NOVEMBREO - DEZEMBRO 2011 - Revista MAXILLARIS

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www.maxillaris.com.pt

Ciência e atualidade do setor dentário • ano VII • no 37 • novembro-dezembro 2011

Congresso da OMD • Informações gerais • Lista de expositores • Mapa da Expo-Dentária

Crónica de novembro • Federação Dentária Internacional inicia novo ciclo sob presidência portuguesa

Falamos com... • Francisco Rodríguez Lozano, vice-presidente do Conselho Europeu de Dentistas

Secções científicas: • • • •

Novembro-dezembro 11

Ciência e prática Cadernos formativos Fichas clínicas odontológicas Imagens da medicina oral

Visite a M A X I L L A R I S na Expo-Dentária Stand 107-108


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MAXILLARIS Atualidade científica, profissional e industrial do setor dentário. Ano VII, nº 37, novembro-dezembro 11

Índice de anunciantes Acteon Ibérica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1

Ivoclar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1

Avinent . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 e 8 4

Laboratórios Inibsa. . . . . . . . . . . 2 9 e 4 3

Bien-Air . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 9 e 6 6 BTI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 7

Ledosa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 e 5 4 Nobel Biocare . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 5 OMD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 e 9

Congresso Nacional Estudantes . . . . . 7 1 Osstem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 5 Dürr Dental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 Simesp. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 5 Eckermann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 3 Expodental - Madrid 2012. . . . . . . . . . 6 9

Sinusmax. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 4 e 2 5 TP Ortodontics . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 5

Fedesa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1

Úbeda Dental Estudio . . . . . . . . . . . . . 7 3

Instituto Casan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 3

Zhermack . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 9

Encartes: Proprietário: Cyan Editores, S.L. Editores: - Marisol Martín. marisol.martin@maxillaris.com - José Antonio Moyano. moyano@maxillaris.com Diretor: Miguel Ángel Cañizares. canizares@maxillaris.com Subdiretor: Julián Delgado. julian.delgado@maxillaris.com Redação: Sandra Ramos. redaccion@maxillaris.com

• Carestream Health

Coordenador Edição Portuguesa: João de Matos Drago. portugal@maxillaris.com Publicidade Portugal: comercialportugal@maxillaris.com Chefe Divisão Multimédia Roberto San Miguel. webmaster@maxillaris.com Diretora comercial: Verónica Chichón. publicidad@maxillaris.com Chefe Departamento Gráfico: M. Ángeles Barrero. maquetacion@maxillaris.com

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outras publicações sem a autorização expressa e por escrito de CYAN EDITORES, S.L.

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Sumário

Novembro-dezembro 2011

Congresso da OMD

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Informações gerais, lista de expositores e mapa da Expo-Dentária.

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Crónica de novembro

Federação Dentária Internacional inicia novo ciclo sob orientação portuguesa. Portugueses só vão ao dentista quando têm dores de dentes.

Óbito

Afonso Pinhão Ferreira, diretor da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, assina artigo em memória do Professor Doutor Fernando Peres, fundador da Medicina Dentária portuguesa.

Falamos com...

Francisco Rodríguez Lozano, vice-presidente do Conselho Europeu de Dentistas: “Dentro da União Europeia está proibida a ideia de harmonização”.

Ciência e prática

Helena Rodrigues: “Infeção cérvico-facial em contexto hospitalar”.

36 46 50 55 58 60 62 67 70 73 75 76

Armando Lopes: “Reabilitação da mandíbula edêntula por intermédio de quatro implantes em função imediata com tecnologia 3D”.

Cadernos formativos

Ricardo Vicente: “Tratamento endodôntico não cirúrgico de lesões periodontais”.

Fichas clínicas odontológicas

Javier García Fernández: “RTG no tratamento da recessão gengival (membrana reabsorvível)”.

Imagens da medicina oral

Germán Esparza Gómez: “Caso clínico VIII”.

Documentário

Dentista do Bem espalha sorrisos solidários em tempo de crise.

O meu sorriso

Zé Manel, cantor: “Um sorriso nunca me deixa indiferente”.

Calendário de cursos

Agenda de cursos para os profissionais.

Congressos e reuniões

Calendário de congressos, simpósios, reuniões, encontros e exposições industriais nacionais e estrangeiras.

Novidades da indústria Produtos e equipamentos.

Página empresarial Notícias de empresas.

Breves

Oferta e pedidos de emprego, produtos e imóveis.

Cidades património da humanidade Salamanca: cidade do conhecimento.

Comissão Científica Diretor científico: Javier García Fernández PORTUGAL: Ana Cristina Mano Azul, Carlos Falcão, Gil Alcoforado, Jaime Guimarães, José Pedro Figueiredo, Manuel Neves, Ricardo Faria e Almeida, Susana Noronha. ESPANHA: Armando Badet de Mena, Blas Noguerol Rodríguez, Emilio Serena Rincón, Germán Esparza Gómez, Héctor Tafalla Pastor, Jaime Jiménez García, Jaume Janer Suñé, Luis Calatrava Larragán, Manuel Cueto Suárez, Rafael Martín-Granizo López, Javier Sanz Serrulla, Juan López Palafox, Ramón Palomero Rodríguez.

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Congresso da OMD XX Congresso Anual da OMD realiza-se este mês em Lisboa

Desafios da classe dominam programa O vigésimo encontro anual da classe dos médicos dentistas realiza-se, este mês, no Centro de Congressos de Lisboa. O programa concentra-se nas questões sócio-profissionais e volta a pautar-se pela elevada qualidade científica. O bem sucedido Fórum Ibérico, que se estreou em 2010, juntará de novo oradores portugueses e espanhóis numa jornada dedicada a casos clínicos complexos. A Expo-Dentária reforça a sua área de exposição – com dois novos pavilhões – para acolher mais de uma centena de expositores nacionais e estrangeiros.

O

XX Congresso Anual da Ordem dos Médicos Dentistas vai decorrer, entre 10 e 12 deste mês, no Centro de Congressos de Lisboa, sob o signo da qualidade e do crescimento. A qualidade é assegurada ao nível do programa científico, que contará de novo com a participação de conferencistas de renome internacional, bem como de oradores nacionais cuja qualidade se equipara aos convidados estrangeiros. O crescimento está particularmente associado à Expo-Dentária, onde se esperam mais expositores e a introdução de dois novos pavilhões (num total de quatro). De acordo com a Comissão Organizadora do congresso deste ano – presidida por Eunice Carrilho, médica dentista e professora auxiliar do curso de Medicina Dentária na Universidade de Coimbra –, os tempos que se avizinham são de dificuldades para a classe dos médicos dentistas, que se confronta frequentemente com problemas e inovações que apanham desprevenidos mesmo os profissionais mais previdentes. Por este motivo, a direção da OMD decidiu atribuir especial importância aos temas sócio-profissionais, que serão abordados nos três dias do congresso. Neste contexto, o excesso na proliferação de faculdades do setor que conduziu ao atual número de profissionais (superior a sete mil) e a consequente falta de

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Expo-Dentária apostará, pela segunda vez, no Speakers Corner, um espaço destinado a pequenas conferências ou cursos, aberto a todos os visitantes.


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Congresso da OMD oportunidades de trabalho para os médicos dentistas mais novos, prometem dominar o debate. No que respeita às especialidades que figuram no programa científico, a organização procurou, de novo, ser o mais abrangente possível. Assim, serão abordados temas como a implantologia, a dentistería estética, a periodontologia, a prótese fixa, a medicina dentária preventiva, a cariologia, a endodontia, a terapêutica, a odontopediatria e a ortodontia. O programa inclui um curso para assistentes dentários e introduz um fórum multidisciplinar de controvérsias. Outra novidade é a realização de um curso de Medicina Baseada na Evidência. Face ao sucesso (de participação) registado pelo Fórum Ibérico, que se estreou em 2010, a OMD decidiu manter a sua realização com o intuito de estreitar ainda mais os laços com as sociedades profissionais espanholas. Trata-se de um espaço de discussão de casos clínicos complexos, sob uma perspetiva multidisciplinar, com a participação de especialistas portugueses e espanhóis de grande qualidade científica. Agendada para o próximo dia 12, a segunda edição do Fórum Ibérico contará com as intervenções de quatro representantes portugueses – Maria João Ponces, Marco Infante Câmara, Paulo Mascarenhas, Pedro Couto Vianna – e três do país vizinho: Antonio Liñares, Elena Sánchez e Juan Carlos Pérez Varela, em representação das sociedades espanholas de Periodontia e Osteointegração (SEPA), Cirurgia Oral (SECIB), e Ortodontia (SEDO), respetivamente. À margem da sessão ibérica, o programa científico conta com as intervenções de cerca de seis dezenas de conferencistas nacionais e 25 estrangeiros, incluindo nomes sonantes da classe dentária internacional como Otto Zuhr, Lorenzo Vanini, Edson Araújo, Jan Lindhe, Peter Wohrle, Jane Forrest, Syrenne Millar, Dennis McTigue, Jorge Faber, Michael Glick e Dolores Andújar, entre outros. O congresso de 2011 assume especial destaque, tendo em vista que decorre sob o mandato de Orlando Monteiro da Silva (bastonário da OMD) como presidente da Federação Dentária Internacional (FDI). Este facto é encarado como uma oportunidade para projetar não apenas o encontro anual dos

dentistas portugueses como a medicina dentária portuguesa em geral. “A FDI é uma voz global da saúde oral e essa voz é agora a do nosso bastonário”, constatou (em recente entrevista à MAXILLARIS) Eunice Carrilho, para quem esta realidade “é da maior importância”, sabendo que os seus parceiros de trabalho são estruturas de referência como a Organização Mundial de Saúde e a Organização das Nações Unidas.

Expo-Dentária reforça área de exposição O crescente interesse das empresas do setor em marcar presença no encontro anual dos médicos dentistas levou a organização a introduzir dois novos pavilhões (3 e 4) na Expo-Dentária, que reforça, assim, a área de exposição (num total de 7.800 m2) comparativamente aos últimos congressos celebrados em Lisboa, de modo a poder acolher mais de uma centena de expositores nacionais e estrangeiros, distribuidos por 353 stands. De acordo com a organização, a exposição encontra-se, de resto, com lotação esgotada e com todos os espaços vendidos. A aposta da OMD no mercado espanhol e brasileiro começa a gerar bons resultados, tendo em vista as previsões no sentido de “uma grande participação destes países na área comercial”. O reforço da internacionalização do certame é fruto de contactos desenvolvidos no âmbito da presença da OMD no Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo (Brasil) no International Dental Show (Colónia, Alemanha) e no Congresso Internacional de Odontología do Rio de Janeiro (Brasil). Por outro lado, e pelo segundo ano consecutivo, a tradicional exposição da indústria dentária apostará no Speakers Corner, um espaço destinado a dar voz a pequenas conferências ou a cursos de índole científica ou comercial, aberto a todos os visitantes. Em suma, a Comissão Organizadora conclui que a Expo-Dentária “tem crescido, tem-se internacionalizado e é hoje o maior evento nacional desta natureza”.

M AXILLARIS v o l t a a p a t r o c i n a r F ó r u m I b é r i c o A MAXILLARIS participa pelo sexto ano consecutivo no congresso anual da Ordem dos Médicos Dentistas. Além da habitual presença na Expo-Dentária (pavilhão 2; stand 107/108), esta publicação volta a patrocinar o Fórum Ibérico que se estreou em 2010, ao abrigo do programa científico e cuja segunda edição vai decorrer na derradeira jornada (dia 12) do congresso, com a participação de sete renomados profissionais de medicina dentária nacionais e espanhóis. No âmbito da Expo-Dentária, e à semelhança das edições anteriores do certame, a MAXILLARIS distribuirá, gratuitamente, exemplares da revista a todos os interessados. Os visitantes poderão adquirir também – beneficiando de uma promoção especial de descontos – os três DVD’s que temos editados sobre Periodontia, Implantologia (de Javier García Fernández) e Cirurgia Oral (de Jaime Baladrón Romero).

MAXILLARIS ocupa este ano o stand 107/108 da Expo-Dentária.

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Congresso da OMD EXPOSITORES

STAND EXPOSITORES

3 M P o r t u g a l . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 0 9 , 1 1 0 , 1 1 1 , 1 1 2 A C E . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 7 , 5 8 , 5 9 , 6 0 A m b i m e d . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 5 4 A P C D . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 1 0 A P E X. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 0 0 , 2 0 1 , 2 0 2 , 2 0 3 A s t r a T e c h . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 1 7 , 1 1 8 , 1 1 9 , 1 2 0 A t r a l C i p a n . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 0 5 , 3 0 7 A v i n e n t . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 4 7 , 2 4 8 A X A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 1 , 3 2 B a t a d e c . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . 1 4 7 , 1 4 8 , 1 4 9 , 1 5 0 , 1 5 1 , 152, 153, 154, 155, 156 B e n e F a r m a c ê u t i c a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 6 4 B i a l . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 2 9 , 3 3 4 B i o t e c h . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 2 1 , 3 2 2 B i o m e t 3 i . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 , 1 0 , 1 1 B T I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9 1 , 9 2 , 9 3 , 9 4 C a i x a G e r a l d e D e p ó s i t o s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 5 0 , 2 5 2 C a m l o g. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 5 5 , 2 5 6 C a r e d e n t . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 0 6 C e n t r o d e P ó s G r a d u a ç ã o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 0 0 C l a s s u m D e n t a l v i s i o n . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 7 5 , 2 7 6 , 2 7 7 , 2 7 8 C l i p h a r m a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 2 1 , 1 2 2 , 1 2 3 , 1 2 4 , 125, 126, 127, 128 C l i v e s t e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 C o l t è n e / W h a l e d e n t . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 9 1 , 2 9 2 , 2 9 3 , 2 9 4 C S M I m p l a n t . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 4 9 , 2 5 1 , 2 5 3 D e n t a l E x p r e s s. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 9 5 , 1 9 6 D e n t a l e a d e r . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 6 9 , 1 7 0 , 1 7 1 , 1 7 2 , 173, 174, 175, 176 D e n t a l P r o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 2 7 , 3 2 8 D e n t i n a . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 1 , 8 2 , 8 3 , 8 4 , 8 5 , 8 6 , 8 7 , 8 8 D i o I m p l a n t s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 7 , 3 8 , 3 9 , 4 0 , 4 1 D I & B . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 0 4 , 2 1 7 , 2 1 8 D i s t r i f a r m a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 5 7 , 2 5 8 D M T G P o r t u g a l . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 8 9 D o u r o m e d . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .4 3 , 4 4 , 4 6 , 4 7 , 4 8 , 4 9 , 50, 51, 52, 53, 54 E d i t o r a D e n t a l P r e s s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 1 5 , 1 1 6 E u r o c o n e x ã o . . . . . . . . . . . . . . . .2 8 , 2 9 , 1 7 7 , 1 7 8 , 1 7 9 , 1 8 0 , 181, 182, 183, 184, 185, 186 G C I b é r i c a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 6 5 G e s t r a t o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 9 7 , 1 9 8 , 1 9 9 G o l d e n t a v. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 , 4 , 5 , 6 , 7 , 8 G r u p o M ó d u l o G e o m é t r i c o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 1 7 G r u p o T a p e r . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 H e n r y S c h e i n . . . . . . . . . . . .2 3 1 , 2 3 2 , 2 3 3 , 2 3 4 , 2 3 5 , 2 3 6 H i p e r d e n t . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 3 9 , 1 4 0 , 1 4 1 , 1 4 2 , 143, 144, 145, 146

H i p e r m e d . . . . . . . . . . . . . . . .2 2 5 , 2 2 6 , 2 2 7 , 2 2 8 , 2 2 9 , 2 3 0 I D T . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 6 7 I m a g i n a S o f t . . . . . . . . . . . . . .2 6 9 , 2 7 0 , 2 7 1 , 2 7 2 , 2 7 3 , 2 7 4 I S D I N . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .5 5 , 5 6 J a b a R e c o r d a t i . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 3 , 2 4 , 2 5 J a d a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 6 2 K l o c k n e r . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 3 , 3 4 , 3 5 , 3 6 K o d a k D e n t a l S y s t e m s . . . . . . . . . . . . . . . .2 4 3 , 2 4 4 , 2 4 5 , 2 4 6 K o i n e I b é r i c a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 9 9 L a b o r a t ó r i o A b b o t t . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 6 3 , 1 6 4 L a b o r a t ó r i o s I n i b s a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 0 5 , 2 0 6 , 2 0 7 , 2 0 8 L a b o r a t ó r i o s K i n . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 1 1 L a b o r a t ó r i o s N o r m o n . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 6 , 2 7 L a b o r a t ó r i o s V i t o r i a . . . .2 1 9 , 2 2 0 , 2 2 1 , 2 2 2 , 2 2 3 , 2 2 4 L i s t e r i n e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 0 8 L u s o d o n t o . . . . . . . . . . . . . .2 3 7 , 2 3 8 , 2 3 9 , 2 4 0 , 2 4 1 , 2 4 2 M a c h a d o , M a l c h e r . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 8 5 , 2 8 7 M A X I L L A R I S . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 0 7 , 1 0 8 M e g a p a r c . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 0 1 , 3 0 2 M i c r o d e n t . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 0 , 2 0 9 , 2 1 0 M o n t e l l a n o . . . . . . . . . . . . . . . .9 5 , 9 6 , 9 7 , 9 8 , 9 9 , 1 0 0 , 1 0 1 ........................... 102, 103, 104, 105, 106 N e o d e n t . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 0 3 , 3 0 4 N o b e l B i o c a r e . . . . . . . . . .6 1 , 6 2 , 6 3 , 6 4 , 6 5 , 6 6 , 6 7 , 6 8 N o b i . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 9 0 N S K - N a k a n i s h D e n t a l S p a i n . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 9 , 2 0 O r t h o s m i l e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 1 3 , 1 1 4 , 1 6 1 , 1 6 2 O s s t e m I m p l a n t . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7 5 , 7 6 , 7 7 , 7 8 , 7 9 , 8 0 P h i b o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 5 7 , 1 5 8 , 1 5 9 , 1 6 0 P i e r r e F a b r e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .6 9 , 7 0 , 7 1 , 7 2 , 7 3 , 7 4 P l e a s u r e s m i l e. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 6 8 P l u r i r a d . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 9 3 , 1 9 4 P r o t ó t i p o P a d r ã o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 6 0 , 2 6 1 R a v a g n a n i D e n t a l . . . . . . . . .2 1 , 2 2 , 1 2 9 , 1 3 0 , 1 3 1 , 1 3 2 , 1 3 3 , 1 3 4 , 1 3 5. 1 3 6 , 1 3 7 , 1 3 8 R u k a t e c h - D e n t a l . . . . . . . . . . . . . .1 2 , 1 3 , 1 4 , 1 5 , 1 6 , 1 7 , 1 8 S a ú d e O r a l . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 9 5 , 2 9 7 S a m e D a y S o l u t i o n s . . . .2 1 1 , 2 1 2 , 2 1 3 , 2 1 4 , 2 1 5 , 2 1 6 S i g n o V i n c e s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 6 3 S i m e x. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 5 9 S i n u s m a x . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 8 8 , 1 8 9 , 1 9 0 S t r a u m a n n . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1 6 5 , 1 6 6 , 1 6 7 , 1 6 8 T e p e - E m i t e c o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 1 2 V o c o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 7 9 , 2 8 0 , 2 8 1 , 2 8 2 , 2 8 3 , 2 8 4 W & H I b é r i c a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .8 9 , 9 0 W e a l c l i n i c M e d i c i n a E s t é t i c a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .2 6 6 Z a m b o n - P r o d u t o s F a r m a c ê u t i c o s . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 3 1 5 , 3 1 6 Z i m m e r D e n t a l. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .3 1 3 , 3 1 4

A lista de expositores e a numeração de stands foram facilitados pela organização da Expo-Dentária em 19/10/11.

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Crónica de novembro FDI inicia novo ciclo sob orientação portuguesa

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último encontro anual da Federação Dentária Internacional (FDI) reuniu na Cidade do México, entre os dias 14 e 17 de setembro passado, mais de 40 mil médicos dentistas e especialistas de setor dentário de todo o mundo. O amplo Centro Banamex da capital mexicana (com 20 mil metros quadrados de área) foi o cenário do programa científico do 99º congresso da FDI e da tradicional exposição mundial da indústria, que contou mais de 200 expositores internacionais. Durante três dias, cerca de uma centena de especialistas de renome mundial apresentaram os últimos progressos e técnicas O presidente cessante da FDI, Roberto Vianna (à esquerda), e o seu sucessor, em diferentes campos da medicina dentária. “Os novos Orlando Monteiro da Silva, durante a cerimónia de tomada de posse. paradigmas do tratamento da cárie” (John Featherstone, Estados Unidos) e “Inovações na terapia periodontal não cirúrgica” (Eduardo Saba-Chujfi, Brasil) são alguns exemplos dos temas abordados ao abrigo do programa científico. O recente congresso assinalou, por outro lado, o início de um novo ciclo na organização, já que Orlando Monteiro da Silva assumiu oficialmente na capital mexicana a presidência da FDI, substituindo no cargo o brasileiro Roberto Vianna. Aos 48 anos, o actual bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas é o primeiro português a dirigir (durante o triénio 2011/2013) a principal organização mundial do setor dentário, que representa mais de um milhão de dentistas. Para Monteiro da Silva, “ocupar este cargo significa a afirmação da medicina Momento de animação do último congresso da FDI, que reuniu dentária portuguesa e dos seus profissionais ao nível global. Neste meu mandato, na capital mexicana mais de 40 mil médicos dentistas e especialistas do setor dentário. todos os esforços serão feitos para posicionar a medicina dentária como ator central e incontestado no centro das discussões médicas”. O bastonário dos médicos dentistas portugueses completa assim um percurso vasto de participação ativa em várias organizações e fóruns internacionais, tendo em vista que ocupou já um lugar na direção executiva da FDI, mandato marcado pela promoção das adesões de Angola, Guiné-Bissau e Timor-Leste à Federação e pela criação da Associação Dentária Lusófona. “Como primeiro presidente português, empenhar-me-ei na integração de milhões de habitantes dos países de língua portuguesa espalhados pelo mundo, no trabalho da FDI”, revelou Monteiro da Silva, durante o discurso de tomada de posse. A 100ª edição do congresso decorrerá em Hong Kong (China) de 29 de agosto a 1 de setembro do próximo ano.

