vivas com um pano (casaco, mochila).

no rack de trás ou no loop. Quando em uso, o aparelho de freio deverá estar preso a um mosquetão de rosca e este ao loop ou numa segunda solteira. Ascensão com cordelete: Duas ligações com a cadeirinha (podendo ser ambas no loop ou loop e nas

OBS: O padrão deve ser conhecido e seguido pelos guias do CNM. Evitar alterar qualquer procedimento durante a escalada. Treinar num local controlado.

duas alças); Nó prussik (com três voltas) no blocante de cima e opção livre no blocante de baixo (pode ser usado um aparelho de freio auto blocante); de cinco em cinco

O guia é responsável por qualquer mudança proposta por ele, caso ache necessária.

metros fazer uma alça com a corda que está abaixo, para o caso de algo der errado com os cordeletes nem a alça de corda criada pela ascensão se prenda a algum grampo ou similar.

O participante é responsável por qualquer mudança que ache necessária.


Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27

5

RELATO

Pedra do Frade e a Freira! Por Leandro do Carmo

resolvi que essa seria a oportunidade. Antes de entrar de férias, já tinha decidido que a subiria. Resolvi abrir esse passeio para os amigos do Clube Niteroiense de Montanhismo.

Rapidamente

foi

aparecendo

gente

interessada. E não demorou muito para que tivéssemos formado um grupo de 14 pessoas. Logística preparada, deixamos tudo certo durante a semana para que nada pudesse dar errado. Como eu estava de férias, resolvi sair na sexta de manhã, enquanto o resto do pessoal foi indo durante o dia e até a noite também. A viagem foi um pouco cansativa... Rodar quase 400 km não é uma tarefa das mais fáceis... Quando passei da entrada para Cachoeiro de Dias 17, 18 e 19 de Outubro de 2014

Itapemirim, já começava a ver o nosso destino e a sentir o que iríamos encontrar pela frente.

Participantes: Leandro do Carmo, Leonardo Carmo,

Da BR 101 até a pousada, foram cerca de 4 km

Denise do Carmo, Vinícius Araújo, Andréa Vivas,

de estrada de chão. Um subida, que para quem não

Roberto Andrade, Michael Rogers, Beatriz, Mariana,

conhece, parecia que não chegaria a lugar nenhum.

Alexandre Rockert e Bruna Novaes.

Andávamos e nada... Nenhuma casa para pedirmos informação... Mas sabia que estava no caminho certo...

Dicas

E mais alguns minutos havíamos chegado no Chalé

Hospedagem e alimentação: Pousada Chalés do

do Frade. Fomos super bem recebidos pelo Henner e

Frade Tempo de Viagem: Como tem muito trecho em obra na BR 101, o tempo de viagem é de 6 a 7 horas e a distância é de 400 km.

pela Valquíria, donos da pousada. Nada melhor que ser bem acolhido, principalmente num local onde não conhecemos. Havíamos entrado num lugar fantástico. Difícil

A Escalada: Não é uma escalada técnica, mas o

até de descrever... A vista para a Pedra do Frade era

equipamento de segurança é indispensável; eu não

impressionante a Freira ficava escondida, mas nem por

utilizei sapatilha, mas ela pode trazer uma pouco mais

isso tirava o brilho do local. O som da natureza, aliado

de segurança nos pés em alguns lances; o lance final é

à beleza do local, traziam uma sensação ímpar. Como

uma sequência de degraus de vergalhões fincados na

fui o primeiro a chegar, tratei logo de arrumar a casa e

rocha, com mais ou menos 20 metros.

organizar onde nos acomodaríamos. Fiz contato com o Alexandre que chegou logo em seguida, junto com sua

Relato

esposa e filha.

Não foi fácil encarar o sol forte para vencer os quase 200 metros de subida até o cume da Pedra do Frade... Mas estar lá foi fantástico!!! O espírito de equipe prevaleceu e conseguimos vencer mais esse grande desafio. Vamos ver desde o início como foi chegar ali. Em uma viagem que fiz para Guarapari, vi aquela impressionante formação rochosa. Na hora já bateu a vontade de subi-la. Tinha certeza de que um dia estaria lá em cima. Assim que cheguei em casa, fui pesquisar para saber o nome e ter mais informações. Já que a logística para chegar lá não era das mais fáceis, acabei deixando como um projeto guardado. Passado mais de um ano que conheci a pedra,

Estávamos tão encantado com o local, que eu e o


6

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27

Alexandre não conseguimos esperar o dia seguinte,

sombra a ter que nos equipar de baixo do sol forte.

já fomos até a pedra! Colhemos algumas informações

Começamos a subida e seguimos pelo costão até um

sobre a trilha de acesso e seguimos pela estrada de

lance mais inclinado onde o Leonardo subiu e fixou uma

chão. Foram uns 25 minutos de caminhada, mais uns

corda, assim, com um prussik, os outros participantes

5 de trilha até que chegamos a uma laje de pedra, que

subiriam mais rápido.

lembra oEscalavrado. A vista daquele ponto surpreendia.

Passado esse ponto, ele subiu mais pouco e fixou

Ainda não havíamos visto a Pedra da Freira, devido

uma outra corda, agora com um lance um pouco mais

a posição que estávamos na pousada, mas ali ela se

delicado, comparado com o que já havíamos passado.

mostrava imponente, como se olhasse para o Frade.

Montamos um verdadeiro trabalho em equipe. Enquanto

Subimos mais um pouco pelo costão até que paramos e

um subia, já havia outro se preparando, assim não

ficamos apreciando a vista e batendo um papo.

perderíamos tempo, além de não ficarmos literalmente

Já com o sol se pondo, descemos de volta até a

fritando de baixo do sol.

pousada, onde tomamos um caldo verde para fechar

Nesse ritmo de revezamento, chegamos abaixo

o dia. Faltavam ainda chegar dois carros, com oito

da cabeça, num local bem agradável e abrigado do

pessoas, que sairiam no final do dia. Como a noite

sol. Ali, dava para descansar e recarregar as baterias.

ficava mais difícil chegar ao local, fiquei acordado passando algumas coordenados por telefone. Por volta das 2 da madrugada, meu irmão chegou com a Mariana, Beatriz e o Michael.

O Vinícius, chegou somente às

4 h, com a Andréa, Bruna e o Roberto. Pronto agora estávamos completos! Combinamos o horário de saída do dia seguinte fomos descansar, afinal de contas, merecíamos! No sábado de manhã acordei cedo, apesar da preguiça e já deixei tudo preparado. Aos poucos a galera foi acordando e logo estávamos prontos para começar a subida. Um grupo grande chegou e começou a se preparar para a caminhada, o que nos fez seguir rápido, pois não queríamos ficar esperando. Começamos a

A pousada estava lá em baixo, parecia casinha de

caminhada e esperamos o resto do pessoal na laje de

bonecas. Optamos por subir por uns degraus fixados

pedra, bem antes da subida. Por nossa sorte o grande

na rocha, tipo o lance do elevador assim ganharíamos

grupo foi só até a base de pedra, não seguindo até ao

tempo. Estávamos em um grupo de 9 pessoas e essa,

cume.

com certeza, foi a melhor escolha. Decidimos por fazer

Com todo mundo reunido, nos equipamos ali mesmo, apesar de nos primeiros lances não ser preciso uso de equipamento, mas achamos melhor ficar na

segurança de cima para todos os participantes, assim todos poderiam subir sem nenhum problema. O primeiro a subir foi o Leonardo. Ele começou


Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27

os primeiros degraus e foi costurando alguns para

7

agradável.

melhorar segurança, afinal de contas não sabíamos o estado deles. Alguns degraus estavam bem espaçados,

Descemos e para fechar a noite: panquecas,

o que nos fez colocar algumas fitas para facilitar a

caldo verde e vinho, esse último levado pelo Vinícius.

subida dos mais baixinhos. No cume, ele montou

Combinamos de acordar cedo no dia seguinte e dar

a parada e começamos a subida. Aos poucos todos

uma explorada numa via que tem ali perto, assim daria

subiram e eu fechei, retirando todo o equipamento

para aproveitar alguma coisa antes de ir embora.

deixados nos degraus.

