MELANCIA mag
Cultura Visual & Lifestyle # 16 | Dezembro 2016 | melanciamag.com MELANCIA
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@joanarosac_illustration
MELANCIA cultura visual e livestyle mag #16 / dezembro 2016
idealizadoras Juliana Lima & Mafalda Jesus sp e
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Subway Doodle | ilustração Ju Amora | ilustração Lara Rodrigues | festival de arte urbana Gabriela Saueia | fotografia Pedro Salgado | parkour José Pinheiro | fotografia Violant | streetart Valas | música Gustavo Ávila | literatura Renato Tizzi | empreendedor Ana Henriques | revisão Marina Carmona Família | Amigos
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Capa e Contra Capa by: José Pinheiro
e-mail: melanciamag@gmail.com | www.melanciamag.com | facebook/melanciamag | instagram: @melanciamag
ho ho ho :) o natal chegou Estamos quase a dizer adeus a mais um ano. Bye-bye, 2016! Dezembro é, por excelência, um mês doce, de festa, de partilha, de amor. De luzes, cor, de comunhão com os que nos são mais queridos. Chegou a hora de montar a Árvore, o presépio, enfeitar a casa, esperar pelo Pai Natal e despertar a criança que há dentro de cada um de nós... de alimentar as expectativas em relação ao presentes que estão por vir. Afinal, sempre nos portámos bem. Não é verdade? A MELANCIA agradece a colaboração e partilha de ideias, sonhos e projetos dos mais variados artistas, nesta nossa última edição deste ano, assim como ao longo dos restantes meses. Isso sim, é um verdadeiro presente para nós. Experiências, música, criatividade, literatura, empreendedorismo, cores, sabores, imagens, talento e muita inspiração que nos ajudaram a rechear esta doce talhada de melancia do mês de Dezembro. Aproveitem, festejem e deliciem-se! Até para o ano!
UM INSTAGRAM SOBRE STREET ART PELO MUNDO fotos por: Mafalda Jesus instagram.com/walk_in_walls
índice JOSÉ PINHEIRO
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PEDRO SALGADO
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A ESCOLHA DAS EDITORAS
TOMA NOTA
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PING PONG
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DELÍCIA DE NATAL
DEPOIS DAS SEIS
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GUSTAVO ÁVILA
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ESTAU
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106 ESTILO QUE ANDA POR AÍ
VIOLANT
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SUBWAY DOODLE
JU AMORA
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Ilustração & Fotografia
SUBWAY
DOODLE Entrevista por: Mafalda Jesus Ilustrações por: Subway Doodle
De certeza que já viste estes monstros azuis por aí, nas partilhas do Facebook ou no Instagram. Ben Rubin, conhecido com Subway Doodle, é um artista de Brooklyn que, para além da sua empresa “The Mint Farm”, tira fotos no metro e ilustra posteriormente. O resultado é incrível e fica impossível não rir. Podemos ver diferentes espécies em interação com os passageiros, de uma forma crítica e humorística.
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“ENQUANTO ADORAVA DESENHAR LINHAS LIMPAS E BONITAS, AS MINHAS MÃOS NÃO MO PERMITIAM, PORQUE TREMIAM MUITO. POR ISSO ACABEI POR DESENVOLVER UM ESTILO RABISCADO, QUE COMPLEMENTA O MEU TREMOR.” 1) MELANCIA: Quem é o Subway Doodle? SWD: Um artista que vive em Brooklyn, Nova York. Desenho num iPad no metro subterrâneo (e noutros sítios). Vivo numa casa cheia de monstros (quero dizer, crianças). 2) M: Sempre quiseste ser ilustrador? SWD: Desde os 17 anos que quero ser cartunista. Aos 11 anos, tive o meu primeiro cartoon impresso num jornal local. Continuei a desenhar banda desenhada durante a escola e a faculdade, para estudantes e jornais locais. Estudei Belas Artes na faculdade e consegui uma carreira como ilustrador e cartunista. Depois entrei no mundo criativo da televisão e desde aí que trabalho na indústria do entretenimento. 3) M: Como desenvolveste uma linguagem visual tão distinta, que vemos no teu trabalho hoje em dia? SWD: O meu estilo foi desenvolvido através de anos e anos a desenhar. Enquanto adorava desenhar linhas limpas e bonitas, as minhas mãos não mo permitiam, porque tremiam muito. Por isso acabei por desenvolver um estilo rabiscado, que complementa o meu tremor. 4) M: Fala-me do teu processo. Tiras uma foto no metro e o que vem depois? SWD: Tiro fotos com o meu iPhone e elas aparecem no photostream no meu iPad. Importo as fotos para o Procreate, e depois eu “doodlo”! 5) M: Quem são estes monstros? SWD: Prefiro o termo criaturas”. A palavra “monstros” tem 12 MELANCIA
uma conotação demasiado negativa. Sempre adorei desenhar criaturas estranhas, são divertidas de criar e nunca os desenhas mal! Algumas são baseadas em criaturas que toda a gente encontra no seu dia-a-dia na cidade, mas algumas são apenas estranhas criações que desenho pelos simples prazer que é desenhar. 6) M: Consegues viver apenas da ilustração? É o teu trabalho a tempo inteiro? SWD: Subway Doodle começou como um hobbie. Nunca pensei que tomasse estas dimensões. Se vivo disto? Não. Se eu gostava? “Hell yes!”. Quando não estou a “doodlar”, tenho uma pequena empresa de produção chamada “The Mint Farm” (www.TheMintFarm.com). Criamos pequenos conteúdos e promoções em direto na televisão, web e redes sociais. 7) M: Fala-nos das tuas influências. SWD: Dos 12 aos 17 anos, passava todos os domingos a trabalhar no Museu do Cartoon em Rye Brook, Nova York. Estava sempre rodeado de enormes coleções de cartoons e dos melhores artistas. Isso teve uma grande influência no desenvolvimento das minhas capacidades e do meu estilo pessoal. 8) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) SWD: Olá a todos! Obrigado por lerem esta frase. Sejam bons uns com os outros. Desejo-vos o melhor, SWD.
