27 minute read

ESPECIAL ENERGIAS RENOVÁVEIS

Next Article
OBSERVAÇÃO

OBSERVAÇÃO

14 INVESTIMENTO EM CENTRAIS TÉRMICAS

O Country director da Globeleq Moçambique, uma das líderes na instalação de projectos de produção de electricidade a partr de fontes limpas em África, Samir Salé, ambiciona investimentos de grande impacto na expansão do acesso a energia no País. Conheça-os

Advertisement

18

EXPLICADOR

Conheça Os Países Que Mais Investem na Transição Energética

20

SOURCE ENERGIA

Uma Empresa Que é Fonte de Energias Renováveis e de Negócios

22

PANORAMA

As Notícias Sobre Energias Renováveis no País e lá Fora

“Vamos Começar a Produzir Energia em 2022”

Quem tem gás e recursos hídricos tem as melhores condições de eliminar o défice energético e fazer uma transição energética sustentável. Não há aqui qualquer novidade, mas a relevância desta teoria está no facto de já estar a transitar para a realidade, de acordo com o Country Director da Globeleq Moçambique, Samir Salé, que antevê grandes investimentos a este nível, além das centrais eléctricas de Temane e de Cuamba

AGlobeleq Moçambique começou a operar no ano passado em Moçambique e pertence à Globeleq Africa Ltd., uma empresa com base em Londres, Reino Unido, e que pertence a dois fundos de investimento de dois governos, algo incomum, diga-se, nomeadamente o fundo de investimento britânico, que detém 70% da empresa, e o Norfund (Noruega), o maior fundo de investimento do mundo, que tem os restantes 30%.

O seu grande foco é, essencialmente, desenvolver, construir e operar centrais eléctricas com foco exclusivo em África, estando presente também em países como a Costa do Marfim, Camarões, Quénia, África do Sul, Tanzânia e, desde o ano passado, no Egipto e em Moçambique.

No País, a oportunidade está no facto de ter bastante população sem acesso a electricidade (a taxa de electrificação é de cerca de 35%). Mas há também uma série de desafios.

Oportunidades à parte, Samir Salé também faz menção a uma série de desafios que o mercado impõe, que são a dispersão populacional e o custo das infra-estruturas necessárias para a transmissão e distribuição de electricidade.

Ou seja, é preciso admitir que para fazer chegar a electricidade a todo o País é necessário algum esforço, também na engenharia comercial. Mas, onde está o potencial do País, quais são e para onde nos vão levar os projectos de produção de electricidade através das renováveis?

São parceiros da Electricidade de Moçambique (EDM) nos projectos que desenvolvem e parece que estão preocupados também com os aspectos da sustentabilidade desta empresa. Vocês têm também de pensar nisso ou

TEXTO Pedro Cativelos • FOTOGRAFIA D.R.

só se focam em produzir?

Nós temos de pensar nisso porque é um aspecto que cria risco comercial. Porquê? Se, por exemplo, eu vendo electricidade à EDM e esta não consegue cobrar porque os consumidores não conseguem pagar, em última instância tenho prejuízo. Então, temos de pensar nisso.

Mas a grande vantagem que temos é que, como os nossos stakeholders têm foco no desenvolvimento, assumimos mais um pouco do risco comercial comparado com outros developers de elec-

tricidade que, provavelmente, não assumiriam o risco, como os privados que têm interesse apenas comercial.

O projecto âncora é o da central térmica de Temane, com 450 MW, através do gás produzido nos campos de Inhassoro e Temane, e que será consumido primeiramente em Moçambique

Em Moçambique há vários projectos em análise, mas há um maior que é a central térmica. Queria que me falasse um pouco mais desse mapa e sobre as oportunidades que traz…

O foco da Globeleq Moçambique é, essencialmnente, renováveis e gás a curto e médio prazo. Moçambique tem potencial para ambos: tem muito gás na bacia do Rovuma, que fará sentido considerar para monetizar através da produção de electricidade, e depois há uma série de oportunidades na área das renováveis. A nossa entrada dá-se com dois projectos: o projecto âncora é o da central térmica de Temane na província de Inhambane, com 450 MW, através do gás produzido nos campos de Inhassoro e Temane, e que será consumido primeiramente em Moçambique.

