Cultura Visual & Lifestyle #20 | Julho - Agosto 2017 | melanciamag.com
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@anamax_1965
MELANCIA cultura visual e livestyle mag #20 / julho - agosto 2017
idealizadoras Juliana Lima & Mafalda Jesus sp e
al ci nks tha :)
mynameisnotSEM | ilustração e design Anna Caldas | moda & lifestyle Margarida Fleming | pintura Georgia Low | ilustração & arte em papel Tatiana Figueiredo | moda & lifestyle Vitória Vilela | tatuagem Nuno Alecrim | ilustração e street art Tárcio Vasconcelos | ilustração e street art Cátia Marcachita | receita Joice Trujillo | ping-pong Marcos Van Basten Ana Henriques | revisão Família | Amigos
Capa e Contra Capa by: Alecrim
e-mail: melanciamag@gmail.com | www.melanciamag.com | facebook/melanciamag | instagram: @melanciamag
Como diz a canção dos “Amor Electro” de que tanto gostamos, começamos esta edição assim, com o nome do tema da banda portuguesa: “Juntos somos mais fortes”. E muita gente pode perguntar-se porquê, já que, afinal, a nossa revista não traz uma entrevista com o grupo musical... Bom, não esquecendo o calor que já se faz sentir, os dias de sol, os mergulhos na praia e na piscina, as noites de Verão, as férias... tudo o que serve de cenário à edição de Julho e Agosto da MELANCIA, achámos importante agradecer a cada um dos leitores que está connosco desde o princípio ou que aparece para deixar a sua marca na nossa doce história. Todos os que estão connosco a motivar, a rever, a sugerir, a participar e a apreciar cada uma das nossas páginas. Não somos só nós as duas (Juliana e Mafalda) que fazemos a MELANCIA acontecer. Somos todos nós, juntos, a contribuir para que cada fatia seja assim: deliciosa. Nesta edição, agradecemos especialmente aos artistas que nos deram cor e sabor: Nuno Alecrim, autor da nossa capa, Anna Caldas, Tárcio Vasconcelos, Vitoria Vilella, mynameisnotSEM, Margarida Fleming, Tatiana Figueiredo com o seu blog “The close up” e finalmente a inglesa Georgia Low. E aproveitamos para convidar a colaborarem connosco todos os que têm vontade de ser mais activos, de sugerir e fazer mais e melhor. Estamos cá para pensarmos juntos como podemos deixar a nossa revista ainda mais especial. Sugestões, artistas, ideias, textos, fotos... vale tudo! Afinal, se “juntos somos mais fortes”, queremos oficializar e abrir espaço para quem quer mostrar a sua força com sabor a melancia. Anda! Escreve-nos. Queremos-te connosco :)
“Nas minhas fotografias uso o Preto e Branco, é um estilo que eu sempre gostei muito , a luz e a sombra. Eu me identifico muito”. Marcos Van Basten, 26 anos , de Barbacena - Minas Gerais, Brasil, começou a fotografar e filmar por influencia de um amigo skatista que produzia videos. Instagram: @mvanbq
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índice MYNAMEIS NOTSEM
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TODO DIA UM PRINT
MARGARIDA FLEMING
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THE CLOSE UP
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GEORGIA LOW
ALECRIM
60 VITORIA VILELA
#melanciamag
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88 PING PONG
70
TOMA NOTA
90
80 TÁRCIO VASCONCELOS
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DELICIA DE MELANCIA
ESTILO QUE ANDA POR AI
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Street Art & Ilustração
Entrevista por: Mafalda Jesus Ilustrações por: mynameisnot SEM
Inspirado principalmente pela música eletrónica, onde os módulos, as repetições e as oscilações são uma constante, Filipe aka mynameisnotSEM, fala-nos sobre o seu percurso no mundo da street art. Os seus trabalhos estão colados em todas as esquinas nas ruas do Porto e é impossível ignorá-las. Segundo o artista, ilustram o que o rodeia e espelham a sua visão da cidade. “Um eco citadino, uma sinestesia.”
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“ALÉM DO DESIGN, NO UNIVERSO VISUAL, A OP ART E O PATRIMÓNIO PORTUGUÊS SÃO GRANDES INSPIRAÇÕES, POR MAIS QUE PAREÇAM PARADOXAIS.”
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1) MELANCIA: Conhecemos muito pouco da pessoa por trás deste projeto. Como te descreves em poucas palavras? MYNAMEISNOT SEM: Activo, proactivo. Activista, artista, designer. 1,80m e 90kg de maus caminhos. 2) M: Como chegaste à street art? MNINS: Por volta de 2003, contacto com o mundo das claques de futebol, o que me levou à pintura (na altura de bandeiras, estandartes e lonas). Nesse mesmo contexto começo a ver tags nas paredes e apercebo-me que autores são meus amigos. Em 2004, entro de pé esquerdo no secundário e com os dois no graffiti. É então que me apresentam Matosinhos Sul, uma zona industrial mais para lá do que para cá, com uma data de fábricas ao abandono, que se transformam em autênticos laboratórios criativos. Torno-me rapidamente frequentador regular destes espaços para desenvolver letterings sob vários pseudónimos. Quase em simultâneo, exploro outras linguagens como o stencil e o cartaz, em anonimato. O curso geral de artes não corria bem, levando-me a mudar de curso e de escola. Isto somado com outros factores e novos interesses, como a música, fizeram com que gradualmente parasse de pintar. Em 2012, na faculdade voltei a experimentar técnicas e linguagens ligadas à street art, culminando no projecto Deslembrados, que foi o pontapé de saída para esta nova fase. Posso não saber exatamente para onde vou, mas tenho bem gravado de onde venho... Manos Douro Crew, Matosinhos!
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“SOMA-SE A MÚSICA E, DAÍ VÊM OS MÓDULOS, AS REPETIÇÕES, AS OSCILAÇÕES, AS REFRACÇÕES, O MINIMALISMO, O PSICADELISMO E O ABSTRACIONISMO.”