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Ilustração e Artes Plásticas
Entrevista por: Juliana Lima Imagens : Divulgação
Juliana Amorim, mais conhecida por Ju Amora, é uma artista empreendedora, brasileira, de 30 anos. No seu gracioso atelier, em São Paulo, faz experiências e cria os seus lindos projetos. Nesta entrevista, Ju Amora conta-nos detalhes do seu principal projeto, “Banqueteria”, cheio de memórias e significados.
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1) MELANCIA MAG: Quem é a Juliana Amorim? JU AMORA: Uma mulher de 30 anos. Sonhadora, romântica e com uma cabeça frenética. Muitos pensamentos por minuto. Fala alto e com as mãos. Ama música, Beatles, natureza e ouvir histórias. Vegetariana desde os 14 anos, inquieta, questionadora e sempre em busca dos sonhos. 2) M: Porquê “Ju Amora”? J: Ju Amora vem de uma memória de infância. Quando era criança ia sempre para o interior do Brasil. Tinha um vizinho que tinha um pé de amora e eu ficava encantada com ele, eu lembro-me que subia a cerva e pegava as amoras do pé do vizinho. A minha mãe ficava furiosa porque eu manchava a roupa com as amoras. Sempre me encantei com aquela frutinha que também pintava. Descobri já adulta que amora é o feminino do amor... então Ju Amora significa uma memória de infância e o amor. Sempre quis ter o meu negócio, e sempre pensava que este seria o nome... 3) M: Sabemos que és atriz e artista plástica, certo? Quando e como descobriste que a arte era o teu caminho? J: Sempre fui ligada as artes de uma certa forma. Não sei dizer exatamente quando descobri que este era meu caminho. A arte sempre me encantou, todas as suas manifestações. Sempre esteve presente na minha vida. O teatro surgiu na adolescência, mas antes disso lembro que quando criança fazia camisetas para vender na loja da minha mãe... Acho que sempre soube que só seria feliz se eu realizasse algum trabalho ligado a arte. Descobrir que algo te faz verdadeiramente feliz é descobrir o teu caminho. 4) M: Fala-nos um pouco sobre como surgiu e no que consiste o teu projeto principal “Banqueteria”. J: O projeto surgiu de uma pergunta que me fiz: “O que eu gostaria de ter em casa, que fosse pratico, bonito e não ocupasse tanto espaço?” Algo que me trouxesse uma memória afetiva... Então as banquetas me vieram de primeira na cabeça. Banqueta [pequenos bancos de madeira] lembramme a casa da avó, festa improvisada, conversas pela madrugada... O projeto propõe ressignificar um objeto utilitário. Ter uma ligação afetiva com ele. Crio coleções e proponho novas formas de uso para a banqueta. Escuto histórias e reproduzo. Através de técnicas variadas que vão do nanquim à luz neon. 22 MELANCIA
As fotografias são imagens de divulgação, do arquivo pessoal e das redes sociais da artista.
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5) M: Num passeio por Embu das Artes, centro de artesanato local do interior de São Paulo, encontramos um trabalho teu num dos muros da cidade. Como é a tua atuação no cenário de arte urbana? Com qual frequência fazes murais como o de Embu? J: Na verdade aquele foi o primeiro painel que pintei, a convite do site “ Não só o gato”. Não tenho uma atuação na cena de arte urbana. Mas, tenho muita vontade de encher os muros cinzas da cidade com flores. Atualmente tenho feito murais em residências. Que farão parte de um novo projeto, que lançarei no próximo ano. 6) M: Tens outros projetos que gostaria de destacar? J: O Ju Amora tem um braço infantil que chama Ju Amorinha, nele, além das banquetas ilustradas com a temática infantil, também dou oficinas. A criança cria sua própria banqueta e leva-a pra casa. Esta experiência tem sido muito especial pra mim. 7) M: O que é essencial no teu dia a dia? J: Musica e incensos. Tomar sol pela manhã e meditar. Isso muda totalmente o clima do dia. Sempre faço. 8) M: Onde encontramos o Ju Amora quando não está a criar bancos ou pintar por aí? J: Em exposições, feiras, shows, cinema, parque da Água Branca, (em São paulo) observando a natureza, Gopala e Pita Kebab (restaurantes, também em São Paulo), alimentando o corpo e espírito. 9) M: Qual é o teu lema? J: ”Seu real dever é salvar o seu sonho”. É a frase que levo comigo e que mudou a minha vida. Mas, posso dizer que li um dia destes uma frase num muro que adorei como meu lema: “trabalhe duro e seja legal com as pessoas”. 10) M: Deixe uma mensagem para a MELANCIA mag e os seus leitores ;) J: Acho que a mensagem é, apesar de clichê, o importante na vida é salvar nossos sonhos. Amar e de volta ser amado. Espalhem amor por ai. Vivam intensamente. E não deixem ninguém apagar o seu sonho.
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“SEMPRE FUI LIGADA AS ARTES DE UMA CERTA FORMA. NÃO SEI DIZER EXATAMENTE QUANDO DESCOBRI QUE ESTE ERA MEU CAMINHO. A ARTE SEMPRE ME ENCANTOU, TODAS AS SUAS MANIFESTAÇÕES. A E SEMPRE ESTEVE PRESENTE EM MINHA VIDA.”