E esse projecto é transformador para o País por algumas razões. Primeiro, é o maior projecto de geração de electricidade desde a independência, depois de Cahora Bassa. Segundo, com base nele, Moçambique conseguiu atrair fundos concessionais do Banco Mundial e de outros fundos de desenvolvimento para a construção de uma linha de transmissão de Maputo a Temane, para poder evacuar e distribuir electricidade pelo sul do País. Terceiro, Moçambique cria também o maior projecto consumidor de gás local com este projecto. A maior parte do gás que o País produz é exportado, e este é o maior projecto que vai conseguir consumir gás e vai começar a criar um mercado para o gás adicional. Se posteriormente fizer sentido expandir a central térmica de Temane, já temos uma base industrial criada para fazer a atracção de mais gás para aquela zona.

E quem são os parceiros destes empreendimentos ao nível interno?

Os nossos parceiros são a EDM e a Sasol. Nós temos cerca de 65% do capital do projecto, a EDM tem 20% e a Sasol 15%. E são estes três parceiros que estão envolvidos nos três projectos desta cadeia de valor da central térmica de Temane. Temos o projecto de desenvolvimento dos campos de gás que é feito pela Sasol, temos o da central que está a ser gerido por nós e temos também o projecto de transmissão que está a ser gerido pe-

la EDM. Então, os três parceiros estão envolvidos na central térmica e cada um de nós toma conta de uma das partes da cadeia de valor. Esse é o nosso projecto âncora e foi com ele que a Globelec decidiu abrir a plataforma em Moçambique.

Envolve cerca de 620 milhões de dólares dos quais cerca de 70% a 75% são por financiamento externo e 25 % de capitais próprios das empresas. A sua construção já começou e esperamos ter electricidade em produção a partir do terceiro ou quarto trimestre de 2024.

Também consta que há um forte envolvimento da Globeleq Moçambique no Niassa. Qual é a natureza dos projectos que estão a desenvolver naquela província?

O de Cuamba é um dos nossos projectos, mas é relativamente mais modesto. Prevê abranger cerca de 22 mil consumidores. Tem uma capacidade de 15 MW, e é de produção solar fotovoltaica, com uma bateria - o primeiro projecto com bateria em Moçambique. A atracção deste projecto vem, principalmente, do facto de fazer parte das renováveis, é importante para nós e para os nossos accionistas que nos convidam a investir em projectos de desta natureza.

Há três factores críticos neste projecto: o primeiro é de ser fonte renovável; o segundo é o facto de ser o primeiro a usar bateria em Moçambique e então teremos de fazer um estudo de caso sobre baterias que, acredito, serão cada vez mais importante à medida que se vão criando sites renováveis no País; e o terceiro é a redução de perdas da EDM porque, neste momento, esta empresa produz electricidade fora daquela zona e coloca-a na linha de transmissão para chegar até lá. Mas há muitas perdas. Então, é benéfico para a EDM também gerar electricidade naquela zona para deixar de transportá-la de Nampula e Nacala, que é onde se gera neste momento, e depois levada para Cuamba. Assim, a electricidade que é perdida pode ser vendida noutras zonas no Norte.

Falou na bateria. Qual é a sua função? Armazena energia e depois distribui, é isso?

tricidade com renováveis é um pouco diferente dos outros padrões de consumo. Tipicamente, as pessoas consomem mais electricidade no princípio e no final do dia porque, geralmente, estão em casa. As indústrias, por norma, operam 24 horas e os escritórios consomem menos electricidade.

O grande problema com as renováveis é conseguir consistência de fornecimento porque há dias em que há menos sol. Nesses dias, gera-se pouca energia. E a forma de resolver o problema de consistência é com baterias. Mas estas são caras, então é preciso fazer-se uma análise de custo e benefício. Já com o vento é diferente, a geração eólica ajusta-se melhor aos padrões de consumo.

