Heleno de Freitas - O craque maldito 7

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BELO HORIZONTE • DOMIGO • 19 DE FEVEREIRO DE 2006

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BELO HORIZONTE • DOMIGO • 19 DE FEVEREIRO DE 2006

SANTORO VAI INCORPORAR HELENO AGÊNCIA O GLOBO – 24.9.2004

NA TELONA

Lápide será corrigida O atacante Heleno de Freitas finalmente terá o dia exato de sua morte inscrito na sua lápide. No último domingo, O TEMPO publicou que a data do falecimento gravada no túmulo do goleador atormentado não conferia com o que estava escrito no atestado de óbito. O responsável por organizar o acervo de Heleno de Freitas para a Prefeitura de São João Nepomuceno, Everson Rezende, não soube explicar o motivo do equívoco, informando à reportagem que a lápide será trocada por uma nova dentro de pouco tempo. Em contato com a redação, no início da noite de sexta-feira, Rezende explicou que procurou o registro de óbitos na prefeitura e confirmou que Heleno morreu no dia 8 de novembro de 1959 e não no dia 3 do mesmo mês como está no jazigo. Um fato chamou sua atenção. Todos os óbitos trazem o nome dos pais do falecido, à exceção de Heleno. “De diferente, só o fato de não ter o nome do pai e da mãe. Isso é até desrespeitoso, mas vamos consertar também”, disse Rezende. A causa da confusão sobre a troca de datas permanece um mistério para Rezende. Segundo ele, não há uma explicação lógica para o ocorrido. “É mais um mistério que envolve o Heleno. Não há nada para falar sobre isso. O importante é que teremos a chance de reparar esse erro histórico”, afirmou. (PB)

Galã global irá interpretar o craque botafoguense no cinema; previsão é que o filme esteja em cartaz no Brasil em 2007 MAURÍCIO MIRANDA

Durante os quase cinco anos que passou internado na Casa de Saúde São Sebastião, em Barbacena, Heleno de Freitas sempre se recusou a assistir às sessões de cinema juntamente com os outros internos. Numa das poucas vezes que tentou encarar um longa-metragem o goleador atormentado teve a seguinte reação: “Pára com isso, tá muito ruim. Eu faço melhor”. Mal poderia imaginar o craque que a sétima arte iria se render aos seus pés e atender o seu desejo de se tornar o astro das telas, mais de 46 anos após a sua morte. Heleno de Freitas vai virar filme, com previsão de entrar em cartaz no Brasil entre o final deste ano e o início de 2007. A informação partiu do escritor carioca Marcos Eduardo Neves. Integrante do Projeto Heleno de Freitas, ele lançará a biografia do jo-

gador em março, na mesma solenidade do lançamento do elenco do filme. Neves deu detalhes a O TEMPO sobre o longa metragem dirigido pelo cineasta José Henrique Fonseca e com a participação do co-roteirista argentino Fernando Castets (“O Filho da Noiva”). “O elenco está quase todo certo e muitos atores já aceitaram participar. O filme vai falar muito pouco do Heleno no futebol e sim da sua vida aristocrática, destacando sua riqueza e sua influência nas altas rodas do Rio de Janeiro.” O ator escolhido para protagonizar Heleno de Freitas é o global Rodrigo Santoro, cuja aparência se assemelha muito com o galã dos gramados. O roteiro do filme será baseado na biografia do jogador, de autoria do escritor carioca. Inicialmente, Neves pretende lançar sua obra em quatro cidades, sendo duas minei-

ras: Belo Horizonte e São João Nepomuceno, além de Rio de Janeiro e São Paulo. O escritor adiantou o que os leitores vão encontrar na biografia, construída após três anos e meio de pesquisa. “Vão encontrar muito mais que um simples jogador de futebol, mas um bon vivant que sabia curtir a vida melhor que ninguém. Será uma viagem aos anos dourados do Rio de Janeiro, com a capital da República.” A orelha da biografia será escrita por Ruy Castro, responsável por “Estrela Solitária”, obra que contou a trajetória, igualmente trágica, de outro botafoguense: Garrincha. “Perguntaram para o Ruy se ele escreveria mais uma biografia de jogador de futebol. Ele respondeu que só pensaria no projeto se o cara fosse um tal de Heleno de Freitas. O Ruy gostou do trabalho e escreveu para mim a quarta capa”, disse Neves.