3) M: Quais são as tuas influências no mundo artístico? Provêem apenas do graffiti ou procuras inspiração noutras vertentes? MNINS: O graffiti foi o ponto de partida, sem dúvida. No entanto, actualmente busco inspiração e influências noutros campos. A formação superior em design teve um papel importante nesse aspecto, abriu-me alguns horizontes. Além do design, no universo visual, a Op Art e o património português são grandes inspirações, por mais que pareçam paradoxais. A musica electrónica, por sua vez, assume um papel essencial no processo criativo, explico como mais à frente. 4) M: Tens um estilo muito característico, onde as formas e a cor dominam. O que está por trás desta abstração? MNINS: Uma condição que não me assiste é desenhar, também nunca me pareceu crucial. Alia-se um horror nato pelo figurativo e um fascínio por novas técnicas e tecnologias, que não me canso de experimentar. Soma-se a música e, daí
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vêm os módulos, as repetições, as oscilações, as refracções, o minimalismo, o psicadelismo e o abstracionismo. Enquanto experiência de vida, a música condimentada com substâncias que não vou discriminar, levou-me a viajar por outros universos, a experienciar sinestesias e visões em caleidoscópio. Abertas as portas da percepção, o mote é criar imagens com base em sons que ouço, ouvi ou imagino, lançando ao público o desafio inverso, de na sua mente convertê-las de novo em som. 5) M: Ainda pintas “às escondidas”? Ou só atuas em paredes legais? MNINS: Os dois, tendo abordagens ligeiramente diferentes consoante o contexto. Em paredes legais, por norma, prevêse uma certa permanência, pelo que o cuidado é redobrado. As ações ilegais, pela sua efemeridade, tendem a ser mais descomprometidas e de menor investimento. Para mim, é essencial o exercício de ambas as vertentes para o meu desenvolvimento enquanto artista.
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6) M: Na tua opinião que noção é que um artista nunca deve perder? MNINS: Para um artista que actue na rua, a noção de espaço. Porque o espaço público não é público, é uma utopia! Na realidade é concessionado à circulação de pessoas e bens. É de todos, do ponto de vista funcional, e nesse mesmo sentido deve ser respeitado. No entanto, é inevitável ser gerido pelos seus utilizadores, e que as vontades e abordagens destes se dispersem. Cabendo às entidades competentes fazer uma triagem responsável, pela saúde da paisagem urbana. 7) M: Se tivesses uma parede livre agora, com quem gostavas de fazer uma parceria? MNINS: Esta é fácil! Com os Manos Douro, foi com eles que comecei a pintar e já não fazemos uma parede juntos há uns anos. A parede está livre, as disponibilidades é que não se conjugam. Pode ser que esta entrevista lhes toque :) Também tenho sentido necessidade de fazer algo com o GODMESS. É o artista com quem mais contacto e já fizemos algumas colaborações interessantes, mas há algum que tempo que não produzimos nada em conjunto. 8) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) MNINS: Não contribuam para o aquecimento global, mantenham-se frescos. Comam Melancia fresquinha, bebam sumo de Melancia gelado. Um truque que um grande amigo me ensinou, a Melancia ao sol, fica fria. (Não sei se resulta, mas experimentem!) 16 MELANCIA
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Moda & Lifestyle
Todo dia um print Artigo por: Juliana Lima Imagens: Anna Caldas
Anna Caldas, brasileira de 25 anos, é designer e apaixonada por estampas. Nasceu em Porto Alegre (cidade do estado Rio Grande do Sul, no sul do Brasil), vive em São Paulo e ama viajar pelo mundo. Através do seu perfil no Instagram apresenta o seu lifestyle e espalha sorrisos e o seu olhar artístico dos grafismos que cruzam o seu dia-a-dia, sejam eles nas roupas, nos muros ou em qualquer outro lugar. Conhece o projeto “Todo dia um print” e inspira-te com esta rapariga que sabe combinar, descombinando como ninguém.
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1) MELANCIA mag: Quem é a Anna Caldas? ANNA CALDAS: Sou uma pessoa criativa, que gosta de tudo que é feito com as mãos. Sempre me senti meio diferente, e com o tempo aprendi a explorar a minha personalidade. Sou super sensível (de pisciana que sou), viajar emociona-me, ouvir e contar histórias motiva-me. 2) M: Quando e como surgiu a ideia de começar este projeto com o perfil “Todo dia um print” no Instagram? AC: Comecei o perfil logo que me formei na faculdade, em 2015, com o desejo de iniciar um projeto pessoal no Instagram. Como algumas pessoas sempre comentaram que as minhas roupas eram super coloridas e estampadas, fui percebendo essa característica marcante do meu estilo, e que esse poderia ser um diferencial no meu conteúdo. 3) M: Fala-nos a tua paixão por estampas e sobre o conceito de “combinar, descombinando”. AC: Há algum tempo, dei por mim a pensar nisso, e percebi que sempre tive estampas no meu dia-a-dia. A casa dos meus pais é decorada com padronagens especiais, garimpadas em viagens, casas da família e móveis vintage. Acho que foi daí que tirei meu gosto por mistura! E sobre o “combinar, descombinando”, também tem um dedo do meu pai! Algumas vezes eu ia sair de casa e ele me dizia “essa roupa não ‘tá combinando!”, meio brincando, meio sério, e com o tempo eu percebi que talvez a ideia não fosse combinar, mas sim divertir o dia. 4) M: Momento curiosidade: “Quem tira todas as tuas fotos?” AC: A grande maioria é tirada pelo meu namorado <3 5) M: Quando criaste o perfil no Insta, imaginaste que ia ter tanto sucesso? AC: Nunca imaginei! Eu comecei o perfil sem me programar muito, e sem criar expectativas. E quando o perfil foi crescendo, pouco a pouco, passei a acreditar que o conteúdo que eu produzo ajuda as seguidoras, e de alguma forma inspira-as no dia-a-dia. 6) Ultrapassaste os 20mil seguidores. Podes considerar-te uma influencer. Muitas meninas se inspiraram nas tuas combinações e querem saber onde compras as tuas peças. Como te sentes? AC: É um reconhecimento incrível! Ainda mais porque o número de seguidores cresce espontaneamente, e os comentários e interações com os seguidores só aumentam também. Fico muito muito feliz!
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7) Já pensaste em estender o perfil do Instagram e criar um blog com dicas de moda ou seguir a carreira de consultora de estilo? AC: Já pensei no blog, e tenho alguns projetos em mente, mas queria lançar tudo com tempo e com o conteúdo produzido como as seguidoras merecem. Sobre a consultoria de estilo, gosto muito de pensar que as pessoas me vêem como uma fonte de inspiração e para tirar “dúvidas”, mas acredito cada vez mais que a moda não tem regras! 8) M: As estampas estenderam-se para objetos como agendas. Tens mais projetos em vista? Queremos saber :) AC: Eu trabalho com estamparia todos os dias, é a minha profissão, e acredito que o @tododiaumprint pode ir além do Instagram. Realizo projetos como freelancer, criando estampas para marcas e produtos específicos, e também tenho a ideia de, mais para a frente, desenvolver um projeto assim mais relacionado ao perfil. 9) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) AC: Acho que atualmente a mensagem mais importante é aceitação. Todos deveriam ter a liberdade de ser, fazer e vestir o que quiser e, principalmente, de se sentir incrível na própria pele!