No Niassa chegaram a ter problemas devido aos ataques de insurgentes, que se estenderam para esta zona?

Por enquanto não há problemas e esperamos que continue assim. Não houve questões dessa natureza por lá. Houve dois ou três ataques no norte do Niassa, mas foi imediatamente contido. A cons-

trução deste projecto também começou em Dezembro do ano passado e vai levar cerca de 12 meses para ser finalizada. É mais pequeno e também menos complexo, estamos a falar de instalação de painéis solares e da sua integração na rede de distribuição.

Fala-se muito pouco de energia eólica em Moçambique comparando com outros cantos do mundo. Existem, no País, projectos de geração de energia eólica de grande dimensão?

Nós temos dois projectos que estamos a considerar com a EDM na área do vento. Diria que, dentro de três ou quatro anos, poderemos ter mais nessa área.

Mas, nesta fase, em Moçambique, o mais importante é gerar electricidade de forma consistente e sustentável ao nível comercial porque, se criar projectos que não sejam sustentáveis, em algum momento alguém vai ter de subsidiar outrem e isso vai criar problemas de sustentabilidade para o próprio projecto.

O projecto do solar é interesante porque há várias zonas em Moçambique com características apropriadas para a sua implementação. O vosso crescimento é mais por aqui ou é direccionado para projectos energéticos de grande dimensão?

Diria que as duas coisas são importantes. O projecto de Cuamba, pela sua natureza, é mais reduzido. Mas temos projectos maiores, a partir de 60 MW, e estamos confortáveis com projectos de 60 MW, 300 MW a 400 MW. O de Temane está num outro extremo, demasiado grande para nós.

Neste momento, produzimos cerca de 1600 MW em África e temos 2000 MW em desenvolvimento, o que signica que ou está em fase de obtenção de financiamento, confirmação do business case, etc. ou em fase de construção. Então, Cuamba e Temane já estão na fase de desenvolvimento, mais concretamente na fase de construção.

A solução para os problemas de da electricidade em Moçambique passa por apostar mais em projectos pequenos, como o de Cuamba, ou grandes, como o de Temane?

É preciso que se pense no balanço disto. É aí que entra a EDM, o planeamento para a operação da rede que tem, porque o que se quer fazer é optimizar o fornecimento de electricidade e minimizar as perdas na rede.

E, provavelmente, há muitos locais em Moçambique em que faz sentido ter projectos mais pequenos de renováveis, assim como haverá também locais (provavelmente ao nível costeiro ou zonas industriais, como Nacala, Beira, Maputo, etc.), onde faz sentido ter centrais maiores. A central de Temane está onde está por ser perto do recurso.

O lançamento da primeira pedra da futura central de Temane está prevista para finais de Março próximo

Haverá, em Cabo Delgado, algum projecto grande como o de Temane, vosso ou de outro player, ligado ao LNG?

Neste momento não, mas fazia sentido que houvesse e isso faz parte do nosso foco de crescimento, que é continuar a avaliar e considerar centrais eléctricas no País. Por exemplo, há um programa de leilão de energias renováveis para o qual submetemos uma proposta e estamos à espera da resposta do regulador para saber se fomos ou não seleccionados como empresa preferida para avançar. Trata-se do projecto solar do distrito de Dondo, província de Sofala.

Vamos continuar a considerar oportunidades destas, mas também vamos continuar a trabalhar com a EDM identificando sites que façam sentido potencialmente para um posterior planeamento da rede e outras questões, ao nível de tarifas, para avançar.

Temos também dois sites no sul que estamos a avaliar se faz sentido expandir Temane e aceder a mais gás naquela zona, e confirmar se se pode expandir electricidade. Faria também sentido replicar o projecto de Temane para Nampula, Cabo Delgado, etc., para criar duas ou três centrais mais estruturais para Moçambique com base em recursos locais.

Há muita competição nesta área?

Nas renováveis há, sim, alguns developers que têm tentado desenvolver projectos. Isso é benéfico para Moçambique e para a EDM, visto que pode seleccionar e priorizar com base num rol de projectos maior.