No domingo, acordamos e depois do excelente café

A vista dali era fantástica. O Frade é bem mais alto

da manhã, seguimos para a base da via. O Leonardo e a

que a Freira e de lá se tem uma vista perfeita da escalada

Bruna, resolveram voltar no cume do Frade junto com a

dessa outra pedra. Dali, dava para ver do litoral ao

Mariana e a Beatriz, pois elas ainda não haviam subido.

interior. Um 360° de pura beleza. Cada um registrando

Na base da via, nos equipamos e nossa ideia era montar

o momento a sua maneira. Posamos para uma foto e já

um top rope e ficar dando uns treinos, mas via era

começamos os preparativos para a descida. Optamos

muito mais forte do que pensávamos. Comecei guiando

por montar um rapel no mesmo lado que subimos.

e a saída já foi sinistra. Até chegar a uma grande laca,

Fiquei por último novamente e liberei uma corda para que já fosse montado o segundo rapel da descida.

meio oca, foi preciso artificializar o lance. Mas dali para cima, deu para passar em livre.

Ali, no cume, sozinho, contemplei os últimos momentos

Após o bonito lance em oposição nessa laca, dei

de completo silêncio... Que foram quebrados por um

uma parada para procurar os próximos grampos. Passei

“CORDA LIIIIIIVREEEEEEEE”. Desci e fui direto ao ponto

por um buraco e quando pisei em algumas folhas secas,

do segundo rapel. O Vinícius já tinha iniciado e alguns

saiu uma lacraia, de quase um palmo. Foi subindo a

utilizaram a corda somente para o equilíbrio.

pedra na minha direção e só deu temo de torcer para

Fixamos mais uma corda e novamente o trabalho

ela não chegar até onde estava minha mão, por sorte,

em equipe foi perfeito. Com um em cima orientando a

ela caiu novamente no buraco e se escondeu! Se a

montagem, um no meio e um no final, já montando o

adrenalina estava forte... Agora então...

próximo. Nesse ritmo, rapidamente chegamos a base.

Segui mais acima num lance bem delicado e

Com o calor que fazia, só pensávamos na piscina da

devido ao calor, resolvi montar o top rope ali e desci

pousada. Talvez isso nos tenha feito descer a trilha em

para que outros tentassem. Cada um fez o lance uma

tempo recorde!!!!

vez e o Michael fechou e recolheu costuras e fitas.

Quando chegamos, foi só o tempo de jogar a

Dali seguimos até a toca da Onça para explorarmos

mochila para o lado e dar um mergulho. Afinal de

um possível caminho até a base da via de escalada da

contas, não é todo o dia que se escala e se tem uma

Freira. Mas essa ficaria para uma próxima...

piscina no final!!! Mas nem tudo é perfeito!!! Algumas

Voltamos de nosso passeio e caímos direto na

coisas são mais que perfeitas!!! 20 minutos depois, um

piscina. Comemos a excelente comida da pousada

excelente almoço já nos esperava. Com galinha da roça,

e descansamos até o final da tarde, quando nos

polenta com milho da fazenda, feijão colhido no local

arrumamos e seguimos viagem de volta...

e muitas outras delícias foram servidas... Sem contar

Mais uma vez, missão cumprida!!!!

o doce de banana com creme de leite... Foi comer e dar um grande descanso, afinal de contas ninguém é de ferro!!!! Ao final da tarde, resolvemos volta lá em cima, até um platô, para contemplar o pôr do sol e esperar a noite chegar. Por um instante só ouvíamos o som da natureza. Nem carro, nem música, nada que atrapalhasse aquele momento. Havia levado fogareiro e como a Mariana nunca havia tomado um café na montanha, fiz esse grande esforço. Preparei um quentinho e ficamos ali rindo e contado histórias num começar de noite super


8

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27

SAÚDE

Abelhas e Vespas Por Leandro do Carmo

espécies da ordem Hymenoptera, pois isso é irrelevante para o objetivo deste artigo.

Recentemente, tivemos o trágico acidente do Davi

A maioria das espécies de abelhas e vespas são

Marski, causado por ataque de abelhas, enquanto

animais dóceis que não costumam ferroar o ser

escalada a Pedra do Pântano, em Andradas, sul de

humano, a não ser que se sintam atacadas. Ter uma

Minas Gerais. Diante do caso, resolvemos colocar esse

abelha ao seu redor não representa perigo, a não ser

artigo, retirado do site www.mdsaude.com.

que você tente acertá-la ou a esmague acidentalmente contra a sua pele. As abelhas não costumam atacar

Ser picado por uma abelha, vespa ou marimbondo é

sem motivo. Em geral, abelhas e vespas longes de suas

um evento muito doloroso e assustador, mas na maioria

colmeias não apresentam comportamento agressivo e

dos casos não provoca complicações mais graves.

oferecem pouco perigo aos seres humanos. E mesmo

A picada da abelha é incômoda e dolorosa, mas não

próximo a suas colmeias, a maioria das abelhas não é

evolui além disso. A exceção ocorre nos pacientes que

agressiva.

são alérgicos ao veneno das Hymenoptera, ordem que engloba as famílias das abelhas e vespas.

Há, entretanto, exceções. Algumas poucas espécies, como as abelhas africanas,

são muito sensíveis e

podem atacar o ser humano, caso elas sintam que a sua presença põe em risco a sua colmeia. Barulhos e movimentos bruscos podem irritá-las e causar ataques de várias abelhas ao mesmo tempo. Na prática, a maioria das picadas de abelhas ou vespas ocorre de forma isolada por um único inseto, geralmente uma abelha trabalhadora que se encontra afastada de sua colônia. A picada ocorre quando o inseto insere na pele o seu ferrão como forma de defesa ao se sentir atacado. BIOLOGIA DAS ABELHAS E VESPAS

As vespas e abelhas que picam são sempre as fêmeas, pois os machos não possuem ferrão. Existem

Antes de falarmos das picadas das abelhas, vale

dois padrões de utilização do ferrão: algumas espécies,

a pena uma rápida revisão da biologia das abelhas e

como as abelhas comuns, sofrem auto-amputação,

vespas. Esta parte está bem resumida e simplificada,

ou seja, quando atacam, perdem o ferrão e parte das

não se assuste.

estruturas abdominais, o que as leva à morte. Há espécies, porém, que não sofrem auto-amputação e

A ordem Hymenoptera é um dos maiores grupos

podem ferroar uma mesma vítima mais de uma vez. A

dentre os insetos, englobando as diversas famílias de

quantidade de veneno injetada costuma ser maior nas

abelhas, vespas e formigas. Só para se ter uma ideia,

espécies que perdem o ferrão.

existem mais de 10 mil espécies de abelhas e mais de 25 mil espécies de vespas. Por exemplo, a mamangava

SINTOMAS DA PICADA DE ABELHA E VESPAS

é uma espécie de abelha grande, que possui corpo escurecido e parecido com um besouro. Já marimbondo

Após a ferroada, o paciente sente uma intensa dor

é o nome dado às espécies maiores de vespas,

e uma pequena inflamação da região afetada. O local

geralmente com o corpo de cor mais escurecida.

ferroado fica avermelhando e inchado. A lesão costuma ter entre 1,0 e 5,0 cm de diâmetro e desaparece após

Obviamente, não vamos perder tempo discutindo as diferenças biológicas e geográficas de cada uma das

algumas horas. Na maioria dos casos, a dor e o inchaço desaparecem em no máximo um ou dois dias.


Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27

9

sintomas que foram além de um simples inchaço local, Em 10% dos casos o paciente desenvolve uma

principalmente se tiver tido urticária angioedema ou

reação maior às picadas, com intensa dor e inchaços

crises de asma, procure um médico imunoalergista

que podem chegar a 10 cm de diâmetro e demoram

para investigar a possibilidade de você ser alérgico à

até 10 dias para desaparecer. Este tipo de reação não

picada de abelha. O risco de reação anafilática em uma

significa que o paciente tenha alergia ao veneno das

segunda picada é muito alto.

abelhas. O QUE FAZER QUANDO SE É PICADO POR UMA As picadas isoladas não costumam causar maiores

ABELHA

problemas na maioria dos casos. Porém, nos casos de múltiplas picadas por várias abelhas ao mesmo tempo,

No casos das abelhas e vespas que sofrem auto-

a quantidade de veneno injetada pode ser grande,

amputação, a primeiro ato do paciente deve ser a

levando a sintomas como diarreia, vômitos, dor de

retirada imediata do ferrão da pele, pois ele permanece

cabeça, febre, prostração e confusão mental.

injetando veneno ainda por 1 ou 2 minutos. Alguns autores atestam que deve-se ter cuidado para não

Para haver risco de morte, são, habitualmente,

espremer a pequena bolsa que vem junto ao ferrão,

necessárias centenas de ferroadas para que haja

pois é ela que contém o veneno. O ferrão pode ser

inoculação de quantidades letais de veneno. Nestes

retirado raspando as unhas na pele ou qualquer objeto

casos, complicações pela ação do veneno podem surgir,

rígido, como uma faca ou cartão de crédito.

como hemólise (destruição das células do sangue), arritmias cardíacas, insuficiência renal e rabdomiólise (destruição das células dos músculos).

Há estudos, porém, que dizem que a forma de retirada do ferrão pouco influencia na instilação do veneno, pois a contração da bolsa não aumenta o

ALERGIA À PICADA DE ABELHA

volume a ser injetado, já que este é feito por mecanismo de válvula. Portanto, se você não conseguir retirá-lo

O grande perigo das picadas de abelhas e vespas

imediatamente raspando-o, o ferrão deve ser removido

é a reação alérgica, chamada anafilaxia ou choque

de qualquer maneira, pois o tempo em que ele fica

anafilático (leia: CHOQUE ANAFILÁTICO | Causas e

encravado na pele é muito mais danoso em termos de

sintomas). A anafilaxia pode ocorrer após uma única

volume de veneno injetado do que a forma como ele é

picada de abelha. Cerca de 3% da população é alérgica

retirado.

ao veneno da abelhas e podem desenvolver reações anafiláticas após ferroadas.

Mesmo que você não consiga remover o ferrão imediatamente, a tempo de impedir a entrada de todo o

Os sinais de reação alérgica grave à picada de

veneno, o mesmo deve ser retirado assim que possível,

abelhas ou vespas surgem rapidamente após a ferroada,

pois a sua simples presença pode causar reação

geralmente em apenas 5 minutos.

inflamatória da pele.

Os sintomas

de reação alérgica são: urticárias (leia:URTICÁRIA | Sintomas e tratamento), angioedema (inchaço dos lábios

Uma vez removido o ferrão, o tratamento da picada

e olhos), hipotensão, vômitos, rouquidão, dificuldade

de abelha é simples. Lave a pele com água e sabão

respiratória, desorientação e perda da consciência.

e aplique compressas frias ou gelo local.

Se a dor

estiver incomodando, um analgésico simples pode ser A anafilaxia geralmente surge após uma segunda

utilizado. Se houver intensa coceira, um anti-histamínico

picada de abelha em pessoas que desenvolveram

ajuda a aliviá-la. Não é preciso passar pomadas nem

reações alérgicas quando picados pela primeira vez.

outras substâncias, como pasta de dente, borra de café,

Porém, o choque anafilático pode surgir mesmo em

manteiga, etc. Nada disso melhora e ainda pode causar

quem nunca havia sido picado por abelhas antes.

infecção da ferida. A dor e o inchaço da picada somem espontaneamente após algumas horas.

Se você foi picado por abelha ou vespa e desenvolveu


10

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27

AMBIENTE Nos casos de reação local mais intensa, pomadas à base de corticoides e/ou corticoides por via oral, como

Projeto CNMeio Ambiente Por Leandro do Carmo

prednisona, podem ser prescritos para aliviar o inchaço (leia: PREDNISONA E CORTICOIDES | efeitos colaterais).

Em 2015, daremos início ao projeto CNMeio

Anti-inflamatórios e anti-histamínicos também são

Ambiente. É um projeto que tem a finalidade de

úteis. Se a lesão da picada estiver piorando ao longo

“adotarmos”

dos primeiros um ou dois dias, procure ajuda médica.

podermos colaborar com a preservação do entorno,

algumas

trilhas

de

Niterói

e

assim

bem como a sinalização, acesso, entre outras ações. Nos casos de reação alérgica, caracterizadas principalmente pelo aparecimento de urticária ou

Para iniciarmos os trabalhos, o local escolhido

angioedema, o paciente deve ser levado o mais

pela Diretoria de Meio Ambiente do clube foi a região

rapidamente possível a um serviço de emergência. Nos

da enseada do Bananal. O maior problema do local é a

caso de anafilaxia, o tratamento é feito com injeção

presença do capim colonião. Faremos o manejo desse

intramuscular de adrenalina.

capim e espécies exóticas, substituindo-os por árvores nativas.

FONTE:

http://www.mdsaude.com/2013/10/

picada-de-abelha.html

Quem tiver interesse em participar, dar sugestões, ter mais informações, etc., escrever para: ambiente@ niteroiense.org.br

FOTOS DE ATIVIDADES

O projeto tem coordenação de: Leandro do Carmo, Stephanie Maia e Alexandre Rockert. A administração do PESET tem nos apoiado e nos emprestará, nesse primeiro

momento,

o

material

necessário

para

iniciarmos os trabalhos. O sucesso do projeto, depende de você! Segue abaixo a foto de satélite com a área de atuação.

MORRO DAS ANDORINHAS

PAREDÃO UMA MÃO LAVA A OUTRA

Área a reflorestar Aprox. 1.400,00m² Perímetro: 150,00m


Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27

11

ESPAÇO PESET

Conselho Consultivo

GT Montanhismo

Por Eny Hertz

Por Leandro do Carmo No dia 15/11/2014, foi

realizada

na

do

PESET,

sede

A Reunião Ordinária do Conselho Consultivo do

sub

PESET ocorreu dia: 28/11/2014 e mutos assuntos

a

foram abordados dentre eles:

segunda reunião do GT Montanhismo. Estiveram presentes Matias, do

o

- O plano de Manejo será apresentado ao INEA

Fernando

no dia 15 de dezembro, no MAI, este foi feito com a

administrador

Parque,

participação da sociedade organizada;

Leandro

do Carmo, Ary Carlos,

- 22% do PESET é ZONA DE PROTEÇÃO, geralmente

Alexandre Rockert, Stephanie Maia, Cauê Bomfim Zago,

somente para pesquisa;

Marcelo Miranda e Alan Pinheiro. Não tivemos muito quórum, mas já encaminhamos alguns assuntos que servirão de base para o próximo encontro. São eles:

- 78% do PESET é Zona de Conservação, que tem um gradiente de uso, podendo ter área mais restritas ao público;

1-

Criação de um grupo de e-mails para

comunicação oficial do GT Montanhismo; 2-

Que

as

informações

geradas

- Zona de amortecimento 7,6 ha, sem áreas urbanas; GT

- 12 áreas de visitação => 10%, já consolidadas e 41

Montanhismo, como atas, atualizações, agenda de

pelo

áreas de recuperação => 3,47% espalhadas pelo PESET,

reuniões, entre outras, deverão ficar disponíveis de

algumas delas serão ligadas a medidas compensatórias;

forma mais clara e aberta a maior quantidade de usuários possíveis;

- 06 áreas de históricos foram escolhidos a partir de documentos analisados pela UFF e instituições

3-

A atualização do plano de setorização ficará

similares;

disponível para consulta, por um período de até 30 dias, para que seja avaliada e se houver alguma inclusão ou correção, deverá ser informada até o prazo definido; 4- Encaminhar

e-mails

“advertência”

aos

- Cantagalo e Colibris foram incluídas, respeitando os caminhos para as vias de escaladas; - Propôs-se a criação de um GT Pavimentação,

escaladores que fizeram manutenção da via Face

colocando-se

Sudoeste do Alto Mourão com grampos de titânio,

presente, já que a RO tem zona de amortecimento, o GT

utilizando processo de cola, informando sobre a

estudará propostas nacionais e internacionais para uma

existência das regras;

pavimentação permeabilizante;

5-

a

necessidade

da

prefeitura

estar

Disponibilização de uma lista com contato

- O Parque e o 12º Batalhão, alertaram que a

de montanhistas voluntários para auxiliar equipes de

segurança na área do Engenho do mato , principalmente

resgate em casos de acidentes;

perto da rua 42 e a trilha para o Cantagalo está com problemas de falta de segurança, ligada ao trafico de

6-

Que o highline seguirá as mesmas regras

drogas, propôs-se a criação de um GT Segurança;

da setorização e qualquer dúvida o GT deverá ser consultado.

