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OBSERVAÇÃO
VENEZUELA, 2021 A PIOR CRISE DEMOGRÁFICA DO MUNDO
A Venezuela é o país que mais perdeu população nos últimos cinco anos, de acordo com dados da ONU, devido à onda migratória sem precedentes gerada pela crise económica, social e política que o país atravessa. Dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) sinalizam que mais de 5,6 milhões de venezuelanos emigraram nos últimos anos, um fenómeno que é agravado pela queda da natalidade, contribuindo para o envelhecimento da população. As Nações Unidas estimam que o fenómeno significa uma perda de 30 anos de progresso, e se traduz numa redução de três anos na esperança de vida. Em 2015, o Instituto Nacional de Estatística da Venezuela (INE) estimou que, até 2020, o país teria 32,6milhões de habitantes. As projecções mais recentes do Escritório de População da ONU (UNPOP) apontam para que, no ano passado, o país contabilizava 28,4 milhões de habitantes, cerca de quatro milhões de pessoas a menos do que o esperado, e semelhante ao registado em 2010.
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RADAR
CRESCIMENTO EM 3% NÃO VAI EVITAR RISCOS AO INVESTIMENTO, AVISA A CAPITAL ECONOMICS ECONOMIA
A consultora Capital Economics prevê que a economia moçambicana possa registar um crescimento de 3% este ano, mas alerta para o risco ao investimento devido à instabilidade no norte do País, em particular devido à suspensão do projecto de exploração de gás natural liquefeito. “Em Moçambique, a declaração de ‘força maior’ sobre um grande projecto de GNL (gás natural liquefeito), na sequência de repetidos ataques por insurgentes, está a acrescentar novos ventos de proa a uma recuperação já lenta. O abandono do projecto iria prejudicar gravemente as perspectivas de crescimento do País e suscitar preocupações reais sobre a dívida pública”, escrevem os analistas. No documento, os analistas referem que “o desejo de investimento em Moçambique está em perigo à medida que os ataques de insurgentes continuam no norte do País”. A Capital Economics apresenta também as suas previsões, estimando para este ano um crescimento de 3,0% do PIB de Moçambique, que deverá crescer 4,0% em 2022 e 4,5% em 2023. Quanto à inflação, o índice dos preços no consumidor deverá crescer 5,5% este ano, 5,8% no próximo e, também, 5,8% no ano seguinte, de acordo com as previsões da consultora sediada em Londres. A petrolífera francesa Total tem uma quota de 26,5% no projecto de gás natural liquefeito em desenvolvimento no norte do País, cuja primeira produção e exportação estava prevista para 2024, mas que ficou adiada pelo menos um ano no seguimento da declaração de ‘força maior’ por parte da petrolífera. Ajuda externa. Os Estados Unidos vão mesmo retomar o apoio a Moçambique, no âmbito do programa Millennium Challenge Corporation, após 17 meses de suspensão. O anúncio foi feito recentemente à imprensa por uma delegação daquela organização do Governo americano, após um encontro com a Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo. O Director do Millennium Challenge Corporation para Moçambique, Kenneth Miller, explicou que os sectores privados do ramo da agricultura e transportes rurais são prioritários. Nesta fase, arrancam os trabalhos para a identificação do pacote de projectos prontos para serem implementados até 2023, conforme avançou o Coordenador do MCC em Moçambique, Higino de Marrule.
FMI. O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou a disponibilização de cerca de 310 milhões de dólares para Moçambique utilizar na gestão das suas reservas internacionais. Os recursos ficaram disponíveis a partir do dia 23 de Agosto e são parte dos 650 mil milhões de dólares alocados pelo Fundo para os 190 países membros actuarem na recuperação e estabilização das suas economias após o impacto da pandemia. Trata-se da maior injecção financeira da História para ajudar a recuperar a economia mundial pós-pandemia e a distribuição desses recursos depende da proporção de quotas que cada país tem no FMI.
Infra-estruturas. O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) aprovou, recentemente, o desembolso de 23 milhões de dólares para financiar a conclusão das obras de reabilitação da estrada que liga as províncias do Niassa e Nampula, numa extensão de cerca de 35 quilómetros no corredor de Nacala, importante eixo para o desenvolvimento do norte do País. Trata-se do troço que liga o município da vila de Malema e a localidade de Nakata, na província de Nampula, e a secção que parte de Murrusso até à cidade de Cuamba, no Niassa, totalizando 35 quilómetros. A conclusão das obras encontra-se sob responsabilidade de um novo empreiteiro, de origem chinesa, depois do rompimento do contrato entre o BAD e a construtora portuguesa Gabriel Couto.
Indústria. O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) anunciou recentemente que vai financiar o primeiro projecto no contexto do Programa Nacional Industrializar Moçambique, para as províncias de Cabo Delgado e Niassa. Segundo o BAD, o empreendimento irá focalizar-se em iniciativas passíveis de viabilizar a cadeia de produção do sector da agricultura, atra-
vés do programa Sustenta e a criação de indústrias de agro-processamento. O facto foi recentemente anunciado pelo ministro da Indústria e Comércio, Carlos Mesquita
Agro-indústria. Moçambique vai contar, em breve, com oito centros de processamento de produtos agrícolas em diferentes pontos do país. Segundo o Presidente da República, Filipe Nyusi, a iniciativa constitui a primeira fase da implementação do Programa Nacional Industrializar Moçambique. Trata-se de uma iniciativa que visa criar condições para alavancar o sector industrial, privilegiando a matéria-prima local, tendo como base o potencial agrícola, piscícola, recursos minerais e infra-estruturas. Com efeito, no âmbito da materialização deste programa, está previsto o estabelecimento de centros de processamento em Cuamba (Niassa) para cereais e macadâmia, Ribáue (Nampula) para cereais, Namacurra (Zambézia) para arroz e oleaginosas, e Nhamatanda (Sofala) para cereais.
Negócios. O sector privado prevê para o terceiro trimestre deste ano um enfraquecimento considerável da estabilidade da economia das empresas moçambicanas, em consequência da terceira vaga do covid-19. A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) teme que o cenário do terceiro trimestre seja ainda pior do que o dos primeiros três meses deste ano, quando muitos trabalhadores perderam emprego.
Energia. A empresa Petromoc reafirmou a sua posição como o maior operador no negócio marítimo de bunkering, onde está presente há já 44 anos a operar nos portos de Maputo, Beira, Nacala, Quelimane e Pemba, desde a fase inicial da prospecção de hidrocarbonetos e o maior fornecedor de combustíveis e lubrificantes das empresas nacionais e multinacionais para os vários segmentos de negócio incluindo o bunkering. A Petromoc têm vindo, também, a trabalhar com diversos Brokers (intermediários) e parceiros, como é o caso da Benthic Geotech Pty Limited, World Fuel Services (WFS), OW Bunkering, Amoil, Marine Vision, South African, entre outras.
EXTRACTIVAS
Minerais. Moçambique vai criar em breve uma unidade de gestão do processo Kimberley, metais preciosos e gemas. Segundo o Conselho de Ministros, que aprovou, recentemente, a revisão do decreto, o Processo Kimberley é uma iniciativa conjunta de governos, indústria diamantífera e da sociedade civil, para conter o fluxo de diamantes em bruto, de guerras ou conflitos, no mercado internacional. Em 2016, uma equipa esteve no país depois de Moçambique manifestar a intenção de aderir ao processo Kimberley. O porta-voz do Governo, Filimão Suaze, garantiu que, desde aquela altura, Moçambique tomou uma série de passos no campo legislativo e de procedimentos.