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“SEMPRE TIVE ESTAMPAS NO MEU DIA-A-DIA. A CASA DOS MEUS PAIS É DECORADA COM PADRONAGENS ESPECIAIS, GARIMPADAS EM VIAGENS, CASAS DA FAMÍLIA E MÓVEIS VINTAGE. ACHO QUE FOI DAÍ QUE TIREI MEU GOSTO POR MISTURA!”
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@braideamanda
@maggie.pi MELANCIA 29
Pintura
margarida fleming Entrevista por: Mafalda Pinturas por : Margarida Fleming
Respira e consome arte desde que tem memória e é formada em arquitetura e design gráfico. Na área da pintura, onde tem vindo a crescer a passos largos, é uma verdadeira autodidata e conquista-nos com as suas pinceladas expressionistas e olhares profundos. Margarida Fleming afirma que pintar é uma terapia que lhe dá liberdade de expressão e que lhe permite comunicar e criar para o mundo.
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1) MELANCIA: Quem é a Margarida? MARGARIDA: A Margarida é uma miúda viciada em Arte. Consumidora nata de Pintura, Escultura, Design, Música e provocadora de si própria no mundo criativo. Licenciada em Arquitectura e Design Gráfico, autodidacta no campo da Pintura, esta veia já é explorada desde novinha. 2) M: O que te despertou interesse no mundo da arte? M: A Arte faz parte de mim e penso que de nós todos. A arte é emoção, é expressão, é ser intenso, é ter ideias, é ter visão, é ser bonito, é ser feio, é ser esquisito. O meu interesse pela arte surgiu naturalmente, pincel na mão, mãos na massa e muitas experiências desde que me lembro de ser gente. Revejo-me em constante procura de alguma coisa, sem motivo algum. Surge como terapia, como processo de libertação de maneira vigiada. Considero-me uma pessoa imaginativa e criar é para mim uma necessidade psicologico-fisico-mental, se é que esta palavra existe. 3) M: Quais são as tuas maiores fontes de inspiração? M: A minha fonte de inspiração não sei bem de onde vem. Acho que muitas coisas me inspiram. Coisas que acontecem, pessoas que conheço, combinações de situações, cores, lugares, musica, obras de arte, fotografia, muitas vezes nada. Enquanto pinto a inspiração torna-se intuição. 4) M: Tens um estilo expressionista, onde as pessoas são as protagonistas. Quem são estas mulheres, que nos olham intensamente e nos captam a atenção? M: Estas mulheres que pinto são mulheres com a alma a desbotar. Sente-se pelo olhar, sente-se pela expressão e posição. São mulheres fortes, mulheres sensíveis e frágeis, mulheres femininas, mulheres cativantes. No fundo pode ser qualquer uma/um de nós. Todas contam uma historia diferente, cada uma mais protuberante que outra. Têm um olhar transparente e intrigante ao espectador como se tivessem a alma descoberta. 5) M: O que é que só a pintura te dá? M: A pintura dá-me a liberdade de exprimir, quando e como quiser. Dá-me a possibilidade de comunicar e criar para o mundo. Dá-me capacidade de explorar um mundo que não tem fim e que tem inúmeras possibilidades de ser finalizado. É um momento de crescimento próprio, quase como a meditação onde o abstracto por vezes é presente.
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6) M: Na tua opinião, que noção é que um artista nunca deve perder? M: O artista nunca deve perder a noção da sua essência, de quem é, do que realmente lhe dá prazer criar. Cada artista tem uma maneira diferente de se exprimir e essa individualidade existe devido à sua maneira de ser. Acho que é importante não esquecermos o nosso eu natural, das nossas intuições, da pincelada que simplesmente sai. Nunca deixar de ter prazer ao criar. No fundo como as crianças fazem, experimentam sem medo. Acho que aprender e explorar não deve deixar de existir no planeta do artista. 7) M: O que é essencial no teu dia-a-dia? M: É essencial definir objectivos. Também é essencial lavar os dentes antes de sair de casa e comer pelo menos uma refeição decente. É essencial sentir que o meu dia valeu a pena (ás vezes por coisas simples). 8) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) M: Não quero ser clichê, mas há uns bem bons... Sê tu proprio, cada pessoas tem a sua beleza interior e exterior, quanto mais verdadeiro mais bonito. O dificil faz agora o impossivel deixa para depois. Obrigada Melancia Mag!
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@anitarrebita
@marijares 14 MELANCIA 39
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Ilustração & Arte em Papel
Entrevista por: Juliana Lima Imagens: Georgina Low
Georgina Low é uma jovem inglesa com apenas 22 anos, dona um talento único, capaz de impressionar toda a gente. Ela faz recortes em papel e cria verdadeiras obras de arte, com tantos detalhes que fica até difícil de acreditar como foi feito. Inspira-te com a magia das flores e dos animais criados pelas mãos desta doce artista.
