MAXILLARIS setembro-outubro 2012

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Ciência e atualidade do setor dentário • ano VII • no 42 • setembro-outubro 2012

Crónica de setembro • OMD alerta para difícil situação profissional da classe • Onze clínicas encerradas desde o início do ano

Atualidade académica • João Aquino, diretor

da FMDUL, revela os contornos do novo ano letivo

Falamos com... • António Ginjeira, presidente do XXXII Congresso da SPEMD

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Retratos de um viajante • Os segredos

da Ilha da Páscoa

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MAXILLARIS Atualidade científica, profissional e industrial do setor dentário. Ano VII, nº 42, setembro-outubro 12

Índice de anunciantes Bien-Air . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 3 e 6 6

Laboratórios Inibsa . . . . . . . . . . . . . . . 5

BTI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 7

Neodent . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1

Ceodont . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

OMD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 3 e 4 5

Casa Schmidt Portugal . . . . . . . . . . . 2 5

Oral B . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 4

Fedesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 9

Procoven . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 3

Dürr Dental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

Simesp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1

Eckermann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 3

SPED. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 9

GT-Medical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

SPEMD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 9

Instituto Casan. . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 5

VDW . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 7

Encartes:

Clínica Aparicio

Proprietário: Cyan Editores. Coordenador Edição Portuguesa: João Drago. portugal@maxillaris.com Publicidade: comercialportugal@maxillaris.com Colaboradores: Gilberto Ferreira. João dos Santos. Maria Inês Matos. Nuria Mauleón. Valéria Baptista Ferreira.

Comissão Científica: Jaimes Guimarães (diretor científico). Ana Cristina Mano Azul. Carlos Falcão. Gil Alcoforado. José Pedro Figueiredo. Manuel Neves. Ricardo Faria e Almeida. Susana Noronha. R E D A Ç Ã O: Av. Almirante Reis, 18, 3º Dto. Rtg. 1150-017 Lisboa. Tel./Fax: 218 874 085.

ISENTO DE REGISTO AO ABRIGO DO DECRETO REGULAMENTAR 8/99 de 9/6 art 12º nº 1ª

Depósito Legal: M-44.552-2005. Impressão: I.G. PRINTERMAN. Assinatura anual: Portugal 35 €, resto 80 €. Tiragem: 6.100 exemplares

• Periodicidade bimestral. • MAXILLARIS não se responsabiliza pelas opiniões manifestadas pelos seus colaboradores.

• Proibida a sua reprodução total ou parcial em outras publicações sem a autorização expressa e por escrito de CYAN EDITORES.

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Sumário Crónica de setembro 6

OMD alerta para difícil situação profissional da classe.

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CNOP participa em debate europeu sobre trabalho qualificado.

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João Aquino, diretor da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa:

Atualidade académica

“A crise tem vindo a ter efeitos devastadores nos orçamentos para as universidades públicas”.

Ponto de vista 20

Orlando Monteiro da Silva: “Perspetivas para as profissões de saúde”.

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Teresa Alonso: “Os paradigmas em ortodontia: novas técnicas, novos conceitos”.

26

António Ginjeira, presidente da Comissão Organizadora do XXXII Congresso da SPEMD:

Falamos com...

“Mantemos a aposta num evento com pólos de interesse para toda a equipa de saúde oral”.

Tópicos de cirurgia oral 30

Jaime Guimarães: “Princípios da realização de incisões e retalhos na cavidade oral”.

34

Marta Figueiredo: “Técnica autoligável em ortodontia: revisão bibliográfica”.

46

Javier García Fernández: “Enxerto dérmico acelular para recobrimento radicular”.

56

Paulo Malo: “Reabilitação fixa bimaxilar com a técnica All-on-4TM – caso clínico”.

62

Gonçalo Sousa Uva: “Nunca me fez confusão ir ao dentista”.

64

Agenda de cursos para os profissionais.

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Calendário de congressos, simpósios, reuniões, encontros e exposições industriais nacionais e estrangeiras.

70

Produtos e equipamentos.

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Notícias de empresas.

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Os segredos da Ilha da Páscoa.

Ciência e prática

Fichas clínicas odontológicas

Dossier

O meu sorriso

Calendário de cursos

Congressos e reuniões

Novidades da indústria Página empresarial

Retratos de um viajante

CYAN EDITORES – MAXILLARIS – Administradores: Marisol Martín. José Antonio Moyano. Diretor: Miguel Ángel Cañizares. Subdiretor: Julián Delgado. Redação: María Santos.

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Chefe Divisão Multimédia: Roberto San Miguel. Diretora Comercial: Verónica Chichón. Chefe Departamento Gráfico: M. Ángeles Barrero. Serviços Administrativos: Marta Esquinas. REDAÇÃO ESPANHA C/ Clara del Rey, 30 bajo. E-28002 Madrid. Tel.: (0034) 917 255 245. E-mail: maxillaris@maxillaris.com

Comissão Científica (edição espanhola): Javier García Fernández (diretor científico). Armando Badet de Mena, Blas Noguerol Rodríguez, Emilio Serena Rincón, Germán Esparza Gómez, Héctor Tafalla Pastor, Jaime Jiménez García, Jaume Janer Suñé, Luis Calatrava Larragán, Manuel Cueto Suárez, Rafael Martín-Granizo López, Juan López Palafox, Ramón Palomero Rodríguez.


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Crónica de setembro Direção da OMD alerta para difícil situação profissional da classe

“Faltam respostas adequadas por parte de várias entidades”

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ção de um quadro estratégico, regulado, que efetivamente direção da Ordem dos possa responder às necessidades do país em termos de Médicos Dentistas (OMD) saúde (oral)”. Para Monteiro da Silva, a articulação da formafoi recebida, no passado mês de julho, em ção com o exercício e a disponibilização de serviços “enconaudiência pelo Presidente da República, Aníbal tra-se numa encruzilhada que necessita de um Estado forte, Cavaco Silva. Durante o encontro, que decorreu não que intervenha desmesuradamente, mas que regule efeno Palácio de Belém, os representantes da Ordem, tivamente e responsabilize os agentes” na medida das suas liderados pelo bastonário Orlando Monteiro da Silva, competências, valias e responsabilidades. deram conta da difícil situação que os médicos dentistas Por outro lado, o profissional do setor “não terá ainda enfrentam na atual conjuntura nacional. ajustado o seu posicionamento e capacidade de se afirmar A desvalorização do trabalho qualificado é um proble– acentua o bastonário – nas diversas plataformas onde ma que afeta os médicos dentistas, à semelhança do que atua”. A própria profissão ver-se-á agora enquadrada por se está a passar com outras profissões, com especial inciuma nova lei (de iniciativa comunitária) que, por exemplo, dência na área da saúde. ignora especificidades da profissão. “A erosão do carácter A direção da OMD defendeu junto do Chefe de Estado a liberal da profissão foi muito acelerada e todavia os médinecessidade de racionalizar os recursos humanos e repensar cos dentistas continuam a não se organizar tendo em conta a formação em Medicina Dentária, saudando a decisão do essa realidade, continuando a ter apenas na sua Ordem um Governo de congelar as vagas para o Ensino Superior. referencial”, acrescenta a esta revista o representante da As estimativas da OMD apontam para um aumento de classe dos médicos dentistas. Porém, a natureza jurídica da 55% do número de médicos dentistas até 2016. Os memOMD, que é essencialmente de certificação e regulação do bros da direção da OMD chamaram a atenção para o exexercício, “não nos permite atuar diretamente sobre detercesso de profissionais e de cursos de Medicina Dentária minados assuntos e temas”, como por exemplo o acesso à numa altura em que o desemprego e o subemprego já estão profissão e a negociação de honorários. Todavia, adianta a subir entre os médicos dentistas. Portugal não tem capacique a OMD tem exercido uma “ação constante de alerta e dade de absorver tantos profissionais e a OMD já recebeu de pressão sobre os vários decisores – públicos e privados, 600 pedidos de suspensão de atividade de médicos dentisnacionais e comunitários – no sentido de estes tomarem tas que optaram por emigrar para países como Inglaterra, consciência das questões mais relevantes e, de preferência, Suécia, Suíça ou França. atuarem em consonância”. No rescaldo do encontro no Palácio de Belém, Orlando Monteiro da Silva adiantou à MAXILLARIS os principais contornos do problema com que se deparam os profissionais do setor dentário. A proliferação da atividade de gestão de planos de saúde por macroestruturas empresariais externas à regulação setorial, com impacto nos moldes da prestação dos serviços qualificados; a intermediação da oferta e da procura por estruturas de natureza empresarial, de maior ou menor dimensão, dedicadas ou não em exclusivo à área da saúde, “colocam a profissão e o profissional perante uma nova realidade”. De acordo com o bastonário, essa realidade “ainda não teve respostas adequadas por parte de várias entidades”. A A partir da esquerda, a delegacomeçar pelo regulador Estado, que ção da OMD composta “está mais preparado para atender pelos médicos dentistas às questões de operação do setor Ricardo Oliveira Pinto, membro do Conselho Diretivo; Eunice e ainda assim muito impreCarrilho, membro do Conselho parado para lidar com alguConsultivo; Pedro Pires, vice-presidente mas estruturas poderosas e do Conselho Diretivo; Ana Cristina Mano Azul, presidente do Conselho agressivas comercialmente, Fiscal, e Orlando Monteiro da Silva, como as seguradoras, e bastonário. À direita, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, que, sobretudo, se tem acompanhado pela sua assessora mostrado de certa forma para a saúde, Clara Carneiro. inconsequente na produ-

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Crónica de setembro No entanto, ainda que se Resta saber se os diferentes intervenientes com poder de vejam as virtudes de determinadas altedecisão neste domínio estão a dar sinais com vista a uma rações, os entraves subsistem: políticas de futura reformulação da formação no setor dentário. A diredesvalorização do trabalho humano; disseminação da OMD tem defendido, desde sempre, “a necessidade ção de práticas publicitárias enganosas favorecidas de racionalizar os recursos humanos e repensar a formação pela intermediação de agentes macroeconómicos em em Medicina Dentária”, saudando a decisão do Governo de áreas setoriais de relevante interesse público; alastracongelar as vagas para o ensino superior. mento da tendência propagandística de promessa de O bastonário recorda que entregou, há dois meses, ao resultados ou garantia de sucesso na prestação de serviços secretário de Estado para o Ensino Superior, João Filipe cuja aleatoriedade impossibilita a prestaQueiró, um dossier com a situação da ção de informação objetiva ao consumiMedicina Dentária em Portugal, onde se A direção da OMD tem dor; carência de poder e de concreta legidestaca o excesso de formação de médidefendido, desde sempre, timidade legal de intervenção por parte cos dentistas. Este dossier era composto das reguladoras do Estado diante de “a necessidade de racionalizar pelos números da OMD, pela situação atropelos à própria legalidade e à ordem profissional dos médicos dentistas os recursos humanos pública; ausência de quadros suficiente(inquérito solicitado pela OMD), pelo e repensar a formação mente balizadores de cada peculiaridade parecer da OMD sobre a implementaem Medicina Dentária” das profissões, indispensáveis para proteção do processo de Bolonha, pelo ger a confiança dos consumidores ao Regime Jurídico das Instituições do prevenir a fraude, a usurpação de funções e a realização de Ensino Superior e pela empregabilidade e rede, entre outra atos por quem não está habilitado para tal; e o arrastameninformação relevante. to da consagração generalizada do valor legal e normativo Através da publicação dos números da Ordem, a OMD dos códigos de conduta ética e deontológica de cada setor tem vindo a dar a conhecer à população, aos agentes decide atividade. sores da área da saúde e aos profissionais nela intervenientes Monteiro da Silva considera que a solução mais viável, a alguns dados estatísticos referentes à Medicina Dentária porcurto ou médio prazo, no sentido de racionalizar os (excessituguesa. Monteiro da Silva considera que o trabalho de senvos) recursos humanos e minimizar os efeitos do desempresibilização e alerta “está feito”, tendo em consideração que go e subemprego no setor dentário passa pelo “crescimento os dados foram enviados para mais de 200 entidades com económico do país, pelo congelamento e diminuição do responsabilidades diretas ou indiretas associadas à Ordem. A número de vagas de acesso às faculdades de Medicina título de exemplo, a documentação foi enviada para os Dentária, pelo aumento da formação no domínio da pósministérios da Saúde, da Educação, da Economia e do Em-graduação, pela aprovação da lei das Ordens na Assembleia prego e para os organismos públicos ligados a estes ministéda República e pela articulação e intervenção das diversas rios. Também foram divulgados junto das faculdades, dos entidades reguladoras na área da saúde”. líderes parlamentares, das comissões parlamentares, etc.

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Crónica de setembro Mundo a Sorrir dedica campanhas à população idosa

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om o projeto “Sorrisos de porta em porta”, a associação Mundo a Sorrir (MAS) foi a vencedora, entre 89 candidatos, do I Concurso CIS Porto, organizado pela Câmara Municipal do Porto, através da Fundação Porto Social. A cerimónia de entrega dos prémios decorreu no passado dia 18 de julho e contou com a presença do presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, e da vereadora do Conhecimento e Coesão Social, Guilhermina Rego. O projeto “Sorrisos de Porta em Porta” é direcionado aos idosos que vivem sozinhos ou ao abrigo de instituições geriátricas. Durante um ano, a MAS pretende tratar e acompanhar 1.500 idosos e dar formação a cerca de uma centena de profissionais de acompanhamento a esta população. O objetivo é cuidar da saúde oral da população mais envelhecida, de forma a melhorar a sua qualidade de vida e, simultaneamente, reduzir a probabilidade de ocorrência de outros problemas, como o cancro oral. O projeto arranca já este mês, no Porto, mas poderá vir a ser aplicado em outros municípios.

Miguel Pavão, presidente da MAS (à esquerda), e Rui Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto.

Mundo a Sorrir realizou em Portalegre uma campanha de sensibilização e rastreio que envolveu mais de uma centena de idosos.

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No âmbito de outro projeto desenvolvido pela Mundo a Sorrir, o Lar da Santa Casa da Misericórdia de Portalegre acolheu, entretanto, uma campanha de sensibilização e rastreio dirigida a mais de uma centena de idosos. Esta ação, realizada no passado mês de julho, visou promover os cuidados de saúde oral. Paralelamente aos rastreios realizados junto dos utentes do lar, também os funcionários foram alvo de uma ação de formação. Iniciado em novembro de 2011, em Mirandela, este projeto, intitulado “A sorrir de norte a sul”, já passou por vários outros municípios, como Baião, Mogadouro, Boticas, Évora, Marco de Canaveses e Penela. A missão é sensibilizar para os cuidados de saúde oral, através da realização de palestras e ações de informação. O projeto envolve ainda a realização de rastreios para avaliar o estado de saúde oral de cada pessoa. Esta iniciativa conta com o apoio do Alto-Comissariado da Saúde e contempla a realização de campanhas de saúde oral em nove municípios do interior de Portugal, durante o período de nove meses, envolvendo 1.800 crianças, adolescentes e idosos. Cada um destes municípios tem um mês para promover a saúde oral, através de várias atividades de prevenção e sensibilização, a desenvolver junto das escolas, infantários, empresas, entre outras entidades de relevância comunitária. Focando os dois principais grupos-alvo deste projeto (crianças dos seis aos 12 anos e adultos maiores de 65 anos), pretende-se observar e analisar o estado, a evolução e a deterioração da situação no interior de Portugal. Nestas zonas do país, a população adulta pertence ao grupo de portugueses com maior índice de perda dentária e com poucos recursos e interesse pela reabilitação oral. Pretende-se evitar que os jovens assumam como exemplo aquele que é o estado atual da saúde oral de grande parte da população adulta com idade superior a 65 anos. Este projeto visa ainda alertar para os obstáculos e as dificuldades inerentes ao interior do país que originam, muitas vezes, problemas demográficos e sociológicos que se apresentam já difíceis de contrariar. No ano em que assinala sete anos de atividade como organização sem fins lucrativos na área da saúde oral, a Mundo a Sorrir já soma 19 projetos, 834 ações de sensibilização, mais de 31.500 rastreios e pelo menos 7.000 consultas. Todas estas ações e atividades, organizadas com o apoio de 246 voluntários, permitiram ajudar mais de 51.200 pessoas.


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Crónica de setembro Conselho Nacional das Ordens Profissionais participa em debate europeu sobre trabalho qualificado

Orlando Monteiro da Silva (ao centro) representou Portugal no evento, na qualidade de presidente do CNOP.

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desvalorização do trabalho qualificado é transversal a toda a União Europeia e a todas as profissões liberais e uma das consequências da crise económica e financeira. Esta é uma das principais conclusões de um encontro que decorreu em Bruxelas, no passado dia 19 de julho, para assinalar o Dia Europeu das Profissões Liberais. No âmbito do Conselho Económico e Social Europeu, representantes de várias ordens profissionais de todo o espaço europeu reforçaram a importância do papel da regulação de forma a encontrar um equilíbrio entre a competitividade e a qualidade. O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) e presidente do Conselho Nacional das Ordens Profissionais (CNOP), Orlando Monteiro da Silva, foi um dos oradores convidados, representando Portugal na sessão com uma intervenção sobre a dignificação do fator trabalho qualificado no mercado interno e o papel das ordens profissionais. Monteiro da Silva apresentou um panorama das profissões qualificadas em Portugal, salientando a tendência crescente de desvalorização do fator trabalho qualificado, de que são exemplo situações recentes na área da saúde que envolvem a contratação por entidades externas de médicos, enfermeiros, nutricionistas, para desempenhar funções em instituições do Serviço Nacional de Saúde com ordenados considerados indignos.

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Na área da medicina dentária, que opera fundamentalmente no setor privado, a intervenção do presidente do CNOP centrou-se na atuação de entidades gestoras de planos de saúde, cujas práticas vão em sentido similar, nomeadamente, “através de publicitação enganosa de preços gratuitos e eventual abuso de posição dominante e de dependência económica”. Monteiro da Silva considera, por outro lado, que as pequenas e médias empresas e os profissionais liberais “são o verdadeiro tecido produtivo da União Europeia”, que asseguram a prestação de serviços e cuidados tão importantes como a saúde. “São ainda uma verdadeira força motriz do desenvolvimento e da inovação, de criação de postos de trabalho e com um importante papel para a saída da crise económica e social que afecta o mundo ocidental”, acrescenta o bastonário da OMD, para quem as profissões liberais não são hostis ao mercado e à concorrência. “Têm sabido estabelecer regras adequadas, reconhecidas e aceites que podem garantir o bom funcionamento do mercado, promovendo o equilíbrio entre a concorrência e a qualidade dos serviços prestados”. Todos os representantes das ordens profissionais que marcaram presença no encontro de Bruxelas foram unânimes em reconhecer que é necessário aumentar a produtividade, mas tal só pode ser feito sem perdas de qualidade, protegendo os cidadãos europeus.