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Festival de Arte Urbana de Estarreja
Entrevista por: Mafalda Jesus Fotos por: Miguel Oliveira
Estivemos à conversa com Lara Seixo Rodrigues, uma das responsáveis pelo desenvolvimento do ESTAU, o Festival de Arte Urbana de Estarreja. O projeto iniciou-se em Setembro deste ano e deu uma nova vida às ruas desta cidade, através de murais, instalações, workshops, filmes, palestras, visitas guiadas, musica e muito mais. Foram convidados artistas de todo o mundo, entre eles: Kruella D’Enfer, Bicicleta sem Freio, Add Fuel, Fintan Magee, NeSpoon PL e muitos mais. Diz lá, não ficaste cheio de vontade de ir visitar Estarreja? O convite fica em aberto para todos :)
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“QUANDO SE DESENHA UM PROJECTO DESTA DIMENSÃO PARA UM TERRITÓRIO ‘VIRGEM’ EXISTEM SEMPRE INÚMERAS EXPECTATIVAS, NA MESMA MEDIDA DE RECEIOS...”
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1) MELANCIA: Como surgiu a ideia de criar este projeto? Porquê Estarreja? LARA SEIXO RODRIGUES: O ESTAU é resultado de 2 longos anos de trabalho. De final de 2014, data a minha primeira visita a Estarreja. Dentro da Câmara existia a intenção de fazer um evento de Arte Urbana que pudesse transformar a cidade e queriam saber mais sobre esta área, possibilidades, questionar sobre dúvidas e possíveis problemas. O que se seguiu a esta primeira visita e reconhecimento/análise da cidade e comunidade, foi o desenho de um projecto alargado, que pudesse realmente transformar o território e projectá-lo nacional e internacionalmente. Por questões orçamentais e calendário, este acabaria por não avançar, mas concretizar-se-ia uma acção de Arte Urbana, inserida no evento ObservaRia 2015. O sucesso desta intervenção de Bordalo II, o ‘Guarda-Rios’, viria provar (ao executivo camarário que é o responsável pelo convite à Mistaker Maker pelo desenho do ESTAU) o interesse por estas expressões artísticas e a curiosidade e reconhecimento, consolidou as intenções e validade de um projecto mais alargado, cujo trabalho iria ser retomado e reformulado de imediato. 2) M: Como é que a população local recebeu o ESTAU? L: Quando se desenha um projecto desta dimensão para um território ‘virgem’ existem sempre inúmeras expectativas, na mesma medida de receios. Tentamos desenhar e projectar
todos os cenários possíveis, mas nunca se terão certezas de como a comunidade local e/ou nacional, os media irão aderir ou reagir à proposta e sua concretização. A verdade, é que em Estarreja, dia após dia, todos os nossos receios foram sempre dissipados e se observou e sentiu profundamente uma aceitação e adesão ao ESTAU. Não somente por residentes, mas recebemos visitas de cidades vizinhas e longínquas. Já confessámos várias vezes que nunca tínhamos trabalhado com este nível de empatia e fomos também surpreendidos em muitos momentos, desde as visitas constantes e repetidas à pintura de murais, a participação nos workshops, nos actos musicais e nas visitas guiadas (uma delas com mais de 70 pessoas). 3) M: O que isto trás de novo às suas vidas? L: Creio que um dos aspectos mais interessantes deste tipo de projectos se trata da capacidade de mostrar a cidade ‘de sempre’ de uma nova forma. É este um dos feedbacks sempre presentes, que começam a olhar e a descobrir novos espaços, novos recantos. No caso concreto do ESTAU em que pretendemos sempre dialogar com outras áreas e com o património local, é toda uma história, as tradições, etc.. que se descobrem. Os projectos que a Mistaker Maker desenvolve nunca se trata de ‘pintar somente uma parede’, existe sempre uma narrativa, uma intenção clara de transformação, seja ela social, cultural, arquitectónica, etc.
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4) M: Que objectivos estão por trás desta iniciativa? L: A projecção do território, já referida acima, que é algo inerente aos vários projectos / eventos de Arte Urbana, no panorama actual, em Estarreja, assumiam-se como um dos ponto fundamentais de todo o conceito, por que se pretendia mostrar este território como ele realmente é e, infelizmente, desconhecido por muitos ou quase todos. Consequentemente o se pretendia especificamente com o ESTAU, sendo esta uma das suas maiores especificidades, era o diálogo constante e a diferentes níveis, da Arte Urbana com outras áreas artísticas, com a cidade, a sua história, a comunidade, o seu património, a natureza, etc. Para a concretização destes 2 objectivos foram programadas mais de 30 actividades, direccionadas a diferentes públicos, diferentes grupos etários, diferentes interesses, que pretendiam gerar diferentes níveis de participação comunitária. 5) M: A primeira edição foi em Setembro, contando com pintura de murais, workshops, instalações, visitas guiadas, performances, entre outras atividades... Já há planos futuros ou ainda é cedo? L: Nunca é cedo e desde o último dia do ESTAU começámos (Câmara Municipal de Estarreja e Mistaker Maker) a pensar na 2º edição. Voltaremos já no próximo ano, em Setembro e com datas já marcadas na agenda. Estamos já a trabalhar para tentarmos alcançar o nível de sucesso que teve esta primeira edição. 6) M: O que é essencial para que projetos deste género resultem e tenham aderência? L: São vários os aspectos essenciais ao sucesso (a curto, médio e longo prazo) deste tipo de projectos, entre eles: a leitura / análise do território no seu todo, o consequente desenho / conceito, o diálogo permanente e participação da comunidade local, a escolha dos artistas (sempre muito dependente do conceito e objectivos específicos) e obviamente e cada vez mais, a divulgação / comunicação de todo o processo. 7) M: Deixem uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) L: A mensagem só pode ser esta, o convite a uma visita a Estarreja, para que descubram o que foi e é o ESTAU! À Melancia o nosso obrigado por estarem sempre atentos aos projectos que desenvolvemos.
