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FIgura DO MÊs

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ObserVaçãO

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Há um enorme potencial de crescimento

Wellington soares CEO da CDN e CLN

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a caminho dos três anos

de funcionamento operacional, a CDN (Corredor de Desenvolvimento do Norte), pela voz do CEO, Wellington Soares, faz um balanço positivo de uma operação que ainda não ‘anda sobre carris’. No transporte de carvão, operação gerida pela CLN (Corredor Logístico de Nacala, que gere também a infra-estrutura ferro-portuária), e da qual é também o CEO, mas também no transporte de carga geral. Até porque, apesar do “enorme potencial do carvão”, será esse o factor decisivo para o grande crescimento do Corredor “que chegará com o desenvolvimento económico do país”, diz à E&M.

Que desafios encontrou e como os resolveu desde 2014, quando chegou?

Nessa época, o Corredor de Nacala estava em reabilitação e não se tinha iniciado a operação. A linha foi inaugurada em 2017 com capacidade total de transporte de 18 milhões de toneladas de carvão e 2 milhões de carga geral. No carvão, oriundo de Moatize com direcção a Nacala, tem sido feito um trabalho de evolução. Neste momento há dificuldades de operação na mina, é sabido, mas irá chegar aos 18 milhões de toneladas por ano. No outro negócio, o da carga geral (gerido pela CDN), tem havido uma evolução constante nos negócios de fertilizantes, trigo, contentores, o que demonstra a confiabilidade que é o Corredor do Norte. Temos uma operação segura, confiável e isso tem sido um motor para esta evolução. No ano passado transportámos 500 mil toneladas de carga geral e já no ano que vem chegaremos às 700 mil.

De que forma a obra de reconstrução do Porto de Nacala, agora em curso, terá impacto nos níveis de carga transitada e em toda a operação da CDN e da CLN?

A obra do Porto incide no aumento da capacidade instalada, na melhoria das infra-estruturas, equipamentos, em questões de drenagem e na parte eléctrica, benefícios que o irão transformar numa infra-estrutura mais moderna. Isso terá um impacto grande na operação porque vai duplicar a capacida-

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engenheiro mecânico de formação, tem uma carreira que se iniciou na Vale, em 2002. Chegou a Moçambique em 2014. Lidera a CDN desde 2018.

CDN

de de manuseamento de carga do Porto de 2 para 4 milhões de toneladas por ano. A sintonia com a política geral das infra-estruturas do país é constante, claro. O Porto vai evoluir por duas vias: na confiabilidade e eficiência da operação. E depois, vai ser adicionada capacidade a um Porto que tem vocação natural para ser um hub, uma vez que está próximo da região de Pemba e dos grandes consumidores de commodities, como a Índia e a China. O próprio Governo tem uma expectativa forte e estamos em total sintonia. Da nossa parte, o projecto é desenvolver, crescer e gerar emprego. A CDN emprega aproximadamente 400 pessoas no Porto e a ferrovia cerca de 700 pessoas de forma directa, e mais de mil indirectamente.

Como funciona a interligação entre a CDN e a CLN?

São dois negócios independentes. O controlo accionista pertence 50% à japonesa Mitsui e 50% à mineradora Vale, sendo a gestão independente. A CLN, com o carvão, tem um cliente fixo que é a Vale, que tem a operação de ferrovia e do Porto. E na CDN, onde temos o negócio de carga geral, há vários clientes. A parte operacional tem de funcionar de forma harmónica porque a ferrovia é a mesma e o centro de controlo é um único. E aproveito para dizer que é o mais moderno de África e comparável aos da Europa e Estados Unidos. E totalmente operado por moçambicanos, é de salientar.

Havendo outros players a extrair carvão, eles poderão utilizar a linha?

Neste momento, não utilizam porque nunca fomos demandados para isso, mas o terminal de carvão é multiusuário e pode ser utilizado por qualquer empresa.

Qual é o grande potencial de crescimento no Corredor de Desenvolvimento?

O carvão vai crescer, é certo, mas o potencial ilimitado, digamos assim, está no negócio de carga geral que já está em desenvolvimento. Sempre foi um negócio deficitário, mas a partir do momento em que chegarmos às 700 mil toneladas por ano atingimos o break even. O movimento ainda é, hoje, de 80% a ir para o hinterland e 20% a ser exportada via Nacala mas, a cada ano, a tendência é crescer porque há oportunidades.

Que projectos existem de ligação a outros corredores de desenvolvimento?

Já estamos ligados à Linha do Sena e estamos a avaliar a ligação com a Zâmbia que conecta depois ao corredor Atlântico e ao de Dar-Es-Salam.

A CDN também faz o transporte de passageiros, que fará uma enorme diferença na vida das pessoas da região, embora seja uma operação pouco lucrativa, imagino...

Sem dúvida. O comboio trouxe uma mudança grande. Só no ano passado, foram transportadas 500 mil pessoas. Temos muito orgulho nisto, até porque é um bem social. Para nós, é prioritário porque representa uma alavanca de desenvolvimento em toda a região.

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