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Crónica de setembro Onze clínicas encerradas desde o início do ano

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ste ano já foram encerradas 11 clínicas dentárias, apanhadas com medicamentos fora de prazo e a reutilizar material cirúrgico de uso único ou descartável. O envolvimento de profissionais não registados na Ordem dos Médicos Dentistas ou de mão de obra ilegal são outros motivos que estão na origem das sanções aplicadas na sequência de 65 inspeções efetuadas em clínicas dentárias desde o início do ano, sob a supervisão da OMD, da Entidade Reguladora da Saúde, da Inspeção-Geral das Atividades da Saúde e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. Os espaços encerrados estavam a funcionar em Faro, Loulé, Lisboa, Oeiras e Figueira da Foz. São casos graves, “mas que representam uma minoria perante o universo de 5.500 clínicas licenciadas em Portugal”, ressalva a direção da OMD. O bastonário Orlando Monteiro da Silva afirmou, por outro lado, à comunicação social que “o sistema de fiscalização está a funcionar”. Para descanso do público, “os casos detetados são uma minoria”, sublinhou Monteiro da Silva, acrescentando que esta é “uma das poucas áreas da saúde em que mais de 85% das unidades estão licenciadas". Já no ano passado tinham sido registadas três suspensões e oito fechos de unidades do setor dentário em diferentes regiões do país, como resultado de cerca de 140 ações de fiscalização. As irregularidades foram detetadas na sequência de 65 inspeções realizadas a clínicas dentárias desde o início do ano.

CED divulga influência da saúde oral no envelhecimento saudável

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Francisco Rodríguez Lozano, vicepresidente do CED.

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o passado dia 26 de junho realizou-se no Parlamento Europeu, em Bruxelas, um debate sobre a relação da saúde oral e a saúde geral. A sessão, organizada pelo Conselho Europeu de Dentistas (CED), intitulou-se “Boca sã, viver são, envelhecer sanamente”. Este debate insere-se no leque de ações que se está a levar a cabo durante o chamado “Ano do envelhecimento saudável”, e contou com representações de países como Portugal, Espanha, França, Holanda, Bélgica, Polónia, Alemanha, Suécia, Áustria, Finlândia, Reino Unido ou Itália. Nesta reunião participou o vicepresidente do CED, Francisco Rodríguez Lozano, que assegurou, em declarações à MAXILLARIS, que o objetivo foi “reunir os representantes dos dentistas e os professores universitários, de outras profissões da área da saúde e dos pacientes, com os membros do Parlamento Europeu, para ressaltar a estreita relação que existe entre a saúde oral e a saúde geral”. O encontro serviu assim para constatar que “ter uma boca sã pode manter em melhores condições os indivíduos, de modo a que possam disfrutar de uma melhor velhice”, afirmou Rodríguez Lozano. No encontro também se detalhou a razão pela qual em épocas de crise pode ser benéfico investir na prevenção, para tornar sustentáveis os sistemas de saúde. Da mesma forma, destacou-se que a inversão no cuidado da boca é imprescindível para evitar grandes gastos em tratamentos, não apenas orais como também gerais. “Qualquer programa de promoção da saúde deve incluir aspetos especificamente relacionados com a saúde oral”, explicou Rodríguez Lozano. O CED tem insistido em várias ocasiões que a doença periodontal, além de provocar a perda de dentes, também pode aumentar o risco de partos prematuros, sofrer doenças cardiovasculares ou diabetes.


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Crónica de setembro EOS reúne 3.000 congressistas em Santiago de Compostela Entre os dias 18 e 23 de junho passado realizou-se, em Santiago de Compostela (Espanha), o 88º Congresso da European Orthodontics Society (EOS). Este encontro europeu, presidido por David Suárez Quintanilla, catedrático da Universidade de Santiago de Compostela, contou com cerca de 3.000 participantes, entre os quais, algumas dezenas de ortodontistas portugueses.

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o encontro assistiram perto de 3.000 ortodontistas e pós-graduados universitários desta especialidade. Destacou-se especialmente a presença de professores dos principais departamentos de Ortodontia da Europa, assim como dos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão, México, Colômbia, Argentina, Chile, Líbano, África do Sul ou China. O congresso da EOS é o encontro anual mais destacado da ortodontia em toda a Europa. Os seus objetivos dividem-se em três níveis: científico, educativo e político. Sobre o primeiro destes aspetos, o presidente do encontro, David Suárez Quintanilla, assinalou que a organização tratou de “trazer os melhores conferencistas, com as últimas novidades no campo da aceleração do movimento dentário, os aparelhos estéticos e invisíveis, os microimplantes, o diagnóstico e a planificação terapêutica 3D e os processos Cad-Cam, entre outros aspetos”. No âmbito educativo, foram programados três encontros intracongresso: o “Fórum europeu de professores de ortodontia”, a “Rede de mestrados e pós-graduações da Europa” e a “Reunião dos alunos pós-graduados”. Sob o ponto de vista David Suárez Quintanilla, presidente político, destacaram as do congresso, durante a sessão de abertura. reuniões da Federação Europeia de Especialistas em Ortodontia (EFOSA). “Nestes encontros, foi posta em evidência a necessidade de estabelecer diretrizes comuns na formação de especialistas universitários em ortodontia”, afirmou o presidente do congresso. O congresso EOS 2012 foi relevante porque contribuiu com diferentes ideias para a ortodontia do futuro. Neste sentido, “destacaram-se os

O congresso da EOS é o evento mais destacado da ortodontia na Europa.

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progressos nos tratamentos combinados de ortodontia, cirurgia ortognática e microcirurgia; a consagração dos microimplantes; o salto do diagnóstico bidimensional ao tridimensional e os novos scanners, tanto intraorais como de modelos”, revelou Suárez Quintanilla, para quem o congresso também deixou claro que “o futuro da ortodontia convencional em adultos passa por uma terapêutica baseada nos aparelhos invisíveis, de alta estética e/ou uso noturno e caseiro”. Além disso, foi abordada a importância do especialista em ortodontia no domínio da ATM e da patología disfuncional, para a prevenção e tratamento do Síndroma de Apneia-Hipoapneia Noturna do Sono e as roncopatias. Suárez Quintanilla considera que a ortodontia europeia “goza de uma excelente saúde científica e clínica e, depois de 105 anos de existência, tem ao seu dispor uma renovada juventude cheia de ilusão”. Na sua opinião, não há atalhos nem caminhos curtos para ser um qualificado e experimentado especialista. “Para chegar a ser um ortodontista de verdade ou especialista, faz falta um programa universitário com regras, com dedicação a tempo inteiro, com muita prática clínica e lecionado por professores com uma mínima qualificação e experiência clínica e docente”. Acrescenta ainda que as universidades “não podem ser vendedoras de títulos de pós-graduação, tal como as instituições mais políticas da profissão não podem atentar contra a essência da universidade”. O congresso da EOS contou com grande apoio da indústria, ao ponto de ter sido necessário habilitar cerca de 20% mais do espaço previsto. “Os expositores estavam satisfeitos e fizeram uma mobilização de meios impressionante”, assegura o presidente do encontro, que considera que o congresso se consolidou como um evento imprescindível para a indústria ortodôntica. À margem do programa científico, os participantes disfrutaram de um amplo programa social, incluindo uma visita à catedral de Santiago de Compostela.


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Crónica de setembro União Europeia reforça controlo sobre publicidade enganosa

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Agência Europeia de Segurança Alimentar (EFSA na sigla em inglês) está a levar a cabo um estudo para comprovar se as propriedades saudáveis de alguns alimentos e produtos que a indústria publicita realmente contam com estudos científicos que as certifiquem. Entre as alegações que superaram o trâmite europeu estão as referências ao chiclete sem açúcar. Comprovou-se que podem diminuir o nível de placa bacteriana, um fator de risco em matéria de cárie dentária. Os anúncios que aconselham mastigar chiclete para prevenir a cárie poderão continuar a fazê-lo, desde que demonstrem que o produto tem 100% de xylitol ou sorbitol. Este caso é um dos poucos que foi autorizado no âmbito dentário. Foram consideradas falsas, entre outras petições da indústria, os sumos com cálcio que indicam na sua publicidade a redução da erosão dentária em crianças.

EUA aprovam dispositivo de deteção do VIH através da saliva

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Agência do Medicamento dos Estados Unidos (FDA na sigla em inglês) aprovou um mecanismo que deteta de forma rápida o vírus de imunodeficiência humana (VIH). A novidade deste dispositivo é que o teste pode realizar-se em casa sem a necessidade de uma receita médica. Consiste na recolha de uma prova de saliva das gengivas superiores e inferiores. O resultado obtém-se passados 20 minutos. Os estudos clínicos demonstraram que este dispositivo é fiável em 92% dos casos, ainda que os investigadores recomendem realizar provas adicionais num centro médico para confirmar o resultado. Este instrumento estará à venda no mercado norte-americano, a partir de outubro, a preço ainda por determinar.

Algas podem ajudar no combate à cárie

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m estudo realizado por investigadores da Universidade de Newcastle, Inglaterra, indica que a bactéria Bacillus Licheniformis pode proteger as zonas interdentárias onde se acumula a placa. Esta conclusão produziu-se de maneira ocasional, quando se levava a cabo estudos para descobrir a melhor forma de manter limpos os cascos dos barcos. As análises realizadas em laboratório demonstraram que a referida bactéria liberta uma enzima capaz de descompor o ADN, atravessar a biopelícula e expulsar a bactéria prejudicial, como a Streptococcus Mutans, que causa a erosão dentária. Estes resultados foram apresentados na conferência que a Sociedade para a Microbiologia Aplicada realizou em Edimburgo (Escócia). O professor Grant Burgess, um dos investigadores deste estudo, afirmou que esta enzima “tem um enorme potencial, por exemplo, para ajudar a limpar implantes médicos, bem como ancas artificiais ou válvulas da fala, que também são propensas à infeção de biopelículas”. O seu uso em medicina dentária estaria indicado para pastas dentífricas ou colutórios. No entanto, os autores da investigação defendem a necessidade de levar a cabo mais estudos para comprovar a eficácia da técnica antes de ser aplicada a estes produtos.

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Crónica de setembro Comer peixe ajuda a proteger as gengivas

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m estudo realizado pela Universidade de Harvard (Estados Unidos), publicado no Journal of the American Dietetic Association, conclui que a ingestão de peixe, ainda que em quantidades pequenas, pode proteger as gengivas de possíveis doenças, tais como a periodontite. Nesta investigação participaram 9.000 pessoas que se submeteram a exames dentários periódicos. Cerca de 8% da população estudada padecia de periodontite e os resultados constataram que houve uma redução próxima a 20% desta patologia nas pessoas que consumiram ácidos gordurentos Omega 3 provenientes do peixe. Contudo, Elizabeth Krall Kaye, professora da referida universidade e autora do estudo, adianta que são necessários mais trabalhos de investigação para poder confirmar as propriedades do peixe sobre a saúde oral.

Estudo mostra eficácia da gammagrafia óssea como método de avaliação da osteointegração

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revista International Journal Oral Maxilofacial Implants publicou um estudo liderado por María Ángeles Sánchez Garcés, do grupo de investigação Patologia e Terapêutica Odontológica e Maxilofacial, do Instituto de Investigação Biomédica de Bellvitge (Espanha). O trabalho comprovou que o tratamento das microsuperfícies dos implantes dentários melhora o tempo e a qualidade da osteointegração. Este facto foi avaliado mediante parâmetros histomorfométicos que requerem a análise de uma amostra de tecido ósseo. Neste sentido, a gammagrafia óssea (GO) demonstra que o osso incorpora o traçador radiativo Tecnecio 99-Metilen Difosfonato (99mTc MDP) de forma dinâmica, pelo que permite um seguimento in vivo da atividade óssea. Os objetivos do estudo foram vários: comprovar a utilidade da gammagrafia óssea como método adequado para monitorizar o processo de osteointegração; comparar a atividade metabólica óssea por GO em implantes de diferentes superfícies, durante o processo de osteointegração in vivo, e estabelecer uma correlação entre a atividade gammagráfica e a percentagem de contacto osso-implante. Para isso, foram colocados 24 implantes MkIII (Nobel Biocare) em 12 coelhos de raça branca da Nova Zelândia, 12 dos quais de superfície mecanizada e os restantes 12 de superfície rugosa (TiUnite). Realizaram-se explorações mediante GO com Tc99MDF, calcularam-se os índices de atividade gammagráfica (AG) para cada implante e determinaram-se as percentagens de contacto osso-implante (PCHI) através de um microscópio eletrónico de varrimento. Com os resultados, obteve-se uma curva de atividade com um índice de AG médio/máximo um mês depois da sua instalação, que foi superior para os implantes de superfície mecanizada, assim como uma correspondência positiva entre a AG e o PCHI só para a superfície mecanizada.

Novo composto químico poderá eliminar a cárie

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m grupo de cientistas chilenos desenhou um novo composto químico que poderá converter-se na solução definitiva contra a cárie. A molécula foi batizada como Keep 32, devido a que, segundo os autores da investigação, “protegeria da cárie os 32 dentes que temos”. Nas provas de laboratório, a molécula conseguiu acabar com a bactéria que causa a cárie, a Streptococcus Mutans, em apenas 60 segundos. Até agora, foram empregues sete anos no desenvolvimento desta investigação e os sinais das provas em humanos são iminentes. Segundo explicam José Córdova, da Universidade de Yale (Estados Unidos), e Erich Astudillo, da Universidade do Chile, “o passo seguinte passa pela comercialização de um produto, que poderia estar pronto em 14 a 18 meses, se se conseguir o financiamento para os ensaios clínicos”. José Córdova afirma que a molécula poderá ser incorporada a chicletes, pastas dentífricas, enxagues bucais, rebuçados ou “qualquer coisa que possa estar na boca durante pelo menos 60 segundos”.

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Atualidade académica J o ã o A q u i n o, diretor da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa

“A crise tem vindo a ter efeitos devastadores nos orçamentos para as universidades públicas” As expetativas do diretor da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, João Aquino, para o ano letivo de 2012/2013 são de “continuidade do trabalho que vem sendo desenvolvido, sem a introdução de grandes alterações”. Apesar da política de “desinvestimento no ensino superior universitário”, a instituição tem vindo a compensar a curva descendente orçamental “com as suas receitas próprias, prosseguindo uma gestão de grande rigor financeiro”, adianta à MAXILLARIS João Aquino, para quem o programa de apoio a estudantes em dificuldades económicas tem conseguido, por sua vez, atenuar os efeitos da crise junto da classe estudantil. M AXILLARIS. Em termos gerais, quais são as expetativas da FMDUL para o ano letivo de 2012/2013? J o ã o A q u i n o . De um modo geral, posso dizer que as expetativas para o próximo ano letivo são de continuidade do trabalho que vem sendo desenvolvido, sem a introdução de grandes alterações no normal funcionamento da instituição.

ceiro, de modo a não beliscar os padrões de qualidade que preconiza para o seu ensino. Contudo, a nossa capacidade de gerar receitas próprias está no seu limite pelo que qualquer diminuição – do já diminuto orçamento de Estado – poderá provocar um colapso de consequências graves para o ensino ministrado. Todos sabemos o final da história do cavalo do escocês...

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M Em que medida a crise económica e financeira tem M Tem conhecimento de eventuais dificuldades, entre os estudantes de Medicina Dentária, para dar resposta vindo a afetar a gestão da Faculdade? J o ã o A q u i n o . A crise económica ao pagamento das propinas? Como é que estes casos estão a e financeira tem vindo a ter efeitos ser geridos? devastadores ao nível dos orçamenTem sido muito reduzido J o ã o A q u i n o . A Universidade tos para as universidades públicas. o número de estudantes de Lisboa criou um programa de De facto, se tivermos em consida FMDUL em dificuldades. apoio a estudantes em dificuldaderação a evolução orçamental nos des económicas que denominou últimos dez anos, verificamos que, A resposta dada tem sido a de “consciência social”. É em de uma forma paulatina e insidiosa, redução do valor da propina articulação com esse organismo tem vindo a ser prosseguida uma que a Faculdade intervém nessas política de desinvestimento no ensie, sendo bolseiro, situações. Felizmente e até ao no superior universitário. A FMDUL o estudante está dispensado momento, tem sido muito redutem vindo a compensar esta curva da aquisição do kit didático zido o número de estudantes da descendente orçamental com as FMDUL nessas condições. A ressuas receitas próprias, prosseguindo posta dada tem sido a redução uma gestão de grande rigor finan-

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Atualidade académica do valor da propina e, sendo bolseiro, o estudante está dispensado da aquisição do kit didático.

M Qual é o ponto da situação ao nível do corpo docente? É suficiente para cobrir todas as vertentes e necessidades do curso? J o ã o A q u i n o . Não sendo o panorama ideal, é considerado suficiente. M Considera que as reformas de Bolonha na FMDUL estão consolidadas? J o ã o A q u i n o . A implementação do processo de Bolonha iniciou-se há vários anos e, desde o ano letivo passado em que se formaram os primeiros estudantes abrangidos, podemos considerar que o processo está implementado para os primeiro e segundo ciclos. Os cursos de doutoramento também foram sendo criados, pelo que também ao nível do terceiro ciclo se encontra implementado. Além disso, nos últimos anos, aumentámos a nossa oferta formativa em termos de cursos de pós-graduação com a duração de três anos. Estamos, neste momento, a trabalhar para a criação de um programa de formação continuada, também com a duração de três anos, sendo esta a vertente do processo de Bolonha que falta consolidar. M Estão previstas alterações no plano curricular e/ou novidades no domínio da pós-graduação em Medicina Dentária? J o ã o A q u i n o . O processo de Bolonha por definição nunca está acabado, pelo que haverá sempre um continuum de ajustamentos e aperfeiçoamentos, sendo que para o próximo ano letivo não serão de grande dimensão. M Qual é o atual cenário em termos de investigação? Que projetos ou parcerias mais se destacam neste campo? J o ã o A q u i n o . A investigação científica sempre foi considerada como matricial da FMDUL. Através da sua Unidade de Investigação de Ciências Orais e Biomédicas (UICOB), tem vindo a ser realizado um trabalho de grande qualidade, ao longo dos anos, reconhecido nacional e internacionalmente. Para além da continuação da investigação básica e pré-clínica, a UICOB está, ultimamente, também bastante envolvida na investigação clínica. As parcerias que tem estabelecido com a Faculdade de Medicina Veterinária e, na área das engenharias,

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com o Instituto Superior Técnico serão obviamente reforçadas com o processo de fusão entre a Universidade de Lisboa e a Universidade Técnica de Lisboa.