Inquérito

Presidência é motivo de orgulho para a classe Quatro personalidades do setor dentário nacional revelam à MAXILLARIS as suas impressões a propósito da presença de um médico dentista português, pela primeira vez, no cargo de presidente da FDI e adiantam as suas expetativas quanto ao impacto que o mandato internacional de Orlando Monteiro da Silva poderá vir a ter no universo da Medicina Dentária portuguesa. 12

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João Leite-Moreira

Dirigente da Associação Portuguesa de Medicina Dentária Hospitalar (APMDH). O facto de pela primeira vez ter sido escolhido um médico dentista português como presidente da FDI assume uma relevância inquestionável, quer no universo da Medicina Dentária portuguesa, quer no universo da Medicina Dentária lusófona, quer no universo da Medicina Dentária mundial. Em face da dimensão populacional


Crónica de novembro do nosso país, e do facto de a Medicina Dentária em Portugal ser uma profissão relativamente recente, quando comparada com inúmeros países (em que a mesma tem uma existência de quase dois séculos), esse facto assume uma dimensão ainda maior. Este mandato poderá vir a ter grande impacto não só no universo da Medicina Dentária Portuguesa como no universo da Medicina Dentária Mundial. O contacto com a realidade de países com índices de desenvolvimento maiores do que os nossos, com uma produtividade científica maior poderá representar um motor de desenvolvimento para a profissão em Portugal. Paralelamente, a Medicina Dentária portuguesa, que ao longo da sua história, com altos e baixos, tem procurado não descurar a importância do conhecimento médico na formação dos médicos dentistas (a que não é alheio o próprio nome Medicina Dentária em vez de Odontologia ou outra denominação similar), poderá representar um exemplo a seguir por outros países que, preocupados com o desenvolvimento técnico específico, não tenham sido tão atentos a esta realidade. O resultado desta eleição é a prova do prestígio e do respeito que a pessoa do Exmo. Senhor Bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Dr. Orlando Monteiro da Silva, detém junto dos seus pares, quer a nível interno quer a nível externo.

Aquino Marques

Diretor da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa. Conheço pessoalmente Orlando Monteiro da Silva desde 2000, quando da candidatura aos órgãos sociais da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), e cedo me apercebi das suas grandes qualidades de inteligência, objectividade, racionalidade e capacidade de trabalho. Foi assim com alguma naturalidade, mas também grande satisfação, que fui assistindo à sua progressão internacional, primeiramente no Council of European Dentists (CED) e mais tarde na Federação Dentária Internacional (FDI). Orlando Monteiro da Silva tem qualidades inatas de liderança, gerando consensos sem abdicar das suas ideias, traçando objectivos a distância, valorizando o pequeno pormenor de cada um sem esquecer o interese comum. Por issso o facto de ser ou não português não é relevante. O que releva é a pessoa, e poderei afirmar que é a FDI que certamente vai beneficiar da sua presidência, na implementação das mudanças que se afiguram necessárias. Quanto à Medicina Dentária portuguesa, é do trabalho e dedicação de todos que se faz o seu caminho, e aqui, tem também Orlando Monteiro da Silva dado o seu importante contributo. Se ajudar o facto de ter um presidente da FDI português, melhor ainda.

José Pedro Figueiredo

Professor do Departamento de Medicina Dentária da Universidade de Coimbra. Médico estomatologista nos Hospitais da Universidade de Coimbra.

É naturalmente um orgulho ver um português numa posição de grande destaque internacional. É preciso sublinhar que isso resulta da conjugação simultânea de duas circunstâncias. A primeira prende-se com a projeção e importância da saúde oral portuguesa no contexto internacional. A segunda, noutro plano, está relacionada com o prestígio e a personalidade do Dr. Orlando Monteiro da Silva. Do ponto de vista do carácter utilitário dessa eleição, devemos ter a conciência exata do mandato do Dr. Orlando Monteiro da Silva. Ele é o presidente da FDI e é por esta via que deve desempenhar o seu mandato. Percebemos perfeitamente que, preocupado como tem estado ao longo dos anos com a saúde oral em Portugal, é de esperar que, na medida das possibilidades do desempenho do seu cargo internacional, ele possa contribuir para ajudar a saúde oral portuguesa a atingir um patamar de qualidade e de projeção superior àquele que tem agora. Estas eleições para mandatos internacionais são frequentes em Portugal. Nós temos hoje muitos portugueses em posições internacionais de grande destaque nos vários planos, não só profissionais como políticos e de intervenção social. A verdade é que as pessoas estão nesses cargos, a nível internacional, para desenvolver as suas tarefas internacionais. Agora, queremos todos acreditar que, na medida das possibilidades, uma ou outra vez, serão capazes de dar resposta a Portugal, se for esse o caso.

Pedro Leitão

Médico dentista. Ex-presidente da Sociedade Europeia de Ortodontia. Como medico dentista português, considero uma honra um colega nosso ter atingido o topo da Federação Dentária Internacional. Esta eleição distingue, em primeiro lugar, as invulgares qualidades do colega Orlando Monteiro da Silva. Não sei os pormenores que conduziram à sua eleição, mas sei que haveria de certeza muitos mais candidatos ao lugar, por ventura de países mais poderosos. Estas coisas “não caem do céu”, conquistam-se! Por isso, representa acima de tudo uma vitória pessoal. Por outro lado, Portugal ser capaz de produzir um médico dentista que foi reconhecido internacionalmente através da presidência da FDI é um motivo de orgulho para todos e representa um momento de distinção da medicina dentária portuguesa. Este acontecimento dá visibilidade aos médicos dentistas portugueses, facilitando futuras carreiras internacionais de compatriotas nossos.

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Crónica de novembro Segundo um estudo da Associação de Higienistas Orais

Portugueses só vão ao dentista quando têm dores de dentes

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uatro em cada dez portugueses apenas vão ao dentista quando têm dores na boca, apesar de quase todos terem hábitos de higiene oral, de acordo com um estudo da Associação Portuguesa de Higienistas Orais (APHO). O mesmo estudo indica que mais de 80 por cento dos 1.256 inquiridos lava os dentes mais do que uma vez por dia (51 por cento escovam-nos duas vezes e 23 por cento três ou mais vezes). Embora a maioria da população revele hábitos de higiene oral e reconheça a importância do flúor (70 por cento), 36 por cento apenas visitam um dentista quando têm dores de dentes e só 29 por cento usam elixir, 15 por cento fio dentário e nove por cento o flúor, como complemento da higiene oral. Contudo, mais de um quinto da população (27 por cento) refere ter como rotina anual as visitas ao dentista para

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Dia Mundial da Saúde Oral assinalado com kit sobre Doenças Não-Comunicáveis

Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), em parceria com a Federação Dentária Internacional (FDI), comemorou, no passado dia 12 de setembro, o Dia Mundial da Saúde Oral, pondo em evidência o tema das Doenças Não-Comunicáveis (DNC), através do lançamento de um kit médico para responder ao forte crescimento desta “epidemia” de doenças, responsáveis por aproximadamente 60% da mortalidade a nível global. As DNCs, como o cancro, diabetes, doenças cardiovasculares ou respiratórias, constituem hoje uma das maiores causas de morte prematura mundial, tanto em países desenvolvidos como em vias de desenvolvimento. Entre as DNC mais prevalentes encontram-se as doenças orais, estimando-se que a cárie dentária afecte 90% da população mundial. O Kit de Acção sobre DNC foi desenvolvido pela World Health Professions Alliance (WHPA), organização internacional que representa os pontos de vista de mais de 26 milhões de profissionais de saúde – médicos dentistas, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas e médicos – em mais de 130 países. É um instrumento de carácter prático, que pode ser utilizado por profissionais de saúde na comunicação com os doentes e o público em geral sobre DNC. Inclui o cartão “Melhorar a Saúde”, um guia para profissionais sobre como a saúde pode ser me-

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efeito de vigilância, e 15 por cento realizam-nas uma vez de seis em seis meses. Contrariamente à recomendação dos profissionais de saúde oral (que aconselham a trocar de escova de três em três meses), 42 por cento dos entrevistados apenas fazem a substituição quando consideram que a escova já não exerce limpeza de forma adequada. Quando questionados sobre o estado da sua saúde oral, 39 por cento dos inquiridos consideram ter algum problema, destacando-se os residentes nas zonas mais urbanas, como Lisboa e Porto. São estes precisamente os que mais visitam os profissionais de saúde oral (32 por cento vão pelo menos uma vez em cada seis meses). Os indivíduos mais novos (entre os 15 e os 24 anos), de estrato social mais baixo e residentes no Alentejo, Algarve e Interior, são os que referem não ter qualquer problema de saúde oral, sendo também os que adiantam que só vão ao dentista quando têm dores.

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lhorada através de mudanças positivas no comportamento e estilo de vida. A Federação Dentária Internacional, órgão máximo da Medicina Dentária a nível mundial e do qual faz parte a Ordem dos Médicos Dentistas, desempenhou um papel ativo neste projeto, desenvolvido em tempo recorde. Para Orlando Monteiro da Silva, bastonário da OMD e atual presidente da FDI, esta campanha “orgulha a nossa classe, e procura potencializar o papel chave que os médicos dentistas devem desempenhar na luta contra as DNC”. As doenças orais, como a cárie dentária e as doenças periodontais, partilham os factores de risco de outras DNC, tais como o cancro e as doenças cardíacas. O tabaco, o consumo abusivo de álcool e uma alimentação não saudável, com particular incidência no consumo excessivo de açúcar, são facilmente detetáveis pelo médico dentista. “É nossa firme convicção que este Kit de Acção será uma ferramenta útil para os médicos dentistas. É hoje reconhecido que as doenças orais fazem parte das prioridades globais do combate às DNC e os profissionais de saúde oral devem estar comprometidos na promoção, prevenção, diagnóstico precoce e controlo destas doenças”, acrescentou o representante máximo da classe dos médicos dentistas.


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Crónica de novembro

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MAXILLARIS patrocina o primeiro congresso nacional de estudantes

MAXILLARIS figura entre os patrocinadores do I Congresso Nacional de Estudantes de Medicina Dentária (CNEMD), agendado para os dias 24 e 25 de fevereiro de 2012 no Fórum da Maia (no distrito do Porto). Esta revista associa-se ao encontro, organizado pela Associação Portuguesa de Estudantes de Medicina Dentária (PADS), na qualidade de patrocinador de um prémio anual, ao abrigo do qual compromete-se a publicar, em formato de artigo, o póster ou comunicação científica vencedor de cada edição do congresso. No âmbito desta colaboração, outra vantagem para os estudantes prende-se com a oferta da assinatura da edição

impressa e o acesso Premium ao site da MAXILLARIS (ambos pelo periodo de um ano) aos alunos do penúltimo ano e aos finalistas da licenciatura que participarem no encontro do próximo mês de fevereiro. A primeira edição do CNEM tem como presidente da Comissão Científica o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, e contará com a presença de nomes sonantes da área da Medicina Dentária, como oradores, membros da Comissão Científica e convidados. Criada em novembro de 2010, a PADS tem como principais objetivos dinamizar e unir os estudantes, fomentar o ensino da Medicina Dentária e promover hábitos saudáveis de higiene oral na população em geral. Esta organização estudantil congrega representantes das sete faculdades ou departamentos de ensino do setor dentário que existem em todo o país.

Deputados e especialistas debatem saúde oral

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uno Reis, Manuel Pizarro e João Semedo foram os três deputados à Assembleia da República que, juntamente com alguns especialistas na área da saúde, como Daniel Serrão, Margarida Jordão e Gil Alcoforado, participaram no 1º Fórum de Saúde Oral, subordinado ao tema “Pensar hoje para agir amanhã”, que decorreu no passado dia 8 de outubro, no Palácio da Bolsa (Porto).. Organizado pela associação Mundo a Sorrir, o encontro incluiu uma mesa redonda sobre “A Saúde Oral na dependência de políticas continuadas”, moderada por Manuel Fontes de Carvalho, ex-bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), que contou com as intervenções de Nuno Reis, médico dentista e deputado do Grupo Parlamentar do PSD, Manuel Pizarro, deputado do Grupo Parlamentar do PS e ex-secretário de Estado da Saúde, João Semedo, médico e deputado do Grupo Parlamentar do BE, e Margarida Jordão, da Direção Geral da Saúde. “Como criar sinergias nos diferentes promotores de Saúde Oral” foi outro tema debatido durante o fórum, que contou com as intervenções de José Frias Bulhosa, em representação da OMD, Maria Manuela Pinheiro (Ordem dos Médicos), José Barbosa Lima (Ordem dos Enfermeiros), João Pedro Ferreira (Associação Portuguesa de Higienistas Orais) e Ana Paula Alves (Sociedade Portuguesa Saúde Escolar). O painel foi moderado por Gil Alcoforado, professor catedrático da Faculdade de Medicina Dentária de Lisboa. A ONG Mundo a Sorrir pretende, desta forma, criar um espaço para que o diálogo e reflexão se possam traduzir na articulação de diferentes intervenientes e na conquista futura de mais saúde junto da sociedade portuguesa.

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SPPI estreita laços com SPH

Sociedade Portuguesa de Periodontologia e Implantes (SPPI) e a Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH) assinaram, no passado dia 27 de Outubro, na sede desta organização, no Porto, um protocolo que visa estreitar relações e experiencias, fruto da forte relação entre ambas as patologias. A HTA e a periodontite são situações clínicas que partilham algumas características, já que ambas são muito prevalentes na população portuguesa e podem ser causadoras de problemas de saúde graves, no médio/longo prazo, quando não são corretamente tratadas atempadamente. Neste sentido, é necessário um esforço de todos os profissionais de saúde para um diagnóstico mais precoce que possa conduzir ao tratamento adequado, com particular realce para a importância de alertar a população para as medidas gerais de prevenção, que passam por uma dieta saudável e hábitos de higiene oral corretos, mas também para vigiar regularmente quer a pressão arterial quer o estado das gengivas e dentes, e procurar ativamente os cuidados de saúde quando se detetam alterações ainda que incipientes. Neste contexto, o acordo de cooperação assinado entre a SPPI e a SPH visa agilizar a cooperação e fomentar uma maior partilha de informação entre os membros das duas sociedades científicas.

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Crónica de novembro Organização faz balanço do XXXI encontro anual, que reuniu mais de 1.200 inscritos

Congresso de Coimbra demonstra vitalidade da SPEMD

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XXXI Congresso da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) reuniu nos auditórios dos Hospitais da Universidade de Coimbra, nos dias 21 e 22 de outubro passado, mais de mil participantes. Este resultado é sinónimo de sucesso para o presidente da SPEMD, Jaime Portugal, tendo em vista que o recente encontro de Coimbra “conseguiu ter aquilo que já não tinha há mais de 20 anos, isto é, superar as 1.200 inscrições”. Para além do habitual contributo de especialistas nacionais, o congresso anual da SPMED contou com a participação de oradores de Espanha, Itália, Alemanha, Brasil e Estados Unidos. Por outro lado, a organização do evento reuniu, pela primeira vez em Portugal, as sete faculdades de Medicina Dentária e os seus centros de investigação, “para que os vários investigadores pudessem trocar opiniões e mostrar o que cada um está a fazer”, esclareceu à MAXILLARIS Jaime Portugal, adiantando que os participantes “saíram do fórum a querer mais ações deste género”. Ao abrigo do programa do congresso realizou-se ainda uma exposição de 73 pósteres, maioritariamente de investigação científica, alguns dos quais foram premiados com o apoio de casas comerciais “para tentar motivar aqueles que se dedicam a estas lides”, adiantou. O presidente da Comissão Organizadora do congresso, Francisco Gil, destacou, por seu lado, a diversidade de temas abordados – da endodontia à cirurgia oral, passando pela ortodontia e a restauração estética, entre outros – ao abrigo do programa científico e o volume de conferências, ressaltando o facto de “terem sido desenvolvidas, paralelamente às palestras, diversas ações formativas, incluindo cursos práticos hands-on vocacionados para médicos dentistas e estomatologistas, um curso específico para asistentes dentários e outro para técnicos de prótese dentária”. Fruto de uma colaboração com outras entidades, paralelamente ao congresso da SPEMD, desenvolveu-se o XI congresso da Associação Portuguesa de Higienistas Orais e ao abrigo de uma parceria com a Sociedade Portuguesa de

A contar da esquerda, Francisco Gil, presponsável pela organização do congresso deste ano, e Jaime Portugal, presidente da SPEMD.

Cirurgia Oral, “uma parte do programa foi preenchida com um fórum entre esta associação e a SPEMD”, revelou. Ao nível comercial, estiveram presentes no evento 25 expositores da indústria dentária que, de resto, já manifestaram o desejo de assegurar a sua presença no próximo congresso. Para Francisco Gil, este facto “mostra a vitalidade e a dinâmica que a SPMED disfruta neste momento”. Quanto ao aumento significativo do número de inscritos na edição deste ano, “mais do que falar em percentagens” o presidente da Comissão Organizadora prefere frisar a importância desse número no contexto que o país atravessa, “um contexto de alguma adversidade económica, em que é cada vez mais dífícil captar a atenção e a presença dos colegas”. Certo é que a adesão “não foi de todo prejudicada por esse factor”. Pelo contrário, “conseguimos atingir números que julgo que funcionam em contraciclo com o que se está a testemunhar no contexto do país”, concluiu Francisco Gil. A SPEMD espera que a edição do próximo ano, que vai ter lugar nos auditórios do ISCTE, em Lisboa, nos dias 12 e 13 de outubro, “corra pelo menos tão bem como a deste ano”.

Congresso do Sono estreou-se com orientação clínicas

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primeiro Congresso do Sono em Odontoestomatologia decorreu em Lisboa, no passado dia 17 de setembro, com a presença de dirigentes de várias sociedades de Medicina Dentária do Sono europeias – Espanha, Alemanha e Reino Unido são exemplos disso – e um total de 135 participantes, entre especialistas em estomatologia e medicina dentária, clínicos gerais, pneumologistas, pediatras, neurologistas, cirurgiões, enfermeiros e psicólogos, que ficaram a conhecer as técnicas e métodos utilizados em medicina oral e indicações importantes para referenciação. As novidades apresentadas no congresso estiveram relacionadas, sobretodo, com a defesa de orientações clínicas padronizadas em medicina do sono, nomeadamente nas doenças respiratórias do sono e nas doenças dos movimentos (bruxismo do sono). Durante o encontro, João Lopes Fonseca e José Ceballos, presidentes das sociedades portuguesa e espanhola de Medicina Oral do Sono, respetivamente, demonstraram, passo a passo, as etapas de adequação de dispositivos de avanço mandibular. Deste congresso resultou a promessa da Sociedade Portuguesa de Medicina Oral do Sono de que tudo fará para que uma formação básica nesta área seja dada em cursos vários, ao longo do ano.

