Outubro 2015

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Publicidade

Crónica

Falamos com...

SENAME reúne no Estoril médicos dentistas de 30 nacionalidades

André Almeida, presidente da Comissão Organizadora do 2º congresso da SPDOF

Falamos com...

José Alves, presidente da Associação dos Amigos dos Doentes com Cancro Oral


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Posso reduzir em quase 50% a fatura de laboratório sem renunciar à mais alta qualidade e seriedade

Dr. Rafael Filpo Valentín Licenciado em Medicina Dentária pela Universidade de Santiago

Queridos amigos e colegas, nesta época de forte crise em que resulta imprescindível encontrar rentabilidade reduzindo custos, quero partilhar com todos vós um novo laboratório. Dental Lab, uma autêntica descoberta! Há mais de um ano que trabalho com eles e os resultados são excelentes. Posso oferecer aos meus pacientes uma alta qualidade a um preço muito inferior ao que estamos habituados a pagar, reduzindo assim quase em 50% a fatura de laboratório. Se quer saber mais ou fazer alguma consulta, não duvide em contactá-los, recomendo-lhe. Coroa de metal-porcelana: 32€ Esquelético de 8 peças ou mais: 39€ Prótese acrílica completa sup. ou inf.: 36€ Coroa zircónio: 89€

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Sumário

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Crónica 14

12ª edição do SENAME reúne no Estoril médicos dentistas de 30 nacionalidades.

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Órgãos sociais da Young Dentists Portugal tomam posse em Coimbra.

18

Faculdade de Lisboa inaugura laboratórios da licenciatura em Prótese Dentária.

20

Congresso anual da FDI junta em Banguecoque cerca de 14.700 profissionais do setor.

54

Jesús Pato Mourelo: “Reabilitação fixa superior com dez implantes de conexão com carga imediata”.

Ponto de vista 66

Pedro Ferreira Trancoso, médico dentista e vice-presidente da Academia Portuguesa de Medicina Oral: “Podem os médicos dentistas salvar vidas?”.

Falamos com… O meu sorriso 24

André Mariz Almeida, presidente da Comissão Organizadora do 2º Congresso da Sociedade Portuguesa de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial (SPDOF): “O nosso grande objetivo é a internacionalização do congresso”.

68

Calendário de cursos 70

30

José Alves, presidente da Associação dos Amigos dos Doentes com Cancro Oral (ASADOCORAL): “Há um desconhecimento quase total sobre o cancro da cavidade oral”.

46

Margarida Malta: “Importância do tratamento ortodôntico com auxílio da reabilitação oral”. Fátima Bizarra: “Impacto de um programa de higiene oral individualizado em pessoas com paralisia cerebral”.

Proprietário: Cyan Editores. Coordenador Edição Portuguesa: João Drago. portugal@maxillaris.com Publicidade: Maria João Miranda. comercialportugal@maxillaris.com Colaboradores: Gilberto Ferreira. João dos Santos. Maria Inês de Matos. Nuria Mauleón. Valéria Baptista Ferreira.

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MAXILLARIS OUTUBRO 2015

Comissão Científica: Jaime Guimarães (diretor científico). Ana Cristina Mano Azul. Francisco Brandão de Brito. Gil Alcoforado. Isabel Poiares Baptista. José Bilhoto. José Pedro Figueiredo. Paulo Ribeiro de Melo. Susana Noronha.

Agenda de cursos para os profissionais.

Congressos e reuniões 74

Ciência e prática 36

Marina Albuquerque, atriz: “Quando era miúda, saltava muito contente para a cadeira do dentista”.

Calendário de congressos, simpósios, jornadas, encontros e exposições industriais nacionais e estrangeiras.

Novidades da indústria 76

Produtos e equipamentos.

Página empresarial 80

Notícias de empresas.

Edição online: www.maxillaris.com.pt Depósito Legal: M-44.552-2005. Assinatura anual: Portugal 35 €, resto 80 €. ISENTO DE REGISTO AO ABRIGO DO DECRETO REGULAMENTAR 8/99 de 9/6 art 12º nº 1ª

Tiragem: 6.100 exemplares

Consultor para a América Latina: Pérsio Mariani. REDAÇÃO (nova morada): Rua Francisco Sanches, 122, 2º 1170-144 Lisboa. Tel./Fax: 218 874 085.

• Periodicidade bimestral. • MAXILLARIS não se responsabiliza pelas opiniões manifestadas pelos seus colaboradores. • Proibida a sua reprodução total ou parcial em outras publicações sem a autorização expressa e por escrito de CYAN EDITORES.


EDITORIAL

Editorial

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MAXILLARIS OUTUBRO 2015

Os números da profissão São muitas as vozes dos profissionais, dirigentes e académicos do setor que têm vindo a alertar, nos últimos anos – e com frequência nas páginas desta revista –, para o incomportável “boom” de candidatos à profissão de médico dentista que frequentam as sete faculdades portuguesas que lecionam cursos nesta área. Se alguma dúvida ainda restava quanto aos (reais) motivos de apreensão geral que esta questão suscita, os “Números da Ordem 2015”, recentemente divulgados pela Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), vêm confirmar que o assunto é (cada vez mais) sério e exige particular reflexão por parte das entidades com poder de decisão nesta matéria. O relatório da OMD, que reúne anualmente – desde há mais de uma década – alguns dados estatísticos relevantes sobre o “estado” da Medicina Dentária nacional, revela que o número de médicos dentistas em atividade aumentou no ano passado para 8.543 (mais 396 do que em 2013), o que corresponde a uma subida anual de praticamente cinco por cento, e reflete a tendência de crescimento dos últimos anos. As estimativas apontam, de resto, para que o número de membros ativos da OMD se mantenha em crescendo e ultrapasse mesmo os dez mil em 2018. Este cenário desperta natural preocupação junto dos representantes da “classe”, já que este crescimento é muito superior às necessidades do país e coloca Portugal entre os países europeus com menor rácio de habitantes por médico dentista. Este ano prevê-se o cálculo de um médico dentista para 1.155 habitantes, quando a recomendação da Organização Mundial de Saúde é de um médico dentista para 2.000 habitantes. Tudo indica que dentro de três anos Portugal terá o dobro dos médicos dentistas necessários, o que deixa antever “um cenário terrível para quem está a entrar na profissão”, como assinala o próprio bastonário da OMD, Orlando Monteiro da Silva. Com efeito, os sintomas de saturação que a profissão denota reclamam medidas urgentes no sentido de inverter o indesejável cenário que (já) caracteriza o setor: níveis de subemprego e de emigração em doses excessivas. Com a agravante de estarmos a investir na formação de jovens que, em boa medida, acabarão por dar o seu contributo profissional (e os seus impostos) em outras coordenadas geográficas. Nos bastidores da Medicina Dentária portuguesa não parecem faltar diretrizes para resolver – ou pelo menos atenuar – o problema: da diminuição de alunos inscritos nos mestrados nacionais à captação de estudantes estrangeiros, passando pela aposta na formação pós-graduada. Resta esperar que o governo que em breve irá tomar posse esteja atento aos sucessivos alertas da profissão e disponível para encontrar soluções, naturalmente sem descurar o (prévio) diálogo com os representantes do setor dentário.


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Índice de anunciantes

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BTI. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Carestream Dental. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Ceodont. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 e 67 Dental Lab. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 DENTSPLY Detrey . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 DENTSPLY Implants . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Dürr. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Eckermann. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 Euroteknika . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 Expodental Madrid 2016 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

Administradores: - Marisol Martín. marisol.martin@maxillaris.com - José Antonio Moyano. moyano@maxillaris.com Diretor: Miguel Ángel Cañizares. canizares@maxillaris.com Subdiretor: Julián Delgado. julian.delgado@maxillaris.com Diretora Comercial: Verónica Chichón. publicidad@maxillaris.com Chefe Divisão Multimédia: Roberto San Miguel. webmaster@maxillaris.com Chefe Departamento Gráfico: M. Ángeles Barrero. maquetacion@maxillaris.com

Galimplant. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 Implant Direct . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 Instituto Casan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 Ivoclar Vivadent. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 e 84 King Dental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 La Maison Dentaire . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Medical 10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 OMD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 Phibo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Procoven . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 Ravagnani Dental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Roland. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 Sysdentrix . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 Voco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 a 13

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MAXILLARIS OUTUBRO 2015

Redatores: María Santos e Diego Ibáñez. redaccion@maxillaris.com Serviços Administrativos: Marta Esquinas e Inmaculada Barrio. administracion@maxillaris.com REDAÇÃO ESPANHA: C/ Clara del Rey, 30, bajo. E-28002 Madrid Tel.: (0034) 917 25 52 45 Fax: (0034) 917 25 01 80 Edição online espanhola: www.maxillaris.com Comissão Científica (edição espanhola): Javier García Fernández (diretor científico). Armando Badet de Mena. Blas Noguerol Rodríguez. Emilio Serena Rincón. Germán Esparza Gómez. Héctor Tafalla Pastor. Jaime Jiménez García. Jaume Janer Suñé. Juan López Palafox. Luis Calatrava Larragán. Manuel Cueto Suárez. Marcela Bisheimer Chémez. Rafael Martín-Granizo López.


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PUBLIRREPORTAGEM

BIOMIMETISMO COM UM SISTEMA DE CORES INTELIGENTE E MODIFICÁVEL NUM CASO DE TRAUMATISMO DENTÁRIO Dra. Clarence Tam, HBSc, DDS (Canadá) A Dra. Clarence Tam possui um consultório privado em Newmarket, Auckland (Nova Zelândia), especializado em medicina dentária restauradora e estética. Nascida no Canadá, licenciou-se em Medicina Dentária na Universidade de Western Ontario e especializou-se em Clínica Geral Dentária pela Universidade de Toronto/Hospital for Sick Children (Canadá). É coordenadora e diretora da New Zealand Academy of Cosmetic Dentistry. Cosmetic and General Dentistry, Morrow Street Dental, 18 Morrow Street, Newmarket, Auckland 1052 (New Zealand) clarence.tam@gmail.com - www.clarencetam.co.nz

Lista de tratamentos (nomenclatura FDI) • Dente 11 MIV: restauração em compósito aplicado por meio de estratificação direta com a técnica de condicionamento ácido (faceta complexa). • Dente 21 MIDVL: restauração em compósito aplicado por meio de estratificação direta com a técnica de condicionamento ácido (coroa 3/4). Material de obturação • Lâmina lingual: Amaris (VOCO), TN (Translucent Neutral). • Camada de compósito opaco: Amaris O3 (camada de dentina mais profunda e zonas cervicais). • Segunda camada de compósito opaco: Amaris O2 (camada de dentina mais superficial e caracterização da dentina incisal). • Efeitos incisais: Amaris Flow, cor HT (High Translucent), fluido. • Camada de esmalte vestibular: Amaris TL (Translucent Light). Técnica adesiva • Dente 11 MIV: preparação com um adesivo da quarta geração (Optibond FL, Kerr) após condicionamento ácido. • Dente 21 MIDVL: preparação com um adesivo da quarta geração (Optibond FL, Kerr) após condicionamento ácido. Introdução e queixas principais Um paciente de 16 anos foi encaminhado ao meu consultório por um endodontista. Os dentes 11 e 21 apresentavam-se gravemente traumatizados devido a um acidente que o paciente sofrera aos sete anos de idade ao cair de um rochedo. Ele relatava ter passado por diversos tratamentos endodônticos, que implicaram um comprometimento da função devido a infiltrações coronárias e recontaminação, bem como um comprometimento estético devido a uma pigmentação por hemossiderina e uma colonização bacteriana. Os dentes 11 e 21 apresentavam restaurações antigas com pigmentações e irregularidades, encontrando-se em condições inaceitáveis para o paciente. Além desta complexa situação, a zona mésio-vestibular apresentava uma per-

furação subgengival já restaurada. As irregularidades subgengivais daí decorrentes levaram à formação de uma bolsa periodontal, que tinha sido tratada havia pouco tempo. Também a face distal do dente 21 apresentava um contorno insuficiente, formando um degrau, ou zona de depressão, sob a gengiva, associado a um perfil de emergência inaceitável. O paciente pretendia ter incisivos mais regulares e longos, com uma estética mais agradável. No entanto, existiam limitações de ordem financeira e limitações relacionadas com a estrutura sã dos dentes remanescentes. Anamnese médica Doenças: nenhuma. Medicamentos: nenhum. Alergias: nenhuma.

Diagnóstico O exame clínico iniciou-se com um exame extraoral dos linfonodos, glândulas salivares, músculos da mastigação e função da articulação temporomandibular. A amplitude da abertura da boca, de 50 mm, era normal. No sextante superior anterior, observou-se uma profundidade máxima de sondagem de 4 mm na região do dente 21 DV. Todas as outras áreas examinadas revelavam uma profundidade máxima de 3 mm com sangramento à sondagem. O exame dos tecidos duros mostrou que o dente 21 apresentava uma coroa clínica mais curta do que o dente 11. O dente 21 apresentava, em comparação ao dente 11, uma vestíbulo-versão, ou proclinação. O lado distal do dente 21 exibia uma área de contorno insuficiente, com um défice de tecidos duros subgengivais que comprometia o perfil de emergência distal no sentido vestíbulo-lingual. Os dentes de 13 a 23 não apresentavam sensibilidade à percussão ou à pressão, nem uma mobilidade clínica significativa. O exame radiográfico consistiu em apenas uma única radiografia periapical da respetiva área, nas quais se observaram obturações canalares volumosas, sem espigões intrarradiculares. Consultou-se mais uma vez o endodontista do paciente, que confirmou não ser necessário um espigão para a continuidade do tratamento, considerando que este caso exigia uma preparação conservadora, que preservasse ao máximo a estrutura dentária natural. Discutiu-se com o paciente a possibilidade de tratamento com duas facetas em compósito complexas, aplicadas diretamente com a técnica de estratificação, para a correção estética. Neste caso, apenas uma quantidade mínima de tecido dentário teria de ser desgastada. Além disso, a proporção entre a largura e a altura dos dentes poderia ser melhorada, correspondendo ao ideal de 0,8:1,0. Outra opção de tratamento que foi apresentada ao paciente consistia na reabilitação com restaurações adesivas em cerâmica, que contribuiriam para a estabilização das coroas. Embora o paciente e a sua mãe estivessem interessados nesta opção, contrariava a sua escolha não só o facto de que as restaurações deveriam ser facilmente reparáveis em caso de eventuais futuros acidentes, confor-


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me desejava o paciente, como também a sua situação financeira. O paciente aceitou o meu conselho e optou pela reabilitação dos dentes 11 e 21 com restaurações diretas em compósito.

influenciada por fatores como uma possível desidratação e o tempo/idade, e baseia-se em cinco variáveis: matiz, croma, translucidez, fluorescência e opacidade. Irfan Ahmad afirma que o ajuste da cor é mais efémero do que eterno1.

Plano de tratamento

Procedeu-se a uma gengivectomia utilizando laser de diodo (Ezelase 940 nm, Biolase, 1,5 W feixe contínuo), para remover o tecido excedente na zona disto-axial, na área subgengival com contorno insuficiente descrita anteriormente (fig. 3). Uma vez que a hemoglobina e a oxiemoglobina absorvem otimamente a luz com comprimento de onda de 940 nm, optou-se pela utilização deste laser. Este permite realizar a ressecção tecidual e obter a hemostasia concomitantemente, criando condições ideais para a restauração. Nesta foto, a perfuração subgengival e a restauração, bem como o compósito translúcido que o cirurgião-dentista havia utilizado para o coto original, estavam bem visíveis. Presumiu-se que a remoção completa do compósito presente na estrutura dentária remanescente provocaria danos adicionais, tendo- se então interrompido a preparação neste ponto. Para evidenciar e remover a contaminação bacteriana residual, aplicou-se um corante de cáries (Caries Detector, Kuraray). Desta forma obtém-se uma base de dentina dura e limpa.