1. by Isaac Cordal 2. ‘AZ144B’ by Add Fuel 3. by SAMINA 4. ‘Diamante’ by Kruella d’Enfer. 5. ‘Head in the clouds’ by Fintan Magee 6. ‘Estarreja’ by NeSpoon PL. 7. ‘A música é uma fera invisível’ by Bicicleta Sem Freio. 8. by: GUR + Casa do Tear + Samina 9. ‘Sideral’ by Hazul 10. ’Memórias’ by Bosoletti 34 MELANCIA
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Fotografia e Intervenção Urbana
depois das seis Entrevista por: Juliana Lima Imagens: Gabriela Saueia
Quem não gosta de contemplar um belo pôr-do-sol? Pois, foi esta admiração, a beleza e toda a energia que irradia da estrela central do Sistema Solar que inspirou este projeto inspirador chamado “Depois das Seis”. Gabriela Saueia, jornalista brasileira, de 28 anos, conta-nos nesta entrevista como surgiu esta ideia e como mantém vivo o seu objetivo de registar momentos únicos e lindos que por vezes deixamos passar sem nos darmos conta.
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1) MELANCIA mag: Quem é a Gabriela Saueia? DEPOIS DAS SEIS: Definir-me é uma das coisas que acho mais complicadas. Acho que, resumidamente, eu gosto das pequenas grandes coisas da vida, gosto de ir a um bar qualquer para conversar com meus amigos, de passar tempo com o meu cachorro e os meus dois gatos, gosto bastante de ler, de praticar desporto (atualmente jogo flag football - modalidade do futebol americano) e de olhar para a imensidão do céu - acho que dá uma perspetiva de que somos pequenos, perto do tamanho desse mundão. 2) M:Qual a tua idade, formação e profissão? D: Tenho 28 anos, sou formada em Jornalismo e atualmente trabalho como freelancer. 3) M: Qual o propósito do “depois das seis”? D: O “depois das seis” surgiu para tentar mostrar um pouco da beleza que está escondida no meio do nosso dia-a-dia e que, muitas vezes, deixamos passar despercebida por causa da correria. Acho que é um jeito de mostrar que as melhores coisas da vida não são coisas e que existe muita beleza escondida nos detalhes dos dias, que tudo depende do que a gente escolhe ver. O projeto começou apenas com fotos de uma máquina analógica que possibilita o uso das polaroids (utilizo uma Diana com Instant Back da Lomography) e o objetivo foi mostrar que cada dia é único e que, assim como a fotografia instantânea, uma foto nunca vai ser a mesma do que outra, assim como o céu nunca vai ser igual - mesmo nos dias cinzas. Com o passar do tempo, além das polaroids, introduzi também o uso da câmara digital e desde então fotografo nos dois formatos, para mostrar que existe também uma diferença entre as duas máquinas e os dois estilos. 4) M: Como e quando surgiu a ideia deste projeto de fotografias + intervenção urbana? D: O projeto surgiu da minha vontade de fotografar todos os dias e acabou por combinar com o pôr-do-sol, por ter essa coisa de um dia nunca ser igual ao outro. O “depois das seis” foi tomando forma conforme isso foi acontecendo. No começo, eu fotografava sempre do mesmo lugar e com o passar do tempo acabei por encontrar no projeto um jeito de redescobrir a cidade, seja ela qual for., e conhecer novos lugares de uma maneira um pouco diferente. Comecei a fotografar todos os dias em Março de 2013 e, em Setembro desse mesmo ano, decidi transformar essas fotografias em “lambe-lambe” (expressão usada no português do Brasil que caracteriza a colagem de cartazes em muros) porque, no final das contas, a rua é onde o projeto acontece - onde fotografo - e acho que a intervenção urbana é um jeito de tentar mostrar a quem anda pelas ruas uma outra maneira de olhar para os dias e para a cidade em que vivemos. 5) M: Qual o local mais curioso e especial que fotografaste e expuseste as tuas fotos? Por quê? D: Houve vários lugares especiais ao longo destes quase quatro anos de projeto, mas os que eu mais gosto são aqueles que eu acabo por encontrar por acaso. Uma vez, fui fotografar no bairro da Casa Verde (localizado na Zona Norte da Cidade de São Paulo), meio sem destino, e acabei encontrando algumas crianças com papagaios de papel e uma vista incrível para o sol se pondo no meio das casas. Outro lugar que me marcou foi uma vez que o céu estava totalmente encoberto durante o dia, mas as nuvens ficaram vermelhas durante o pôr-do-sol, eu tive que sair correndo
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pra conseguir chegar na Ponte do Piqueri para conseguir fotografar. Também já fotografei durante a semana no meio do Minhocão, o que é meio complicado porque é um viaduto, mas o sol se põe lá durante o inverno em São Paulo e a vista vale a pena. Acho que todos os lugares que já espalhei os “lambes” acabam por tornar-se especiais, porque eu sinto como se eu estivesse a deixar um pedaço de mim pelos muros da cidade, tentando colorir um pouco os dias de quem passa pelas ruas e observa o que a cidade tem para contar. 6) M: Tens vontade de o fazê-lo em algum local diferente e específico? Qual? D: Tenho vontade de levar o projeto para bastante lugares, de viajar com o “depois das seis”. Já tive a oportunidade de tirar as fotografias de algumas cidades diferentes aqui no Brasil, também nos Estados Unidos e na Europa. Mas tenho vontade de sair por aí, pegar um carro e seguir pelas estradas e cidades descobrindo novos lugares e outros jeitos de ver os dias em cada pedaço do mundo. Sei que é meio utópico, mas é algo que tenho vontade de fazer desde que o projeto começou. Até porque acho que não é só em São Paulo, onde o projeto surgiu e onde a maioria das fotos é tirada, que as pessoas acabam por não reparar nas coisas bonitas que a cidade proporciona por causa da rotina corrida. 7) M: Tens outros projetos pessoais? D: Tenho, mas não sei se pretendo divulgar da mesma forma como faço com o “depois das seis”. 8) M: Qual o teu lema? D: Não sei se tenho um lema, mas procuro sempre ver as coisas boas no meio dos dias, mesmo quando parece que tudo é cinza. Existe beleza no meio de todo o caos que a gente vive e reparar nisso faz com que os dias fiquem um pouco mais leves. 9) M: Deixa uma mensagem para a MELANCIA mag e a todos os seus leitores ;) D: Primeiro queria agradecer, de coração, por vocês se interessarem pelo projeto, é muito bom quando vemos algo a que nos dedicamos a crescer assim. Parem um pouquinho para observar os detalhes daquilo que existe ao nosso redor. Pode parecer “bobagem”, mas algumas coisas, que às vezes a gente acaba não reparando, conseguem mudar nosso dia para melhor.