Nota-se um dinamismo crescente da área das renováveis nos últimos quatro a cinco anos. Será por haver facilidades de implementação dos projectos ou nem por isso?

Acredito que este dinamismo seja reflexo de dois grandes factores. Um é que os custos para a geração de electricidade de baixa escala cairam drasticamente, ou seja, o equipamento (painéis solares, baterias, etc.) tiveram o preço a cair exponencialmente e abriram a possibilidade

de energia tal como Moçambique também tem. Então, é só continuar a desenvolver estes projectos e criar infra-estruturas à base não só do mercado nacional, mas também do exterior. Por exemplo, o projecto M’panda Nkuwa, que foi lançado, já é uma oportunidade para solidificar a posição de fornecedor de energia limpa, sustentável e consistente para a região. E como este projecto há-de haver outros.

Além disso, há países à nossa volta que podem ajudar-nos a financiar o desenvolvimento das nossas próprias infra-estruturas tanto para o consumo interno como para a exportação, porque há quase uma garantia de que o que se produzir ou vai ser consumido localmente ou vai ser exportado.

Quando é o lançamento da primeira pedra para Temane?

Em princípio está para a última semana de Março. O foco da Globeleq Moçam-

bique é gerar electricidade e também entender que nós não podemos operar sem parceiros fortes. Em Moçambique nós temos esse conforto. A EDM é um parceiro muito forte, que gere uma rede há 40 anos, e já tem capacidade de definição do que realmente precisa. E é importante operar num ecossistema em que há um alinhamento de agendas. A construção levará cerca de 34 meses, de Janeiro até provavelmente Outubro ou Novembro de 2024, mas esperamos que até um pouco antes disso comecemos a produzir electricidade em fase de testes. Mas até Novembro de 2024 estaremos em fase de operações.

A oportunidade que o País tem é o facto de ser, provavelmente, o que tem maior potencial de energia limpa e sustentável na região Austral

de criar sistemas sustentáveis de projectos energéticos. O outro factor é que há um maior interesse da comunidade doadora para olhar para os sistemas com base em energias renováveis, ou seja, há muitos fundos à procura de dar financiamento a developers para encorajar esse tipo de projectos.

Além disso, Moçambique é um país em que se emprega este tipo de coisas porque há muitas aldeias com pouca densidade populacional, daí que faça mais sentido criar sistemas pequenos de distribuição do que fazer lá chegar um pouco de electricidade.

Onde é que Moçambique pode ser, de facto, diferenciador ao nível da região? É no solar, eólico?

A oportunidade que o País tem é o facto de ser, provavelmente, o que tem maior potencial de energia limpa e sustentável na região. África do Sul tem grande potencial solar, mas Moçambique tem potencial solar, hídrico e tem o gás que, a médio prazo, a nosso ver, também tem um papel importante para resolver questões de acesso a energia.

Então, para nós, Moçambique há-de posicionar-se como pólo energético da região. E já faz isso: exporta electricidade para a África do Sul, Zimbabué, Maláui, e todos esses países têm défice

Aqui notam-se mais projectos solares do que eólicos e outras fontes renováveis. Há alguma razão específica para isso?

É porque os projectos eólicos são mais complexos, até em termos de logística de construção. Os equipamentos (turbinas) são enormes e só o transporte é muito difícil. Por isso, são também mais caros. A meu ver, Moçambique deve investir em gás e recursos hídricos que é, para mim, o grande diferencial do País com o resto da região, porque não há nenhum outro à volta com mais gás.

Então, produzir energia, tanto em forma de electricidade quanto em forma de gás para exportar, vai criar muita riqueza e oportunidades para o País.

Há um pensamento de que o nuclear não é renovável, mas é quase limpo. Que comentário faz sobre isso?