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1) MELANCIA mag: Quem é Georgia Low? GEORGINA LOW: Nasci em 1994, em Londres, Reino Unido, antes de me mudar para o Norte do País de Gales com meus pais, aos 7 anos. Agora vivo numa pequena aldeia com meu namorado de há cinco anos e o nosso cão, Millie. Definitivamente, tenho uma paixão maior pelo campo desde que mudei, o que influenciou fortemente minha arte. Sou muito apaixonada pela natureza e pelos animais, ainda mais depois de me ter tornado vegan no ano passado. Eu gosto de tentar aproveitar ao máximo a minha vida e adoro fazer as pessoas felizes - Eu sou um pouco do prazer delas! Não há nada que eu ame mais do que trazer alegria para a vida dos outros com a arte e transformar o sentimento dos meus clientes e momentos especiais em recortes personalizados de papel para eles apreciarem. 2) M: Qual é a sua formação? G: Mudei-me muito quando criança, então fui a muitas escolas diferentes. Eu estudei Arte no GCSE (General Certificate of Secondary Education), mas não continuei com meus Níveis A. O professor de arte na minha nova escola não foi muito inspirador e nos fez focar na pintura – em que eu sou terrível! Eu então fui para a Universidade de Chester para estudar Rádio e TV, mas percebi que a minha verdadeira paixão sempre foi a arte. 3) M: Como começou a sua paixão pela arte com recortes de papel? G: Na verdade, conheci o papercutting quando tinha apenas 15 anos, a estudar para meus exames na GCSE. Uma das minhas professoras entregou-me uma faca artesanal e uma folha de papel preta, acabei por criar uma silhueta de pessoas, pescando com papel colorido para deixar o sol passar. Esqueci o corte de papel por uns tempos, enquanto estava focada nos estudos para os exames. Só quando deixei a escola é que comecei de novo. Eu ainda mantenho o contacto com a minha professora de arte e tenho meu primeiro trabalho no meu estúdio - oito anos depois! 4) M: A sua obra tem muitos detalhes. É realmente maravilhoso. Onde aprendeu? G: Obrigada! Na verdade, sou totalmente autodidacta, quando comecei a fazer papercutting, os meus projetos eram muito básicos e exigiam pouca habilidade, o que é de se esperar. Faz quatro anos que comecei a praticar mais as minhas habilidades, e definitivamente estou a evoluir. Eu não era como a maioria dos adolescentes aos 19 anos , passava a maior parte do tempo a desenhar e a praticar cortes de papel em vez de ir às festas. Hoje eu estou muito agradecida, eu posso apresentar e expandir o meu trabalho no ramo de negócios da arte. 5) M: Explique-nos como organiza os seus projetos e o seu processo criativo. G: Cada peça é diferente. Se eu estiver a criar uma obra para um cliente, eles tendem a enviar-me todos os detalhes que querem incluir; Como a data do casamento, lugares especiais que foram, passatempos, interesses, etc. Eu, então, desenho um esboço num pedaço de papel para mapear onde tudo irá e, em
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“NÃO HÁ NADA QUE EU AME MAIS DO QUE TRAZER ALEGRIA PARA A VIDA DOS OUTROS COM A ARTE E TRANSFORMAR O SENTIMENTO DOS MEUS CLIENTES E MOMENTOS ESPECIAIS EM RECORTES PERSONALIZADOS DE PAPEL PARA ELES APRECIAREM.”
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seguida, faço o desenho final no papel que eu vou cortar. Tenho de certificar-me de que todo o traço é desenhado para depois cortar tudo. As linhas revelam o design. Garanto sempre que a peça final está limpa e livre das marcas de lápis no outro lado. Algumas das peças que mais gosto de fazer são aquelas quando os clientes me enviam uma fotografia que é muito sentimental para eles e me pedem para transformá-la num papel. Eu tenho de gastar uma boa quantidade de tempo a traçar a fotografia original e descobrir que peças cortar. Por exemplo, eu fiz isso com uma fotografia linda do horizonte de Nova Iorque, que um dos meus clientes tinha tirado. 6) M: Tem um trabalho artístico favorito? Qual e porquê? G: É muito difícil escolher apenas um favorito! Acho que a minha obra da abelha é uma delas, porém, foi a minha primeira peça, extremamente detalhada. Coloquei o meu coração e alma e talvez seja por isso que foi um dos meus projetos mais populares. Também foi o meu primeiro recorte de papel a ser partilhado numa conta de Instagram de design de interiores que tinha mais de 1 milhão de seguidores. Fez-me ganhar muito reconhecimento, fiquei muito agradecida. 7) M: Fala-nos sobre as tuas inspirações. G: É muito difícil escolher apenas um favorito! Acho que a minha obra da abelha é uma delas, porém, foi a minha primeira peça, extremamente detalhada. Coloquei o meu coração e alma e talvez seja por isso que foi um dos meus projetos mais populares. Também foi o meu primeiro recorte de papel a ser partilhado numa conta de Instagram de design de interiores que tinha mais de 1 milhão de seguidores. Fez-me ganhar muito reconhecimento, fiquei muito agradecida. 8) M: Qual é o objetivo da sua vida? G: Eu acho que estamos apenas neste planeta uma vez, então você devemos fazer sempre o que nos faz felizes. Para mim, isso significa constantemente criar novas artes e trabalhar em projetos novos e emocionantes. Eu também espero poder inspirar os outros a perseguirem os seus próprios sonhos e a fazerem o que os apaixona. 9) M: E o teu maior sonho? G: Hmm ... isso é difícil! Tenho muitos objetivos e sonhos; Eu adoraria poder continuar a trabalhar na minha arte a tempo inteiro e ter os meus projetos em algumas das minhas lojas de design de interiores
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favoritas. Também gostaria de trabalhar em projetos mais comerciais e criar um livro para crianças! 10) M: Tens planos resta de 2017? Exposições pessoais, viagens, projetos? G: Acabei recentemente de completar a minha grande exposição individual para uma grande empresa em Londres, tive de fazer 44 imagens em dois meses! Felizmente, eu gosto de trabalhar sob pressão! Agora estou a trabalhar em obras para um projeto comercial. Não posso revelar ainda mas espero que meus clientes os amem tanto quanto eu. Eu também adoraria criar uma imagem enorme, este ano, já que até agora eu criei apenas cortes em papel até o tamanho A2 (aproximadamente 42cm x 59cm), então eu adoraria o desafio, embora não tenha certeza de onde eu gostaria de expô-la! 11) M: deixe uma mensagem para a revista MELANCIA e todos os leitores :) G: Muito obrigada MELANCIA mag por me entrevistar, fiquei satisfeita com todas as suas perguntas! Para quem não está familiarizado com o meu trabalho, podem encontrar-me no Instagram @georgialowpapercuts. Digam olá, eu adoraria falar convosco!
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@beatrizpalma
@ritings_ MELANCIA 49
Foto por: Matilde Cunha 50 MELANCIA
Moda & Lifestyle
Entrevista por: Mafalda Jesus Blog por: Tatiana Figueiredo
Tatiana Figueiredo, autora do blog “The Close Up”, é jornalista de profissão e mãe a tempo inteiro. Este projeto surge das saudades de escrever e da vontade de criar uma plataforma de partilha e inspiração sem filtro, focada apenas no que a apaixona. Aqui podemos encontrar dicas de lifestyle, moda, viagens e algumas entrevistas. Visita :)
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“O THE CLOSE UP COMEÇOU PORQUE SENTIA SAUDADES DE ESCREVER (TRABALHO EM TELEVISÃO!), QUERIA FAZER MAIS E MAIS ENTREVISTAS E QUERIA DAR FORMA A UM PROJECTO DE PARTILHA E INSPIRAÇÃO QUE ME FAZIA MUITO SENTIDO.”
