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O encontro com Goethe - Estadão

O encontro com Goethe

Por Leandro Oliveira

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Nascido em 1749, vinte e um anos antes do gênio de Bonn, Goethe havia formado seus gostos musicais no ambiente clássico de Carl Phillip Emmanuel Bach, Haydn e Mozart. Ele suspeitava da veemência revolucionária de Beethoven, mesmo reconhecendo-o como o maior compositor alemão vivo. Pouco depois do verão de 1812, Goethe escreveu uma reflexão menos sintética sobre o wwcompositor: “seu talento me surpreendeu; no entanto, infelizmente, ele tem uma personalidade totalmente indomável, não completamente errado em achar o mundo detestável, mas dificilmente o tornando mais agradável para si ou para os outros com sua atitude. Contudo, seu estado suscita alguma empatia e compaixão, pois está perdendo a audição, algo que afeta menos a parte musical de sua natureza do que a social. Ele é naturalmente lacônico, e ainda mais devido à sua deficiência.”

Foto: Samuel Sianipar

O entusiasmo de Beethoven por Goethe era desmedido. O primeiro contato entre os dois mestres se deu em 1811, quando Beethoven enviou a Goethe uma cópia da música incidental para sua tragédia “Egmont”. “Egmont, op. 84” consiste em uma abertura seguida por uma sequência de nove peças para soprano, narrador masculino e orquestra sinfônica. Beethoven escreveu-a entre outubro de 1809 e junho de 1810. A peça foi estreada em 15 de junho de 1810 – o tema que inspira o compositor é a vida e o heroísmo do nobre Lamoral, Conde de Egmont dos Países Baixos. A música foi elogiada por E.T.A. Hoffmann, e o próprio Goethe respondeu calorosamente à partitura, expressando a esperança de que ambos eventualmente se encontrassem. Em 1814, o poeta teria dito “Beethoven fez maravilhas para combinar sua música com meu texto”. Curiosamente, para além da abertura, hoje a obra é raramente realizada. Ela abrirá a temporada do Theatro São Pedro neste final de semana, no sábado, dia 16, às 20h00 e no domingo, dia 17, às 17h00. O concerto é em homenagem a Heidi Lazzarini. A Orquestra Sinfônica do Theatro São Pedro, sob a direção de Claudio Cruz, executará a rara versão completa de “Egmont” de Beethoven, com a soprano Marina Considera e narração de Luiz Guilherme. O programa contará ainda com o poema sinfônico “Prometeu” de Leopoldo Miguez e a extraordinária “Siegfried Idyll” de Richard Wagner.

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