M Está satisfeito com as condições da FMDUL em matéria de instalações físicas? J o ã o A q u i n o . Com as obras de requalificação que a Faculdade sofreu nos últimos três anos, podemos afirmar que temos excelentes instalações físicas em dois dos três edifícios que constituem a FMDUL. M Na sua opinião, o que é que distingue a Faculdade de Lisboa das restantes faculdades de Medicina Dentária do país? J o ã o A q u i n o . Não serei, de certeza, a pessoa mais indicada para responder a essa questão. No entanto, e olhando apenas para nós, sempre diremos que o caminho percorrido pela FMDUL se poderá considerar como um exemplo de sucesso. M Por último, tendo em consideração o presente contexto de crise nacional, que palavras de estímulo dedicaria aos estudantes, em particular aos finalistas, do curso de Medicina Dentária? J o ã o A q u i n o . A minha mensagem é no sentido de não deixarem perder o gosto pelo conhecimento e a necessidade de aprendizagem constante; buscarem sempre e sempre a melhor forma de comunicar com os doentes; serem autênticos e não soarem a falso. E nunca, mas nunca mesmo, deixarem de ter um comportamento eticamente correto, já que este nunca passa de “moda” ou precisa de qualquer update.

Estamos, neste momento, a trabalhar para a criação de um programa de formação continuada, também com a duração de três anos, sendo esta a vertente do processo de Bolonha que falta consolidar

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Orlando Monteiro da Silva Presidente da FDI.

Perspetivas para as profissões de saúde

Um mundo globalizado exige uma abordagem global P

ara qualquer associação profissional que trabalhe na área médica é muito importante ter uma presença global e certificar-se que os interesses da profissão e, em particular, os interesses do público estão bem representados, promovidos e defendidos a nível internacional. A razão pela qual as associações e instituições integram federações a nível local, nacional, regional e internacional é a convicção que, unindo forças com associações que partilham os mesmos valores em diversos níveis, aumentam a probabilidade de alcançar os seus objetivos. Isto significa que podem discutir, debater, por vezes até disputar e, geralmente, chegar a algum tipo de compromisso para seguir em frente. Para os nossos colegas é, por vezes, difícil entender as razões da existência de certas organizações internacionais e compreender o que elas fazem para além do que uma organização regional, nacional ou mesmo local faz e pode alcançar. A medicina dentária tem sido, desde sempre e mundialmente, uma das profissões mais bem organizadas a nível nacional. A Federação Dentária Internacional (FDI) foi criada há mais de 110 anos, como um fórum para médicos dentistas partilharem

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globalmente ideias e experiências. A sua existência hoje comprova, implicitamente, que a profissão precisa de uma voz internacional para defender as suas posições e promover os seus pontos de vista. Três exemplos ilustram bem esta afirmação: 1) Ênfase na prevenção Como todos sabemos, os dentes têm uma função vital no corpo humano: dentes saudáveis são uma parte fundamental da saúde humana. Os cuidados com os dentes e saúde oral são essenciais para uma população saudável. A cárie dentária e a doença periodontal (osso e gengiva) afetam atualmente 90% das pessoas em todo o mundo. Tendo em consideração que, em muitos países, os recursos disponíveis para cuidados restaurativos são limitados, uma parte essencial do trabalho da FDI é aumentar a consciência da importância da saúde oral e concentrar

os seus projetos e atividades em estratégias de prevenção. Esta é, por exemplo, a mensagem central da conhecida Iniciativa Global contra a Cárie (GCI). O objetivo da GCI é melhorar a saúde oral através da implementação de um novo paradigma para a gestão da cárie dentária e das suas consequências – um paradigma que se baseia no nosso conhecimento atual sobre o processo da doença e a sua prevenção, de modo a proporcionar melhor saúde oral, e consequentemente melhor saúde geral, e bem-estar a todas as pessoas. Na prática, o objetivo é conseguir uma mudança de paradigma do modelo restaurativo para o modelo preventivo de cuidados orais. A FDI lançou a GCI em 2009, com algumas prioridades e ações muito concretas: • Erradicar a cárie muito precoce em crianças dos zero aos três anos de idade até 2020. • Realizar prevenção primária e secundária e atividades de promoção da saúde. • Atingir um consenso sobre a terminologia. Aos esforços da FDI juntaram-se os parceiros fundadores Colgate, GlaxoSmithKline, Procter e


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Gamble Saúde Oral, Unilever e Wrigley. O objetivo foi estabelecer uma aliança abrangente de influenciadores e decisores das áreas da investigação, ensino, prática clínica, saúde pública, o governo e a indústria, em parceria num objetivo comum: atingir a meta de 2020 e efetuar uma mudança fundamental nos sistemas de saúde e no comportamento individual. A primeira tarefa da GCI era projetar e desenvolver um sistema de gestão e classificação da cárie dentária (SGCC) orientado para a prevenção, estabelecendo assim as bases para o modelo preventivo de gestão da cárie dentária. Neste momento, está em desenvolvimento uma Matriz Mundial de Melhoria da Saúde Oral (MMMSO) para integrar a saúde oral na saúde geral, estabelecendo assim um modelo de saúde oral colaborativo e orientado para a prevenção. É precisamente este modelo preventivo de cuidados que a FDI advoga, juntamente com os parceiros profissionais, no contexto da luta mundial contra as doenças não comunicáveis.

financiado pela Federação Internacional de Fabricantes e Associações Farmacêuticas. O Toolkit concentra-se nos fatores de risco comuns – dieta pobre, inatividade física, tabagismo e abuso de álcool – e inclui um "Cartão de Melhoria da Saúde" para o indivíduo avaliar o risco pessoal, em consulta com um profissional de saúde. O Toolkit contém ainda materiais de apoio para o profissional de saúde, bem como para o doente, juntamente com conselhos sobre como reduzir ou eliminar certos comportamentos de risco. Naturalmente, algumas pessoas têm perguntado por que razão a FDI e a medicina dentária concordaram em liderar o projeto da WHPA (afinal, as doenças orais não apresentam taxas de mortalidade elevadas). Há duas razões principais: •DNC negligenciadas, tais como a cárie dentária e a doença periodondontal, afetam mais de 90% da população mundial e têm um enorme impacto sobre a saúde em geral. • Há uma associação crescente, confirmada por evidências científicas, entre a presença das condições Está na hora de admitir que ver orais (principalmente doença periodontal) e doenças sisa saúde oral como algo separado témicas, incluindo doenças cardiovasculares e saúde geral é verdadeiramente obsoleto

2) Saúde oral e doenças não comunicáveis (DNC) Está na hora de admitir que ver a saúde oral como algo separado da saúde geral é ver-

dadeiramente obsoleto, e em nenhum outro campo esta inegável relação é mais bem ilustrada que na área das DNC, ou doenças crónicas como às vezes são conhecidas. As DNC, que incluem doenças cardiovasculares, cancro, doença respiratória crónica e diabetes, entre outros, são responsáveis por 60% das mortes em todo o mundo: em 2008, 36 milhões de pessoas morreram de DNC, cerca de 80% destas em países com rendimento médio e baixo. Perante estes dados, a FDI assumiu um projeto para desenvolver um instrumento prático de auxílio na luta contra estas doenças, o conjunto de ferramentas contra as DNC (Toolkit). Este trabalho foi realizado em nome da Aliança Mundial das Profissões de Saúde (WHPA), que representa mais de 20 milhões de profissionais de saúde em todo o mundo, incluindo médicos dentistas, médicos, fisioterapeutas, farmacêuticos e enfermeiros. O Toolkit foi

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cerebrovasculares, desejavam. A sua imDNC negligenciadas, como a cárie dentária resultados adverportância foi clarasos na gravidez, mente ilustrada por e a doença periodontal, diabetes mellitus, um evento, no qual infeções pulmonaparticipei durante a ciafetam mais de 90% da população mundial res e diferentes formeira, intitulado "Colocar mas de cancro. Dentes nas DNC", organie têm um enorme Mais ainda, é minha opizado pela República da Tannião que a profissão de médizânia. Destacou-se a importânimpacto sobre a saúde co dentista, e a medicina dentária cia da saúde oral na estratégia da em geral, devem ter uma ambição saúde. De facto, uma oradora, Helen muito mais ampla. Dentro da esfera Clark, administradora do Programa médica, os vários campos de educade Desenvolvimento das Nações ção, prevenção, diagnóstico, trata- tindo assim, a implementação de um Unidas (PDNU), classificou as doenças mento e reabilitação estão a tornar-se modelo de cuidados de saúde oral do foro oral como “obstáculos ao cada vez mais inter-relacionados. De com base na promoção da saúde, desenvolvimento". igual forma, as relações entre a medi- prevenção de doenças e gestão gloÉ-me gratificante verificar que a cina dentária e a medicina em geral, e bal da prevenção da doença. FDI está em sintonia com os conceioutros campos como a psicologia, tos de desenvolvimento: está realnutrição e sociologia, têm vindo a 3 ) S a ú d e o r a l mente na hora de encarar o facto de e desenvolvimento intensificar-se. que ver a saúde oral como algo sepaNa verdade, os médicos dentistas A maior contribuição para o Toolkit rado da saúde geral é verdadeiraencontram-se numa posição privilegia- contra as DNC e para o projeto a que mente obsoleto. da quando se trata de detetar fatores está associado de campanha contra E obsoleta está, também, uma de risco. Eles são uma das poucas pro- DNC da WHPA permitiu à FDI, juntaabordagem à saúde sem um entendifissões médicas que observam doentes mente com uma série de outras agênmento político e público das desigualque não estão realmente doentes, mas cias e grupos de trabalho no campo da dades na saúde e das suas determiapenas se dirigem à consulta para um saúde oral, alcançar um objetivo nantes sociais: é preciso agir simultacheck-up. Além disso, muitos compor- importante: ter a doença oral especifineamente sobre os fatores mais abrantamentos são imediatamente visíveis camente referida na Declaração Política gentes que influenciam o comportadurante um check-up dentário, assim da Cimeira das Nações Unidas sobre mento das pessoas em relação à os médicos dentistas estão bem posi- DNC, realizada em Nova Iorque, em saúde; as condições em que nascem, cionados para iniciar a discussão sobre setembro de 2011. crescem, vivem, trabalham e a idade; e Em termos práticos, as declarações os riscos. a influência da sociedade. O próximo passo da FDI será testar desta cimeira contêm princípios para Juntamente com os membros da o Toolkit WHPA no campo, em um ou orientar a estratégia de desenvolvicoligação, a WHPA está numa posição dois países em desenvolvimento, para mento e projetos. Ter a saúde oral única para sensibilizar sobre esta aboravaliar como se integra na estratégia referida no contexto das DNC e cuidadagem ao nível global, tendo em de saúde e os métodos de utilização dos de saúde primários significa que a conta o âmbito da recente Conferência medicina dentária está agora oficialpor profissionais de saúde. Mundial sobre Determinantes Sociais A um nível mais abrangente, a FDI mente ligada à política da saúde da Saúde da Organização Mundial da está atualmente a tentar desenvolver geral. Saúde, no Rio de Janeiro. Este resultado é certamente o que a Parceria Global de Saúde Oral Conclusão (PGSO), que é encarada como uma muitos países em desenvolvimento parceria multilateral para fazer face ao Na FDI temos vindo a intensificar o encargo das DNC com uma responnosso diálogo, com o propósito de sabilidade especial em relação às encorajar os governos a priorizar e doenças orais: cárie dentária, O objetivo da GCI promover a saúde oral e a condoença periodontal e cancro siderá-la como um direito de oral. O objetivo da PGSO é é melhorar a saúde oral através cidadania. É essencial que fornecer liderança estratécontinuemos a salientar gica para coordenar e da implementação de um novo paradigma um ponto fundamental criar sinergias políticas, neste processo: "uma estratégias e prograpara a gestão da cárie boa saúde oral é um mas dentro de um fator primário da saúquadro comum de dentária e das suas consequências stakeholders, permide geral".

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Ponto de vista Teresa Alonso XIX Congresso da Sociedade Portuguesa de Ortodontia

Os paradigmas em ortodontia: novas técnicas, novos conceitos N

Médica dentista. Presidente do XIX Congresso da Sociedade Portuguesa de Ortodontia.

Os paradigmas da ortodontia paTécnicas como o Sistema Damon, os congressos aferem-se os corecem estabelecer regras e regulaIncognito, Insignia e Invisalign, que nhecimentos, impulsionam-se as mentos que ditam limites e estabeabordam os pacientes com as novas ideias, partilha-se know how. lecem fronteiras, mas determinam tecnologias, serão quizá as estrelas Cada vez mais, num mundo globacomportamentos dentro desses lideste evento, mas também se ouvirá lizador, temos contacto com o mundo mites que são necessários gerir para falar (e muito) sobre os pilares base da exterior através da internet, de fóruns alcançar o sucesso. Este é medido ortodontia, como a oclusão e a ATM. de discussão virtuais e do Facebook. pela habilidade de resolver probleO tratamento multidisciplinar, o trataMas é nos congressos que fisicamente mas usando regras. As novas técnicas mento intercetivo e a abordagem temos oportunidade de ver e sentir os impulsionam o alcançar desse mesmo cirúrgica não faltarão neste congresso. líderes de opinião do universo prosucesso, sempre e quando bem As vertentes do conhecimento fissional em que nos movimentamos. usadas, por que se é detentor do nas possibilidades do ortodontista É nos congressos que lidamos com o conhecimento. não se findam nas novas tecnolopassar de testemunho da informação, O XIX Congresso da SPO centragias; são transversais e abordam e que filtramos sensitivamente o trans-se nestas permissas e, por isso, é varrem outras patologias como a mitido. Esse contacto é importante e desafiador. apneia do sono, em que o ortodonfaz-nos sentir englobados e pertença A meu ver, é sem dúvida uma mais tista tem um papel determinante em de grupo. valia para o panorama ortodôntico pacientes bem selecionados. Mas O XIX Congresso da Sociedade português. nem aqui se findam as possibilidaPortuguesa de Ortodontia (SPO) des de um congresso nos transporquer transmitir essa viagem e esse tar a uma esfera concentrada de sentimento. conhecimento. A possibilidade de A SPO iniciou o seu precurso há fazer, a título extraordinário, uma cer18 anos, tendo como pilar base a É nos congressos tificação em Invisalign, no dia 7 de divulgação da ortodontia e tendo outubro, vai coroar de êxito este sempre em mente a universalidaque lidamos com o passar encontro. de do conhecimento. Imagine-se tudo isto a deNa ortodontia, como em correr no Museu do Oriente, muitas áreas do conhecimen- de testemunho da informação, que em plena Lisboa, no printo científico, a evolução fazcípio do outono (de 4 a 6 -se sobretudo pela capaci- filtramos sensitivamente o transmitido. de outubro). Não poderíadade que as novas técnicas Esse contacto faz-nos sentir mos ter melhor cenário. proporcionam. Temos, pois, um enAs áreas do conhecimenenglobados e pertença de grupo. contro marcado, um sonho to das patologias mantêm-se a realizar, uma garantia a e as novas técnicas associaO XIX Congresso da SPO cumprir. O XIX Congresso das às novas tecnologias fada Sociedade Portuguesa zem com que haja capacidaquer transmitir essa viagem de Ortodontia será um mardes de tratamento mais simplico extraordinário este ano de ficadas com possibilidades quase e esse sentimento 2012. inesgotáveis.

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António Ginjeira,

Presidente da Comissão Organizadora do XXXII Congresso da SPEMD

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Mantemos a aposta num evento com pólos de interesse para toda a equipa de saúde oral

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A próxima edição do congresso da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD), agendada para os dias 12 e 13 de outubro nos auditórios do ISCTE, em Lisboa, vai ter “uma forte componente de dentisteria, estética e também de endodontia”. Quem o revela é António Ginjeira, presidente da Comissão Organizadora do evento, que garante à MAXILLARIS “uma oferta diversificada quer em palestras quer em cursos pré-congresso”. Além do programa científico, o congresso prevê uma forte vertente social e comercial. O objetivo passa por contornar a crise que o país atravessa e “manter o elevado nível de participantes alcançado nos últimos anos”.

M Que conferencistas e convidados de renome (nacionais e internacionais) já confirmaram a sua presença nos auditórios do ISCTE, no próximo mês de outubro? A n t ó n i o G i n j e i r a . Em matéria de oradores internacionais, contamos com a participação de Roberto Spreafico, de Milão, e Serge Bouillaguet, da Universidade de Genebra – que já foram referidos – e também Paulo Coelho, da Universidade de Nova Iorque, e Geninho M Que especialidades da Medicina Dentária vão domiTomé, de São Paulo. nar o programa científico deste ano? Quanto aos oradores nacionais, estão confirmados A n t ó n i o G i n j e i r a . Por norma, os congressos da Luís Redinha, Mário Bernardo, António Mata, SPEMD têm o objetivo de serem abrangentes Miguel Seruca, Pedro Trancoso, António e atingir a maioria das áreas da nossa ativiJosé de Sousa, Miguel Fraga Gomes, dade. Apesar disso, há sempre algumas Carlos Falcão, Joana Godinho, Ana áreas que ganham um relevo um Coelho, Ana Luísa Costa, José O número de expositores pouco maior que as outras. No trigéPedro Toscano e João Pedro simo segundo congresso vamos ter Canta. que já confirmaram a sua uma forte componente de dentisparticipação surpreendeu-nos M Que outros pontos ou teria e estética, com Roberto Spreafico, e também de endonovidades merecem despositivamente num ano dontia, com Serge Bouillaguet. taque no programa do Isto sem menosprezar a utilização congresso? como o que estamos a atravessar, A n t ó n i o G i n j e i r a . Além clínica de biomateriais, a implanjá que tivemos que recorrer tologia, a área da reabilitação, a da vertente científica, os cirurgia, etcétera. Vamos também congressos têm uma função a um espaço maior do que apostar na investigação científica e social e comercial que não foi estava inicialmente previsto na medicina baseada na evidência. descurada. Temos vários cursos pré-congresso, que permitirão aos colegas tomar contacto com M Está contemplado algum reforço do volume de sessões científicas? novos produtos, materiais e técnicas. A n t ó n i o G i n j e i r a . Neste congresso utilizaQueria destacar ainda os diversos remos três auditórios e, em simultâneo, vai realizar-se prémios que serão atribuídos durante o cono congresso da APHO. Temos também sessões para técnigresso, e que são uma das formas da SPEMD apoiar a cos laboratoriais de prótese e para assistentes dentários. investigação científica. É de notar que a nossa organiFica, assim, bem patente a continuada aposta da SPEMD zação é a única a apoiar realmente este aspeto fundana organização de um evento com pólos de interesse para mental do conhecimento científico, entre as diversas toda a equipa de saúde oral. associações científicas e profissionais da nossa área. M AXILLARIS. Em linhas gerais, quais são as metas traçadas para o XXXII Congresso da SPEMD? A n t ó n i o G i n j e i r a . Manter a qualidade científica alcançada pelas anteriores edições do congresso, com oferta diversificada quer em palestras quer em cursos pré-congresso, e manter o elevado nível de participantes alcançado nos últimos anos.