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1) MELANCIA: Quem é a Tatiana? TATIANA: A Tatiana é uma mulher, jornalista de profissão, blogger nos tempos livres e mãe a tempo inteiro! Sou uma sonhadora, gosto de levar os meus dias com tranquilidade e divertir-me com tudo aquilo que faço. Ler um bom livro, ir ao cinema, passear em família, partilhar bons momentos com amigos e levar a minha máquina fotográfica para todo o lado são algumas das coisas que mais gosto de fazer! Lisboeta de alma e coração, adoro a imprevisibilidade dos meus dias, gosto de uma boa conversa, um bom copo de vinho, de descobrir e contar histórias. Sou lutadora e persistente, agarro os meus sonhos com toda a alma. 2) M: Como surgiu a ideia de começar este blog? T: O The Close Up começou porque sentia saudades de escrever (trabalho em televisão!), queria fazer mais e mais entrevistas e queria dar forma a um projecto de partilha e inspiração que me fazia muito sentido. Sem pretensões, apenas as minhas escolhas e aquilo que me apaixona. 3) M: O que podemos encontrar no “The close up”? T: No blog podemos encontrar muita inspiração, lifestyle, moda, rostos que fui conhecendo, fotografias que vou tirando. É mesmo uma plataforma de lifestyle que busca, acima de tudo, a beleza em tudo o que nos rodeia!
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4) M: Onde encontras inspiração? T: Encontro inspiração no meu dia-a-dia, nos meus gostos e escolhas pessoais mas também passo muitas horas a “viajar” pela internet, a procurar outros blogs, a conhecer outras plataformas. O mundo digital é fascinante e pode trazer-nos muitas ideias, muito conhecimento 5) M: O que foi mais difícil no desenvolvimento deste projeto? Foi fácil conquistar seguidores? T: Começar é fácil, manter é que é difícil. A cadência de posts com qualidade é o maior desafio, conciliar este espaço com o meu trabalho a tempo inteiro e, claro, ir direto ao coração dos outros. Hoje em dia existem muitos blogs, muitas plataformas online de referência mas se mantivermos a nossa linha, tudo acaba por acontecer. Foi o que se passou com o The Close Up, acredito que tem o seu público conquistado e tudo vai rodando... 6) M: Do mundo dos blogs, quais é que destacas? T: Esta é uma pergunta muito difícil! Visito muitos blogs, muitos sites, com temáticas variadas: moda, lifetsyle, culinária, viagens! É difícil escolher mas posso dizer que adoro as bloggers australianas! Inspiram-me imenso! 7) M: Que conselho darias a quem está a começar? T: Não sei se me sinto na posição de dar conselhos mas penso que há que ter alguma estratégia se o objetivo for construir algo rentável. Criar uma linha, pesquisar muito aquilo que já se faz em Portugal e idealizar algo diferente, seja na temática seja na abordagem. 8) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) T: A MELANCIA Mag foi uma deliciosa descoberta, um espaço que tenho a certeza me vai inspirar. Parabéns pelo vosso trabalho de qualidade, espero que construam um bom caminho com um bom público! A quem já a lê, que se deixe inspirar como eu!
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@pointeshots
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Tatuagem
Entrevista por: Juliana Lima Imagens: Vitória Vilela
Vitória Vilela é uma jovem brasileira com apenas 23 anos mas, apesar da idade, já apresenta um trabalho muito consistente e profissional como tatuadora. Esta paulista começou seu percurso como desenhista num estúdio do interior de São Paulo e hoje espalha tatuagens de estilo delicado, com traços finos e bem femininos. Não perca esta entrevista e descubra connosco as suas inspirações!
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1) MELANCIA: Quem é a Vitória Vilela? VITÓRIA VILELA: Tatuadora, estilista e ilustradora. Gosta de gatos, flores e rock’n’ roll.
atenção com os seus clientes, dedicar-se a cada tattoo e nunca parar de estudar. A criatividade também é essencial para tentar trazer sempre algo de novo aos desenhos.
2) M: Como e quando começou o teu percurso no mundo da tatuagem? VV: Aos 17 anos, eu comecei como desenhista num estúdio de tattoo do Interior do Rio de Janeiro, onde eu morava. O tatuador precisava de alguém para ajudá-lo com desenhos e eu passava a tarde no estúdio, desenhando, e só olhando ele tatuar. Depois de alguns meses, voltei para São Paulo e decidi dar continuidade a isso, mas, desta vez, tatuando. Como eu estava na faculdade e a estagirar em moda, o jeito foi fazer tudo de forma independente, porque aí eu conseguia encaixar nos meus horários livres e continuar a fazer tudo.
5) M: Trabalhas com traços finos e praticamente tatuas apenas com tinta preta, por vezes com detalhes em vermelho. Algum motivo específico? Como defines o teu estilo? VV: Certo! Eu prefiro trabalhar com tinta preta, pois eu sempre desenhei assim, e acho que combina muito mais com meu estilo do que cores no geral. Eu acho que o que mais define o meu estilo são os traços finos (fineline) e desenhos bem detalhados, ora em pontilhismo, ora em linhas.
3) M: Que tatuadores te inspiram? VV: Primeiro, a minha “mestre” mais linda, a Luiza Fortes, que eu admiro muito pelas suas tattoos impecáveis, pela delicadeza e precisão que só ela tem. A ucraniana Diana Severinenko inspira-me muito com os seus florais e desenhos de animais, também super delicados. 4) M: Na tua opinião, o que é essencial para ser uma boa tatuadora? VV: Acho que o mais importante é ter responsabilidade e
6) M: Lembras-te da primeira tatuagem que fizeste? Conta-nos qual, em quem e como te sentiste. VV: Sim, claro! Foi numa amiga minha, que quis muito ser a primeira cobaia. Escolhemos um desenho pequenino, e eu estava mais tensa do que ela, isso é o que mais me lembro. Mas, no final, foi rápido e deu tudo certo. 7) M: Quais são as maiores dificuldades desta profissão? VV: Eu acho que ter um estilo próprio, no meio de tantos tatuadores é algo que nunca é muito fácil, mas que é necessário buscar. E às vezes os clientes pedem-nos para copiar algo e temos de ser firmes na questão do trabalho único e autoral. E valorizar isso.
“ACHO QUE O MAIS IMPORTANTE É TER RESPONSABILIDADE E ATENÇÃO COM OS SEUS CLIENTES, DEDICAR-SE A CADA TATTOO E NUNCA PARAR DE ESTUDAR. A CRIATIVIDADE TAMBÉM É ESSENCIAL PARA TENTAR TRAZER SEMPRE ALGO DE NOVO AOS DESENHOS”.