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Freeruning & Parkour
pedro salgado Entrevista por: Mafalda Jesus Fotos por: Divulgação
Representa o nosso país pelo mundo fora e já foi campeão mundial diversas vezes. Pedro Salgado, um jovem de 26 anos, pratica freerunning e parkour desde 2007 e desde aí nunca mais parou. Nesta entrevista, conta-nos como tudo começou e fala-nos das suas inspirações. Deixou um desafio a toda a gente: sair à rua e tentar fazer uma coisa nova todos os dias.
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1) MELANCIA: Quem é o Pedro? PEDRO: É um freerunner profissional com 10 anos de experiência. Cresceu nas ruas de Lisboa, onde foi inspirado a mover-se de forma rápida e criativa. Mais tarde, encontrou o Parkour, que se tornou a sua vida e parte da sua personalidade. 2) M: O que te inspirou e incentivou a iniciar a prática desta modalidade? P: Filmes do Jackie chan e o meu pai, que fazia cliffdiving e sempre me mostrou um grande espírito de aventura. 3) M: Nunca mais paraste desde aí. O que te apaixonou no parkour? P: Desde que comecei, percebi que o parkour era como a minha personalidade. A liberdade que dá ao praticante é incrível. 4) M: Quais foram as maiores dificuldades que sentiste ao longo deste percurso? P: Penso que se encararmos as dificuldades como obstáculos e simplesmente nos focarmos em superálos, deixam de ser dificuldades e passam a ser desafios. 5) M: Se agora tivesses que escolher um sítio, para onde irias? P: Iría para um sítio onde nunca fui! Explorar, ver lugares e culturas novas é das coisas que mais gosto de fazer. 6) M: Foste campeão mundial em Berlim, o que sentiste nesse momento? P: Em 2011 fui em Berlin, 2014 em Itália, 2015 em Vigo e 2016 em Vigo outra vez. Ganhar não é o mais importante, mas sim toda a experiência que passamos nesses eventos. 7) M: O que é essencial no teu dia-a-dia? P: Estar bem comigo mesmo e tentar fazer sempre algo novo! 8) M: Qual é o teu lema? P: O importante é durar e permanecer activo.
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9) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) P: Depois de lerem esta revista, saiam e tentem pelo menos fazer 1coisa nova por dia! MELANCIA 53
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1. “Great adventure on the roofs of Rotterdam with Stanislav Lazdan!” 2. “Floor is lava!” 3. Marquês de Pombal foto por Afonso Campos 4. Foto por Damian Lorenz 5. Frankfurt, foto por Pedro Vieira 6. Copenhaga, foto por Bjarke Hellden 7. Porto, Luís Alkmim. 8. Marrocos, foto por Bart van der Linden 9. Haia, foto por Melanie Heller
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Fotografia e Criatividade
José Pinheiro Artigo por: Juliana Lima Imagens: José Pinheiro
Cada fotografia, uma história. É assim que o José Pinheiro, , que presenteou-nos pela linda capa desta edição, criativo português de 28 anos, compõe as imagens da sua galeria no Instagram. Sendo o céu uma das coisas que mais o inspira, traz nas suas fotos a sensação de paz, liberdade e uma vontade de sair a voar por aí.
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1) MELANCIA: Quem é a José pinheiro? JOSÉ PINHEIRO: Eu sou designer gráfico, tenho 28 anos, e vivo numa pequena cidade chamada Amarante, perto do Porto, em Portugal. O José é uma pessoa bem disposta, muito curiosa que gosta de explorar e fazer coisas novas. 2) M: Quando percebeste o teu gosto e aptidão pela criatividade? J: Eu sempre tive um grande interesse e gosto pelas áreas artísticas, desde a fotografia, a ilustração, design, entre outros, isso aconteceu ainda na escola, antes da faculdade. Foi o que motivou a seguir Design Gráfico e aprofundar os meus conhecimentos e ter a oportunidade de “criar” também. 3) M: Como crias as histórias das tuas fotografias? J: As minhas fotos são sempre planeadas, são ideias que me surgem de coisas que vejo ou oiço, por exemplo numa música, num filme... E por vezes são ideias que me surgem naturalmente.Quando tal acontece, começo a idealizar e a planear qual a melhor forma de contar aquela história no quadradinho do instagram. Tudo é pensado, desde o local onde tiro a foto, as cores que vou utilizar, os elementos que preciso para a foto e até mesmo a roupa que vou usar, para que tudo que faz parte da fotografia tenha uma ligação, fazendo com que a foto conte da melhor forma a “história” que os meus seguidores vão ver. Também há sempre um cuidado para que todas as fotos sigam a mesma linguagem estética, para que haja uma coerência quando vimos a galeria como um todo. Depois de ter tudo definido, começo a fotografar até ter a imagem que mais se aproxima do que idealizei (que por vezes tem alterações). Depois de ter as fotos, passo ao processo de edição, que faço normalmente em Photoshop, quando necessário, pois, por vezes, as fotos apenas sofrem alterações na parte da edição das cores. Depois chega a fase final, que é partilhar com os meus seguidores o quadradinho com a minha “história”. 4) M: Quais as tuas inspirações e referências? J: Diariamente, somos bombardeados de inspiração através de muitos canais. Desde música, filmes, livros, paisagens até a um pequeno objeto banal do nosso dia-a-dia ou até uma pessoa, todas estas coisas podem ser o mote para começar a construir uma história/ foto. A visita diária ao instagram é também uma fonte de inspiração, pois observamos sempre fotos geniais que nos chegam em diferentes estilos e de todo o mundo, cada uma com uma história e perspectiva diferentes.