É difícil ter uma opinião. Acho que falam isso é no âmbito da transição, ou seja, ao passar de carvão para uma alternativa que seria gás ou energia nuclear. Normalmente o gás todo vem dos Estados Unidos, da Rússia ou da Noruega e há problemas de gás entre a Rússia e a Europa, então eles estão a olhar para outras alternativas à procura de diversificar a matriz energética porque já tomaram a decisão de não continuar com o carvão. Olham, assim, para o nuclear como alternativa. É verdade que a produção nuclear, quando feita correctamente, é limpa. O problema está em fazer a gestão dos resíduos de forma responsável.

Mas há países que têm frotas nucleares e que estão a gerir sem grandes problemas, como o Japão e a França. Isso faz sentido no contexto de transição energética e não sentido de acesso à energia, em que é mais fácil usar os recursos que se tem como o gás, para Moçambique.

Qual é o vosso objectivo estratégico para daqui a cinco anos? Será tornar-se líder das renováveis, por exemplo?

O nosso objectivo é crescer de forma sustentada. Vamos entrar numa fase de construção dos nossos projectos em Moçambique.

Por isso, o nosso primeiro grande objectivo é garantir que construimos, de forma segura, dentro dos prazos e custos. Isso são os nossos planos para os próximos três anos e não há nada mais importante que isso. Depois, podemos começar a olhar para frente e tentar duplicar o tamanho da nossa capacidade.

O Top 10 de Quem Mais Investe na Transição Energética

Mais de 130 países estabeleceram ou estão a considerar um objectivo de emissões net zero até 2050, mas a obtenção desse objectivo à escala global requer 125 biliões de dólares em investimento climático, de acordo com as estimativas da ConvençãoQuadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC). Embora esse nível brutal de investimento ainda não tenha, de longe, sido atingido, está a crescer exponencialmente. Em 2021, o mundo gastou 755 mil milhões de dólares no desenvolvimento de tecnologias energéticas com baixo teor de carbono, mais 27% do que no ano anterior. Este gráfico destaca os 10 principais países por investimento em energia com baixo teor de carbono em 2021, utilizando dados da BloombergNEF. China

Investimento em energias de transição não renováveis Inclui hidrogénio, nuclear, captura de carbono, rede eléctrica, térmica, armazenamento de energia, materiais sustentáveis.

O top 10 dos países vale 74% do total mundial de investimento na transição energética. A China acrescentou, em 2021, 48 GW em energia eólica e 53 GW em solar, aumentando a capacidade agregada em 19%.

Os países europeus investiram colectivamente 2198 dólares na transição energética

Investimento em energias renováveis

U .S .

Brasil

C or ei a d o Su l

Í ndia Espanha

Japão França Reino Unido A le m a n h a

FONTE BloombergNEF

Peter Blenkinsop • Administrador Delegado FNB Moçambique

Após alguns anos marcados por alguma degradação de serviços e da rentabilidade, os últimos tempos desencadearam uma reflexão profunda para o FNB Moçambique. Impôs-se a necessidade de definir uma estratégia sobre a melhor forma de nos posicionarmos e sermos o Banco de eleição para os nossos sectores-alvo, focados em sermos, não necessariamente o maior, mas o melhor Banco no nosso mercado.

Tanto o Grupo FirstRand, grupo financeiro sul africano do qual o FNB Moçambique é parte integrante, como o FNB estão empenhados em expandir a presença do Banco em Moçambique e impactar de forma positiva a economia e as comunidades em que opera. Alcançar este objectivo implica um foco constante e consciente nos nossos Clientes e, também, na digitalização dos nossos produtos e serviços.

No que toca a servir os nossos Clientes, fazemos questão de relembrar os nossos profissionais que, mais do que trabalhar para o Banco, prestam serviços directamente ao Cliente e que todas as decisões devem ser centradas nele. Esta abordagem é alavancada em metas ambiciosas, que passam pelo crescimento transaccional, interacção com o Cliente, reequilíbrio do balanço e da rentabilidade. O alcance destas metas requer uma compreensão profunda dos nossos sectores-alvo e o desenvolvimento de soluções que se adaptem às suas necessidades, e não apenas daquelas que se alinham à oferta do Banco.