• Exame superficial (tecidos duros e moles): extraoral e intraoral. • Radiografia periapical pré-operatória. • Consentimento informado. • Documentação fotográfica pré-operatória (12 imagens de acordo com a American Academy of Cosmetic Dentistry [ACCD]). • Definição da cor. • Anestesia, isolamento absoluto (técnica “split dam”) e preparação. • Microabrasão com ar e óxido de alumínio (50 µm). • Condicionamento ácido, aplicação de adesivo, restauração direta com Amaris (VOCO) das cores TN, O3, O2, HT e TL no dentes 11 e 21. • Acabamento preliminar da anatomia primária e secundária no primeiro dia. • Confirmação da integração da cor e eventual alteração, escultura final e polimento após 48 horas (para aguardar a cura total do compósito antes do polimento). • Realização de documentação fotográfica pós-operatória (12 imagens ACCD), bem como uma radiografia periapical pós-operatória. Caso clínico O paciente era um jovem de 16 anos que foi encaminhado pelo seu endodontista ao meu consultório para um tratamento restaurador estético. O endodontista realizara as obturações dos canais dos dentes 11 e 21 com guta-percha e cimento Roth. Para a reconstrução do coto utilizou-se o material de forro Cavit (3M Espe) na camada mais profunda, bem como um compósito fluido B1 e um compósito B2 de marca indeterminada. Após o exame específico, o diagnóstico, a discussão do plano de tratamento e o consentimento do paciente após o seu esclarecimento, marcou-se uma nova consulta para a preparação e a execução das duas facetas em compósito complexas, aplicadas diretamente, nos dentes 11 e 21 (fig. 1). O paciente foi anestesiado com 1,5 ampolas de articaína 4% (anestésico do tipo amida com epinefrina 1:105). Antes do isolamento (técnica "split dam", fig. 2), determinaram-se as cores. Deve observar-se que a verificação da cor é apenas momentânea, embora as características óticas do dente variem constantemente conforme diferentes condições. A determinação da cor é

Fig. 1. Imagem do sorriso na situação inicial: vista frontal (proporção 1:2). O antigo compósito e a assimetria entre os dentes 11 e 21 (classificação FDI) estão claramente visíveis na linha de transição devido às alterações do esmalte por fluorose.

Fig. 2. Situação imediatamente pré-operatória: isolamento com a técnica “split dam” (Roeko, Coltene) com um dique sem látex.

Após a colocação de um fio retrator de espessura 0 (Ultrapak, Ultradent) no sulco vestibular com uma técnica de inserção contínua, procedeu-se à microabrasão com óxido de alumínio de 50 micrómetros, a fim de se obter uma ótima ancoragem micromecânica (fig. 4). Condicionamento ácido com ácido ortofosfórico a 33%, seguido da aplicação em três passos de um sistema adesivo de condicionamento total da quarta geração (Optibond FL, Kerr). A estratificação começa com a aplicação da lâmina lingual, que foi produzida a mão livre com o auxílio de uma matriz Mylar (fig. 5). Com a utilização de uma matriz de silicone confecionada com base num enceramento de diagnóstico, a colocação da camada de base teria sido mais fácil. No entanto, o pa ciente optou pela não realização desse passo por uma questão de custos. A camada de base, que restaura o comprimento e as proporções dentárias desejadas, tem cerca de 0,3 mm de espessura e efetua-se com uma cor de esmalte branca e translúcida. Para esta estrutura usou-se o compósito Amaris (VOCO) com a cor TN (Translucent Neutral).

Fig. 3. Gengivectomia a laser na região distoaxial do dente 21 para exposição da margem do preparo. Preparo concluído até à profundidade pretendida.

Fig. 4. Microabrasão e colocação de um fio retrator entrançado e seco (espessura 0, Ultrapak, Ultradent) no sulco gengival vestibular com uma técnica de inserção contínua.


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A próxima camada serviu para cobrir o fundo translúcido da melhor forma possível com uma massa opaca de dentina. A opacidade ajustou-se de forma a cobrir as linhas de transição. Caso contrário, o resultado estético seria prejudicado. O tamanho e a translucidez do coto remanescente, definidos pelos materiais anteriormente utilizados, dificultavam o tratamento do caso apresentado. Fig. 5. Lâmina lingual com o Amaris da cor TN (VOCO), aplicada a mão livre. A espessura é de cerca de 0,3 mm.

Fig. 6. Primeiro estrato com o Amaris O3 aplicado na zona disto-vestibular.

Fig. 7. Segundo estrato com o Amaris O2, formando a camada de dentina. Nesta camada criam-se os mamelões dentinários e os efeitos incisais.

Fig. 8: A translucidez incisal final é intensificada pela aplicação e polimerização do compósito fluido Amaris HT no primeiro quinto incisal do dente.

Utilizou-se a cor opaca de base Amaris O3 para as camadas mais profundas da zona disto-axial, para verificar se coincidia com a cor do coto dentário (fig. 6). Após a cura tornou-se evidente que, para as camadas mais superficiais, seria necessária uma cor opaca mais clara (O2) para uma máxima aproximação à cor final pretendida (fig. 7). A possibilidade de modificações proporcionada pelo Amaris facilita imenso a dentisteria estética direta, tornando o trabalho mais prazeroso. Esta camada desempenha ainda outro papel importante, uma vez que a dentina define a cor de base do dente e equilibra a fluorescência e o croma da restauração4. Nas zonas marginais, a camada de dentina mais superficial foi modelada em direção cervical para cobrir a perfuração vestibular subgengival. A área incisal foi reconstruída com mais um incremento de Amaris O2, e o seu acabamento realizou-se em direção incisal. Uma particularidade desta camada são os prolongamentos de dentina irregulares, que constituem a base para os efeitos incisais da restauração final. Antes da polimerização final, são conformados mamelões dentinários nesta camada de dentina externa. Para a próxima camada, utiliza-se uma cor altamente translúcida. Ela emprega-se como material de enchimento entre os prolongamentos incisais e os mamelões dentinários (fig. 8). A utilização de uma cor clara e translúcida aumenta a penetração, transmissão, reflexão e refração da luz nessa zona da restauração final. A nuance de cor determina-se, então, de acordo com a nuance de cor do dente vizinho desidratado. Deve observar-se que, nesta altura, uma modificação transopera tória após a determinação da cor não é possível, ou pode efetuar-se apenas minimamente. A aparência mais clara dos dentes desidratados durante um tempo relativamente longo pode ser enganosa, e muitos clínicos acabam por restaurar os dentes deixando-os demasiado claros após a reidratação dos dentes vizinhos. No caso apresentado, o paciente solicitou um tom levemente mais claro, pois pretendia branquear futuramente os dentes vizinhos. Uma vez que os incisivos centrais geralmente são um pouco mais claros que os laterais por natureza,

optámos por uma cor mais clara (TL, Translucent Light) em vez da cor planeada (TN, Translucent Neutral). A possibilidade de modificar o Amaris durante as diferentes fases da reconstrução também permite um controlo da cor final. No dente 11, posicionam-se duas esferas de compósito Amaris fotopolimerizadas para a verificação da cor: a esfera mais incisal tem a cor TN (Translucent Neutral), e a mais cervical, a cor TL (Translucent Light). Caso se aplicasse apenas uma camada espessa da cor TL, o valor da cor do dentes ultrapassaria o pretendido (fig. 9). Por esse motivo, é imprescindível avaliar a espessura e a morfologia das camadas de dentina aplicadas a partir do bordo incisal1. No caso apresentado, apenas uma fina camada final de compósito da cor do esmalte foi necessária para concluir a conformação do perfil de emergência e das arestas. Desta forma, utilizouse a cor TL para aumentar levemente o valor da camada de dentina (fig. 10). Depois da polimerização final, eliminaram-se os pontos de contacto com o auxílio de um instrumento afastador (“Mopper Pop”). Efetuou-se o acabamento usando tiras metálicas abrasivas (GC), bem como tiras de plástico abrasivas Epitex. Nas faces vestibulares, delinearam-se a lápis o perfil de emergência e as arestas a preservar. Procedeu-se ao acabamento final da anatomia primária e secundária com recurso a discos abrasivos de grão grosso (Soflex, 3M Espe) e brocas diamantadas de grão fino, em forma de agulha (Mani Dia-Burs). O polimento de alto brilho realizou-se com o sistema de dois passos (Clinician’s Choice) a 5.000 rpm, seguido do polimento final com um disco de feltro (Flexibuff, Cosmedent) e uma pasta de óxido de alumínio (Enamelize, Cosmedent; fig. 11). O paciente foi dispensado, para que o tecido gengival pudesse cicatrizar antes do polimento final na consulta de controlo (fig. 12). A seleção do material de restauração Neste paciente de 16 anos, com múltiplas lesões estruturais nas coroas dos incisivos centrais superiores, era importante escolher um sistema de compósitos que possuísse não apenas excelentes propriedades físicas, como também um sistema de cores moderno, para uma reprodução fiel de cada nuance. O objetivo deste tratamento era obter um resultado biomimético mediante a restauração do volume dentário e dos efeitos anatómicos individuais. No caso apresentado, apenas uma pequena redução do volume dentário, de 15% a 20%, foi necessária.


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O remanescente dentário consistia no material de reconstrução do coto aderido a uma estrutura dentária irregular. Considerou-se que o melhor seria manter tal união, pois não se observava nenhum sinal de cárie profunda, além de haver um risco elevado de perder ainda mais estrutura dentária. Pascal Magne preconiza a utilização de restaurações de cerâmica em casos cuja perda de estrutura coronária corresponda a mais de 60% do volume dentário natural. Esta percentagem indica o limite para a obtenção da estabilidade da coroa minimamente ne cessária para uma função duradoura. Uma perda estrutural maior exigiria um material com uma resistência mecânica mais elevada. No caso do compósito, trata-se de um material mais flexível do que a cerâmica e que não reduz o risco de fraturas quando é usado para estabilizar dentes fortemente destruídos2. O dente 21 do caso em análise apresentava uma estrutura remanescente inferior a 40%, de forma que o melhor tratamento teria sido uma restauração adesiva em cerâmica, desde que o paciente tivesse condições financeiras que o permitissem. Um resultado estético ideal para o dente 21 em termos de simetria teria sido a colocação de uma restauração de cerâmica adesiva, o que não era possível pelos motivos expostos anteriormente. Antes de iniciar o tratamento, notou-se que haveria uma discrepância em relação à cor do coto dentário remanescente enquanto a dentina estivesse intacta. Por isso, era imprescindível poder ajustar a cor durante o transoperatório. A solução foi empregar um compósito universal moderno, que não só apresentasse excelentes propriedades físicas, como também possuísse um sistema de cores inteligente, permitindo uma modificação da cor em qualquer fase. No caso apresentado, utilizou-se a técnica de Newton Fahl, com uma cor de esmalte acromática3. Para a camada de esmalte, utilizou-se uma nuance de cor “não Vita” (Amaris TN: Translucent Neutral), sendo que o croma foi composto por duas cores de

dentina (Amaris O3 e O2). Neste caso, o valor do compósito O3 considerou-se muito baixo para o valor final pretendido. Graças à utilização do sistema de cores inteligente da VOCO, foi possível modificar o valor com uma cor de dentina mais clara (O2). O valor modificou-se ainda com o uso de uma cor de esmalte mais clara que a planeada inicialmente (Amaris TL: Translucent Light). Para conseguir uma perfeita coincidência de cor, a adaptação incremental da espessura da camada deve ser extremamente precisa. Uma camada de esmalte demasiado espessa cria um valor de cor mais baixo que o pretendido, e uma camada de dentina demasiado espessa afeta o valor, o matiz e o croma1. Durante os passos da reconstrução da forma, este aspeto foi frequente e sistematicamente verificado a partir do lado incisal. No caso descrito, a necessidade de preservar a dentina remanescente foi o que nos levou a manter intacta a maior parte da estrutura do coto. A utilização de um sistema de compósito inteligente e modificável foi imprescindível para o sucesso deste caso, que exigiu uma modificação transoperatória da cor do coto. Utilizando o compósito Amaris, é possível restaurar o volume dentário destruído, bem como reproduzir os contornos e as nuances de cor com apenas um único sistema inteligente, que permite corrigir complicações estéticas imprevistas no transoperatório. É devido a estas características que se considera o Amaris um compósito universal altamente moderno e um recursochave da dentisteria estética atual. As excelentes qualidades de polimento, associadas a uma mínima rugosidade superficial mínima e abrasão a três corpos, proporcionaram um resultado funcional, duradouro e altamente estético para este paciente. O Amaris oferece uma solução previsível para casos complexos de comprometimento estético no setor dentário anterior e, ao mesmo tempo, permite restaurar com um conceito simples, porém de forma duradoura, o sorriso dos nossos pacientes.

Fig. 9. No dente 11 posicionam-se duas esferas com o Amaris fotopolimerizado para avaliar a cor que mais se aproxima da cor final: se a TN (esfera inferior) ou a TL (esfera superior).

Fig. 10. Para substituir a camada de esmalte vestibular, utilizou-se um único incremento de Amaris TL.

Fig. 11. Resultado pós-operatório imediatamente após a escultura, o acabamento e o polimento no primeiro dia.

Bibliografia: 1. Ahmad I. Chromatically-crafted restorations: shade matching with resin-based composites. J. Cosmetic Dent. 2013; 29(1): 43-50. 2. Magne P., Belser U. Bonded porcelain restorations in the anterior dentition: a biomimetic approach. (2003) Quintessence Publishing Co, Inc., pp. 50-55. 3. Fahl N. Jr. Step-by-step approaches for anterior direct restorative challenges: mastering composite artistry to create anterior masterpieces – part 2. J. Cosmetic Dent. 2010; 26 (4): 42-55. 4. Milner F.J, Wohlberg J. Direct resin veneers: case type V for AACD accreditation. J. Cosmetic Dent. 2013; 29(1): 110-118.

Fig. 12. Vista frontal do sorriso (proporção 1:2), 48 horas depois.

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12ª edição do SENAME reúne no Estoril médicos dentistas de 30 nacionalidades O Congresso da Associação de Implantologia e Medicina Dentária Moderna do Sul da Europa, Norte de África e Oriente Médio (SENAME) estreou-se em Portugal, nos passados dias 17 a 19 de setembro, com a participação de profissionais de Medicina Dentária de cerca de 30 nacionalidades. Mais de 700 pessoas estiveram envolvidas, direta ou indiretamente, no evento que decorreu no Centro de Congressos do Estoril, onde também marcaram presença algumas dezenas de expositores da indústria dentária nacional e internacional. A 12ª edição do SENAME, que contou com o apoio científico da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária e da Digital Dentistry Society (com sede em Itália), juntou um vasto leque de conferencistas de renome em torno do lema “O futuro da Medicina Dentária”, com particular destaque para as temáticas da implantologia, da estética dentária, da tecnologia digital e da prótese dentária. Ao longo de três dias, o programa científico foi preenchido por oradores incontornáveis dos quatro cantos do mundo, tais como Henry Salama, Christian Coachman, Samuel Lee, Marco Esposito, Livio Yoshinaga, Gilberto Sammartino, Konstantinos Valavanis, Jafaar Mouhyi, Kwang Bum Park e Pascal Marquardt, entre muitos outros.

O SENAME atraiu ao Centro de Congressos do Estoril expositores da indústria dentária nacional e internacional.