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5) M: Em muitas das imagens que cria, estás aos saltos nas nuvens. Que relação é esta com o céu? Tens vontade de voar por aí? J: O céu é uma das coisas de que mais gosto e que mais me inspiram (como se vê na minha galeria). Acho que as nuvens refletem o meu lado mais sonhador e de fantasia, o que ilustro muito nas minhas fotos, elas trazem a sensação de liberdade e paz (gosto tanto delas que nem mesmo eu sei bem como explicar essa paixão). Sim, claro que gostaria de voar por aí, ver e fazer coisas novas e partilhar essas coisas, voar fora do quadrado. Voos mais altos. :) 6) M: Tens outros projetos pessoais? J: Eu trabalho também como designer gráfico e dou aulas, por vezes, em em cursos profissionais de Design. E estou a trabalhar em novas ideias/ projetos que espero vir a mostrar mais tarde. Que ligam o design à fotografia mas noutra perspetiva, mais profissional. 7) M: Qual o teu lema? J: O meu lema é que as pessoas não devem ter medo de fazer o que gostam e que as faz felizes. E que tirem proveito de pequenas coisas que por vezes são as mais importantes e que se tornam grandes. 8) M: Deixa um recado para a melancia mag e os seus leitores J: A minha mensagem é que continuem a fazer coisas bonitas e inspiradoras e, acima de tud,o sejam as primeiras pessoas a gostar do vosso trabalho e a divertirem-se com isso, e que passem isso para o outro lado do quadradinho.
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Street art
Entrevista por: Mafalda Jesus Ilustrações por: Violant
João Maurício, mais conhecido como Violant, é um talentoso artista de Riachos, que nos deslumbra com a criatividade e o detalhe dos seus murais. Começou em 2011, sem saber muito bem o que estava a fazer e rapidamente percebeu que isto poderia ser um assunto sério. Tenho a certeza que depois de leres esta entrevista, vais ficar ansioso por te cruzares com um destes trabalhos!
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“SEM SABER MUITO BEM O QUE ESTAVA A FAZER, NO INÍCIO FOI APENAS EXPERIMENTAR POR BRINCADEIRA. DEPOIS COMPREI SPRAYS E SEM ME APERCEBER MUITO BEM DISSO FIQUEI ÉBRIO EM MUITO POUCO TEMPO. ”
1) MELANCIA: Quem é o João? VIOLANT: Gigante desdentado com pés de barro e de passo maior que a perna, dono de um nogueiral. 2) M: Porquê “Violant”? V: Uma vez deram-me o trabalho de organizar os registos dos covatos do cemitério da minha terra, que estava em obras na altura. No processo de catalogação cruzei-me com tantos bilhetes de identidade, tantos nomes, que esqueci-me de todos. Todos excepto um, que vim a adoptar anos mais tarde. 3) M: Quando percebeste que a arte era o caminho a seguir? V: Comecei a desenhar por volta do secundário, com um interesse que me era íntimo, mas não cultivado e a dúvida do que queria ser levou-me a estudar mais e entrar para artes. Não sei se será caminho. Nada foi premeditado. Faço-o porque simplesmente algo me leva a fazer. 4) M: Como começou este percurso na street art? V: Com um marcador, em 2011. Sem saber muito bem o que estava a fazer, no início foi apenas experimentar por brincadeira. Depois comprei sprays e sem me aperceber muito bem disso fiquei ébrio em muito pouco tempo. Comecei por fazer alguns stencils, até que uma noite experimentei pintar fora dos moldes e a partir daí nunca mais voltei a cortar cartão. O termo street art é muito amplo. Agora entendo o que faço como muralismo. 5) M: Consegues destacar uma obra? V: Tenho dificuldades em eleger preferidos, mas agora vêm-me à cabeça “A origem do mundo” de Gustave Coubert, ou “ Atraktor” de Proembrion, em Gdynia.
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6) M: Quais são as tuas maiores inspirações? V: Música e certas coisas que acontecem contra todas as expectativas e probabilidades. 7) M: O que é essencial no teu dia a dia? V: Tudo o que não pode fazer numa prisão. 8) M: Na tua opinião, que noção é que um artista nunca deve perder? V: Nunca olvidar que é um artista, não um obreiro, vendedor, entertainer ou marca. 9) M: Qual é o teu lema? V: “A sorte favorece os audazes.” 10) M: Que objectivos gostarias de alcançar? V: A curto/médio prazo, ter e manter uma Socage DA328. Mais tarde ter um grande armazém recheado de outros brinquedos onde possa fazer outros projectos. 11) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) V: À MELANCIA continuem o bom trabalho e muito obrigado por esta oportunidade. Aos leitores, para quando a revolução?
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“NUNCA OLVIDAR QUE É UM ARTISTA, NÃO UM OBREIRO, VENDEDOR, ENTERTAINER OU MARCA.”