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Bem-haja Professor Doutor Fernando Peres distinto catedrático fundador da Medicina Dentária portuguesa N

o ido dia 31 de agosto, faleceu o Senhor Professor Doutor prepotência na qual se doutoram e refugiam os docentes inseFernando Peres, insigne catedrático da Universidade do Por- guros. Residia nele uma pródiga generosidade, nada ocultanto e indubitável fundador da Medicina Dentária portuguesa. do aos estudantes da sua vivida e farta experiência clínica. Prende-me uma sentida gratidão a tão valoroso Mestre, a A perícia clínica, emblema que o valorizava, concorreu qual ambiciono registar com apertadas mas francas palavras, inequivocamente para a sua notoriedade socioprofissional, fajá que ocupou e ocupa um lugar de honra na minha estante cultando a ascensão especializada enquanto odontopediatra de pessoas reverenciáveis. de prática privada e a consequente respeitabilidade por comNa singularidade da sua pessoa, carregava uma personali- provada idoneidade no ensino universitário da cirurgia oral. dade muito própria onde a convicção alicerçava o seu subli- Visionário, cedo acautelou que o ensino qualificado implicava me e reconhecido poder de argumentação. Dotado da classe a primazia ao desenvolvimento de competências, em contraprópria de um verdadeiro Senhor, o Professor Doutor Fer- posição à simples transmissão de conhecimentos, antecipannando Peres emprestava sempre uma presença muito forte, do o que viria a ser a modernidade do paradigma educativo. não fora a permanente delicadeza e empatia que juntava ao Em conjunção com a equipa que doutamente capitaneava, admirável desembaraço comunicativo. Usufruí dessa presença desfazia-se em demonstrações práticas de índole terapêutica enquanto estudante e enquanto docente, conhecendo-o em que a todos aproveitava, pacientes e estudantes. Paralelamentrês ângulos da sua proficiente vida multifacetada, como seja te, assegurava-se um ratio docente/discente ideal e um númena arte de ensinar, na competente destreza clínica e na apti- ro de escolares adequado ao número de doentes. dão inata para liderar. Fernando Peres liderou a conComo professor, nos primórdios cepção de uma escola de luxo que Como professor, nos do ensino médico dentário na terra tive o privilégio de cursar, onde só lusa, revelou-se um prodigioso dopor algum defeito grave prévio, um primórdios do ensino cente, pois aliava à ágil e talentosa estudante não saía habilitado ao médico dentário na capacidade de comunicação, uma exercício do nobre ofício médico ampla iconografia, a qual, com persdentário. Vista à distância, a desapaterra lusa, revelou-se picácia, ia coletando em deslumrecida Escola Superior de Medicina um prodigioso docente, brantes e educativos diapositivos Dentária do Porto (ESMDP/1976pois aliava à ágil que embelezavam os adequados di-1989) personificava já um ensino zeres, revelando estar avançado pado tipo Bolonha. Porém, tudo foi e talentosa capacidade ra a época. Serão certamente basfeito para o perder. A integração na de comunicação, uma tantes os que compartilharam esses Universidade do Porto em 1989 momentos educacionais, os quais ditou novas regras, obrigando a insampla iconografia, concordarão que se tratava de lições tituição a albergar cada vez mais a qual, com perspicácia, magistrais e, simultaneamente, de estudantes e a adequar o ratio doia coletando reuniões encantadoramente inescente/discente ao praticado nas ouquecíveis já que, no íntimo dos estutras instituições públicas, não atenem deslumbrantes e dantes, sobrava a admiração pela tando às particularidades adstritas educativos diapositivos conseguida simultaneidade da eloao binómio ensino/aprendizagem que embelezavam quência e do pragmatismo. Fernanda medicina dentária. do Peres foi um notável pedagogo. Após a incorporação da ESMDP os adequados dizeres, Não conhecia a monocórdia nem a na Universidade do Porto, Fernanrevelando estar imobilidade própria dos incompedo Peres assumiu a Presidência do tentes que grassam nas lides do Conselho Diretivo da Faculdade de avançado para a época ensino/aprendizagem e declinava a Medicina Dentária da Universidade

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A tout seigneur tout honneur! Um retrato do Professor Doutor Fernando Peres ocupa, desde 1997, lugar de honra na Sala do Conselho Científico da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto. Sob a designação de A tout seigneur tout honneur!, o retrato do fundador da Medicina Dentária portuguesa, pintado a óleo sobre tela (114 x 146 cm), foi ofertado à Faculdade de Medicina Dentária pelo respetivo autor, Afonso Pinhão Ferreira.

do Porto, reiterando provas ímpares de liderança, dado que, sendo decidido, não abraçava o despotismo, e elegia a concertação perante o unilateralismo. Destaco a influência e o empenho que colocou na construção do edifício que albergaria a FMDUP em 1997, bem como a motivação que conferiu à causa da academia, sobrevalorizando a promoção curricular e a abertura que oportunamente concedeu ao ensino pós-graduado, consentindo que a FMDUP fosse, também a esse nível, pioneira na nação lusa. Um percurso de vida tão digno quanto modelar, apenas poderiam traduzir-se em consequentes manifestações de gratidão, singelas homenagens todavia se comparadas ao Homem e à dimensão da obra realizada. Foi assim que em 26 de fevereiro de 2007 a Assembleia Municipal da Cidade do Porto louva, por unanimidade, o exemplo de cidadania do Professor Doutor Fernando Peres, cuja dimensão social e profissional é merecedora do apreço do País e em especial da Cidade do Porto (cito). Manifestou-lhe assim, e muito bem, público tributo à forma como sempre prestigiou a cidade e as suas instituições científicas e académicas. Mais tarde, precisamente em 10 de junho de 2007, após a atinente proposta do Chanceler das Ordens Nacionais, Dr. J. B. Mota Amaral, consequência clara à sugestão de membros influentes da classe médico dentária que sentiram

o dever de elevar Fernando Peres a uma referência de dimensão nacional (entre os quais me incluo), o Presidente da República, Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva, entendeu distingui-lo com o título honorífico de Grande Oficial da Ordem de Mérito, o que muito contribuiu para prestigiar a escola do Porto. Também no ano de 2007, a Ordem dos Médicos Dentistas, enquanto órgão máximo da classe médico dentária, reclamou galardoar os altos serviços meritórios de Fernando Peres em prol da medicina dentária, sendo-lhe atribuída a Medalha de Ouro, pelo bastonário Orlando Monteiro da Silva. Enquanto diretor da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, na representação e na transmissão das decisões plenárias, lavradas em ata, dos Conselhos Executivo, Científico e Pedagógico, cumpre-me remeter sentidas condolências à família do Professor Doutor Fernando Peres, referência nacional desta instituição de ensino superior, onde ministrou a primeira aula de Medicina Dentária do País.

Afonso Pinhão Ferreira

Diretor da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto

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Falamos com...

Francisco Rodríguez Lozano,

vice-presidente do Conselho Europeu de Dentistas

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Dentro da União Europeia está proibida a ideia de harmonização

O Conselho Europeu de Dentistas (CED) representa 320.000 profissionais de 30 países. A sua função de assessoria em aspetos científicos e profissionais dentro da União Europeia converteu este organismo independente numa referência em temas como o uso da amálgama, o controlo dos branqueamentos ou a defesa do carácter liberal da Medicina Dentária. Francisco Rodríguez Lozano, vice-presidente do CED, e x p l i c a à MAXILLARIS c o m o s e t r a b a l h a n o â m b i t o e u r o p e u , o n d e p r e v a l e c e o r e s p e i t o pela diversidade e os acordos por consenso.

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Falamos com... M AXILLARIS. Que aspetos definem melhor o Conselho Europeu de Dentistas? R o d r í g u e z L o z a n o . É uma organização sem fins lucrativos, cuja missão é servir de interlocutor da profissão perante a Comissão Europeia. O seu trabalho é fundamental em questões de assessoria científica. Representa 320.000 dentistas europeus, integrados em 32 associações de 30 países. Abrange toda a Europa, exceto a Roménia. As origens do CED remontam a 1961. Nessa época, teve diversas designações, entre as quais a de Comité de Ligação Dentária (Comité de Liaison), e diferentes estruturas, já que antes era financiado pela própria Comissão Europeia. Hoje é uma entidade independente, com sede em Bruxelas, que promove os mais altos níveis de saúde oral dentro da União Europeia, com especial ênfase na segurança e nos direitos dos pacientes. Assim, tem um papel fundamental na defesa da profissão e na salvaguarda da saúde pública. M Como funciona o CED? R o d r í g u e z L o z a n o . Temos um escritório em Bruxelas onde trabalham três pessoas que estão bem relacionadas com os funcionários da Comissão Europeia e estão a par de todas as iniciativas legislativas do Parlamento. Há que ter em conta que mais de 70 por cento da legislação nos países membros chega da Europa; por isso é importante o nosso papel. As três estruturas que regem a política europeia são o Parlamento, a Comissão e o Conselho. O Parlamento é formado pelos deputados de cada país, ao passo que a Comissão é o órgão que trabalha na preparação de todas as diretivas e iniciativas legislativas, nela estão os funcionários nas distintas áreas ou direções gerais. O pessoal do nosso escritório relaciona-se fundamentalmente com os funcionários da Comissão. Por último, o Conselho é o órgão que torna efetivas as iniciativas aprovadas pelo Parlamento. É um processo normal, a Comissão lança primeiro uma consulta sobre uma nova iniciativa legislativa ou a proposta de modificação de uma diretiva existente através dos chamados Green Papers, documentos em que se explica o que se quer legislar e aos quais pode responder qualquer cidadão ou instituição interessada. Com as respostas, e tendo em conta o peso de quem responde – por exemplo, nós representamos 320.000 dentistas –, prepara-se uma iniciativa que se leva a uma comissão do Parlamento, onde os deputados a discutem em várias leituras até conseguir-se um acordo máximo. Se não se chega a um grande consenso, a proposta é retirada. Na Europa nada se faz ou se impõe por maiorias curtas. Quando a matéria chega a consenso, é levada ao pleno do Parlamento e se se aprova passa ao Conselho, que é quem ordena a publicação da diretiva ou norma em questão. No processo de discussão em comissão parlamentar e no pleno é onde faz falta o apoio das associações de cada país, para que influam nos seus deputados explicando-lhes as nossas teses e conseguir o apoio aos nossos interesses. O nosso papel de lobby entende-se como um contributo para a melhoria da saúde oral dos cidadãos; pelo peso específico que temos, é costume sermos consultados.

M Tendo em vista que integra 32 associações de 30 países, como se organiza o CED no seu trabalho diário? R o d r í g u e z L o z a n o . O nosso órgão máximo é a Assebleia, que se reúne duas vezes por ano: uma em Bruxelas, em novembro, e outra no verão, no país que ocupa a presidência de turno da União Europeia. Este ano, a reunião foi em Budapeste e uma das suas conclusões foi a necessidade de integrar cada vez mais a saúde oral na saúde geral. O CED tem um órgão diretivo, o board, que é formado por um presidente, um vice-presidente, um tesoreiro e cinco vogais. Estes cargos são eleitos democraticamente por um periodo de três anos. Para o trabalho específico, organizamo-nos em task forces e working groups, formados pelos experts de cada país. Presentemente, além de ser o vice-presidente do CED também ocupo a presidência do task force denominado Internal Market, que trata aspetos legislativos y regulatórios, tais como a mobilidade dos pacientes e profissionais ou a defesa da concurrência. Dentro do CED há outro task force que se ocupa do carácter liberal da profissão. Acabamos de criar um grupo de trabalho sobre e-Health, porque vemos que cada dia preocupa mais tudo o que está relacionado com as novas tecnologias aplicadas à saúde. M O médico dentista está submetido a leis locais, autonómicas, nacionais e também europeias. Existe um excesso de normativas? R o d r í g u e z L o z a n o . Uma das grandes preocupações do CED é o excesso de regulação. Como dentista com consulta própria numa pequena localidade de Tenerife, estou perfeitamente consciente do tempo que dedicamos aos profissionais a temas burocráticos. Isto sucede em Espanha, mas também no resto da Europa. No CED estamos a favor da regulamentação, dos protocolos de trabalho, sempre que resultem numa melhoria da prática clínica e na segurança dos pacientes. Pretendemos que a medicina dentária europeia seja da máxima qualidade clínica possível, mas não estamos convencidos de que todas as normas sirvam para esse fim. Nós, os dentistas, investimos muito tempo e esforço no cumprimento da lei, mas chamamos a atenção das autoridades quanto ao perigo de cair num excesso de regulamentação. Por exemplo, notamos como se está a complicar, no nosso dia a dia, a aplicação nas consultas das normas que também se impõem aos hospitais, quando são centros totalmente distintos, e algo parecido está a suceder com as normativas de proteção de dados. A medicina dentária é uma profissão liberal na Europa e reclamamos que se nos contemple como tal. M O CED defende o profissional, mas também tem muito em conta o paciente. Considera conveniente que esta diversidade de perspetivas esteja presente em todos os organismos de representação, tanto nacionais como internacionais? R o d r í g u e z L o z a n o . Em cada país europeu a profissão está representada por associações de dentistas e Conselhos Gerais. As associações representam fundamentalmente o interesse dos dentistas e os Conselhos são os

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Falamos com... de qualidade dentária, já que, em todo o caso, as que existem referem-se à qualidade nos procedimentos das clínicas dentárias. Na Europa temos casos de todo o tipo. Há países cujos organismos promovem a acreditação dos processos e outros não. Dentro da União Europeia é proibida a ideia da harmonização; não é desejável em absoluto. Sempre se vão reconhecer as especificidades de cada país; as normas gerais são um acordo mínimo que depois se deve adaptar a cada Estado.

Rodríguez Lozano explica as diferenças entre a política europeia e as de cada um dos Estados membros.

organismos reguladores e representam o interesse de todos os implicados na saúde oral (profissão, governos, pacientes e profissões auxiliares).No Reino Unido, por exemplo, existe a British Dental Association, que é uma associação de afiliação voluntária que defende os interesses corporativos profissionais, e também o British Dental Council, que é um órgão regulador em que se inscrevem os dentistas, mas onde estão também representados os pacientes, bem como os higienistas dentários ou os protésicos. O CED aprovou um código ético da profissão que nem todos os países aplicam, porque alguns entendem que sobrepassa o seu próprio código, mas que supõe uma tentativa de auto-regulação muito positiva. Na minha opinião, seria conveniente integrar sempre todos os agentes que têm algo que decidir. Tanto o CED como os organismos dentários dos vários países membros devem juntar-se à causa da transparência e promover a participação dos pacientes. Muitos já o fazem e creio que este será o caminho que, mais cedo ou mais tarde, todos irão seguir.

M É fácil chegar a um consenso europeu sobre o standard de qualidade que deveria ter a medicina dentária? R o d r í g u e z L o z a n o . É complicado definir os critérios de qualidade nesta área. Não podemos falar de umas normas

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M Um dos grupos de trabalho mais ativos dentro do CED é o relativo às amalgamas dentárias. Quais são os últimos avanços neste domínio? R o d r í g u e z L o z a n o . Todos os grupos são ativos, mas é certo que alguns têm maior notoriedade que outros, pela atualidade ou controvérsia dos temas que abordam. Na Comissão Europeia há dois comités: o SCHER (Comité Científico de Riscos de Saúde e Meio Ambiente) e o SCENHIR (Comité Científico de Riscos de Saúde Emergentes e Recentemente Identificados), que desenvolvem estudos da amálgama sobre o impacto ambiental e na saúde. As conclusões, até à data, são no sentido de que a amálgama é segura se se utiliza e se desfaz dos seus resíduos corretamente. Por isso, é muito importante cumprir todas as normas sobre a sua recolha e tratamento. Estamos num momento delicado porque, apesar de que no CED afirmamos que os dentistas europeus, em geral, cumprem os critérios de recolha do mercúrio, nem todos os países têm legislação a este respeito. Os países nórdicos são muito escrupulosos com a questão do meio ambiente e também os comités mencionados estão a fazer muita pressão nesse sentido. Pessoalmente, defendo a amálgama de prata porque creio que é um bom material para tratar determinadas situações clínicas, que além disso não têm outra alternativa de tratamento, já que os compósitos não são igual de úteis em algumas condições. M Que outros grupos de trabalho destacaria? R o d r í g u e z L o z a n o . Além do trabalho relativo às amálgamas, temos os de educação e qualificações profissionais, de controlo da infeção e o manuseamento dos resíduos, de dispositivos médicos e de segurança do paciente. Recentemente, foram criados os grupos de saúde e internet (e-Health) e um de saúde oral. Até agora, o CED dedicava-se exclusivamente a temas muito políticos, pelo que sentiamos falta de outros aspetos mais ligados à prática sanitária. Em Budapeste, foi destacado o vínculo da saúde oral com outros problemas sanitários que hoje são prioritários na Europa, tais como o envelhecimento da população. Trata-se de retomar a parte mais médica da profissão. Também há um grupo de trabalho específico para os branqueamentos dentários, uma vez que na Europa as regras neste campo não estão excessivamente claras. Queremos ser muito restritos nesta área porque está em jogo a segurança dos pacientes. Em suma, os grupos de trabalho são estruturas muito dinâmicas em que se abordam temas de grande atualida-


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de e impacto. Seriam um segundo escalão, por debaixo das task forces. Estes últimos ocupam-se mais da defesa da profissão e da sua componente legal; assim se defende o seu espírito liberal, que é algo que nos dá motivo de orgulho, e se debatem assuntos como a concorrência, a movilidade dos profissionais ou a formação dos dentistas.

M Na Península Ibérica existe um grande número de profissionais, ao passo que noutros países são necessários profissionais. Existe uma posição comum neste aspeto? R o d r í g u e z L o z a n o . Em Portugal e Espanha, como em muitos outros países da Europa, há um número excessivo de dentistas, mas esta situação deve conjugar-se também com a contrária, isto é, na Finlândia, por exemplo, há um défice de mil e duzentos dentistas. No CED devemos ser muito prudentes na abordagem de um tema desta natureza, no âmbito da saúde, já que a ideia dominante na Europa é que faltará pessoal sanitário a curto prazo. A União Europeia tem uma secção, denominada Health Work Force, que se preocupa com as consequências que terá o envelhecimento da população na assistência e as necessidades de profissionais sanitários. Na Europa faltam médicos, mas sobram dentistas. Em Bruxelas há um debate ético sobre a conveniência de importar ou não pessoal de saúde de países do terceiro mundo. É muito importante este aspeto, já que se lançarmos ofertas de médicos em países de África, por exemplo, é provável que deixemos sem assistência médica estas nações, uma vez que as nossas condições laborais são muitíssimo melhores do que as suas. Os diferentes mercados europeus e a diversidade de cada um deles dá sentido à diretiva sobre a movilidade dos profissionais e dos pacientes. Na Europa, as prestações sanitárias são públicas e o paciente tem direito a decidir onde quer ser tratado e por que médico. M É habitual a mobilidade dos pacientes odontológicos no seio da União Europeia? R o d r í g u e z L o z a n o . O CED não apoia a mobilidade dos pacientes porque não estamos de acordo com algunas práticas que se estão a produzir neste sentido. Por exemplo, o Reino Unido decidiu exportar pacientes para que sejam atendidos no sistema de atenção pública da Hungria. Ao governo britânico sai-lhe mais barato mandar os pacientes a outro país do que tratá-los diretamente, ao passo que a Hungria sai beneficiada porque dá trabalho aos seus profissionais e além disso cobra dos cofres britânicas. No entanto, o CED entende que a Medicina Dentária é um processo continuado: não se trata apenas de uma questão de tratamentos, trata-se também da necessidade de garantir o acompanhamento. Apoiamos a ligação do paciente ao o profissional, acreditamos no médico dentista de confiança. Por tanto, somos contra este tipo de práticas. A mobilidade dos médicos e pacientes no papel pode parecer uma ideia acertada, mas na realidade só um por cento dos europeus faz tratamento noutro país. Um aspeto chave na deslocação dos dentistas é a sua formação linguística: um profissional de saúde deve comunicar de mofo flui-

«

Falamos com...

Estamos num momento delicado porque, apesar de que no CED afirmamos que os dentistas europeus, em geral, cumprem os critérios de recolha do mercúrio, nem todos os países têm legislação a este respeito

»

do com o seu paciente para levar a bom termo o tratamento. Temos o exemplo da Finlândia: neste país fazem falta mais de mil dentistas, mas exige-se o domínio da língua local, pelo que as opções de ir trabalhar ali são muito limitadas.

M Um dos grupos de trabalho do CED está concentrado na educação e nas qualificações profissionais. Existe uma proposta de mínimos que seja comum a toda a Europa? R o d r í g u e z L o z a n o . Sim, efetivamente. Nós estabelecemos um mínimo de cinco mil horas de ensino para ser dentista, mas a Comissão Europeia não está de acordo com este planeamento e pretende que seja um volume menor. Este tema preocupa-nos, porque se associa ao das especialidades odontológicas; não nos gostaria que a Comissão sugerisse a ideia de criar dentistas básicos, com uma carreira de tres anos, e depois oferecer dois anos adicionais para obter a especialidade. No CED apoiamos o grau de cinco anos, tal como se verifica hoje. Outro tema que nos preocupa é a formação continuada. Alguns países como Portugal tentaram impô-la, mas os resultados não foram bons. Estas questões é melhor desenvolvê-las pela via do convencimento do que por imposição. M Como veem os dentistas o trabalho desenvolvido pelo CED? R o d r í g u e z L o z a n o . Muitas vezes, o dentista tem dificuldade em ver-se representado pelos seus organismos regionais ou nacionais, pelo que o trabalho do CED é visto ainda com mais distância. Dada a minha experiência neste âmbito, sei que chegar aos dentistas através dos organismos professionais supõe um handicap. Estou convencido de que os trabalhos que realizamos no CED interessam ao dentista autónomo, de bairro, mas é complicado chegar a estes profissionais de maneira fluida e constante. As entidades nacionais têm de ser os agentes difusores, junto dos organismos dentários, do trabalho que se realiza na Europa. Por outro lado, estamos a potenciar muito o nosso site para que tenha utilidade no dia a dia.

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"É nos mínimos detalhes que se causa uma boa impressão." A marca alemã de materiais de impressão Kettenbach ganhou com o seu P A N A S I L mais um grande reconhecimento. A revista norte americana The Dental Advisor consagrou a sua excepcional qualidade, atribuindo ao P A N A S I L um total de 4 prémios: “Top Impression Material”; “The Dental Advisor Recommends” “Editor´s Choice” e “Clinical Problem Solver” tornando este silicone no material de impressão 5 estrelas. De notar que no ano anterior, a marca tinha sido galardoada de igual forma com o seu F U T A R – silicone de registo de mordida que possibilita um rigor impar, permitindo a máxima precisão e diminuindo a necessidade de acertos oclusais em boca. “Para causar boa impressão não basta ser bom. É preciso ser o melhor." Este é o slogan que acompanha a marca, que a este propósito lança na Expodentária uma promoção especial para teste! A não perder!