“É a primeira vez em Portugal que se apresenta um cartaz desta envergadura. Isso foi reconhecido pelos meus pares e pelos moderadores portugueses que participaram nas sessões científicas”, observou à MAXILLARIS o médico dentista Miguel Stanley, principal mentor do congresso e responsável pela adesão de Portugal ao SENAME, que remonta a 2012, ano em que teve conhecimento da existência “desta espécie de Nações Unidas da Medicina Dentária”, durante uma visita a Ramallah (Palestina) para proferir uma palestra. Três anos depois – e numa altura em que Portugal integra o Conselho de Administração do SENAME – a realização do encontro no Estoril “mostra que o nosso país está no mapa da Medicina Dentária internacional e que existe abertura para o diálogo com o mundo exterior”, acrescentou Miguel Stanley, frisando que “este é um congresso onde o aluno de Medicina Dentária e um veterano, com 30 ou 40 anos de experiência profissional, não só são ambos bem-vindos, como todos podem ganhar alguma coisa com isto”, nomeadamente em matéria de atualização de conhecimentos sobre as mais recentes técnicas e soluções que se praticam a nível mundial. O mentor da edição portuguesa do SENAME destacou ainda a importância do congresso numa pers- Miguel Stanley, principal mentor da edição petiva bem atual – à margem do setor dentário –, que se prende com “algum receio que existe em portuguesa do congresso. relação à emigração que vem da guerra da Síria”. Miguel Stanley refere, a propósito, que “temos aqui pessoas que conhecem essa realidade, e é para mim uma honra poder contribuir também para desmistificar, de alguma forma, essa visão que alguns têm dos nossos irmãos que vêm do Médio Oriente. São pessoas que, tal como nós, querem paz, diversão e boa Medicina Dentária”. Na sessão de abertura do congresso destacou-se a presença de Gilberto Sammartino, o médico dentista italiano que tem a seu cargo a presidência do SENAME, de Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais, e ainda dos médicos dentistas Maria Sammartino e Gil Alcoforado, que fizeram uma apresentação detalhada dos projetos de voluntariado Operation Smile e Mundo a Sorrir, respetivamente. Durante o seu breve discurso, Gilberto Sammartino destacou o prestigiado leque de conferencistas e o sentido de oportunidade dos tópicos incluídos no programa do congresso, agradecendo “o empenho da organização portuguesa neste evento de valor acrescentado” para a comunidade internacional do setor dentário.

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Dia Europeu da Saúde Oral assinalado sob o signo do cancro oral O Dia Europeu da Saúde Oral assinalou-se, no passado dia 12 de setembro, sob o mote “Cancro oral: dentistas a salvar vidas”, com o propósito de chamar a atenção para a importância do diagnóstico precoce e tratamento de uma doença que tem vindo a crescer em toda a Europa, incluindo em Portugal. No ano passado, ao abrigo do programa cheque-dentista, foi lançado em Portugal o Projeto de Intervenção Precoce do Cancro Oral (PIPCO). Os primeiros resultados conhecidos mostram que já foram detetadas através deste projeto 24 lesões malignas, estando em análise 17 lesões suspeitas. O PIPCO foi criado de raiz pela Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) e pela Direção-Geral de Saúde (DGS), com um conceito inovador que integra médicos dentistas, médicos de família, médicos hospitalares, hospitais e laboratório de referência. Na presença de uma lesão oral suspeita, os doentes são encaminhados pelos médicos de família, através da emissão de um cheque-dentista, para um médico dentista que avalia a lesão e decide quando é necessário a realização de uma biópsia. Caso seja necessário efetuá-la, o médico dentista emite um segundo cheque-dentista, e depois de recolhida a amostra segue para análise em laboratório. Identificada uma lesão cancerígena, o médico dentista e o médico de família são notificados pelo laboratório, e o doente é informado que tem já data de consulta num hospital de referência mais próximo para dar início ao tratamento. Desde que o projeto foi implementado, em março de 2014, e até 30 de junho deste ano, já foram utilizados 1.315 cheques-diagnóstico para um total de 4.341 cheques emitidos. Pedro Trancoso, médico dentista que integra o grupo de trabalho da OMD com a DGS, no âmbito do cancro oral, explica que “a taxa de execução do PIPCO está nos 30%, mas vai subir nos próximos meses. O programa necessitou de alguns acertos informáticos que condicionaram o arranque, mas nos últimos meses a taxa de execução tem sido crescente”. De acordo com Pedro Trancoso, a taxa de execução do cheque-biópsia está nos 90%, “o que quer dizer que os casos suspeitos estão a ser devidamente encaminhados e acompanhados”.

Em Portugal já foram utilizados 1.315 cheques-diagnóstico, ao abrigo do Projeto de Intervenção Precoce do Cancro Oral.

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Bastonário visita projeto de Medicina Dentária da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), Orlando Monteiro da Silva, visitou no passado dia 16 de setembro a Unidade de Saúde da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, no Bairro da Liberdade (Campolide). Orlando Monteiro da Silva fez-se acompanhar pelos médicos dentistas Ricardo Oliveira Pinto e Sónia Araújo Santos, vogal do Conselho Diretivo da OMD e representante da Região Sul neste mesmo órgão, respetivamente. Esta unidade, a funcionar desde julho do ano passado, inaugurou em fevereiro passado o Serviço de Estomatologia, que conta já com cerca de 400 utentes, e realizou aproximadamente 1.100 consultas. A unidade de saúde conta com o apoio de 12 profissionais, entre eles dois médicos dentistas e uma higienista oral. As consultas, tal como em todas as especialidades nesta unidade, são completamente gratuitas. Este projeto nasceu num dos bairros mais desfavorecidos de Lisboa, num espaço cedido pelo Centro Social Paroquial de São Vicente de Paulo para atender uma população onde predominam idosos e desempregados com carências socioeconómicas graves. Orlando Monteiro da Silva sublinha que “este serviço é verdadeiramente inovador e sobretudo esencial”, já que considera que a saúde oral “é parte integrante da saúde em geral e tem sido descurada no Serviço Nacional de Saúde, com graves danos para os portugueses, sobretudo para os mais carenciados”. O bastonário recorda que é a população mais pobre que está privada do acesso a consultas de Medicina Dentária. “Os problemas de saúde oral agravam doenças como a diabetes e problemas cardiovasculares, que são, infelizmente, demasiado comuns entre os nossos idosos. É por isso de louvar iniciativas como esta da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que garantem tratamentos orais que de outra forma não seriam feitos”.

Órgãos sociais da Young Dentists Portugal tomam posse Os novos órgãos sociais da associação Young Dentists Portugal tomaram posse, no passado dia 13 de setembro, numa cerimónia que decorreu nas instalações do Museu Machado de Castro, em Coimbra. A nova equipa, formada por dirigentes e ex-dirigentes das associações de estudantes de Medicina Dentária do Norte, do Centro e do Sul do país, encontra-se “com a máxima energia e motivação para lutar pelos interesses dos estudantes e jovens médicos dentistas portugueses”, tal como assinalou o presidente deste organismo, João Pires. “Sabemos que a Medicina Dentária em Portugal e no mundo está a viver um período de mudança e crescimento. O futuro é incerto, mas acreditamos que a sua qualidade apenas dependerá da ambição e da união dos colegas mais jovens no presente", acrescentou o dirigente. Para além de João Pires (presidente), integram o “núcleo duro” da Young Dentists Portugal, Filipa Neto (vice-presidente), Lino Vinhas (secretário-geral), Rui Sampaio (tesoureiro) e João Lucas Monteiro (editor).

A equipa portuguesa da Young Dentists é formada por dirigentes e ex-dirigentes das associações de estudantes de Medicina Dentária.

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Faculdade de Lisboa inaugura laboratórios da licenciatura em Prótese Dentária No passado dia 21 de setembro foram inaugurados os novos laboratórios da licenciatura em Prótese Dentária da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (FMDUL). Estas instalações encontram-se modernamente equipadas, tendo a renovação, agora verificada, sido possível graças à colaboração da empresa Goldentav e da sua representada alemã – a Renfert –, as quais forneceram uma parte significativa dos novos equipamentos.

Luís Pires Lopes, diretor da FMDUL, discursando durante a cerimónia de inauguração dos novos laboratórios.

Por seu lado, a Nobel Biocare patrocina um dos laboratórios do ensino pós-graduado, o qual se encontra equipado com o sistema CAD-CAM NobelProcera 2G. Este novo laboratório visa a produção de trabalhos para as clínicas da FMDUL, assim como ações de formação dirigidas a técnicos laboratoriais de prótese dentária. No final da cerimónia em que discursaram o estudante João Rodrigues, presidente da Associação Académica, e Luís Pires Lopes, diretor da faculdade lisboeta, houve um beberete em honra dos convidados e das empresas patrocinadoras. 18

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Estudantes de Prótese Dentária vão beneficiar de instalações renovadas com equipamento moderno.


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Patrick Hescot inicia o seu mandato como presidente da organização

Congresso anual da FDI junta em Banguecoque cerca de 14.700 profissionais do setor Cerca de 14.700 profissionais de Medicina Dentária, oriundos dos cinco continentes, acorreram ao Centro de Comércio e Exposições de Banguecoque (Tailândia) entre os dias 22 e 25 de setembro, no âmbito do congresso da Federação Dentária Internacional (FDI). O encontro anual do principal organismo internacional do setor – que engloba mais de um milhão de dentistas, 200 associações e gru- O encontro da FDI contou com uma grande afluência de público oriundo dos quatro cantos do mundo. pos especializados de 130 países – registou, além disso, a participação de 290 representantes da indústria, que mostraram as últimas inovações e novidades em termos de materiais e serviços dentários numa área de exposição de 5.500 metros quadrados. Sob o lema “A Medicina Dentária no século XXI”, o congresso organizado pela Associação Dentária da Tailândia contou com o contributo de 17 oradores tailandeses e 63 de outros países, que abordaram as temáticas mais atuais e emergentes no dia a dia das consultas dentárias, mas também as relacionadas com os serviços de saúde em geral. O incremento e a melhoria do acesso aos cuidados de saúde oral, enquanto direito fundamental dos cidadãos, assim como a prestação de serviços dentários às populações mais envelhecidas, foram alguns dos temas que centraram a atenção dos congressistas. O encontro de Banguecoque assinalou o início do mandato do novo presidente da FDI, Patrick Hescot, que se estreou no cargo durante a assembleia geral da organização, celebrada no dia 24 de setembro. No seu discurso de tomada de posse, o sucessor da médica dentista chinesa Tin Chun Wong afirmou que a presidência da FDI “requer energia e entrega, bem como dedicação, para colaborar com amigos e colegas das associações dentárias de todo o mundo”. O novo dirigente, de nacionalidade francesa, referiu que hoje em dia os médicos dentistas “são agentes socioeconómicos com responsabilidades sobre a qualidade de vida dos pacientes”, destacando que “uma boa saúde oral é parte integrante do bem-estar e um direito fundamental de todos os cidadãos”. Patrick Hescot, que soma 30 anos de experiência na FDI, foi presidente da Organização Regional Europeia da FDI (ERO, na sigla em inglês), faz parte do Conselho da FDI desde 2007 e foi designado presidente eleito em 2013. Em Banguecoque esteve uma delegação portuguesa encabeçada por Paulo Ribeiro de Melo, secretário-geral da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) e National Liaison Officer de Portugal, que foi reeleito para o Comité de Saúde Pública da FDI. Também marcaram presença no congresso, em representação da OMD, Ricardo Faria e Almeida, presidente da Comissão Científica da Ordem, e Pedro Pires, responsável pela Expo-Dentária e vicepresidente da Associação Dentária Lusófona, que foi o delegado desta organização no World Dental Parliament. Pedro Mesquita (presidente) e Jaime Portugal representaram a Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária neste encontro mundial. O próximo congresso anual da FDI celebra-se na cidade de Poznan (Polónia), de 7 a 10 de setembro de 2016. O médico dentista francês Patrick Hescot é o novo presidente da FDI.

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IADR e AADR alertam para o impacto económico das doenças do foro dentário A Associação Internacional para a Investigação Dentária (IADR) e a Associação Americana para a Investigação Dentária (AADR) publicaram no Journal of Dental Research um artigo sobre o impacto económico global das doenças do foro dentário, no qual se calculam os custos diretos e indiretos deste tipo de patologias em todo o mundo. Este relatório é importante para avaliar a relevância social de prevenir e centrar as atenções nas doenças orais. À parte dos gastos com o tratamento, há outros custos indiretos envolvidos, em particular a perda de produtividade que resulta do absentismo laboral. O estudo (baseado em dados estatísticos de 2010) indica que os gastos diretos com o tratamento deste tipo de patologias em todo o mundo estimaram-se em 298.000 milhões de dólares anuais, o que corresponde a uma média de 4,6% dos gastos públicos com a saúde global. Os custos indiretos somavam 144.000 milhões de dólares anuais, refletindo perdas económicas na esfera das 10 causas de morte mais comuns a nível global. Não obstante os limites dos dados e das metodologias disponíveis na atualidade, estes números sugerem que o impacto económico global das doenças dentárias representavam 442.000 milhões de dólares em 2010. Perante este cenário, não restam dúvidas de que a melhoria da saúde oral das populações pode trazer benefícios económicos substanciais não só em termos da redução de gastos com os tratamentos, como também contribuirá para a diminuição da baixa produtividade no mercado laboral. MAXILLARIS OUTUBRO 2015

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Marcadores de stress crónico nas mães predizem a existência de cáries nos seus filhos O stress materno crónico está associado a uma maior prevalência de cáries nas crianças, segundo indica um estudo divulgado no passado mês de setembro, realizado pelo Kings College de Londres (Reino Unido) e pela Universidade de Washington (Estados Unidos). O trabalho também revela que o stress está vinculado a probabilidades mais baixas de latância materna e a menos visitas das crianças ao médico dentista. Os investigadores analisaram os dados de 716 pares de mães e filhos nos Estados Unidos. As crianças tinham entre dois e seis anos de idade e as mães tinham em média 36 anos. Os investigadores constataram que as cáries dentárias eram mais comuns (44,2%) entre as crianças cujas mães tinham dois ou mais marcadores biológicos de stress crónico, do que entre os filhos das que não tinham nenhum destes marcadores (27,9%). Segundo o estudo, publicado recentemente no American Journal of Public Health, as análises complementárias mostram a relação entre a presença de marcadores de stress crónico materno e as condutas de cuidados das crianças, como a latância materna, as visitas ao dentista e a ingestão de pequeno-almoço todos os dias. As cáries dentárias estavam mais presentes entre O novo estudo indica que as cáries dentárias estavam mais presentes as crianças cujas mães não as amamentaram em relação às que o fizeram entre as crianças cujas mães não as amamentaram. (62,9% face a 37,1%), ao passo que as mães que tinham um ou mais marcadores de stress eram menos propensas a amamentar os seus filhos. Perante estes dados, os investigadores assinalavam que “as políticas que têm como objetivo melhorar a saúde dentária, em particular a prevalência de cáries nas camadas mais jovens, devem incluir intervenções para reforçar a qualidade de vida das progenitoras”. “O stress materno crónico como fator de risco potencial”, afirmava Wael Sabbah, do Kings College de Londres, “é algo que devemos ter em conta, além de outras implicações mais amplas na saúde dentária, como o bem-estar materno, social e o ambiente psicológico”. “Sabemos que o baixo nível socioeconómico se associa à exposição crónica das circunstâncias adversas da vida”, esclarecia, por seu lado, Erin E. Masterson, da Universidade de Washington, para quem “este estudo reflete a importância de considerar a influência da situação socioeconómica e o stress materno na saúde oral das crianças”.

Estudo relaciona a resposta imune a um tipo de vírus do papiloma com a sobrevivência ao cancro oral Um estudo recente publicado no Clinical Cancer Research e realizado na Universidade do Texas (Estados Unidos) concluiu que os anticorpos do vírus do papiloma humano tipo 16 poderão antever a sobrevivência ao cancro oral. Esta relação parece ser relevante nos casos dos pacientes com carcinoma de células escamosas com vista aos tratamentos que se lhes poderão aplicar. Tal como explicam os investigadores, a presença destes anticorpos parece constituir uma vantagem para a sobrevivência a este cancro, enquanto resposta imunológica, o que se aproxima muito do conceito convencional de vacina. Nesta investigação, 87,4% dos pacientes que deram positivo na presença destes anticorpos, em comparação com os que não os possuíam, tinha conseguido sobreviver aos cinco anos, e 82,9% apresentava nesse mesmo prazo de tempo uma boa progressão na luta contra esta doença. Segundo os investigadores, estes resultados “demonstram que o estado dos anticorpos do vírus do papiloma humano tipo 16, em particular do anticorpo denominado E, é um dado muito importante para prever a sobrevivência em pacientes com carcinoma orofaríngeo por vírus do papiloma humano”.