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Falamos com... PERFIL A n t ó n i o M a n u e l P i n t o G i n j e i r a licenciou-se em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, em 1982, e em Medicina Dentária pela antiga Escola Superior de Medicina Dentária de Lisboa, em 1985. Desde então, exerce clínica privada própria na capital do país. Doutorado em Ciências Dentárias Conservadoras pela Universidade de Lisboa (2008), é professor associado da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (FMDUL) e vice-diretor da FMDUL, onde também exerce a função de regente da unidade curricular de Endodontia e do curso pósgraduado de especialização em Endodontia. À margem da carreira universitária, António Ginjeira é membro do executive board da European Society of Endodontology (ESE) e tem a seu cargo a presidência do XVI congresso desta organização, que vai ter lugar no próximo ano, em Lisboa. Antigo presidente e atual vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Endodontologia, é também responsável pelo conselho regional Sul da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) e vice-presidente nacional da mesma sociedade científica. Acumula ainda, desde 2003, o papel de vogal do Conselho Deontológico e de Disciplina da OMD. O presidente da Comissão Organizadora do próximo congresso da SPEMD é autor e co-autor de diversos artigos, conferências, posters e comunicações em Portugal, Macau, Espanha, Suécia, Grécia, Itália, Alemanha, França e Brasil. É corresponsável pela introdução em Portugal das técnicas microcirúrgicas em Medicina Dentária.

Assim, espero cumprir os objetivos a que me propus M Em tempos de crise financeira nacional, quais são as com esta organização. expetativas da organização quanto ao número de expositores e congressistas? M Que outras iniciativas da SPEMD merecem destaque? A n t ó n i o G i n j e i r a . Quanto ao número de congressisA n t ó n i o G i n j e i r a . As “Noites SPEMD” destacam-se pelo tas, é difícil fazer uma previsão, mas pensamos que o enorme sucesso que têm tido, mas também temos programa que conseguimos organizar é muito atratiorganizado cursos de diferentes tipos, além do vo e esperamos manter o nível de participaapoio a outros eventos científicos. A revisção das edições anteriores. ta da SPEMD encontra-se agora indeO número de expositores que já xada na Scopus e na Science Direct, confirmaram a sua participação é A proposta da SPEMD e temos ainda bolsas de apoio à que nos surpreendeu positivaatividade científica. mente num ano como o que é promover tudo o que eleve estamos a atravessar, já que a qualidade científica M Quais são as atuais prioritivemos que recorrer a um dades da SPEMD enquanto espaço maior do que estava da medicina dentária sociedade científica ao serviço inicialmente previsto. e da estomatologia, e contribuir, do setor da medicina dentária portuguesa? M Como presidente da Co- desse modo, para um melhor nível A n t ó n i o G i n j e i r a . São as missão Organizadora do connos cuidados clínicos que mesmas de sempre, isto é, gresso, que resultados espera aquelas que estatutariamente ter atingido, a título pessoal e prestamos aos nossos doentes são os seus objetivos: promover o profissional, no final da edição setor da medicina dentária, contrideste ano? A n t ó n i o G i n j e i r a . A minha função buindo decisivamente para a formação extrauniversitária de qualidade, e complede presidente da Comissão Organizatar o processo de indexação da nossa revista. dora é apenas a de coordenar uma pequena No fundo, a nossa proposta é promover tudo o que equipa de excelentes colegas. É principalmente deles eleve a qualidade científica da medicina dentária e da o mérito, já que se encontram todos imbuídos da estomatologia, e contribuir, desse modo, para um melhor maior vontade de servir a SPEMD e todos os colegas, nível nos cuidados clínicos que prestamos aos nossos apresentando um congresso de elevado nível científidoentes. co, social e também com uma exposição condizente.

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Tópicos de cirurgia oral Princípios da realização de incisões e retalhos na cavidade oral Introdução Os atos cirúrgicos fundamentais e comuns a todas as intervenções são a diérese, a hemostase e a síntese. Diérese é o ato cirúrgico por meio do qual o cirurgião divide ou separa os tecidos, abrindo caminho através deles, para realizar o objetivo da operação. Pode ser praticado por incisão ou corte dos tecidos e por divulsão ou separação dos tecidos. A diérese dos tecidos é acompanhada da secção de numerosos vasos sanguíneos de maior ou menor calibre, originando hemorragias que devem ser controladas através de medidas hemostáticas. Uma boa hemostase deverá ser o complemento de qualquer técnica cirúrgica, sendo feita, durante uma intervenção, por meio de várias técnicas, como a compressão nas hemorragias capilares e os métodos de pinçagem e ligadura nas hemorragias de vasos de maior calibre. Em cirurgia, entende-se por síntese um conjunto de manobras que o cirurgião emprega para aproximar ou reunir os tecidos que foram divididos ou separados pelos respetivos atos cirúrgicos, ou seja, os tecidos que foram objeto de uma incisão ou divulsão.

Princípios básicos das incisões Muitos dos procedimentos na cavidade oral exigem a realização de incisões e, assim, torna-se importante conhecer alguns princípios básicos deste ato cirúrgico. Embora as incisões possam ser praticadas através do emprego de instrumentos como o bisturi elétrico ou o laser, a diérese clássica e de uso corrente é a chamada diérese mecânica, feita por meio dos bisturis e tesouras. O primeiro princípio básico das incisões é a necessidade de se usar uma lâmina de bisturi afiada e de dimensões apropriadas. A

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Jaime Guimarães

Médico dentista. Pós-graduação em Implantologia e Reabilitação Oral no ISCSN. Curso de Especialização em Cirurgia Oral na Universidade de Santiago de Compostela. Fellow of the European Board of Oral Surgery. Diretor do Departamento de Cirurgia e diretor clínico da Malo Clinic (Porto).

maior parte das incisões na cavidade oral são feitas com lâminas nº 11, 12 e 15 (incluindo a variante 15 C), também podendo ser usadas outras lâminas em função do tipo de cirurgia ou do local em que é praticada (lâminas de microcirurgia, por exemplo). Uma lâmina afiada proporciona incisões bem definidas sem necessidade de se realizarem cortes repetidos. As incisões intraorais compreendem muitas vezes o contacto da lâmina com o osso, o que faz com que esta vá perdendo capacidade de corte, exigindo, por vezes, que o cirurgião mude de lâmina no decorrer da mesma cirurgia. A técnica de incisão obedece a certos requisitos e exige do cirurgião conhecimentos sobre os pontos convenientes de apoio, para um melhor domínio do instrumento. O cirurgião deve pegar no bisturi de um modo firme e seguro, mas a sua ação deve ser delicada, de maneira a obter-se uma incisão franca e atraumática, de margens regulares e nítidas. As incisões repetidas aumentam o dano dos tecidos e o sangramento, prejudicando a cicatrização. Por isso, as incisões longas e contínuas são preferíveis às curtas e interrompidas. O bisturi pode ser manuseado de duas maneiras: • “Pena de escrever” é a mais apropriada para incisões pequenas e delicadas como são, quase sempre, as incisões intraorais. Nesta posição, o bisturi é dominado por três pontos de apoio constituídos pelos dedos polegar, indicador e médio. • “Faca de mesa”, técnica geralmente empregue em cirurgia geral para incisões mais extensas. O terceiro princípio está relacionado com a preservação de estruturas anatómicas vitais quando se pratica uma incisão. O cirurgião deve ter um perfeito conhecimento da anatomia da região a operar e ter em conta as particularidades anatómicas de cada indivíduo. Das estruturas mais

importantes que podem ser lesadas, destacamos o nervo lingual, o nervo mentoniano e a artéria palatina anterior. Quando é necessário fazer incisões na região posterior da mandíbula, especialmente na zona do terceiro molar, elas devem ficar afastadas da face lingual, para evitar lesar o nervo lingual. Num estudo de Koerner (1994), verificou-se que em 17% dos casos o nervo lingual pode ser encontrado ao nível ou mesmo acima da crista óssea, e nos restantes 83% não se encontra mais do que 2 mm abaixo desta. Quando realizamos uma cirurgia na zona apical dos pré-molares mandibulares, devem-se tomar todas as precauções para evitar lesar o nervo mentoniano. Se possível devemos fazer apenas incisões intrasulculares e, se for necessário fazer incisões de descarga, estas devem ser feitas numa zona afastada da área de pré-molares (fig. 1).

Fig. 1. Quando atuamos na zona dos pré-molares mandibulares e sendo necessário realizar uma incisão de descarga, esta deve ser feita num local afastado da emergência do nervo mentoniano.

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Tópicos de cirurgia oral As incisões realizadas no maxilar geralmente não atingem estruturas vitais. Na face vestibular do processo alveolar não existe nenhum nervo ou artéria importante que possa ser atingido. Quando realizamos um retalho palatino, devemos recordar que a irrigação do palato se faz principalmente pela artéria palatina anterior que emerge pelo buraco palatino posterior. Assim, devemos evitar a realização de incisões de descarga na zona posterior do palato, pois corremos o risco de secionar aquela artéria com consequente hemorragia, normalmente difícil de controlar, havendo ainda o risco de originar uma necrose dos tecidos desta região. A artéria e o nervo nasopalatino saem pelo buraco nasopalatino para irrigarem e inervarem a mucosa palatina anterior. Se for necessário realizar um retalho nesta zona, este feixe vasculo-nervoso pode ser secionado sem que se corram grandes riscos. Não será provável a ocorrência de uma grande hemorragia e em relação à inervação verifica-se uma rápida recuperação da sensibilidade na zona, até pelas inervações colaterais que normalmente existem nesta área. O quarto e último princípio básico das incisões relaciona-se com o local onde devem ser praticadas. É desejável que as incisões sejam feitas em gengiva aderida e sobre osso saudável (fig. 2). As incisões feitas nos locais próprios permitem que as suas margens sejam suturadas sobre osso intacto, permitindo um adequado suporte para a cicatrização da ferida operatória.

Princípios básicos do desenho dos retalhos O termo retalho usa-se para definir uma porção de tecido que é delimitada através de uma incisão, permite o

Fig. 2. Incisão feita em gengiva aderida, permitindo um retalho que após a conclusão da cirurgia proporciona uma sutura sobre osso intacto.

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acesso cirúrgico aos tecidos subjacentes e pode ser reposta no seu local original através de suturas, aguardando-se a sua cicatrização. Na execução de um retalho devem ser seguidos alguns princípios básicos que vão prevenir a ocorrência das complicações mais frequentes: a necrose, a deiscência e o rompimento do retalho. A necrose do retalho pode ser evitada se tivermos em consideração que a sua base deve ser sempre maior do que o seu vértice, exceto quando nela se encontra uma artéria principal. Preferencialmente, a base deve ter um comprimento igual ao dobro da altura do retalho. A base de um retalho não deve ser excessivamente repuxada ou comprimida, pois qualquer destas manobras pode comprometer o suprimento sanguíneo. Em relação às deiscências, estas podem ser prevenidas se tivermos o cuidado de fazer sempre a aproximação das margens sobre osso firme e evitando suturar o retalho sob demasiada tensão. O rompimento de um retalho é uma complicação que pode ocorrer quando o ato cirúrgico é praticado por um cirurgião inexperiente, que é tentado a realizar retalhos de pequena dimensão, proporcionando um acesso reduzido. Uma vez que os retalhos maiores cicatrizam tão rapidamente quanto os mais pequenos, é preferível realizar logo à partida um retalho que proporcione um adequado acesso à área cirúrgica, evitando-se a necessidade de demasiada retração ou mesmo de interromper a cirurgia para modificá-lo (fig. 3). Os retalhos devem ter uma dimensão adequada ao ato cirúrgico a praticar, tendo em conta a necessidade de proporcionarem uma correta visualização do

Fig. 3. Retalho amplo e desenhado de forma a proporcionar um conveniente acesso à patologia.


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Tópicos de cirurgia oral campo operatório. O acesso deve ainda permitir a inserção de todos os instrumentos necessários à realização da cirurgia. Além disso, os retalhos devem ser mantidos afastados do campo operatório, através de afastadores apoiados em osso intacto; daí a necessidade de se realizarem incisões devidamente afastadas das zonas com patologia. A cicatrização dos tecidos moles faz-se transversalmente à linha de incisão e não ao longo desta e, por isso, as incisões bem delineadas cicatrizam mais rapidamente do que as incisões com margens irregulares. Assim, uma incisão longa e retilínea cicatriza mais rapidamente do que uma incisão pequena e irregular, que cicatrizará por segunda intenção.

As incisões de descarga não devem ser realizadas de uma forma rotineira, mas apenas quando estritamente necessárias. As descargas permitem aumentar a área de exposição óssea, evitando demasiada retração do retalho. Estas incisões devem ser oblíquas, de maneira a que a base do retalho seja maior do que a margem gengival. Ao realizarmos este tipo de incisões devemos ter o cuidado de não atravessar proeminências ósseas como a bossa canina, uma vez que isso poderia aumentar a tensão sobre a linha de sutura, podendo resultar numa deiscência da ferida operatória. Em relação à margem gengival, as incisões de descarga devem-se localizar numa zona entre a papila interdentária e a linha média da margem cervical do dente, para evitar sequelas periodontais (fig. 4).

Fig. 4. Importância da preservação das papilas. As incisões devem ser feitas entre a papila e a linha média da margem cervical do dente (zona a evitar, visto ser onde o periodonto é mais fino).

Bibliografia B r o w n D C . Advances in endodontic surgery: Part 1. Dent Update 1995; 22: 298-302. D o n a d o M . Cirugía bucal, patologia y técnica. 3ª edición. Barcelona: Masson; 2005. G a r t n e r A H , D o r n S O . Advances in endodontic surgery. Dent Clin North Am 1992; 36: 357-78. J i n J Y , L e e S H , Y o o n H J . A comparative study of wound healing following incision with a scalpel, diode laser or Er,Cr:YSGG laser in guinea pig oral mucosa: A histological and immunohistochemical analysis. Acta Odontol Scand 2010; 68: 232-8. 5 . K o e r n e r K R . The removal of impacted third molars. Principles and procedures. Dent Clin North Am 1994; 38: 255-78. 6 . L u b o w R M , W a y m a n B E , C o o l e y R L . Endodontic flap design: analysis and recommendations for current usage. Oral Surg Oral Med Oral Pathol 1984; 58: 207-12. 7 . P e t e r s L B , W a s s e l i n k P R . Soft tissue management in endodontic surgery. Dent Clin North Am 1997; 41: 513-28. 8 . P e t e r s o n L J , E l l i s E , H u p p J , T u c k e r M . Contemporary Oral and Maxillofacial Surgery. 4th edition. St. Louis: C. V. Mosby Co.; 2002. 9 . P i f a r r é E . Patología qúirúrgica oral y maxilofacial. Barcelona: JIMS; 1993. 1 0 . R o b i n s o n P P , S m i t h K G . Lingual nerve damage during lower third molar removal: a comparison of two surgical methods. Br Dent J 1996; 180: 456-61. 1 1 . S a i l e r H F , P a j a r o l a G F . Atlas de Cirugía Oral. Barcelona: Masson; 1997. 1. 2. 3. 4.

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Técnica autoligável em ortodontia: revisão bibliográfica

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Ciência e prática Resumo A primeira tentativa de se movimentar cientificamente um dente ocorreu em 1728, quando o francês Pierre Fauchard usou uma tira de metal perfurada, com a forma da arcada dentária, em que os dentes mal posicionados eram presos por linhas que levavam ao movimento dentário18. Durante as décadas de 30, 40 e 50, a ortodontia evoluiu muito com o aparecimento do Arco de Canto, sen-

do possível o controlo tridimensional dos dentes através de dobras de primeira, segunda e terceira ordem. Desde o aparecimento de Straight Wire Appliance, na década de 70, pouco ou quase nenhum foi o desenvolvimento tecnológico de ortodontia, que tenha animado tanto a profissão como a reemergência dos braquetes autoligáveis.

Marta Figueiredo Marta Figueiredo Médica dentista. Prática exclusiva de Ortodontia, desde 2002. Colaboradora na consulta assistencial do Departamento de Ortodontia do Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz. Pós-graduação de Ortodontia pelo Instituto Europeu de Ortodontia. Ana Delgado Médica dentista. Professora auxiliar da Unidade Curricular de Ortodontia e Coordenadora da Consulta Assistencial de Ortodontia do ISCSEM. Subdiretora da Clinica Universitária do ISCSEM. Mestre pela Universidade de Krems (Áustria). Doutorada pela Universidade de Granada (Espanha). Paulo Retto Médico dentista. Prática exclusiva em Ortopedia e Ortodontia. Pós-graduado pela Universidade Krems Áustria em Ciências Dentárias Avançadas (vertente ortodôntica). Diploma de Estudos Avançados pela Universidade de Barcelona. Discente de Doutoramento da Universidade de Granada e Barcelona. Presidente fundador APMDIA e secretário geral da IAAID (2007-2010). Chefe de Equipa na Consulta Assistencial de Ortodontia do Instituto Egas Moniz. Filipa Gaudêncio Médica dentista. Prática exclusiva de Ortodontia. Subchefe de equipa de Ortodontia do Dr. Paulo Retto, da Consulta Assistencial de Ortodontia do Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz. Almada.