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Infeção cérvico-facial em contexto hospitalar

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Ciência e prática Resumo A infeção cérvico-facial continua a ser uma causa frequente de recurso à urgência hospitalar. Quadros clínicos graves, como a disseminação aos espaços fasciais profundos do pescoço, a mediastinite e a sépsis ocorrem com relativa frequência, revestindo de elevada gravidade esta patologia. Entre 1 de outubro de 2009 e 30 de setembro de 2010, os doentes internados no Serviço de Cirurgia Maxilofacial do Centro Hospitalar de Lisboa Central com o diagnóstico de infeção cérvico-facial foram incluídos num protocolo de registo de dados relativamente ao episódio que motivou o internamento, num total de 186 doentes. A maioria era do sexo masculino, entre os 30 e os 65 anos

de idade, sem co-morbilidades conhecidas. A celulite foi o diagnóstico mais comum e a região submandibular a mais frequentemente afectada. Setenta e seis por cento dos casos tiveram origem odontogénica; 61,3 % dos doentes já tinham sido observados por um profissional de saúde e 53,8 % já se encontravam medicados. Para além do número total de internamentos, houve ainda 21 casos com necessidade de internamento em Unidade de Cuidados Intensivos ou Intermédios e onze casos de complicações. Dada a gravidade destas situações, o controlo pré-hospitalar da infeção odontogénica assume um papel fundamental na abordagem desta patologia.

Helena Rodrigues Helena Rodrigues Interna do Internato Complementar de Cirurgia Maxilofacial. Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E. helenacvsrodrigues@gmail.com José Esteves Assistente Hospitalar de Cirurgia Maxilofacial. Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E Eduardo Carreiro da Costa Chefe de Serviço de Cirurgia Maxilofacial. Director do Serviço de Cirurgia Maxilofacial. Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E.

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Fig 1. Imagens de TAC de doente com quadro de celulite cérvico-facial e disseminação ao longo do espaço mastigador e látero-faríngeo direito.

Palavras-chave Celulite cérvico-facial; infeção odontogénica; antibioterapia; drenagem cirúrgica.

Introdução A infeção cérvico-facial de origem odontogénica é uma causa frequente de recurso à urgência hospitalar, apesar das campanhas de divulgação da importância da Saúde Oral junto da população1. Embora a maioria dos casos

tenha uma evolução benigna (com resolução total a curto prazo após antibioterapia oral e tratamento dentário adequados), quadros clínicos mais graves, como a infeção dos espaços fasciais profundos do pescoço (fig.1), a mediastinite e a sépsis continuam a ocorrer com relativa frequência, tendo como consequência um elevado número de internamentos hospitalares, a necessidade de terapêutica antibiótica endovenosa e, muitas vezes, de drenagem cirúrgica sob anestesia geral2,3,4. A possibilidade

Fig. 2. Abcesso submandibular esquerdo, necessitando de drenagem cirúrgica.

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Ciência e prática

Gráfico 1. Diagnóstico à entrada na urgência.

Gráfico 2. Distribuição topográfica da infeção.

de compromisso da via aérea, exigindo o recurso à traqueotomia, torna necessária apertada vigilância e adequado encaminhamento destas situações2,5,6. O objectivo deste trabalho foi caracterizar a população de doentes internados por infeção cérvico-facial no Serviço de Cirurgia Maxilofacial do Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E.

nóstico de infeção cérvico-facial foram incluídos num protocolo de registo de dados. Foram anotados a data de internamento, o sexo, a idade, antecedentes pessoais, tipo e localização da infeção, dias de evolução, medicação e observação médica anterior ao internamento, origem do quadro infecioso, realização de drenagem cirúrgica e exodôncias, necessidade de traqueotomia, complicações, antibioterapia, corticoterapia, realização de tomografia axial computorizada (TAC), necessidade de internamento em Unidade de Cuidados Intensivos ou Intermédios (UCI) e total de dias de internamento.

Materiais e métodos Entre 1 de outubro de 2009 e 30 de setembro de 2010, todos os doentes internados no Serviço de Cirurgia Maxilofacial do Centro Hospitalar de Lisboa Central com o diag-

Gráfico 3. Origem do quadro infecioso.

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Resultados No referido período de um ano, estiveram internados 186 doentes com o diagnóstico de infeção cérvico-facial. A idade dos doentes variou entre os 15 e os 91 anos (média 40, 44 anos) sendo que a maioria pertencia à faixa etária entre os 30 e os 65 anos de idade. A maioria dos doentes era do sexo masculino (54%). A celulite foi o diagnóstico mais comum à entrada (102 casos), seguida de abcesso (69) (fig. 2), Angina de Ludwig (10), mediastinite (dois), fleimão (um), adenite necrosante (um) e empiema (um) (gráfico 1). A região submandibular foi a região mais afectada (60 doentes), seguida da distribuição hemifacial (39) ou cérvico-facial (19)(gráfico 2). A hipertensão arterial (HTA) foi a co-morbilidade encontrada com maior frequência (12 doentes), seguida da diabetes mellitus (sete), patologia cardíaca (seis) e infeção a vírus da imunodeficiência humana (VIH) (cinco), sendo que a maioria dos doentes não apresentava antecedentes patológicos relevantes (61%). Doze doentes tinham realizado tratamentos dentários no período que antecedeu o início do quadro. A origem do quadro foi maioritariamente dentária (72% dos casos), seguida


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Ciência e prática Esquema antibiótico prévio

Número de doentes

Penicilina EV/IM

4

Amoxicilina

6

Amoxicilina/Ácido Clavulânico

37

Clindamicina

3

Eritromicina

1

Claritromicina

4

Azitromicina

1

Espiramicina

1

Ciprofloxacina

17

Flucloxacilina

8

Ceftazidima

1

Cefadroxil

1

Cefradina

4

Cefatrizina

2

Ceftriaxone

1

Amoxicilina/Ácido Clavulânico + Metronidazol

13

Amoxcilina/Ácido Clavulânico + Azitromicina

1

Ciprofloxacina + Gentamicina

1

Ciprofloxacina + Metronidazol

1

Clindamicina + Ciprofloxacina

1

Cefuroxima + Metronidazol

1

Ceftriaxone + Metronidazol

1

Penicilina + Clindamicina + Metronidazol

1

Cefatrizina + Amoxicilina/Ácido Clavulânico + Clindamicina

1

Tabela 1. Antibioterapia prévia ao internamento no Centro Hospitalar de Lisboa Central.

da parotidite (9,7%), submaxilite (5,9%) e cutânea (5,4%). Adenite, dacriocistite, rejeição de material de osteossíntese (OS), osteíte do seio maxilar (em doente com osteopetrose), quisto odontogénico e quisto branquial foram as restantes causas encontradas (gráfico 3). Em seis doentes (3,2%) não foi possível determinar a origem do quadro infecioso. Em cerca de 53% dos doentes, o quadro tinha tido início há menos de uma semana, variando este período entre 1 e 30 dias (média 6,99 dias de evolução). A maioria dos doentes (100) referia já estar medicada com antibiótico antes do internamento, tendo-se encontrado 24 esquemas de antibioterapia diferentes, sendo a amoxicilina+ácido clavulânico aquele que foi mais vezes prescrito (tabela 1). Onze doentes já tinham feito mais do que um esquema de antibioterapia antes do internamento. Do total dos 186 doentes, 114 já tinham sido previamente observados por um profissional de saúde, sendo que a maioria destes (71) já tinha sido observada numa urgência hospitalar. Todos os doentes foram medicados com antibiótico endovenoso, na maioria dos casos com esquema Gráfico 4. Complicações registadas.

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Ciência e prática triplo: amoxicilina + ácido clavulânico, metronidazol e gentamicina (118 doentes). Vinte e cinco doentes receberam igualmente tratamento com corticoesteróides. A drenagem cirúrgica foi realizada em 103 doentes, na maioria dos casos (68) por via cutânea; 115 doentes foram submetidos a exodôncias. O número de dias de internamento variou entre 1 e 28, com um período médio de internamento de 6,4 dias. Vinte e um doentes (11,3%) necessitaram de internamento em UCI, sendo que a maioria destes (12) não apresentava co-morbilidades. A maioria dos doentes (112) foi avaliada por TAC, relativamente à extensão da doença. Quinze doentes necessitaram de fibroscopia ou apresentaram entubação difícil antes da drenagem cirúrgica; um doente necessitou de traqueotomia de urgên-

cia para assegurar a via aérea. Como complicações, registaram-se seis casos em que houve necessidade de re-intervenção cirúrgica, três casos de mediastinite, um caso de atelectasia pulmonar e um caso de abcesso intra-orbitário (gráfico 4). Três doentes necessitaram de intervenção conjunta pela Cirurgia Maxilo-Facial e Cirurgia Cárdio-Torácica.

Discussão A infeção odontogénica continua a ser o principal motivo de internamento por infeção cérvico-facial, com importante morbilidade para os doentes e elevados custos hospitalares, em termos de dias de internamento, fármacos administra-

Fig. 3. Fasceíte necrotizante da região submandibular, na sequência de infeção odontogénica do terceiro quadrante.

Fig. 4. Imagem de TAC em doente com abcesso submandibular direito, mostrando extensa colecção gasosa e desvio da coluna aérea para o lado oposto.

Fig. 5. Doente com quadro de Angina de Ludwig, elevação da língua e extensão dos sinais inflamatórios à parede torácica anterior.

Fig. 6. Drenos colocados nas locas submentoniana e submandibular bilateralmente.

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Ciência e prática dos e procedimentos cirúrgicos. A diabetes mellitus e outras condições patológicas que afectam a imunidade têm sido persistentemente referidas na literatura como factores predisponentes para a gravidade destas infeções7,5. No entanto, a maioria dos doentes na nossa casuística não apresenta qualquer co-morbilidade relevante, não havendo igualmente diferenças neste ponto entre os doentes que necessitaram de internamento em UCI e os restantes, levando assim a crer que este não parece ser o factor determinante na gravidade clínica da infeção. Mais da metade dos doentes já se encontrava medicado com antibiótico, não tendo este no entanto impedido a evolução do quadro com necessidade de internamento. Vários factores têm sido apontados na literatura que poderão explicar este achado, nomeadamente o uso disseminado de antibióticos, com aumento das resistências bacterianas aos mesmos7,8,9. O tipo de antibiótico utilizado também parece ser importante, não sendo de desprezar o facto de se terem encontrado 18 esquemas terapêuticos diferentes nos doentes analisados, que incluíam quinolonas, cefalosporinas e macrólidos, entre outros. A amoxicilina + ácido clavulânico, em associação ao metronidazol e à gentamicina (para cobertura de gram positivos, gram negativos e anaeróbios), mantém-se no Serviço de CMF como a primeira linha de combate à infeção odontogénica. A clindamicina é uma das alternativas em doentes alérgicos à penicilina, com bons resultados, havendo no entanto vários relatos recentes de aumento da resistência a este fármaco10,11. O facto de haver um número significativo de quadros graves, nomeadamente Angina de Ludwig e mediastinite, demonstra bem a importância do combate precoce e eficaz à infeção dentária.

Conclusões A infeção odontogénica continua a ser um grave problema de Saúde Pública. Por motivos económicos e sociais, mui-

tos dos doentes continuam a protelar os cuidados de Saúde Oral, recorrendo a assistência médica apenas com quadros de infeção já instalada, muitas vezes numa fase em que o desvio da via aérea e a disseminação da infeção aos espaços fasciais profundos é já uma preocupação. A compliance do doente é também um importante factor de insucesso terapêutico, uma vez que muitos doentes tendem a abandonar a terapêutica antibiótica logo após a melhoria sintomática, aumentando assim a probabilidade de resistência antimicrobiana11. É importante reforçar, junto da população, a importância do cumprimento escrupuloso da terapêutica prescrita. Muitos dos doentes internados já haviam sido observados e medicados, mantendo-se no entanto a evolução desfavorável do quadro, com necessidade de tratamento em regime hospitalar. Para além da administração precoce da antibioterapia adequada, o tratamento etiológico, seja por meio da exodôncia ou outros tratamentos dentários adequados, é fundamental no controlo da situação11. A exodôncia do dente causal, na infeção com origem em cárie dentária, representa muitas vezes a medida fulcral na resolução do quadro infecioso, que não se consegue controlar adequadamente sem eliminação da causa. A presença de sinais de alarme, nomeadamente disfagia, dispneia, edema do pavimento oral, trismus severo ou deterioração progressiva do estado geral, devem alertar para a possibilidade de se estar em presença de um quadro infecioso grave, pelo que o doente deve ser encaminhado imediatamente à urgência hospitalar, para assegurar controlo e vigilância adequados11. Quadros como a mediastinite e a fasceíte necrotizante (fig. 3), com taxas de mortalidade que rondam os 40%, devem a todo o custo ser evitados, pelo controlo precoce da infeção5,11. Deste modo, o controlo pré-hospitalar da infeção assume o papel principal na abordagem do doente com infeção cérvico-facial odontogénica, devendo este ser precoce, eficaz e com acompanhamento regular do doente até resolução completa do quadro.

Bibliografia 1 . S e p p ä n e n , L e t a l . Changing clinical features of odontogenic maxillofacial infections. Clinical Oral Investigations 2010 Aug; 14(4):459-65. 2 . V i c e n t e - R o d r i g u e z , J C . Celulitis maxilofaciales. Medicina Oral, Patologia Oral y Cirugia Bucal 2004; 9 Suppl:S126-38. 3 . M a r i o n i , G e t a l . Rational diagnostic and therapeutic management of deep neck infections: analysis of 233 consecutive cases. Annals of Otology, Rhinology and Laryngology 2010 Mar; 119(3):181-7. 4 . S a l i n a s , M B e t a l . Antibiotic susceptibility of the bacteria causing odontogenic infection. Medicina Oral, Patología Oral y Cirugia Bucal 2006; 11:E70-5. 5 . S u e h a r a , A B e t a l . Deep neck infection – analysis of 80 cases. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 2008; 74(2):253-9. 6 . J i m é n e z , Y e t a l . Infecciones odontogénicas. Complicaciones. Manifestaciones sistémicas. Medicina Oral, Patología Oral y Cirugía Bucal 2004; 9 Suppl:S139-47. 7 . S e p p ä n e n , L e t a l . Analysis of systemic and local odontogenic infection complications requiring hospital care. The Journal of Infection 2008 Aug; 57(2):116-22. 8 . S a n c h o - P u c h a d e s , M e t a l . Antibiotic prophylaxis to prevent local infection in Oral Surgery: use or abuse? Medicina Oral, Patología Oral y Cirugía Bucal 2009 Jan 1;14(1):E28-33. 9 . S a n c h o - P u c h a d e s , M e t a l . Analysis of the antibiotic prophylaxis prescribed by Spanish Oral Surgeons. Medicina Oral, Patología Oral y Cirugía Bucal 2009 Oct 1;14(10):e533-7. 1 0 . P o e s c h i , P W . Antibiotic susceptibility and resistance of the odontogenic microbiological spectrum and its clinical impact on severe deep space head and neck infections. Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology, Oral Radiology and Endodontics 2010 Aug; 110(2):151-6. 1 1 . M a r t í n e z , A B e t . Documento de consenso sobre el tratamiento antimicrobiano de las infecciones bacterianas odontogénicas. Medicina Oral, Patología Oral y Cirugía Bucal 2004; 9:363-76.

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Reabilitação da mandíbula edêntula por intermédio de quatro implantes em função imediata com tecnologia 3D

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Ciência e prática Introdução Os pacientes reabilitados com próteses totais removíveis mucosuportadas durante vários anos, apresentam reabsorções ósseas severas dos maxilares que se associam a problemas funcionais, estéticos e fonéticos, com um possível impacto significativo na saúde geral1. Estas alterações referidas pelos pacientes refletem-se nomeadamente em: falta de retenção da prótese, dor, falta de suporte labial e diminuição da dimensão vertical1-3. A aplicação do protocolo cirúrgico All-on-4 (Nobel Biocare) permite reabilitar pacientes edêntulos com apenas quatro implantes na região anterior em função imediata e com altas taxas de sucesso, necessitando de um volume mínimo de osso, evitando cirurgias invasivas e morosas de enxerto ósseo3-9.

Recorrendo ao uso de uma guia cirúrgica é possível realizar uma cirurgia minimamente invasiva, com elevado grau de segurança e previsibilidade, sendo possível escolher previamente a localização, profundidade e tipo de implantes no modelo 3D através do software NobelClinician7. Algumas limitações têm sido apontadas a este procedimento, nomeadamente a perda de tecido gengival queratinizado, especialmente nos casos mandibulares. A falta de tecido queratinizado pode influenciar o prognóstico a longo termo, com maior probabilidade de recessão da mucosa, acumulação de placa bacteriana e hemorragia do complexo periimplantar10. O caso clínico tratado pretende demonstrar a reabilitação de uma mandíbula edêntula com tecido queratinizado

Armando Lopes Armando Lopes Médico dentista. DDS. Diretor Departamento de Cirurgia Oral da Malo Clinic. Nuno Bangola Médico dentista. DDS. Departamento de Cirurgia Oral da Malo Clinic. Bruno Seabra Médico dentista. DDS Departamento de Prostodontia e Diretor Departamento Radiologia da Malo Clinic. Miguel de Araújo Nobre Médico dentista. RDH. Diretor Departamento de Investigação e Desenvolvimento da Malo Clinic. Paulo Malo Médico dentista. DDS, PhD. Diretor Clínico da Malo Clinic. Lisboa.

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Ciência e prática reduzido, aliando o protocolo cirúrgico All-on-4 com a tecnologia NobelGuide.

Caso clínico Paciente do sexo feminino, com 65 anos, apresentando uma reabilitação total removível bimaxilar, recorreu à clínica procurando uma solução para a falta de retenção, função e estética insatisfatórias da prótese que usava no maxilar inferior. Após o exame clínico completo e a execução de uma ortopantomografia (Kodak 8000C, Carestream, Rochester, Nova Iorque, EUA) complementar ao diagnóstico, propôs-se como plano de tratamento ideal, uma reabilitação fixa implanto-suportada segundo o protocolo cirúrgico All-on-4 recorrendo à utilização de guias cirúrgicas (figs. 1 e 2) dado a paciente preencher os critérios de inclusão: volume ósseo suficiente, linha de sorriso baixa e capacidade de abertura da boca acima de 50 mm7. No entanto, existiam menos de 6 mm de espessura de gengiva queratinizada na mandíbula o que ditou a modificação do protocolo original com a utilização de retalho durante a cirurgia.

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Para determinar o volume de osso mandibular, foi executada uma tomografia computorizada de feixe cónico (Kodak 9500, Carestream) e uma reconstrução 3D (figs. 3 a 5). Realizou-se o estudo para colocação de implantes de acordo com: anatomia e distribuição pretendida, escolha do tamanho de implante e o melhor trajeto, de acordo com o protocolo7. Utilizou-se a técnica de dupla leitura: primeiro, foi executada uma nova prótese removível inferior em laboratório (guia radiográfica) de acordo com estudo protético estético e funcional. Usando esta nova prótese removível acrílica, em que foram colocadas marcas de gutta percha dispostas aleatoriamente, o paciente realizou um novo exame CBCT em que ficaram incluídas as referências radiopacas (fig. 6). De seguida, adquiriram-se as imagens em 3D apenas da guia radiográfica por intermédio do CBCT. Os dados obtidos (ficheiros Dicom-Digital Imaging and Communications in Medicine) foram exportados para o software NobelClinician, visando o planeamento final da guia cirúrgica. Foram planeados no software 3D, quatro implantes NobelSpeedy Groovy RP de 15 mm de comprimento com conexão de dois pilares retos

Fig. 1. Ortopantomografia pré-cirúrgica evidenciando na mandíbula ausência de volume ósseo para a colocação de implantes na região posterior aos buracos mentonianos.

Fig. 2. Fotografia intra-oral do rebordo edêntulo mandibular (menos de 6 mm de espessura de gengiva queratinizada).

Fig. 3. Cortes transaxiais do CBCT da mandíbula mostrando volume ósseo disponível para a técnica de All-on-4 com NobelGuide (mais de 5 mm de espessura por 10 mm de altura entre os buracos mentonianos).

Fig. 4. Imagens 3D da anatomia da mandíbula da paciente utilizando o software Kodak Dental Imaging Software 3D module – Beta v.2.2.

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Ciência e prática

Fig. 5. Imagem 3D da anatomia da mandíbula da paciente evidenciando a saída do nervo dentário inferior utilizando o software Kodak Dental Imaging Software 3D module – Beta v.2.2.

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Fig. 6. Paciente durante CBCT com guia radiográfica com marcadores de gutta percha (Kodak 9500).

Fig. 7. Imagem final do planeamento 3D do All-on-4 mandíbula com Nobelguide no software NobelClinician.