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FALamos coM... André Mariz Almeida, presidente da Comissão Organizadora do 2º Congresso da Sociedade Portuguesa de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial

O nosso grande objetivo é a internacionalização do congresso

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Falamos com...

Quais são as suas expetativas relativamente ao segundo Congresso de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, que vai ter lugar em Lisboa (Monte da Caparica) em 2016? O segundo congresso da Sociedade Portuguesa de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial (SPDOF) apresenta-se com uma fasquia muito alta, após o enorme sucesso de 2015. Em 2016 o tema do congresso é o futuro. O objetivo da nossa sociedade é partilhar e debater com todos os congressistas o caminho que a temática da dor orofacial e disfunção temporomandibular irá seguir nos próximos anos. Queremos continuar com a excelência da qualidade científica, aliada com a aplicabilidade prática de todas as palestras desta edição. A nossa principal preocupação é transformar a temática da dor orofacial em algo menos complexo e mais próximo de todos os congressistas. Foi pedido a todos os nossos palestrantes precisamente este caráter mais prático, demonstrando todas as novas ferramentas para o diagnóstico e o tratamento da dor orofacial. No seguimento da estreia em Coimbra, estão previstas alterações ou novidades de fundo no “modelo” deste encontro? Nesta edição, o congresso terá a duração de dois dias e decorrerá em dois auditórios diferentes, o que nos permite introduzir mais especialidades contribuindo para a multidisciplinaridade desta área. Vamos também ter pósteres e comunicações livres, dando a oportunidade a todos os profissionais de apresentarem os seus trabalhos clínicos e de investigação, abrindo assim espaço para a discussão e o avanço cientifico, levando-nos ao futuro da dor orofacial e da disfunção temporomandibular. Outro aspeto muito importante neste congresso é a criação de workshops para os nossos conferencistas. Neste momento, podemos anunciar um, construído especificamente por Mariano Rocabado, uma referência mundial em fisioterapia, e dirigido a dentistas, a estomatologistas e a ortopedistas, e que permite compreender a ligação entre a fisioterapia e estas áreas, facilitando um diagnóstico mais claro de desordens craneovertebrais. Também está previsto outro work shop, orientado por Eduardo Januzzi, que apresenta um currículo internacional bastante reconhecido, especialmente na área da farmacologia em dor orofacial e mais especificamente na área da viscosuplementacão. Este conferencista está a preparar,

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Falamos com... especificamente para o segundo congresso da SPDOF, uma sessão em viscosuplementação, durante a qual irá mostrar todo o futuro desta técnica na área da dor orofacial. Tudo aponta para que a realização do congresso na capital do país possa atrair um maior número de participantes. Quais são as previsões da organização em termos de inscrições? O primeiro congresso superou altamente as expetativas em termos de número de participantes, como tal, não temos qualquer dúvida que iremos novamente quebrar o recorde de inscrições nesta segunda edição, especialmente pelo elevado interesse que tem suscitado a nível de redes sociais, correios eletrónicos e contactos com pedidos de informações. Presentemente, o nosso grande objetivo é a internacionalização do congresso. Temos um programa muito forte e válido cientificamente, e temos palestrantes de topo de Portugal, Espanha, Argentina, Brasil e Itália. Neste momento, temos relações muito fortes com sociedades científicas da área da dor orofacial de Espanha, Itália e Brasil. Temos recebido vários correios eletrónicos de interessados em participar nas comunicações orais destes países e até da Rússia. É importante salientar igualmente o facto do congresso se realizar no Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, que é reconhecidamente uma instituição académica com relações muito próximas com diversos países europeus e sempre muito virada para o futuro e o avanço científico, tendo sido essa também a razão da escolha da SPDOF para realizar o seu segundo congresso. A primeira edição do congresso da SPDOF foi marcada pelo vincado carácter multidisciplinar do programa científico. Que áreas/especialidades da saúde vão estar envolvidas na segunda convocatória? Neste congresso quisemos ainda ser mais abrangentes nas diferentes áreas que intervêm na área da dor orofacial. Assim, para além da Medicina Dentária, vamos ter conferencistas das seguintes áreas: estomatologia, cirurgia maxilo-facial, fisioterapia, neurologia, reumatologia, psi-

A nossa principal preocupação é transformar a temática da dor orofacial em algo menos complexo e mais próximo de todos os congressistas

cologia, enfermagem, psiquiatria, otorrinolaringologia, farmacologia, medicina do sono, anestesia, dor, acupuntura, entre outras. Iremos contar com palestras de investigação, tendo sempre como foco o futuro em áreas como: traumatologia, psicologia e stress infantil, ortodontia intercetiva, patologia do sono, medição e controlo da dor, e farmacologia, entre tantas outras áreas de absoluta inovação em dor orofacial. O nosso objetivo é sempre a procura da discussão e do debate entre especialidades e o estabelecimento de novos protocolos de trabalho. Que oradores nacionais e internacionais já confirmaram a sua presença no Monte da Caparica? Felizmente, podemos dizer que temos um cartaz absolutamente fantástico e não descansámos enquanto não tivemos os palestrantes que queríamos, ou seja, ninguém nos disse “não”. Após o congresso deste ano, a visibilidade da dor orofacial e da SPDOF aumentou exponencialmente e começámos a definir de imediato o congresso de 2016. Em suma, nesta segunda edição vamos ter a honra de ouvir o seguinte rol de conferencistas: Stefano Manfredinni, Ricardo Dias, Sérgio Félix, Gabriela Videira, João Caramês, João Rua, Diana Correia (Medicina Dentária), Mariano Rocabado, Filipe Videira, Rafael Tardin, Tiago Rocha (fisioterapia), Francisco

Perfil ANDRÉ MARIZ DE ALMEIDA, natural de Lisboa, é formado em Medicina Dentária pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, com sede no Monte da Caparica, onde exerce presentemente o cargo de assistente de Reabilitação Oral I e II e de Dor Orofacial e ATM no Mestrado Integrado em Medicina Dentária. No plano académico, é atualmente doutorando na Universidade de Granada (Espanha). Exerce a sua prática clínica exclusiva em Lisboa, centrada nas áreas da dor orofacial, da disfunção temporomandibular e da reabilitação oral.

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Falamos com...

Salvado, Afonso Pinhão Ferreira, Jacinto Fernández Sanromán, António Matos da Fonseca, António Mano Azul, David Sanz (estomatologia e cirurgia maxilo-facial), Maria do Rosário Dias e Ana Cristina Cardoso Oliveira (psicologia), João Paço (otorrinolaringologia), Ana Santa Clara (psiquiatria), Maged Argalious (anestesia), Teresa Paiva e Paulo Cunalli (medicina do sono), Ricardo Santos (terapia da fala) e Pedro Vaz (acupuntura). Temos ainda algumas palestras por confirmar. Quais são as principais temáticas científicas a abordar na segunda edição do congresso? Como já referi, neste congresso o nosso principal objetivo é estabelecer a direção que a temática da dor orofacial e da disfunção temporomandibular estão a seguir, mantendo sempre inalterável a interdisciplinaridade e o trabalho em equipa. Queremos, portanto, que os nossos congres-

O nosso objetivo é sempre a procura da discussão e do debate entre especialidades e o estabelecimento de novos protocolos de trabalho

sistas retirem sempre a par et prática da inovação científica dos nossos fantásticos palestrantes. As conferências e os palestrantes, convidados pela Comis são Cientifica do segundo congresso da SPDOF, irão mostrar todos os últimos avanços nas suas áreas de especialidade, mas sempre com o objetivo de estabelecer e apre sentar novos protocolos. Neste congresso, pretendemos entrar em áreas tão específicas como: terapia do sono, mediadores da dor, psicologia e stress médico/doente e stress infantil, protocolo farmacológico para dor orofacial, ruídos otológicos, cefaleias, co ping da dor do ponto de vista da enfermagem, agulhamento e acupuntura, fisioterapia pré e pós operatória, vis cosuplementação, aparatologia para disfunção tem poromandibular, protocolo e avanços em traumatologia da disfunção temporomandibular, entre outras. Que outros aspetos do programa, nomeadamente de carácter lúdico, vale a pena destacar? Ao abrigo do nosso objetivo de internacionalizar cada vez mais o congresso, contamos com representantes de diversas sociedades científicas nacionais e internacionais que fazem questão de deslocar-se a Lisboa para não só assistir ao congresso como visitar uma cidade e um país que estão claramente na moda. Neste sentido, pretendemos ter um programa social para os acompanhantes, permitindo-lhes desfrutar da proximidade das magníficas praias da Costa da Caparica e da cidade de Lisboa. Na sexta-feira, dia dezoito de março, teremos um jantar oficial do congresso que permitirá fortalecer ou estabelecer novas relações entre os diversos participantes num ambiente descontraído.

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FALamos coM... José Alves, presidente da Associação dos Amigos dos Doentes com Cancro Oral (ASADOCORAL)

Há um desconhecimento quase total sobre o cancro da cavidade oral

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Falamos com... A recém-criada Associação dos Amigos dos Doentes com Cancro Oral (ASADOCORAL), com sede no Porto, considera o papel dos profissionais do setor dentário determinante para a prevenção desta patologia, já que o paciente, quando visita o médico dentista, “tem a sua mente focada na cavidade oral, portanto, absorve melhor as palavras do médico”. Quem o diz é José Alves, presidente desta associação, que teve conhecimento da doença que combateu nos últimos anos – com sucesso – precisamente durante uma consulta dentária de rotina. Em entrevista à MAXILLARIS, este engenheiro aposentado (e ex-técnico superior autárquico) explica os motivos que levaram um grupo heterogéneo e multifacetado a unir-se na prevenção e na luta contra um cancro que ainda é objeto de um profundo desconhecimento e estigma no seio da sociedade portuguesa.

Existem várias razões. Uma doença como o cancro implica sempre, e no mínimo, a existência de três vetores: o médico, o hospital e o doente. Entre estes três vetores, o menos pró-ativo no combate à doença é, sem dúvida alguma, o doente. É necessário “educar” e incentivar o doente para participar ativamente no combate à doença. Segundo o doutor Agostinho Costa (Hospital Pulido Valente, Lisboa) há duas doenças: “a científica, que é aquela que os médicos conhecem e sabem tratar (e bem), e a social, que é aquela que o doente sente”. De resto, o doutor Eduardo Carqueja (Hospital de São João, Porto) disse mais ou menos a mesma coisa, mas com outras palavras: “trate-se o doente, que os fármacos tratam a doença”. Há necessidade de apoiar o doente sempre que ele precisar, e não só nas consultas e nos tratamentos. O doente com cancro facilmente desanima e deixa de lutar. Por norma, e com alguma frequência, os familiares e amigos em vez de ajudarem, prejudicam. Fazem-no de modo inocente, é verdade, mas a realidade é que não sabem o que dizer e o que não dizer a um doente com cancro; é preciso deixar falar o doente... e se ele quiser! É necessário, portanto, “educar” e preparar quer os familiares quer os amigos, e parece-nos que um bom meio para o fazer é através de pessoas que já vivenciaram o cancro: o doente em tratamento, por norma, aceita com bastante facilidade a opinião de um ex-doente. Por outro lado, sendo a prevenção a melhor maneira de lidar com o cancro, quem pode e tem obrigação de falar sobre ela, com mais assiduidade, é precisamente o ex-doente. O médico já muito faz no exíguo tempo que tem para consultar; o Estado tem que ser “empurrado” como todos os Estados; quem não está doente, nem sequer quer ouvir falar de cancro – é um problema dos outros, dizem. Quem sobra? O doente ou ex-doente, que tem obrigação de ajudar os outros a prevenir a doença.

Os membros da ASADOCORAL constituem um grupo heterogéneo e multifacetado com as mais diversas valências – idades, profissões,

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Falamos com... formação académica, etcétera – que maioritariamente vivenciaram o cancro com uma maior sensibilidade e compreensão, o que os instigou a ajudar a combatê-lo em todas as suas vertentes, com principal incidência na informação, no apoio e na prevenção.

Disponibilizar informação sobre o cancro da cavidade oral, os sintomas e os fatores de risco; cooperar com associações congéneres; filiar-se em organizações de referência que prossigam fins convergentes, semelhantes ou complementares. Além disso, a nossa missão passa por apoiar os doentes, os familiares e os cuidadores na compreensão da doença, bem como promover o apoio psicológico, desde o diagnóstico até ao pós-tratamento, e apoiar na redução do estigma que está associado à doença. Outro objetivo prende-se com a prevenção: sensibilizar para estilos de vida saudável, promover o diagnóstico precoce e cooperar com a classe médica, a indústria farmacêutica, os serviços e as entidades públicas e privadas, com vista a melhorar as práticas médicas e a pesquisa de novos fármacos.

Atendendo ao surgimento recente e ao percurso que temos feito – enquanto instituição particular de solidariedade social – não temos, para já, como objetivo a promoção de tais iniciativas. No entanto, estaremos sempre disponíveis para colaborar ativamente com a causa que nos une, pelo que os nossos parceiros poderão contar com a contribuição desta associação naquilo que considerem útil e benéfico.

A grande maioria das pessoas ainda considera que este tipo de cancro está associado às classes sociais mais desfavorecidas e a comportamentos de risco

matognático, que inclui a cavidade oral, quem melhor do que eles poderá fazer, durante as consultas, uma análise clínica de eventuais problemas sediados na cavidade oral e aconselhar os pacientes sobre os sintomas e os fatores de risco do cancro da cavidade oral? É preciso ter em conta que o paciente, quando visita um médico dentista, tem a sua mente focada na cavidade oral, portanto, absorve melhor as palavras do médico.

Neste momento já temos apoios formais do Instituto Português de Oncologia do Porto, da Ordem dos Médicos (Secção Regional Norte), da Ordem dos Enfermeiros, do Grupo de Estudos do Cancro da Cabeça e Pescoço e da Onco+. Também temos acordos informais de colaboração com a Ordem dos Médicos Dentistas e com a Sociedade Portuguesa de Oncologia.

Obviamente, o seu papel neste processo é dos mais importantes. Tendo em vista que os médicos dentistas são profissionais preparados cientifica e exclusivamente para o tratamento e os cuidados do sistema esto-

Perfil

JOSÉ FERNANDO DA COSTA ALVES, natural do Porto, concluiu o grau académico de engenheiro técnico de eletrotecnia e máquinas no Instituto Superior de Engenharia do Porto (1974). Durante 20 anos, no período entre 1977 e 1997, foi diretor de produção e diretor fabril de várias empresas e em ramos tão distintos como: plásticos, estores e pó de talco. A partir de 1997, e até ao presente ano, exerceu as funções de técnico superior autárquico (chefe de divisão). Presentemente, na condição de aposentado, dirige os destinos da ASADOCORAL, depois de ter vivido uma inesperada (e crítica) situação clínica, diagnosticada durante uma consulta dentária de rotina, onde lhe foi detetado um cancro oral (no pavimento da boca). José Alves foi submetido a uma cirurgia, em julho de 2010, e fez 33 sessões de radioterapia coadjuvadas por outras três de quimioterapia potenciadora. Em outubro de 2014, sofreu uma recidiva, desta vez na língua, e voltou a ser intervencionado (sem recurso a radio ou quimioterapia). Neste momento, encontra-se somente sob vigilância médica.

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Falamos com... Numa segunda fase iremos desenvolver contactos com outras entidades, pelo que certamente serão firmadas novas parcerias, dando assim continuidade ao processo de crescimento e consolidação da nossa associação. Por outro lado, quer pela natureza da ASADOCORAL quer pela limitação de recursos humanos e técnicos, esta evolução será conseguida à medida das possibilidades.

A medicina geral e familiar é, por norma, o primeiro contacto entre a medicina e o doente. São milhares e milhares as pessoas consultadas diariamente, e um alerta do médico para este problema seria mais um passo – por sinal, muito importante – para a eficácia da prevenção. A otorrinolaringologia e a enfermagem são outros canais que podem contribuir ativamente para a divulgação e a prevenção desta patologia.