Imortal também no samba O mito Heleno de Freitas foi imortalizado no samba-enredo do Carnaval de 1992 em São João Nepomuceno. A Escola Avenida Doutor Carlos Alves (Esaca) resolveu homenagear o jogador, trazendo na letra de seu enredo toda a trajetória vitoriosa do goleador nascido em São João Nepomuceno. O seu início no Mangueira, a ascensão no Botafogo e no futebol internacional, as paixões e homenagens recebidas pelo craque caíram na boca do povo na avenida. Cléa Muniz Coelho, 67, atual presidente da escola, se lembra da grande mobilização

em torno do Carnaval de 1992, quando também estava à frente da Esaca. “Um amigo nosso, Sérgio Torres pediu que nós fizéssemos um samba-enredo sobre o Heleno. De início eu pensei que não fosse dar certo, por ser um jogador de futebol. Mas foi maravilhoso, pois descobrimos que ele tem uma bagagem enorme.” A carnavalesca admitiu ter sido um dos melhores carnavais de Nepomuceno, cidade mineira com o Carnaval grandio-

O ator Rodrigo Santoro, segundo os produtores do filme sobre o goleador atormentado, se parece com Heleno de Freitas

Um índio da Amazônia foi ao Rio de Janeiro entregar a ele um dente de onça. O dente acompanhou o Heleno durante todo o tempo que ele ficava na Casa de Saúde São Sebastião Valter Antônio

Dente de onça como lembrança O atestado de óbito de Heleno de Freitas, as fichas contendo todo o tratamento e o túmulo de São João Nepomuceno tinham de tudo para ser as últimas lembranças vivas do goleador atormentado, falecido em 1959. Mas não são. O atacante está mais vivo do que nunca na vida do funcionário público Valter Antônio, 61, que admite não passar um dia sequer sem se lembrar do companheiro querido. Se não bastasse a dependência espiritual do ídolo botafoguense, Valtinho só consegue se levantar da cama ou ir a qualquer lugar com o amuleto recebido de presente de Heleno. Diante ou não das diversas histórias folclóricas contadas sobre Heleno, Valtinho tem a sua verdade sobre o colega conhecido nos tempos em que jogava no Independente. Clube onde, segundo ele, o goleador enlouquecido se tornava auxiliar-técnico quando deixava a Casa de Saúde.

Mesmo mais de 46 anos após o falecimento do atacante místico, o funcionário público mantém vivo o seu guru. “O maior prêmio que ganhei na minha vida foi ter conhecido o Heleno. Rezo por ele todos os dias e estou vendo ele no campo agora e lembrando dos conselhos que nos dava para amar a bola e viver em função dela.” Valtinho não conseguiu conter a emoção ao tirar do peito um colar banhado a ouro com o pingente que ganhara de Heleno de Freitas, na Casa de Saúde São Sebastião. Um dente canino de aproximadamente 5 cm, tomado por uma mancha amarelada. “Um índio da Amazônia foi ao Rio de Janeiro entregar a ele um dente de onça. O dente acompanhou o Heleno durante todo o tempo que ele ficava na Casa de Saúde São Sebastião e um dia ele me disse: ’Toma, leva uma lembrança minha com você’”, disse, mostrando seu amuleto inseparável. (MM)

FOTOS CHARLES SILVA DUARTE

so, inspirado no vizinho Rio de Janeiro. “Foi muito mais empolgante que os outros anos e só não ganhamos, porque não tinha concurso na época.” Familiares de Heleno e, inclusive seu único filho, Luiz Eduardo, participaram do desfile. Tamanho foi o sucesso do samba de Heleno, que a Esaca interrompeu o ensaio para o Carnaval deste ano para relembrar o enredo. Música inesquecível para os puxadores Canário, estreante no Carnaval da cidade com esse samba, Pato Rouco e o cavaquinista Mancha. (MM)

Valter Antônio carrega na sua corrente banhada a ouro a lembrança que ganhou de Heleno de Freitas

A carnavelesca Cléa Muniz Coelho, atual presidente da Esaca, lembra da mobilização em torno do Carnaval de 1992; no detalhe o puxador de samba Canário e integrantes da Esaca interromperam o ensaio para tocar a música sobre Heleno de Freitas

A estátua que nunca existiu PEDRO BLANK

SAMBA-ENREDO HELENO DE FREITAS Apresentado pela Escola Avenida Doutor Carlos Alves (Esaca) no Carnaval de 1992 em São João Nepomuceno É hora, a Esaca é verde e rosa Hoje vem homenagear a esse mito do esporte popular Nascido em São João Nepomuceno Foi no Mangueira que o menino iniciou No Botafogo da estrela solitária Surgiu pro mundo um perfeito jogador Refrão Rola bola rola bola, de pé em pé. Olha a rede balançando e a torcida grita olé (duas vezes) Mas eu digo Heleno... Heleno de Freitas conquistou toda a Argentina No Boca Juniors o artilheiro virou capa de revista

Foi adorado por Evita de Perón Com a elegância de um perfeito bon vivant Em Bogotá uma estátua o imortalizou O Deus da bola que a platéia tanto amou E de volta... De volta ao berço da pátria No Vasco da Gama a carreira encerrou O diamante branco é saudade da felicidade que nos proporcionou Refrão Rola bola rola bola, de pé em pé. Olha a rede balançando e a torcida grita olé (duas vezes)