Multi-unit RP de 2 mm nos implantes anteriores e dois pilares angulados de 30º de 4 mm non-engaging nos implantes posteriores, tendo sido posteriormente encomendada a guia cirúrgica (fig. 7). A guia cirúrgica permitiu produzir laboratorialmente o modelo de gesso de trabalho. A guia radiográfica (prótese removível) foi então utilizada para articular os modelos de gesso e foi convertida (rebasada) numa prótese total fixa acrílica sobre implantes. A cirurgia foi realizada utilizando a guia cirúrgica, sendo o procedimento menos invasivo, menos complexo e, consequentemente mais confortável e mais seguro para o paciente. Foi utilizado um protocolo cirúrgico modificado – devido à espessura de gengiva queratinizada ser inferior a 6 mm –, no qual se recorreu à abertura de retalho muco-periósteo, permitindo a preservação do tecido queratinizado existente. No protocolo cirúrgico clássico o uso do tissue punch no início da cirurgia remove um círculo de 4 mm de diâmetro de tecido queratinizado e mucosa. De forma a evitar esta situação, após a estabilização da guia cirúrgica através dos pinos de ancoragem, removeu-se a mesma e procedeu-se a um retalho de espessura total de forma a dividir o tecido queratinizado em duas meta-

des (de primeiro molar a primeiro molar). O retalho lingual foi afastado da área cirúrgica através de um ponto de sutura e depois da colocação dos implantes e remoção da guia cirúrgica os bordos do retalho foram unidos com sutura não reabsorvível (seda 4-0 Braun Silkam, Aesculap, Tuttlingen, Alemanha) (figs. 8 a 13). No pós-operatório foi prescrita a seguinte medicação: amoxicilina 875 mg e ácido clavulâmico 125 mg (Labesfal) a cada oito horas durante os quatro primeiros dias e a cada 12 horas até ao oitavo dia pós-operatório; corticosteróide (Meticorten; Schering-Plough Farma Lda, Agualva-Cacém, Portugal) 15 mg no dia da cirurgia, 10 mg nos dois primeiros dias após a cirurgia e 5 mg no terceiro e quarto dias pós-operatório; ibuprofeno (ibuprofeno 600 mg; Ratiopharm Lda.,) a cada 12 horas a partir do quarto dia pós-operatório até ao oitavo dia; e analgésico Clonix (Clonix 300 mg; Janssen-Cilag) administrados durante três dias pós-operatório se necessário. Para além da medicação descrita, foram fornecidas instruções de higiene oral, juntamente com a aplicação de gel de clorhexidina 0,2% (Elugel, Pierre-Fabre Dermo-Cosmetique) durante cerca de quatro meses após a cirurgia. Uma prótese acrílica de 12 dentes preparada previamente, foi aparafusada aos pilares protéticos imediatamente após a cirurgia (fig. 14).

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Ciência e prática

Fig. 8. Guia cirúrgica estabilizada em boca no início da cirurgia através dos pinos de ancoragem.

Fig. 9. Realização de retalho de espessura total dividindo tecido queratinizado após remoção temporária da guia cirúrgica.

Fig. 10. Colocação do primeiro implante (NobelSpeedy Groovy RP 15 mm, através da guia cirúrgica com o respetivo transportador.

Fig. 11. Todos os implantes colocados através da guia cirúrgica na posição determinada virtualmente no software.

Figura 12. Tecido queratinizado (lingual e vestibular) preservado e afastado da área cirúrgica após colocação precisa e exata dos quatro implantes segundo o protocolo cirúrgico All-on-4.

Fig. 13. Fotografia intra-oral pós-cirúrgica evidenciando o reposicionamento do retalho após a colocação dos implantes.

A sobrevivência de implantes foi avaliada de acordo com os seguintes critérios: estabilidade clínica, função sem qualquer desconforto e ausência de supuração ou infeção aos dez dias, dois, quatro, seis e 12 meses após cirurgia, perda óssea inferior a 2 mm após o primeiro ano de função, ausência de áreas radiolúcidas em torno dos implantes. Todos os implantes cumpriram os critérios de sucesso pré-estabelecidos, não tendo sido observadas complicações biológicas ou biomecânicas durante o decorrer do seguimento do paciente.

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Discussão Foi utilizado o protocolo All-on-4 com NobelGuide modificado – abordagem com elevação de retalho –, permitindo a preservação do tecido queratinizado. A viabilidade desta técnica é suportada pela sua precisão no transporte do planeamento virtual do modelo 3D para a obtenção da guia cirúrgica, a inserção dos implantes e conexão da prótese no mesmo passo cirúrgico. Deste modo, permite a simplificação do protocolo cirúrgico


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Ciência e prática para a equipa clínica e do período pós-operatório para o paciente sem comprometimento do sucesso7. O tecido queratinizado pode influenciar o resultado final da reabilitação tanto direta como indiretamente: a manutenção do tecido queratinizado permite a redução da probabilidade de incidência de recessão da mucosa periimplantar, da acumulação de placa bacteriana e de hemorragia do complexo periimplantar10, para além do potencial de influenciar positivamente a reabsorção óssea

marginal e a estética das reabilitações implantossuportadas11. Por outro lado, poderá influenciar indiretamente o risco de incidência de patologias periimplantares, dado que se torna mais difícil a manutenção de uma boa higiene oral do complexo periimplantar sem a presença de uma faixa de tecido queratinizado, sendo que a relação causal entre a acumulação de placa bacteriana e a ocorrência de patologias periimplantares já foi demonstrada previamente12.

Fig. 14. Fotografia intra-oral pós-cirúrgica (dia da cirurgia) com a prótese acrílica implantossuportada colocada em função imediata.

Fig. 15. Ortopantomografia pós-cirúrgica.

Conclusão Quando existe uma adequada seleção do paciente e um bom planeamento protético e cirúrgico, o uso do protocolo cirúrgico All-on-4 com o conceito NobelGuide apresenta-se vantajoso. A cirurgia é rápida, pouco invasiva e o pós-operatório reduzido (sem dor e sem edema), tornando-se por isso mais cómodo para o paciente. Para o cirurgião a técnica é simples, segura e previsível. Na mandíbula, a técnica modificada com retalho permite manter o tecido queratinizado em redor dos implantes melhorando o prognóstico destes no longo prazo.

Bibliografia 1 . F e l t o n D A . Edentulism and comorbid factors. J Prosthodont 2009; 18:88-96. 2 . W e y a n t R J , P a n d a v R S , P l o w m a n J L , Ganguli M. Medical and cognitive correlates of denture wearing in older community-dwelling adults. J Am Geriatr Soc 2004; 52:596-600. 3 . M a l o P , R a n g e r t B , N o b r e M . All-on-4 immediate function concept with Brånemark System implants for completely edentulous mandibles: a retrospective clinical study. Clin Implant Dent Relat Res 2003; 5:S2–S9. 4 . M a l o P , R a n g e r t B , N o b r e M. All-on-4 immediate-function concept with Brånemark System® implants for completely edentulous maxillae: A 1-year retrospective clinical study. Clin Implant Dent Relat Res 2005; 7:S88-S94. 5 . M a l o P , D e A r a ú j o N o b r e M , P e t e r s s o n U , W i g r e n S . A pilot study of complete ednetulous rehabilitaiton with immediate function using a new implant design: case series. Clin Implant Dent Relat Res 2006; 8:223-232. 6 . M a l o P , N o b r e M , L o p e s I . A new approach to rehabilitate the severely atrophic maxilla using extramaxillary anchored implants in immediate function: a pilot study. J Prosthet Dent 2008; 100: 354-366. 7 . M a l o P , D e A r a ú j o N o b r e M , L o p e s A . The use of computer-guided flapless implant surgery and four implants placed in immediate function to support a fixed denture: preliminary results after a mean follow-up period of thirteen months. J Prosthet Dent 2007; 97: S26-S34. 8 . A g l i a r d i E , P a n i g a t t i S , C l e r i c ò M , V i l l a C , M a l o P . Immediate rehabilitation of the edentulous jaws with full fixed prostheses supported by four implants: interim results of a single cohort prospective study. Clin Oral Implants Res 2010. 9 . M a l o P , D e A r a ú j o N o b r e M , L o p e s A , M o s s S M , M o l i n a G J . A longitudinal study of the survival of All-on-4 implants in the mandible with up to ten years of follow-up. J Am Dent Assoc 2011, 142:310-320. 1 0 . S c h r o t t A R , J i m e n e z M , H w a n g J W , F i o r e l l i n i J , W e b e r H P . Five-year evaluation of the influence of keratinized mucosa on peri-implant soft-tissue health and stability around implants supporting full-arch mandibular fixed prostheses. Clin Oral Implants Res 2009; 20: 1170-7. Epub 2009 Aug 30. 1 1 . K i m B S , K i m Y K , Y u n P Y , Y i Y J , L e e H J , K i m S G , S o n J S . Evaluation of peri-implant tissue response according to the presence of keratinized mucosa. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 2009; 107: e24-8. 1 2 . Y e u n g S C . Biological basis for soft tissue management in implant dentistry. Aust Dent J 2008; 53: S39-42.

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Ricardo Vicente Médico dentista. Prática clínica em Endodontia no Centro de Diagnóstico e Reabilitação Oral da Maia.

Tratamento endodôntico não cirúrgico de lesões periodontais O médico dentista é diariamente confrontado com dentes que apresentam periodontites apicais, normalmente detetadas por um exame radiográfico de rotina ou por dor aguda do dente. A periodontite apical é uma doença infeciosa, cujo principal factor etiológico são as bactérias colonizadoras do sistema canalar1. Para o correto procedimento de tratamento de lesões periapicais, numa primeira fase o tratamento endodôntico não cirúrgico está indicado2. Este tratamento tem como objetivo principal prevenir ou curar a periodontite apical através da limpeza, corte e preenchimento do espaço do canal radicular. O sistema de canais radiculares tem uma anatomia complexa, caracterizada pela presença de curvaturas, canais acessórios e laterais, deltas e istmos1. Idealmente, a endodontia deve fornecer um preenchimento tridimensional do canal radicular principal e canais acessórios2 (fig. 1, a-b) e devolver o estado de saúde e função ao dente sem intervenção cirúrgica2.

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Fig. 1, a-c. Preenchimento tridimensional dos canais principais, laterais e deltas.

Vários estudos demonstraram uma taxa de sucesso acima de 85% após tratamento endodôntico não cirúrgico de um dente com lesão periapical2. Quando este tratamento não é bem sucedido, o tratamento endodôntico cirúrgico deve ser equacionado2. Um dos principais factores que influenciam no resultado do tratamento é a reinfeção do sistema de canais radiculares1,3. Sendo as bactérias e os seus subprodutos os principais factores etiológicos da periodontite apical1, a sua eliminação é um dos passos mais importantes no tratamento dos canais1. Se o sistema de canais radiculares é parcialmente limpo, preparado

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Cadernos formativos e preenchido, o sucesso não pode ser esperado, persistindo bactérias, que podem ser aquelas originalmente presentes na infeção do canal e que sobrevivem aos procedimentos biomecânicos1. O fracasso endodôntico é causado pela infiltração coronária e infeção persistente na região apical da raiz e/ou nos tecidos perirradiculares, mesmo em dentes com canais aparentemente bem tratados1. Pode ser atribuído à complexa anatomia do sistema de canais radiculares e/ou degradação do material de obturação, que permite a colonização dos espaços previamente preenchido com cimento ou guta percha (fig. 2, a-b).

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Fig. 2, a-b. a) Raio-x apical mostrando um molar definitivo com lesão periapical presente nas duas raízes, onde se verifica que o preparo e respetivo preenchimento do canal distal foi parcial. b) raio-x apical após retratameto endodôntico não cirúrgico onde se verificam sinais de resolução da lesão.

O Retratamento de canais radiculares é um dos mais difíceis e demorados procedimentos endodônticos. A remoção do material de obturação é fundamental para a reformulação do sistema de canais radiculares e para o alcance do desejado objetivo em terapia canalar3.

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Fig. 3, a-b. a) Dente com tratamento endodôntico em que radiologicamente o tratamento parece bem sucedido, apresentando no entanto sintomatologia por parte do paciente. b) raio-x apical de controlo, seis meses após retratamento endodôntico.

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Cadernos formativos Descrição da técnica usada O exame clínico incluiu a avaliação de todas as características visuais de biofísica do dente e os tecidos circundantes, palpação, percussão, testes de vitalidade e estudos radiográficos.

Instrumentação e irrigação Uma vez realizado o isolamento absoluto e a abertura coronária, o preparo do terço cervical foi feito com a lima SX do sistema ProTaper® e a odontometria foi determinada e confirmada eletronicamente com o localizador apical eletrónico Root ZX®. Durante a instrumentação os canais são irrigados usando uma quantidade abundante de solução de NaOCl a 5,25%, sendo que este ainda permanece como o irrigante mais usado pelas suas propriedades antimicrobianas, lubrificantes e de dissolução orgânica4. Mais recentemente, a clorhexidina surgiu como um potencial irrigante com espetro de ação nas bactérias orais4. O preparo foi finalizado com a série de instrumentos do sistema ProTaper® e a obturação foi realizada com cones de guta percha e cimento obturador resinoso sob a técnica Híbrida de Tagger. As radiografias finais mostram dois dentes obturados terminando nos limites apicais estabelecidos pelo localizador apical eletrónico. O controle de seis meses mostrou sucesso clínico e radiográfico do tratamento endodôntico. O clínico deve sempre considerar a presença de variações anatómicas em todo o tratamento endodôntico.

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Fig. 4, a-c. a) Raio-x mostrando a presença de lesões periapicais associadas aos dentes 4.1 e 3.1. b) raio-x no dia da obturação, sendo visível o preenchimento dos canais em toda a sua extensão. c) raio-x de controlo após seis meses, onde já se constata resolução das lesões periapicais.

Obturação O objetivo da obturação é obter um selamento do sistema canalar desde a sua parte mais coronal ate ao ápice do dente. As propriedades ideais dos materiais de obturação incluem a capacidade de aderência e selamento ao sistema canalar, serem herméticos, não tóxicos, tolerância dos tecidos periapicais e estabilidade dimensional, o que não acontece com a compactação lateral5. No tratamento de dentes com calibres apicais elevados, a técnica de compactação lateral não tem demonstrado ser muito eficaz pois tem, em proporção à gutta, muito cimento resinoso, o que pode levar ao fracasso endodôntico, uma vez que esta é reabsorvida com o tempo5. O MTA tem provado ter muitas aplicações clínicas devido à sua superior capacidade seladora e ao facto de poder ser aplicado com a presença de sangue. Caracteriza-se por ter um efeito bactericida e é um material biocompatível. O MTA não sendo um material de uso rotineiro no tratamento de lesões periapicais mostra ser um material a ter em conta.

Bibliografia 1 . M a n i g l i a - F e r r e i r a C , V a l v e r d e G B , S i l v a J B J r , d e P a u l a R C , F e i t o s a J P , d e S o u z a - F i l h o F J . Clinical relevance of trans 1,4-polyisoprene aging degradation on the longevity of root canal treatment. Braz Dent J. 2007;18(2):97-101. 2 . F e r n a n d e s M , d e A t a i d e I . Nonsurgical management of periapical lesions. J Conserv Dent. 2010 Oct;13(4):240-5. 3 . F a r i n i u k L F , W e s t p h a l e n V P , S i l v a - N e t o U X , C a r n e i r o E , B a r a t t o F i l h o F , F i d e l S R , F i d e l R A . Efficacy of five rotary systems versus manual instrumentation during endodontic retreatment. Braz Dent J. 2011;22(4):294-8. 4 . S i g u e i r a J F , R ô c a s I N , P a i v a S S , G u i m a r ã e s - P i n t o T , M a g a l h ã e s K M , L i m a K C . Bacteriologic investigation of the effects of sodium hypochlorite and chlorhexidine during the endodontic treatment of teeth with apical periodontitis. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2007 Jul;104(1):122-30. 5 . T a h s i n Y i l d i r i m a a n d N i m e t G e n c o g l u b . Use of Mineral Trioxide Aggregate in the Treatment of Large Periapical Lesions: Reports of Three Cases. Eur J Dent. 2010 October; 4(4): 468–474.

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RTG no tratamento da recessão gengival

Médico estomatologista. Periodontia e Implantologia em exclusividade. Diretor de Clinicae Gingiva. Madrid (Espanha). www.gingiva.net

(membrana reabsorvível) Apresentação do caso Para explicar a técnica de RTG com membrana reabsorvível no tratamento da recessão gengival, apresentamos dois casos clínicos de lesões profundas em pacientes com recessões múltiplas. Em ambos os casos, o uso de técnicas convencionais, como a técnica de Langer, foi limitado por falta de espessura suficiente do paladar ou pelo seu uso no tratamento de outras recessões em outros sextantes. As membranas reabsorvíveis são compostas por uma matriz de fibras de copolímeros de ácidos poliláctidos (PLA) e poliglicólidos (PGA) e carbonato de trimetileno (TMC).

A solução (comentários à técnica) Estes materiais, totalmente compatíveis, degradam-se e são reabsorvidos por hidrólise através do ciclo de Krebs e por degradação enzimática no caso do carbonato de trimetileno, reabsorvendo-se em tempo suficiente para manter o espaço e assim permitir o crescimento e migração de células do ligamento periodontal e o osso alveolar. Face às membranas não reabsorvíveis, este tipo de membranas tem a vantagem de não precisar de uma reintervenção do paciente para a sua eliminação, obtendo de resto excelentes resultados. A frequente exposição do material como risco possível de infeção e o custo acrescido são as suas principais desvantagens.

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Clínica Gingiva Imagem da profunda e larga recessão do canino que trespassa a linha mucogengival. O osso interproximal conserva-se em ambos os lados da lesão, o que permite esperar um bom resultado. Procede-se ao desenho de um retalho de reposição coronal de espessura total.

Neste caso, utilizou-se uma membrana reabsorvível de copolímeros de PLA (poliláctido) e PGA (poliglicólido) XTN2 Gore Resolut. A membrana ajusta-se (e estabiliza) ao colo dentário com sutura reabsorvível.

Desepitelizam-se as papilas interdentárias e levanta-se um retalho de espesura total até sobrepassar em três milímetros o defeito ósseo. A partir desta distância, levantaremos o retalho de espessura parcial entre 8 a 10 mm, para permitir deslocar em sentido coronal o retalho por cima da linha amelocementária sem tensão.

A membrana é coberta totalmente pelo retalho, que será suturado numa posição mais coronal à linha amelocementária, graças a uma sutura suspensória. As incisões de descarga serão suturadas com pontos simples, com a precaução de tapar completamente a membrana. Neste caso, usou-se uma sutura monofilamente não reabsorvível de polipropileno.

As membranas não reabsorvíveis não têm um reforço de titânio que mantenha o espaço. Para o crear e manter, a membrana é suturada com um ponto na sua parte mais apical, ficando o nó na sua vertente externa. Cria-se assim uma dobra da membrana em forma de “tenda de campanha”.

Imagens pós-operatórias aos cinco e aos dez dias prévias à retirada da sutura. Uma complicação relativamente frequente ao usar este tipo de material é a precoce exposição do mesmo.

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Fichas clínicas odontológicas Imagens aos 20 dias e um mês após a intervenção. O material exposto desapareceu.

Imagem aos três meses. A paciente não efectua uma higiene adecuada, existindo uma gengivite na papila mesial. Reforçam-se as medidas de higiene, melhorando notavelmente a inflamação.

O segundo caso que apresentamos envolve uma paciente com um problema estético, devido a uma grande recessão do canino superior direito, com uma erosão da sua superfície radicular.

Procedeu-se ao desenho de um retalho de reposição coronal e desepitelizaram-se as papilas.

Imagem do caso volvidos três anos. Conseguiu-se regenerar os tecidos e o recobrimento radicular quase a cem por cento.

Imagens inicial e final do caso após três anos de tratamento. Na zona incisiva e canina contra-lateral realizou-se a Técnica de Langer.

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Desprendem-se amplamente os bordos do retalho para poder encher posteriomente a membrana por debaixo dos tecidos.


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Clínica Gingiva A erosão e irregularidades da superficie radicular alisam-se e aplanam-se com K 13 ou broca de pulir.

Imagens aos sete e aos dez dias, notando-se uma pequena exposição do material.

Para este caso, usou-se uma membrana reabsorvível Guidor (ácido poliláctido com enanitómeros de ácido lático e ésteres de ácido). A membrana apresenta uma estrutura em duas capas perfuradas, que mantém por si mesma o espaço, permitindo a migração celular (hoje em dia não comercializada).

Imagens aos 30 dias e um ano após a intervenção.

Imagens aos três e aos cinco anos.

A membrana é totalmente coberta com o retalho e suturada com fio Goretex.

Imagem aos sete anos. Existe uma cobertura total e estável da recessão. Compare-se com a situação inicial.

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Imagens da medicina oral Germán Esparza Gómez

Caso clínico VIII

Médico estomatologista. Doutorado em Medicina e Cirurgia. Professor titular de Medicina Bucal. Departamento de Medicina e Cirurgia Bucofacial. Faculdade de Odontologia da Universidade Complutense de Madrid. medoral@infomed.es

Descrição do caso Comparece na nossa consulta um homem de 79 anos que, desde há três meses, sente ardor, dor e incómodo geral na cavidade oral, que foram aumentando nas últimas semanas e que, ultimamente, o impedem de comer com normalidade. Tomou anti-inflamatórios não esteróides e realizou bochechos com colutórios de hexetidina, mas não houve melhora. Entre os antecedentes, é de destacar um hipotiroidismo secundário por doença de Graves-Basedow (em tratamento com tiroxina), osteoporose geral com esmagamento vertebral em D9 e uma hepatopatia crónica secundária por infeção do vírus C da hepatite. Na exploração da cavidade oral, observou-se que todas as superfícies das mucosas jugais apresentavam linhas de cor esbranquiçada, que não se podiam descolar e que assentavam sobre um fundo de aspeto atrófico-eritematoso, e sobre elas havia diversas erosões, algumas de grande tamanho. Em alguns pontos era possível observar a presença do teto de empolas esvaziadas. O dorso da língua também apresentava amplas zonas de aspeto atrófico, sem papilas e com erosões. Todas as lesões provocavam dor durante a exploração. Foi realizada uma biopsia das lesões da mucosa jugal esquerda e enviada para estudo histopatológico. Lesões erosivas múltiplas sobre um fundo atrófico-eritematoso e presença de lesões brancas lineares (estrias de Whickham) disseminadas sobre ambas mucosas jugais.

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Imagens da medicina oral

Diagnóstico:

Líquen Plano Erosivo Comentários Como já foi apresentado no caso clínico IV (MAXILLARIS nº 18, setembro de 2008, pág. 35), o líquen plano é uma doença crónica inflamatória que afeta a pele e/ou as mucosas e, principalmente, a mucosa da cavidade oral. Trata-se de um quadro de e t i o l o g i a desconhecida, mas os dados disponíveis atualmente fazem pensar que na sua p a t o g e n i a intervém uma resposta imune intermediada por células perante determinados antigénios associados às células epiteliais e que se manifesta por um infiltrado inflamatório justaepitelial formado por linfócitos T e que termina por desencadear uma degeneração hidrópica da capa de células basais do epitélio. Já foi dito com anterioridade que, do ponto de vista c l í n i c o, as lesões mucosas do líquen plano podem agrupar-se em dois grandes tipos: f o r m a s r e t i c u l a r e s e f o r m a s a t r ó f i c o - e r o s iv a s. Estas formas clínicas podem apresentar-se isoladamente ou coexistir num mesmo paciente. As f o r m a s a t r ó f i c o - e r o s i v a s (como o caso clínico que nos ocupa) são consequência de um afinamento do epitélio, com uma área de cor avermelhada e aspeto atrófico. Quando a parte afetada é o dorso da língua, desaparecem as papilas. Às vezes, como consequência de qualquer roce, por menor que seja, ou traumatismo, o epitélio rompe-se ou descola-se e surgem erosões, falhas de continuidade do epitélio geralmente pouco profundas, mas que podem chegar a ser muito estendidas. Em casos severos, como o que aqui se apresenta, pode ocorrer a separação do epitélio e a formação de empolas. Estas formas atrófico-erosivas costumam ser fonte de sintomatologia (diferentemente do líquen reticular que costuma ser assintomático), que varia de ardor ou irritação leve até autêntica dor. Em outros casos, o processo fica restrito à gengiva do paciente, que pode apresentar diversos graus de eritema e descamação do epitélio e que recebe o nome de g e ng i v i t e d e s c a m a t i v a (similar aspeto pode surgir também em outras doenças, como o penfigoide mucoso ou o penfigo vulgar). Na maior parte dos pacientes com lesões atrófico-erosivas, quase sempre é possível observar alguma lesão reticular (estrias de Whickham) bordeando as erosivas (como acontece neste caso) ou isoladamente em outra localização. O d i a g n ó s t i c o baseia-se conjuntamente na observação das lesões clínicas e no estudo histopatológico de uma amostra do tecido afetado. As descobertas histopatológicas do líquen plano são caraterísticas mas não específicas, pois outros processos (como o lúpus eritematoso, por exemplo) podem apresentar um padrão similar. Ao microscópio é possível observar diferentes graus de ortoqueratose ou paraqueratose no epitélio, em função da procedência do material para biopsia (área erosiva ou reticular). A grossura do estrato espinhoso pode ser variável. As cristas epiteliais podem estar ausentes ou hiperplásicas. A destruição do estrato basal do epitélio (degeneração hidrópica) costuma ser evidente e ir acompanhada de infiltração inflamatória de linfócitos T subepitelial. Os queratinocitos degenerados (corpúsculos colóides, citóides ou de Civatte) podem observar-se na interface epitélio-conectivo. Em algumas ocasiões, e para proceder a um d i a g n ó s t i c o d i f e r e n c i a l (que deve incluir outros processos erosivos como o

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lúpus eritematoso ou a estomatite crónica ulcerosa), é necessário lançar mão de técnicas de imunofluorescência directa, que costumam mostrar o depósito de fibrinogénio na membrana basal. Em relação ao t r a t a m e n t o, como já foi dito, as formas reticulares são assintomáticas e não requerem terapêutica, mas é totalmente recomendável que o paciente passe por uma revisão a cada seis meses, bem como acompanhar a evolução das lesões. Em contrapartida, as formas atrófico-erosivas costumam ser bastante incómodas para o paciente e precisam de tratamento. Os corticóides continuam a ser o pilar fundamental da terapêutica. Em princípio, indica-se o uso tópico: acetónido de triamcinolona a 0,1%, propionato de clobetasol a 0,025-0,05% ou acetonido de fluocinolona a 0,05-0,1%. Podem aplicar-se em orabase (veículo adesivo para a mucosa) em caso de lesões localizadas ou em solução aquosa quando as lesões estiverem dispersas. Normalmente, o tratamento é iniciado com três aplicações/bochechos diários e a dose diminui paulatinamente conforme as lesões vão sendo controladas. O paciente sempre deve ser avisado de que se trata de um processo crónico e com evolução em surtos, motivo pelo qual, muito frequentemente e de forma irremissível, voltarão a surgir novas lesões que, mais uma vez, deverão ser tratadas. Em casos severos ou refratários limitados a uma localização, podem ser aplicadas injecções ao redor das lesões de preparações depot (valerato de betametasona ou acetonido de triamcinolona) aplicando um vial por semana, enquanto as lesões persistirem. Os corticóides via sistémica, prednisona 40-60 mg/dia, aplicados durante uma semana para, posteriormente, reduzir pouco a pouco a dose, estão indicados exclusivamente para os casos mais severos e/ou que não tenham respondido ao tratamento tópico. Outros tratamentos aplicados para o líquen plano incluem retinóides, azatioprina, ciclosporina, levamisol ou PUVA (psoralen + raios UVA). Porém, contam com uma menor experimentação clínica, podendo produzir efeitos colaterais severos. Além disso, a sua eficácia é contraditória em muitos casos. Foi observada certa associação, não bem explicada, entre o líquen plano e a h e p a t i t e C, motivo pelo qual é aconselhável realizar a serologia para esta entidade nos pacientes afetados pelo líquen plano. Outro assunto por resolver, ainda muito discutido, é o potencial de t r a n s f o r m a ç ã o m a l i g n a do líquen plano. Segundo alguns cientistas, o epitélio afinado das formas atrófico-erosivas é mais suscetível à ação de carcinogénios e, por isso, aumenta o risco de transformar-se em cancro. Foram descritos casos de líquen plano que derivaram em casos malignos, mas a maior parte deles não estão bem documentados. Os dados disponíveis atualmente permitem afirmar que esse risco, caso exista, é pequeno, parece afetar os pacientes de mais idade e permanece restrito aos casos atrófico-erosivos, principalmente aos localizados na língua.


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Documentário Projeto Dentista do Bem faz balanço positivo da sua atividade em Portugal

Sorrisos voluntários em tempo de crise A rede de voluntariado Dentista do Bem – uma iniciativa da organização não governamental brasileira Turma do Bem – está presente em vários pontos da América Latina com o objetivo de prestar atendimento odontológico gratuito a milhares de menores carenciados. Portugal foi o primeiro país da Europa a abraçar este projeto, em junho de 2010, e os resultados são bastante animadores: 250 médicos dentistas voluntários de 47 cidades já aderiram à rede e as crianças abrangidas aproximam-se das cinco centenas.

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m época de crise, o projeto Dentista do Bem é mais um exemplo de voluntariado, que tem feito despontar sorrisos na boca de milhares de crianças e adolescentes da América Latina e, mais recentemente, em território nacional. Tudo começou no Brasil, em 1995, quando o fundador do projeto – o médico dentista Fábio Bibancos – lançou o seu primeiro livro (“Um Sorriso Feliz para seu Filho”) sobre prevenção na área da saúde oral. O autor começou por ser convidado para realizar palestras em escolas particulares, passando depois a intervir nas escolas públicas. No final dessas palestras, as mães vinham falar com o orador e mostravam a boca dos seus filhos em péssimas condições de saúde oral, onde a prevenção já não funcionava. Foi então que Fábio Bibancos começou a oferecer tratamento odontológico gratuito a essas crianças, mas a procura foi crescendo de tal forma que o médico dentista deixou de ter condições para dar resposta a tantos pacientes. Decidiu mobilizar alguns amigos para – tal como ele – atenderem gratuitamente essas crianças mais carenciadas, criando assim uma rede de médicos dentistas voluntários. O objetivo é prestar atendimento odontológico gratuito as crianças mais pobres e que apresentam problemas odontológicos, até completarem 18 anos.

Já são mais de 450 as crianças em tratamento, a título gratuito.

Hoje são mais de 11.000 os “dentistas do bem” que atendem gratuitamente largos milhares de crianças nos seus consultórios. Além do Brasil, a rede estendeu-se a nove países da América Latina (Argentina, Chile, Paraguai, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela e México). A meta é chegar ao final de 2011 com 22.000 crianças atendidas. Em Portugal, o primeiro país da Europa a abraçar este projeto, a Turma do Bem tem como parceira a Fundação EDP, que apoia esta causa promotora da inclusão social dos jovens, proporcionando-lhes perspetivas de melhor qualidade de vida. Em pouco mais de um ano de vida em Portugal, foram superadas todas as metas e expetativas: 250 dentistas de 47 cidades portuguesas já aderiram ao projeto e são mais de 450 as crianças (entre os 11 e os 17 anos) em tratamento. Cada médico dentista (ou estomatologista) voluntário é responsável pelo acompanhamento de cada criança até esta atingir os 18 anos de idade. Os profissionais preenchem um termo de voluntariado e recebem nos seus consultórios crianças ou adolescentes selecionadas. Cabe ao próprio médico dentista escolher quantos pacientes pretende tratar (há quem atenda mais de três dezenas). Camila Carnicelli, coordenadora do projeto em Portugal.

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Documentário O paciente é recebido como se fosse um cliente particular: liga para marcar a consulta, agenda horários, em suma, submete-se a todos os procedimentos habituais de um consultório dentário. A vantagem é que o profissional pode realizar um trabalho voluntário sem ter de sair do seu local de trabalho. O modo de atuação do Dentista do Bem obedece a vários passos. Em primeiro lugar, a rede localiza uma escola ou instituição numa região carenciada. Em seguida, um voluntário realiza o rastreio, através do qual são selecionadas as crianças mais necessitadas clínica e socialmente. A fase seguinte passa pela realização de reuniões com os pais dos utentes, já que é fundamental o envolvimento da família no processo. Por fim, a Turma do Bem encaminha e acompanha todo o tratamento junto dos “dentistas do bem”. Desde que iniciou a sua atividade em Portugal, esta organização realizou vários rastreios em escolas públicas e instituições um pouco por todo o país. Na capital, por exemplo, teve lugar um mega rastreio que contou com a presença de 500 crianças de várias escolas públicas da Grande Lisboa. Das cinco centenas de crianças observadas, 230 foram selecionadas pelo projeto e encaminhadas para os consultórios voluntários. No Porto já foram efetuadas cerca de 10 triagens e em Beja foi feito um rastreio na Casa Pia local, que permitiu solucionar os casos mais graves com os jovens daquela instituição. Em Sines foram atendidos os jovens da escola Âncora, associada à Santa Casa da Misericórdia.

Projeto em expansão Apesar de ter superado em larga escala os números previstos para o primeiro ano de atividade em Portugal, “a verdade é que ainda há um longo percurso a percorrer”, constata a coordenadora do projeto, Camila Carnicelli, lembrando que o número total de profissionais do setor em Portugal é superior a sete mil. “A nossa meta é aumentar a rede, pois quanto maior for o número de dentistas voluntários, maior será o número de crianças atendidas pelo projeto. Além de crescer nas cidades e zonas do país onde já estamos, queremos chegar aos locais onde ainda não temos voluntários”, adianta à MAXILLARIS Camila Carnicelli, apontando como exemplos as regiões autónomas da Madeira e dos Açores, e distritos como Portalegre, Santarém, Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Bragança. Resta saber que outras coordenadas geográficas, na Europa ou noutros pontos do mundo, poderão vir a ser abrangidas no futuro por esta rede de voluntariado. A coordenadora do projeto português diz que, à partida, “não há planos de levar a Turma do Bem para outros países da Europa”. O que existe é a intenção de avançar para outros países de língua portuguesa. “Já estamos em fase de estudo de viabilização do projeto Dentista do Bem em Moçambique e Timor Leste”, conclui Camila Carnicelli.

Prémio Sorriso do Bem O momento mais aguardado do ano pelos associados e amigos da Turma do Bem é a entrega do Prémio Sorriso do Bem, um grande evento que homenageia quem mais se destacou no projeto Dentista do Bem durante o ano, entre voluntários, empresas, escolas e imprensa. Patrícia Amorim, Madalena Coelho Penha, Cristina Cardoso, Pedro Ferreira Lopes, Virginia Milagre, Jaime Capela, David Cardoso, Cristiane Yazbek e Alaíze Silva foram os dentistas portugueses que marcaram presença na edição de 2011 do Sorriso do Bem, que se realizou recentemente no Teatro Bradesco, em São Paulo (Brasil). Cerca de 400 dentistas de dez países da América Latina e Portugal foram homenageados pelo trabalho voluntário desenvolvido. O título de Melhor Dentista do Mundo foi concedido este ano a Luciana Bason Marques, de Pindamonhangaba (São Paulo). Esta profissional brasileira foi escolhida graças ao grande impacto social do seu trabalho, já que conseguiu mobilizar um número enorme de dentistas de Pindamonhangaba e ampliar o número de atendimentos, entre outras ações que fizeram com que mais jovens chegassem pela primeira vez à cadeira do dentista. Durante a cerimónia, foram premiados outros colaboradores do projeto, brasileiros e estrangeiros, incluindo a portuguesa Patrícia Cruz (na categoria de melhores voluntários não-dentistas) e o canal de televisão SIC Notícias, como um dos meios de comunicação que mais colaboraram com divulgação do trabalho da organização. Nos dias anteriores à entrega dos prémios, a Turma do Bem proporcionou formação a cerca de 400 dentistas.

A contar da esquerda, David Cardoso, Pedro Ferreira Lopes, Patrícia Amorim, Cristina Cardoso, Cristiane Yaszbek e Jaime Capela. A delegação portuguesa participou numa escultura da artista brasileira Vik Muniz, feita com escovas e pastas de dentes.

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O meu sorriso Zé Manel foi fundador e vocalista da banda Fingertips, que liderou oito anos, antes de optar pela carreira a solo. O cantor foi nomeado para três Globos de Ouro e assegurou as primeiras partes de concertos dos The Corrs, Queen, George Michael e Nelly Furtado. Atualmente, protagoniza o projeto musical Darko, em que assume a composição escrita e musical de todos os temas, bem como a co-produção do seu disco de estreia. Em 2009, escreveu o romance Inquietude e agora prepara-se para protagonizar a curta-metragem “Amar Demais”, cujo argumento é da sua autoria. À margem do meio artístico, é sócio fundador da Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas.

tais. Vivia desconfortável com o facto de ter os dentes muito pequenos e afastados, e o doutor Miguel Stanley resolveu revolucionar o meu sorriso.

M Em criança ou adolescente usou aparelho ortodôntico? Z é M a n e l . Nunca precisei, felizmente.

sensações se identifica mais quando se senta na cadeira do dentista: pavor, resignação ou determinação. Z é M a n e l . Sem dúvida, resignação. Acho que a sensação não é agradável para ninguém. No entanto, quando estamos entregues a bons profissionais devemos tentar não ceder ao mito do “terrível” dentista.

sua profissão? Z é M a n e l . Na minha e em qualquer outra profissão. O sorriso é um excelente cartão de visita e a imagem tem sempre um certo peso nas relações humanas.

M De que forma ter um sorriso bonito M Com qual (ou quais) das seguintes e uma boa higiene oral é importante na

M Evita fumar ou comer algum tipo de alimento ou bebida que escureça os dentes? Z é M a n e l . Neste campo sou mal comportado. Fumo e sou incapaz de me privar de comer o que quer que seja, já que sou fã da nossa gastronomia e até um bom executante da mesma.

M Qual foi o maior elogio que já ouviu ao seu sorriso? Z é M a n e l . Gostei do seguinte comentário: “não consigo chatear-me contigo, porque quando te ris fazes-me logo rir”. M Qual é o sorriso que não o deixa

indiferente? Z é M a n e l . Um sorriso nunca me deixa indiferente. Mas se falarmos sob outra perspetiva… sou certamente fã do sorriso da cantora Gemma Hayes.

M AXILLARIS. Com que regularidade vai ao dentista? Z é M a n e l . Trimestralmente. M Que cuidados de higiene oral tem diariamente? Z é M a n e l . Lavo os dentes pela manhã e antes de me deitar, bem como no fim das refeições. Também uso fio dentário. M Que tipo de escova de dentes usa? Z é M a n e l . Uma escova electrónica por me permitir aceder a todos os recantos da minha dentição. M Já recorreu a tratamentos dentários

específicos? Z é M a n e l . Já fiz um branqueamento e tenho quatro facetas nos dentes fron-

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Quando estamos entregues a bons profissionais, devemos tentar não ceder ao mito do “terrível” dentista

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Calendário de cursos III Curso intensivo em periodontologia ITI (International Team for Implantology), em colaboração com a Straumann, inaugura no próximo mês de dezembro a terceira edição do curso intensivo em periodontologia, que irá decorrer, até março do próximo ano, no Centro de Estudos de Medicina Dentária do Amial (Porto). O coordenadora do curso, Célia Coutinho Alves, contará com o apoio de Manuel Neves, Juan Blanco Carrión, Teresa Pinho e Helena Rebelo. O objectivo geral do curso é oferecer a oportunidade aos participantes de avançar na sua formação na área da periodontologia com uma vertente essencial de aplicação clínica. Está aberto o prazo de inscrição. Straumann. 228 347 766 • anacristina@manuelneves.com

Ciclo de ortodontia clínica e ortopedia dento-facial O ciclo de excelência "Ortodontia clínica e ortopedia dento-facial", uma iniciativa do Campus Odontológico Internacional, vai ter início em dezembro, em Salamanca. O objetivo é oferecer uma ampla e sólida formação teórica-prática, onde se ensinam diferentes técnicas que permitirão aos profissionais do setor a possibilidade de escolher a melhor técnica para a sua prática clínica diária. O ciclo terá uma duração de 14 meses, com uma carga horária total de 560 horas, e divide-se em 14 módulos, de acordo com o seguinte modelo: uma primeira fase de formação teórica, com recurso a tecnologia audiovisual; uma segunda fase de formação prática, de nível laboratorial (confeção de aparatologia ortodôntica) e pré-clínica (habilidades e conhecimentos próprios dos tratamentos de ortodontia em tipodontos especiais). Eis as datas já programadas do curso: • 1º módulo: 1 a 6 de dezembro. • 2º módulo: 19 a 24 de janeiro de 2012. • 3º módulo: 16 a 21 de fevereiro de 2012. • 4º módulo: 15 a 20 de março de 2012. (0034) 609 788 884 (atendimento em Português) • 5º módulo: 19 a 24 de abril de 2012. info@campusodontologico.com • 6º módulo: 17 a 22 de maio de 2012. www.campusodontologico.com

Formação em estética dentária Ceodont (Grupo Ceosa) tem em marcha um curso em Estética Dentária. Os últimos módulos do programa, que conta com Mariano Sanz Alonso, Manuel Antón Radigales e José A. de Rábago Vega como ministrantes, são os seguintes: • 5. Carilhas de porcelana I: indicações, talhado e impressões; 20 e 21 de janeiro de 2012.• 6. Carilhas de porcelana II: cementado e ajuste oclusal; 17 e 18 de fevereiro de 2012.• 7. Coroas de recobrimento total e incrustações; 16 e 17 de março de 2012. Ceodont (Grupo Ceosa). (0034) 915 540 979 • cursos@ceodont.com

Curso de implantes Camlog A terceira edição do curso de implantes Camlog do Centro de Estudos de Medicina Dentária do Amial (Porto) inicia-se no próximo dia 12 de janeiro e prolonga-se até 21 de junho de 2012. O curso está dividido en oito módulos teóricos e práticos para colocação de implantes por parte dos alunos. Cada módulo será ministrado em dia laboral e horário noturno. Este curso de pós-graduação teórico-prático está a cargo de Manuel Neves e da sua equipa de profissionais, contando com o patrocínio do Sistema de Implantes Camlog. O objetivo principal do curso é trasmitir uma técnica sistematizada e previsível, tanto a nível cirúrgico como protético, para dar um enfoque novo à planificação de certos tratamentos. Camlog. (0034) 914 560 872 • info@camlogmed.es • www.camlog.com

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Calendário de cursos Cursos gratuitos sobre o sistema IPS e.max Devido à grande procura de cursos IPS e.max, a Ivoclar Vivadent decidiu organizar cursos gratuitos, todas as sextas-feiras, no Centro Internacional de Educação Dentária (ICDE), com sede na capital espanhola. O crescente aumento de utilizadores do sistema IPS e.max justifica esta iniciativa, de caráter formativo, com vista a tirar o máximo partido deste sistema baseado no disilicato de lítio. Aos cursos avançados ministrados por ilustres utilizadores do sis- Curso IPS e.max orientado por Ángel Molina. tema, como os técnicos dentários espanhóis August Bruguera, Joan Sampol ou Carlos de Gracia, juntam-se agora os cursos realizados no centro madrileno da Ivoclar Vivadent, pensados tanto para novos utilizadores como para aqueles que já estão familiarizados com o sistema IPS e.max e querem aproveitar ao máximo o seu potencial. Cada sessão gratuita realiza-se às sextas-feiras, na sede do ICDE na capital espanhola, com um mínimo de seis participantes, sob orientação de pessoal da Ivoclar Vivadent, como o reconhecido técnico dentário Ángel Molina. Ivoclar Vivadent. (0034) 913 757 820 • icde@ivoclarvivadent.es

Formação contínua online A Dentina, em colaboração com a Bisco e a Micerium, lançou uma nova iniciativa no âmbito da formação contínua, que visa proporcionar aos médicos dentistas a oportunidade de assistirem a seminários através da internet e ao vivo. Estas sessões (designadas por webinars) contam com a colaboração de médicos conceituados a nível internacional, na qualidade de oradores. O programa dos webinars, cujo início está previsto para as próximas semanas, dirige-se aos profissionais que desejam estar constantemente na vanguarda das novas tecnologias na área da Medicina Dentária. Dentina. 210 317 700 • dentina@dentina.pt

Formação em cirurgia e prótese sobre implantes A Ceodont anuncia mais uma edição do curso de cirurgia e prótese sobre implantes, ministrado por Mariano Sanz Alonso e José de Rábago Vega, com a colaboração de Bertil Friberg. O objetivo é proporcionar ao médico dentista generalista uma série de conhecimentos em Implantologia, de modo a que o profissional possa obter uma formação teórica e clínica, que lhe permita familiarizar-se neste domínio da medicina dentária. O programa divide-se em quatro módulos com o seguinte calendário e conteúdo: • Módulo 1: Diagnóstico e plano de tratamento; de 8 a 10 de março de 2012. • Módulo 2: Cirurgia de implantes; de 26 a 28 de abril 2012. • Módulo 3: Prótese sobre implantes; de 17 a 19 de maio 2012. • Módulo 4: Curso sobre cadáveres e cirurgia e prótese em casos complexos: de 14 a 16 de junho de 2012. Ceodont (Grupo Ceosa). (0034) 915 540 979• cursos@ceodont.com

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Calendário de cursos Curso de implantologia Está previsto para este mês o início de mais um curso de implantologia organizado pelo Sistema de Implantes Camlog. O programa do curso, que decorrerá na Clínica Alcoforado, em Lisboa, até março do próximo ano, divide-se em seis módulos. Cada módulo inclui práticas e/ou cirurgias em pacientes selecionados. O objetivo do curso é a integração prática da implantologia na consulta dos participantes. Este curso será ministrado por Gil Acoforado, especialista em Periodontia e professor catedrático da Universidade de Lisboa, contando com a colaboração de Luís Redinha, médico dentista, especialista em Prostodontia pela Universidade de Nova Iorque e assistente da mesma especialidade na referida universidade lisboeta. Camlog. (0034) 914 560 872 • info@camlogmed.es • www.camlog.com

Curso intensivo de cirurgia em implantodontia O Instituto Velasco organiza nos dias 12 e 13 deste mês, em Lisboa, um curso intensivo de cirurgia em implantodontia, que tem por objetivo fornecer base teórica e clínica para a atuação em cirurgias orais e instalações de implantes no âmbito ambulatorial. O programa teórico prevê uma abordagem aos princípios e conceitos da osseointegração, noções de reabilitação protética sobre implantes, diagnóstico radiográfico e planeamento virtual, planeamento cirúrgico-protético, técnicas cirúrgicas, abordagem na região do seio maxilar, implantes pós-exodontias e técnicas de regeneração óssea guiada. A parte prática do curso é composta por seminários clínicos, com discussão dos casos a serem tratados, e inclui a realização de procedimentos cirúrgicos de variadas complexidades. Este curso intensivo está igualmente agendado para os dias 23 a 27 de janeiro de 2012, em São Paulo (Brasil). Instituto Velasco. 924 089 972 • cursos@velasco.pt • www.velasco.pt

Curso intensivo de endodontia O Centro de Formação Labfordente tem agendado para o primeiro trimestre do próximo ano um curso intensivo de curta duração, com o objetivo de rever e atualizar conceitos na área da Endodontia e permitir aos seus participantes terem contacto prático com as novas metodologias de preparação e obturação dos canais radiculares. Este curso será ministrado por Manuel Paulo, com a colaboração de Claudia Rodrigues, na sede do referido centro de formação, em Rio Tinto, nos dias 2 e 3 de março de 2012. Labfordent. 224 806 034 • www.labfordent.pt

Ciclo de implantologia em Salamanca O Campus Odontológico Internacional organiza, a partir deste mês e até julho do próximo ano, um ciclo de excelência em Implantologia, ao abrigo do seu programa de formação continuada. Este ciclo está estruturado por nove módulos que se impartirão mediante aulas presenciais e práticas personalizadas, em grupos reduzidos. As práticas realizam-se em pacientes selecionados pela organização. O curso tem por objetivo dar a conhecer os problemas gerais dos pacientes e as possibilidades terapêuticas, desenvolvendo habilidades cirúrgicas e prostodônticas para o tratamento com implantes, as áreas de alcance da clínica implantológica e as suas implicações com outras disciplinas. (0034) 609 788 884 • info@campusodontologico.com www.campusodontologico.com

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Calendário de cursos Estética avançada Hands-On Nos dias 27 e 28 do presente mês vai ter lugar em Salamanca (Espanha), numa organização do Campus Odontológico Internacional, um curso avançado de estética dentária, ministrado por Leonardo Muniz. Este professor, com ampla experiência em formação na América-Latina e na Europa, publicou recentemente o livro “Reabilitaçao estética em dentes tratados endodonticamente”. Este curso oferece formação teórico-prática dos procedimentos estéticos diretos: restaurações em dentes anteriores, facetas diretas, fechamento de diastemas, branqueamento dentário e micro-abrasão. Leonardo Muniz.

(0034) 609 788 884 • info@campusodontologico.com www.campusodontologico.com

Formação contínua na Universidade de Sevilha Estão abertas as inscrições para a quinta edição do título de formação contínua da Universidade de Sevilha em “Anatomia oral aplicada à implantologia e implantoprótese”, dirigido pelos professores Jesús Ambrosiani, Eugenia Asián e Daniel Torres, que se realiza em cadáveres formolizados e criopreservados. O curso realiza-se nos próximos dias 16 e 17 de dezembro, 20 e 21 de janeiro, 10 e 11 de fevereiro e 16 e 17 de março, com a participação de prestigiados conferencistas. Universidade de Sevilha. e_asian@us.es cursoimplantessevilla.blogspot.com

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Calendário de cursos Curso superior em endodontia integral Já estão abertas as inscrições para o próximo curso superior de formação contínua em endodontia integral que o especialista espanhol Hipólito Fabra Campos orienta anualmente em Valência. O programa do curso divide-se em cinco módulos de dois dias de duração cada um. O curso inicia-se no próximo mês de janeiro (dias 13 e 14), com a realização do primeiro módulo, e prossegue até maio de 2012. Esta formação consiste em mais de 80 horas lectivas, parte das quais dedicadas a sessões práticas de manuseamento do equipamento mais atual em endodontia. Clínica Fabra. (0034) 963 512 085.

Workshops para assistentes dentários A Dentina, em parceria com a mindFLOW (uma empresa que promove projetos de desenvolvimento de competências comportamentais com especial enfoque na área da Saúde) agendou para o último trimestre deste ano workshops direcionados para assistentes dentários a nível nacional (incluindo Madeira e Açores). Sob a designação “Um sorriso de excelência”, os workshops são desenvolvidos em torno de casos práticos que constituem a base de trabalho, onde assentará todo o percurso pedagógico. Ao longo das várias sessões são apresentados exemplos áudio, filmes e dramatizações, permitindo aos assistentes dentários identificarem os factores críticos de sucesso de um atendimento de excelência com o objetivo de desenvolverem as várias áreas de competência no atendimento telefónico e presencial. As próximas sessões realizam-se nos seguintes locais e datas: • Ponta Delgada (Hotel Vip Executive): dia 12 deste mês. • Coimbra (Hotel Tivoli): dia 19 deste mês. • Funchal (Hotel Four Views Monumental): dia 26 deste mês. Dentina. 210 317 700 • dentina@dentina.pt

Curso de ortodontia prática A Ledosa (Grupo Ceosa) organiza um curso de ortodontia prática, na especialidade de Arco Recto-C, ministrado por Alberto J. Cervera Durán, Alberto Cervera Sabater e Mónica Simón Pardell. O objetivo é divulgar a prática clínica da ortodontia fixa, segundo a técnica de Arco Recto. Os próximos módulos do curso obedecem ao seguinte calendário: • 3. Cementado e biomecânica; de 24 a 26 deste mês. • 4. Estudo da classe II; de 15 a 17 de dezembro. • 5. Estudo da classe III; de 26 a 28 de janeiro de 2012. • 6. Diagnóstico e plano de tratamento; de 1 a 3 de março de 2012. • 7. Biomecânica avançada e autoligado; de 12 a 14 de abril de 2012. • 8. Ortodontia multidisciplinar; de 10 a 12 de maio de 2012. Ledosa (Grupo Ceosa). (0034) 915 542 455 cursos@ledosa.com • www.ledosa.com

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Congressos e reuniões XX Congresso da OMD realiza-se este mês em Lisboa O congresso da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) cumpre este ano na capital portuguesa a sua vigésima edição, com um variado programa científico que engloba a realização do segundo fórum ibérico, para além da participação já confirmada de oradores de renome nacionais e internacionais, designadamente procedentes de Espanha, Itália, Suécia, Brasil e Estados Unidos da América. O próximo encontro anual da classe dos médicos dentistas, cuja Comissão Organizadora é presidida por Eunice Carrilho, está agendado para o periodo entre 10 e 12 do corrente mês no Centro de Congressos de Lisboa, onde decorrerá em simultâneo mais uma edição da Expo-Dentária, com as últimas novidades da indústria. www.omd.pt

Expodental regressa à capital espanhola em fevereiro de 2012 A Expodental 2012 vai ter lugar entre os dias 23 e 25 de fevereiro. Deste modo, a principal feira do setor dentário da Península Ibérica (e uma das mais destacadas no contexto europeu), que se assinala de forma bienal no recinto de feiras de Madrid (Ifema), adianta o seu calendário, já que habitualmente tinha lugar em meados de março. Em relação à edição de 2010, a mostra do próximo ano prevê um aumento da área de exposição e mudará a sua localização dentro das referidas instalações da capital espanhola: desta vez, ocupará os pavilhões 7 e 9, próximos à entrada norte de Ifema. www.ifema.es

30º Congresso internacional de São Paulo agendado para o final de janeiro A próxima edição do congresso internacional de odontologia de São Paulo (CIOSP) vai realizar-se entre 28 e 31 de janeiro de 2012, nas instalações da Expo Center Norte (São Paulo), sob a égide da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD). O encontro anual dos profissionais de medicina dentária brasileiros (por sinal, o maior evento do género da América Latina) é reconhecido mundialmente como uma referência no domínio da atualização técnica e científica do sector, além de ser uma privilegiada montra das últimas soluções da indústria dentária. A organização do 30º CIOSP espera a presença nas referidas instalações de São Paulo de mais de 60 mil visitantes, entre médicos dentistas, estudantes de Medicina Dentária, técnicos de prótese dentária e outros representantes do setor. secretaria.decofe@apcdcentral.com.br • www.ciosp.com.br

Hong Kong organiza 100ª edição do congresso da FDI O 100º congresso anual da Federação Dentária Internacional (FDI) vai ter lugar em Hong Kong (China), de 29 de agosto a 1 de setembro de 2012. Inicialmente a cargo da cidade suíça de Genebra, a organização do evento foi transferida para a famosa cidade asiática, devido a outros compromissos assumidos pela Associação Dental Suíça para o próximo ano, como a feira dentária de Zurique. A organização do congresso de 2012 foi entregue à Hong Kong Dental Association (HKDA), que se compromete a realizar um encontro de alto nível, marcado pelo intercâmbio científico entre os representantes das cerca de 200 organizações dentárias e grupos especializados que integram a FDI. O objectivo global do congresso anual desta organização é debater as políticas na área da saúde oral e promover as condições para alcançar um nível de excelência, à escala mundial. O programa do encontro, que decorrerá no Centro de Convenções e Exibições de Hong Kong, inclui a habitual exposição mundial da indústria dentária, onde será apresentada a última tecnologia em equipamentos e produtos dentários. www.fdiworlddental.org

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Congressos e reuniões Viena acolhe 7ª edição do congresso Europério A sétima edição do congresso Europério, cuja organização é da responsabilidade da Federação Europeia de Periodontia (EFP na sigla en inglês), terá como cidade anfitriã Viena (Áustria). O principal evento mundial dedicado à temática da periodontia, que se realiza de três em três anos, reunirá na capital austríaca, entre 6 e 9 de junho do próximo ano, congressistas e representantes da indústria dentária de toda a Europa e de vários pontos do planeta. Durante o encontro, dezenas de especialistas internacionais de renome abordarão os últimos avanços técnicos e científicos nas áreas da periodontia, implantologia e higiene dentária. Paralelamente, centenas de representantes da indústria dentária mundial apresentarão em Viena as últimas novidades em matéria de serviços, equipamento e produtos nesta área. www.europerio7.com

EOS 2012 terá lugar em Santiago de Compostela A 88ª edição do congresso da Sociedade Europeia de Ortodontia (EOS na sigla em inglês) realiza-se no próximo ano em Espanha, sob a organização de David Suárez Quintanilla. O encontro terá lugar no Palácio de Congressos e Exposições da Galiza, em Santiago de Compostela, de 18 a 23 de junho de 2012. O programa científico é dedicado ao diagnóstico ortodôntico 3D, aos micro-implantes e aos novos procedimentos cirúrgicos no tratamento ortodôntico. O congresso prevê as intervenções de Abel García, Vicente Hernández y Eliseo Plasencia (Espanha), Axel Bumann (Alemanha), César Guerrero (Venezuela), Theodore Eliades (Grécia), Raffaele Spena (Itália), Timo Peltomäki (Finlândia), Nigel Hunt (Reino Unido), Hee-Moon Kyung (Coreia) e Meir Redlich (Israel), entre outros. www.eos2012.com

Madrid acolhe evento sobre odontologia computorizada A terceira edição do congresso da Sociedade Espanhola de Odontología Computorizada (SOCE) vai realizar-se nos dias 2 e 3 de dezembro, em Madrid. O objetivo deste evento é promover o uso das novas tecnologias nas clínicas dentárias e laboratórios. Neste sentido, o programa científico centra-se na medicina dentária avançada, assistida por alta tecnologia. Entre os temas a abordar durante o congresso da SOCE, incluem-se o diagnóstico por imagem, cirurgia e implantologia assistidas por computador, restauração e próteses por sistema computorizados. secretariatecnica@soce2011.org.es • www.infomed.es/soce

Astra Tech celebra encontro mundial em maio do próximo ano Astra Tech vai reunir três mil profissionais do setor da medicina dentária de todo o mundo no Astra Tech World Congress, que terá lugar em Gotemburgo (Suécia), de 9 a 12 de maio do próximo ano. O congresso contará com um programa de inspiração científica de três dias, com mais de 100 professores de renome mundial, complementado com sessões práticas e demonstrações de produtos. A rede de delegados da Astra Tech estará presente no evento do próximo ano. Gotemburgo não é apenas a casa matriz de Astra Tech, mas também da Academia Sahlgrenska da Universidade de Gotemburgo, que leva a cabo as mais avançadas investigações e desenvolvimentos no campo dentário. É também desde há muito uma das instituições colaboradoras da Astra Tech. www.astratechdental.pt

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Novidades da indústria I-Surge+, micromotor para implantologia I-Surge+ é o novo micromotor para implantologia da Satelec. Potente e com uma eletrónica fiável, controla a velocidade e o torque do instrumento. Com caixa de alumínio, I-Surge+ oferece robustez e estabilidade. O seu micromotor (0034) 937 154 520 info@es.acteongroup.com esterilizável em autoclave, de 40.000 rpm, gera uma rotação suave e estável, sem sobressaltos, e ajusta-se a sete tipos de contra-ângulos: 1:1, 16:1, 20:1, 24:1, 32:1, 64:1 e 80:1. Ao oferecer cinco programas com memorização automática e um sistema de calibração eletrónica inicial, I-Surge+ é particularmente intuitivo, graças ao amplo ecran LCD e ao pedal multifunção progressivo, equipado com captadores de pressão. O sistema anti-goteio limita as fugas de água.

Registado Clear (0049) 047 21 71 91 87 www.voco.es

O novo sistema Registado Clear, da Voco, permite realizar todo o tipo de registos de mordida com control visual simultâneo. A transparência do silicone possibilita a fotopolimerização dos materiais de restauro subjacentes. Após permanecer 90 segundos na boca, o silicone polimerizase e o registo pode extrair-se facilmente, sem se romper nem deformar. A impressão é suscetível de manipular-se com instrumentos e pode desinfetar-se com soluções aguadas. Dado que o sistema Registado Clear não é radiopaco, as radiografias não se veem distorcidas pelo material para tomada de impressões.

Tetra EvoCeram Bulk Fill, novo compósito Ivoclar Vivadent apresenta um novo compósito, com a qualidade de Tetric EvoCeram, para a técnica de obturação bulk fill. Tetric EvoCeram Bulk Fill é um compósito nano-híbrido radiopaco modelável para a restauração direta de peças dentárias posteriores em (0034) 913 757 820 www.ivoclarvivadent.com capas de até 4 mm. As peças são obturadas e o compósito modelado sem que seja necessária uma capa de acabado. A consistência adequada do compósito melhora a adaptação às cavidades. A técnica de capas bulk fill de até 4 mm optimiza os processos de obturação. Tetric EvoCeram Bulk Fill está disponível em três cores universais com uma translucidez de 15%, semelhante à do esmalte natural.

Novos osteótomos Camlog (0034) 914 560 872 info@camlog.es www.camlog.com

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Além dos osteótomos Screw Line rectos convexos e angulados convexos, o Sistema de Implantes Camlog tem agora disponíveis os osteótomos Screw Line retos côncavos e angulares côncavos. Todas as versões podem ser adquiridas por separado e/ou como kit de osteótomos, e podem ser utilizadas para preparar o leito dos implantes Camlog e Conelog Screw-Line.


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Novidades da indústria Parafuso de cabeça reduzida (0034) 945 160 652 www.bti-implant.es

A BTI lançou um parafuso com cabeça reduzida, associado ao sistema Multi-IM, que é utilizado para a fixação de restaurações sobre o transepitelial. A sua vantagem principal é que reduz a emergência do parafuso, o que permite que o orifício de acesso à prótese seja menor e, ao diminuir a altura da sua cabeça, facilita a acessibilidade no caso de utilizar pequenas angulações de até 15°, com as próteses elaboradas com Cad/Cam.

Grandio Core Dual Cure (0049) 047 21 71 91 87 www.voco.es

A Voco reforça a sua linha de produtos Grandio com o novo Grandio Core Dual Cure. Trata-se de um compósito fluído, de curado dual, previsto especialmente para a reconstrução de tocos e a fixação de espigas radiculares. Ao ser um compósito nano-híbrido, apresenta boas propriedades de manipulação. Graças aos seus parâmetros físicos, permite realizar restaurações duradouras. Grandio Core Dual Cure estende-se diretamente até às margens do tecido dentário duro e à matriz, sem necessidade de realizar retoques de recheio adicionais. Este compósito aplica-se na seringa QuickMix, que permite obter a mistura desejada e sem erros entre o material de base e o catalizador. Pode aplicar-se diretamente com a referida seringa. Recomenda-se a boquilha tipo 4 para uma aplicação precisa nos espaços mais estreitos.

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Novidades da indústria Novas pontas de torque hexagonais (0034) 945 160 652 www.bti-implant.es

A BTI apresenta novas pontas de torque hexagonais, que permitem emparelhar com uma certa angulação, relativamente ao eixo do parafuso. Estas utilizam-se quando o acesso à cabeça do parafuso impede o uso de uma chave de parafusos reta, uma vez que foi desenhada uma prótese com certa angulação por motivos funcionais e/ou estéticos. Um caso típico em trabalhos de Cad/Cam.

Lâmpada Led Bluephase Style A Ivoclar Vivadent lança Bluephase Style, uma versão mais reduzida e ergonómica das lâmpadas Led Bluephase. Este novo instrumento não só reúne as conhecidas propriedades de todas las lâmpadas Led (0034) 913 757 820 da família Bluephase, como também acrescenta novas características. Graças à função Poliwave® www.ivoclarvivadent.com Led, Bluephase Style permite polimerizar todos os materiais fotopolimerizáveis. O seu sistema de refrigeração permite operar durante pelo menos 10 minutos seguidos, sem pausas, podendo ser utilizada nos tratamentos mais exigentes. Os utilizadores de Bluephase evitam inesperadas pausas quando a bateria se esgota, já que, com a função Click&Cure, basta ligar a bateria ao cabo de corrente para prosseguirem o trabalho. O novo desenho reduzido e ergonómico aliado à considerável redução de peso fazem com que a Bluephase Style se adapte à mão de qualquer utilizador.