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8) M: Que conselhos deixas a quem sonha ser tatuador? VV: Bom, acho que ter muita paciência no começo, pois é preciso estudar muito até conseguir dominar a técnica. Desenhem muito, observem e com tempo e prática vão evoluir e conseguir resultados melhores no trabalho :) 9) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) VV: Quero agradecer pelo convite para a entrevista e dizer que fico muito feliz por ter tanta gente “legal” gostando do meu trabalho! Isso faz-me querer evoluir mais... sempre!
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Ilustração & Street art
Entrevista por: Mafalda Jesus Trabalhos por: Nuno Alecrim
“Um explorador de sonhos” assim se descreve Nuno Alecrim, street artist e autor da nossa capa. Com grandes influências no design gráfico, área de formação, apresenta-nos trabalhos monocromáticos e geométricos com uma forte identidade artística. Em constante crescimento, participou recentemente na Moda Lisboa e no Festival Muro, onde desenvolveu dois grandes murais em que incluiu a tipografia, um elemento que está a explorar nas suas novas intervenções.
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1) MELANCIA: Quem é o Nuno? ALECRIM: Um explorador de sonhos... 2) M: O design é uma grande paixão na tua vida. Como surge a ideia de passar do ecrã para a parede? A: Já fui mais apaixonado por design gráfico, neste momento design gráfico é o meu trabalho, a minha paixão são as artes plásticas, é ai que consigo ser livre e realmente fazer aquilo que quero e gosto. Claro que grande parte da minha inspiração e composição advém dos meus conhecimentos como designer gráfico. Passar do ecrã para a parede!? É engraçado, porque essa parte da historia é um ciclo que se fechou. Começa primeiramente na parede, em seguida passa para o ecrã e volta de novo a parede. Em 97/98 com o graffiti puro e duro, letras tags e muitas latas. E foi isso que me levou ao design, em 2004 tenho a minha primeira abordagem ao design onde aprendo alguns programas da área e onde começo a desenvolver os meus primeiros trabalhos como designer gráfico. Deixo de pintar na rua e vou tirar o curso de design gráfico de comunicação, passado alguns anos de muito ecrã e de varias experiências, a nível profissional e pessoal, como serigrafia, gravura, block print, têxtil... Mas sempre com aquele bicho das
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pinturas dentro de mim. Em 2016 volto as paredes com uma abordagem e conhecimento completamente diferente da inicial, dai dizer que é um ciclo que se fechou. Por muita voltas que possamos dar, as nossas raízes são sempre as nossas raízes, de uma maneira ou de outra são elas que nos vão guiar ao longo da vida. 3) M: A geometria, a repetição e o preto e branco caracterizam as tuas intervenções e tornam-nas facilmente identificável. Fala-nos do teu trabalho e das tuas inspirações. A: A geometria faz parte da minha metodologia e enquadramento em quanto designer gráfico, onde se usam bastantes grelhas e formas geométricas para se obter composições gráficas. A repetição e os padrões vêm também dessa fonte, mas também das minhas viagens e de outras culturas, adoro viajar e tomar contacto com novas culturas, obtendo inspiração e conhecimento de novas técnicas e grafismos. De momento estou a tentar quebrar um pouco com essa estrutura rígida e fechada que é a geometria, vou continuar a usá-la mas quero explorar novos elementos, mais orgânicos e livres. Um dos elemento que usei nas minhas duas últimas peças e que quero aprofundar melhor, o meu conhecimento e técnica, é a tipografia.
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A natureza também ela tem uma grande influência em mim...O preto e branco... São cores simples, básicas, minimalistas... O preto foi uma das primeiras cores usadas pelo homem para criar, comunicar. Gosto muito de cores, de trabalhos coloridos... Mas neste momento vejo a cor como uma distração para o observador, no meu trabalho quero dar primordialmente preferência à forma, à composição, daí trabalhar muito com positivo/negativo, usando somente duas cores. Talvez um pouco influenciado pela fotografia a preto e branco, que é outra das minhas grandes paixões ou mesmo pela técnica do block print que explorei em têxtil. Tenho pensado e estudado a possibilidade de colocar pontualmente uma cor mais no meu trabalho, gostei bastante do resultado da cor vermelha na minha última obra no festival Muro, é uma cor com uma grande carga simbólica. 4) M: Foste convidado recentemente para o desfile “Awaytomars” na Moda Lisboa, como foi essa experiência? A: Intensa, desafiante, rápida! 25 minutos numa intervenção ao vivo passam a voar... Desassossegada, não sabíamos bem como as tintas se iriam comportar no pano cru, fiz uns testes em casa, mas de resto, foi tudo na hora que tomei o verdadeiro contacto com os materiais. Mas foi fantástica a experiência! Fazer uma intervenção ao vivo para cerca de 400 pessoas na moda lisboa foi sair um pouco da minha zona de conforto, mas correu muito bem e gostei muito do resultado final do desfile. Foi uma honra poder partilhar o espaço e momento com tão bons artistas, obrigado a todas, obrigado Awaytomars. 5) M: E o Festival Muro? Como foi partilhar esta experiência com grandes nomes da street art? A: Muito gratificante, participar num evento com as dimensões do Festival Muro, conhecer e partilhar experiências com artistas de tão elevado nível e experiência é muito bom. Foi onde, e citando um amigo meu (Heitor), coloquei fermento no padrão, foi o meu primeiro trabalho a uma escala daquela dimensão, foi um bom desafio, onde aprendi muito, tanto a nível pessoal como com o colectivo de artistas e produção. Dias FunTásticos!
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“APRECIO E DOU VALOR A QUALQUER TIPO DE ARTE E AO TRABALHO DE CADA ARTISTA, MESMO QUANDO NÃO PERCEBO OU GOSTO MENOS DO TRABALHO, TENTO SEMPRE BUSCAR ALGUMA BOA ILAÇÃO NISSO.”
6) M: No leque de artistas portugueses, quais destacas? A: Não quero dar destaque a nenhum em particular, para o fazer teria de colocar aqui uma lista infindável de nomes. Acho que Portugal tem artistas fora de série, não só na chamada street art... em tudo! Aprecio e dou valor a qualquer tipo de arte e ao trabalho de cada artista, mesmo quando não percebo ou gosto menos do trabalho, tento sempre buscar alguma boa ilação nisso. Claro que tenho artistas que me inspiram mais! Não só pelo seu trabalho, mas também pela sua maneira de ser e de ver as coisas. Artistas que me levam a auto desafiar, a querer melhorar e a explorar novas técnicas... Como o uso de raízes de plantas e cordas em alguns dos meu trabalhos!
Falando particularmente da pintura mural, é bom termos espaços onde as pessoas possam apreciar e levar consigo algo diferente no seu dia a dia, quebrar a rotina, pôr as pessoas a pensar e se questionarem sobre o que estão a observar, experiênciar, fazê-las parar! Tirar um pouco o preconceito que a arte pertence a um determinado espaço, suporte ou público. “Sab kuch milega” é uma frase Hindu que quer dizer, tudo é possível!
7) M: Neste momento a street art está cada vez mais presente nas cidades e na sociedade. Como vês esta evolução? A: É muito bom está revitalização, da arte, da pintura de mural!
9) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) A: O importante é criar, e não parar...
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8) M: O que é essencial no teu dia-a-dia? A: Ter um objectivo, um desafio, conhecer e explorar novas coisas, ter um trabalho em andamento... a minha família, a Eva.
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@hedgare_estrela
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Ilustração & Street art
Entrevista por: Juliana Lima Imagens por Tarcio Vasconcelos
Tárcio Vasconcelos, 30 anos, é brasileiro, nascido em Salvador, Bahia, e manifesta as suas crenças, o seu modo de encarar a vida e o seu universo encantado na sua arte. Vem connosco e descobre o mundo criativo, cheio de referências e tão inspirador deste artista.
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1) MELANCIA: Quem é o Tárcio Vasconcelos? TARCIO VASCONCELOS: Olá! Sou artista visual graffiteiro/ ilustrador, natural de Salvador – Bahia, Brasil. Ariano, filho de Logunedé e de Oxum. 2) M: Quando percebeste que a arte era o caminho a seguir? T: Sempre tive o desenho como atividade complementar na minha infancia, cresci num bairro que tinha bastante grafiteiros e aos 16 anos fiz meu primeiro graffiti a partir daí me interessei em estudar e fui para a Escola de Belas Ates da UFBA (Universidade Federal da Bahia). 3) M: O que distingue as pessoas criativas das outras? T: Acredito que a vontade de contar histórias e de motivar as pessoas a conhecer o “novo”... a inquietação desse mundo e com certeza a busca por um universo mais lúdico e com outros conteúdos. 4) M: Natureza, cultura, fé, religião. Fala-nos sobre sobre as tuas inspirações. T: Nasci em Salvador, ambiente muito barroco, musical e inspirador o tempo inteiro, frenquentei a igreja na infância e na adolescência, descobri o Candomble, onde sou Ogan de Oxum. Lá praticamos o bem, somos aliados da natureza e temos fé como o condutor de nossa vida. Os animais sao deuses e onde tambem se manifestam os orixas ! Eu vivo nesse mundo encantador!!
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“SOU BASTANTE INQUIETO, E BUSCO SEMPRE SOLUÇÕES CRIATIVAS, DINÂMICAS, O MEU TRAÇO, ALIADO AOS TEMAS QUE TRADUZO, FALA UM POUCO SOBRE MIM” 5) M: O que difere o teu trabalho de outros artistas e ilustradores? T: Eu sou bastante inquieto, e busco sempre soluções criativas, dinâmicas, o meu traço, aliado aos temas que traduzo, fala um pouco sobre mim. Cada um tem o seu mundo! Tento estudar todos os dias e nunca me acho suficiente. 6) M: Lápis, tinta, xilogravura, aguarela, spray, cerâmica, porcelana... fala-nos sobre o seu processo criativo e as técnicas que usas para expressar a sua arte. T: Tem os modernistas brasileiros e a arte Naïf como inspiração, essa “galera” nao liga muito para materiais ou técnicas resbuscadas para se manifestar artisticamente. Eu vou meio sem um roteiro definido, tento experimentar de tudo e ver o que encaixa em cada imagem que faço. Su uma ferramenta das artes! O que tocar eu danço! 7) M: Qual é o teu lema? T: Ser feliz! Comunicar com as pessoas, ser um homem melhor, uma referência positiva! E que a arte seja indispensável na vida de todos! 8) M: Onde encontramos a Tárcio quando não está a ilustrar e espalhar a sua arte por aí? T: Estou sempre na rua. Sou bem “rueiro”, amo padaria, uma cervejinha... acordo sempre cedo e amo o som dos pássaros.. 9) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) T: Salve! Muito obrigado pelo convite! Desejo aos leitores muita arte e muita LUZ nesse mundo e que tudo de ruim vai passar! É so querermos!
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JOICE TRUJILLO
Brasileira, ilustradora, 32 anos. Nesta edição apresentamos o bate-papo com uma amiga de infância da Juliana, a metade brasileira da MELANCIA mag. Joice Trujilo é formada em Design de Moda, é ilustradora e tem 32 anos. Conheça um bocadinho sobre a dona destes traços delicados e tão femininos. 1. Quem é Joice Trujillo? Sou filha de uma família grande, com quatro filhos. Desde criança carrego essa paixão comigo, desenhar era o momento mais feliz do dia, uma doce lembrança. Eu sempre fui muito sonhadora, gostava de criar histórias e universos paralelos e viver um personagem diferente a cada dia. Sempre gostei de arte, tinha uma paixão por figurinos, história, e por indumentária da moda. Ao longo destes anos, trabalhei como designer na área de moda. Até que, em 2012, trabalhando com estamparia em uma confecção, senti que faltava algo, passei a buscar dentro de mim novas referências, descobri a minha paixão por ilustrar e resolvi trilhar um novo caminho.Criar leva-me a lugares desconhecidos a cada dia, desenhar conecta-me com o que há de melhor em mim, traz mais beleza para aquilo que ficou de canto, mais leveza para os pesares, e mais encanto para o tédio de cada dia. Criar é ser eu mesma, sem máscaras, sem medos, sem pudores. Criar é brincar eternamente com a criança que existe dentro de mim, é viver uma fantasia a cada dia, criar acima de tudo, me liberta!
muito forte. Não consigo dar um nome ou descrever o meu trabalho, é só uma maneira de trazer o que está aqui dentro para fora, de me conectar com as pessoas, de despertar a beleza e alegria aos olhos de quem vê. E poder transportar as pessoas para outros lugares e dimensões, outros universos paralelos. 4. Quais as tuas inspirações? Logo que comecei a estudar, ainda menina, eu tinha muita curiosidade sobre seres encantados. Todos os seres da terra, da natureza, do fundo do mar e tudo que era misterioso e desconhecido, pois a realidade para mim nunca teve muita graça. Foi assim também que conheci o movimento Art Nouveau, em que predominam as formas orgânicas, e nomes como Alphonse Mucha e Gustav Klimt, comecei a estudar a respeito e foi ali naquele momento que eu me encontrei. Também apreciava Histórias em quadradinhos e a arte urbana, que possuí traços mais marcantes e formas menos óbvias. Atualmente, tenho procurado não seguir inspirações, e sim buscar mais o que há dentro de mim. 5.Qual o teu sonho? O meu sonho no momento é poder ajudar o planeta Terra, os seres humanos, e os animais. Tem muito a ver com liberdade, com o despertar da consciência. Levar um pouco de amor através do meu trabalho para cada canto do mundo.