Mais de 46 anos depois de sua morte, Heleno de Freitas, o craque maldito do Botafogo, ficou imortalizado pelo que fez e pelo que não realizou também. A grandiosidade em torno de Heleno é tamanha que o brasileiro ostenta uma estátua imaginária na Colômbia – façanha cantada em verso e prosa por uma escola de São João Nepomuceno, sua cidade natal. O ex-técnico da seleção brasileira, João Saldanha, procurou o monumento em todo território colombiano, porém, não achou nada. Nem vestígio de que homenagem similar tenha acontecido. O jornalista Marcos Eduardo Neves, autor de uma biografia sobre Heleno de Freitas que será lançada em março, explica que o ex-botafoguense era uma atração na Colômbia. Quando ia entrar em campo pelo Atlético Barranquilla, em 1950, existia uma ansiedade grande por parte de todos. Que bela jogada o goleador atormentado iria fazer? Será que ele derrubaria um adversário com um murro? Ou a vítima seria um companheiro de

time? O árbitro teria coragem de punir Heleno caso ele aprontasse uma das suas? Por tudo isso, Heleno era um show na Colômbia. Os torcedores e dirigentes do Atlético Barranquilla começaram a comentar que o artilheiro merecia uma estátua. Como na brincadeira do telefone sem fio, a história virou realidade. “De tanto falar nessa coisa, criou-se o mito da estátua. No final dos anos 60, o (João) Saldanha, então técnico da seleção brasileira, revirou a Colômbia atrás dessa estátua e comprovou que esqueceram de construí-la. Nunca ninguém viu essa estátua, nem em foto, porque ela jamais existiu”, disse Marcos Eduardo.

Sobrinha Heleno, de fato, era adorado na Colômbia. Apesar de já apresentar sintomas clássicos da sífilis cerebral, longe de sua melhor forma, e cada vez mais demente, o então astro conquistou os torcedores e gravou seu nome da história daquele país. Em 1971, a sobrinha Helenize e o primo Bebeto, juntos na seleção brasileira

de vôlei feminino, sentiram o peso da fama do parente. “Fizeram um reportagem de página inteira com os Freitas”, diz Helenize. Helenize preferiu largar definitivamente o esporte e hoje tem um confecção de roupas em São João Nepomuceno. Bebeto, porém, concretizou um grande sonho e hoje é o presidente do Botafogo. No clube carioca, explica que os feitos de Heleno com a camisa da estrela solitária são constantemente lembrados. “O Heleno foi o nosso grande nome antes do advento da era Garrincha. Jogou bola demais. Tanto que está na seleção de todos os tempos do Botafogo”, disse Bebeto. Ex-dirigente do Atlético e de família mineira, Bebeto elogiou a iniciativa de O TEMPO em produzir uma semana de matérias sobre Heleno de Freitas, descrevendo sua trajetória e a agonia no interior de Minas Gerais. “Sua imagem no Rio ficou forte e todos aqui conhecem ele. É muito bacana recontar o que aconteceu com o Heleno e apresentá-lo ao povo mineiro. Quero parabenizá-los como presidente do Botafogo e parente do Heleno”, disse Bebeto. (PB)

O último aplauso PEDRO BLANK

Um exercício interessante é imaginar como foi o último aplauso recebido por Heleno de Freitas. Durante os quase cinco anos que ficou internado agonizando com uma sífilis cerebral, até morrer em novembro de 1959, na Casa de Saúde São Sebastião, em Barbacena, o ex-astro botafoguense bateu uma “bolinha” no amador Independente, mantido pela Polícia Militar, e no Olimpic, semiprofissional. Nos dois times, platéias sempre minguadas, nunca ultrapassando 30 pessoas, ansiosas por ver Heleno, geralmente não mais que alguns minutos, em ação. Quem descreve como foi a última vez que o goleador atormentado balançou as redes é o professor de história Antoninho Stefani, 67. Nos anos em que Heleno ficou internado em Barbacena, Stefani era repórter de uma rádio local e por diversas oportunidades trombou com o ídolo. Admirava tanto Heleno que jamais teve coragem de lhe fazer uma pergunta, pois temia uma reação destemperada do craque. O pai, Avante Stefani, dono de padaria na década de 50, fornecia pães para o São Sebastião. Lá, conversou com Heleno. “Tinha dias, papai falava, que Heleno estava ótimo, mostrava firmeza na voz, um pouco rouca, e nem parecia doido. No entanto, em outras vezes, não tinha forças para dizer nada”, afirma. Nasceu um fascínio natural por Heleno em Antoninho. Por isso, ele se considera um privilegiado por ter visto o derradeiro aplauso que o atacante recebeu. O professor relata com tanta emoção que derrama lágrimas e precisa segurar o soluço para dar detalhes do último gol. Para manter a fidelidade da descrição do lance, O TEMPO reproduz na íntegra a crônica de Antoninho. Leia com atenção e tire suas conclusões.