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@anitarrebita
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@diana_olivetree
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Música
VALAS Entrevista por: Mafalda Jesus Fotos por: divulgação
João Valido aka Valas, um recente representante do hip hop português, nasceu em Évora há 27 anos atrás. E foi apenas há 3 anos que começou a perceber que a música poderia ser o seu futuro, acreditando e apostando cada vez mais no seu talento. Foi desde sempre um grande consumidor de todo o tipo de música, mas o hiphop sempre o cativou e inspirou. O seu novo single “As coisas” anda por aí a conquistar o público. Se ainda não ouviste, do que estás à espera?
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Foto por: Sebastião Santana
1) MELANCIA: Quem é o João? VALAS: O João nasceu em Évora há 27 Invernos atrás, e entre outras características, tem 3 grandes paixões: a Família, a Música e o Beeenfiiiiica.
6) M: Na tua opinião, o que é essencial para a mensagem ser passada? V: A interpretação.
2) M: Porquê “Valas”? V: Deriva do meu apelido “Valido”, foi a alcunha que os meus amigos me puseram quando éramos miúdos.
7) M: A nova música, “As coisas”, está a fazer sucesso. O que significa esta música para ti? Retrata factos reais? V: Sim, retrata a minha realidade e representa a mudança da minha vida nos últimos meses.
3) M: O que te cativou no mundo da música? V: Aquilo que ela me transmite e que me faz sentir.
8) M: Qual é o teu lema? V: Não tenho uma lema para tudo, depende da situação.
4) M: Quais são as tuas maiores inspirações? V: Inspiro-me no que vivo, no que leio, no que vejo e no que oiço.
9) M: O que é essencial no teu dia-a-dia? V: Música e café.
5) M: Quando começaste realmente a acreditar na tua música? V: Há cerca de 3 anos atrás possivelmente, penso que foi a primeira vez que percebi que este podia ser o meu futuro.
10) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) V: Muito obrigado à Melancia pelo convite e um grande abraço para todos os leitores, até à próxima!
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“HÁ CERCA DE 3 ANOS ATRÁS, POSSIVELMENTE, PENSO QUE FOI A PRIMEIRA VEZ QUE PERCEBI QUE ESTE PODIA SER O MEU FUTURO.”
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@iamdianasilva
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Literatura
Gustavo Ávila Entrevista por: Juliana Lima Fotografia do Perfil por: Jeferson Caldart
Gustavo Ávila, escritor brasileiro de 33 anos, nasceu em São José dos Campos, interior de São Paulo, e atualmente vive em Florianópolis, Santa Catarina. Publicitário de formação, conta-nos o seu percurso, as suas dúvidas, os seus anseios e também como a sua paixão pela literatura o fez decidir o seu caminho. Sorria e não perca esta entrevista cheia de emoção com o lançamento do seu livro “Sorriso da Hiena”.
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1) MELANCIA MAG: Quem é o Gustavo Ávila? GUSTAVO: Um “cara” persistente. Que decidiu, enfim, colocar o sonho à frente das obrigações. Redator publicitário que aprendeu a escrever dentro de agências e lendo escritores melhores do que ele. Que abandonou a faculdade de publicidade. Sou um tranquilo, gosto de fazer as coisas ao meu jeito, mas sou “aberto” a mudar de ideias. Odeio esperar. Odeio as frases “se tiver de acontecer, vai acontecer” e “tudo tem o seu tempo”. Sou um “cara” normal. 2) M: Quando percebestes o teu gosto e aptidão pela escrita? G: Na verdade, quem percebeu isso foi um professor que tive. O Zé Luiz, que, aliás, foi meu primeiro chefe. Ele dava aulas na faculdade em que estudei. Houve uma seleção na agência de publicidade dele e fui lá tentar o meu primeiro estágio. Eu queria ser diretor de arte. Sinceramente, não sabia muito bem como funcionava o trabalho de criação dentro de uma agência, não tinha essa noção de dupla, de diretor de arte e redator, então pensava que quem criava era exclusivamente quem trabalhava na parte gráfica. E eu queria criar. Era isso que eu queria. Ele viu o meu portfolio e, como me conhecia, conseguiu ver algo que eu ainda não enxergava. Ele disse que me contrataria, mas como redator. Eu queria um emprego e aceitei. Foi assim que comecei a trabalhar com a escrita. “Atiraram-me” nesse mundo. E isso é uma coisa muito “bacana” que eu gosto sempre de falar com quem converso, a diferença que um bom professor faz na vida de alguém. Um profissional que a que a sociedade precisa de dar mais valor. São muitas vezes os professores que nos colocam no caminho certo. Um bom professor é isso, é um guia, e a gente, o mundo, precisa de reconhecer melhor a importância que eles têm. 3) M: De redator a escritor de livros. Fala-nos sobre o teu percurso profissiona G: Eu comecei como estagiário numa agência no interior de São Paulo. De lá mudei para Florianópolis, com 20 anos. Queria morar na praia. E queria sair da casa dos meus pais, ter o meu canto. Fiquei em Florianópolis pouco mais de três anos, trabalhando em agências, quando recebi uma proposta para trabalhar em São Paulo, capital. Mas a ideia do primeiro livro, “O sorriso da Hiena”, eu tive quando ainda morava em Floripa. Levei-a comigo na bagagem, mas ficou engavetada. Fui tendo ideias de histórias, mas nunca as colocava no papel. Agências de publicidade consomem tempo demais. Chegou um momento que eu estava meio dividido entre me dedicar para valer à publicidade, tentar ganhar prémios, ou fazer um trabalho bem feito mas dedicar o meu esforço real à literatura. Eu escolhi a segunda. Sempre gostei de publicidade, mas aquele mundinho estava a cansar-me, assim como vi (e vejo) tantos amigos de profissão na mesma circunstância. Então atirei-me de cabeça a dedicar-me aos livros. Escrevia quando chegava em casa, muitas vezes bem tarde, e passava a madrugada a fazê-lo. Tirei umas férias e fui para o sítio de um amigo para me fechar lá dentro, sem internet, sem vizinhos, sem ninguém. Lá eu consegui escrever bastante. Mas nunca deu realmente para sair da publicidade e me dedicar exclusivamente à literatura. É um plano B que demora a dar retorno financeiro, então ainda trabalho com os dois. Eu voltei a morar em Florianópolis e hoje estou há alguns meses focado apenas no segundo livro. Mas faço alguns trabalhos freelancer em publicidade para pagar as contas. Infelizmente essa é a realidade da grande maioria dos escritores brasileiros. É difícil viver de livros. Mas a gente ama isso. Vale a pena cada esforço a mais.