2. Quando e como começaste a ilustrar? Muito disso começou ainda bem pequena, observando a minha avó materna a costurar os seus vestidos de festa e a contar as suas histórias, foi ela também quem me ensinou a costurar. Encantava-me com o toque dos tecidos, as texturas, o brilho e as cores das estampas. Passava horas do meu dia desenhando e criando coisas, era o que eu mais gostava de fazer. 3.Tens traços delicados e a figura feminina muito presente nas suas ilustrações. Como descreves o teu estilo? Tenho uma conexão muito forte com o feminino, que sempre me acompanhou. Gosto de tudo que é belo, os ornamentos, tudo que é etéreo e lúdico, a natureza e todos os seus contornos, as formas femininas e tudo que elas representam. Gosto principalmente deste contraste que o feminino proporciona, ele é frágil e delicado, mas também MELANCIA 89
Toma Nota PORTUGAL
ALL AMERICAN WAY Gostas de americanices? Então segue para Campo de Ourique, o bairro lisboeta com mais novidades comestíveis por metro quadrado. Our american way é um café restaurante (ou será um ‘diner’?) com um menu saído daquelas séries americanas a saber a milkshake, pancake e apple pie. Yeah, não falta nada. Do clássico hambúrguer à bolacha americana, dos petiscos de influência mexicana ao ‘all american breakfast’, a ementa é assim uma espécie de route 66 da gastronomia made in USA. Let’s go? Rua 4 de Infantaria nº8 A Lisboa Das 8h às 19h. Fecha ao domingo. Sabe mais em: www.ouramericanway.pt
TASTY DISTRICT O Porto está (ainda) mais tasty! O mês de julho viu nascer o Tasty District, a área de restauração centro de negócios e lazer District Offices and Lifestyle. São nove conceitos de comes e bebes reunidos no mesmo espaço, o piso térreo do edifício que já foi prisão e garagem da PSP. Há vinhos e petiscos, hambúrgueres, crepes e gelados, comida asiática, biológica e até um spot exclusivo para fãs de batatas fritos. Assenta os nomes: Wine@District, Pinguim Café, Walkin’Chips, Burguers&Co, Português de Raça, JAPO, Oreggin, Maria Palito e Segrafedo. Rua Augusto Rosa, 39, Porto Das 12h às 00h. Sexta, sábado e véspera de feriado até às 02h. Sabe mais em: www.my-district.com/tasty
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Toma Nota BRASIL
ABRAÇO CULTURAL O que há de melhor que um bom abraço? Pois bem, essa escola de idiomas tem um conceito diferenciado e leva abraço no nome. E cá entre nós, o nome não poderia ter sido melhor escolhido. O Abraço Cultural começou em 2015, focado na proposta de aproximar refugiados e brasileiros por meio de cursos de idiomas e do intercâmbio entre culturas a partir dessas aulas. Desde então são cerca de 20 professores de diferentes nacionalidades que foram treinados pela equipe pedagógica do Abraço, que também desenvolveu um material didático próprio. A proposta do curso é uma viagem pela cultura dos professores. As aulas acontecem em uma das unidades do Abraço em São Paulo ou no Rio de Janeiro. Abraça essa oportunidade! Sabe mais: www.abracocultural.com.br
BEE.W HOSTEL BAR Concertos, cinema, gastronomia, bares, museus, parques, exposições... A cidade de São Paulo merece ser descoberta e o Bee.W Hostel Bar nasceu para preencher uma lacuna no cenário mochileiro desta metrópole. Criado para oferecer uma experiência exclusiva aos hóspedes, juntamos, a baixo custo, conforto, design, sustentabilidade e um ambiente divertido. A duas quadras da Avenida Paulista e do MASP, conta com um bar super animado com bebidas e comidas baratas, decoração clean e moderna, ar condicionado, camas com luz individual e café da manhã incluído. Sabe mais em: www.beewtravel.com.br
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delícia de melancia POR: CÁTIA MARCACHITA
BOLACHAS DE MANTEIGA (MELANCIAS)
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1. BOLACHAS - 100gr manteiga - 100gr açúcar em pó - 1 ovo - 200gr farinha 1. Misture a manteiga com o açúcar em pó e sem bater muito adicione o ovo. Envolva. 2. Por fim adicione a farinha e amasse, até que se forme uma massa uniforme. 3. Leve ao frigorífico pelo menos por 2h. 4. Ligue o forno a 180° e estenda a massa sobre uma superfície enfarinhada. 5. Cortar as bolachinhas com um formato redondo e cortar em dois. 6. Coza até que fiquem com uma tonalidade dourada. Retire e deixe arrefecer por completo 2. DECORAÇAO - Pasta de açúcar vermelha, verde, branca e preta. - Cortador redondo 1. Usar o cortador redondo e cortar em dois para fazer a parte vermelha da melancia. 2. Estenda a massa verde e branca e faça pequenas tiras. 3. Com a pasta preta faça pequenas gotas para parecerem pevides.
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JULIANA LIMA IDADE: 32 anos PROFISSAO: Brand Strategist Esta edição partilhamos o street style da nossa editora, a metade brasileira da MELANCIA mag que esteve a passear por Montevideo, Uruguai.
LOOK: Casaco: Guess Chapéu: Vanderholl Vestido: H&M Mala: Vintage Tenis: New Balance
“Tenho um olhar curioso, por isso estou sempre atenta a tudo o que acontece ao meu redor. Quando viajo, gosto de sentir-me como uma local, gosto de viver a cidade.” O MEU HOBBIE É Viajar e descobrir novos artistas e projetos interessantes. O MEU ESTILO É Casual e Desportivo
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@rubiaamarelo
@anamax_1965
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by: Alecrim