Crônica de um sonho real ANTONINHO STEFANI (*)

Corria o ano de 1959. O Olimpic, time de futebol de Barbacena, representava a cidade no campeonato de profissionais da região. Seus treinos eram normalmente assistidos por boa parte da torcida. Naquele tempo, Barbacena ainda vibrava com seus clubes de futebol e com seus jogos. Eu era repórter esportivo de uma das rádios da cidade e estava sempre indo ao campo do Olimpic para reportar seus treinos e suas novidades. Por muitas vezes ia também assistir aos treinos, um interno da Casa de Saúde São Sebastião, que abrigava doentes mentais, chamado Heleno de Freitas. Sim, era o famoso Heleno de Freitas, o grande Heleno, outrora jogador do Botafogo, Vasco e outros grandes times, até do exterior. Sua aparência não deixava lembrar o elegante e vaidoso Heleno do passado. Estava gordo, desengonçado e “sedado” constantemente por remédios ministrados no hospital para suas crises nervosas. Ele ia aos treinos sempre acompanhado de dois enfermeiros. Para Heleno, assistir aos treinos, creio eu, devia ser uma terapia. Apesar de tudo o que se passava em campo e suas dependências, Heleno só olhava e nada manifestava. Um dia, entretanto, aconteceu uma coisa fantástica. Houve um pênalti contra o time chamado reserva. Bola na marca e o cobrador da falta não executou bem seu trabalho ou o goleiro executou muito bem o seu, defendendo a bola na cobrança. Enquanto alguns gritavam e aplaudiam, outros execravam gritando. Heleno, rápido e sorrateiro, levantou-se, passou pelo portão do alambrado e entrou em campo, nervoso, esbravejando e caminhando em direção à área onde havia sido cobrado o pênalti dizendo: “Vou ensinar como se bate um pênalti!”. E repetiu a mesma frase mais vezes enquanto todos olhavam surpresos e incrédulos Heleno apanhar a bola e ir colocá-la na marca da cobrança. A surpresa do fato, parece ter cortado qualquer tipo de reação dos presentes, inclusive dos enfermeiros. Heleno mandou que o goleiro tomasse posição, o que foi, até parece, feito automaticamente. Preparou-se Heleno. Nesse momento, já o silêncio tomava conta de todos e de tudo. Todos olhavam a cena que acontecia em campo. Heleno afastou-se da bola mais ou menos dois metros. Eu olhava maravilhado tudo aquilo. De repente, não era o Heleno gordo, desengonçado e “sedado” que estava ali, em pé para bater o pênalti. Era o Heleno garra, amor à camisa, cabelos “englostorados” e elegantemente uniformizado. Parecia cingido por tênue luz azulada e no peito uma estrela solitária compunha o ornamento em seu corpo. O silêncio doía em meus ouvidos. Heleno correu com vagar em direção à bola. Chutou. O goleiro só olhou e viu a bola morrer mansa e suave no fundo da rede. Parecia que tudo no mundo havia parado. Senti o silêncio gritar extasiado. Somente Heleno não havia parado e caminhava de volta em direção aos enfermeiros e ao seu mundo de demência e cruel realidade. Não sei quem é que começou a bater palmas e isso pouco me interessou no momento, mas todos acompanharam, e Heleno firme nos passos antes trôpegos, passou por mim, tão perto e tão rente, que eu vi as lágrimas que brotavam de seus olhos. Muitos outros marejaram-se de lágrimas furtivas. Os meus olhos também. Creio até, que os deuses do futebol se calaram e choraram arrependidos de ter tirado dos campos de futebol um outro deus dos estádios. Foram as últimas salvas de palmas que Heleno recebeu em sua vida. Heleno morreria 15 dias depois, no hospital São Sebastião e o Santo Deus era o único que na hora segurava suas mãos. Quem assistiu a tudo isto, assistiu um grande acontecimento e eu vi tudo com esses que a terra haverá de comer. Ninguém me contou e eu, graças a Deus, vi e ainda hoje vejo várias vezes em meus momentos de sonhos e devaneios. (*) Professor universitário e repórter esportivo em Barbacena na década de 50

Erratas

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Por um erro de digitação, a legenda da foto do casamento de Heleno saiu errada. O nome correto da ex-esposa é Hilma e não Hilda como foi publicado na segunda-feira. Na edição do dia 14, o nome correto da escola em que Heleno estudou em Barbacena é Ginásio Mineiro e não Grêmio Mineiro. Heleno morreu num domingo de novembro e não de dezembro, conforme foi publicado no último parágrafo da matéria de sexta-feira.


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