Voltamo-nos para os bons velhos princípios básicos - simplicidade na interacção com o Cliente, eficiência operacional e segurança, uma abordagem aparentemente simples, mas que requer clareza estratégica, compreensão cultural em todo o Banco e processos e infra-estruturas adequados para o fazer de forma sustentável.

FNB Moçambique empenhado no desenvolvimento da banca digital orientada para o serviço ao Cliente

Os sectores Corporate e Commercial são o nosso foco principal, porém também contamos que o Retalho surpreenda positivamente tanto os Clientes como a nós próprios. Embora a nossa presença no mercado moçambicano seja ainda relativamente jovem, somos parte de um Grupo maior, o que nos dá acesso ao know-how necessário para trazer as melhores soluções aos nossos Clientes.

O desenvolvimento digital do FNB Moçambique representa, para nós, um importante catalisador estratégico. Um inquérito revelou categoricamente que o FNB Moçambique não é percepciona-

do como um Banco inovador nem orientado para soluções, e está aquém da esperada compreensão do mercado. Esta percepção contraria a cultura do Grupo FirstRand pelo que fizemos da abordagem a estes desafios uma prioridade. Actualmente o FNB opera em todo o país, com presença na maioria das províncias, mas é preciso expandir esta presença e estar mais próximo dos nossos Clientes, o que implica foco e investimento em serviços digitais, daí a nossa plataforma operacional encontrar-se também a atravessar um processo de mudança, estando previstas alterações muito positivas na frente digital, até ao final do ano, que simplificarão, substancialmente, a actividade bancária. Iremos trabalhar, de per-

Acreditamos que a cultura do Banco e a colaboração interna representam um factor diferenciador fundamental para o Cliente, num mercado com reduzida diferenciação de produtos

to, com os nossos Clientes na jornada de transição para uma experiência bancária digital, que será uma mais-valia tanto para o Cliente como para o Banco.

Acreditamos que a cultura do Banco e a colaboração interna representam um factor diferenciador fundamental para o Cliente, num mercado com reduzida diferenciação de produtos. Temo-nos empenhado profundamente no alcance deste objectivo (com progressos significativos até ao momento). O nosso processo de recrutamento encara este factor como um requisito fundamental, a par da contratação de recursos altamente qualificados.

Aspiramos ser o empregador bancário de eleição nos próximos dois anos, uma meta exigente considerando a existência de bons bancos entre os nossos concorrentes. Porém, acreditamos que iremos consegui-lo. Entre as nossas maiores inovações, tanto para os nossos Clientes como para os Colaboradores, destacamos o facto de podermos contar com profissionais cuja actividade não se limita ao local de trabalho, estando estes preparados e capacitados para interagirem, presencial e directamente, com a nossa base de Clientes.

Vivemos um momento de recuperação da economia moçambicana, com boas perspectivas para o desenvolvimento do sector financeiro e do panorama empresarial. Como Banco, procuramos apoiar tanto os orgãos reguladores como as grandes empresas para viabilizar o desenvolvimento de um cenário financeiro e de mercados de capitais positivo, nos próximos 3 - 5 anos. Acreditamos, assim, que vamos criar instrumentos de investimento alternativos para os investidores, tal como contribuir para a sustentabilidade da economia a longo prazo. Estamos profundamente empenhados em transformarmo-nos para transformar a economia, continuando a colocar as questões complexas. A viagem está em curso.

SOURCE ENERGIA Uma Fonte de Energia e Negócios Renováveis

Formada em 2015, a Source Energia é uma empresa de consultoria centrada na actividade de investimento em energia e no private equity com foco nos países de língua portuguesa

TEXTO Hermegildo Langa • FOTOGRAFIA Mariano Silva

Quando, a meio da década passada, a Source Capital (grupo onde se enquadra a subsidiária dedicada à Energia) entrou no mercado, o futuro parecia ainda longínquo e assente em perspectivas que demorariam anos a ser consumadas.

