Poster apresentação atípica do cancro do colo do útero

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Apresentação atípica do cancro do colo do útero Patrícia Ávila | Eva Silva | Isabel Sousa Martins | Lisa Aguiar Unidade de Saúde da Ilha Terceira – Centro de Saúde de Angra do Heroísmo Enquadramento

O carcinoma do colo do útero representa 6% dos tumores malignos ginecológicos, sendo o carcinoma pavimento-celular o tipo histológico mais comum. De acordo com o Registo Oncológico Nacional, em 2005, diagnosticaram-se 694 novos casos ,correspondendo a uma taxa de incidência de 8,77/100.000. O Rastreio Organizado do Cancro do Colo do Útero dos Açores (ROCCA) abrange mulheres entre os 25 e os 64 anos, inclusive, realizando-se a citologia com uma periodicidade de 3 anos.

Descrição do caso

• Identificação: Mulher de 42 anos, caucasiana, casada, assistente operacional. • Antecedentes pessoais de hábitos tabágicos (12 UMA), menopausa precoce (38 anos), ROCCA atualizado (última citologia em Julho de 2012). S

1ª consulta (Abril/ 2015) Consulta não programada Refere edema indolor da coxa direita, de início súbito, com cerca de 15 dias de evolução. Agravamento com ortostatismo prolongado. Nega traumatismo. Recorreu ao SU, onde foi excluída trombose venosa e prescrito antibioterapia e anti-inflamatório, admitindo-se celulite como hipótese diagnóstica.

O

TA: 136/88 mmHg Edema da coxa direita sem sinais inflamatórios. Indolor. Pulsos femorais e poplíteos palpáveis e simétricos. Mobilidade articular (coxo-femoral e joelho) conservadaPalpação abdominal normal.

A P

SINTOMA/ QUEIXA DA PERNA/ COXA (L14) Solicita-se Tomografia computorizada (TC) pélvica , Radiografia a coxa e estudo analítico com marcadores tumorais.

• Realizou TC abdomino-pélvico: “(…) massa aparentemente relacionada com o colo uterino e conglomerado adenopático para-uterino direito e uretero-hidronefrose grave direita com relação com o envolvimento do ureter distal.” • 2 dias depois foi avaliada em consulta de Medicina Interna, tendo sido internada para estudo: • Realizou nefrostomia direita. • Realizou biópsia do colo uterino que revelou carcinoma pavimento-celular. • Foi encaminhada para o Instituto Português de Oncologia do Porto para tratamento, onde ainda se encontra.

Discussão

S

2ª consulta (Maio/ 2015) Vem para reavaliação clínica de edema da coxa, avaliação de análises, TC pélvica e Radiografia da coxa.

O

Mantém edema da coxa com as mesmas características. Analiticamente: • Hemograma normal • VS negativa • Função renal normal • Perfil lipídico normal • Marcadores hepáticos normais • Função tiroideia normal • CA 125: 40,2 U/mL (<35 U/mL) Radiografia da coxa: sem alterações TC pélvico: “bexiga normalmente distendida, bem configurada, contornos regulares e conteúdo líquido. Útero de volume normal e sem anomalias aparentes. Sem adenopatias nem massas pélvicas. Sem coleções líquidas organizadas nem líquido livre na escavação pélvica.”

A P

SINTOMA/ QUEIXA DA PERNA/ COXA (L14) Referencia-se a consulta de Medicina Interna para prosseguir o estudo.

S

3ª consulta (Outubro/ 2015) Consulta não programada Refe agravamento do edema, envolvendo todo o membro inferior direito. Refere, também, um episódio de coitorragia há 2 meses; no ultimo mês, aparecimento de anorexia e corrimento vaginal hemático. Tem consulta de Medicina Interna agendada para dentro de 15 dias.

O

Edema de todo o membro inferior direito, sem sinais inflamatórios, sem dor. Por indisponibilidade de sala com marquesa ginecológica, não se realiza exame ginecológico.

A P

SINTOMA/ QUEIXA DA PERNA/ COXA (L14) Pede-se TC abdomino-pélvico urgente.

Os estudos revelam que o rastreio organizado leva a uma redução da incidência e mortalidade do cancro do colo do útero entre 70 a 80%, sendo que se recomenda a sua realização com uma periodicidade de 3 anos. Contudo, neste caso, havia uma citologia atualizada e uma apresentação pouco típica da doença, onde os exames complementares pedidos tiveram pouca importância, dado que se revelaram normais, o que nos faz pensar num desenvolvimento rápido da patologia. O médico de família tem um papel central na avaliação e seguimento destes utentes, necessitando estar alerta mesmo quando as patologias assumem uma apresentação atípica.

Bibliografia

• Consensos Nacionais 2013 – Cancro ginecológico; Sociedade Portuguesa de Ginecologia; • Registo Oncológico - 2005.


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