- O departamento de uso público voltará a existir, o INEA está na fase de licitação, o Parque terá 02 funcionários neste departamento. - O CNM continua apto a permanecer no Conselho.


.

12

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27

ARTIGO

Refflexões sobre as concessões em parques Por André Ilha - Retirado na íntegra do site http://www.oeco.org.br/

Tudo isto custa dinheiro, muito dinheiro, e seria ingenuidade acreditar que os governos farão destaques orçamentários suficientes para cobri-las integralmente, ou que liberarão o correspondente financeiro destinado a esta rubrica. “Afinal”, diz o governante típico, “com os hospitais à míngua, salas de aula precisando ser construídas, crianças andrajosas vagando pelas ruas e os índices de criminalidade urbana em alta, como destinar recursos públicos para salvar da extinção uma bromélia ou um sapo?” Devemos continuar a pressionar para que os O Parque Nacional do Iguaçu/PR tem uma estrutura de recepção aos turistas exemplar, concedido à iniciativa privada. No entanto, é exemplo de concessão de área, e não apenas dos serviços, o que gera restrições para praticantes de esportes de aventura. Foto: André Ilha

Em

face

diversidade

crescente

biológica

catastrófica, ninguém

do

planetária

decorrente

questiona

empobrecimento

das

em

seriamente

que

mesmo tempo buscar uma independência financeira tão grande quanto possível dos orçamentos públicos para

da

o SNUC, blindando-o ao máximo contra as vicissitudes

escala

da política e da economia. Há diversas possíveis fontes

humanas,

de financiamento, mas vamos nos deter aqui em uma

uma

atividades

governos assumam o seu dever, mas devemos ao

uma

das

que tem estado bastante em evidência nos últimos

principais estratégias para mitigar este quadro seja o

tempos, apresentada por alguns como a panaceia para

estabelecimento de Unidades de Conservação (UC), que

o problema crônico da falta de recursos públicos para

no Brasil estão distribuídas em 12 categorias divididas

os parques e reservas, e vista por outros como mais

em dois grandes grupos, as de proteção integral e as

um exemplo da observação feita pelo historiador

de uso sustentável. Levando em consideração apenas

Warren Dean em A Ferro e Fogo, sua magistral obra

o quesito preservação da biodiversidade, as UCs de

sobre o processo da destruição da mata atlântica

proteção integral de domínio público, como os parques,

brasileira: “A troca do patrimônio estatal pelo ganho

as reservas biológicas e as estações ecológicas (ou

de curto prazo dos interesses privados é uma tema

os monumentos naturais e refúgios de vida silvestre

constantemente repetido na história brasileira, tão

quando instituídos em terras públicas), podem ser

habilidosa e diversificadamente adotada e tão inerente

consideradas como as mais eficientes, pois elas não

que se mostrava como a razão mesma da existência do

partilham este objetivo com o uso direto dos recursos

Estado”.

naturais, como as UCs de uso sustentável. Refiro-me às concessões de serviços, em todas as A criação de tais áreas é sempre difícil, pois frustra

suas formas, deixando claro que o presente artigo não

planos para o seu aproveitamento direto pelos mais

tem a pretensão de ser mais do que um livre pensar

variados agentes privados e públicos. Mas, vencida

sobre o tema, em parte baseado na minha experiência

esta fase crucial, é necessário então “tirá-las do papel”,

de pouco mais de nove anos à frente das Unidades de

ou seja, pagar indenizações por desapropriações;

Conservação estaduais do Rio de Janeiro.

construir estruturas administrativas e de uso público; contratar

servidores

e

terceirizados;

elaborar

e

O que precisa ser pago

implantar programas de manejo, proteção, conservação e educação ambiental; adquirir veículos, equipamentos

Antes de mais nada, precisamos dividir as despesas

e utensílios; e pagar despesas correntes como luz,

relacionadas às Unidades de Conservação, grosso

telefonia, internet e combustível.

modo, em despesas de implantação (investimento) e despesas de manutenção (custeio).


Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27

13

Para investimentos, a compensação ambiental tem proporcionado recursos significativos, capazes de financiar um programa paulatino e responsável de atendimento destas necessidades. Outras fontes de recursos podem complementá-la, como projetos nacionais e internacionais de grande envergadura de proteção às florestas tropicais. Portanto, com empenho, criatividade e obstinação, há espaço para grandes avanços neste sentido. .

O problema crucial é como fazer isto tudo funcionar no dia a dia. Grandes programas de apoio às UCs

Parque Estadual da Lagoa do Açu/RJ. Exemplo de parque com amplas possibilidades de concessão de serviços de apoio à visitação (botes, caiaques, observação de pássaros) no seu espetacular arquipélago lacustre. Foto: André Ilha

nunca contemplam salários e custeio, o que é irreal. O

que tê-las planejadas, implantadas e operadas por

argumento é sempre que isto compete ao governo que

agentes privados com tradição em cada segmento

instituiu a UC, o que, em tese, está correto. Mas e se o

garante produtos e serviços de elevado padrão de

governo não cumprir a sua parte? Portanto, considero,

qualidade aos usuários que desejem contratá-los

em princípio, que o grande desafio de um programa de

e desonera o órgão gestor da UC desta obrigação,

concessão de serviços em Unidades de Conservação é

permitindo que concentre seus esforços nas atividades

garantir o funcionamento diário delas, com a agilidade

típicas de estado, indelegáveis.

e eficiência possíveis, indefinidamente. Mas, vejam: falamos aqui em concessões de Dos princípios

serviços, e não em concessões de áreas (ou de UC inteiras, para este fim). Para alguns, tal diferença

Já vimos para que a receita proveniente de

pode parecer sutil; para outros, como veremos, ela é

concessões em parques e outras UCs deveria ser

crucial, e pode arruinar a experiência da visitação, o que

prioritariamente dirigida. Agora, o ponto crítico a ser

conspira contra a excelência pretendida ao menos para

pensado é o que deve ser concessionado à iniciativa

determinados segmentos de usuários.

privada, e aí o debate torna-se mais complexo. Para auxiliar

o

raciocínio

nesse

sentido,

listo

Existe um grande número de motivações que

abaixo

podem levar uma pessoa a visitar um parque, e uma

quatro princípios que devem, em minha opinião,

política de uso público só poderá ser considerada

ser observados por um programa de concessões em

como bem-sucedida se levar este fato em consideração

qualquer modalidade, visando ao justo equilíbrio entre

e estabelecer estratégias diferenciadas para atender

os interesses públicos e privados, bem como entre

às expectativas de todos os possíveis segmentos

interesses privados conflitantes.

de usuários: moradores do entorno, esportistas de aventura, turistas de aventura, turistas convencionais,

I. Do livre acesso dos cidadãos aos atrativos naturais

religiosos, artistas, estudantes. Turistas convencionais têm sua visitação quase que inteiramente atrelada à aquisição de pacotes, para otimizar o pouco tempo

A categoria “parque” tem seus objetivos básicos

disponível e minimizar as incertezas associadas ao

divididos entre a preservação da biodiversidade e dos

conhecimento de um novo atrativo. Esportistas de

ecossistemas e a visitação pública responsável. Essa

aventura, no outro extremo, desejam precisamente o

finalidade dual dos parques é o que os torna tão atraentes

oposto, ou seja, explorar os ambientes naturais em

e procurados pela população. Consequentemente, é

seus próprios termos, tão inalterados quanto possível e

também o que os converte no alvo prioritário quando

sem o concurso de terceiros para este fim.

se pensa em concessão de serviços em áreas naturais

A única forma de que os serviços em um parque

protegidas. Como não é atribuição inerente ao poder

qualquer

público gerenciar nenhuma destas atividades, decorre

visitantes sem ferir a liberdade individual ou mesmo

contemplem

todos

os

segmentos

de


.