Há um desconhecimento, diria, quase total. Por exemplo, quando me perguntam que doença tive e eu digo que foi cancro oral, a maioria das pessoas fica estupefacta e questiona: o que é isso? Apesar de haver uma média de três mortes por dia em Portugal e embora a tipificação deste cancro tenha mudado muito nos últimos anos – e nós temos exemplos vivos disso na associação –, continua a ser um cancro onde a prevenção pode atuar muito eficazmente, desde que as pessoas saibam valorizar os sintomas e conheçam os fatores de risco, de modo a evitá-los ou a dosear com ponderação os que podem ser doseados. A ASADOCORAL pode – e quer – ter um papel muito ativo e consequentemente importante na divulgação de todos os vetores inerentes à doença, não só pela disponibilidade e pela vontade de ajudar, como também por termos tido a vivência direta da doença: em vez de dizermos às pessoas “acho que...” ou “em minha opinião...”, poderemos dizer que “os problemas são estes, as consequências foram estas e a solução é esta”; poderemos dizer “não desistas, luta, que também podes sobreviver como nós”, porque falamos a mesma linguagem do doente.

Além da forte exposição da componente mutilante da doença, a maioria das pessoas ainda considera que este tipo de cancro está associado às classes sociais mais desfavorecidas e a comportamentos de risco.

Trata-se de um programa que arrancou há relativamente pouco tempo, e do qual não temos conhecimento da existência de quaisquer dados que nos permitam fazer uma avaliação da eficácia do mesmo. No entanto, gostaríamos de realçar aqui que todas as iniciativas no sentido de aumentar a realização do diagnóstico precoce, são sempre bem-vindas. De resto, a ASADOCORAL colocou no seu site um link com acesso direto ao projeto de intervenção precoce do cancro oral.

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Importância do tratamento ortodôntico como auxílio da reabilitação oral

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: Margarida Malta Médica dentista. Licenciada no Instituto Superior de Ciencias da Saúde Egas Moniz. Pós-graduada em Ortodontia (pela UNICSUL Brasil) e em Implantologia e Reabilitação Oral (pelo Centro de Formação FA). Prática na Clínica Dentária Infante Sagres. Fernando Almeida Médico dentista. PhD pela Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto. Administrador da Clínica Dentária Infante Sagres, da Clínica de Medicina Dentária dos Carvalhos, do Laboratório de Prótese Dentária (Labdent) e do Centro de Formação FA. Coordenador do Curso Privado em Implantologia no Porto e Lisboa. Consultor científico de vários produtos de implantologia. Porto.

Margarida Malta

Introdução O aumento significativo do número de pacientes adultos que procuram manter os seus dentes e reabilitar os perdidos exige uma intervenção clínica multidisciplinar de forma a alcançar os melhores resultados estéticos, funcionais e fonéticos1.

Diariamente, deparamo-nos com uma grande incidência de problemas oclusais e uma necessidade de melhoria estética nos pacientes com indicação para reabilitação oral com implantes. A perda de peças dentarias permite que os dentes oponentes e adjacentes possam sofrer movimentos de rotação,

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mesialização, distalização ou extrusão, ocupando uma posição que limita a reabilitação dos espaços edêntulos2.

dos limites da fisiologia evolutiva e conseguir uma harmonia estética e funcional4.

Desta forma, os tratamentos ortodôntico e restaurador tornam-se um complemento de extrema importância, e os seus objetivos devem ser definidos tendo em conta o planeamento protético final.

Torna-se, assim, primordial um planeamento multidisciplinar que tenha em conta as necessidades do paciente, as limitações do caso e os objetivos do tratamento.

Os movimentos ortodônticos, incluindo mudanças dento-alveolares ou esqueléticas, devem realizar-se antes do tratamento reabilitador definitivo1. Deste modo, irão contribuir para o sucesso da reabilitação com implantes, pois vão melhorar as condições dos dentes remanescentes e dos seus tecidos de suporte, bem como controlar os espaços protéticos e a angulação da coroa e raiz, possibilitando um melhor controlo das forças que incidem sobre os dentes remanescentes3. O recurso aos movimentos ortodônticos irá permitir o estabelecimento de uma oclusão funcional adequada, preservar a saúde do periodonto e das estruturas de suporte, possibilitar condições de higienização, estabelecer um tratamento estável dentro

Fig. 1. Fotografia extraoral frontal.

Fig 3. Fotografia intraoral lateral direita.

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Este artigo visa relatar um caso clínico em que a intervenção interdisciplinar é crucial para a obtenção de uma reabilitação estética e funcional duradoura.

Caso clínico Paciente do género masculino, de 44 anos, saudável. Surgiu na consulta solicitando um plano de tratamento reabilitador. No exame clínico e radiográfico identificou-se a presença de uma raiz retida na zona do dente 14 com redução de espaço mésio-distal, ausência das peças dentárias 24, 36, 37 e 46, fratura do bordo incisal do dente 11, restauração infiltrada do dente 21, bem como presença de uma mordida topo-a-topo anterior e aumento da altura facial antero-inferior (figs. 1 a 7).

Fig. 2. Fotografia intraoral frontal.

Fig. 4. Fotografia intraoral lateral esquerda.


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Fig. 5. Fotografia intraoral oclusal maxilar.

Fig. 6. Fotografia intraoral oclusal mandibular.

Fig. 7. Ortopantomografia inicial.

Embora a principal preocupação do paciente fosse a substituição dos dentes perdidos, propôs-se um planeamento em três fases: 1. Correção ortodôntica com recurso a aparelho fixo maxilar e mandibular durante 24 meses. 2. Reabilitação protética com implantes na zona dos dentes 14, 24, 36, 37 e 46. 3. Reabilitação estética com facetas feldespáticas na zona dos dentes 11 e 21. O paciente, no entanto, por questões económicas, solicitou uma solução mais económica para a recuperação dos dentes 11 e 21, tendo-lhe sido proposto a execução de dentisterias restauradoras estéticas.

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Plano de execução Para o tratamento ortodôntico, optámos pela prescrição de braquetes biofuncionais classe III5. Obteve-se um trespasse horizontal positivo com a utilização de elásticos intermaxilares da face palatina dos incisivos superiores até a face vestibular dos incisivos inferiores. Utilizaram-se elásticos da classe III para compensar a discrepância antero-posterior. A colaboração do paciente para o uso de elásticos foi excelente, tendo-se conseguido alcançar resultados estéticos e oclusais satisfatórios (figs. 8 a 10).


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Fig. 8. Fotografia intraoral frontal.

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Fig. 9. Fotografia intraoral lateral direita.

Fig. 10. Fotografia intraoral lateral esquerda.

Durante a fase final do tratamento ortodôntico efetuou-se a exodontia da raiz do 14 e, dois meses depois, procedeu-se à colocação de implantes Nobel Biocare Replace Groovy® na zona dos 14, 24, 36, 37 e 46 (fig. 11).

No dia da remoção do aparelho efetuaram-se moldes sobre os implantes para confeção das coroas definitivas e as restaurações estéticas definitivas do tipo classe IV com resina composta Miris NT® e Miris S2 Blue® nos dentes 11 e 21 (fig. 12).

Fig. 11. Fotografia intraoral lateral esquerda.

Fig. 12. Restaurações estéticas anteriores dos dentes 11 e 21 com resina composta Miris.

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Após um ano, o paciente realizou uma nova avaliação clínica e radiográfica, confirmando-se a estabilidade geral de todos os dentes (figs. 13 a 16). No entanto, considera-se adequada a execução de um enxerto de tecido conjuntivo para aumento de volume de tecidos moles na zona dos 14 e 24.

Discussão A crescente preocupação com os aspetos estéticos e funcionais têm levado os pacientes a procurar junto do médico dentista uma solução que lhes permita exibir um sorriso agradável. Desta forma, a ortodontia aparece como uma ferramenta importante, precedendo o tratamento reabilitador quando a posição dos dentes é desfavorável. A compensação ortodôntica de uma má oclusão esquelética é uma alternativa possível para tratar pacientes adultos5.

A principal diferença da prescrição biofuncional para a classe III é o torque incorporado nos braquetes de forma a neutralizar os efeitos colaterais associados à mecânica, fazendo com que os dentes fiquem sujeitos ao movimento de corpo. Assim, para os incisivos superiores os acessórios desta técnica apresentam torque zero e para os incisivos inferiores acentuado um torque vestibular de + 10°6. No entanto, é muito importante valorizar a colaboração do paciente no uso de elásticos intermaxilares da classe III, de forma a que os resultados estéticos e oclusais sejam satisfatoriamente alcançados durante o tratamento compensatório da má oclusão5. As manobras ortodônticas, quando são planeadas tendo em conta os objetivos protéticos, permitem trazer dentes para uma posição mais favorável, o que faz com que se diminua a retenção de placa bacteriana, evite desgastes desnecessários, corrija a relação oclusal inadequada, restabeleça a diminuição das forças oclusais ao longo do eixo do dente e favoreça a preservação da estrutura dentária, periodontal e articular.

Fig. 13. Fotografia intraoral frontal final.

Fig. 14. Fotografia intraoral lateral direita final.

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Fig. 15. Fotografia intraoral lateral esquerda final.


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Fig. 16. Ortopantomografia final.

Conclusão A intervenção multidisciplinar ortodontia-dentisteria/restauradora-implantes é fundamental para a execução de um planeamento reabilitador de sucesso uma vez que cada uma delas, quando se efetua na sequência correta, contribui para a criação de novas e melhores condições de tratamento.

Bibliografia 1. Brooks SA, Polk M. Esthetic orthodontic considerations for the adult patient: a general dentist`s perspective. J Esthetic Dent, v.10, n.6, p.305-306, 1998. 2. Rose TP, Jivraj S, Chee W. The role of orthodontics in implant dentistry. British Dental Journal, 201, p.753-764, 2006. 3. McLain JB, Proffit WR, Davenport RH. Adjuntive orthodontic therapy in the treatment of juvenile of periodontics: report of the case and review of the literature. Am J. Orthod, v. 83, n.4, p. 290-298, apr. 1983.

4. Buttke TM, Proffit WR. Referring adult patients for orthodontic treatment. Am Dental Assoc, v. 130, p. 73-79, 1999. 5. Janson G, Souza JE, Alves FA, Andrade JRP, Nakamuna A, Freitas MR et al. Extreme dentoalveolar compensation in the treatment of Classe III malocclusion. Am J Orthod Dentofacial Orthop, 128 (6), p. 787-794, 2005. 6. Prado E. Rev. Clin. Orto. Dental Press. Maringá, v.6, n. 3 - jun/jul 2007, p. 16-29.

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Impacto de um programa de higiene oral individualizado em pessoas com paralisia cerebral Premiado como melhor póster do 15º Congresso Anual da Associação Portuguesa de Higienistas Orais (com o patrocínio da MAXILLARIS)

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Fátima Bizarra Higienista oral. Licenciatura em Higiene Oral pela Faculdade de Medicina Dentária de Lisboa (FMDUL). Mestrado em Comunicação em Saúde. Aluna de doutoramento em Ciências e Tecnologia da Saúde (Especialidade de Higiene Oral). Assistente do Curso de Higiene Oral da FMDUL. Professora da disciplina de Higiene Oral para pessoas com necessidades especiais da FMDUL. Responsável pela clínica de Higiene Oral para pessoas com necessidades especiais da FMDUL.

Henrique Luís Higienista oral. Licenciatura em Higiene Oral pela FMDUL. Mestrado em Probabilidades e Estatística. Doutoramento em Ciências e Tecnologia da Saúde (Especialidade de Higiene Oral). Professor de Higiene Oral e Bioestatística na FMDUL. Lisboa.

Fátima Bizarra

Introdução As pessoas com paralisia cerebral, devido às suas limita ções físicas, necessitam, por vezes, dos cuidados de outrém para a realização da sua higiene oral diária.

A literatura indica que a melhoria da saúde oral das pessoas com paralisia cerebral acontece quando os técnicos e auxiliares que trabalham diariamente com eles têm formação em

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saúde oral (Glassman & Subar, 2010). Por outro lado, as pessoas com autonomia também a podem melhorar, através de ações de sensibilização para as práticas de higiene oral (Glassman & Miller, 2006).

Objetivo Avaliar um programa de intervenção teórico e prático com os cuidadores e com os residentes da Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa (APCL).

Materiais e métodos Nas residências da APCL selecionaram-se as pessoas que tinham paralisia cerebral como patologia principal. Dividiram-se em grupo de estudo os indivíduos do Centro Nuno Belmar da Costa (CNBC) e da Casa de Benfica (CB), e em grupo de controlo os do Centro Nuno Krus Abecassis (CNKA) e do Centro José Azeredo Perdigão (CJAP). Após a obtenção do consentimento informado, procedeu-se à avaliação da frequência de escovagem e ao registo do índice de depósitos (ID) de Greene e Vermiliion (1964). Esta avaliação realizou-se em baseline, ao fim de um mês e ao fim de seis meses. Após a primeira observação (baseline) realizaram-se ações de sensibilização teóricas e práticas, sobre saúde oral. A prática de higiene oral decorreu durante as suas rotinas de higiene nos dois primeiros meses. Aos indivíduos autónomos na sua higiene oral, dedicou-se uma ação de sensibilização e prática de higiene oral também nos dois primeiros meses.

Resultados Caracterização da população Nas quatro residências da APCL avaliaram-se 62 pessoas com paralisia cerebral. As idades dos residentes variaram entre os 19 e os 67 anos com uma média de 45,7 (± 11,5) anos. O tempo de residência variou entre seis meses e 38 anos, sendo a média de permanência de 14,6 (dp= 12,0) anos. 53,2% dos indivíduos eram dependentes na escovagem. Não se encontraram diferenças estatisticamente significativas entre os grupos em nenhuma destas variáveis. Observou-se que a maioria da população do grupo de estudo e de controlo realizava a escovagem duas ou mais vezes por dia (fig. 1). No grupo de estudo, tanto o grupo dos indivíduos autónomos como os dependentes, apresentaram descidas do ID na segunda avaliação (fig. 2) com diferenças significativas, voltando ambos a subir na terceira avaliação (p= 0,013 e p= 0,008) (tabela 1). No grupo de controlo também se verificaram ligeiras descidas do ID na segunda avaliação e subidas na terceira avaliação, ambas sem significância estatística. Na comparação entre os dois grupos das pessoas autónomas, as diferenças foram significativas após a intervenção, verificando-se o mesmo comportamento nos dependentes. No entanto, as diferenças não foram significativas na terceira avaliação em nenhum dos grupos (tabela 2).

Fig. 1. Frequência de escovagem dos grupos de estudo e de controlo.

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Fig. 2. Índice de depósitos nos dois grupos.

Fig. 3. Índice de depósitos nos grupos autónomos e dependentes.

Tabela 1 Diferenças no índice de depósitos pelo tipo de autonomia nos grupos de estudo e de controlo

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Tabela 2 Índice de depósitos nos indivíduos com autonomia e com dependência entre os dois grupos

Discussão Os indivíduos autónomos na escovagem do grupo de estudo, após o treino individualizado de escovagem, desceram os valores do ID ao fim de dois meses, comparativamente com o grupo de controlo com significância esta-

tística (p= 0,004). Lange e col. (2000) também constataram que a supervisão da escovagem foi fundamental para a melhoria da higiene oral, em comparação com a de um grupo de controlo sem supervisão.

Fig. 4. Realização da escovagem pela cuidadora.

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Fig. 5. Ação de sensibilização junto das pessoas com paralisia cerebral.

Fig. 6. Realização da escovagem dos dentes.

Conclusão A escovagem dos dentes está institucionalizada em todas as residências. No entanto, para alguns cuidadores é uma tarefa que não valorizam e consideram ser uma sobrecarga de trabalho. Porém, outros cuidadores realizavam com grande empenho e dedicação, sendo isso verificado aquando das avaliações. Este trabalho permite-nos concluir que as pessoas autónomas, quando incentivadas, conseguem executar o seu autocuidado com eficácia. Por outro lado, os cuidadores e as pessoas com autonomia necessitam de intervenções práticas com maior regularidade para que haja melhorias na qualidade dos cuidados de higiene oral prestados a esta população, para que estes alcancem um bom nível de saúde oral.

Bibliografia 1. Avenali L, Guerra F, Cipriano L, Corridore D, Ottolenghi L. Disabled patients and oral health in Rome, Italy: long-term evaluation of educational initiatives. Annual of Stomatologia. 2011; II (3-4): 25-30. 2. Glassman P, Miller CE. Effect of preventive dentistry training program for caregivers in community facilities on caregiver and client behavior and client oral hygiene. N Y State Dent J. 2006; 72 (2): 38-46.

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3. Glassman P, Subar P. Creating and maintaining oral health for dependent people in institutional settings. J Public Health Dent. 2010;70: S40S48. 4. Lange B, Cook C, Dunning D, Froeschle ML, Kent D. Improving the oral hygiene of institutionalized mentally retarded clients. J Dental Hyg. 2000; 74: 205-9.


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Reabilitação fixa superior com dez implantes de conexão interna com carga imediata

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Jesús Pato Mourelo Médico dentista. Licenciado em Medicina Dentária pela Universidade Alfonso X El Sabio (Madrid, Espanha). Doutorado em Medicina Dentária. Mestrado em Implantologia Oral pela Universidade de Sevilha (Espanha). Professor de Implantologia Oral na Universidade de Sevilha. Prática exclusiva em implantologia em Sarria-Lugo. Leana Kathleen Bragança Médica dentista. Licenciada em Medicina Dentária pela Universidade de Lisboa. Mestrado em Implantologia Oral pela Universidade de Sevilha. Prática exclusiva em implantologia em Sarria-Lugo (Espanha). Lugo (Espanha).

Jesús Pato Mourelo

Introdução O êxito da osseointegração e o desenvolvimento de implantologia oral mudaram radicalmente o plano de tratamento cirúrgico e prostodôntico das reabilitações totais e parciais. Um dos grandes impactos no mundo da implantologia oral foi a capacidade do médico dentista proporcionar ao paciente uma alternativa terapêutica para as próteses convencio-

nais. Os resultados obtidos mediante o tratamento com próteses removíveis são geralmente insatisfatórios devido ao processo de perda óssea causada pela extração de dentes e acentuado pela compressão, o que leva posteriormente a uma perda de retenção e estabilidade, comprometendo assim as funções de mastigação, estética e psicológicas dos

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nossos pacientes, afetando negativamente a sua qualidade de vida. Nos dias de hoje a evolução dos implantes, tanto no que se refere ao tratamento de superfície como também nos componentes protésicos, transformaram a implantologia oral na primeira hipótese de tratamento quando queremos devolver a função e a estética aos pacientes1,2. A reabilitação com implantes no maxilar superior edêntulo é um tratamento que tem demonstrado uma grande previsibilidade quando o volume de osso remanescente é suficiente, com uma percentagem de êxito entre 84% e 92%3-11. No momento de reabilitar os nossos pacientes, a escolha da conexão, comprimento, diâmetro e tipo de implante é um dilema. A preferência pela conexão interna resulta da capacidade desta garantir maior estabilidade das nossas estruturas protéticas. Isto, porque sob o ponto de vista clínico, a conexão interna leva vantagem em relação à conexão externa que tem uma altura de hexágono externo de 0,7 mm, contra um hexágono interno com 3,2 mm de profundidade. Este último garante uma retenção interna sob o ponto de vista protésico, evitando que o parafuso do pilar não se solte dando estabilidade às nossas coroas metalocerâmicas. A conexão interna criou-se para resolver os problemas derivados da conexão externa em diferentes sentidos, buscando diversas vantagens tais como uma maior estabilidade a nível da união protésica pilar-implante, uma menor vedação bacteriana e um menor microgap12. Em 2008 realizou-se um estudo com o objetivo de comparar a integridade dos hexágonos dos implantes. Após a colocação das próteses aplicaram-se diferentes forças. Utilizaram-se 60 implantes do mesmo diâmetro, 30 de conexão interna e 30 de conexão externa, a todos eles aplicaram-se forças de 45, 60 e 80 N/cm2. Os resultados depois da aplicação de forças de 45 N/cm2 não apresentavam diferenças significativas, mas à medida que se aumentou a força a 60 e 80 N/cm2, o hexágono dos implantes de conexão externa começou a ter deformidades nos seus ângulos13. Foi em 1864 que surgiu a conexão com cone Morse, inventada por Stephen A. Morse, que mais tarde se expandiu para várias áreas, incluindo a Medicina Dentária. A conexão interna com cone Morse apresenta um desenho interno cónico que, quando colocado o pilar, promove uma adaptação íntima entre as superfícies sobrepostas, proporcionando uma resistência mecânica semelhante a uma única peça14-16.

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Quando existe este cone Morse, não existe nenhum micro-gap, dando maior resistência aos movimentos rotacionais e reduzindo pontos de tensão. O cone Morse tem maior capacidade de suportar cargas horizontais17-18. A maior vantagem deste sistema é o conceito de plataforma reduzida, caracterizada pela diferença de diâmetro entre a plataforma do implante e a plataforma do cone. Clinicamente, isto é bastante favorável, porque o bordo externo da interface implante-pilar move-se horizontalmente para dentro, devido a um diâmetro menor do pilar, produzindo assim uma preservação do nível de osso periimplantário19-21. O comprimento dos implantes também pode constituir um fator importante para o sucesso do tratamento porque tem-se demonstrado uma relação direta, quanto maior é o comprimento melhores são as expetativas de êxito a longo prazo em pacientes edêntulos totais22. O diâmetro é outro fator importante para o tratamento de implante, pois um maior diâmetro aumenta a superfície de contacto entre o osso e o implante, ou seja, para o mesmo comprimento os implantes com um maior diâmetro apresentam uma área superior de contacto ósseo que implantes de pequeno diâmetro23. O número de implantes a colocar na reabilitação total não é diretamente proporcional ao número de dentes perdidos. A reabilitação de um maxilar superior pode efetuar-se com um número mínimo de implantes para garantir um resultado estético e funcional aceitável. A qualidade e a quantidade de osso está diretamente associada ao número de implantes e ao tipo de prótese usada (fixa ou removível). Outro grande desafio é a carga imediata, uma vez que para o paciente o fator estético é a sua prioridade. O protocolo inicial proposto por Bränemark antes da reabilitação oral, é de três meses após a colocação dos implantes na mandíbula e de seis meses no maxilar superior. Este protocolo tem o propósito de não comprometer o processo de osseointegração. Foi em 2004 que se descreveu a carga imediata com a conexão protética até 48 horas após a colocação dos implantes e como carga tardia, quando existe um período de cicatrização de três a seis meses. Alguns autores admitem ainda a existência de uma carga precoce, que corresponde à carga sobre implantes entre a carga imediata e a tardia25-26.


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O propósito deste caso clínico foi reabilitar um maxilar superior de um paciente portador de uma prótese completa removível convencional. Devido ao desajuste e instabilidade, bem como aos aspetos negativos que afetam a qualidade de vida do paciente, decidiu-se fazer um diagnóstico radiográfico através de uma tomografia computadorizada de feixe cónico. Após o diagnóstico, observou-se uma altura e espessura óssea bastante aceitáveis para a colocação de implantes, mas antes de tomar uma decisão do tratamento a efetuar, consideraram-se uma série de fatores diagnósticos e radiográficos do paciente tais como a idade, a saúde oral e geral, bem como aspetos prostodônticos. Uma vez que a qualidade e quantidade de osso era aceitável, decidiu-se fazer uma reabilitação fixa com 10 implantes Galimplant de conexão interna. Optou-se por esta conexão devido às suas grandes vantagens. Posteriormente, colocaram-se os respetivos pilares e a realização da prótese provisória acrílica realizada em clínica no mesmo procedimento cirúrgico. Aos seis meses realizou-se a carga definitiva com coroas metalomecânicas.

Caso clínico Paciente do sexo masculino, com 65 anos de idade, com hipertensão controlada, deslocou-se à consulta solicitando uma solução para o desconforto que sentia com a sua prótese

Fig. 1. Vista vestibular da boca do paciente.

acrílica superior. O paciente refere que desde que se realizaram as últimas extracções recentemente na zona anterior não se encontra confortável com a prótese (figs. 1 e 2). Como o fator estético era uma das principais preocupações do paciente, decidiu-se que no mesmo dia que se realiza a cirurgia, se houver estabilidade primária dos implantes, se efetuar a carga imediata para o conforto do paciente e para conformar os tecidos moles. Diagnosticou-se o paciente através de uma tomografia computadorizada de feixe cônico e, com a ajuda do software Galimplant 3D, realizou-se um planeamento dos implantes (figs. 3 e 4). Iniciou-se a cirurgia através de uma incisão ao nível da crista alveolar do primeiro quadrante. Uma vez separada a incisão, iniciou-se o processo de fresado com a broca de 2.00 mm de diâmetro (figs. 5 e 6). Posteriormente, realizou-se a sequência de fresado que depende da qualidade e quantidade do osso remanente (fig. 7). Os implantes no software planearam-se e colocaram-se de acordo com a qualidade e a quantidade de osso. É muito importante também ter em conta a densidade óssea na altura de realizar o fresado.

Fig. 2. Vista oclusal da boca do paciente com extrações recentes.

Fig. 3. TAC do paciente no software Galimplant 3D exato.

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Fig. 4. Vista axial e cortes das secções.

Fig. 5. Incisão de descarga da mucosa com bisturi.

Fig. 6. Incisão por todo o rebordo alveolar do primeiro quadrante.

Fig. 7. Sistema de fresado Galimplant®. Broca com forma de hélice que tem a capacidade de recolher osso.

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Uma vez realizado este protocolo, colocaram-se os cinco implantes correspondentes e planificados de 4 x 12 mm (fig. 8).

mária em todos os implantes. Os pilares da carga imediata colocaram-se no mesmo procedimento cirúrgico (fig. 15).

Depois de colocados os implantes no primeiro quadrante, procedeu-se à incisão e descolamento do retalho do segundo quadrante (fig. 9). O sistema de fresado é igual ao que se efetuou no primeiro quadrante. Colocaram-se os outros implantes de conexão interna 4 x 12 mm (figs. 10 e 11). Os implantes insertaram-se em posições ideais exceto na zona anterior, onde não havia osso suficiente devido às recentes extrações.

Os implantes carregaram-se imediatamente com uma reabilitação provisória fixa em acrílica realizada em clínica no mesmo ato cirúrgico (fig. 16).

Após a colocação dos implantes, colocou-se o osso autólogo, que é recolhido das brocas em cada etapa do fresado (figs. 12 e 13). Conseguimos obter uma boa estabilidade pri-

Fig. 8. Colocação dos implantes Galimplant 4 x 12 mm de conexão interna.

Fig. 10. Implante de conexão interna.

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Aos seis meses realizou-se a reabilitação definitiva com coroas metalocerâmicas (figs. 17 a 22). Aos 12 meses da carga não havia nenhuma alteração do tecido periimplantário e a radiografia panorâmica de controlo não mostrou qualquer perda óssea (fig. 23). O grau de satisfação do paciente com o tratamento implantológico foi muito satisfatório.

Fig. 9. Incisão por todo o rebordo alveolar do segundo quadrante.

Fig. 11. Implante de conexão interna com cone Morse.


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Fig. 12. Sistema de fresado do segundo quadrante. Colocação do implante Galimplant de conexão interna 4 x 12 mm.

Fig. 13. Colocação de cinco implantes no segundo quadrante.

Fig. 14. Osso autólogo removido pelas brocas que têm uma forma de hélice com a capacidade de recolher o osso do proprio paciente.

Fig. 15. Colocação dos pilares de carga imediata no momento da cirurgia.

Fig. 16. Colocação da reabilitação fixa provisória de forma imediata.

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Fig. 17. Pilares definitivos em boca.

Fig. 18. Prova do metal dividida em duas partes.

Fig. 19. Vista oclusal da prova do metal.

Fig. 20. Reabilitação fixa metalocerâmica.

Fig. 21. Vista frontal da reabilitação fixa superior metalocerâmica colocada em boca.

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Fig. 22. Foto final do paciente com bons resultados funcionais e estéticos.

Fig. 23. Raio-X panorâmico final do paciente.

Discussão A reabilitação de um paciente desdentado total do maxilar superior requer um plano de tratamento completo e detalhado. Num maxilar superior com quantidade e qualidade óssea, a reabilitação oral com implantes é, sem dúvida, a alternativa para o tratamento convencional com próteses removíveis.

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tamento e a ter meios auxiliares de diagnóstico que minimizam os riscos de fracasso das reabilitações.

Quando confrontados com a reabilitação de um paciente, o diagnóstico é fundamental, necessário e indispensável. História clínica correta, exploração, modelos de estudo, bem como a realização de uma TAC, fornece-nos todas as informações necessárias para o diagnóstico do nosso paciente.

A carga imediata não pode ser feita em todos os pacientes, o critério de seleção é fundamental27-28. Alguns autores revelam que pacientes com história de fracasso dos implantes, fumadores, diabéticos não controlados ou pacientes irradiados devem ser excluídos da carga imediata29. A estabilidade primária é primordial para a carga imediata, sendo considerada um dos requisitos essenciais para o sucesso da reabilitação com carga imediata.

A conexão interna com cone Morse veio revolucionar completamente a implantologia, uma vez que resolve os problemas decorrentes do uso de conexão externa, mas quando se trata do nível de dificuldade no momento da cirurgia ou da impressão destes dois tipos de implantes não existem diferenças significativas na literatura.

Ioannidou realizou uma meta-análise, onde se usaram 13 estudos clínicos referentes à colocação de 1.266 implantes com carga imediata ou precoce em comparação com a carga tardia. O autor certifica que não existe diferença no sucesso do tratamento entre os implantes submetidos a carga imediata ou tardia em relação às reabilitações totais e unitárias30.

A conexão externa foi a primeira a aparecer, tendo assim maior universalidade, mas com a conexão interna, há uma maior interface implante-pilar, dando mais resistência aos movimentos axiais e rotacionais.

Bischof fez um estudo clínico controlado, em que se colocaram 63 implantes sujeitos a carga imediata em 18 pacientes e 43 implantes submetidos a carga tardia, em 18 pacientes. Não há nenhuma diferença significativa31.

As exigências do século XXI fazem com que os pacientes procurem resultados estéticos imediatos, tornando assim a carga imediata uma condição sine qua non das nossas reabilitações. A carga imediata é clinicamente sensível, o que obriga a estabelecer um correcto diagnóstico, plano de tra-

A seleção, o número e a posição dos implantes devem programar-se no plano de tratamento protético de forma a beneficiar a estabilidade primária e diminuir o risco biomecânico. Muitas vezes o uso de software de planeamento é essencial para um perfeito plano de tratamento.

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Conclusão Sem dúvida que a implantologia oral tem atualmente uma grande credibilidade devido à sua base científica e ampla experiência clínica, que faz com que os pacientes possam viver mais felizes por causa do conforto e estabilidade das restaurações fixas com excelentes resultados estéticos e funcionais, mas é muito importante a avaliação individualizada de cada paciente. A chave do êxito é o plano de tratamento.

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Fig. 2

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Ponto de vista

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Pedro Ferreira Trancoso Médico dentista. Docente de medicina oral na Universidade Fernando Pessoa (Porto). Vice-presidente da Academia Portuguesa de Medicina Oral. Leiria.

Podem os médicos dentistas salvar vidas? Comemorou-se no passado dia 12 de setembro o Dia Europeu dietas mais pobres em frutas e vegetais frescos e consumos da Saúde Oral tendo o Conselho Europeu de Dentistas escolhimais elevados de agentes potencialmente carcinogénicos. do esta data para chamar a atenção para o problema da incidência elevada e da alta taxa de mortalidade que o cancro oral tem Neste contexto, o projeto de intervenção precoce do cancro oral no espaço europeu. O cancro oral atinge 75.000 europeus todos (PIPCO), elaborado pela Direção Geral da Saúde e pela OMD, foi os anos e, apesar dos avanços conseguidos nas últimas décaconsiderado inovador quando comparado com outros progradas no campo do tratamento, cerca de 50% dos doentes mormas europeus que visam reduzir a mortalidade associada à rem em cinco anos e os sobreviventes vivem com as dificuldadoença. É de salientar que países como Espanha, Irlanda e Reino des inerentes ao tratamento. A taxa de morbilidade é elevada e Unido, entre outros, baseiam os seus programas em campanhas decorre do compromisso estético e funcional (fonação e deglude rastreio de cancro oral, cuja eficácia é discutível, com consultição). Portugal apresenta uma das mais elevadas taxas de incitas efetuadas a título gratuito por médicos dentistas nos seus dência da doença quando comparado com consultórios ou nas faculdades e nos hospiEstão criadas as condições os outros países europeus sendo que as tatais dentários. O PIPCO revela-se, por isso, em Portugal para que haja uma xas de mortalidade são idênticas. um verdadeiro programa que, para além de redução efetiva da mortalidade remunerar os agentes envolvidos, não é lie morbilidade associadas Em junho passado, o Parlamento Europeu e mitado no tempo, envolve clínicos gerais, ao cancro oral; precisamos agora médicos dentistas e estomatologistas, instio Conselho Europeu de Dentistas organizaram em Bruxelas um debate sobre o tema, tutos de oncologia (IPO) e o Instituto de Pade investir também na prevenção intitulado “Oral cancer: dentists saving litologia e Imunologia Molecular da Univerves”, que contou com a presença da Ordem dos Médicos Densidade do Porto, está disponível em todo o território de Portugal tistas. Neste encontro foi reconhecido pelos parlamentares que continental, estabelece um protocolo bem definido para o diagmuito espaço existe para a prevenção e o diagnóstico precoce nóstico das lesões suspeitas e o encaminhamento – em tempo desta doença. mais do que adequado – para os hospitais de referência em caso de diagnóstico de cancro. Pelo lado da prevenção, é imperativo reduzir as taxas de consumo de tabaco e de álcool, bem como diminuir a exposição à inDo ponto de vista do diagnóstico e do tratamento precoces, esfeção pelo vírus do papiloma humano (HPV, na sigla em inglês), tão criadas as condições em Portugal para que haja uma redusendo que aqui a vacinação surge como essencial no processo ção efetiva da mortalidade e morbilidade associadas ao cancro preventivo. Por outro lado, foi reconhecido por todos que é o oral; precisamos agora de investir também na prevenção. É nediagnóstico tardio da doença que mais influencia a elevada taxa cessária uma maior aposta em campanhas de informação, na de mortalidade. O diagnóstico tardio é influenciado por fatores formação dos médicos de medicina geral e familiar para que escomo o pouco grau de conhecimento acerca da doença (fatores tejam mais capazes de reconhecer lesões suspeitas e encamide risco, sinais e sintomas, etc.), a dificuldade dos médicos de nhar dos doentes para a rede de médicos dentistas aderentes ao clínica geral no diagnóstico de pequenos tumores intraorais e de PIPCO, nas consultas de desabituação tabágica e na universalilesões potencialmente malignas, o facto de o cancro oral ser dade da vacinação contra o HPV. Os médicos dentistas portuuma doença que privilegia grupos socioeconómicos desfavoregueses desempenham hoje um papel mais ativo na luta contra o cidos e, como tal, com menos acesso a cuidados de saúde oral, cancro oral e podem mesmo salvar vidas.

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O meu sorriso Marina Albuquerque

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FOTO: DANIEL MERGULHÃO

atriz

Quando era miúda, saltava muito contente para a cadeira do dentista Marina Albuquerque é uma presença assídua nos palcos nacionais e nas séries e telenovelas do “pequeno ecrã”. A atriz lisboeta iniciou a sua carreira artística há 20 anos, no Teatro do Século, onde encarnou várias personagens dramáticas, mas é no humor que tem marcado a diferença. "A Lenda da Garça" (1999) foi a primeira telenovela em que participou. Desde então, muitos têm sido os papéis que notabilizaram o seu sorriso cativante, de traço forte, nomeadamente nas populares séries "Ana e os sete" e "Malucos do riso", ou na telenovela “Mundo meu”, entre outras. Aos 47 anos, Marina Albuquerque continua a ser uma das figuras mais carismáticas do público português, a quem não se cansa de fazer rir, embora o seu sorriso preferido seja mesmo o da sua filha Rita.

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O meu sorriso Com que regularidade vai ao dentista? Marina Albuquerque. Visito o consultório dentário de seis em seis meses. Que cuidados de higiene oral tem diariamente? Marina Albuquerque. Escovo sempre os dentes como nos recomendam: de manhã e à noite, e, por vezes, também a meio do dia.

É muito importante ter um sorriso bonito e saudável, como atriz, pois se fizer uma personagem “sem abrigo”, podemos pintar os dentes e escurecê-los. Mas transformá-los numa dentadura saudável, é mais difícil

Que tipo de escova de dentes usa? Marina Albuquerque. Gosto de usar escovas duras. Com qual (ou quais) das seguintes sensações se identifica mais quando se senta na cadeira do dentista: pavor, resignação ou determinação? Marina Albuquerque. Quando era miúda, saltava muito contente para a cadeira do dentista, pois esta mexia-se e eu divertia-me muito. Hoje em dia, encaro a ida ao dentista com determinação. Evita fumar ou comer algum tipo de alimento ou bebida que escureça os dentes? Marina Albuquerque. Tento equilibrar entre o que faz bem e aquilo que pode dar prazer. Mas reconheço que, por vezes, não resisto a alimentos que não fazem tão bem, não só aos dentes como ao organismo. Em criança ou adolescente usou aparelho nos dentes? Marina Albuquerque. Não, nunca usei. De que forma ter um sorriso bonito e uma boa higiene oral é importante na sua profissão? Marina Albuquerque. É muito importante ter um sorriso bonito e saudável, como atriz, pois se fizer uma personagem “sem abrigo”, podemos pintar os dentes e escurecê-los. Agora, transformá-los numa dentadura saudável, é mais difícil. Por isso, os dentes e o corpo do ator, em geral, devem estar sempre saudáveis.

Marina Albuquerque considera que os dentes e o corpo do ator, em geral, “devem estar sempre saudáveis”.

Qual foi o maior elogio que já ouviu ao seu sorriso? Marina Albuquerque. Já me disseram que quando sorrio tudo se ilumina (risos). Qual é o sorriso que não a deixa indiferente? Marina Albuquerque. Todos os sorrisos são bonitos. Os meus preferidos são os da minha filha Rita, de 13 anos, e o do público, quando o fazemos rir. Beijos e muitos sorrisos para todos!

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Calendário de cursos

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CIRURGIA

Workshop de cirurgia com técnica piezoelétrica

Curso de cirurgia reconstrutiva

Vai ter lugar nos dias 17 e 31 deste mês, em Vila Nova de Gaia e Lisboa, respetivamente, um curso teórico-prático ministrado por Paulo Maia, diretor do curso de pós-graduação em Cirurgia de Dentes Inclusos do Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz e especialista em cirurgia oral. Este curso abordará a temática da cirurgia com técnica piezoelétrica. Durante a formação, os participantes vão aprofundar a técnica piezo, tanto no plano teórico como na prática, sendo possível realizar diferentes tipos de intervenção como exodontias, corticotomias ou enxertos ósseos, entre outros.

A Euroteknika Ibéria organiza no próximo dia 20 de novembro no Hospital Dental Arturo Soria, em Madrid (Espanha), um curso de cirurgia reconstrutiva, orientado por Juan Lara Chao e José Luis Domínguez-Mompell Micó. Esta formação centrar-se-á nas atrofias maxilo-mandibulares e na sua reconstrução mediante auto-enxerto ósseo da zona retromolar mandibular, através de uma cirurgia com retransmissão em direto.

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CIRURGIA

ENDODONTIA

Curso de cirurgia piezoelétrica

Título de especialista em endodontia

A Euroteknika Ibéria tem programada uma série de cursos com a colaboração de oradores de renome. Um deles é dedicado à cirurgia piezoelétrica com lentes de precisão e conta com Martín Gotusso como orientador. O programa formativo decorre, ao longo do ano, em diferentes pontos de Espanha. As próximas sessões vão decorrer em Santiago de Compostela (23 deste mês) e San Sebastián (13 de novembro).

A CEOdont (Grupo Ceosa) organiza este curso, orientado pelo médico dentista Juan Manuel Liñares Sixto e destinado a pós-graduados que queiram iniciar-se ou aperfeiçoar os seus conhecimentos em endodontia. Os próximos módulos do programa são: • 2. Instrumentação mecânica; de 15 a 17 deste mês. • 3. Obturação de condutos radiculares; de 19 a 21 de novembro. • 4. Restauração após a endodontia; de 17 a 19 de dezembro.

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CEOdont (Grupo Ceosa). (0034) 915 530 880 - cursos@ceodont.com - www.ceodont.com

ESTÉTICA

ESTÉTICA

Restaurações indiretas adesivas na região posterior

Título de especialista em estética dentária

O médico dentista João Fonseca está a realizar em Espanha, com o patrocínio da Ivolcar Vivadent, uma série de jornadas sobre restaurações indiretas adesivas na região posterior, João Fonseca. aplicando os mais avançados princípios conservadores. A próxima sessão vai decorrer nos dias 27 e 28 de novembro, no estúdio dentário de Rafael Piñeiro, em Vigo. Os participantes realizarão restaurações em dentes naturais, de forma a que a aprendizagem seja com um produto real.

A CEOdont (Grupo Ceosa) celebra uma nova edição deste curso. Eis os próximos módulos do programa: • 4. Restauração com compósitos I; 23 e 24 deste mês. • 5. Restauração com compósitos II; 27 e 28 de novembro. • 6. Capas de porcelana I; de 21 a 23 de janeiro de 2016. • 7. Capas de porcelana II; de 25 a 27 de fevereiro de 2016. • 8. Coroas de recobrimento total; 1 e 2 de abril de 2016. • 8. Curso teórico-prático na Universidade de Nova Iorque; junho de 2016.

Ivoclar Vivadent. icde.es@ivoclarvivadent.com - www.ivoclarvivadent.es

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CIRURGIA

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CEOdont (Grupo Ceosa). (0034) 915 530 880 - cursos@ceodont.com - www.ceodont.com


ND Cal Cursos outPT_Maquetación 1 30/09/15 17:54 Página 71

Calendário de cursos ESTÉTICA

Desafios da cerâmica pura O técnico Luís Fonseca realiza nos dias 16 e 17 deste mês, em Lisboa, mais uma edição do curso “Desafios da cerâmica pura”, em que demonstrará, usando diversas técnicas e materiais, as qualidades da cerâmica de estratificação de Luís Fonseca. alta estética IPS e.max Ceram. O programa prevê, entre outros pontos, a estratificação de dois incisivos e o recurso à técnica de maquilhagem para um resultado de grande naturalidade. IPS e.max Ceram proporciona resultados estéticos com dispersão de luz de acordo com a natureza do dente natural e uma relação equilibrada entre o brilho e a cromagem. Ivoclar Vivadent. icde.es@ivoclarvivadent.com - www.ivoclarvivadent.es

IMPLANTOLOGIA

Reabilitação de maxilares edêntulos e atróficos No próximo mês de abril realiza-se, na Clínica Dental Fafe, um curso prático de três dias dedicado à temática da reabilitação de maxilares edêntulos e atróficos com conceito All-on-4 (função imediata). Paulo Monteiro. Organizado com o apoio da Cortex e do laboratório de prótese dentária Infinidente, este curso é dirigido e orientado pelo médico dentista Paulo Monteiro. Cada participante (num total de seis) realizará uma reabilitação total (cirurgia + reabilitação protética). Cortex Dental. 223 200 661 / 914 102 382

IMPLANTOLOGIA

Cursos intensivos de implantologia

COMUNICAÇÃO GLOBAL EM MEDICINA DENTÁRIA

A AB Implantes está a realizar, ao longo do ano, uma série de cursos intensivos de implantologia (de iniciaciação e avançado) com o fim de transmitir toda a informação teórica e prática necessária à cirurgia implantológica. Com quatro diferentes formadores e ao longo de seis dias intensos, os participantes irão adquirir os conhecimentos fundamentais nesta área. Os cursos decorrem nas instalações do Oralklass Education Center, no Porto. A próxima edição está agendada para os dias 16 a 21 de novembro (avançado). AB Implantes. 220 927 540 / 410 - info@abimplantes.com

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Congressos e reuniões

ND Congresos octPT_Maquetación 1 30/09/15 16:52 Página 74

Próximo congresso da SPDOF agendado para março de 2016

OMD organiza em Lisboa 24º congresso anual

Road show Wieland Dental

O segundo congresso da Sociedade Portuguesa de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial (SPDOF) vai ter lugar nos dias 18 e 19 de março do próximo ano, nas instalações do Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz (ISCSEM), no Monte da Caparica (Lisboa). Depois da bem sucedida estreia em Coimbra, a SPDOF es pera que o congresso de 2016 possa atrair ao Campus Universitário do ISCSEM centenas de profissionais de diferentes quadrantes da saúde, que terão a oportunidade de atualizar os seus conhecimentos numa área que desperta particular interesse no contexto médico global.

O 24º congresso anual da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) celebra-se de 12 a 14 de novembro. O maior certame da área da saúde em Portugal estreia-se este ano no Meo Arena, em Lisboa, com um renovado programa de excelência científica. Estão confirmados no congresso alguns dos mais prestigiados médicos dentistas internacionais, nomeadamente os italianos Maurizio Tonetti, Mauro Merli e Marco Mozzati, os brasileiros Reinaldo Missaka, Sidney Kina e Ewerton Nocchi, os norte-americanos Dan Bills e German Gallucci, e o espanhol Oscar Martín.

A Wieland Dental, empresa do grupo Ivoclar Vivadent com um vasto catálogo de produtos de laboratório, tem em marcha um circuito por toda a Península Ibérica, que prevê a realização de conferências e demonstrações ao vivo em várias cidades de Portugal e Espanha. No âmbito desta iniciativa, vários especialistas da Ivoclar Vivadent divulgarão as diferentes soluções digitais à medida de qualquer laboratório, para poder enfrentar as exigências do mercado, atual e futuro, com todas as garantias de sucesso. As próximas sessões estão agendados para os dias 15 e 16 e 22 e 23 deste mês, nas cidades espanholas de Teo (Corunha) e Sevilha, respetivamente.

www.omd.pt www.spdof.pt

(0034) 913 757 820 - pedidoswieland@ivoclarvivadent.com

Paris organiza nova edição do evento “10 horas de implantologia”

Jornadas BTI Day

III Simpósio Europeu Implant Direct

"Successful postextractional implants" é o mote do próximo encontro internacional "10 horas de implantologia”, que vai ter lugar no dia 11 de novembro, em Paris (França). Nesta edição estarão presentes 16 conferencistas internacionais, desde médicos dentistas e médicos estomatologistas a cirurgiões maxilofaciais, entre outros especialistas, que abordarão as temáticas mais atuais na área da implantologia.

O Biotechnology Institute (BTI) celebra em novembro, pelo terceiro ano consecutivo, as jornadas científicas BTI Day. Este encontro, que conta com a participação de oradores de renome, visa partilhar com os profissionais do setor dentário os mais recentes avanços e desenvolvimentos científicos da marca. As jornadas BTI Day vão decorrer nas cidades espanholas de Vitoria e Madrid nos dias 14 e 21, respetivamente, do próximo mês.

229 377 749 - www.sinusmax.com

www.btiday.com

A ilha de Maiorca (Espanha) acolherá, de 23 a 25 deste mês, o III Simpósio Europeu Implant Direct 2015, durante o qual se abordarão temas de grande atualidade em implantologia, incluindo a Medicina Dentária digital, a estética, as novas técnicas de regeneração, as complicações e as soluções. O encontro, presidido por Pedro Peña, contará com especialistas de renome internacional, tais como Carl Misch, Maurice Salama, Joan Pi, Philip Khayat, Cristiano Caleffi e Ramón Palomero, entre outros, bem como o técnico de laboratório Íñigo Casares. No âmbito deste evento europeu, a Implant Direct organizará também diversos workshops, assim como os habituais concursos de pósteres e casos clínicos.

info@implantdirectiberia.es

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ND Congresos octPT_Maquetación 1 30/09/15 18:03 Página 75

Congressos e reuniões 4º Congresso de atualização em higiene oral

Congresso mundial da Camlog vai decorrer na Polónia

O Caramês Advanced Education Center (CAEC) realiza no dia 24 deste mês, num hotel de Lisboa, a quarta edição do congresso de atualização em higiene oral, que conta com o patrocínio científico da Associação Portuguesa de Higienistas Orais. Esta jornada, dirigida por João Caramês, contará com a participação de oradores de referência nesta área, bem como com a presença da conferencista internacional Dagmar Slot, que abordará dois temas distintos: as opções em torno da hipersensibilidade dentária e os métodos de limpeza dos implantes dentários.

A sexta edição do congresso internacional da Camlog vai ter lugar, no próximo ano, em Cracóvia (Polónia). De acordo com a organização do encontro, trata-se de uma bela cidade com muitas atrações para o visitante e um destino ainda por explorar na Europa. Recentemente, a Camlog celebrou o seu quinto congresso internacional no emblemático Palau de las Arts, em Valência (Espanha), que contou com cerca de 1.500 congressistas de 23 países e 66 conferencistas de renome de 12 nacionalidades.

education@implantologyinstitute.com

www.implantescamlog.es

Phibo organiza congresso ibérico

28ª reunião anual da SPODF vai ter lugar em Cascais

A Phibo agendou para o dia 14 de novembro, em Madrid (Espanha), um congresso ibérico, sob o lema “Desenhamos sorrisos; digitalizar o futuro”, que conta com o apoio científico de duas destacadas entidades espanholas do setor dentário: a Sociedade Espanhola de Cirurgia Oral e Maxilofacial e a Sociedade Espanhola de Prótese Estomatológica e Estética. Esta jornada, que terá como diretor científico o médico dentista espanhol Ángel Fernández Bustillo, centrar-se-á no conhecimento global da implantologia, no meadamente em termos de digitalização e CAD-CAM, entre outras vertentes.

A próxima reunião científica anual da Sociedade Portuguesa de Ortopedia Dento-Facial (SPODF) já tem data e local marcados: vai decorrer de 14 a 16 de abril do próximo ano, em Cascais. A 28ª edição deste evento será dedicada a temática “Tratamento ortodôntico integrado: estratégias e conceitos clínicos” e conta com a médica dentista Anabela Pereira como presidente da comissão científica. O programa científico da reunião tem já confirmado co mo principal conferencista Richard Roblee, cuja intervenção se centrará no papel da ortodontia na gestão in terdisciplinar dos dilemas estéticos. www.spodf.pt

www.phiboday.phibo.com

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Novidades da indústria

ND Novidades octPT_Maquetación 1 30/09/15 12:15 Página 77

Motor de endodontia com luz

Software inovador de seleção de cor (0034) 913 757 820 - www.ivoclarvivadent.com

O assistente digital de seleção de cor – ou Digital Shade Asistant (DSA) – é um software inovador desenvolvido pela Ivoclar Vivadent que visa solucionar os múltiplos problemas que acarreta a determinação da cor dentária. Graças a esta ferramenta, o médico dentista apenas precisará de tomar uma fotografia digital do paciente (inclusive com um telemóvel), de acordo com umas indicações simples, e enviar a foto para o laboratório. O técnico dentário, por sua vez, só terá de transferir a imagem para um dos fornos de última tecnologia da Ivoclar Vivadent que estejam equipados com esta prática função – como o novo P710 –, e o software encarregar-se-á do resto, ajudando o técnico a conseguir o melhor resultado na determinação da cor da restauração.

224 152 279 / 80 - encomendas@douromed.com

A Douromed apresenta a mais recente novidade da especialidade endodôntica: o novo motor Endo A Led, da Krafit. Este equipamento com luz, possui um display LCD maior, é mais robusto e mais ergonómico. O motor Endo A Led efetua o movimento reciprocante e a sua rotação varia entre 200 e 600 rpm (16:1). A aposta neste instrumento será essencial para a realização dos tratamentos de endodontia com segurança e rapidez.

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Novidades da indústria

ND Novidades octPT_Maquetación 1 30/09/15 18:05 Página 78

Forno de sinterização Programat PS1 1600

Amaris, o compósito de alto valor estético

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937 083 146 - info@voco.com - www.voco.com

(0034) 913 757 820 - www.ivoclarvivadent.com

O compósito Amaris foi desenvolvido especialmente para restaurações de alto valor estético. O seu sistema de cores inovador possibilita um controlo fácil e conveniente da cor da restauração, com a utilização de poucas cores. Ao contrário de outros sistemas, o Amaris compreende apenas 11 cores: seis cores básicas, três cores de esmalte e duas cores individuais. As cores básicas e de esmalte podem ser combinadas de numerosas formas entre si, o que proporciona uma grande versatilidade à composição das cores. As cores individuais Amaris Flow HT (High Translucent) e Amaris Flow HO (High Opaque), de utilização opcional, permitem ainda simular estruturas individuais e criar efeitos específicos. Amaris também possui excelentes propriedades físicas. Além de um elevado conteúdo inorgânico (80% em peso), o material apresenta um grau muito baixo de contração de polimerização (2,0% em vol.). Uma vez que possui uma consistência plástica e não pegajosa, é fácil de adaptar e modelar. Amaris está disponível em diver sas apresentações, por exemplo em sets e recargas com seringas e cápsulas.

Baseando-se na tecnologia e fiabilidade do Programat PS1, a Ivoclar Vivadent desenvolveu o forno Programat PS1 1600, que representa uma poupança de tempo nos processos de sinterização do laboratório. O novo Programat PS1 1600 diminui, significativamente, o tempo de sinterização, que no passado podia levar de cinco a oito horas e que com este forno se reduz a 75 minutos. Isto significa que tanto coroas como pontes de ZrO2 podem completar-se agora num único dia de trabalho. Além disso, alcança os 1600° de temperatura, o que amplia consideravelmente a variedade de tipos de ZrO2 que podem ser sinterizados. Esta redução de tempo também implica uma poupança de energia, o que produz um efeito muito positivo sobre os custos de produção. O manejo do Programat PS1 1600 é cómodo e simples, graças ao seu ecrã e teclado de membrana selada, assim como ao seu fácil acesso à câmara de sinterização.

Novo implante OsseoSpeed Profile EV

Pilares provisórios para estrutura ou coroa

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(0034) 901 100 111 - www.dentsplyimplants.es

915 205 087 - www.radhex.es

A DENTSPLY Implants deu a conhecer o implante OsseoSpeed Profile EV. O novo implante, especialmente desenhado para situações de cristas inclinadas, preserva o osso marginal nos 360° ao redor do implante, dan do assim um suporte ótimo aos tecidos leves. Ao colocar-se alinhado com as cristas lingual e vestibular, também permite reduzir a necessidade de processos de aumento ósseo. Esta é a segunda geração deste implante patentado com um desenho único inclinado, especialmente pensado para cristas inclinadas, que foi introduzido pela primeira vez em 2011. O implante Profile foi redesenhado e atualizado, oferecendo a simplicidade e os princípios do desenho do ASTRA TECH Implant System EV.

Os novos pilares provisórios para estrutura ou coroa sobre implantes, do sistema de implantes Radhex, apresentam um desenho adequado e uma estrutura de puro titânio, com um excedente que, em caso de necessidade de encurtamento, é de fácil recorte, simplificando a sua utilização. O seu desenho exterior está munido de espirais de aderência perimetrais que facilitam a adesão do material utilizado para a prótese provisória, sendo por isso muito estáveis e permitindo a provisionalização imediata após a coloção dos implantes. Estão disponíveis para plataforma externa e interna universal.


Maxillaris PT Newsletter_Maquetación 1 30/09/15 17:44 Página 1

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Página empresarial

Empresa octPT_Maquetación 1 30/09/15 16:32 Página 80

Dentaleader patrocina jornada dedicada à saúde familiar

Bien-Air entrega prémio sorteado no fórum de Barcelona

A Dentaleader participou, no passado dia 20 de setembro, no Peddy-Paper Viver Saúde, uma jornada de atividades para toda a família que decorreu no Parque do Calhau de Benfica, em Lisboa. Organizado pela Nova Clínica de Benfica, esta iniciatiAdultos e crianças participaram va teve como objetivo promover a saúde da família de em diversas provas, em Lisboa.. uma maneira divertida. Foram abordados temas como a saúde oral, a alimentação, a prática desportiva e as relações interpessoais, mediante 10 provas em que participaram 15 equipas, cada uma formada por uma criança e um adulto. A Dentaleader colaborou com a causa através da doação de material dentário.

A Bien-Air efetuou, no passado dia 31 de agosto, a entrega da nova turbina Tornado à vencedora do sorteio que abrangeu todos os inscritos no stand da marca, durante a realização do Fórum Dentário que decorreu em Barcelona (Espanha). A contemplada foi a médica dentista espanhola Patricia Galán, que exerce a sua atividade em Madrid. O prémio foi entregue por Jorge Bueno, Area Sales Manager da Bien-Air. A turbina Tornado oferece uma potência de saída excecional de 30 watts, que constitui uma nova referência na categoria e contribui para a diminuição da principal preocupação dos profissionais do setor – a falta de tempo –, assegurando também aos utilizadores o nível de qualidade e fiabilidade que esperam da Bien-Air.

800 203 976 - www.dentaleader.com

(0034) 934 253 040 - www.bien-air.com

Contactodent tem novo portal

Encontro internacional sobre terapias regenerativas

A Contactodent estreou recentemente um portal que procura disponibilizar toda a informação institucional e, simultaneamente, funcionar como ponto de encontro entre a empresa e os seus clientes, formandos, parceiros e potenciais clientes. A nova ferramenta online resultou de um estudo sobre as necessidades de mercado e os constantes melhoramentos. A Contactodent representa marcas como: Zest Anchors, Southern Implants, Dess, Detax, Pulpdent, Vista Dental, Cerkamed, Novodento, Danville, Jeneric Pentron, Harold Nordin e Transcoject, entre outras. A empresa oferece aos novos subscritores do portal 5% de desconto na próxima compra.

Eduardo Anitua, diretor científico do Biotechnology Institute (BTI), dirigiu o encontro "Terapias regenerativas baseadas em plasma e plaquetas: do laboratório à A partir da esquerda, Belén Crespo, diretora da Agência clínica", que decorreu entre os dias 7 e 9 Espanhola de Medicamentos e Produtos Sanitários, de setembro, na Universidade InternacioCésar Nombela, reitor da UIMP, Elisa Polanco, vice-presidente da Fundação Alfonso Martín Escudero, nal Menéndez Pelayo (UIMP), com sede e Eduardo Anitua, diretor científico do BTI. em Santander (Espanha). Esta iniciativa contou com a participação de um elenco de especialistas internacionais de reconhecido prestígio provenientes de centros de investigação dos seguintes países: Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália e Espanha.

www.contactodent.pt

www.bti-biotechnologyinstitute.com

Médico/a dentista em Vila Franca de Xira

Interessado/a em estágio para experiência temporária sem remuneração. Clínica com registo de ERS e em atividade em Vila Franca de Xira. Condição exigida: ser atencioso/a e que pretenda fazer de futuro o seu modo de vida. Razão da oferta: por reforma da atividade (50 anos de profissão). Oferece-se suporte técnico e legístico. Resposta com currículo académico para: clinicasoares@gmail.com

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Radhex reforça aposta na área da investigação A consolidação da Radhex baseia-se, segundo afirma a companhia, no constante esforço na melhoria do produto mediante a investigação e o desenvolvimento, bem como no serviço ao cliente. Assim, a empresa aplica mudanças adaptativas para melhorar a ergonomia, a identificação, a funcionalidade e a comodidade para o profissional e o paciente. A Radhex assinala que presentemente está a investigar em métodos de pigmentação de superfícies para dotar os seus instrumentos de características mais atrativas, modernas, estéticas e que permitam ao mesmo tempo a sua fácil identificação.

915 205 087 - www.radhex.es

F


Normas Artigo Nuevo Tamaño _Maquetación 1 30/09/15 18:20 Página 1

A nossa secção de “Ciência e Prática” está à disposição dos profissionais do setor…

Ciência e prática

caso clínico

Ciência e prática

Otimização do branqueamento dentário não vital

Ciência e prática

Ciência e prática

Reabilitação oral em doentes oncológicos

AUTORES: Nuno Braz de Oliveira Médico Dentista. Pós-graduado em Ortodontia pela Universidade de Nova Iorque (NYU). Residência de dois anos em Cirurgia Oral na NYU. Prática exclusiva em Ortodontia e Cirurgia Oral. Diretor clínico da Clínica Dental Face em Lisboa.

AUTORES: Benjamín Martín Biedma Médico estomatologista. Professor titular de Patologia e Terapêutica Dentária e coordenador do mestrado de Endodontia Avançada da Universidade de Santiago de Compostela (Espanha).

José Nuno Ramos Licenciatura em Medicina pela Faculdade de Medicina de Lisboa. Especialista em Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética C.H.L.O. Guilherme Guerra Médico Dentista. Bacharelato em Prótese Dentária. Prática exclusiva em Prostodontia e Oclusão. Clínica Dental Face em Lisboa.

Natália Barciela Castro Médica estomatologista. Professora do mestrado de Endodontia Avançada da Universidade de Santiago de Compostela (Espanha).

Duarte Braz de Oliveira Médico Dentista. Clínica Dental Face em Lisboa.

José Amengual Lorenzo Professor associado de Patologia e Terapêutica Dental, codiretor do Diploma em Técnicas de Branqueamento Dentário e professor do mestrado de Endodontia da Universidade de Valência (Espanha).

Francisco Brandão de Brito Médico Dentista. Especialização em Periodontologia pela Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (FMDUL). Mestrado em Periodontologia pela FMDUL. Docente da Especialização em Periodontologia da FMDUL. Tesoureiro da Sociedade Portuguesa de Periodontologia e Implantes (SPPI). Prática exclusiva em Periodontologia e Implantes. Clínica Dental Face em Lisboa.

Liliana Castro Professora associada de Endodontia e da pós-graduação em Endodontia do ISCS-Norte (Porto). Rui Madureira Professor titular de Endodontia e coordenador científico e pedagógico da pós-graduação em Endodontia do ISCS-Norte (Porto).

Lisboa.

Nuno Braz de Oliveira

Benjamín Martín Biedma

Introdução O cancro oral refere-se ao conjunto de tumores localizados na região dos lábios, cavidade oral e/ou orofaringe, sendo o quinto tumor mais comum do mundo e com valores de incidência que rondam os 500.000/ano2. Durante as cinco últimas décadas, a taxa de sobrevivência a cinco anos não tem sofrido alterações, verificando-se que aproximadamen-

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te 47% dos pacientes com carcinoma na cavidade oral ou faringe e 44% na laringe morrem cinco anos após terem sido diagnosticados1.

Resumo: Os dentes não vitais, quando são submetidos ao tratamento endodôntico, podem apresentar diversos tipos de alterações de cor. Neste artigo clínico apresentam-se duas modalidades de branqueamento não vital indicadas na resolução deste tipo de situações. Também se analisam as suas características e particularida-

95% dos cancros orais são detetados em pacientes com mais de 40 anos, apresentando uma média de 65 anos na

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des, os seus inconvenientes e a sua capacidade de produzir resultados. Palavras chave: Branqueamento dentário não vital, perborato de sódio, peróxido de hidrogénio.

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para

portugal@maxillaris.com Rua Francisco Sanches, 122,2º. 1170-144 Lisboa. Tel./Fax: 218 874 085

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