Desde então, esta consultora de investimento tem-se dedicado a desenvolver projectos na área da energia, primeiramente em Moçambique, mas também na África do Sul e Angola. “Na área do On Grid (dentro da rede), desenvolvemos projectos de energia na sua totalidade para vender à Eletricidade de Moçambique (EDM). Trata-se de projectos de energia do tipo solar e eólica, mas também estamos focados no off grid, nomeadamente nas energias para auto-consumo e na electrificação rural, através da aposta em sistemas solares residenciais que já são bastante comuns em Moçambique. É importante referir que estamos perto de investir nas primeiras mini-Grid privadas”, explica o empresário Pedro Coutinho, Administrador-delegado da Source Energia em Moçambique.

Este último ponto é, para o gestor, um dos focos de um sector em rápido desenvolvimento. “Em relação ao auto-consumo, estamos a desenvolver projectos direccionados para consumidores privados ou públicos que, hoje, dependem da rede de transmissão eléctrica ou de fontes poluentes, e que através de, por exemplo, uma central de energia solar dedicada instalada nas suas casas, passam a dispor de energia inesgotável, barata e completamente limpa”, acrescenta.

Sabendo-se que, em 2020, pouco mais de um terço da população moçambicana tem acesso a energia, e havendo um grande investimento para que, até 2030, através da iniciativa governamental ProEnergia (Programa Energia para Todos) o acesso à energia seja universal a todos os moçambicanos, as renováveis têm muito espaço para crescer.

Até por isso, ou sobretudo por esse facto, Pedro Coutinho não tem dúvida

B

EMPRESA

Source Energia

ADMINISTRADOR DELEGADO

Pedro Coutinho

FUNDAÇÃO

2015

TRABALHADORES

12 directos e 60 indirectos

INVESTIMENTOS REALIZADOS

45 milhões de dólares

de que “este é o lugar certo para se investir”. Até porque, continua, “o mercado nacional reúne condições únicas para o desenvolvimento desta actividade, especialmente para a energia solar, por possuir uma excelente radiação solar, um quadro regulamentar apetecível e favorável ao sector privado e por apresentar uma baixa taxa de electrificação, ou seja, a rede de energia chega, actualmente, a cerca de 40% da população”, argumenta.

E a actividade da Source Energia reflecte isso mesmo. Ao longo dos sete anos de atividade, já promoveu, desenvolveu ou projectou o investimento para vários projectos marcantes na área das renováveis, como o das unidades de produção de energia solar de Cuamba (desenvolvida pela Globeleq) e da Ignite, ambas avaliadas em 30 milhões de dólares cada, ou do maior de todos, a central eólica da Namaacha, um projecto de 250 milhões de dólares.

Cândida Macurra, gestora de projectos na Source Energia, especifica: “Na Electrificação Rural temos uma empresa que já equipou cerca de 20 mil casas e estamos a crescer na ordem das 2500 habitações por mês. Já ao nível do auto-consumo, fizemos a instalação de pequenas centrais solares on grid, de que é exemplo o investimento na Central Eléctrica de Tetereane, em Cuamba. Juntando todos, chegamos aos cerca de 45 milhões de dólares em financiamento”, assinala a gestora. Actualmente com 12 trabalhadores directos e 60 indirectos, através de algumas das suas participadas, os gestores da Source Energia consideram que Moçambique “tem ainda desafios pela frente, da falta de know-how em alguns quadros de instituições à crise económica acentuada pela pandemia, factores que têm impedido a entrada massiva de investimento externo, o que complica o amadurecimento pleno de uma área fulcral para o desenvolvimento económico e social do País.

Apesar de tudo, a verdade é que Moçambique está no caminho certo para se tornar num dos grandes players ao nível da região Austral de África”.

Energia solar

EDM desenvolve estudos de viabilidade para construção de uma central solar flutuante em Manica

A empresa pública Electricidade de Moçambique (EDM), em parceria com a Associação Lusófona de Energias Renováveis (ALER), lançou um concurso para os estudos de viabilidade para a construção da central solar flutuante na barragem de Chicamba, província de Manica.

Segundo a EDM, os serviços incluídos neste projecto, que tem o apoio do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), irão permitir a realização de um estudo de viabilidade completo que engloba a avaliação de impacto técnico, financeiro, económico, ambiental e social, incluindo o modelo financeiro e estudo de integração da rede.