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Ciência e prática O conceito de autoligadura tem fascinado e intrigado os ortodontistas desde os tempos de E. Angle. Posteriormente, sucessores de Angle, como McCoy, Boyd, Ford e Russel, entre outros, continuaram à procura de métodos mais eficazes e simples de ligadura. No entanto, um conjunto de fatores interrompeu esta pesquisa, como novos métodos de diagnóstico e tratamento, nomeadamente o aparecimento de braquetes que controlam tridimensionalmente os dentes ou o aparecimento de resinas que permitiram a cimentação direta dos braquetes aos dentes, deixando de se usar bandas que provocavam desmineralizações e o aparecimento de espaços mortos aquando da remoção do aparelho. A segunda guerra mundial levou ao abrandamento generalizado da investigação clínica. Sérios esforços para reintroduzir os autoligáveis iniciaram-se nos anos 70 com os braquetes Speed, desenvolvidos pela Herb Hanson e com o Hedgelock da Ormco, por Jim Wildman. Nos últimos anos, clínicos de todo o mundo têm mostrado trabalhos exemplares utilizando os mais recentes braquetes autoligáveis. O objetivo deste artigo é fornecer informação bibliográfica sobre as vantagens, a técnica e os materiais utilizados.

Fig. 1a. Exemplo de braquete autoligável (In Ovation).

Aspetos históricos As primeiras ligaduras foram muitas vezes feitas de seda de sutura. No entanto, quando o aço inoxidável se tornou disponível foi adotado universalmente. As ligaduras elásticas foram disponibilizadas no final dos anos 60 e rapidamente tornaram-se o meio mais comum de ligação. Em 1950, Raymond Begg, um ex-aluno de Edward Angle, desenvolveu uma técnica com a utilização de pinos, que constituíam a quarta parede (gengival) da slot do braquete e formavam uma parede de metal rígida, de certa forma semelhante a um braquete autoligável17. Os braquetes autoligáveis têm uma história relativamente longa. Russel Lock Edgewise, descrito por Stolzenberg em 1953, era um mecanismo muito primitivo, constituído por um parafuso labial para manter o arco. Os braquetes Speed surgiram em 1980, desenvolvidos pela Strite Industries no Canadá. Podiam ser facilmente deslocados ou distorcidos e a falta de familiaridade por parte dos clínicos com um braquete sem asas para ligadura impediu uma maior popularidade deste instrumento. O braquete Time, da Adenta GmbH, surgiu em 1994, na Alemanha, ao passo que o Damon SL ou Damon1, da ACompany, empresa californiana (Estados Unidos), surgiu em 1993. Estes foram os três modelos representativos daquela época. O braquete Twinlock, da Ormco Corporation, foi o primeiro a ser produzido em quantidades significativas.

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Fig. 1b. Braquete Damon3 fechado.

Fig. 1c. Braquete Damon Clear.


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Ciência e prática As desvantagens incluíam a falta de controlo no movimento de rotação, alguns inconvenientes de abertura e encerramento da tampa e o tamanho. Posteriormente, a ACompany foi comprada pela Ormco que desenvolveu o braquete Damon2. Nos últimos anos, temos assistido a uma mudança rápida da tecnologia dos braquetes, inclusivamente a nível estético. De facto, a utilização de sistemas autoligáveis tem aumentado exponencialmente. Um estudo de Keim RG, Gottlieb EL, Nelson AH e Vogels DS22 refere que cerca de 42% dos clínicos americanos usaram pelo menos um sistema de braquetes autoligáveis no ano de 2008, ao passo que em 2002 a percentagem foi de 8,7%23.

Introdução à biomecânica Movimento dentário: clip ativo vs passivo O movimento dentário é baseado na capacidade de remodelação do tecido ósseo alveolar. A teoria clássica da compressão e tensão, reabsorção e aposição foi estabelecida bem cedo, mas foi Kaare Reitan6, no início da década de 50, que relatou minuciosamente a reação tecidular ao tratamento ortodôntico em resposta a diferentes tipos de forças. A força ortodôntica aplicada aos dentes é transmitida através do ligamento periodontal para as células pluripotentes. Estas diferenciam-se e estabelecem o fenótipo osteoblástico. As citocinas, produzidas pelos osteoblastos maduros, como RANKL (Receptor Activator of Nuclear Factor Kappa-B Ligand) e OPGL (Osteoprotegerin Ligand), induzem a atividade dos osteoclastos, que iniciam a reabsorção alveolar e, alterando a estrutura arquitetónica do osso alveolar, promovem o movimento ortodôntico dos dentes. O clip ativo é o que gira em torno de uma aleta, existente nos braquetes Speed, In ovation R e Quick Time 2. O clip passivo, encontrado nos sistemas Damon, Carrier, Smartclip e Vision LP, é uma tampa que fecha verticalmente e cria uma superfície labial na slot sem exercer força no arco por deflexão. O arco trabalha livremente na slot, sujeito a uma reduzida tensão, exceto quando é necessário eliminar rotações ou dar torque. Pretende-se, ao armazenar parte da força no clip e no arco, mais alinhamento do que numa slot passiva com um arco da mesma dimensão. Em termos gerais, o arco terá mais ação vestíbulo-lingual. O sistema ativo produz mais fricção, mas também, permite um maior controlo do torque. O sistema passivo produz menos fricção e maior expansão das arcadas dentárias. Eficácia A redução da resistência ao movimento dentário oferece uma boa segurança de encaixe do arco na slot. Um estudo de eficácia feito por Harradine1 verificou uma redução de 24 segundos na colocação e remoção do arco, redução em média de 23,5 para 19,4 meses no tempo

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de tratamento e uma redução de quatro visitas durante o tratamento ativo. Fricção/atrito O atrito é gerado quando dois corpos entram em contacto e deslizam um sobre o outro. Em ortodontia, ocorre entre a slot e o arco ortodôntico, durante a execução de manobras ortodônticas. É influenciado pelo tipo, tamanho e material de fabrico. Existem três tipos de atrito. O clássico é provocado pelas ligaduras elásticas ou pelas ligaduras metálicas usadas nos aparelhos convencionais. Os aparelhos autoligáveis apresentam níveis muito baixos deste atrito, o que permite diminuir o nível de força aplicada durante o tratamento levando a que os braquetes expressem a sua prescrição na totalidade. O atrito binding é provocado pela falta de eliminação das rotações e inclinações. Existe em ambos os sistemas de braquetes. Finalmente, o atrito notching ocorre quando há deformação indesejada do arco ortodôntico em qualquer fase do tratamento. Não permite a finalização da correção das rotações e angulações19. As ligaduras de aço produzem forças de atrito consideravelmente inferiores às geradas pelo elastómero. No entanto, ainda são muito altas em relação ao nível de força conceituado como ideal para o movimento dentário. Todos os estudos mostram uma redução drástica dos níveis de atrito com braquetes autoligáveis, principalmente nos sistemas passivos. Ancoragem A escolha do sistema de ancoragem é muito importante na execução do tratamento e deve ser definido no início. Quanto maior for o apinhamento anterior e a protrusão dentária, maior deve ser o controlo do movimento mesial dos dentes posteriores. Os braquetes autoligáveis aumentam, hipoteticamente, a ancoragem disponível com base em três possibilidades: o uso de forças mais leves devido a um menor atrito, o aumento da preservação de ancoragem e os dentes individuais, como os caninos, que podem ser movidos sem perda de controlo de rotação. Um tratamento mais rápido significa menos mesialização e melhor cooperação no plano vertical e transversal. Tudo isto é plausível, mas atualmente falta uma evidência forte e direta para o apoiar16. Forças geradas O alinhamento corresponde à primeira fase do tratamento ortodôntico e tem como objetivo a obtenção de espaço para correção do apinhamento e rotações, reestabelecendo os pontos de contacto. Um estudo2 efetuado por Pandis N, Eliades E, Partowi S e Bourauel C avaliou as forças produzidas em diferentes secções da arcada dentária durante a ativação do arco inicial 0,14 niti. Este estudo revela que para um dado arco há uma complexa relação entre braquete/dente/arco


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Fig. 2. Tratamento ortodôntico com sistema de aparelho autoligado, conceito e biomecânica (adaptado de Trevisi H. SmartClip; Mosby Elsevier, 2007).

conforme a direção e magnitude das forças. A redução dos níveis de força para braquetes autoligáveis pode ser atribuída ao aumento da folga do arco na slot e à ausência de bloqueios gerados no contacto de uma ligadura elástica com as asas do braquete. No entanto, verificou-se que os incisivos estão sujeitos a maior força no sentido vestíbulo-lingual com braquetes autoligáveis do que com braquetes convencionais. Isto deve-se ao facto de existir uma tampa metálica não deformável, como os elásticos usados nos braquetes convencionais. Intrusão/extrusão Um estudo3 desenvolvido por Pandis N, Eliades E, Partowi S e Bourauel C mostra curvas similares de força/deflexão no movimento de extrusão/intrusão com um arco 014 x 025 niti. A direção do deslocamento não afeta o nível de força exercida por quaisquer sistemas de braquetes testados, provavelmente, devido à incidência das forças, que são aplicadas nas paredes incisal e gengival da slot. Rotação A correção axial dos dentes requer um momento aplicado ao braquete para iniciar o movimento de rotação. A largura do braquete pode afetar esse movimento, já que o momento de rotação é igual à força aplicada pela ligadura, multiplicada pela largura efetiva

do braquete; logo, braquetes mais largos produzem momentos maiores.

Desempenho clínico Modificações na arcada dentária Grande parte do sucesso de um tratamento está na seleção do arco, que deve ser criteriosamente escolhido conforme a cefalometria, forma da arcada, distância intercanina, interpremolar e molar. Em casos borderline (casos sem extrações), o limite da expansão das arcadas deve ser minuciosamente estudado. A expansão excessiva leva à instabilidade pós-tratamento ortodôntico21. Um estudo de Franchi et al.9, usando ligaduras de baixo atrito em vez de braquetes autoligáveis, verificou um aumento de 1,7 mm de largura intermolar quando comparada a ligaduras convencionais. Um estudo de Scott et al.10 relata que os molares inclinam 4º para vestibular, o que apoia a possibilidade de a expansão molar observada com braquetes autoligáveis estar mais associada à rotação e inclinação dos molares do que a movimentos corporais ou expansão maxilar basal. Não há evidências que suportem a afirmação de que os braquetes autoligáveis alinhem os dentes de forma mais eficaz em relação aos aparelhos convencionais. A maior alteração das arcadas com braquetes autoligáveis ocorre a nível transversal; devido à diminuição do atrito consegue-se uma maior expansão19.

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Fig. 3. Braquete Agility, ODP.

Controlo do torque A correta inclinação vestíbulo-lingual dos dentes anteriores e posteriores é considerada fundamental para fornecer estabilidade e relação oclusal adequadas no tratamento ortodôntico. O torque dos incisivos superiores é particularmente importante no estabelecimento de uma linha de sorriso estética, uma guia anterior adequada e uma relação Classe I sólida. Incisivos inadequadamente inclinados diminuem o espaço na arcada dentária. Tem sido demonstrado que para cada 5º de inclinação anterior, cerca de 1 mm de comprimento de arco é gerado20. Por outro lado, os segmentos posteriores têm o efeito de constrição do arco maxilar, que não permite um relacionamento adequado de cúspide-fossa entre os dentes superiores e inferiores. Atualmente, dados disponíveis sobre a eficiência de transmissão de torque dos braquetes autoligáveis derivam de um estudo de laboratório que mostrou grande perda de torque para os braquetes autoligáveis passivos e uma menor perda para os sistemas ativos11. Um segundo estudo12 de Badawi H, Toogood RW, Carey JPR, Heo G e Major PW concluiu que os braquetes ativos são mais eficientes no controle do torque em relação aos autoligáveis passivos. É interessante notar que, para atingir um mínimo clinicamente significativo de controlo de torque, são necessários 15º de torção do arco para os braquetes ativos e 22,5º para os passivos. Pandis et al.24 e Flaming et al.25 referem igual pró-inclinação dos incisivos e igual expansão intercanina, com braquetes convencionais e autoligáveis, mas uma maior expansão intermolar com braquetes autoligáveis25,26.

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Encerramento de espaços Miles13 avaliou a taxa de retração em massa com uma mecânica de deslizamento entre braquetes autoligáveis e braquetes convencionais com ligaduras metálicas. Num estudo tipo “boca dividida” verificou-se que a taxa média de retração foi de 1,1 mm por mês para o lado autoligável e 1,2 mm por mês para o lado convencional. Pode-se argumentar que, usando este tipo de estudo, no qual os braquetes autoligáveis e convencionais estão misturados, pode afetar negativamente a capacidade de deslizamento e fricção dos braquetes autoligáveis. A limitada evidência atual não oferece suporte para a ideia de que os sistemas autoligáveis favorecem a consolidação de espaços mais rapidamente. Além disso, o menor atrito e o movimento mais rápido dos dentes in vitro, não são necessariamente traduzidos para movimentos mais rápidos dos dentes in vivo. Outros estudos sob a forma de ensaios clínicos randomizados são necessários. Manipulação clínica Vários estudos mostram a diminuição do tempo de cadeira necessário para a remoção e colocação do arco, do tempo de tratamento e do número de visitas1. Desconforto É um efeito colateral potencial durante a terapia ortodôntica fixa e pode influenciar o resultado do tratamento e a vontade do paciente se submeter ao mesmo. Um facto importante é que a quantidade de força aplicada à dentição pelo arco ortodôntico está associada a um maior ou menor desconforto. Tem sido demonstrado que a perceção


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Ciência e prática Fotografias cedidas pela consulta assistencial de ortodontia do Instituto Egas Moniz

Fig. 4. Braquete Smartclip, 3M.

da dor tem o seu pico cerca de 24 horas depois da colocação do arco14. Retenção de placa bacteriana e saúde periodontal Pellegrini et al. revelam que a acumulação de placa bacteriana nos braquetes autoligaveis é menor. No entanto, um outro estudo de Pandis N, Papaioannou W, Kontou E, Nkou M, Makou M e Eliades T30 não conseguiu provar a associação entre tipos de braquetes diferentes e a acumulação de placa bacteriana. Talvez isto se deva a diferentes métodos de cálculo dos níveis de streptococcus mutans na saliva31.

Conclusão Os aparelhos ortodônticos fixos armazenam forças para a movimentação dentária em arcos que são deformados no seu limite elástico. Para essa força ser transmitida ao dente, os arcos precisam de uma forma de ligação com o braquete, que, por sua vez, é fixado ao dente. Essa conexão é feita sob a forma de uma ligadura e essa situação permanece ainda nos dias de hoje. Nas últimas décadas, surgiu um consenso sobre um conjunto de vantagens potenciais das autoligaduras. Estas vantagens podem ser resumidas como: remoção e

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colocação mais rápida do arco, encaixe completo e mais eficaz do arco, diminuição da necessidade de assistência, higiene oral melhorada com a eliminação das ligaduras elásticas e baixo atrito entre o braquete e o arco, principalmente, com os braquetes autoligáveis passivos, que permitem uma expansão mais eficaz do que com os ativos. Foi este sistema passivo a grande revolução da ortodontia autoligável. É interessante e instrutivo analisar a razão pela qual, apesar destas vantagens potenciais, a autoligadura continua a representar apenas uma pequena parte da ortodontia. Em parte, deve-se a uma série de imperfeições na execução dos braquetes, inclusivamente no seu mecanismo de abertura e fecho e aos elevados custos. Além disso, faltam evidências clínicas que suportem a teoria de que os braquetes autoligáveis são de facto mais eficazes que os braquetes convencionais32,33. A utilização de aparelhos fixos data de quase um século e muitas foram as inovações introduzidas que levaram ao desenvolvimento da ortodontia. É necessário, no entanto, maior evolução tecnológica na área da ortodontia autoligável. Sendo esta uma área que se encontra em perfeita expansão, certamente irão surgir sistemas de braquetes autoligáveis universais e cada vez mais eficientes, confortáveis e fiáveis.


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Ciência e prática Bibliografia 1 . H a r r a d i n e N . Self-ligating brackets and treatment efficiency. J Clin Orthod Res 2001; 4:220-227. 2 . P a n d i s N , E l i a d e s E , B o u r a u e l C . Forces exerted by conventional and self-ligating bracktes during simulated levelling and alignig. Eur J Orthod (in press). 3 . P a n d i s N , E l i a d e s E , P a r t o w i S , B o u r a u e l C . Forces exerted by conventional and self-ligating bracktes during simulated first and second oreder correction. Am J Orthod dentofac Orthop 2008; 133: 738-742. 4 . P a n d i s N , E l i a d e s E , P a r t o w i S , B o u r a u e l C . Momentes generated during stimulated rotational correction with self-ligating and conventional brackets. Angle Orthod 2008; 78: 1030-1034. 5 . T a l o u m i s L J , S m i t h T M , H o n d r u m S O , L o r t o n L . Force decay and deformation of orthdontic elastomeric ligatures. Am J Orthod Dentofac Orthop 1997; 111:1-11. 6 . 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Enxerto dérmico acelular para recobrimento radicular

Médico estomatologista. Periodontia e Implantologia em exclusividade. Diretor da Clinicae Gingiva. Madrid (Espanha). www.gingiva.net

Apresentação do caso Paciente tratada, na nossa consulta, de doença periodontal crónica do adulto mediante fase desinflamatória e cirúrgica (retalhos de reposição apical nos setores posteriores) e atualmente em fase de manutenção periodontal. Apresenta recessões gengivais na arcada superior e, devido à sua linha de sorriso gengival excessivamente baixa, solicita-nos um tratamento das referidas recessões para melhorar a estética do seu sorriso.

A solução (comentários à técnica) A paciente opõe-se à obtenção de dois enxertos do seu paladar, e é-lhe indicada a utilização de um enxerto gengival livre dérmico acelular (AlloDerm), evitando-se assim realizar dois campos cirúrgicos. Com esta opção reduziremos o tempo da cirurgia e os incómodos pós-operatórios. Esta é uma técnica de eleição no tratamento de recessões gengivais múltiplas nos setores anterosuperiores quando o paciente apresenta um paladar excessivamente delgado que impeça a obtenção de um enxerto de tecido conetivo seguindo a técnica de Langer ou em casos – como o que se apresenta – em que os pacientes não estejam recetivos a obter o enxerto do paladar.

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Inicia-se a intervenção com incisões intrasulculares e incisões horizontais na zona das papilas e extende-se um ou dois dentes para lá da zona a tratar.

Levanta-se um retalho de espessura total, com a ajuda de um periosteótomo, até ultrapassar a linha mucogengival.

Uma vez ultrapassada esta linha, realizaremos (com bisturi) uma dissecação parcial de retalho, deixando o osso coberto pelo periósteo.

Com esta manobra libertaremos de tensão o retalho, permitindo mobilizá-lo até uma situação mais coronal.

Com brocas de polimento alisaremos as superfícies radiculares expostas e eliminaremos o cimento necrótico.

O alisamento e polimento definitivo das superfícies radiculares é levado a cabo mediante curetas.

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O tecido artificial será reidratado em soro fisiológico estéril entre 20 e 40 minutos antes da sua colocação. Devemos distinguir o lado da membrana basal do lado dérmico (mais liso, esbranquiçado e brilhante). O enxerto será recortado e remodelado com tesouras, para o seu assentamento passivo na ferida cirúrgica.

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O material é introduzido entre o retalho e a base óssea e perióstica. É recomendável que o lado dérmico esteja em contacto com a base perióstica, ainda que este aspeto não seja crítico ao ser coberto pelo retalho, garantindo assim um duplo contributo vascular.

O enxerto dérmico acelular será coberto pelo retalho libertado na sua base de tensão. Antes de suturar, deveremos comprovar que não há nenhum tipo de tensão e que o enxerto será totalmente coberto pelo retalho numa posição mais coronal.

Mediante suturas suspensórias contínuas, estabilizamos ao mesmo tempo o enxerto na sua base e cobrimos o material com um retalho de deslocação coronal.

Imagem da zona submetida a intervenção. Utilizou-se na sutura do retalho fio monofilamento Gore-Tex. O enxerto pode ser protegido com um cimento cirúrgico periodontal.

Imagem aos 10 dias antes da sutura ser retirada. Instaura-se um programa de higiene oral e de uso de colutórios com clorhexidina entre duas e quatro semanas.

Imagem aos 20 dias após a intervenção.

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Num segundo momento, procedeu-se à intervenção do lado direito. Neste caso, realizaram-se descargas libertadoras nos extremos da zona a tratar, soltou-se o periósteo com uma tesoura de dissecação e estabilizou-se o material com sutura reabsorvível antes de ser coberto pelo retalho de reposição coronal.

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Imagens obtidas seis meses depois do tratamento ter sido efetuado.

Imagem do sorriso do lado esquerdo um ano depois da intervenção.

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Imagens do caso antes da realização do enxerto dérmico acelular e um ano após o tratamento.

Resultado final. Os efeitos do tratamento estão bem patentes no sorriso da paciente.

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ENVIE JÁ O SEU ARTIGO CIENTÍFICO Regras de publicação: • Os artigos não podem ter sido editados em outra publicação. • O texto deve ser enviado em formato word (CD ou correio eletrónico). • O conteúdo não deve ser publicitário (não admitimos comparações entre produtos nem trabalhos destinados a exaltar as características de marcas comerciais), ainda que possam constar nomes de produtos ou aparelhos utilizados no decorrer do trabalho. • O artigo deve estar estruturado, no mínimo, em: introdução, desenvolvimento, conclusões e bibliografia. • A bibliografia deverá ser organizada respeitando a ordem em que for apresentada no texto (quando a ela se faça referência) ou por ordem alfabética, e indicada da seguinte maneira: Silverman E, Cohen M: The Twenty minute full strip up. J Clin Orthod. 1976; 10: 764. • Fotografias em formato jpg ou tif, escaneadas a 250/300 pixéis por polegada, com dimensões mínimas de 9 cm de largura. Caso não seja possível, poderão enviar-se os originais para ser escaneados na nossa redação. • Foto do primeiro autor (meio corpo ou corpo inteiro), de modo a poder ser recortada. • Nome, apelidos e titulação de todos os autores. • Correio eletrónico do autor, ao qual enviaremos a maqueta para revisão antes da publicação. N o t a : após receção do artigo, este será enviado à nossa Comissão Científica para aprovação.

para

MAXILLARIS portugal@maxillaris.com


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A nossa secção de “Ciência e Prática” está à disposição dos profissionais do setor…


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Reabilitação fixa bimaxilar com a técnica All-on-4TM – caso clínico

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Dossier Introdução Verifica-se hoje em dia que o edentulismo está em crescimento. Este facto estará relacionado com a contínua melhoria das condições sanitárias e avanços da medicina, responsáveis pelo aumento da esperança de vida. Pensa-se que em 2025 a população com mais de 65 anos duplicará, em relação a 2005, atingindo 820 milhões de pessoas. Na Europa, 40 a 50% da população terá mais de 65 anos no ano 2050 1. Em 2020, espera-se que haja cerca de 38 milhões de indivíduos

desdentados nos Estados Unidos da América. Sabemos também que o grupo de desdentados totais não se restringe à população idosa ou com poucos recursos económicos2. A grande maioria dos pacientes desdentados totais refere problemas de adaptação às próteses removíveis, apresentando dificuldade em realizar tarefas básicas do dia a dia, como falar, comer e socializar, podendo desencadear problemas sociais e psicológicos3-5.

Paulo Malo

Paulo Malo Médico dentista. PhD. Departamento de Cirurgia Oral, Malo Clinic. Lisboa. Andreia Patrão Médica dentista. Departamento de Prostodontia, Malo Clinic. Porto. Armando Lopes Médico dentista. Departamento de Cirurgia Oral, Malo Clinic. Lisboa. Inês Gravito Médica dentista. Departamento de Cirurgia Oral, Malo Clinic. Lisboa. Jaime Guimarães Médico dentista. Departamento de Cirurgia Oral, Malo Clinic. Porto. Miguel de Araújo Nobre RDH, MSc Epi. Departamento de Investigação e Desenvolvimento, Malo Clinic. Lisboa. Joana Lima Médica dentista. Departamento de Dentisteria, Malo Clinic. Lisboa.

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Dossier A reabilitação com implantes dos maxilares edêntulos é um tratamento que já demonstrou poder ser feito com altos índices de segurança, permitindo percentagens de sucesso elevadas. Os diferentes avanços nas técnicas e materiais permitiram a evolução do conceito tradicional de duas fases cirúrgicas, em que os implantes deveriam permanecer submergidos durante três a seis meses, para o conceito de função imediata, o que implica a colocação de uma prótese conectada aos implantes num mesmo tempo cirúrgico. Conseguem-se, assim, tratamentos mais rápidos e com melhor satisfação dos pacientes6-9.

A técnica All-on-4TM O conceito de reabilitação All-on-4TM (Nobel Biocare) baseia-se na colocação de quatro implantes para uma reabilitação fixa total dos maxilares edêntulos, sendo colocados dois implantes retos na zona anterior e dois implantes posteriores com uma angulação entre 30° e 45°, seguindo na maxila a parede anterior do seio, e na mandíbula colocados imediatamente anteriores ao orifício mentoniano, reduzindo assim a necessidade de transplantes ósseos, permitindo a ancoragem dos implantes em osso de melhor qualidade, possibilitando a utilização de implantes mais longos e diminuindo o tamanho do cantilever protético10-12. Krekmanov e cols.13 relataram que em casos de atrofia maxilar a avaliação da anatomia dos seios maxilares pode orientar a colocação de implantes inclinados, paralelos e tangentes à parede anterior do seio. Esta técnica oferece a possibilidade de colocar implantes mais longos, com uma emergência a nível dos segundos pré-molares ou primeiros molares, evitando ou minimizando o cantilever. Malo e cols. 10 avaliaram, através de um estudo retrospetivo, o protocolo All-on-4TM aplicado a mandíbulas edêntulas. Foram incluídos neste estudo 176 implantes distribuídos por 44 pacientes, imediatamente reabilitados com próteses fixas acrílicas. Uma guia cirúrgica especialmente concebida para esta técnica foi utilizada para facilitar o posicionamento e a inclinação dos implantes posteriores, permitindo uma melhor ancoragem óssea e um aumento da distância entre implantes, proporcionando um melhor suporte protético. Os autores concluíram que a utilização de quatro implantes para suporte de uma prótese fixa em função imediata demonstrou um alto índice de sobrevida (96,7% e 98,2% em dois grupos de pacientes). Num estudo posterior Malo e cols 11 avaliaram a utilização desta técnica no maxilar superior, verificando uma taxa de sucesso dos implantes de 97,6% ao fim de um ano. A média de perda óssea ao redor dos implantes foi de 0,9 mm. Mais recentemente, num estudo de follow-up de 10 anos verificou-se uma taxa de sucesso dos implantes de 98,1% aos cinco anos e

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94,8% aos 10 anos na mandíbula 15 e taxa de sucesso dos implantes de 98% aos cinco anos na maxila.16 O caso clínico descrito é referente a uma paciente do sexo feminino com 56 anos de idade, de raça caucasiana, reabilitada com próteses removíveis há mais de 10 anos e com queixas de instabilidade e desconforto associado às próteses assim como dificuldades fonéticas e mastigatórias. Demonstrou também preocupação com a ausência de diversos dentes e crescente mobilidade dentária dos remanescentes, pelo que pretendia uma reabilitação total fixa.

Caso clínico • I d e n t i f i c a ç ã o : paciente do sexo feminino, com 56 anos de idade, saudável. Paciente desdentada parcial, superior e inferior com próteses removíveis parciais com aproximadamente 10 anos e mobilidade dentária dos dentes remanescentes. • P r i n c i p a i s q u e i x a s : aumento da falta de retenção e estabilidade das próteses removíveis, dificuldades fonéticas e mastigatórias, associada à estética insatisfatória. Mostrou-se preocupada com a ausência de vários dentes e com a mobilidade dos remanescentes. Desejava obter uma reabilitação fixa. • S a ú d e g e r a l : sem patologias sistémicas conhecidas. • E x a m e o r a l : edentulismo parcial em ambos os maxilares associado a doença periodontal crónica. Perda óssea generalizada e mobilidade grau II e III nos dentes remanescentes devido à falta de suporte periodontal. • D e c i s ã o d e t r a t a m e n t o : reabilitação fixa bimaxilar usando o protocolo All-on-4TM standard. No mesmo procedimento cirúrgico, quatro implantes NobelSpeedy™ Groovy foram colocados em cada um dos maxilares. Na maxila foram colocados dois implantes posteriores angulados entre 30° e 45° (NobelSpeedy™ Groovy 4 x 18 mm RP) e dois implantes anteriores retos (4 x 13 mm RP) e na mandíbula foi realizado o mesmo procedimento: dois implantes posteriores angulados entre 30° e 45° (4 x 18 mm RP) e dois implantes anteriores retos (4 x 10 mm RP). Após algumas horas, uma ponte acrílica foi conectada aos implantes, cumprindo as exigências funcionais, fonéticas e estéticas. Após recolha da anamnese, foi efetuado um cuidadoso exame clínico compreendendo fotografias intra e extraorais, moldes em alginato, avaliação da estética (dimensão vertical de oclusão, suporte labial, linha de sorriso e relação interarcada), seguido do exame imagiológico que incluiu uma ortopantomografia e um Cone Beam Computorized Tomography (CBCT). O processo de reabilitação encontra-se descrito nas figuras 1 a 10. O procedimento cirúrgico nos dois maxilares iniciou-se com a exodontia de todos os dentes remanescentes,


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Fig. 1. Ortopantomografia inicial. Perda óssea generalizada e dentes remanescentes com falta de suporte periodontal.

Fig. 2. Fotografia frontal intraoral pré-operatória, sem as próteses removíveis parciais. Avaliação da forma e relação das arcadas, tamanho dos maxilares, classe molar e espaço interoclusal.

Fig. 3. Fotografia intraoral durante a colocação do implante posterior com a guia cirúrgica de All-on-4TM. Implante posterior colocado com uma inclinação entre 30° e 45°.

Fig. 4. Fotografia frontal intraoral pós-operatória. Poucas horas após a cirurgia, foram colocadas duas próteses fixas imediatas, totalmente em acrílico.

incisão e descolamento do retalho de espessura total. Efetuou-se a regularização óssea, e de seguida a preparação do leito implantar com a sequência de brocas e o indicador de profundidade para verificar o correto comprimento do implante. Os implantes posteriores foram colocados na posição mais posterior possível, de forma a reduzir o cantilever da prótese fixa implantossuportada. No maxilar inferior foram identificados os dois orifícios mentonianos. A guia cirúrgica foi utilizada para colocação dos implantes posteriores com uma inclinação entre 30° e 45° e os anteriores paralelos ao pino guia. Aos implantes posteriores foram adaptados pilares angulados, para compensar a inclinação dos implantes e aos anteriores foram adaptados pilares retos. O retalho foi reposicionado e realizada sutura em pontos simples. De seguida, efetuaram-se moldes superior e inferior com peças de impressão aos Multi-Unit ferulizadas através de arame metálico e resina acrílica autopolimerizável, numa moldeira individualizada carregada com silicone de condensação putty. Foram corridos os modelos de gesso com gengiva mole e foi confecionado um bloco de cera estabilizado com base em acrílico superior apara-

fusado aos dois pilares anteriores. Foram registados os requisitos estéticos necessários (suporte labial, altura anterior do bloco, plano oclusal protético, linhas estéticas) e efetuou-se o registo da relação maxilo-mandibular em relação cêntrica na dimensão vertical de oclusão pretendida, e procedeu-se à escolha da forma e cor dos dentes. Após montagem em articulador, efetuou-se a montagem de dentes (em classe I) e fez-se uma prova de dentes. Algumas horas depois, no próprio dia da cirurgia, foram conectadas as próteses provisórias superior e inferior totalmente em acrílico, procedendo-se aos ajustes oclusais indispensáveis. No pós-operatório foi prescrita a seguinte medicação: amoxicilina 875 mg e ácido clavulânico 125 mg a cada oito horas durante os quatro primeiros dias e a cada doze horas até ao oitavo dia pós-cirurgia; corticosteróide, 15 mg no dia da cirurgia, 10 mg nos dois primeiros dias após a cirurgia e 5 mg no terceiro e quarto dias pós-operatórios; ibuprofeno a cada 12 horas a partir do quarto dia pós-operatório até ao oitavo dia; e analgésico, administrados durante três dias

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Fig. 5. Fotografia intraoral do maxilar superior três meses após a cirurgia. O processo de cicatrização decorreu sem qualquer sinal ou sintoma de patologia periimplantar.

Fig. 6. Fotografia intraoral frontal seis meses após a cirurgia. Colocação das segundas próteses provisórias, de acordo com as exigências da paciente.

Fig. 7. Fotografia frontal intraoral final. Colocação de Ceramic Bridge na maxila e Acrylic Bridge na mandíbula, finalizando a reabilitação atendendo às solicitações funcionais, fonéticas e estéticas.

Fig. 8. Ortopantomografia final, evidenciando a adaptação adequada da barra de titânio através Cad-Cam Nobel Procera. Os parâmetros clínicos e radiográficos mantiveram-se estáveis durante os quatro anos de follow-up.

pós-operatório se necessário. Para além da medicação prescrita, foram fornecidas instruções de higiene oral, juntamente com a aplicação de gel de ácido hialurónico durante os primeiros meses após a cirurgia e gel de clorhexidina 0,2% desde o segundo mês até ao sexto mês pós-operatório, de acordo com o protocolo de manutenção para implantes em função imediata12. Aos 12 dias após a cirurgia, efetuou-se a remoção de suturas e estabeleceu-se um regime de seguimento aos dois, quatro, seis e 12 meses. O processo de reabilitação definitiva iniciou-se aos seis meses, tendo sido colocada no maxilar superior uma Malo ClinicTM Ceramic Bridge e na mandíbula uma MaloClinicTM Acrylic Bridge. A paciente encontra-se num esquema de seguimento com quatro anos.

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Fig. 9. Fotografia lateral extraoral durante o sorriso após a finalização da reabilitação definitiva. A paciente foi reabilitada com sucesso.


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Dossier Conclusão Em conclusão, podemos afirmar que a técnica All-on-4TM apresenta as seguintes características: • Utilização de um número reduzido de implantes, permitindo uma reabilitação total. • Evita cirurgias adicionais como enxertos ósseos ou lateralização do nervo dentário inferior. • Aumento da distância entre a emergência dos implantes, permitindo próteses em função imediata sem extensões distais. • Máximo aproveitamento da disponibilidade óssea, permitindo colocar implantes de maiores dimensões. • Implantes colocados apenas nas zonas anteriores dos maxilares, onde a qualidade óssea é superior, proporcionando taxas de sucesso mais elevadas.

Fig. 10. Fotografia extraoral frontal durante o sorriso, após finalização da reabilitação definitiva. A paciente ficou muito satisfeita com o resultado final.

Bibliografia 1 . S p e n c e D . Because home is where the health is. Health magazine i- Financial Times. December 2009. 2 . D o u g l a s s C W , W a t s o n A J . Future needs for fixed and removable partial dentures in the United States. J Prosthet Dent 2002; 87: 9-14. 3 . F i s k e J , D a v i s D M , F r a n c e s C , e t a l . The emotional effects of tooth loss in edentulous people. Br Dent J 2000; 184: 90-93. 4 . R o u m a n a s E d . The social solution-denture esthetics, phonetics and function. J Prosthodont 2009; 8: 112-5. 5 . B e z e r r a F , L e n h a r o A , P e s s o a R S , D u a r t e L R S , G r a n j e i r o J M . Avaliação do impacto do edentulismo total mandibular e da reabilitação fixa sobre implantes com carga imediata na qualidade de vida de pacientes idosos. Rev Dental Press Periodontia Implantol 2011; 5: 101-10. 6 . S c h n i t m a n P A , W ö h r l e P S , R u b e n s t e i n J E , D a S i l v a J D , W a n g N H . Ten-year results for Brånemark implants immediately loaded with fixed prostheses at implant placement. Int J Oral Maxillofac Implants 1997; 12: 495–503. 7 . B a l s h i T J , W o l f i n g e r G J . Immediate loading of Brånemark implants in edentulous mandibles. A preliminary report. Implant Dent 1997; 6: 83–88. 8 . R a n d o w K , E r i c s s o n I , N i l n e r K , P e t e r s o n A , G l a n t z P O . Immediate functional loading of Brånemark dental implants. An 18-month clinical follow-up study. Clin Oral Implants Res 1999; 10: 8–15. 9 . E r i c s s o n I , R a n d o w K , N i l n e r K , P e t e r s o n A . Early functional loading of Brånemark dental implants: 5-year clinical follow-up study. Clin Implant Dent Relat Res 2000; 2: 70–77. 1 0 . M a l ó P , R a n g e r t B , N o b r e M . All-on-4 immediate function concept with Brånemark System implants for completely edentulous mandibles: a retrospective clinical study. Clin Implant Dent Relat Res 2003; 5: S2–S9. 1 1 . M a l ó P , R a n g e r t B , N o b r e M . All-on-4 immediate-function concept with Brånemark System® implants for completely edentulous maxillae: A 1-year retrospective clinical study. Clin Implant Dent Relat Res 2005; 7: S88-S94. 1 2 . M a l ó P , N o b r e M , L o p e s I . A new approach to rehabilitate the severely atrophic maxilla using extramaxillary anchored implants in immediate function: a pilot study. J Prosthet Dent 2008; 100: 354-366. 1 3 . K r e k m a n o v L , K a h n M , R a n g e r t B , L i n d s t r o m H . Tilting of posterior mandibular and maxillary implants of improved prosthesis support. Int J Oral Maxillofacial Implants 2000; 15:405-414. 1 4 . Z a m p e l i s A , R a n g e r t B , H e i j l L . Tilting of splinted implants for improved prosthodontic support: A two-dimensional finite element analysis. J Prosthet Dent 2007; 97: S35-S43. 1 5 . M a l ó P , D e A r a ú j o N o b r e M , L o p e s A , M o s s S M , M o l i n a G J . A longitudinal study of the survival of All-on-4 implants in the mandible with up to ten years of follow-up. J Am Dent Assoc 2011; 142: 310-320. 1 6 . M a l ó P , d e A r a ú j o N o b r e M , L o p e s A , F r a n c i s h o n e C , R i g o l i z z o M . “All-on-4 Immediate-Function Concept for Completely Edentulous Maxillae: A Clinical Report on the Medium (3 Years) and Long-Term (5 Years) Outcomes. Clin Implant Dent Relat Res 2011: 1-12.

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Gonçalo Sousa Uva, capitão da seleção nacional de râguebi

Nunca me fez confusão ir ao dentista

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O meu sorriso Gonçalo Sousa Uva soma cerca de 70 internacionalizações com a seleção nacional de râguebi. O atual detentor da braçadeira de capitão da equipa das “quinas” já foi (várias vezes) campeão nacional pelo Grupo Desportivo de Direito e vice-campeão de França como jogador do Montpellier. No seu currículo soma ainda uma taça e três super taças de Portugal, entre outros feitos ligados à modalidade. Mas não é só no terreno de jogo que este desportista de alta competição dá provas da sua determinação: em matéria de saúde oral, encara a visita ao consultório como uma obrigação, sem qualquer tipo de hesitação, “porque sei que é importante ter dentes saudáveis”.

M Evita fumar ou comer algum tipo de alimento ou bebida que escureça os dentes? G o n ç a l o S o u s a U v a . Nunca fumei, mas confesso que, a nível de alimentação, não evito alimentos por essa razão. M Em criança ou adolescente usou aparelho nos dentes? G o n ç a l o S o u s a U v a . Usei aparelho fixo aos 14 anos, durante um ano e meio. M Com qual (ou quais) das seguintes sensações se identifica mais quando se senta na cadeira do dentista: pavor, resignação ou determinação? G o n ç a l o S o u s a U v a . Determinação. Nunca me fez confusão ir ao dentista.

Vou, por obrigação, porque sei que é importante ter dentes saudáveis.

M De que forma ter um sorriso bonito e uma boa higiene oral é importante na sua profissão? G o n ç a l o S o u s a U v a . Na minha profissão atual, como atleta de alta competição, o sorriso não é uma arma essencial. No entanto, considero importante ter uma higiene oral saudável porque os dentes estragados dão azo a lesões musculares. M Qual é o sorriso que não o deixa indiferente? G o n ç a l o S o u s a U v a . O sorriso da minha namorada.

M AXILLARIS. Com que regularidade vai ao dentista? G o n ç a l o S o u s a U v a . Vou, em média, duas vezes por ano. M Que cuidados de higiene oral tem diariamente? G o n ç a l o S o u s a U v a . Lavo os dentes sempre a seguir a cada refeição, entre três a quatro vezes por dia, seguido de cerca de um minuto com elixir. M Que tipo de escova de dentes usa? G o n ç a l o S o u s a U v a . Gosto de trocar de escova de dentes com alguma frequência, mas opto sempre pelas menos rígidas e mais flexíveis. M Já recorreu a tratamentos dentários específicos? G o n ç a l o S o u s a U v a . Devido ao râguebi, já tive que desvitalizar dentes e colocar algumas capas brancas. De resto, uso sempre uma boqueira como proteção para prevenir e evitar danos maiores e tratamentos mais invasivos.

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Devido ao râguebi, já tive que desvitalizar dentes e colocar algumas capas brancas. De resto, uso sempre uma boqueira como proteção para prevenir e evitar danos maiores e tratamentos mais invasivos

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Calendário de cursos Pós-graduações 2012/2013 na FMDUL A Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa já abriu as inscrições para as pós-graduações em Medicina Dentária, Higiene Oral e Prótese Dentária relativas ao ano letivo de 2012/2013, que se iniciam no próximo mês de outubro. Entre as opções de candidatura na área de Medicina Dentária, contam-se o tradicional doutoramento, o mestrado em biomateriais dentários e as especializações em prostodontia e implantologia. No campo da Higiene Oral, estão disponíveis o doutoramento em ciências e tecnologias da saúde e o mestrado em biomateriais dentários. Quanto à área de Prótese Dentária, os interessados poderão candidatar-se ao doutoramento em ciências e tecnologias da saúde (nesta especialidade), ao mestrado em biomateriais dentários ou à especialização em prótese sobre implantes. 217 804 580 • conceicao.manso@fmd.ul.pt • www.fmd.ul.pt

Cursos para desenho de próteses por Cad-Cam A GT-Medical inicia, no próximo mês de outubro, uma nova série de cursos para desenho de próteses com recurso à tecnologia Cad-Cam. Os cursos são lecionados, em distintos níveis, nas instalações da empresa na capital espanhola. O programa de formação inclui uma abordagem à tecnologia de última geração ao serviço das necessidades protésicas, nomeadamente os contornos do novo scanner Scan-Fit e do programa Exocad. (0034) 913 806 575 • www.gt-medical.com

Centro de Formação Contínua da OMD A Ordem dos Médicos Dentistas realiza, ao abrigo do programa anual do Centro de Formação Contínua, uma série de cursos de fim de dia e cursos modulares de endodontia e dentisteria. Eis o calendário das últimas iniciativas que a OMD reservou para este ano: Cursos de fim de dia: • Prótese removível: técnica do modelo alterado ou modificado (Cláudia Silva); 17 deste mês, Braga. • Pulpotomias (Joana Amaral Monteiro); 15 de outubro, Viseu. Cursos modulares de dentisteria: • Versatilidade clínica das resinas compostas (Paulo Júlio Almeida, Jorge André Cardoso e Rui Negrão); 20 de outubro, Madeira. Cursos modulares de endodontia: • Diagnóstico e urgências, técnicas de instrumentação e obturação em endodontia (João Dias); 22 deste mês, Açores. • Curso prático (hands-on) em instrumentação e obturação em endodontia (Paulo Miller); 22 deste mês, Açores. 226 197 690 • www.omd.pt

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Calendário de cursos Curso de tratamento interdisciplinar de fenda lábio-palatina A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto organiza este mês, nas instalações portuenses do Centro de Congressos e Cultura da Ordem dos Médicos, a terceira edição do curso teórico-prático de tratamento interdisciplinar de fenda lábio-palatina. O tratamento desta anomalia tem a particularidade de envolver múltiplos profissionais da área da saúde ao longo da vida do paciente, constituindo um exemplo do que deve representar uma atuação de equipa transdisciplinar. Por este motivo, estarão presentes vários oradores de reconhecido valor científico internacional, que enriquecerão o programa com a realização e transmissão direta de cirurgias de enxerto ósseo. cursofendafmup@gmail.com • http://cursofendafmup.blogspot.pt

Nova edição do curso de sedação consciente A décima edição do curso de sedação consciente organizado pela Malo Clinic Education está agendada para os dias 14 e 15 de dezembro, nas instalações da Malo Clinic em Lisboa. Esta ação de formação abrange temas como as técnicas de administração clínica, indicações e contraindicações, para além de uma sessão prática e uma cirurgia em direto com sedação consciente. O curso será lecionado por Ana Ferro, Filipa Maria Roque e Rodolfo Morganho, com o apoio de outros membros da equipa da Malo Clinic. Os participantes terão a oportunidade de aplicar diversas técnicas, quer ao nível da sedação como da monitorização e suporte básico de vida, através de cenários simulados e reais. 217 247 080 • education@maloclinics.com

Curso de ortodontia prática A Ledosa (Grupo Ceosa) leva a cabo mais um curso de ortodontia prática, na especialidade de Arco Reto-C, ministrado por Alberto J. Cervera Durán, Alberto Cervera Sabater e Mónica Simón Pardell. O objetivo é divulgar a prática clínica da ortodontia fixa, segundo a técnica de Arco Reto. Os próximos módulos são: • 6. Diagnóstico atual e introdução à autoligação estética; de 13 a 15 deste mês. • 7. Biomecânica avançada e autoligação; de 4 a 6 de outubro. • 8. Ortodontia multidisciplinar; de 8 a 10 de novembro. Ledosa. (0034) 915 540 979 • cursos@ledosa.com • www.ledosa.com

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Calendário de cursos Formação em estética dentária Ceodont (Grupo Ceosa) prossegue o programa de especialização em estética dentária. Esta ação de formação conta com Mariano Sanz Alonso, Manuel Antón Radigales e José A. de Rábago Vega como orientadores. Eis os restantes módulos do curso: • 3. Restauração com compósites I; 21 e 22 deste mês. • 4. Restauração com compósites II; 16 e 17 de novembro. • 5. Capas de porcelana I; 18 e 19 de janeiro de 2013. • 6. Capas de porcelana II; 15 e 16 de fevereiro de 2013. • 7. Coroas de recobrimento total e incrustações; 15 e 16 de março de 2013. Ceodont (Grupo Ceosa). (0034) 915 540 979 • cursos@ceodont.com

Injetáveis estéticos e terapêuticos em Medicina Dentária A MD Formação vai realizar, nos próximos dias 28 e 29, um curso subordinado ao tema “Injetáveis estéticos e terapêuticos em Medicina Dentária”. Esta ação formativa conta com a participação de David Dana, médico dentista em Beverly Hills (Estados Unidos), especializado em medicina dentária estética. O programa do curso prevê uma abordagem à história e características da toxina botulínica, indicações e contra-indicações deste produto, bem como a demonstração de um caso com paciente. A segunda jornada será dedicada aos contornos do aumento de volume de lábio recorrendo ao uso de Microfillers. 213 828 550 • lsofio@mdclinica.com

Workshop intensivo de implantologia A Avinent e a Universidade de Barcelona voltam a colaborar na organização do workshop intensivo de implantologia, destinado à capacitação básica para a colocação de implantes. A segunda edição do curso terá lugar, entre os dias 17 e 22 deste mês, na Clínica Odontológica Universitária da citada universidade espanhola. Sob a direção de Carles Subirà, esta formação destina-se a médicos dentistas generalistas ou especialistas. Oferece aos participantes um quadro docente formado por professores universitários com comprovados méritos no âmbito clínico e académico. O curso vai decorrer na Clínica Odontológica da Universidade de Barcelona.

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Congressos e reuniões Exponor acolhe congresso anual da OMD O congresso anual da OMD vai ter lugar nas instalações da Exponor, em Matosinhos, entre os dias 8 e 10 de novembro. Num ano reconhecido como de conjuntura económica difícil, a OMD procurou adequar-se a esta realidade, antecipando melhores condições para os expositores. A organização passa a oferecer uma localização com melhores condições de acesso, com maior oferta hoteleira e a preços mais acessíveis, criando condições para que se aumente o conforto dos participantes e se consiga aproximar o congresso do centro da cidade do Porto. www.omd.pt

21st Century Orthodontic Congress 2012 agendado para outubro A Dentsply GAC organiza em Lisboa, nos dias 5 e 6 de outubro, a terceira edição do programa 21st Century Orthodontic Congress, sob o tema “A arte da ortodontia”. Na véspera do congresso (dia 4), vai ter lugar um workshop intitulado “Introdução ao sistema eclips lingual”, durante o qual os participantes assistirão a uma apresentação sobre os últimos avanços nos tratamentos linguais. Este evento conta com a participação de ortodontistas e outros profissionais do setor, oriundos de países como Portugal, Alemanha, Suécia, México, EUA e Uruguai. www.gac21st.com

SPED organiza quinto congresso em setembro O auditório da Fundação de Serralves, na cidade do Porto, acolhe a quinta edição do congresso da Sociedade Portuguesa de Estética Dentária (SPED) nos dias 28 e 29 deste mês. O encontro deste ano reunirá, uma vez mais, um painel de conferencistas de renome nacional e internacional, que darão ênfase a estudos e investigações recentes, bem como às suas experiências e situações clínicas. Neste âmbito, estão já confirmadas as intervenções de Marcelo Calamita e Christian Coachman. Numa lógica de renovação e oportunidade, a organização do congresso dará lugar e voz, pela primeira vez, a novos colegas através da apresentação de pósteres científicos. www.spedportugal.com

Congresso mundial de traumatologia dentária celebra-se este mês no Rio de Janeiro A 17ª edição do congresso mundial de traumatologia dentária vai decorrer no Rio de Janeiro (Brasil), de 19 a 22 deste mês, sob a égide da Associação Internacional de Traumatologia Dentária e com a colaboração da sociedade brasileira desta especialidade (SBTD) e do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilofacial. Subordinado ao tema “Ciência e arte: expandindo os limites do conhecimento”, o encontro contará com um vasto leque de profissionais do setor, estando confirmada a presença de oradores do Brasil, EUA, Suécia, França, Noruega, Dinamarca, Reino Unido, Kuwait e Japão. www.eos2012.com

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Congressos e reuniões APMDF organiza congresso de ciências criminais A Associação Portuguesa de Medicina Dentária Forense (APMDF) organiza, no dia 22 deste mês, um congresso dedicado às ciências criminais, que terá como cenário o auditório da Biblioteca Municipal Almeida, no Porto, e conta com o apoio institucional da câmara municipal desta cidade. O programa do evento prevê a apresentação de temas como a fotografia no lugar do crime, novas modalidades de crime em tempos de crise e o suicídio nas forças de segurança. A organização destaca ainda a realização de uma mesa redonda, subordinada à temática “Combate ao exercício ilegal da Medicina Dentária em Portugal”, moderada pela jornalista Sandra Felgueiras e com a participação do bastonário Orlando Monteiro da Silva, Eurico Castro Alves e João Leite Moreira. apmdforense@gmail.com

Congresso da SPO realiza-se no Museu do Oriente O próximo congresso da Socidedade Portuguesa de Ortodontia vai ter lugar de 4 a 6 de outubro, no auditório do Museu do Oriente (Lisboa), e conta com Teresa Alonso como presidente da organização do evento. O programa deste ano, subordinado ao tema genérico “Os paradigmas em ortodontia: novos conceitos, novas técnicas”, prevê uma abordagem a questões como o diagnóstico e oclusão, a apneia do sono, a insígnia, a cirurgia ortognática e a articulação temporomandibular, entre outras. Também está prevista uma exposição de pósteres científicos e as habituais comunicações livres de vários congressistas. www.congressospo2012.com

SPPI celebra reunião anual em Coimbra A próxima reunião anual da Sociedade Portuguesa de Periodontologia e Implantes vai ter lugar no próximo mês de outubro (em data por confirmar), em Coimbra. Este encontro, que conta com Isabel Poiares Baptista como presidente da Comissão Organizadora, tem por objetivo estimular a peridontologia portuguesa, nomeadamente junto dos profissionais mais jovens. O programa terá uma componente de conferências tanto de periodontologia como de implantologia. Vai ser também possibilitada a apresentação de casos clínicos e trabalhos de investigação, de modo a partilhar experiências, estando ainda prevista a realização de workshops práticos. www.facebook.com/sppi.pt

XXXII congresso anual da SPEMD em outubro A XXXII edição do congresso da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) está agendada para os dias 12 e 13 de outubro. Lisboa é a cidade anfitriã do encontro anual da SPEMD, cujo programa irá decorrer nos auditórios do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). A nível de conferencistas internacionais, está já confirmada a presença de Roberto Spreafico (Itália), Serge Bouiallaguet (Suíça) e Paulo Coelho (EUA). As intervenções nacionais estarão a cargo de Joana Godinho, Eugénio Martins, Ana Coelho, Ana Luísa Costa, Mário Bernardo, António Mata, João Pedro Canta, João Tiago Ferreira, Carlos Falcão, José Carracho, Miguel Fraga Gomes, António José Sousa, Miguel Seruca Marques e Pedro Trancoso. www.spemd.pt

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Congressos e reuniões Lisboa acolhe este mês o congresso Osstem Meeting 2012 Lisboa vai acolher, nos dias 22 e 23 deste mês, o congresso de implantologia Osstem Meeting 2012. Depois do sucesso registado o ano passado em Cracóvia (Polónia), chegou a vez da capital portuguesa receber a segunda edição deste encontro internacional organizado pela Osstem, que conta com uma série de convidados especiais, nomeadamente, Carlos Talhas, Yong-Seok Cho, Fernando Guerra, Cesaltino Remédios, Fernando Duarte, João Pedro Almeida, Vítor Tavares, João Conceição e Paulo Magalhães. www.osstemlisbonmeeting.com

Portugal e Espanha em destaque no 88º congresso de Nova Iorque O 88º Greater New Dental Meeting (GNYDM), o maior congresso de Medicina Dentária dos Estados Unidos, que se realiza entre os dias 23 e 28 de novembro próximo, dedicará um dia inteiro à implantologia portuguesa e espanhola. Agendadas para o dia 26 de novembro, as «Jornadas internacionais de implantologia de Portugal e Espanha» contam com a participação de reconhecidos especialistas nesta área de ambos os países. O GNYDM atrai anualmente cerca de 60.000 visitantes de mais de uma centena de países, graças ao nível científico do programa do congresso e aos avanços em matéria de tecnologia dentária que se apresentam na exposição comercial. www.gnydm.com

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Novidades da indústria Novo implante AnyRidge 223 756 052 910 600 877 (Carmina Conde) geral@megagen.pt www.megagen.pt

A Megagen Portugal apresenta ao mercado nacional o implante AnyRidge, com todas as características que os profissionais do setor procuram num sistema de implantes. Com a seleção certa do implante/espiras, é possível obter uma boa estabilidade inicial, mesmo em osso Tipo 4, permitindo fazer carga mais cedo ou imediata. Desenhado para preservar o osso crestal e sem necessidade de desaperto dos parafusos, AnyRidge é um implante eficiente e pouco invasivo.

GT-Medical lança sets de osteótomos (0034) 913 806 575 gt@gt-medical.com www.gt-medical.com

A GT-Medical disponibiliza aos profissionais do setor dental uma nova série de ferramentas cirúrgicas. Trata-se dos sets de osteótomos angulados, com ponta Roma (ø2.5, ø3.0, ø3.5, ø4.0 e ø4.5), de osteótomos para elevação do seio côncavo (ø2.2, ø2.7, ø3.2, ø3.7 e ø4.2) e de expansão de osteótomos (ø2.5, ø3.0, ø3.5, ø4.0 e ø5.0). A empresa completa ainda a sua oferta com um conjunto de moedores de osso grandes e pequenos.

Sistema de obturação Gutta-Core

919 815 878 simesp@simesp.com www.simesp.com

Simesp apresenta o novo sistema de obturação Gutta-Core. Trata-se do primeiro obturador com um núcleo de gutapercha entrelaçado. Este processo científico une as cadeias de polímero, fazendo com que a gutapercha seja mais resistente, sem modificar as suas principais propriedades. O novo sistema permite uma obturação tridimensional, retratamentos simplificados e uma preparação simples para pilares.

Nova gama média de turbinas

(0034) 934 253 040 ba-e@bienair.com www.bienair.com

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A Bien Air está empenhada no processo de renovação da sua gama média de turbinas. Até ao final do corrente ano, os clientes da empresa poderão adquirir os novos modelos. A Bien Air desenvolve equipamentos de alta precisão, a fim de dar resposta às diversas necessidades dos médicos dentistas. Entretanto, os profissionais do setor têm ao seu dispor as atuais turbinas, através dos habituais distribuidores, com condições especiais.


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Novidades da indústria Set Expansor Ósseo (0034) 913 806 575 gt@gt-medical.com www.gt-medical.com

A GT-Medical tem à disposição do mercado dentário novos produtos com o fim de contribuir para uma cirurgia que corrija e trate os defeitos ósseos alveolares ou zonas onde não há suficiente osso. Entre as novidades da empresa, destaca-se o Set Expansor Ósseo, com pontas de distintos diâmetros (ø2.6, ø3.0, ø3.4, ø3.8 e ø4.3), adaptador de contra-ângulo e matraca, manga manual para matraca quadrada, fresa piloto, discos de corte de distintos comprimentos (1 mm e 2 mm) e diâmetros (ø0.8 e ø1.0), espalhador, chave de espalhador e transportador de osso.

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Página empresarial Casa Schmidt Portugal realiza open day A Casa Schmidt Portugal realizou, nos passados dias 20 e 21 de julho, um open day na sucursal de Lisboa. Esta iniciativa ofereceu a todos os clientes da empresa a possibilidade de ter acesso a promoções exclusivas, bem como de conhecer as novidades de radiologia, cadeiras e outros equipamentos. Os dois dias de promoções exclusivas foram também uma forma de agradecer aos clientes que têm acompanhado a Casa Schmidt nos últimos 20 anos e ajudaram a empresa a crescer no mercado nacional. Jornadas dedicadas ao público decorreram na sucursal de Lisboa.

800 201 192 (linha verde) ana.vieira@casa-schmidt.es

Goldentav lança-se no mercado espanhol Após uma longa e experiente presença no mercado dentário português, a Goldentav decidiu investir no país vizinho para servir os profissionais espanhóis com produtos de qualidade e competitivos, através de uma rede de distribuição e de instalação de equipamentos dentários. A empresa portuguesa, com sede em Rio Tinto (Porto), está empenhada em garantir um bom serviço e alto desempenho. Entre os produtos que a Goldentav tem à disposição do mercado espanhol, destacam-se as suas unidades dentárias. www.goldentav.com

Bien Air homenajeia os seus quadros mais veteranos A direção da Bien Air Suíça assinalou em Barcelona, no passado mês de julho, os 25 anos de serviço de alguns empregados da equipa da casa matriz, como agradecimento à sua fidelidade e compromisso com a empresa. A filial espanhola acolheu a visita de 13 quadros veteranos da Bien Air, que participaram num circuito para disfrutar dos principais marcos turísticos de Barcelona. A homenagem incluiu ainda um jantar-espetáculo na estância balnear de Mar Bella, nas imediações da capital da Catalunha. Homenajeados visitaram filial de Barcelona.

(0034) 934 253 040 • www.bienair.com

GT-Medical estreia secção na internet Com o fim de facilitar informação aos seus clientes e a todos os interessados nos seus produtos, a GT-Medical disponibiliza na sua página eletrónica, já a partir deste mês, uma secção específica para downloads. Este novo serviço permite visualizar informação relativa a implantes (nomeadamente, sobre o sistema Best-Fit), cirurgia estética, produtos para regeneração (membranas de colagéneo, osso desmineralizado e Paskal Kit), bem como informação relativa a Cad-Cam (Scan-Fit, o novo scanner com o programa Exocad), as máquinas fresadoras Pro-Fit 800 e Prof-Fit 200, e consumíveis, além de uma zona específica para próteses (sistema protésico por conexão, barras, Kiero Plast, Dental For, entre outros produtos). (0034) 913 806 575 • www.gt-medical.com

Nasce a Dentsply Implants Desde o início de julho que as empresas Dentsply Friadent e Astra Tech Dental se uniram, formando a Dentsply Implants. Sob a direção de Francisco Grau, a nova marca oferece uma vasta gama de soluções diferenciadas: Astra Tech Implant System, Ankylos e XiVE, tecnologias digitais, bem como os pilares Atlantis, produtos de regeneração óssea e ainda programas de desenvolvimento profissional. Dentsply Implants assume o compromisso de criar valor acrescentado aos profissionais do setor e assegurar uma melhor qualidade de vida aos seus pacientes. (0034) 932 643 560 • www.dentsplyimplants.com.pt

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Página empresarial Ravagnani Dental obtém estatuto de PME Líder O IAPMEI atribuiu à empresa Ravagnani Dental o estatuto de PME Líder em 2012. Este reconhecimento foi alcançado através de uma gestão criteriosa por parte da empresa ao longo dos anos, num ano de dificuldades em todos os setores comerciais. A equipa da Ravagnani Dental manifesta o seu orgulho e também o seu redobrado sentido de responsabilidade face ao novo estatuto da empresa, sublinhando a sua intenção de manter um lugar cimeiro no setor da comercialização e assistência de equipamentos dentários. 229 741 102 • www.ravagnanidental-portugal.com

Douromed lança desafio aos estudantes da FMDUP

Douromed divulgou novos compósitos na FMDUP.

A Douromed, representante exclusiva em Portugal da SDI, organizou, no passado mês de junho, o evento SDI - Douromed Challenge, com o objetivo de dar a experimentar os materiais desta marca australiana de compósitos aos futuros médicos dentistas. Cerca de 80 alunos finalistas da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto (FMDUP) aderiram a este desafio, que passou pela elaboração da melhor restauração em dentes anteriores fazendo uso do compósito ICE da SDI. Todos os participantes ganharam um cheque-vale de 500 ? em equipamentos Swident e a vencedora, Teresa Vieira, arrecadou o mesmo valor em numerário (prémio pela melhor restauração). 224 152 279/80 • www.douromed.com

Casa Schmidt reforça serviço de pós-venda A Casa Schmidt Portugal, numa ação contínua de aposta na assistência técnica, tem vindo a reforçar o seu serviço de pós-venda, com a colaboração de experientes técnicos nas zonas centro/norte (João Rodrigues) e sul do país (Alfredo Cascais). Estes técnicos aliam vários anos de experiência a uma formação contínua que é realizada pelos principais fabricantes de equipamentos representados pela Casa Schmidt Portugal, assim como uma vasta vivência neste ramo profissional. 800 201 192 (linha verde) cspsat@casa-schmidt.es

Bien Air participa no congresso de implantologia ITI

Demonstração no stand da Bien Air.

O Palácio de Congressos de Santiago de Compostela (Espanha) foi o cenário da última edição do congresso de implantologia ITI (International Team for Implantology). A Bien Air participou no evento com um stand, onde esteve em destaque o motor de implantes iChiropro, que funciona com o tablet iPad. Através da aplicação gratuita disponível em App Store, já é possível fazer o download da atualização do novo torque máximo de 70 Ncm. A Bien Air agradece a todos os visitantes o interesse demonstrado nas novidades da marca. (0034) 934 253 040 • www.bienair.com

GT-Medical distribui compósito universal Kiero Plast A mais recente aquisição da GT-Medical para efeitos de distribuição é o compósito universal Kiero Plast, com forma de pasta, totalmente calcinável (incluindo capas grossas). Trata-se de um material ideal para uma adequada modelação de estruturas para implantologia, cerâmica pura (pantógrafos e sistema Cad-Cam), transferência e controlo de mordida, prótese combinada ou qualquer tipo de ferulização. (0034) 913 806 575 • www.gt-medical.com

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Ignacio Izquierdo Fotógrafo e autor do blog Crónica de uma câmara (http://www.ignacioizquierdo.com/)

Os segredos da Ilha da Páscoa A MAXILLARIS apresenta nestas páginas a nova secção “Retratos de um viajante”. Através dela, se publicarão as experiências de um fotógrafo madrileno que um belo dia de 2007 decidiu empreender uma viagem singular: dar a volta ao mundo sem pressas nem malas. Sozinho, ainda que sempre unido à sua máquina fotográfica, dedicou três anos aos lugares mais recônditos deste planeta e partilhou as suas vivências no blog “Crónica de uma câmara”. Nesta secção, o leitor não encontrará grandes resorts nem as concorridas rotas turísticas que se podem encontrar em qualquer guia de viagens; em seu lugar, oferecemos o olhar particular de um jovem que um dia decidiu desviar-se do seu caminho para ver o que existe noutros cantos do mundo.

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Ilha da Páscoa

A Ilha da Páscoa permite contemplar Moais de grande envergadura.

Desde o topo da colina Maunga Pu A Katiki podia apreciar-se quase a totalidade da ilha. Comparada com a imensidão do selvagem Pacífico que a rodeava, a Ilha da Páscoa, a mais remota das ilhas chilenas, via-se diminuta. Encontrava-me alheado de tudo, a meio do mais absoluto nada e diante de mim apresentava-se uma superfície árida, quase desértica e cheia de cicatrizes. Uma história de morte. Não foi sempre assim. A Ilha da Páscoa foi, como tantas outras do Pacífico, um jardim. A vegetação cobria a sua extensão e nas suas escarpas vivia uma das maiores colónias de aves do mundo. Era, em definitivo,

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um pequeno paraíso, mas não sobreviveu para o contar. Sucumbiu às mãos dos primeiros conquistadores: os Rapa Nui. Quando começaram a chegar os primeiros europeus, no longínquo século XVI, encontraram 2.000 habitantes que vivam ao ar livre. Subsistiam graças aos seus cultivos numa ilha sem vegetação nenhuma, partilhando o território com centenas de enormes e misteriosos homens de pedra. Que teria sucedido? Como é que o paraíso se teria convertido num deserto? A especulação sobre o que ocurreu é realmente diversa, já que pouco, muito pouco, se sabe sobre o

sucedido. Sabe-se que, no momento de máxima prosperidade, a ilha albergava cerca de 20.000 habitantes, que acabaram envolvidos, uns com os outros, numa espiral de guerras que os levou quase à extinção, enquanto esgotavam os recursos. Em nada ajudou – há que dizê-lo – a construção dos gigantescos homens de pedra: os imensos Moais. Esculpidas nas imediações do vulcão Rano Raraku, as mastodônticas esculturas eram transferidas através de troncos pela ilha. Foi isto que causou a desflorestação? Em parte, sim; mas se isso fosse correto, diria muito pouco dos Rapa Nui. Não se deram conta de que restavam poucas árvores? Não


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O significado dos Moais continua a ser um mistério.

As estátuas são a principal atração da ilha.

As mastodônticas esculturas eram transferidas através de troncos pelas ilhas.

se aperceberam de que a desflorestação total era iminente? Há uma nova teoria muito interessante que se baseia em que, logicamente, os Rapa Nui não chegaram sós. Outros seres vivos também povoaram a ilha, entre eles os roedores. É muito provável que a desflorestação não chegara ao seu fim quando se talhou a última árvore, mas antes quando um dos ratos devorou a última das sementes. Nessa altura, era demasiado tarde. Sem árvores, incapazes sequer de construir embarcações para fugir dali, os Rapa Nui ficaram presos na prisão que eles próprios tinham construído. Cratera vulcânico de Rano Kau.

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Conquistados

Povoação ritual de Orongo.

Os mais bravos guerreiros das tribos enfrentavam-se num curioso ritual: o primeiro que conseguisse voltar de Motu Nui com um dos ovos recém postos seria um Deus, convertiria-se em homem-pássaro

Pequeno ilhéu de Motu Nui.

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A chegada dos europeus não fez mais do que piorar as coisas. “Como dizem? Há duas mil pessoas numa ilha sem possibilidade de fugir? Isso é uma fábrica de escravos que nos vai dar muito jeito para os nossos trabalhos de remodelação da América do Sul!”, terão pensado os novos conquistadores. Mais tarde, os que sobreviveram à escravatura acabaram por ser devolvidos, mas muitos regressaram à ilha portadores de novas doenças, tais como a varíola e a tuberculose. Em 1877 só restavam 110 Rapa Nui. Pelo caminho, tinha morrido toda a classe sacerdotal, a única que podía ler rongo-rongo, a sua escrita. Os mistérios ficavam por resolver. São muitos os que hoje em dia visitam a Ilha da Páscoa atraídos, precisamente, pela sua aura de mistério. Não deixa de ser impressionante, mas são muitas as incógnitas que a tornam realmente interessante. Como tentar encaixar as peças de um puzzle, quando é sabido que se perdeu metade dele? Que foi exatamente o que sucedeu? Como eram realmente transportados os Moais? Qual o seu significado? Como eram colocados de pé? Como eram colocados em algumas destas esculturas os pukaos (chapéus) de dez toneladas de peso, procedentes da rocha vulcânica de outras pedreiras? Eram derrubados nas suas guerras ou pelos missionários que chegaram no século XIX? Quem eram os Rapa Nui? De onde vinham: do Oeste, da Polinésia, do Leste ou da América do Sul? A coisa complica-se. Porque motivo restam tantos Moais – quase 400 – na pedreira? Quem os construiu e por que não foram movidos? Aliás, há alguns semi-


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esculpidos nas rochas. Porque não foram terminados? Consta que as construções pararam de repente, como se os artesãos tivessem abandonado o trabalho de um dia para o outro. Porquê? Rematemos o nosso olhar sobre a história com Tangata Manu, o homem-pássaro. Olhando o mar, do cimo das lombadas da gigantesca cratera vulcânica de Rano Kau, vê-se uma pequena povoação ritual de pedra. Situa-se em frente de Motu Nui, um pequeno ilhéu onde todos os anos as gaivotas faziam os seus ninhos. Os guerreiros mais bravos das tribos enfrentavam-se num curioso ritual: o Uma das imagens de marca da emblemática ilha prende-se com a sua extraordinária beleza natural.

São muitos os que visitam a Ilha da Páscoa atraídos pela sua aura de mistério.

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Podemos ficar horas a observar os Moais, tentando adivinhar o que teriam visto dos seus altares de pedra.

primeiro que conseguisse regressar de Motu Nui com um ovo recém posto seria um Deus, convertiria-se em homem-pássaro. Assim rezam os desenhos esculpidos em pedra que adornam a povoação. Mas onde terá surgido essa tradição? Seja como for, desapareceu com os missionários, para cair, uma vez mais, no baú de adivinhas desta ilha.

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Apesar de desolada, com apenas uma pequena cidade que vive do turismo, a Ilha da Páscoa é extremamente bela. Quiçá sejam as ondas que brutal e continuamente arranham toda a costa ou quiçá seja o contraste das fendas e a rocha vulcânica com o azul do céu e o mar. Podemos ficar horas a observar os Moais, tentando adivinhar o que teriam visto dos seus

altares de pedra. Na minha viagem, a Ilha da Páscoa foi especial; quiçá porque foi a primeira vez que ouvi castelhano pelas ruas, entre a gente local, ou porque voltei a ter uma moto para dar voltas e voltas, chegar a ver o amanhecer e o entardecer com a luz em silhueta sobre a paisagem. De alguma maneira inexplicável, na Ilha da Páscoa respira-se algo singular.


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Nasce o Museu dos Aromas Recentemente foi inaugurado em Santa Cruz de la Salceda (Burgos), a 14 kms de Aranda de Duero, o Museu dos Aromas, primeiro e único museu existente em Espanha e na Europa que desenvolve, de maneira integral, o universo dos aromas. Um centro que une uma parte lúdica dedicada ao reconhecimento e à análise de diferentes aromas e outra centrada na investigação sobre o olfato; tão esquecido nos nossos dias e tão importante para os seres humanos. No “Museu dos Aromas” coexistem os aromas da recordação, os que curam, os que adoecem, os de perigo, os do vinho, os dos citrinos, os de cafés, os de azeites, a aromoterapia, os perfumes, etc. Desenhado como uma casa com as suas distintas divisões – e explicado em braille para invisuais –, em cada uma delas propõe-se ao público comprovar a sua destreza no reconhecimento dos distintos aromas e o conhecimento da sua origem desde a antiguidade até ao presente. Informação:

Concha Vargas Diretora do Museu dos Aromas www.museodelosaromas.com

Os aromas da natureza.

A fisiologia do olfato.

Além do singular percurso por este museu único… a região tem muitos outros atrativos quer em relação à natureza como à boa mesa. Na Pousada de Las Baronas, a escassos metros do Museu dos Aromas, é possível degustar o famoso borrego assado da zona e provar excelentes vinhos da Ribera del Duero. E para o viaVinho recomendado: jante que prefira aproveitar a excursão e passar a noite, a Pousada conta com um reduzido número de quartos muito acolhedores.

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Informação:

(0034) 947 55 74 40 info@lasbaronas.com www.lasbaronas.es


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