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Página empresarial Medbone estabelece parceria com Sinusmax A Medbone estabeleceu uma parceria com a Sinusmax para a representação exclusiva em Portugal do adbone BCP. Tratase de um biomaterial sintético de alta qualidade e com superiores características químicas e mecânicas, que contém 25% TCP e 75% HAp. A composição bifásica permite que o fosfato tricálcico se dissolva mais rapidamente, mantendo uma matriz estável de hidroxiapatite, proporcionando um crescimento ósseo mais eficaz. O adbone BCP é fabricado pela Medbone, empresa nacional com diversos prémios de mérito recebidos e que aposta no desenvolvimento e fabrico de dispositivos médicos inovadores, na área da regeneração óssea e disponibiliza gama de geometrias para Medicina Dentária. Atualmente, a Medbone exporta cerca 70% da sua produção para a América, Europa, Médio Oriente, África e Ásia. Sinusmax. 229 377 749 • sinusmax@sinusmax.pt

Laboratórios Inibsa organizam curso em Lisboa No passado dia 24 de Setembro, os Laboratórios Inibsa, com a colaboração da Geistlich Biomaterials, organizaram um curso teórico e prático sobre elevação do seio maxilar, ministrado por Carol Leconte e Alejandro Vivas. Na componente teórica do curso foram revistos os princípios da elevação do seio maxilar, ao passo que a parte prática centrou-se no trabalho sobre mandíbulas sintéticas aplicando as técnicas aprendidas. Os Laboratórios Inibsa, agradecem a todos os participantes e aos oradores convidados pela sua dedicação, entusiamo e profissionalismo em toda a preparação deste curso. Laboratórios Inibsa. ccinibsa@inibsa.pt MAXILLARIS, n o v e m b r o 2 0 1 1

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Página empresarial Inibsa celebra curso com cirurgia ao vivo No passado dia 8 de outubro, os Laboratórios Inibsa, com a colaboração da Geistlich Biomaterials e em parceria com a Neodente, organizaram um curso teórico, seguido de uma cirurgia ao vivo de elevação do seio maxilar. Este curso contou com a participação de Wilson Grigolli, que realizou uma cirurgia ao vivo de elevação do seio maxilar com Bio-Oss e Bio-Gide, e colocação de três implantes da marca Neodente. Os Laboratórios Inibsa agradecem a todos os participantes e orientadores do curso, pela sua disponibilidade, dedicação, entusiasmo e profissionalismo em toda a preparação deste curso, bem como pela partilha de conhecimento que foi uma constante neste curso. Laboratórios Inibsa. ccinibsa@inibsa.pt

Grupo de participantes do curso organizado pelos Laboratórios Inibsa.

Camlog apresenta novidades na Expo-Dentária O Sistema de Implantes Camlog estará presente, uma vez mais, no congresso anual da Ordem dos Médicos Dentistas, cuja vigésima edição terá lugar, em Lisboa, nos próximos dias 10 a 12. A Camlog convida todos os participantes a visitar o seu stand (255-256) na Expo-Dentária, onde serão apresentadas as novidades da marca, como os implantes de conexão cónica (Conelog), recentemente lançados nos mercados de Portugal e Espanha. Camlog. (0034) 914 560 872 • info@camlogmed.es • www.camlog.com

Astra Tech amplia uso dos pilares Atlantis A Astra Tech colocou em marcha a digitalização em laboratório de Atlantis em cooperação com a Dental Wings, fabricante canadiano de soluções Cad/Cam especialista no desenvolvimento de scaners 3D. Com a aliança das duas companhias, os utilizadores de scaners Dental Wings têm agora a possibilidade de transferir dados, a partir da sua localização, para o centro de desenho e fabrico dos pilares Atlantis. Desta forma, os laboratórios podem utilizar as leituras dos seus scaners Dental Wings 3 Series ou 5 Series para solicitar pilares personalizados Atlantis com o objetivo de aumentar a eficiência e rentabilidade do seu centro. Esta novidade elimina a necessidade de enviar os modelos dos pilares Atlantis e permite o processamento tanto de casos unitários como múltiplos no material da sua preferência, incluindo titânio, titânio dourado e várias tonalidades de zircónio. www.astratechdental.pt

Kettenbach distinguida com três prémios A linha de materiais de impressão Panasil da empresa alemã Kettenbach foi recentemente galardoada com os prémios Top Impression Material 2011, The Dental Advisor Recommends e Editor’s Choice. Estes louvores garantem ao referido produto a categoria de “cinco estrelas” na área dos materiais de impressão e o título de Clinical Problem Solver. A empresa alemã, que conta com a Sinusmax como distribuidor exclusivo em Portugal, está neste momento a lançar uma promoção específica para celebrar este reconhecimento. Sinusmax. 229 377 749 • sinusmax@sinusmax.pt

BTI participa no XX Congresso da OMD A BTI - Biotechnology Institute participa na edição 2011 da Expo-Dentária, no âmbito do XX Congresso da Ordem dos Médicos Dentistas, que terá lugar no Centro de Congressos de Lisboa entre os dias 10 e 12 deste mês. A BTI apresentará no certame da indústria dentária portuguesa as últimas novidades sobre tecnologia PRGF-Endoret (stand 91 a 94), além de participar em mesas redondas sobre elevação do seio, maxilar atrófico e planificação e diagnóstico através de BTI Scan. BTI. (0034) 945 160 652 • www.bti-implant.es

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Salamanca Cidade do conhecimento Ao longo da sua história, Salamanca tem sido um centro de conhecimento de projeção universal. Uma cultura que ganhou corpo em várias dimensões, desde a arquitetura à literatura, passando pela filosofia ou pelas personalidades históricas.

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er a cidade espanhola renascentista por excelência converte Salamanca num caso único, tanto devido à estética arquitetónica e urbana que chegou até aos nossos dias, como pela especial relevância que o pensamento humanista e o anseio pelo saber deste período deram à cidade. Com os seus palácios, conventos, grandes casas, praças, e os seus protagonistas, como Frei Luis de León ou Francisco de Vitória, a cidade de Salamanca coloca em evidência uma época estimulante em todos os sentidos. Enquanto espaço de conhecimento e de saber, a cidade pulsou com intensidade diferente ao longo da sua história. A busca pelo saber constituiu a sua razão de ser no passado, e continua a sê-lo no presente, na inquietude cultural que se vive na Universidade. No entanto, uma cidade não se alimenta apenas de pensamento, precisa de um corpo que o sustente e envolva. Em Salamanca, esse corpo é feito de pedra dourada, cor azul e beleza em cada esquina. A cidade entrelaça, de forma natural, corpo e pensamento. Como uma construção coletiva de tempo e gentes. A Praça Maior de Salamanca assume-se como centro político da cidade, centro social e principal local de reuniões. O coletivo e o individual fundem-se neste espaço de referência. Do ponto de vista urbanístico, é o espaço ao ar livre mais importante da zona histórica da cidade. Funciona como um grande salão, um espaço onde confluem todos os caminhos e no qual todos se iniciam. Esta praça é o culminar estético das praças maiores castelhanas. O estilo é barroco, mas bebe diretamente da arquitetura herreriana (cujo principal representante é Juan de Herrera) e renascentista. Enquanto espaço urbano, é o expoente perfeito do urbanismo ilustrado da época: construção racional, cuja beleza reside no equilíbrio das suas proporções, na repetição harmoniosa dos elementos construtivos e na decoração serena e uniforme. Junto de cada um dos arcos inscreve-se um medalhão com um retrato. São elementos comemorativos que têm uma finalidade instrutiva, exaltando a monarquia, evocando a história de Espanha e constituindo-se como galeria dos heróis e personagens ilustres salamanquenses. A chegada a Espanha do rei Filipe V foi o mote para a construção da praça. Face ao aspeto uniforme e homogéneo da sua arquitetura, o único lado diferente é o do Município, que conta com uma fachada palaciana que realça o poder autárquico sobre o resto dos proprietários do recinto. A toda a volta da praça há numerosos bares e cafés debaixo da arcada. Funcionários, criadores de gado, estudantes, advogados, toureiros, intelectuais, catedráticos da vida... continuam a passar por este local para partilhar o burburinho das tertúlias. Da Praça Maior irradiam ruas, como as de Toro e Zamora, que no passado acolheram os comerciantes que chegavam a Salamanca com as suas mercadorias, depois de passarem as portas da muralha. Hoje são ruas pedonais dedicadas ao comércio.

Entre os célebres visitantes que percorreram os claustros do convento de San Esteban conta-se Cristóvão Colombo e Santa Teresa de Ávila.

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A Plaza Mayor supõe a culminação estética das praças castelhanas. É de estilo barroco, mas bebe diretamente de fontes herrerianas e renascentistas

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No canto direito da praça, abrigado por uma estrutura de ferro, encontramos um mercado com produtos do campo. A verdadeira antítese das sofisticadas ruas comerciais. Na zona sul de Salamanca ergue-se um arco sobre a Praça do Corrillo, um exemplo da arquitetura popular castelhana, ladeado pela Igreja de San Martín. Esta zona era anteriormente designada de Corrillo da Erva, servindo de local de pasto aos animais que viviam no centro urbano. A tradição instituiu que a erva alta se tornasse na fronteira entre as fações de San Martín e de San Benito, uma verdadeira terra de ninguém, que os salamanquenses não se atreviam a pisar.

Na sua época de maior esplendor (séculos XV e XVI), a Universidade de Salamanca figurou à cabeça das europeias. Atualmente, é a mais antiga de Espanha.

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Na metáfora do pensamento popular, a Praça dos Bandos simboliza a ambição política e a violência senhorial. Tem ao seu lado a Casa de Dona Maria a Brava, personagem representativa das batalhas que protagonizaram os nobres da cidade nos séculos XIV e XV. A nobreza dividiu-se em dois setores antagónicos que rivalizaram pelo controlo do governo de Salamanca e provocaram um período de crueldade e vingança, no qual toda a cidade se envolveu.

Fábrica do conhecimento Se a Praça Maior simboliza o coração orgânico da cidade, a Universidade representa outro dos seus órgãos vitais: a fábrica do conhecimento. A lista de ilustres pensadores, literatos e humanistas que ali deram aulas é reveladora da importância que alcançou: Frei Luis de León, Francisco de Vitoria, Antonio Nebrija e Miguel de Unamuno, entre outros. Fundada por volta do ano 1218 por decisão do rei Afonso IX de Leão, foi oficialmente confirmada como universidade na Magna Carta outorgada por Afonso X em 1254. Nas suas origens continuou o modelo de Bolonha, que dava preferência ao estudo do direito civil e canónico em oposição à teologia e à filosofia, que predominavam na Universidade de Paris. Na sua época de maior esplendor, os séculos XV e XVI, figurou à cabeça das universidades europeias. Atualmente, é a mais antiga de Espanha. Em frente à fachada da Universidade fica o pátio das Escolas Maiores. Pode dizer-se que este pátio foi a primeira intervenção urbanística na cidade, tendo sido configurado como um espaço para a contemplação da fachada do


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Cidades património da humanidade complexo universitário. O pátio é composto pelo edifício gótico das Escolas Maiores (1415), o Hospital de Estudantes (1412), hoje reitoria, o edifício das Escolas Menores (1533) e a fachada da Universidade (1512 – 1516). No interior da Universidade há uma atmosfera especial que acolhe os estudantes. Passado o saguão, tudo se ordena debaixo dos claustros do pátio: o auditório, a capela, as velhas salas de aula e uma escada com aspeto renascentista que conduz à magnífica biblioteca fundada em 1254 por Afonso X, o Sábio. Este local de leitura guarda numerosos manuscritos de valor incalculável. O destaque vai para a tohá e para os livros redondos que Torres Villarroel (emblemática personalidade do iluminismo salamanquense) comprou em Paris. Chamou-lhes assim para que o bibliotecário os aceitasse e lhos pagasse, uma vez que eram na verdade globos terrestres. Os relevos na escada do claustro mostram aos visitantes o caminho que o homem terá de percorrer desde o mundo terrestre até ao celeste. Um caminho de perfeição que passa por três fases: juventude, maturidade e velhice. Cada um dos estádios representa em linguagem encriptada as tentações a enfrentar e as virtudes que se devem pôr em prática. No pátio claustral pode visitar-se o Museu da Universidade, onde se encontra o famoso Céu de Salamanca, fragmento da pintura mural que cobre a abóbada da antiga Biblioteca da Universidade (1485 – 1490). A obra é atribuida a Fernando Gallego, e constitui-se como um reflexo do pensamento renascentista e da busca pelo conhecimento. Nela aparecem representados o Sol, Mercúrio, os signos do Zodíaco e algumas constelações. Em suma, um programa astrológico relacionado com o ensino da astronomia e da astrologia, muito em voga durante aquela época na Universidade de Salamanca. O ambiente da universidade conserva o conceito de bairro antigo, formado ao longo do período que se estende entre os séculos XII e XVI. A Calle de Libreros foi o eixo principal do bairro e da cultura da cidade, onde tradicionalmente se efetuava a edição e venda de livros. Nela viveram personalidades como Torres Villarroel ou Nebrija, fundador da primeira gráfica de Salamanca. Perto da universidade encontra-se a rua Veracruz, no antigo bairro judeu, onde viveram personalidades como Abraham Zacut, astrónomo e professor universitário (antes do decreto de expulsão). Na rua La Latina nasceu Beatriz Galindo, conhecida por La Latina, era mestre em latim, professora e conselheira de Isabel, a católica.

A outra universidade Conta-se que na galeria subterrânea da antiga Igreja de San Cebrián, conhecida como a Caverna de Salamanca, se estabeleceu uma escola de magia negra. O sacristão da igreja, que era na realidade o diabo, iniciou o ensino de magia a sete alunos durante sete anos, ao fim dos quais um deles permanecia propriedade do demónio. A dada altura, o Marquês de Villena foi obrigado a habitar eternamente na catacumba. O nobre conseguiu enganar o diabo e fugir, mas com uma

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O famoso Céu de Salamanca constitui um reflexo do pensamento renascentista e a procura do conhecimento

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Cidades património da humanidade investida o demónio apanhou a sua sombra. Desde aí, o Marquês de Villena é considerado um mago, uma vez que o seu corpo não projeta nenhuma sombra. O antigo Colégio Real da Companhia de Jesus e atual sede da Universidade Pontífice foi construído, entre outros, por Gómez de Mora, em 1611. Os missionários que aqui se formaram partiram pelo mundo para propagar a fé católica. Os apóstolos jesuítas iriam combater a heresia na Europa. No entanto, a monumental obra levou 150 anos a ser construída e os jesuítas pouco puderam tirar partido dela, já que em 1767 a Ordem foi expulsa de Espanha por imperativo de Carlos III. O edifício dividiu-se então e sofreu o abandono, as guerras, a desamortização e a ruína. Em 1946 voltou a unir-se para servir de cunho à Universidade Pontífice. Duas catedrais com aparência imponente constituem um poderoso testemunho da presença da Igreja na cidade. O acesso à Catedral Velha faz-se através do interior da Nova. Ao entrar naquele local viaja-se ao passado, já que este templo românico revive um espírito medieval antiquíssimo. Com uma arquitetura defensiva, o edifício está vinculado à repovoação (começou a construir-se em 1150) e a uma sociedade em guerra, na qual o valor mais representativo é o do santo guerreiro (Raimundo de Borgonha e o bispo Jerónimo). Chama a atenção que um edifício românico culmine com uma torre decorada com elementos orientais de tradição bizantina. Trata-se da Torre do Galo, cuja origem se atribui à influência de emigrantes moçárabes que, vindos do sul peninsular, conheciam a arquitetura oriental. O nome faz referência à silhueta de um catavento, em forma de galo, símbolo da vigilância da alma e da vinda de Cristo no final dos tempos. Em 1513 inicia-se a construção da Catedral Nova, uma das últimas catedrais góticas de Espanha, que seria con-

Vários estilos arquitetónicos aparecem refletidos de forma fragmentária na imponente Catedral de Salamanca.

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cluída dois séculos depois, em 1733. Diferentes estilos arquitetónicos surgem refletidos de forma fragmentária na sua edificação. Esta catedral reflete a ideia do desenvolvimento urbano. A sua grandiosidade mostra uma instituição triunfadora em relação aos seus inimigos ideológicos e face aos próprios paroquianos. É o maior e mais alto edifício da cidade. O exterior está repleto de decoração em toda a sua superfície, com motivos hispano-flamencos, da época dos reis católicos: escudos, motivos vegetais e relevos com representações da vida de Cristo, entre outros. Também a decoração plateresca trata temas da vida quotidiana com uma certa harmonia e humor. Os motivos decorativos na parte mais baixa da Porta de Ramos (construída em 1992) são muito populares entre os cidadãos e os visitantes. O canteiro e os restaurantes optaram por manter a linha decorativa plateresca original, mas introduziram elementos contemporâneos como o famoso astronauta, o macaco que come um gelado ou a cegonha. O convento de Santo Estêvão dos dominicanos sintetiza o conceito global da cidade do pensamento: representa a reflexão intelectual, enquanto centro de estudos universitários, do pensamento religioso, pela quantidade e qualidade dos teólogos que cruzaram as suas portas, e do pensamento político, pela influência de alguns dos seus ilustres frades. É larga a lista de ilustres pensadores que partilharam os seus claustros: Francisco de Vitória e a sua Escola de Salamanca, Domingo de Soto, Diego de Deza ou os célebres visitantes, como Cristóvão Colombo, Santa Teresa ou Santo Inácio de Loyola. A maior parte deste grandioso edifício foi fundada no século XVI pelo cardeal Fernando Álvarez de Toledo, filho do segundo Duque de Alba. Junto ao convento de Santo Estêvão existem dois dos conventos femininos mais significativos da cidade, tanto no


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Cidades património da humanidade sentido histórico como artístico. As Claras e as Donas refletem a importância que a fundação de conventos de clausura teve na cidade e o papel social e religioso que cumpriram na idade moderna.

Elemento essencial Na inconfundível linha do horizonte que faz com que se reconheça Salamanca desde a outra margem do rio Tormes, a ponte romana assume-se como um elemento essencial da sua silhueta. Só os arcos próximos da cidade são originais, os demais correspondem à restauração do século XVIII. Esta ponte fazia parte da Rota da Prata, que adquiriu uma grande importância económica e estratégica depois da ocupação romana. À entrada da ponte encontra-se um varrasco pré-romano, símbolo protetor, que ficou conhecido na literatura universal através do livro “Lazarillo de Tormes”. Uma mansão modernista chama particularmente a atenção num enclave como Salamanca: a Casa Lis, obra do arquiteto e matemático Joaquín de Vargas, construída em 1905, pertence ao racionalismo construtivo e à era dos novos materiais, tendo em conta que utiliza ferro de fundição, empregado desde meados do século XIX na Europa industrial. Atualmente, alberga o museu de Arte Nova e Arte Deco da Fundação Ramos Andrade.

A emblemática Casa das Conchas é um edifício gótico do século XV, sem equilíbrio, sem simetria, fora de todo o protocolo, que agrega elementos renascentistas e muçulmanos, que resulta numa construção original e singular. A presença massiva de conchas nas paredes exteriores do palácio e a sua ordem em losângulos denotam uma certa influência mudéjar; foram colocadas pouco tempo depois de construído o edifício como confirmação do enlace entre os membros da nobreza: Arias Maldonado e Juana Pimentel, em cujo brasão aparecia a concha como representação do sobrenome. O pátio interior da casa é o local onde se distribuíam os vários quartos e o espaço nobre para receber os convidados. A sua estética evidencia a coexistência de diferentes influências artísticas na Espanha de finais do século XV e princípios do século XVI. Desta forma, os arcos do piso térreo, estendem-se posteriormente por outras edificações da cidade, com as colunas renascentistas de mármore de Carrara e a decoração de tradição muçulmana. Em torno da Casa das Conchas, à altura da Praça Cristóvão Colombo, estão ordenadas uma série de casas da Nobreza, construídas entre os séculos XV e XVI, igualmente merecedoras de uma visita. Encontram-se ali o Palácio da Salina, a Torre de Abrantes, o Palácio de Orellana e a Torre Clavero.

O pátio das Escolas foi a primeira intervenção urbanística na cidade.

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Cidades património da humanidade Imagens cedidas pelo Turismo e Comunicação de Salamanca.

Localização Situada a oeste da Península Ibérica, Salamanca encontra-se a cerca de duas horas de Madrid e próxima da fronteira com Portugal (Vilar Formoso). O percurso de carro desde Lisboa passa por seguir pela A1 e depois mudar para a A23 até à Guarda, a capital de distrito mais próxima da fronteira de Vilar Formoso, à qual se chega através da A25. Já em Espanha, o acesso a Salamanca faz-se através da A62. De avião, a única comunicação possível são os aeroportos de cidades próximas, como Valladolid e Madrid. Gastronomia A gastronomia salamanquense tem uma excelente reputação em Espanha. Compõe-se de pratos saborosos, preparados para suportar os rigores climá-

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ticos da zona, que não deixam os comensais indiferentes. Algumas das especialidades típicas são a chafaina, um arroz cozinhado com ingredientes da região; as chicas, prato confecionado com carne de porco; o hornazo, e o cochinillo (leitão) no fogo, prato por excelência da cozinha de Salamanca. Entre os seus doces, destacam-se os chochos, que são doces de anis, e o bolo maimón, uma espécie de pão de ló. Celebrações No calendário local de festas tradicionais, o destaque vai para a Segunda-feira de Águas. Segundo a tradição, os estudantes cruzavam o Tormes de barco e devolviam a cidade às prostitutas depois da Quaresma. Hoje celebra-se em família e é típico comer o hornazo. Outras celebridades importantes na ci-

dade são: San Juan de Sahagún, no dia 12 de junho, e o dia da Virgem de Vega, a 8 de setembro. Lazer Nesta cidade, de longa tradição universitária, as ofertas de ócio são muitas e prolongam-se durante todo o ano. A atividade cultural é incessante: Ciudad Abierta, Las noches del Fonseca, Jazz en la Calle, entre outros eventos ao ar livre, dão cor a Salamanca, dia e noite, nos meses de verão. No outono, inverno e primavera, a programação cultural – música, fotografia, pintura, escultura ou artes cénicas – realiza-se em diversos recintos. Informação turística Tel.: (0034) 923 218 342. www.salamanca.org


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