14

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27

descaracterizar o próprio sentido da visitação para

do concessionário, em troca da manutenção total ou

alguns deles, é oferecê-los em caráter opcional, para

parcial da unidade. Mas, consoante o princípio de que

livre contratação pelos interessados. Decorre que se a

a contratação de serviços deva ser sempre opcional, o

área é que for concedida, e não os serviços em uma

ingresso deve significar apenas o direito de acesso ao

área de livre acesso às pessoas (com ou sem pagamento

parque, sem nele estar embutido o custo de serviços

de ingresso, que não se confunde com o preço por um

que podem não ser desejados, pagando o visitante

bem ou serviço), este ideal estará irremediavelmente

apenas pelo que efetivamente consumir.

comprometido. As A concessão de áreas, em vez de os serviços

empresas

possuem

grande

privadas

criatividade

demonstraram na

concepção

que de

disponibilizados nestas áreas, além disso, dá azo

produtos e serviços de grande apelo para os visitantes,

desnecessariamente aos temores daqueles combatem

portanto prescindem deste artifício tão antipático.

a privatização do patrimônio público em favor de

Mais do que antipática, contudo, é a obrigatoriedade

particulares, sem que com isso se ganhe mais eficiência

que foi instituída em alguns parques da contratação

na prestação desses serviços (interesse do poder

compulsória de condutores de visitantes, assunto

público concedente), ou se sacrifique significativamente

já tratado em outro artigo e que, por isso, não será

a

aprofundado aqui, embora se constitua em uma

margem

de

lucro

pretendida

(interesse

do

concessionário). A grande maioria dos visitantes dos

concessão disfarçada.

parques quer mesmo é contratar todos os serviços que puder durante sua estadia, e mesmo os esportistas

III. Da gestão pública das UC públicas

de aventura mais hardcore querem ter onde fazer um lanche e celebrar com uma cervejinha o sucesso de sua aventura! II. Da livre contratação dos serviços oferecidos

.

A repressão ao crime é tarefa de competência das polícias e não pode ser delegada. Na foto, policiais da Unidade de Polícia Ambiental (UPAm) do Parque Estadual da Pedra Branca/RJ. Foto: André Ilha

A Lei 9.985/00 prevê a possibilidade de gestão compartilhada de uma Unidade de Conservação com uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP), e há também atos de criação de parques que Museu Von Martius, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos/RJ, unidade federal que conta com diversos servidos concedidos, porém mantém a desejável liberdade de acesso a todos os visitantes, que contratam apenas o que lhes convier. Foto: André Ilha

preveem a gestão compartilhada preferencial com as prefeituras dos municípios onde eles se situam. Uma empresa que tenha como contrapartida de sua concessão a manutenção total ou parcial da UC está, na

O pagamento de ingresso em um parque ampara-

prática, gerindo certos aspectos seus.

se no princípio jurídico do usuário-pagador, ou seja,

.

que haja uma contrapartida pelo direito de uso de um

Mas a responsabilidade pela gestão de uma UC

recurso natural – neste caso, com vistas à preservação

pública será sempre pública, uma vez que algumas

do próprio recurso visitado. É razoável, no entanto, que

atribuições são indelegáveis por serem atividades

a cobrança de ingresso seja incluída no rol de receitas

típicas de estado, como a repressão a delitos penais e


.

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27

15

a fiscalização de infrações às normas e regulamentos,

prudente depositarmos todas as nossas fichas em

que devem estar a cargo de guarda-parques. Portanto,

uma única aposta, e o financiamento das despesas

se aspectos tão fundamentais não podem, ou não

correntes das Unidades de Conservação não é exceção.

devem, estar sob a responsabilidade de um particular,

É de todo interessante, por segurança, que a receita

então não há que se falar em privatização de gestão de

proveniente de concessões não seja a única, mas,

unidades de conservação – ainda que certos aspectos

sim, componha uma cesta de fontes de financiamento

possam sê-lo, mediante convênio ou contratação.

com esta finalidade. Assim, numa crise, outras fontes

Concessões de serviços em UCs visam precisamente

podem garantir as suas necessidades mais básicas,

atribuir à iniciativa privada a gestão daquilo em que ela

suspendendo-se apenas o que não for absolutamente

pode de fato exceder o setor público.

essencial.

As

parcerias

são

uma

Não se imagina que haja controvérsia quanto

aprofunda

esta

a este princípio, e possíveis candidatos a este

relação. Embora possam ser, em tese, uma alternativa

provimento suplementar de recursos para custeio

interessante sob certas circunstâncias, apresentam

são os fundos fiduciários específicos; a cobrança por

o sério inconveniente de, pela sua própria natureza,

serviços ecossistêmicos (inclusive passivos ambientais

ensejarem

concessão,

continuados em UC, como oleodutos, linhas de

dificultando uma renovação mais rápida caso o modelo

transmissão, antenas de telefonia celular etc.); e

se prove inadequado ou a parceria apresente problemas

convênios com prefeituras municipais.

modalidade

de

público-privadas concessão

prazos

muito

que

longos

(PPP)

de

recorrentes. As PPPs são mais interessantes quando o poder público não pode ou não quer arcar com

Em resumo

despesas mais pesadas de investimento, mas não poder raramente é o caso. Com efeito, a única experiência

As concessões de serviços em parques ainda estão

do gênero em curso no país envolvendo UC é a da

engatinhando no Brasil. O ICMBio saiu na frente, mas o

Rota Lund, em Minas Gerais, mas esta PPP, em vez de

número pequeno de contratos de concessão hoje em

atender a uma situação específica, parece mais integrar

vigor bem demonstra as dificuldades enfrentadas, pois

um programa amplo de utilização deste instrumento

há que se conciliar os interesses do órgão gestor da

em diversos setores da administração daquele estado

UC (qualidade dos serviços prestados aos visitantes,

– portanto uma escolha talvez mais ideológica do que

fluxo de recursos mais ou menos regular para o custeio

motivada por necessidade real.

da unidade, mínimo impacto ambiental decorrente da visitação etc.) com aqueles do operador privado

IV. Da diversidade de fontes de financiamento

(adequada

margem

de

retorno

do

investimento,

segurança jurídica, contratos que especifiquem o que não pode ser feito em vez do que pode, para estimular a criatividade etc.). Com base na experiência já adquirida e no extraordinário

potencial

para

visitação

pública

existente nas áreas protegidas brasileiras, e observadas as preocupações acima elencadas, vislumbra-se aí um campo fértil para negócios que elevem a geração de renda e empregos vinculados às nossas UC a novas ordens de grandeza. E, ao mesmo tempo, assegurem Eficiente serviço de rafting concedido no Parque Nacional do Iguaçu/PR. Foto: André Ilha

meios para a sua manutenção desvinculados das incertezas próprias dos orçamentos públicos, além de elevarem o nível de percepção de sua importância junto

“Não se colocam todos os ovos no mesmo cesto”. A antiga sabedoria popular nos relembra que não é

à opinião pública e, em consequência, arregimentarem mais defensores de sua própria existência.


16

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27

RELATÓRIOS

Diretoria Técnica - 2014

Com parceria com o PitBull e PESET, organizamos

Por Eny Hertz

uma Invasão ao Morro do Tucum (caminhada e escalada)

Montanhistas, chegou a hora de rever o que o departamento técnico fez em 2014!

Terminamos a fase de regrampeação da Via Paredão Jardim, as novas fases iniciarão em 2015.

Com base em vários modelos, terminamos do

Continuamos a participação no Conselho Consultivo

Termo de Assunção de Risco do CNM. Vários associados

do PESET, na Câmara Técnica e no GT Montanhismo do

já assinaram.

PESET. Leandro do Carmo continuou a se voluntariar em

Depois

de

várias

pesquisas

em

livros

sites,

várias mensagens trocadas entre a diretoria técnica e

nome do CNM, para ajudar a associada Stephanie Maia em sua pesquisa para o Mestrado da UERJ.

colaboradores terminamos a atualização do Quadro de Etapas dos Guias do CNM, a Revisão do manual do CBE do CNM e terminamos a padronização dos procedimentos em atividades de escalada do CNM. Temos feito oficinas para a apresentação desses

Percebemos que foram muitos feitos importantes, todos estamos de parabéns pela dedicação ao clube!

FIQUE DE OLHO

Classifcação de Trilhas

procedimentos padronizados. Depois de uns 14 meses conseguimos reunirmos o

Por Leandro do Carmo

GT Montanhismo do PESET, formado por representantes

Já faz 61 anos que não é feita uma reavaliação da

do parque, do CNM e escaladores sem vínculo com

classificação das trilhas usada no Brasil, diferentemente

qualquer clube para atualizarmos os setores de

da evolução da classificação / graduação das escaladas.

escalada do PESET.

Foi, assim, identificada uma lacuna no esporte e a necessidade de se debater uma nova classificação

Através de Ian Will fechamos uma parceria com o NEPUr, facilitando a capacitação dos associados do CNM.

adequada à realidade dos dias atuais. Para resolver essa questão a FEMERJ, com o apoio dos clubes, criou um grupo de trabalho que teve o objetivo de rever e atualizar essa classificação de forma

Participamos da ATM na URCA, além das escaladas, oferecemos

duas

oficinas

para

o

público

não

montanhista. Alguns associados participaram da oficina de auto resgate da FEMERJ/AGUIPERJ.

que ela represente com clareza, de forma objetiva e simples as trilhas que possuímos. Para finalizar o trabalho desse GT,

convocamos

a todos a participar de uma reunião aberta onde será apresentado e validada a nova classificação.

Vários grupos do CNM participaram de diversas caminhadas na ATM do PARNASO, além de termos ficado para a festa à noite, com direito a música ao vivo.

Baixe o documento que será debatido: classificacaotrilhas-v3.0.pdf Data: 10/01/2015 Horário: 9h

Oferecemos dois CBEs, com 8 alunos. Fizemos novamente parceira com Ian Will. Capacitamos 25 associados em diversas oficinas: Nós básicos de escalada; Metereologia; Dinâmica teórica com acidentado em trilha; Dois Cursos Básicos de Emergência Pré Hospitalar para Montanhistas parceira com Ian Will (NEPUr); e dois Treinamento de Auto Resgate - parceira com Ian Will (NEPUr).

Local: Parque Lage (Parque Nacional da Tijuca) - R. Jardim Botânico, 414 - Jardim Botânico.


Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27

17

OLHA QUEM ESTÁ CHEGANDO

Novos sócios, sejam bem vindos!

Nome: Adriana de Jesus Simões

Profissão: Empresária

Por que o CNM? Porque me foi apresentado um trabalho sério

e pessoas do bem

Nome: Maria Eugênia Ribeiro Sena Profissão: Professora – UNIRIO/CCBS/IBIO-LAQAM Formação: Eng. Química, Dra. em Ciências e Tecnologia de Polímeros/Membranas Por que o CNM? Contato com a natureza me acalma, mas em companhia e com segurança, bem sem RISCOS (SIC, não contava com abelhas, lacraias, escorpiões, etc.) Mensagem: A natureza agradece sua visita! Curta, cuide e colabore para o divulgar o quanto ela tem para nos oferecer! Feliz Natal e 2015 com muita paz e harmonia entre todos os humanos e seres vivos! Deus os protejam nestas caminhadas e aventuras

Nome: Antônio Alves de Melo

Profissão: Estagiário

Por que o CNM? Porque busco aventura, adrenalina, além de

equilíbrio físico, mental e emocional!

Mensagem: Desistir não é opção, dias melhores virão...


18

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27

DIVERSOS

Um adeus na CBME

sobre as duas entidades. Também continuarei como

Por Silvério Nery

consultor ou conselheiro pelo tempo que for necessário, visando uma troca de comando com o mínimo de sobressaltos. A seguir, para quem tiver curiosidade e paciência, segue um balanço resumido desses 14 anos de atuação na organização do montanhismo brasileiro. Peço que me desculpem eventuais falhas de memória nesse breve histórico. 14 anos Foi em 1999 que comecei a participar de listas

Caros montanhistas,

de discussão na internet. O motivo foi um crescente interesse nas questões institucionais do montanhismo

Em 18 de novembro passado tive uma experiência

brasileiro. Sabendo que no exterior o montanhismo

terrível ao presenciar a morte na montanha do amigo

já existia organizado há décadas, cismava com nossa

Davi e escapar ileso por milagre. Essa experiência

situação pouco estruturada. Havia sim os clubes no Rio

sublinhou minha entrada em nova fase da vida, meus

de Janeiro, São Paulo e Paraná, cada estado com suas

filhos se casaram recentemente, em 2015 vou ser avô e

peculiaridades, mas era evidente a falta de entidades

devo enfrentar desafios inéditos no meu trabalho como

unificadoras que cuidassem de interesses comuns à

engenheiro.

comunidade dos montanhistas e escaladores, fossem eles sócios de clubes ou praticantes independentes.

Fiquei uma semana no hospital e mais alguns dias em casa refletindo sobre a vida, os amigos, a família,

Em 2000 foi fundada a Federação de Esportes

o trabalho, o montanhismo brasileiro e cheguei à

de Montanha do Rio de Janeiro, a FEMERJ. Continuei

conclusão de que não devo mais continuar à frente da

acompanhando as discussões com grande interesse e

CBME e da FEMESP. O motivo principal dessa decisão é a

logo em seguida, em 2001, passei a fazer parte de um

perda quase que total da motivação que foi fundamental

grupo organizado que pretendia fundar uma Federação

para minha atuação ao longo de todos

esses anos.

em São Paulo, o que acabou ocorrendo após um ano

Tenho certeza de que a falta dessa motivação será

de reuniões para discussão do estatuto. Em abril de

muito prejudicial para as instituições. Já percebi que

2002, com a fundação da Federação de Montanhismo

tenho sido resistente a algumas iniciativas e tenho

do Estado de São Paulo – FEMESP, passei a exercer um

receio de impor bloqueios sem me dar conta disso.

cargo formal, o de presidente da nova entidade.

Além disso, já se vão 10 anos à frente da CBME,

Foram anos de muitas discussões, entusiasmo

12 à frente da FEMESP e 14 anos de atuação nesse

e trabalho duro. Logo em 2002 organizamos um

movimento. Certamente é hora de criar espaço para

campeonato estadual em São Paulo com 6 etapas (3 de

outras pessoas mais jovens e mais motivadas, nem que

Dificuldade e 3 de Boulder), duas em cada ginásio, na

isso pareça um pouco difícil à primeira vista.

época, Casa de Pedra, 90 Graus e Crux. Havia também toda a parte burocrática (registro em cartório, CNPJ,

Assim comunico que estou me afastando da

assembleias), as questões de acesso (logo iniciamos

presidência da CBME e da FEMESP. Não haverá

também o diálogo com a administração do Parque

descontinuidade no trabalho de gestão das entidades,

Nacional do Itatiaia, com proprietários de áreas

que nesse momento passam a ser geridas por seus vice-

particulares como Guaraiúva e outros locais) e muitas

presidentes, Kika Bradford na CBME e Sergio Robles na

outras demandas, quase que diárias. Assim mesmo

FEMESP. Continuarei à disposição das diretorias para

era muito recompensador, o trabalho dava resultados

repassar todos os assuntos, registros e informações

positivos (embora um tanto quanto invisíveis) e havia


Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27

19

o reconhecimento pela comunidade que acompanhava

Comissão de Esporte de Aventura, um comitê técnico

essas peripécias.

que criou as definições oficiais de Esporte de Aventura e Esporte Radical, um marco importante para o

Grandes amizades começaram nesse período e

reconhecimento do montanhismo como esporte (idem

minha ligação com o Bernardo Collares foi decisiva

para o surfe, parapente e outras atividades ao ar livre

para a fundação da CBME, em 2004. Nosso objetivo, na

não essencialmente competitivas). Também por essa

época, era ter uma entidade nacional para podermos

via fui convidado a participar de duas audiências

conversar institucionalmente com órgãos federais

públicas sobre Projetos de Lei no Senado e na Câmara

como o ICMBio e o Ministério do Esporte. Ao mesmo

Federal que visavam regulamentar, de forma totalmente

tempo fortalecer o movimento pela institucionalização

inadequada, os esportes “radicais”, como constava

do montanhismo nacional. Se já era difícil “tocar” as

do texto dos projetos. Graças à nossa mobilização e

Federações, (Bernardo era presidente da FEMERJ e eu

também de outras entidades (parapente, paraquedismo,

da FEMESP), tínhamos muitas dúvidas quanto à nossa

surfe, skate), conseguimos derrubar esse projetos.

capacidade de trabalho para fazer andar também a CBME. Mas com entusiasmo e bom humor fomos

Em 2002 a FEMERJ já havia organizado em conjunto

em frente. Acumulamos novos cargos formais, virei

com o ICMBio um Seminário sobre diretrizes de mínimo

também presidente da CBME e Bernardo ocupou a vice

impacto em Unidades de Conservação. Depois, em

presidência.

2004, FEMESP e FEMERJ firmaram o primeiro Termo de Cooperação Técnica com o ICMBio, mais especificamente

Mais discussões, entusiasmo e trabalho duro. De

com o Parque Nacional do Itatiaia. Foi o início de

início lutamos contra uma ameaça que levou mais ou

uma parceria muito produtiva, que embora tenha

menos um ano para se desfazer, a ABEA – Associação

demorado um pouco a deslanchar, teve e ainda vem

Brasileira de Esportes de Aventura, entidade fundada

apresentando excelentes resultados, dos quais podem

naquela época com o objetivo de dirigir todos os

ser citados os Encontros de Parques de Montanha e,

esportes ao ar livre, porém sem qualquer legitimidade.

bem recentemente, o Seminário de Abertura de Novas Vias no Parque Nacional do Itatiaia. A participação dos

Em outra frente, passamos a organizar campeonatos

montanhistas na gestão de Unidades de Conservação

nacionais de escalada indoor, com etapas em São Paulo,

está consolidada através da presença nos Conselhos

Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas

Consultivos dessas Unidades. Federações e clubes de

Gerais. Nessa área tivemos, a meu ver, dois grandes

montanhismo filiados à CBME mantém cadeiras nos

marcos. Um deles foi o Open de Boulder do Parque da

conselhos dos parques nacionais e estaduais mais

Juventude em 2004, que teve mídia espontânea até no

importantes para a prática do montanhismo, como por

jornal local da TV Globo (SPTV). Outro grande evento

exemplo: Itatiaia, Serra dos Órgãos, Três Picos, Pedra

foi o campeonato brasileiro de 2005, cuja final teve

do Baú, Jaraguá, etc., etc.

imenso público na Casa de Pedra em São Paulo, com repercussão na mídia impressa e em alguns programas

Outra frente que exigiu bastante trabalho e

esportivos na TV aberta. Essas competições revelaram

mobilização foi nossa resistência ante o processo de

muitos jovens talentos, alguns dos quais continuam

normatização das atividades de aventura, liderado pela

ativos e fortes no cenário da escalada, como Felipe

ABETA, com apoio do Ministério do Turismo, SEBRAE e

Camargo, Cesar Grosso e Thais Makino. Também

ABNT. Briga de gente grande, como disseram muitos,

permitiram que atletas com mais tempo de atividade

mas graças à força e coerência dos nossos argumentos

alcançassem sua consagração no cenário nacional, caso

e a nossa pressão constante, mesmo sem qualquer

da Janine Cardoso e do André Berezoski.

apoio oficial (o Ministério do Esporte foi completamente omisso nessa questão), conseguimos manter o pé na

Como costumávamos dizer, “usando o boné da

porta e evitamos o mal maior, que seria o total controle

CBME”, passei a ter contato com o Ministério do Meio

dos esportes de aventura pelo mercado de turismo.

Ambiente, ICMBio e com o Ministério do Esporte.

Uma quimera, dirão alguns, mas que esteve próxima

Graças aos contatos com este último, participei da

de virar realidade nos piores momentos dessa luta


20

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27

essencialmente política.

capital na divulgação e credibilidade que a CBME adquiriu ao longo desses 10 anos de sua fundação.

Um grande êxito e, por que não dizer, o apogeu de todos esses anos de trabalho foi a Semana Brasileira

Outro fato que desencadeou uma crise mais intensa

de Montanhismo. Ali conseguimos reunir praticamente

foi a decisão de deixar de pagar o IFSC. Embora a

todas as pessoas que tem interesse no montanhismo

assembleia da CBME de 2012 tenha aprovado a decisão,

nacional e discutimos todos os temas fundamentais

fui eu que apresentei a proposta e os argumentos

para nossa atividade. Foi um grande congraçamento e

que acabaram convencendo os demais de que aquela

um marco que sempre será lembrado na nossa história.

era a melhor alternativa para o momento. Não me

Fiquei muito orgulhoso de ter participado da SBM e sou

arrependi da decisão, mas por ser o autor da proposta

muito grato às pessoas que ralaram muito para que tudo

acabei sofrendo pessoalmente com a crise que se

aquilo acontecesse (Delson, Kika, Jussara, Rosângela,

desencadeou a partir de então e que resultou numa

Diniz e muitos outros). Na festa de abertura, no alto do

cisão e na fundação da ABEE, sem acordo nem vínculo

Morro da Urca, com a presença do Carlos Minc, Pedro

com a CBME. Foram discussões pesadas e desgastantes

da Cunha e Menezes, Jim Donini e quase todos os meus

ao extremo, demonstrações de desconfiança, muita

amigos e conhecidos da comunidade da montanha,

incompreensão e posturas irredutíveis assumidas por

mal contive a emoção diante da imensa e plateia que

pessoas que estavam dos dois lados da contenda. Não

prestigiou o evento, não só em presença, mas também

é correto dizer que foi uma briga entre “esportivos” e

com doações em dinheiro. A SBM foi um grande evento

“tradicionais”, foi muito mais uma “conversa de surdos”,

graças ao patrocínio coletivo da comunidade.

pessoas com dificuldade para compreender as ideias e posicionamentos de quem estava “do outro lado”. Esse

Entretanto, a partir de 2010 mais ou menos

episódio me deixou muito triste e com uma sensação

começaram a surgir revezes que pouco a pouco foram

de impotência diante do resultado, a meu ver negativo

minando minha motivação. Inicialmente os problemas

e desgastante.

ocorridos em campeonatos de escalada, como a redução do número de participantes e o excesso de reclamações

Ao final dessa longa história chego à conclusão

e acusações (quase sempre injustas e infundadas), que

de que o tempo passou e já não existe mais o mesmo

resultaram no fechamento das Associações de escalada

espaço de antes para meu estilo de gestão à frente

de competição no Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.

da CBME e da FEMESP. Um jeito um tanto idealista e informal, com relacionamentos fortemente baseados

Depois veio a perda irreparável do Bernardo, para

em

amizade

e

confiança

mútua.

Esses

valores

mim um choque pessoal muito grande e também uma

continuam sendo muito importantes, mas não são mais

grande perda na gestão da CBME, onde nossa pareceria

suficientes. Me parece que nesse momento a gestão das

de irmãos de sangue fazia com que o trabalho fluísse

instituições exige um pouco mais de pragmatismo e um

sempre em sintonia e com muito bom humor. Bernardo

cunho mais profissional para garantir sua sobrevivência

dispunha de bastante tempo para dedicar à CBME

e crescimento.