O projecto inclui, igualmente, a avaliação do impacto ambiental das infra-estruturas das centrais eléctricas e das linhas de interconexão, bem como o impacto ambiental das barragens e do ecossistema marinho e os aspectos socioeconómicos do projecto solar flutuante proposto para orientar a EDM e outras partes interessadas no seu processo de tomada de decisão. O objectivo geral da apresentação da Opção Solar Flutuante deve-se à necessidade de geração de energia adicional e à utilização das superfícies de águas abertas existentes para a produção de energia e para salvar terras aráveis para fins agrícolas.

A plataforma contribuirá, igualmente, para uma melhor regulamentação hidrológica e a atribuição deverá ser apoiada por uma avaliação preliminar do impacto ambiental e social.

Investimento

Governo garante estar em busca de recursos para viabilizar projectos de energias renováveis

No fim da sua visita de trabalho à União Europeia, o Presidente da República, Filipe Nyusi, disse haver necessidade de se apostar em energias produzidas através de fontes renováveis, ante a problemática de mudanças climáticas, nos últimos anos.

Filipe Nyusi observou, na mesma ocasião, que o País é um exemplo na região no que diz respeito ao uso de energias renováveis, por isso, o Governo está a mobilizar recursos financeiros junto dos seus parceiros, para continuar a materializar iniciativas do género, lembrando que a maior parte das iniciativas de expansão de fontes limpas de energia é feita por investimentos privados.

Ainda segundo o Chefe do Estado, outra aposta do Executivo moçambicano é a gestão de água que, na época chuvosa, mata e destrói, mas que por falta de infra-estruturas hidráulicas se perde totalmente para o mar.

Expansão

Distrito de Mueda já dispõe de uma central fotovoltaica

A infra-estrutura foi recentemente inaugurada pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, no Posto Administrativo de Ngapa, distrito de Mueda, província de Cabo Delgado, num investimento equivalente a cerca de dois milhões de euros (144 milhões de meticais) financiados pelo Fundo Nacional de Energia (FUNAE). Das mais de 800 ligações

O Fundo de Energia Sustentável para África (SEFA), gerido pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), aprovou uma subvenção de 1 milhão de dólares para facilitar a transição do Botsuana para a energia limpa.

O projecto de assistência técnica apoia o Governo daquele país a colmatar as lacunas críticas nos quadros político, regulamentar e legal, identificadas no Africa Energy Market Place (AEMP 2019). Estes incluem a introdução de planeamento de menor custo, redução dos impactos ambientais adversos e apoio ao aumento da participação do sector privado nos investimentos de geração de energia renovável (RE).

Alguns dos resultados notáveis do projecto incluem um Código Nacional da Rede, Estudo do Custo dos Serviços de Electricidade (CoSS) e quadro de licenciamento para regular as actividades do sector energético. Os resultados do projecto contribuirão para a implementação do primeiro Plano Integrado de Recursos (PRI) do Botsuana, facilitando, assim, investimentos em nova capacidade de geração solar fotovoltaica e eólica, no montante mínimo de 100MW e 50MW, respectivamente, até 2030.

previstas até ao final do projecto, foram efectuadas numa primeira fase 400 ligações, entre domiciliárias e a instituições públicas e privadas existentes naquele ponto do País.

O acto, segundo nota da Presidência, enquadra-se no programa do Governo, que visa a conclusão da electrificação de todos os postos administrativos do País no presente quinquénio, de modo a garantir o acesso à energia eléctrica nas zonas rurais.

O Presidente da República reafirmou, na ocasião, que o seu Governo vai continuar a electrificar os postos administrativos e localidades, com vista a impulsionar o desenvolvimento socioeconómico do País, e acrescentou que dos 600 megawatts que o Governo se comprometeu a gerar no presente ciclo de governação 25% serão na base de energias limpas.

Lá fora

BAD fornece um milhão de dólares para apoiar a transição energética no Botsuana

This article is from: