Curso da Notícia 006

Page 1

Página 10

Jornal­laboratório Jornal­laboratório do do Curso Curso de de Jornalismo Jornalismo do do CESNORS/Universidade CESNORS/Universidade Federal Federal de de Santa Santa Maria, Maria, RS,RS, Brasil. Brasil.

Frederico Westphalen sofre com mau atendimento médico Página 13 Frederico FredericoWestphalen, Westphalen,Agosto Agostodede2010. 2010.Ano Ano, nº 3, 5nº 6

Dengue, o fim da picada

O Rio Grande do Sul já contabiliza 4500 casos de dengue, em 2010. Conheça a situação da doença no Estado e saiba como evitar focos do mosquito Aedes Aegypti. Página 12.

D es c u b r a os b l og s d e F r ed er i c o

Camila Araujo é uma das moradoras da cidade com voz na Web. Página 5

M éd i o A l t o U r u g u a i e s t á pe r d e n d o a guerra contra o crack Página 7.

HTTP://WWW.BARRADOBUGRES.MT.GOV.BR/FOTONOTICIAS/282_AEDES_AEGYPTI.JPG

Agricultura familiar diversifica produção


2

Economia

Procuram­se vagas Agosto de 2010

Frederico Westphalen

População estudantil movimenta mercado imobiliário em Frederico Westphalen

O

paza.fabi@gmail.com, occhi.bruna@gmail.com

pólo universitário loca­ lizado em Frederico Westphalen é atrativo para estudantes da região e de outros estados que a cada ano deslocam­se de suas cidades na­ tais para instalarem­se na cidade. A Uri – Universidade Regio­ nal Integrada e o Cesnors – Cen­ tro de Educação Superior Nor­ te, as duas maiores univer­ sidades do município, contem­ plam um número alto de es­ tudantes tanto daqui quanto da região, o Cesnors, por se tratar de uma instituição federal, atrai estudantes de inúmeros lugares que, buscando ensino superior gratuito, optam por deixar seus municípios para morar em Fre­ derico Westphalen, onde fica o campus. “Até o segundo semes­ tre de 2009, 65% dos nossos alu­ nos são de fora, a previsão é que, até 2013, esse percentual suba para 85%”, afirma Genesio Mario da Rosa, diretor do Cen­ tro.

Comodidade

Financiamento

Pensando em atender a essa alta demanda, a construção ci­ vil não para. Programas de fi­ nanciamento de crédito para a habitação ­ disponíveis em vá­ rios bancos do país – auxiliam as construtoras, que apostam nesse mercado para o futuro, já que a tendência é que o núme­ ro de estudantes de fora aumen­ te a cada ano, sobretudo com a implantação de novos cursos universitários ­ que vem sendo constante. E não somente no setor das locações é que o mercado se am­ plia, mas também no da compra de imóveis, principalmente por parte de professores que têm Frederico Westphalen como des­ tino para atuar no corpo docen­ te das universidades. “É evidente a influência do público estudantil na economia frederiquense, a cada ano a po­ pulação aumenta e todos os se­ tores comerciais do município comemoram, inclusive o imo­ biliário”, finaliza Loni. Fique por dentro: A oferta de imóveis para su­

As construções já se tornam comuns na paisagem frederiquense prir a população estudantil em crescimento por enquanto é su­ ficiente em Frederico Westpha­ len, é possível encontrar apar­ tamentos e casas para locação

FOTO DE FABIANE PAZA

Para os estudantes, torna­se mais cômodo alugar um imóvel do que deslocar­se diariamente de suas cidades para Frederico, como ressalta a estudante de Jor­ nalismo no Cesnors, Laisa Fan­ tinel “é bem mais cômodo, além de não perdemos tempo com ônibus pra vir das cidades onde a gente mora, fica mais fácil pa­ ra poder realizar os trabalhos e estudar para as provas”. O mercado imobiliário come­ mora junto com as universida­ des, já que a cada ano o núme­ ro de alunos cresce e com isso,

a procura por apartamentos e ca­ sas para aluguel também: “hou­ ve um aumento notável princi­ palmente com a implantação do Cesnors, os estudantes vêm de vários lugares e buscam imóveis para alugar aqui, nos períodos pós vestibular a procura é inten­ sa” afirma Loni Pires, adminis­ tradora de uma das imobiliárias do município. Segundo dados fornecidos pe­ los estabelecimentos do setor de imóveis do município, o cresci­ mento nas locações surpreende, somente no período compreen­ dido entre agosto de 2008 e agos­ to de 2009 o número de imóveis alugados subiu 12,6%.

Foto de Francieli Aparecida Traesel

Fabiane Paza e Bruna Occhi

"Morar na cidade onde a gente estuda deixa tudo mais prático", diz Laisa Fantinel

de acordo com o tamanho (quantidade de cômodos) e o número de moradores que pre­ tende se instalar, a localização do imóvel e a qualidade do edi­

fício e/ou condomínio, o que resulta em preços bastante va­ riáveis, dependendo direta­ mente do quê o locatário pro­ cura.

Confira o preço dos imóveis

Apartamentos de um quarto: De R$ 300 a R$ 450 Apartamentos de dois quartos: De R$ 420 a R$ 659 Apartamentos de três quartos: De R$ 450 a R$ 800 *Os preços variam conforme a localização do imóvel e a cobrança ou não de condomínio. Fonte: Imobiliária Marcos Lima/Jun. 2010


Geral

Editores Jean Prado <jeanpradoufsm@gmail.com> e Caiani Lopes Martins <caiani_martins@yahoo.com.br>

Agosto de 2010

3 FOTO DE CAIANI LOPES MARTINS

Frederico Westphalen

De tijolo em tijolo, Frederico cresce É visível a grande quantidade de prédios no centro da cidade

A contrução civil desponta como umas das áreas que mais emprega na cidade

C

caiani_martins@yahoo.com.br, jeanjornalismo@hotmail.com

omo se pode medir o crescimento de uma ci­ dade? Através do PIB? Da quantidade de moradores? Da quantidade de escolas ou do que? Em Frederico Westphalen, o crescimento pode ser notori­ amente percebido através da quantidade de prédios existen­ tes no município. Esta percep­ ção é visível e até impressiona

O Plano Diretor. Que é?

Para que uma cidade cresça de forma ordenada, é preciso que se haja um controle frente as novas construções. Para su­ prir esta e outras necessidades é que existe o Plano Diretor que consiste em uma lei muni­ cipal que estabelece diretrizes para a ocupação da cidade. Ele deve identificar e analisar os problemas e as potencialidades do município. Para o secretário do planejamento de Frederico Westphalen, o Plano Diretor do município não estava ade­ quado a realidade local. Se­ gundo ele, foi criado um con­ selho para readequar o plano. ­ O primeiro passo foi a for­ mação do conselho do Plano Diretor. Esse conselho vai ago­ ra analisar e readequar este plano – diz ele. Um dos princí­ pios do plano é a preservação do meio ambiente, numa pro­ posta de desenvolvimento sus­ tentável.

os visitantes. Quem chega de fo­ ra, não diz que Frederico pos­ sui os seus singelos 28.428 ha­ bitantes (segundo estimativa do IBGE/2009). A cidade, colonizada a partir de 1918 e emancipada em 28 de fevereiro de 1955, tem como ba­ se econômica a agricultura, as­ sim como os demais municípi­ os da região do Médio Alto Uruguai. Outro dado interessan­ te é de que, com uma população considerada pequena, Frederi­ co Westphalen possui quatro

O trabalho na construção civil

O desemprego é uma ques­ tão que atinge não só o nosso estado como também o nosso país. Em Frederico, um dos se­ tores que mais emprega no momento e o da construção ci­ vil. Devido ao grande número de construções, novos postos de trabalho surgem a cada se­ mana. Segundo o arquiteto Eli­ as Dalla Nora, um dos grandes problemas ainda é a falta de mão de obra qualificada. ­ Quando precisamos de mão de obra temos que buscar fora. Busco pessoal até do Pa­ raná. Encontrar mão de obra qualificada é uma grande difi­ culdade, devido a falta de pre­ paro e interesse dos profissio­ nais – completa Dalla Nora. Em média, um operário da construção civil, trabalha 8 horas por dia. Um servente recebe em torno de R$ 600,00 e um pedreiro em torno de R$ 900,00.

universidades, dentre elas, uma federal. Será que está aí o segre­ do para este crescimento acen­ tuado? Desde a instalação do campus da Universidade Federal de San­ ta Maria (UFSM/Cesnors), em outubro de 2006, pelo menos 800 novos jovens vieram residir no município. Jovens que vem de várias cidades do Rio Grande do Sul, inclusive de vários estados do país. São novos moradores que necessitam de moradia, o que consequentemente aumenta a procura por apartamentos, di­ tos mais seguros.

Plano diretor

Com isso, existe a necessida­ de da construção de novos pré­ dios, o que acaba por transfor­ mar a construção civil em uma das áreas que mais emprega no município. Basta caminhar pe­ las ruas de Frederico e perceber o grande número de constru­ ções. São prédios dos mais va­ riados tipos e tamanhos, con­ centrados especificamente no centro da cidade.

Ta aí, o primeiro “problema” deste crescimento: a concentra­ ção de prédios altos no centro da cidade. Em 2009, esta ques­ tão foi bastante discutida, pois se percebeu que devido a esta concentração, alguns prédios es­ tavam fazendo sombra, uns nos outros. O Plano Diretor é o respon­ sável por definir o que pode e que não pode ser feito em cada parte da cidade. Desta forma o Poder Público em conjunto com a sociedade, busca direcionar a forma de crescimento. Outra questão polêmica é a preocupa­ ção com o “verde”. Diante de O verde contra o concreto tanto entulho produzido pelas obras, como fica o meio ambi­ E o Meio Ambiente? ente? Em Frederico é visível o nú­ Toda construção deve ser mero de construções em anda­ previamente aprovada pelos órgãos públicos competentes, mento. Com isso, a construção civil acaba por despontar como como a Secretaria do Meio um dos setores que mais empre­ Ambiente em Frederico West­ phalen, que é encarregada de ga na cidade. Será que trabalhar nesta área vale mesmo a pena? avaliar todas as obras antes da Descubra a resposta para esta e aprovação. Essa avaliação pre­ outras questões nos quadros tende conservar o meio ambi­ ente, mesmo com a construção abaixo.

Aumenta a demanda, aumentam os aluguéis...

Frederico Westphalen está crescendo gradualmente. Muitos cre­ em que esse crescimento é conseqüência da vinda de universitários para a cidade. Mas, segundo a Administradora de Locação Loni Te­ rezinha Pires, os cargos públicos, vagas em fábricas e indústrias, também são responsáveis pela migração de trabalhadores, implican­ do no crescimento demográfico de Frederico.Esse aumento da pro­ cura por imóveis resultou em um avanço de 15% ao ano, (nos últi­ mos 5 anos), assim os preços dos aluguéis também aumentam, resultado da lei da oferta e procura, sempre variando de imóvel para imóvel (imóveis novos e localizados no centro por exemplo, tem um aluguel mais elevado, do que imóveis localizados em bairros mais distantes).

FOTO DE CAIANI LOPES MARTINS

Caiani Lopes Martins e Jean Prado

de casas e edifícios. Entretanto o crescimento da construção civil vem aumentando o núme­ ro de entulhos. De acordo com o Coordenador da Gestão Am­ biental Aldo Guisolfi, “o entu­ lho é destinado a um aterro. Parte da pista do Aeroclube também está sendo aumentada para depósito deste material”. Toda construção antes de inici­ ada tem que ser aprovada pela Prefeitura Municipal, a mesma é responsável pela fiscalização e a regulamentação da obra.


4

Cultura

Tecnologia em sala de aula Agosto de 2010

Editora Francieli Aparecida Traesel <francielitraesel@gmail.com>

Frederico Westphalen

A transformação do ensino através das novas mídias

FOTO DE MARCELA BUZATTO

Marcela Buzatto e Tássia Bec­ ker Alexandre

A

marcelabuzatto2.0@gmail.com tas­ sia.becker@gmail.com

“O mun­ do é tec­ nológico. Tudo é tecno­ logia e eu acho que a educação está atrasada neste sentido”. As instituições de ensino per­ ceberam a necessidade da mo­ dernização. Ferramentas midiá­ ticas, como projetores, internet e cinema, estão sendo utiliza­ das, porém, de maneira superfi­ cial. Isto porque muitas escolas ainda não possuem uma estru­ tura adequada, tanto na aquisi­ ção de novos equipamentos, quanto na capacitação dos pro­ fessores.

Aprendizado divertido

As dificuldades são percebi­ das principalmente pelos docen­ tes: “Nós, professores, não es­ tamos acostumados a usar estas tecnologias. É muita novidade que a gente não domina. Outro ponto é que nós não tivemos pre­ paração para isto. Temos alter­ nativas, como cursos, mas roti­ neiramente caímos naquilo que

Ao lado do quadro de giz, o datashow ganha espaço dentro da sala de aula costumamos trabalhar”, afirma a professora de ensino médio, Clarice Ceolin. Em compensação, as vanta­ gens deste ensino modernizado são inúmeras. Escolas e muni­ cípios estão procurando traba­ lhar mais com ferramentas da comunicação. Um exemplo é o Centro Midiático de Frederico Westphalen criado em novem­ bro de 2009. Atendendo, em mé­ dia, 48 pessoas por dia, o cen­ tro oferece um curso com duração de um ano com aulas semanais. O ensino segue des­ de o uso básico do computador até a navegação na internet. Pa­ ra participar basta pagar uma ta­ xa de R$ 60,00, que correspon­ de ao material didático utilizado o ano todo. É cada vez mais comum en­ contrar grupos de pesquisa den­ tro de universidades que se in­ teressam em entender mais sobre o assunto. Em Frederico Westphalen existe o “Midia­ ção”, programa de pesquisa e extensão do Centro de Educa­ ção Superior Norte do Rio Gran­ de do Sul (Cesnors), que encon­ tra novas metodologias de ensino através das novas mídi­ as. A professora coordenadora do projeto, Caroline Casali, ex­ plica o funcionamento das ati­ vidades do grupo: “O contato com as escolas de Frederico Westphalen se dá através das

oficinas ofertadas por acadêmi­ cos e professores participantes O dina­ do Midiação. Dentre as oficinas mismo estão: edição de vídeo, audiovi­ sual em sala de aula, blog, fer­ proporcionado por es­ ramentas do Google, fanzine, tes recursos torna o jornal mural e outras”. O prin­ cipal objetivo das oficinas é man­ aprendizado mais gos­ ter os docentes atualizados. toso e a aula menos Se, por um lado o uso des­ tas ferramentas é novidade pa­ maçante. ra quem está à frente da sala de aula, por outro, para os jo­ vens nem tudo é tão complica­ Bárbara Piaia, pertence à esta do. A acadêmica de Direito da geração e afirma: “o dinamis­ URI de Frederico Westphalen, mo proporcionado por estes re­

cursos torna o aprendizado mais gostoso e a aula menos maçante, sem contar que po­ der visualizar a explicação de forma prática, como exposta em um datashow, faz com que o nosso cérebro assimile me­ lhor as informações”. É notável que o uso de tec­ nologias aliado ao ensino é in­ dispensável, assim como com­ pleta a professora Clarice: “O mundo é tecnológico. Tudo é tecnologia e eu acho que a educação está atrasada neste sentido”. FOTO DE TÁSSIA BECKER ALEXANDRE

tradicional forma de ensino com quadro e giz já não garantem a atenção dos estudantes. Eles que­ rem mais dinamismo, mais cri­ atividade, mais tecnologia. O método não pode ser mais o mes­ mo porque os alunos mudaram: é uma nova geração de jovens que está conectada com as atu­ ais mídias. A sociologia explica que quem nasceu a partir da década de 1990 pertence à chamada ge­ ração Z. A garotada nasceu “plu­ gada”, pois junto surgiram a In­ ternet, o MP10, câmeras digitais, twitter e celulares com mil e uma tecnologias. Eles gos­ tam de rapidez e agilidade e in­ teressam­se por tudo superfici­ almente. O professor de Língua Portuguesa, Luiz Cláudio Jubi­ lato, possui uma vasta experi­ ência com jovens desta geração e conta em seu blog que a ju­ ventude quer dinamismo: “A ju­ ventude Z não gosta de perder tempo [...], mas os professores em sala de aula preferem proi­ bir o uso do celular a usá­lo co­ mo ferramenta educacional. A escola perdeu o ‘bonde da his­ tória’”.

Material didático auxilia nas aulas do Centro Midiático de Frederico Westphalen


Cultura

Frederico na blogosfera Frederico Westphalen

Editora Francieli Aparecida Traesel <francielitraesel@gmail.com>

Agosto de 2010

5

Cultura, informação e entretenimento nos blogs de Frederico Westphalen FOTO DE MAÍRA FRANCISCHETE

Francieli Traesel e Maíra Francischete

O

francielitraesel@gmail.com, maihfrancischete@gmail.com

Fala aí

Blogueiros falam do aumento desses espaços na atualidade: "Excelente, afinal se um blog é bom, ele segura o leitor na pri­ meira (e normalmente única) vez que o leitor o visita, e a varieda­ de faz com que algo bom surja." Philipe Portela

Ricardo visitando o blog que ajudou a criar, o "Saúde e Meio Ambiente"

não uma única cultura. “Se a gente entender que a cultura é um processo que surge da im­ pressão de relações sociais,nós temos nessa cultura do blog, múltiplas culturas”. ­ é o que diz Miranda, também blogueiro de um espaço sobre política, comu­ nicação e direito.

de um diário. “Escrevo como e o que gosto, se somente um lei­ tor já gostar, estou com minha meta atingida” – declara ele. Além disso, tem muita gente que não posta em blogs, mas mesmo assim faz parte deste es­ paço de alguma forma. È o ca­ so do estudante Cristiano Za­ rembski. Mesmo não possuindo E por aqui? um blog, fala para que os utili­ Dentre os blogs frederiquen­ za: “Uso para fazer downloads ses, “Subterfúgio da Imagem”, de softwares e filmes que até voltado para temáticas como são encontrados em outros lu­ moda, cinema e cultura, criado gares, porém são sites que não por Camila Dias Araujo “tem a disponibilizam estes conteúdos intenção de trazer informações gratuitamente”. que no seu ponto de vista são relevantes e merecem um apro­ E jornalismo onde entra? fundamento maior, ou até mes­ O jornalismo também tem es­ mo divulgar algo novo que sur­ paço reservado dentro dos ge ou ressurge na mídia, além blogs. Empresas jornalísticas de ser um espaço inteiramente como as rádios comunitárias da aberto a intervenções artísticas nossa região, criaram o blog de interessados”. ­ diz ela. Já no Abraço para que as rádios da re­ blog “Pehaga”, Philipe Portela gião postassem notícias que pu­ Pires escreve sobre o cotidiano, dessem ser incluídas no espaço onde as postagens são como as jornalístico da programação de "Acho incrível! A dissemina­ ção de opiniões alheias e diver­ gentes sem dúvidas é um campo de construção crítica muito fér­ til, uma vez que você forma a sua opinião através do que julga ser mais aceitável por diferentes pessoas, fazendo de certa forma uma peneira." Camila Araujo "Acho ótimo. Quanto maior a disputa por espaço, mais qualida­

outras rádios. Além disso, o es­ paço serve aos ouvintes como um arquivo de notícias. “As mes­ mas informações veiculadas du­ rante os programas, são posta­ das no blog Abraço, para que o ouvinte que perdeu a notícia na rádio, possa acessar o blog e ob­ ter a informação na íntegra”, co­ mo afirma Ademir Telles, dire­ tor da rádio comunitária de Frederico Westphalen. O pro­ fessor Luciano acrescenta: “Mui­ tas notícias surgem dos recep­ tores,que não são somente fontes para a pauta, eles por si só são veículos. Aí está o ponto alto da internet, ela aboliu a di­ visão clássica entre emissores e receptores. O receptor também pode difundir notícias”.

Essa é uma característica tí­ pica dos blogs, onde as notícias podem ser criadas, repassadas e comentadas. O leitor pode inte­ ragir com o emissor, o que mui­ tas vezes não é possível no site. Mais importante que atrair é fi­ delizar o leitor. Ricardo Carles­ so, designer gráfico e um dos repórteres do blog jornalístico “Saúde e Meio Ambiente” (que já somou 17 mil acessos desde setembro do ano passado!), sa­ be que a credibilidade é algo que se constrói”.A credibilida­ de online não vem de um dia pra outro. Muita gente acha que é só fazer um blog, postar qual­ quer coisa e sair ganhando di­ nheiro! Coitado, está muito en­ ganado”.

de vamos ter." Ricardo Carlesso "Eu vejo muito positivamente esse movimento. Nós temos a ex­ pressão coletiva de uma série de percepção de mundos, de afli­ ções, de sentimento, de críticas e assim por diante que se tornam uma espécie de barômetro para captar determinados climas de opinião da sociedade." Luciano Camila e o blog "Subterfúgio da Imagem" Miranda

FOTO DE FRANCIELI TRAESEL

s blogs tem sido uma tendência crescente en­ tre diversos públicos, principalmente entre os jovens. Pudera! A praticidade, a acessi­ bilidade, e as possibilidades de uso esse meio são atrativos ca­ da vez mais usados para divul­ gação, entretenimento, opinião, cotidiano, produção literária (fic­ cional ou não), de compartilha­ mento de arquivos e outros fins. Mas nem sempre foi assim. “Quando os blogs surgiram com o nome de weblogs, eles cum­ priam a função de serem diári­ os pessoais que passavam a ser difundidos para as mais diferen­ tes pessoas em rede. Com o pas­ sar do tempo os blogs passaram a ser incorporados para outras funções”, explica o professor de jornalismo Doutor Luciano Mi­ randa. Hoje, instituições, profissio­ nais de diversas áreas, pessoas comuns regidas por gostos abran­ gentes ou específicos, e até mes­ mo o jornalismo e assessoria aprovam a experiência pela van­ tagem de ser gratuito e alcançar os mesmos resultados que um site, que por sua vez é pago. E em Frederico Westphalen, como será que esse espaço vem sendo utilizado? Depois de uma varredura pela internet, desco­ brimos cerca de 16 blogs atua­ lizados na rede, com as mais di­ versas temáticas como moda, música, filosofia e política. E claro, o jornalismo. Segundo o professor Miran­ da, “Os blog constituíram um universo muito amplo chamado blogosfera que começou a ser ocupada por pessoas com os mais diferentes interesses. En­ tão, esses interesses vão em al­ guma medida moldar as carac­ terísticas dos blogs”. Esses interesses, ao se corpo­ rificarem numa página da inter­ net, se transformam numa inter­ face cultural, que seleciona assuntos para tratar. Dessa for­ ma,os blogs são cultura, mas


6

Política

Taxistas aguardam regulamentação Agosto de 2010

Frederico Westphalen

Editora Isabella Mayer de Moura <isabellammoura@gmail.com>

Profissionais esperam apreensivos a resolução do projeto que modifica a lei da profissão camila_d_araujo@yahoo.com.br

ias e noites em frente à tranquila rodoviária es­ perando poucos passa­ geiros ou talvez nenhum. Essa é a realidade da maioria dos ta­ xistas de Frederico Westphalen que se veem prejudicados com a lei que regulamenta a profis­ são na cidade. Os taxistas estão ansiosos com o impasse da decisão a respeito do projeto. A lei atual tende a pre­ judicá­los, pois prevê a necessi­ dade da abertura de firma para que possam contratar motoristas colaboradores, os quais realizam a atividade no período em que o taxi estaria parado. Alguns vereadores apóiam os taxistas, acreditando na real di­ ficuldade que eles têm para abrir uma empresa e lidar com todos os encargos fiscais e trabalhis­ tas (que são de elevado valor), o que talvez os impedissem de continuar exercendo a profis­ são, já que não teriam como sus­ tentar a empresa e o funcioná­ rio colaborador.

O projeto continua sendo ava­ liado, e dessa forma os taxistas seguem, sem saber o que resul­ tará de tudo isso. A situação tem se agravado tanto que eles pre­ feriram não conceder entrevista, de forma que não querem se pre­ judicar ainda mais. Mas no que essa lei os preju­ dica? Frederico Westphalen é uma cidade pequena, com poucos usuários de taxi e por isso não utiliza taxímetros. O valor na maioria das vezes é combinado com o passageiro assim que ele entra no veículo. Grande parte das corridas não possui uma dis­ tância tão longa e são poucos os taxistas que chegam a realizar Pouco movimento no ponto de táxi na madrugada mais de uma ou duas corridas em um dia. Em contato com o Legislati­ morte, etc, por haver famílias idas e vindas e agora foi enca­ Para uma família que tem co­ vo, os taxistas tiveram como res­ que tem como base para o sus­ minhado ao Executivo, tendo mo base do sustento o taxi seria posta a formulação de um pro­ tento o taxi. como base a permanência do inviável a abertura de firma e a jeto que tende a alterar alguns Segundo o vereador Roberto profissional como autônomo. contratação por ela de um mo­ dispositivos da lei, os benefici­ Fellin Jr. esse “é um problema No entanto, ele deve possuir a torista colaborador, pois o lucro ando, de forma que não haja a a ser resolvido, tanto pra comu­ capacidade de gerar contratos obtido não seria o suficiente necessidade da criação da em­ nidade, quanto para a classe dos com motoristas colaboradores, nem mesmo para cobrir os en­ presa e que o alvará de licença taxistas” em benefício de am­ os quais, em grande maioria já cargos fiscais da empresa, de passe a ser hereditário em casos bos. O projeto já foi aprovado estão na fila para conseguir seu forma que se torna inviável a lei justificados, como invalidez, pela Câmara, depois de muitas próprio alvará de taxista. estabelecida até então. FOTO ISABELLA MOURA

D

Camila Araujo

Projeto causa atrito entre Câmara e Executivo

D

Isabella Moura

epois de dividir as bancadas da Câmara, o Projeto que busca modificações na lei de regula­ mentação da profissão de ta­ xista, está acirrando os ânimos entre o Executivo e Legislativo. O projeto prevê a alteração de dispositivos da Lei 3.305 de outubro 2008, em benefício dos taxistas, e está em tramitação na Câmara desde dezembro de 2009. O vai­e­vem começou com a alegação de que alguns artigos estariam inconstitucio­ nais, de forma que, mesmo se fosse aprovado pela Câmara não Vereadores discutem o destino do projeto obteria a sanção do Executivo. alegavam que o projeto deveria zadas em conjunto com os Alterações ser revisto para que algumas mu­ vereadores das bancadas do PP, De autoria do vereador Ro­ danças fossem executadas. PMDB e PT. Porém, em março, berto Fellin Jr. (PP), o projeto Estas alterações, no que diz quando foi novamente pauta do foi retirado da pauta do Legis­ respeito aos artigos considera­ Legislativo, o vereador suplen­ lativo por diversas vezes pelos dos ilegais pela assessoria jurí­ te na sessão Jordano Azevedo vereadores do PMDB, os quais dica do Executivo, foram reali­ (PMDB) que substituía o vere­ Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo do Cesnors/Universidade Federal de Santa Maria ­ campus de Frederico Westphalen, RS, Brasil. Ano 2 – Número 6 ­ Agosto de 2010 Publicação produzida pelos alunos do 5º semestre na disciplina de Laboratório de Jornalismo Impresso I – 1º semestre de 2010. Professor responsável, edição: prof. MS. José Antonio Meira da Rocha.

Redação, Fotografia, Diagramação: Aline Rechmann, Alisson Machado, Anderson Malagutti, Angélica das Neves Aires, Bárbara Avrella, Bruna Occhi, Caiani Lopes Martins, Camila Dias Araujo, Cassiano Fernandes, Catiana Medeiros, Clomar Toledo, Daniela Silveira, Daniela Cristina Peiter Tondolo, Dionatan Kaufmann, Douglas Schuler, Ébida Santos, Ediane Zanella, Eduardo Nedel, Fabiane Paza, Francieli Aparecida Traesel, Gabriella Bellé, Giovana Castelli, Iadine Melissa Resch, iedo zortea, Isabella Mayer de Moura, Jean Prado, Juliano Pilger do Amaral, Laize Zanon Turra, Leonides Voitack, luana candaten, lucas folle, Maíra

FOTO DE CAMILA ARAUJO

isabellammoura@gmail.com

ador Jacques Douglas de Oli­ veira (PMDB), fez pedido de vistas ao projeto, para que mais uma vez fosse revisado. Somente após duas semanas, o Legislativo aprovou o proje­ to de lei com as alterações, por

Francischete, Marcela Buzatto, Marcielle Martins, Marcos Antonio Corbari, Mariana Lazzare Montepó, Mariana Cristina Raimondi, Matieli Valduga Bosa, Mayara Dalla Libera Brenner, Raquel Venturini, Renan Silveira, Ricardo Carlesso, Rochely Poltronieri, Tainan Pauli, Tani Gobbi dos Reis, Tássia Becker, Thaisa Borges dos Santos Rossa, Viviane Carla Vendruscolo, . Impressão: Imprensa Universitária da UFSM. Tiragem: 300 exemplares. Versão On Line em http://www.cesnors.ufsm.br/dahora .

unanimidade. Porém, poucos di­ as depois da aprovação, o Exe­ cutivo já o vetou parcialmente, alegando que o texto deixa bre­ chas no que diz respeito à trans­ ferência de placas (o que é con­ siderado ilegal, pois o alvará de concessão da placa de taxista é intransferível, podendo apenas ser adquirido através de abertu­ ra de edital específico). O vere­ ador Roberto Fellin Jr. acredita que ocorreu um erro de inter­ pretação por parte do Executi­ vo, alegando a falta de diálogo entre vereadores e prefeito, e que não há a necessidade de no­ vas modificações. Agora resta à Câmara a op­ ção de derrubar (ou não) o veto e o prefeito poderá sancionar a Lei. Caso isto não ocorra, a Lei Orgânica de Frederico Westpha­ len prevê que o Presidente da Câmara, ou o vice, possa apro­ var o projeto e sancionar a Lei. Resta aos taxistas esperar pela resolução deste impasse.

Ministério da Educação do Brasil Universidade Federal de Santa Maria Centro de Educação Superior Norte­RS Departamento de Ciências da Comunicação Curso de Jornalismo


Geral

Editores Jean Prado <jeanpradoufsm@gmail.com> e Caiani Lopes Martins <caiani_martins@yahoo.com.br>

Agosto de 2010

7 FOTO DOUGLAS SCHULER

Frederico Westphalen

A droga pode ser fumadas em cachimbos, latas de refrigerantes ou cerveja, enfim, em recipientes que possam ser aquecidos

A dura realidade do crack

A “pedra no sapato” que vem assombrando a região do Médio Alto Uruguai Douglas Schuler e Mayara Dalla Libera

A

schuler.douglas@hotmail.com, may_dallalibera@hotmail.com

mistura da cocaína em pó, bicarbonato de só­ dio ou amônia e água destilada tem um efeito devas­ tador: Crack. A droga leva 15 segundos para chegar ao cére­ bro e já começa a produzir seus efeitos: forte aceleração dos ba­ timentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, suor intenso, tremor muscular, excitação acentuada, sensações de aparente bem­es­ tar, aumento da capacidade fí­ sica e mental, indiferença à dor e ao cansaço, afeta a memória e a coordenação motora, provo­ cando um emagrecimento acen­ tuado e debilitando o organis­ mo como um todo. O preço da pedra de crack va­ ria de R$5,00 a R$15,00, mas a maioria dos usuários/dependen­ tes chega a gastar de R$300,00 a R$500,00 por dia. Levando em conta que os efeitos do crack tem um curto período de dura­ ção, cerca de 15 minutos, a dro­ ga é consumida várias vezes ao dia, fazendo o usuário a come­ ter pequenos delitos e furtos pa­ ra sustentar o vício. Em Frede­

rico Westphalen, segundo o policial militar Célio Pinheiro, 70% a 80 % dos furtos são liga­ dos ao consumo de crack, e os crimes mais bárbaros da cidade tem ligação com o trafico.

ta é minha 6ª internação, me sin­ to fraco, não tenho mais traba­ lho, roubo em casa pra poder manter o vício, já estive na FE­ BEM, por assalto a mão arma­ da e tentativa de homicídio. Só posso dizer que ho­ je minha vida aca­ bou, mesmo que pa­ re de usar o crack, "Já tive que nunca mais serei o acorrentar meu mesmo, pois sofro filho, por medo que a vizinhança discriminação por ser soro positivo matasse ele." (HIV), que peguei Mãe de usuário de drogas por me prostituir pa­ ra conseguir uma pedra.” (M. S., 28 Conforme a assistente social anos, Cruz Alta­RS). Eliane Sarmento, na Unidade Além de comprometer a vida Psiquiátrica do Hospital Nossa particular do viciado, as con­ Senhora Auxiliadora do muni­ sequências do crack podem ser cípio de Iraí­RS, a maioria dos ainda mais devastadoras para a casos de internação é do sexo família e para a sociedade. “Sou masculino, tem idade que varia mãe de um menino de 15 anos, de 14 a 30 anos e são de classe já não sei mais o que fazer para social baixa, porém hoje não ajudar meu filho, tenho que es­ existe mais distinção entre clas­ conder tudo que tenho de valor, ses sociais. porque se não fizer isso chego “Comecei a usar drogas com em casa e tudo sumiu, foi parar 13 anos, conheci a maconha, em uma boca de fumo. Já tive mas não gostei, então fui apre­ que acorrentar meu filho, por sentado à cocaína, muito caro. medo que a vizinhança matasse Aos 14 anos conheci o crack e ele. Peço a Deus todos os dias desde lá nunca mais fiquei sem que me de forças pra não desis­ usá­lo, pelo menos 10 vezes ao tir dele!” (J.S., 38 anos, mãe de dia. Hoje estou com 28 anos, es­ usuário de Frederico Westpha­

len). Em Frederico Westphalen, o tráfico começou por conta da ro­ ta da BR 386. Hoje o ambiente de descontração de festas e o au­ mento de jovens na cidade é um ambiente propício para a ação de traficantes. Para o policial Célio, tem que haver um com­ prometimento entre todos: con­ selho tutelar, polícia, sociedade, família. O tratamento depende do es­ tado de cada paciente. Vai do tratamento ambulatorial até a internação em hospitais psiquiá­ tricos, leitos em hospital geral (como é o caso do Hospital Nos­ sa Senhora Auxiliadora), trata­ mento domiciliar, clínicas espe­ cializadas, fazendas Terapêu­

"É uma guerra perdida, se não houver aquele comprometimento de toda sociedade, não tem mais saída!" Célio Pinheiro, policial militar

ticas, CAPS ­ Centro de Aten­ ção Psicossocial. Na internação em hospitais, o paciente permanece internado por 21 dias para fazer a desin­ toxicação. Há casos em que o dependente químico vai por vontade própria, mas na maio­ ria das vezes ele é internado por medidas compulsórias, pois são menores ou usuários que come­ teram pequenos delitos, furtos, agressões, entre outros. Também existem as fazendas terapêuticas, onde os dependen­ tes permanecem por no máximo 12 meses, recebem acompanha­ mento psicológico, sócio­fami­ liar com assistente social. A fa­ mília também é acompanhada e orientada, por grupos de orien­ tação, espiritualidade e fé. Para que o tratamento dê certo é ne­ cessário o engajamento da fa­ mília, dos amigos, pessoas pró­ ximas, profissionais de diversas áreas como: assistente social, psiquiatra e/ou clínico geral, psicóloga... Célio Pinheiro, policial mili­ tar de Frederico Westphalen, diz que aumento do consumo de crack na nossa região é visível. “É uma guerra perdida, se não houver aquele comprometimen­ to de toda sociedade, não tem mais saída!”


Cultura

Agosto de 2010

Editora Francieli Aparecida Traesel <francielitraesel@gmail.com>

Frederico Westphalen FOTO DE MARCIELLE MARTINS

8

Teatro que alimenta a alma Grupo "Novos loucos poetas" ensaiando a poesia de Cecília Meireles no Colégio Roncalli

Grupo de alunos da UFSM de Frederico ensaia peça baseada em Cecília Meireles

D

Marcielle Martins

marcijornalista@hotmail.com

ançar, interpretar, pin­ tar o chão, descarregar as energias negativas e entrar de cabeça no fantástico mundo do teatro. Trabalhar a poesia em palco através das pa­ lavras de Cecília Meireles, ho­ menageá­la e fazer com que o tributo, num passe de mágica, vire a peça ensaiada! Esse é o grupo de teatro “Novos loucos poetas”, que nasceu sob direção do ator e Professor de teatro Da­ nilo André Gregory. Os alunos são acadêmicos do curso de Jor­ nalismo da UFSM­CESNORS. Alguns já tinham vínculo com a arte, outros simpatizantes que estão aprimorando as técnicas, mas o que realmente importa é que todos tem uma vontade em comum: transmitir ao público todo o amor pelo teatro! A idéia surgiu quando alguns integrantes do grupo entrevista­ ram o professor para um traba­ lho da faculdade, ao ver os ros­ tos Danilo começa a sonhar com um grupo de teatro que fosse

voltado para os acadêmicos de Jornalismo. O sonho foi posto em prática, no primeiro encon­ tro o professor distribuiu os pa­ péis de outra peça – Sonhos de uma noite de verão de Shakes­ peare. Quando surgiu o segun­ do ensaio a peça não saiu do pa­ pel e tudo mudou, Danilo mirou os olhares brilhantes de seus alu­ nos e não teve outra, sugeriu Ce­ cília Meireles. “Por ser simplesmente Cecí­ lia, por ter tanto a nos dizer. Há tanto na solidão de Cecília. Há tanta intensidade em tudo que se refere a ela. É poeta, profes­ sora e sempre será. Também por ter sido jornalista, o que vem di­ retamente ao encontro de todo elenco”, relata Danilo.O elenco é formando por dez acadêmicos de jornalismo, podendo contar ainda com algumas participa­ ções especiais. Por todos serem novos, apaixonados pelo mun­ do da poesia e das artes cênicas surgiu o nome ‘’Novos loucos poetas”. Segundo o professor, “A pe­ ça ensaiada é o retrato da soli­ dão de Cecília. É a socialização

Martha Steffens de 22 anos, tem o teatro em sua vida como amor e terapia. “A emoção que você sente quando está em cima do palco, toda aquela energia que um passa para o outro, não tem preço”, relata a estudante

"É olhar o reflexo de Cecília questionando em que ‘espelho’ ficou perdida a sua face”. Danilo André Gregory, ator e professor

dos sentimentos mais puros que a poesia pode nos proporcionar. Uma busca aos amores que por ventura não aconteceram e dei­ xaram um vazio imenso em ca­ da verso. É olhar o reflexo de Cecília questionando em que ‘espelho’ ficou perdida a sua fa­ ce”. Em meio a vida universitária, o grupo consegue um tempo e todas as terças – feiras se reúne no salão de atos do Colégio Ron­ calli, os ensaios duram em mé­ dia três horas. É quando saem do mundo real e encarnam o per­

sonagem desse mundo só de ar­ te. Nos encontros eles dançam, interpretam, erram, acertam, dan­ çam, riem, choram, praticam a fala, a respiração e até mesmo a troca de energia positiva. Tu­ do isso para o bom andamento dos ensaios e do grupo. Para a mestra em educação e especialista em Literatura Bra­ sileira, Simone Steffanelo: “Precisa­se de jovens com ini­ ciativas assim, que resgatem va­ lores sociais e éticos perdidos, valores que façam com que cri­ anças e pessoas mais velhas vol­ tem a sorrir para a vida e tenham esperança de dias melhores. Pois, tanto no palco da vida co­ mo no teatral a literatura é dig­ na de muitas vezes representar o que não somos”. O professor Danilo André Gregory possui registro profis­ sional de ator desde o ano de 1994. Em 1999 já ministrava profissionalmente oficinas, mas o amor pelo teatro vem desde criança, tanto é que com quin­ ze anos de idade já escrevia, di­ rigia e atuava. Danilo já levou outro grupo

Diésmen Rodriguez, 21 anos, sempre fez teatro amador na escola. Já havia participado de outro grupo ministrado pelo professor Danilo. Acredita que o teatro ajuda a pessoa a ter mais atitude e a se posicionar perante a sociedade.

de teatro, constituído aqui no município de Frederico West­ phalen, a participar de um epi­ sódio do “Histórias Extraordi­ nárias” na RBS TV. Interessados em fazer contato com o grupo devem ligar para o telefone: 96090123

Um pouco de Cecília

Conforme a professora, Si­ mone Steffanelo, “Os poemas de Cecília tem um cuidado mui­ to grande com a musicalidade e são envoltos a um universo mui­ tas vezes de sonho, de fantasia e solidão. Suas produções cos­ tumam ser muito belas e agra­ dáveis de ler”. Os poemas da autora são marcados pela passagem do tempo, pois tem a visão de que tudo é transitório e de que o fim está sempre no horizonte. “Ela continua sendo de extre­ ma importância para a socieda­ de, pois por meio de suas narra­ tivas passamos a nos entende melhor. Nossas alegrias, triste­ zas por meio de uma pessoa que tão bem soube Expressar”, com­ plementa a professora. Luis Barp de 18 anos, participou cinco anos de grupos de teatro e dois anos de grupos de poesia na cidade de Xanxere­ SC. Ao chegar em Frederico Westphalen sentiu falta das artes cênicas, encontrou no grupo a oportunidade de dar continuidade de aprimorar as técnicas teatrais.


Política vai à escola

Editora Isabella Mayer de Moura <isabellammoura@gmail.com>

Agosto de 2010

9

Em ano eleitoral, a sala de aula não deixa de lado um tema tão importante quanto a política. Angélica Aires e Viviane Vendrusculo

E

licaaires@gmail.com, vivi_rai13@hotmail.com

A política é tema de debate em sala de aula série de produtos que você pre­ cisa para manter a produtivida­ de, e interfere a toda a popula­ ção, interfere na qualidade da água, do ar e do solo e, obvia­ mente, isto é política. Por isto a importância de se tratar destes assuntos – afirma o Diretor do Cesnors. Para o acadêmico de agrono­ mia do Cesnors, Carlos Busa­ nello os jovens não tem interes­ se em política, eles não par­ ticipam e assim acabam se omitindo. ­ Está faltando mais politiza­ ção por parte dos estudantes, muitos escutam e entendem, mas não participam do debate.

Saiba o que é Política Política derivado do grego antigo πολιτεία (politeía), que indica todos os procedimentos relativos à polis, ou Cidade­Es­ tado. Podendo ser significado também como sociedade, co­ munidade ou coletividade. Ou­ tra dominação é que política re­ fere­se à arte ou ciência da organização, direção e admi­ nistração de nações ou Esta­ dos. O conceito de política atual nasceu em Atenas. Para os gre­ gos política está diretamente li­ gada a liberdade. Pois a liber­

dade seria a própria razão de viver. Em alguns regimes a ci­ ência política é a atividade dos cidadãos que se ocu­ pam dos assuntos públicos com seu voto ou com sua militância. O estado é a organização política de um governo, o qual exerce poder sobre determina­ do território e população. So­ mente com o estado a convi­ vência pacifica é possível, pois ele está acima dos inte­ resses individuais.

Isso se torna interessante para si, mas se não participar, as coi­ sas não acontecem. Você acaba se omitindo, pois deixa o deba­ te, as discussões, somente para as outras pessoas. Constantemente a política é confundida com as ações dos políticos profissionais, princi­ palmente com aqueles que não fazem um bom trabalho. Isso acarreta uma generalização, for­ mando a imagem de que todo político é corrupto. A educação de hoje desem­ penha papel fundamental na vi­ da dos jovens eleitores. Isso por que, é na escola e na universi­ dade, que é dada a oportunida­ de do estudante refletir, debater e opinar os mais variados assun­ tos. Sendo nesse período tam­ bém, que o estudante se envol­ ve em política, podendo par­ ticipar do grêmio estudantil, diretório acadêmico e assim por diante. Inclusive muitos políti­ cos partiram desse princípio, co­ meçaram sua política na escola e seguiram após sair dela. Esse papel de ensinar os jo­ vens a ver a política cabe tanto aos pais quanto aos professores, cada um da sua forma de ensi­ no e abordagem. Mas as deci­ sões e escolhas de quem é me­ lhor, quem desempenha um papel melhor cabe ao próprio estudante. Não deixa de ser verdade que, muitos políticos quando alcan­ çam o poder se esquecem de to­

DIVULGAÇÃO

m 2010 a população bra­ sileira vai mais uma vez às urnas escolher seus representantes do governo. Po­ rém, será que esse assunto é tra­ tado em sala de aula, com os no­ vos eleitores? Esses jovens sabem o que é política e o que ela acarreta? Para descobrir as respostas dessas questões, en­ trevistamos professores das re­ des municipais, estaduais e de ensino superior para saber co­ mo o assunto política é tratado em sala de aula. A professora de história da Escola José Canelas, Jussara Ja­ comelli, conta que o assunto é tratado por ela em sala de aula, mostrando que política não é so­ mente um partido político. ­ Todas as relações envolvem política, em todos os momentos nós tomamos decisões, e toda e qualquer decisão é uma decisão política. Eu costumo dizer aos meus alunos, que todas as op­ ções os quais fazemos são op­ ções políticas. A sala de aula é dotada de decisões políticas – salienta Jussara. Para o diretor do Centro de Educação Superior Norte do RS, Cesnors, professor doutor Ge­ nésio Mario da Rosa comenta, sempre que o assunto debatido em sala de aula oportuniza, ele aborda o tema, porém de forma apartidária, pois é professor de agrárias, e esta é uma área que muito depende da política econô­ mica. ­ Tanto a Agronomia quanto a Florestal possuem uma legis­ lação. Podemos pegar, por ex­ emplo, Agronomia: você preci­ sa produzir, mas o sistema produtivo hoje é carente de uma

VIVIANE VENDRUSCULO

Política

Frederico Westphalen

Alunos discutem sobre política dos os valores éticos e morais que defendiam em prol de um objetivo único: a oportunidade de continuar no poder. Isso é perceptível na enxurrada de es­ cândalos que acompanhamos nos jornais, revistas, rádio e te­ levisão, e que acaba por desa­ creditar a política estatal.

Valores

As pessoas que exercem a função política devem ter espí­ rito republicano e ético para bus­ carem, além do poder, o bem co­ mum. Esta busca é influenciada por ideologias e valores de ca­ da um. Valores estes que estão ligados a princípios morais e éti­ cos aceitos na sociedade, sendo que na política, prevalece a éti­

ca da responsabilidade, pois se espera é que eles busquem o bem público de forma pruden­ te, mas com coragem, afinal as decisões por eles tomadas influ­ enciam as vidas das nações na qual pertencem. As pessoas ainda não perce­ beram a importância de decisão que está em suas mãos, o voto, rejeitando o direito de cidada­ nia defendido por muitos, des­ perdiçando esta oportunidade votando em branco ou simples­ mente anulando o voto. Mas co­ mo dizia, Platão, o filósofo gre­ go: “Não há nada de errado com aqueles que não gostam de po­ lítica. Simplesmente serão go­ vernados por aqueles que gos­ tam”.


10

Rural

Cooperação gera rede solidária Agosto de 2010

Frederico Westphalen

Editora Aline Rechmann <arechmann@gmail.com>

União de pequenos agricultores leva à criação de rede para comercializar produtos coloniais

C

FOTO LÉO VOITACK

Léo Voitack

jubaleo1@yahoo.com.br

rise no campo, falta de incentivo, desgaste do solo, matriz produtiva, êxodo rural, agricultores em bus­ ca de alternativas. Estas ques­ tões já tiraram o sono de muita gente, mudaram cenários, vidas, mas também despertaram incan­ sáveis lutas em busca de supe­ ração. A Cooperativa de Produtos da Agricultura Familiar (CO­ PRAF) surgiu por iniciativa dos produtores, é fruto de longos anos de trabalho. Os agriculto­ res perceberam que sozinhos não iriam conseguir agregar for­ ças e atender todas as exigênci­ as para legalizar seus empreen­ dimentos. Através do Programa do Território da Cidadania do Ministério do Desenvolvimen­ to Agrário, surgiu a necessida­ de de organizar a Rede de Coo­ peração Solidária (RECOSOL) reunindo 17 cooperativas inte­ gradas. A primeira ação prática foi à abertura do Centro de Co­ mercialização dos Produtos da Colônia em Frederico Westpha­ len, por ser um centro consumi­ dor maior.

Qualidade

Vendas

O aumento das vendas é mais um dos pontos alavancados pe­ lo Centro de Comercialização. Vanderlei Zonta, proprietário da agroindústria NATUFRED, lo­ calizada na linha Boa Esperan­ ça, percebe que seus produtos passaram a ter uma visibilidade maior do que a obtida nos su­ permercados, por exemplo. “As pessoas que vão até lá estão em busca de alimentos da agricul­ tura familiar. Isso dá mais cre­ dibilidade aos produtos, as pes­ soas conhecem sua origem e

O agricultor Bruno Magalski, da Agroindústria Magalski, dá atenção especial à plantação de morangos

isso passa confiança de que este tem mais quali­ dade”, salienta Zonta. Em breve, a Natufred pretende disponibilizar ao consumidor, um suco de uva produzido de for­ ma orgânica em todo o processo, desde o plantio até a colheita e industria­ lização.

Intercâmbio

Os consumidores aprovam a iniciativa de venda direta dos produ­ tos oriundos da agricultu­ ra familiar. A procedên­ cia e a qualidade do que tem sido comercializado nos pontos de venda or­ ganizados através da CO­ PRAF, é requisito pri­ mordial para a preferên­ cia pelos produtos. “O que tem aqui, vem direto do colono e por isso eu confio”, afirma o aposen­ tado Hilmar Meyer. Estas iniciativas não são isoladas. O municí­ pio de Erval Seco tem um quiosque integrado à Clientes aprovam o ponto de comercialização

FOTO LÉO VOITACK

A família Magalski da Linha Encruzilhada, interior frederi­ quense, é um destes exemplos. O casal e doze filhos não tinham mais condições de continuar pro­ duzindo soja, milho e fumo com pouca terra e sem recursos para investir na propriedade. Com a implantação da fruticultura e a criação da agroindústria famili­ ar a realidade começou a mudar e hoje um dos maiores objeti­ vos é a organização da produ­ ção. A empresária rural, Clari­ ce Magalski ressalta que tendo produto de qualidade o comér­ cio é garantido e que a ideia es­ tá dando certo. Segundo ela, a criação deste espaço se torna um ponto permanente de vendas, uma vitrine para as agroindús­ trias.

RECOSOL em funciona­ mento e outros municípios como Boa Vista das Mis­ sões, Nonoai e Trindade do Sul estão em processo de implantação. Assim haverá um intercâmbio regional de produtos. A RECOSOL sur­ giu com esta finalidade: fa­ zer circular, primeiramente dentro da região, os produ­ tos da agricultura familiar. Potencializar volumes mai­ ores de produtos para atin­ gir centros como Porto Ale­ gre e São Paulo também está dentro do plano de objetivos desta rede de comercializa­ ção. Neste sentido, o Presi­ dente do Sindicato dos Tra­ balhadores Rurais (STR) de Frederico Westphalen, Célio de Pelegrin comemo­ ra: “Foi um grande passo criar a COPRAF/RECO­ SOL pois esse trabalho é pioneiro dentro do Projeto dos Territórios. É a única região no estado a consti­ tuir uma rede de comerci­ alização de produtos da colônia”.


Rural

Agricultura familiar: cada vez mais longe da produção de grãos Frederico Westphalen

Editora Aline Rechmann <arechmann@gmail.com>

Agosto de 2010

11

Diversificação da matriz produtiva consolida novos modos de produção, abrindo espaço para agroindustrialização, suinocultora e bovinocultura de leite. A produção de grãos cai. FOTO DE MARCOS CORBARI

Ébida Santos e Marcos Corbari

A

ebida_santos@hotmail.com, marcos.corbari@gmail.com

região do Médio e Al­ to Uruguai (MAU) es­ tá presenciando uma transição no que se refere a mu­ dança de matriz produtiva nas pequenas propriedades rurais, administradas em sistema de agricultura familiar. Há cerca de uma década, incentivava­se aos pequenos agricultores a produ­ ção de grãos e com isso muitos que levaram a lavoura até o li­ mite do quintal da casa, acaba­ ram tendo que abandonar o cam­ po devido a instabilidade do mercado. – O mercado de grãos apre­ senta uma série de problemas difíceis para o pequeno produ­ tor enfrentar. O planejamento da lavoura envolve a tomada de crédito no sistema financeiro. É uma aposta alta em um merca­ do que já provou, há muito tem­ po, que é instável – comentou o Secretário Municipal da Agri­ cultura, de Seberi, Élton Côcco Martins.

Diversificação

Terezinha, Piton, Irene e Mezaroba: quatro faces da produção familiar que deu certo

premiada, pelo Governo do Es­ tado e pelo Senar (Serviço Na­ cional da Aprendizagem Rural), pela excelência em produção. Antes de investirem no leite trabalhavam com a produção de grãos, porco para abate, gali­ nhas, entre outros. A produtora afirma que valeu a pena ter mu­ dado para a produção exclusiva de leite. Dona Terezinha acredita que quando a área de terra disponí­ vel é menor, o pequeno produ­ tor deve apostar numa única ma­ triz produtiva. Nas palavras simples da pro­ dutora de leite, o pequeno pro­ dutor rural “tem que se especi­ alizar. E mais do que isso: tem que ser um empresário rural. Não dá mais pra ser apenas um ‘tirador’ de leite, porque daqui alguns dias isso não vai mais existir”.

O viés administrativo tam­ bém é uma visão trabalhada ho­ je por órgãos e entidades liga­ dos ao setor rural. O engenheiro agrônomo Genésio Mário da Ro­ sa, doutor em engenharia agrí­ cola, aponta a necessidade de o produtor administrar a proprie­ dade como se a mesma fosse uma empresa. – O grande erro atual é ainda considerar a propriedade como um local voltado só para o ex­ trativismo. No caso específico da pequena propriedade, é inte­ ressante investir na matriz di­ versificada, com a definição de um produto chefe dentro da pro­ priedade, mas é preciso que o produtor se especialize em ou­ tros produtos que estarão agre­ A subsistência gados a propriedade – comenta Irene Reis da Silva e Otomar Genésio. da Silva, residentes na Linha Te­ soura, interior de Seberi, admi­ Produção leiteira nistram uma área de 7,5 hecta­ Dona Terezinha da Silva e res, onde mantém uma pequena seu João Adair da Silva traba­ agroindústria, e apesar disso, lha na atividade leiteira há 20 uma produção diversificada, anos e há 15 vem se especiali­ “praticamente tudo o que se usa zando na área, através de cursos na alimentação a gente produz desenvolvidos dentro da Asso­ na propriedade, feijão, milho, ciação dos Produtores de Leite. plantas medicinais, cana de açú­ A propriedade de 7 hectares é car da qual é feito o açúcar, o modelo, já tendo inclusive sido melado, a chimia”.

Tudo aquilo que puder colocar na mesa, sem precisar gastar dinheiro no mercado é lucro para agricultura, porque aquilo que você produz, você faz com qualidade. Irene dos Reis, agroindustrial.

O casal procura preservar mé­ todos tradicionais e aproveitar tendências atuais para agregar valor a produção, como a agro­ ecologia, por exemplo. Mas o alimento da própria família ain­ da é o foco central para Irene e Otomar: – Eu penso que tem que ter diversificação na propriedade, tudo aquilo que puder colocar na mesa, sem precisar gastar di­ nheiro no mercado é lucro pra agricultura, porque aquilo que você produz, você faz com qua­ lidade e sabe o que produziu e o que está comendo – ressaltou Irene. A família chegou a prio­ rizar a plantação de soja e o lei­ te, o que hoje, segundo eles, se­

ria inviável por envolver muita mão de obra.

produção para o associado” – explicou o presidente, Élton Mezaroba. Para ele a uva já re­ Suinocultura presenta uma nova matriz pro­ Para Vitalino Píton, presiden­ dutiva para as 31 famílias que te da associação de suinoculto­ participam do empreendimen­ res de Frederico Westphalen, a to, “a uva hoje para os nossos produção em parceria com fri­ associados já é a principal ati­ goríficos e cooperativas é uma vidade” – comenta com orgu­ alternativa viável, pela garantia lho o presidente. de rentabilidade mensal. O sui­ nocultor, afirma que o produtor Caminho certo deve trabalhar atento as novas Para o professor Genesio Má­ tecnologias e investir em conhe­ rio da Rosa o mais importante cimento. “O sindicato está pre­ é a profissionalização. O produ­ sente para auxiliar o produtor to principal da propriedade de­ no que for necessário, as peque­ ve ser identificado e trabalhado nas propriedades precisam se com atenção máxima ao proces­ organizar para melhorar e ter so administrativo. “O que está melhor renda”. faltando na minha visão é con­ siderar a propriedade como uma Cooperativismo empresa e se ter um gerencia­ Incentivados a investir na mento um pouco melhor das ati­ fruticultura, agricultores de vidades, falta pensar onde uma Ametista do Sul estão apostan­ coisa se liga com a outra para do na cooperação para agregar agregar valor dentro da propri­ valor a sua produção e con­ edade” – comentou. quistar mercado. Esse é o ca­ A produtora de leite Terezi­ so da Cooper Ametista, que nha não tem saudade dos tem­ produz vinhos, tanto voltados pos em que a propriedade era ao consumo “de mesa”, quan­ administrada de forma amado­ to vinhos finos, principalmen­ ra e o casal se deixava levar te das variedades Cabernet Su­ pela tendência dos grãos: “A avignon. vida antes era mais ‘apertada’, – A cooperativa surgiu para mais difícil. Agora todo o fi­ dar legalidade à produção dos nal de mês a gente tem um re­ associados. Aqui nós trabalha­ torno e pode até comprar algu­ mos em parceria, o associado ma coisa contando com o traz seu produto, a cooperati­ dinheiro, porque a já estamos va vinifica e depois retorna a organizados”.


12

Saúde

A dengue “infesta” o Estado Agosto de 2010

Editoria Ediane Zanella <ediane­zanella@hotmail.com>

Frederico Westphalen

O Rio Grande do Sul registra mais de 4 mil casos da doença transmitida por mosquitos FOTO DE DANIELA SILVEIRA

Bárbara Avrella e Daniela Silveira

D

barbara.avrella@hotmail.com, daani.h@hotmail.com

Locais onde podem ocorrer focos do mosquito

cia epidemiológica e mobiliza­ ção social, com o objetivo de in­ terromper a circulação do vírus, evitando a proliferação do mos­ quito.

Conscientização

A SES disponibilizou um to­ tal de um milhão de reais para auxiliar no combate à dengue. Esta verba foi destinada a 54 municípios do estado que tive­ ram registros de focos do mos­ quito transmissor. A distribui­ ção desse recurso foi feita conforme o número de habitan­

tes de cada lugar. O objetivo foi utilizá­lo para a contratação e capacitação dos Agentes, bem como ações e campanhas de con­ trole às larvas e aos mosquitos. O Noroeste foi a região mais afetada, onde está localizada a maioria desses 54 municípios. Frederico Westphalen está en­ tre esses. Além de focos do mos­ quito, foram confirmados dois casos, referentes a pessoas con­ taminadas com o vírus vindas de outros municípios. As cidades com maior inci­ dência de casos são Ijuí, Santa FOTO DE ALTAMIR BERTOLLO

esde janeiro deste ano o estado vem registran­ do um aumento expres­ sivo no número de casos de den­ gue. Cerca de 4.461 casos foram confirmados pelo Centro Esta­ dual de Vigilância em Saúde (Cevs) até o começo de maio. Neste último mês diminuíram os registros no estado, princi­ palmente, em função da queda da temperatura, ocasionada pe­ la chegada do outono. Em 2007, o estado teve o pri­ meiro foco de dengue, na cida­ de de Giruá, no Noroeste. A par­ tir daí, criou­se medidas de combate ao mosquito transmis­ sor, intensificando o esforço dos Agentes da Dengue. Estes têm por funções: combate de focos do mosquito transmissor auxi­ liando na coleta de entulhos (pneus, garrafas, latas, potes etc.), eliminação de locais com água parada, utilização de ve­ nenos e telas de proteção, além da fiscalização dos imóveis, conscientização da população e palestras nas escolas. Mesmo com esse trabalho, alguns mu­ nicípios não conseguiram con­ ter o avanço da doença, decre­ tando estado de alerta. Conforme o diretor do Cevs, Francisco Paz, a possibilidade de uma epidemia no estado não está descartada, pois atualmen­ te 64 municípios estão infesta­ dos pelo transmissor. Caso isso ocorra, o estado está preparado. Para que não atinja maiores pro­ porções, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) realiza, junto com o município atingido, ­ além do apoio do Ministério da Saúde ­, ações de controle do mosquito transmissor, vigilân­

Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença

Rosa e Santo Ângelo, que so­ mam 3.820 casos, sendo um de dengue hemorrágica, o estado mais avançado da doença. Um número expressivo se compara­ do ao total de infectados em to­ do estado. Nesses municípios a situação de alerta epidemioló­ gico foi decretada. Além das campanhas gover­ namentais de prevenção, é im­ portante que haja a conscientiza­ ção da população, já que o modo mais eficaz de evitar a doença é impedir o nascimento do Aedes aegytpi. Maneiras práticas como manter caixas d’água, tanques e barris devidamente fechados e não deixar acumular água em garrafas, pneus, latas, calhas de telhados, vasos de flores etc., aju­ dam no combate da reprodução do transmissor. A dengue é uma doença viral com os sintomas muito seme­ lhantes aos do resfriado e da gri­ pe, diferenciando­se apenas por não apresentar problemas respi­ ratórios. Esses sintomas, geral­ mente, são sentidos após 15 di­ as da picada do inseto. O indivíduo infectado pode apre­ sentar: febre alta com dores de cabeça, cansaço, dor muscular, dor ao redor dos olhos, náusea, vômito e dor abdominal. É freqüente que, de 3 a 4 di­ as após o início da febre, ocor­ ram manchas vermelhas na pe­

le, parecidas com as do sarampo ou rubéola e coceira. Também é comum que ocorram peque­ nos sangramentos no nariz e na gengiva. Os médicos recomen­ dam que pessoas com suspeita da doença devam procurar aten­ dimento médico e não tomar re­ médios que contenham em sua fórmula ácido acetilsalicílico, substância encontrada em me­ dicamentos como AAS, Aspiri­ na, Melhoral e Doril. Como ain­ da não existe tratamento, as medidas a serem tomadas são ingestão de líquido em grande quantidade e repouso.

A Dengue

Causada por um vírus da família Flaviridae através da picada da fêmea do mosquito transmissor, Aedes aegypti. Este se reproduz em locais onde há o acumulo de água parada. São típicos de regiões urbanas e de clima tropical, pois, não conseguem viver em locais frios.


Saúde

Saúde pública tem solução? Frederico Westphalen

Agosto de 2010

Editoria Ediane Zanella <ediane­zanella@hotmail.com>

Gabriella Bellé e Ricardo Carlesso

O

gabriella.belle@hotmail.com, rcarlesso@gmail.com

Mau atendimento

O posto de saúde é responsá­ vel pela maior parcela de aten­ dimentos básicos para a popu­ lação municipal. Além disso, é referência regional na realiza­ ção do exame: “Teste da Orelhi­ nha” e no “Serviço de Atendi­ mento Especializado – SAE”

Sala de pronto socorro do Hospital Divina Providência

referente a pacientes portadores do vírus HIV, Hepatites Virais, Hanseníase e Tuberculose. No entanto, problemas similares aos encontrados no HDP, são vistos no posto de saúde. “Têm funci­ onários até demais, mas gente trabalhando mesmo, é pouca. Nós conseguimos os medica­ mentos requeridos, mas fomos muito mal atendidos”, diz Mar­ ta Gadonski. Ela continua: “não estamos pedindo favor. Paga­ mos nossos impostos e temos os nossos direitos. Por isso, acho que precisaria maior conscien­ tização dos funcionários”.

A Secretária Municipal de Saúde, Ana Cristina dos Santos, através da Assessoria de Impren­ sa, afirma que não tem conhe­ cimento detalhado do mau aten­ dimento, contudo, várias me­ didas estão sendo tomadas para melhor atender a população. “Já foram aprovadas e se encontram em fase de implantação duas no­ vas equipes de estratégia de saú­ de da família, no Bairro Jardim Primavera e no Bairro Apareci­ da, o que certamente proporci­ onará uma melhora no atendi­ mento às referidas comunidades e diminuirá o fluxo na Unidade FOTO DE RICARDO CARLESSO

atendimento público é um assunto que está sempre em voga na so­ ciedade. Em Frederico Westpha­ len, não é diferente. Depois de presenciar um atendimento no Posto de Saúde e ouvir muitas reclamações quanto ao Plantão do Hospital de Caridade Divina Providencia (HDP), decidimos pesquisar de que maneira o aten­ dimento público pode ser me­ lhorado, para suprir as necessi­ dades da população. O município de Frederico, lo­ calizado na Região do Médio Alto Uruguai, é considerado Pó­ lo Regional de Saúde, receben­ do pacientes de diversas locali­ dades. Esse contingente de pessoas que necessitam de aten­ dimento público diariamente, por muitas vezes, acaba dificul­ tando o bom atendimento dos profissionais de saúde. Sendo assim, as principais reclamações recaem sobre o quadro de fun­ cionários e o tempo excessivo de espera por atendimento. Como diz Fátima Machado “o atendimento demora muito, mesmo nos casos mais graves. Eles levam em conta a ordem de chegada, não o estado da pes­ soa”. Mesmo com as reclama­ ções constantes, os administra­ dores do hospital não têm conhecimento de tais proble­ mas. “Reclamações sobre de­ mora não chegaram até nós. Mas quando isso acontece, nós procuramos sanar os problemas

imediatamente”, afirma o admi­ nistrador do hospital, Édio Cres­ tanello. Outro problema recorrente no plantão é a falta de sensibilida­ de dos funcionários para com as pessoas que aguardam atendi­ mento. “Alguns enfermeiros e mesmo o pessoal da recepção, muitas vezes são mal educados conosco, e também, falta cola­ boração de alguns médicos”, diz Idelma da Silva, que teve com­ plicações na gravidez e neces­ sitou fazer o trabalho de parto em Palmitinho, devido à falta de atendimento adequado. O Diretor Técnico do HDP, Dr. Vinicius Mauro, salienta al­ gumas dificuldades encontradas pelo plantão: “temos alguns pro­ blemas quanto à demora no aten­ dimento, pois há apenas um plan­ tonista para suprir às 12 horas de plantão, e cinco sobreavisos para diferentes áreas, como por exemplo, obstetrícia. Outro fa­ tor que sobrecarrega o plantão é o fato do posto de saúde não dar conta de todos os pacientes durante o dia”. Sobre as recla­ mações quanto a falta de tato dos funcionários, Dr. Vinicius diz que “quando há alguma quei­ xa, logo apuramos os fatos e ‘pu­ nimos’, se for o caso, os respon­ sáveis”.

FOTO DE GABRIELLA BELLÉ

O atendimento público de Frederico Westphalen deixa a desejar

População aguarda atendimento no Posto de Saúde

13

Central. Além disso, encontra­ se em tramitação na Câmara Municipal de Vereadores um projeto que visa a contratação de dois novos profissionais mé­ dicos, a fim de facilitar ainda mais o atendimento à população do município”, conforme a As­ sessoria de Imprensa.

Melhorias

Algumas das medidas para melhorar o atendimento, tanto do posto de saúde, quanto do HDP, é a implantação previs­ ta de duas Unidades de Pron­ to Atendimento 24 horas, a UPA: estrutura de complexi­ dade intermediária entre as Unidades Básicas de Saúde e as portas de urgência hospita­ lares, onde, em conjunto com estas, compõe uma rede orga­ nizada de Atenção às Urgên­ cia e do Serviço de Atendi­ mento Móvel de Urgência, SAMU, capaz de atender, den­ tro da região de abrangência, todo doente, ferido ou grávida em trabalho de parto, que es­ tejam em situação de urgência ou emergência. Para, a partir disso, transportá­los com se­ gurança e acompanhamento de profissionais da saúde até o ní­ vel hospitalar. Essas medidas visam à redu­ ção do excesso de pacientes na sala de espera, principalmente em casos graves. Deste modo a população frederiquense e regi­ onal poderá ser melhor atendi­ da, com qualidade superior a da realidade de hoje, saturada pe­ lo excesso de atendimentos diá­ rios.


Saúde

Corra que a gordura vem aí Agosto de 2010

Editoria Ediane Zanella <ediane­zanella@hotmail.com>

A dieta radical ainda é a forma mais utilizada para a perda de peso Laize Zanon Turra e Mariana Montepó

S

izeturra@hotmail.com, marianalm_15@hotmail.com

er magra é ser bela! Mui­ tas mulheres utilizam es­ se ditado como lema de sobrevivência. E para consegui­ rem a tão sonhada “forma per­ feita” recorrem às dietas radi­ cais, travando uma verdadeira luta contra seu próprio corpo, deixando de lado uma vida sau­ dável, por não recorrerem à aju­ da profissional. O padrão de magreza quase esquelética, imposto pela mídia iniciou­se nos anos 60 com a modelo Twiggy e ganhou força nos anos 90 com a influência da mídia, perdurando até os dias atuais. Com isso as dietas tor­ naram­se a forma mais usada para a perda de peso e a obten­ ção de resultados rápidos. Estas dietas envolvem esfor­ ço tanto físico, psíquico e até emocional. Ficar sem alimentos essenciais para o organismo, e mesmo jejuar dias a fio, são ver­ dadeiros atentados à saúde, por­ que essas dietas reduzem a quan­ tidade de nutrientes necessários para o organismo funcionar bem. Segundo a nutricionista Caroline Marangon Dourado: “Deve­se consumir de tudo um pouco, em pequenas porções, e com intervalos constantes, o re­ comendável é alimentar­se em média de 5 a 6 vezes ao dia, num intervalo de 2 a 3 horas”. Todo esse esforço pode até trazer resultados enquanto se es­ tá praticando, mas no momento em que se para, a consequência

Tipos de Dietas

Dieta da Lua: A lua tem quatro fases, então sempre que mudar a fase da lua, fica­se 24 horas à base de líquidos: su­ cos, chás, águas, cafés, iogur­ tes e sopas batidas. Dieta da Sopa: Consiste em comer só sopa de legumes, sendo o repolho (aipo) predo­ minante, durante alguns dias e também permite a ingestão de frutas (maçã, melancia, ma­ mão e banana) Dieta da Seiva: Esta é mais uma dieta "bebível", ou seja, é uma bebida dissolvida num litro e meio de água com suco de 1 limão, que se deve beber durante 3 a 5 dias, e que substitui todas as refeições.

A escolha entre a saúde e o prazer é desastrosa, ocorrendo o efei­ to iô­iô, ou seja, a volta de to­ dos os quilos perdidos, ou até mais, como a ocorrência de es­ trias e a flacidez. A estudante Graziela Lazzare, 25 anos, ado­ tou a “Dieta da Sopa” (veja box), onde permitia só comer sopa, no café da manhã, no al­ moço e no jantar. “Consegui fa­ zer durante um mês, o resulta­ do foi o esperado, emagreci 6 quilos, mas no momento em que parei de fazer a dieta tudo vol­ tou como era antes, mas voltou tudo em dobro”. A experiência de Franciele Dieta do Jejum: Esta nem pode ser considerada uma die­ ta, pois consiste em não comer nem beber nada durante os di­ as que se agüentar. Dieta dos Pontos: A dieta dos pontos atribui uma certa quantidade de pontos para to­ dos os alimentos e cada pes­ soa, depois de uma avaliação, tem um certo limite de pontos diários que deve cumprir. Dieta do Só: é permitido comer apenas uma variedade de alimento por dia. Ex: num dia você come apenas melan­ cia, no outro só banana.

Dieta do Dr. Atkins ou di­ eta da proteína: Nesse méto­ do reduz­se ou corta­se os hi­ dratos de carbono (massas, pão, batata) e abusa­se das proteínas e gorduras (carnes, peixes, ovos e lacticínios).

Gheno, 20 anos, comerciante, foi efetivada com a “Dieta dos Pontos” (veja box) e com o uso de remédios sem orientação pro­ fissional para inibir a fome. “Ob­ tive resultados que não foram duradouros, pelo simples fato de não ter orientação médica. Acabei não fazendo corretamen­ te a dieta, e com o tempo voltei ao peso que estava anteriormen­ te, talvez até mesmo por con­ sequência do remédio que tomei para inibir a fome”. Mas não são somente as mu­ lheres que utilizam essas dietas “malucas” como forma de ema­ grecer. André Cavalheiro, pro­ fessor e lutador de Muay Thai (Boxe Tailandês) é mais um pro­ tagonista dessa história e muda constantemente seu cardápio pa­ ra adaptar seu corpo às lutas: “Tenho muita variação de peso, mas não aconselho quem quer emagrecer a fazer o que eu fa­ ço, ficar dias se alimentando a base de alface e repolho, ou até mesmo sem comer nada. Quem quiser perder peso, procure um nutricionista, demora um pou­ co mais, mas dá resultado. Fa­ ço esses regimes loucos porque são mais fáceis, fico dois, três dias sem comer, já fiquei 6 dias sem comer nada, mas não acon­ selho ninguém a fazer isso”. Estas dietas promovem a per­ da de massa muscular e acabam afetando o metabolismo da pes­ soa. Para explicar podemos ci­ tar como exemplo: uma pessoa que perde 5kg por semana, está perdendo massa muscular e água do corpo e não a gordura. É esta perda que causa diferen­

Quem quiser perder peso, procure um nutricionista, demo­ ra um pouco mais, mas dá resultado. André Cavalheiro, profes­ sor e lutador de Muay Thai (Boxe Tailandês)

ça na balança rapidamente, pois a mobilização de gordura demo­ ra muito mais tempo. Deve­se tomar cuidado com as dietas que suprem com um determinado tipo de nutriente da alimentação, como por ex­ emplo, o carboidrato. Esse nu­ triente é essencial para quem faz exercícios físicos emagreça, mas se tirá­lo da sua dieta ali­ mentar poderá ficar flácida. Os medicamentos voltados para auxiliar no emagrecimen­ to, também são um perigo a saú­ de sendo que muitas pessoas usam­no sem recomendação mé­ dica. “Na verdade, esse tipo de medicamento só máscara o pro­ blema”, diz Caroline. Ela cita o exemplo os inibidores de apeti­ te: “Quando a pessoa para de to­ mar, a fome retorna, fazendo com que o que já se havia per­ dido volte novamente”. Outro agravante para quem é adepto às dietas radicais, é o au­ mento do risco de problemas cardiovasculares. O rápido ema­

Frederico Westphalen

grecimento causa da­ nos ao coração e às artérias. O ideal é adotar uma dieta ba­ lanceada, no qual se consuma de 1300 a 1500 calorias diárias, e se perca cerca de 500 gramas por se­ mana. Assim haverá perda de peso cons­ tante e de forma sau­ dável. Quando a pes­ soa consegue emagrecer, ela deve ficar alguns meses em manutenção. Por exemplo, uma pessoa que emagreceu 3 qui­ los deve ficar 3 me­ ses em manutenção. O peso perdido é pro­ porcional ao número de meses de manu­ tenção. Essa é uma das fases mais criti­ cas de uma dieta, pois é nesse período que ocorre o efeito iô­iô, e o peso perdido vol­ ta novamente, em dobro. É recomendado também, que quem queira emagrecer com saúde, procure a orientação de um nutricionista. Como com­ plementa Caroline: “É indicado fazer um plano alimentar indi­ vidual baseado nos hábitos ali­ mentares da pessoa, ou seja, a base de uma alimentação sau­ dável está na moderação em re­ lação a tudo o que se come”. A chave do sucesso de uma dieta é simples: a quantidade de ca­ lorias que comemos não deve ser maior que a quantidade que gastamos. “Certamente, a mais difícil e a mais efetiva arma no comba­ te à obesidade é a mudança comportamental, que pode ser resumida em comer de modo mais racional e se mexer de mo­ do mais constante, adotando há­ bitos saudáveis”, explica o psi­ quiatra Adriano Segal, da ABESO, em uma entrevista ao blog Dietas Nunca Mais. Ele complementa ainda: “Consumir menos calorias e gastar mais energia é o que determina a per­ da de peso, e isto deve ser feito por meio de uma reeducação alimentar e estímulo a pratica de atividade física”. O “padrão” de beleza não combina com uma vida saudá­ vel, pois os extremos da balan­ ça trazem problemas a curto, médio e longo prazo. O exercí­ cio físico é uma boa opção pa­ ra a perda de peso, de forma saudável e consciente. Não há necessidade de punir seu corpo para sentir­se bem ou mais bonita na frente do espelho. FOTO DE LAIZE ZANON TURRA

14


Esportes

Autônomos de dia, craques à noite Frederico Westphalen

Agosto de 2010

15

Jogar futsal durante a noite está se tornando um hábito comum em Frederico Westphalen

Q

os meses de abril a ju­ lho, o município de Ta­ quaruçu do Sul rece­ beu os jogos do Campeonato Regional de Veteranos, edição 2010. A competição acontece anualmente com sede na cida­ de do último campeão. Como o time do Botafogo conquistou a edição 2009, as tradicionais disputas vieram parar em terras taquaruçuenses. O campeonato conta com jo­ gos que estão atraindo uma boa quantidade de pessoas, princi­ palmente nos dias dos famosos clássicos, que contam com jo­ gadores de destaque no âmbito Parceria regional. Uma solução para isso é en­ Um exemplo, é o agricultor contrada pelo agricultor Velcy Luiz Carlos Fernandes, de 50 Fernandes que tambem jogou anos. Ele joga futebol desde cri­ futebol antes de seus 52 anos. ança. “Os projetos de inclusão como Com o passar dos anos, nos o segundo tempo proporcionam tempos em que o futebol regi­ uma nova inclusão de crianças onal possuía bons times, ele jo­ e adolescentes, pois alia a edu­ gava nas principais equipes. Na cação com o esporte”. naquela época a região possuía O Regional de Veteranos es­ bastante jogadores de talento, ta em sua fase final. Nela, os mas para se jogar em um gran­ jogos são mais eletrizantes e de clube era extremamente di­ com um bom público presente. fícil, pois os times da capital O projeto segundo tempo é O futebol é a forma de atividade dos veteranos nunca vinham para a região a um projeto do governo federal procura de jogadores para seus em parceria com os municípi­ A população contagiada com incentivam seus filhos a toma­ clubes. os para que estes criem escoli­ o clima de Copa do Mundo le­ rem gosto pelo esporte e, quem Hoje, Luiz Carlos joga na ca­ nhas de futebol. va a família para ver os jogos e sabe, se não atletas, os filhos se

tornem bons cidadãos molda­ dos pelo clima de disciplina e integração do esporte.

andermalagutti@yahoo.com.br

ue o futebol é mania e paixão mundial, todo mundo já sabe. Que tem gente que faria de tudo pra ver seu time campeão, não é difícil perceber. Mas basta andar uma noite pelos ginásios de Frederi­ co Westphalen para perceber que o futebol não fica só na te­ levisão. É durante a noite que muitas pessoas deixam de ser expecta­ dores do futebol para virar jo­ gadores. Não interessa idade, sexo e contra quem é o jogo. O que realmente importa é o di­ vertimento e a prática deste que é considerado o esporte mais po­ pular do planeta. Os jogos de futsal nas noites de Frederico é tão intensa que quase não existem horários va­ gos nos ginásios. Quadras co­ mo as do Ipiranga, da Escola Cardeal Roncalli, do Itapagé e do Cañellas são as mais dispu­ tadas. Responsável pela quadra do ginásio Roncalli, Seu Adão Mo­

Os ginásios frederiquenses recebem jogos todas as noites

reira de 56 anos e há 24 anos co­ mo funcionário da escola, co­ menta que não há mais horários disponíveis e que mesmo assim a procura é muito grande. Ele cita também que os horários en­

tre as 19 hrs até as 22 hrs são os mais procurados para jogar. Além de agendar os horários da quadra, Seu Adão dá exem­ plo. “Acho legal as pessoas pra­ ticarem esportes, porque isso faz

Futebol movimenta municípios da região

N

Cassiano Fernandes

cassiano_correntino@hotmail.com

tegoria de veteranos, pois apre­ senta problemas no joelho. “Pro­ curo revezar com os compa­ nheiros de time, assim não me esforço tanto fisicamente”, con­ clui. O agricultor finaliza que mesmo não estando 100%, não perde as partidas, estando “sem­ pre em contato com o esporte mais popular do mundo, o fu­ tebol”, finaliza. No entanto, Luiz Carlos des­ taca também o desinteresse dos jovens pelo esporte. “O pessoal mais novo parece que não está muito interessado em futebol, só querem saber de festas o que faz com que muitos jovens percam o interesse pelo esporte”.

FOTO DE CASSIANO FERNANDES

bem para a saúde. Eu mesmo dou um horário para uns meni­ nos jogarem de graça para que eles não fiquem na rua fazendo besteira e usando drogas”. E não são apenas os homens

que mostram suas habilidades. Em quase todos os ginásios pes­ quisados, as mulheres marcam presença. Sem medo de precon­ ceito por parte dos homens, elas dão um show. Clarissa Hermes, acadêmica de Jornalismo do Cesnors/UFSM, conta que des­ de pequena joga bola. “Eu vivi minha infância inteira jogando bola num campinho de que ti­ nha em frente a minha casa. Só tinha vizinhos meninos, então sempre estive no meio deles”. Ela comenta também que não existe preconceito por parte dos homens. “Muito pelo contrário. Sempre joguei junto com eles sem nenhuma desvantagem. Is­ so era bom, porque eles sabiam que se faltasse alguém no time eles poderiam me convidar sem problema algum”. Para jogar uma hora, os inte­ ressados terão que desembolsar entre R$ 20 e R$ 35, conforme o ginásio preferido. Mas para muitos, o preço é o que menos importa. O que vale é o show. Além de praticar um esporte, o futsal ajuda também a manter uma boa forma física.

ANDERSON MALAGUTTI

Anderson Malagutti


16

Economia

Mabella, Marfrig ou Seara? Agosto de 2010

Frederico Westphalen

Frigorífico Mabella passa a integrar a Nova Seara Alimentos

FOTO DE CLOMAR TOLEDO

Clomar Toledo e Iedo Zortéa

O

toledolocutor@hotmail.com, iedo_zortea@hotmail.com

Vista parcial da empresa Mabella

terão esta denominação por uma questão de operacionalização, ou seja todas agora serão Nova Seara Alimentos. CN ­ A marca Mabella perma­ necerá no mercado? Mariotti ­ A marca Mabella já é bastante conhecida no mer­

cado nacional através da quali­ dade dos seus produtos indus­ trializados, será um produto top de linha da empresa levando o selo da Seara. Os produtos co­ mercializados nos grandes cen­ tros conquistaram o consumidor e por isso permanecem no mer­

cado. CN ­ Como foi à evolução da indústria após a compra pelo grupo Marfrig? Mariotti ­ Desde novembro de 2007, quando foi adquirida pela Marfrig, não parou mais de crescer. Aumentando o número FOTO DE IEDO ZORTÉA

frigorífico de carne suí­ na sempre foi o maior gerador de empregos no município desde sua funda­ ção. Foi primeiramente chama­ do de Frigorífico Santo Antônio que mais tarde passou a ser Da­ mo S.A Sadia, Mabella e agora Nova Seara Alimentos. A suino­ cultura é uma importante ativi­ dade geradora de renda para os produtores de Frederico West­ phalen e região. Hoje, estes pro­ dutores realizam uma produção de forma integrada com a indús­ tria. A indústria foi fundada em 18 de Outubro de 2001, sendo que em novembro de 2007 foi com­ prada pelo Grupo Marfrig. Após esta aquisição os números de empregos diretos e indiretos do­ braram, além dos novos inves­ timentos e da construção de uma moderna fábrica de rações. Os produtos industrializados aqui no município e com a mar­ ca Mabella continuam sendo co­ mercializados nos grandes cen­ tros do país, principalmente em São Paulo. A marca Mabella que é conhecida pela qualidade em seus produtos, vai continuar exis­ tindo sendo fortalecida no seg­ mento de embutidos, defuma­ dos, salames, linguiças e outros. Os produtos in­natura são co­ mercializados para diversos paí­ ses com destaque para o maior comprar que é a Rússia. A con­ quista do mercado internacional também se deve a alta qualida­ de dos produtos exportados sen­ do que os países da Europa fa­ zem diversas exigências para formalizar os negócios com fri­ goríficos do Brasil. Quando a indústria foi adqui­ rida pelo grupo Marfrig o nú­ mero de empregos diretos gira­ va em torno de 600, dois anos depois, está em 1.280. O núme­ ro de empregos indiretos tam­ bém dobrou. Com o crescimen­ to da indústria, o comércio de Frederico Westphalen, a presta­ ção de serviços e os aluguéis também se desenvolveram. O diretor geral da Nova Sea­ ra Alimentos, Darci Mariotti des­ taca o atual momento da indús­ tria em entrevista exclusiva. CN ­ Qual o objetivo da mu­ dança da razão social para Se­ ara Alimentos? Mariotti ­ A Marfrig comprou a Seara, que é uma empresa de tradição há mais de 50 anos no mercado e com várias unidades. Todas as empresas do grupo que trabalham com frango e suínos

Mariotti, diretor geral da Nova Seara Alimentos

de investimentos na produção e na construção de uma fábrica de rações, essa que já está em fun­ cionamento, dobrou o número de empregos diretos e indiretos. Foi um bom negócio para Fre­ derico Westphalen, pois este grupo é sério, com capacidade de investimentos e conquista de mercado. Quem criticou a ven­ da na época, hoje pode concluir que foi feita a escolha certa pe­ lo grupo de empresários da Ma­ bella. CN ­ A indústria está vivendo um grande momento? Mariotti­ Estamos hoje, tra­ balhando com capacidade má­ xima em termos de abate, cerca de 2.100 suínos por dia, e de ex­ pansão no produtos industriali­ zados, sendo que a matéria pri­ ma das unidades de Frederico e Itapiranga quase na sua totali­ dade serão usadas para este fim. CN ­ Na sua avaliação o que representa o frigorífico para F.W.? Mariotti­ Representa muito, porque sempre foi ao longo da nossa história, a maior indústria do município. A economia tem um ganho enorme em geração de emprego e renda, pois milha­ res de famílias vivendo do re­ sultado de seu trabalho na em­ presa.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.