à FEMERJ, o que aliviava um pouco minha carga de trabalho e permitia que atuássemos em várias frentes

Sem falsa modéstia, penso que o trabalho que

simultaneamente. Vale destacar ainda que nós dois e

ajudei a desenvolver ao longo desses anos - sempre

principalmente ele, conhecemos muitos escaladores

contando com um grupo fantástico de montanhistas

e muitos locais de escalada no Brasil, o que nos

que batalhou e continua batalhando nas diretorias das

proporcionou uma visão mais ou menos abrangente do

Federações e Clubes por todo o país – foi um divisor de

panorama da escalada no país inteiro. Bernardo viajava

águas na história “oficial” do montanhismo no Brasil.

com muita frequência, ia a quase todos os encontros

Que esse ciclo virtuoso continue por muitos anos e

de escalada e sempre aproveitava essas oportunidades

que nossas instituições cresçam e se tornem sólidas e

para escalar muito e para apresentar a CBME com nossa

independentes financeiramente, sempre pautando sua

visão e ideias para quem se dispusesse a escutá-lo. Pode

atuação nos princípios e valores éticos que norteiam o

parecer pouco, mas esse trabalho foi de importância

montanhismo brasileiro.


Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27

21

ACONTECEU

ACONTECEU

Curso básico de emergência Eleição de nova diretoria Atividade:

Curso

Básico

de

Emergência

Pré

Hospitalar para Montanhistas Data: 11/10/2014

No dia 15/11/2014 realizamos nossa Assembleia Geral Ordinária, onde elegemos a nova diretoria para o biênio 2015/2016. Ela foi composta por:

Responsável: Departamento Técnico Participante(s): Leonardo Gonçalves do Carmo, Luiz

Presidente: Leandro do Carmo

Coelho de Souza, Michael Patrick Rogers, Patrícia Costa

Vice Presidente: Vinícius Araújo

Gregory e Stephanie Maia

Tesoureiro: Leonardo Carmo

Nesse curso, ministrado pelo Ian Will, foram abordados os seguintes temas: suporte básico de vida

E para compor a diretoria, indicamos as seguintes pessoas:

no trauma em montanha; imobilização de improvisos;

Secretário: Alexandre Rockert

transporte de acidentados; simulados práticos de

Diretoria Técnica: Ary Carlos

atendimento em locais de difícil acesso; situações

Diretoria Social: Patrícia Gregory

diversas

Diretoria de Meio Ambiente: Stephanie Maia

Iniciamos mais um CBE


22

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27

ACONTECEU

Festa de 10 anos do Clube No último dia 29/11, o CNM comemorou 10 anos de sua fundação. Numa festa realizada em Várzea das Moças, na casa de Dona Roseli, mãe do Alan, palco das tradicionais festas e churrascos do clube. Uma noite muito agradável com música ao vivo da banda Véu Palatino, que tem o sócio Leonardo Carmo como baterista e ainda, uma palhinha do músico Caio, filho da Patrícia Gregory, além de bebidas diversas, petiscos e muito papo! Lançamos o Boletim Edição Especial 10 anos, onde pudemos resgatar fatos históricos do clube e guardar para sempre as recordações esse período tão importante. Ainda em comemoração ao aniversário de 10 anos, lançamos a caneca comemorativa. A caneca, ideia dada pela sócia Stephanie, foi um sucesso. Foram 38 unidades vendidas! Um encontro de gerações! Desde o primeiro presidente ao recém eleito.


Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27

23

DIVERSOS

Lista de material doado Material e livros doados pelo Carlos Penedo:

FOTOS DE ATIVIDADES

PICO DO FRADE - MACAÉ

- Livro “Touching the void”, de Joe Simpson; - Livro “Desafiando limites com Marcio Villar”, de Denilson Monteiro; - Livro “Guia de escalada e trilhas da Floresta da Tijuca”, de Flavio; Daflon e Delson de Queiroz, (2004); - Livro “Guia de escalda da Urca”, de Flavio Daflon e Delson de Queiroz (2002); - Livro “Tudo pelo Everest”, de Waldemar Niclevicz; - 1 Capacete de bike, tamanho L, cor laranja; - 1 Capacete de escalada (Montana), cor branca; - 1 Bouldrier (Kailash); - 1 Fita de 1 m, cor roxo; - 1 Fita de 1,5 m, cor azul; - 1 Fita de 2 m, cor amarela; - 1 Cordelete de 0,5 m, cor roxo e laranja; - 1 Cordelete de 1,2 m, cor vermelho; - 4 Costuras (Kailash); - 4 Mosquetões (Mammut); - 1 Camisa CNM, tamanho GG; - 1 Camisa ATM-2014, tamanho GG; - 1 Corda de 50 m, cor verde; Obs.: A corda já é antiga e não deve ser usada para guiar uma cordada.

FOTOS DE ATIVIDADES

TRILHA MORRO DO SILVADO - MARICÁ

2ª AULA CBE - PRACINHA DE ITACOATIARA


24

Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 27

Avisos REUNIÕES SOCIAIS

As reuniões sociais do CNM são realizadas sempre na primeira quinta-feira de cada mês ímpar e na primeira quarta-feira de cada mês par, às 19:30h, em local a ser definido e divulgado. Os encontros acontecem em clima de total descontração e informalidade, quando os sócios e amigos do CNM aproveitam para colocar a conversa em dia, trocando experiências, relatando excursões e vivências ou, simplesmente, desfrutando a companhia de gente simpática e fraterna. Periodicamente acontecem reuniões e seminários técnicos com o intuito de possibilitar maiores detalhes e informações atualizadas aos sócios e interessados. Informem-se sobre os temas das palestras técnicas e reuniões acessando o site: www.niteroiense.org.br Compareçam e sejam muito bem vindos!!! ANIVERSARIANTES

A todos muita saúde e felicidade! Adriana Engelbart - 11/out Mariana Silva Abunahman - 21/out Paulo Ruas Pereira Coelho - 14/nov José Eduardo Ramos França - 20/nov Beatriz Fernandes - 26/nov Vander Silva - 01/dez Marco Antonio Garcia - 21/dez Renata Batista Garcia - 23/dez CORPO DE GUIAS

E - ESCALADA T - TRILHAS C - CICLISMO Adriano Paz - C T

Leandro do Carmo - E T

Alan Marra - C E T

Leandro Collares - E T

Alessandra Neves - C E T

Leandro Pestana - C E T

Alex Figueiredo - T

Leonardo Carmo - T

Andrea Rezede - C T

Luiz Alexandre - E

Ary Carlos - E T

Mauro de Mello - E T

Carlos Penedo - E T

Neuza Ebecken - T

Diogo Grumser - T

Vinicius Ribeiro - C

Eny Hertz - E T

IMPORTANTE!

A Presidência do CNM é soberana em qualquer assunto relacionado com o CNM e seus associados. A Diretoria Técnica é soberana em qualquer assunto técnico relacionado aos associados e aos guias do CNM.

EXPEDIENTE

CNM – CLUBE NITEROIENSE DE MONTANHISMO Início das Atividades em 26 de Março de 2003 Fundado em 20 de Novembro de 2004 Website: www.niteroiense.org.br e-mail: cnm@niteroiense.org.br Contato: 98608-1731(Leandro do Carmo) Presidente: Leandro do Carmo Vice: Vinícius Araújo Tesoureiro: Leonardo Carmo Secretário: Alexandre Rockert Diretoria Técnica: Ary Carlos Diretoria Social: Patrícia Gregory Diretoria Ambiental: Stephanie Maia Conselho Fiscal Efetivos: Adriano de Souza Abelaria Paz; Andréa Rezendo Vivas; Alex Faria de Figueiredoo; Suplente: Denise Gonçalves do Carmo Representante do CNM no PESET Titular: Eny Hertz Suplente: Leonardo Carmo Informativo Nº 27: As matérias aqui publicadas não representam necessariamente a posição oficial do Clube Niteroiense de Montanhismo. Ressaltamos que o boletim é um espaço aberto a todos aqueles que queiram contribuir. Envie sua matéria para cnm@niteroiense.org.br. Participe!!! Edição e Diagramação: - Eny Hertz - Leandro do Carmo


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.