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4) M: Como crias as histórias das teus livros? Fala-nos do teu processo criativo. G: Normalmente, a ideia surge de duas maneiras: sobre o que eu quero falar? Por exemplo, quero falar sobre como surge a maldade em nós. Aí eu fico matutando nalguma história para falar sobre essa questão. A outra possibilidade é quando vem a ideia de um enredo, de uma trama na cabeça. Como o conto “Pá de Cal” que eu escrevi. Primeiro veio a ideia de algo que eu não posso falar (para não estragar a história) que apagou a memória das pessoas que estão dentro de uma misteriosa vila. Então eu fiquei pensando que assuntos, que temas eu poderia abordar nessa trama. Então trabalhei coisas como a felicidade, como o nosso desejo de tentar controlar tudo no mundo, controlar a natureza, essa busca quase doentia para evitar a dor, evitar a tristeza, coisas que são importantes para todos nós, que fazem parte da nossa vida para crescermos como um ser mais evoluído. Então, normalmente surge dessas duas maneiras. Quando começo a escrever eu não gosto de ir escrevendo. Papel em branco e vai. Há autores que o fazem desta forma, sentamse e vão escrevendo, deixando a história levá-los. Outros fazem como eu faço. Eu preciso de um pouco mais de planeamento. Eu gosto de saber como a história vai terminar, acho isso bem importante para me guiar durante a escrita. Normalmente, eu tenho o começo, o final, e divido a história no meio disso, colocando todos os acontecimentos importantes dela. Quase como aquela brincadeira de traçar uma linha em pontos numerados e no final temos o desenho. Eu preciso definir esse pontos numerados, se não, no decorrer da história, pode acontecer não saber para onde ir e ficar “empacado”, não sair do lugar. Mas, é importante dizer que, mesmo sabendo para onde a história vai e mesmo tendo a maioria dos acontecimentos na cabeça, no decorrer da escrita muita coisa muda. E isso eu acho muito empolgante, porque a história realmente ganha vida própria, ela foge do seu controlo. No livro que estou a escrever agora, eu já tinha redigido mais de metade e ficou claro que o assassino deveria ser uma outra personagem. É uma mudança muito radical, mas no decorrer da escrita não houve como fugir: quem tem de levar a cabo o que está a ser feito é outra pessoa. Essa mudança reforçaria a mensagem que eu quero passar. E quando isso acontece, temos de obedecer. A história é que manda no autor e não o contrário. 5) M: Quais as tuas inspirações e referências? G: Eu leio autores muito diversos. Gosto, principalmente, daqueles que contam histórias sobre a condição dos seres humanos. Que falam de nós. Um dos meus livros preferidos é “O médico e o monstro”, do Robert Louis Stevenson. É uma história interessante pela trama, mas vai muito além disso, é um debate profundo sobre o ser humano. Gosto de livros que unem essas duas coisas: uma trama envolvente com uma mensagem mais profunda. Ultimamente, tenho lido muito Mia Couto, um autor de Moçambique. As histórias dele são tão vivas e sensíveis e bonitas, cheias do mundo africano, com suas crenças. São histórias ricas e sensíveis. Humanas. Essa é minha maior inspiração. Tentar ser humano. Mostrar-nos nas histórias. 6) M: Como te sentiste ao lançar o teu primeiro livro? G: Primeiro, eu lancei de forma independente, já que não tinha conseguido uma editora. Então, quando as caixas de livros chegaram a minha casa foi uma mistura de coisas. Orgulho de ter dado aquele passo. Empolgação. Medo, porque agora eu ia realmente dividir aquela história com outras pessoas, então como seria esse retorno? Será que vão gostar? Será que vão achar uma merda. Será que vão ler? Medo... porque eu peguei boa parte do meu dinheiro para investir nisso. É uma coisa
@sublinhando
“EU LEIO AUTORES BEM DIVERSOS. GOSTO PRINCIPALMENTE DAQUELES QUE CONTAM HISTÓRIAS SOBRE AS CONDIÇÕES DOS SERES HUMANOS.” MELANCIA 93
maluca, porque é uma alegria enorme, junto com um frio na barriga que nunca passa. É uma sensação incrível. Foi como apaixonar-me, ficamos meio perdidos, mas no fundo sabemos o que fazer, e queremos fazer, queremos correr o risco. E agora com uma grande editora por trás, acrescenta a isto tudo uma dose enorme de ansiedade. Porque serão muito mais exemplares, o livro vai para livrarias mesmo, mais pessoas terão acesso. É uma loucura. A sensação de estar a realizar algo que realmente queremos é maravilhosa. 7) M: E agora, acabaste de anunciar o último lançamento “O Sorriso da Hiena” com direitos de adaptação da TV Globo. Como te sentes com este sucesso todo? G: Imaginar que essa história pode um dia virar um filme ou uma série na maior emissora de TV do Brasil é empolgante demais. E, além disso, ver que grandes profissionais também estão a acreditar na tua história, isso é um incentivo enorme. Ver que as pessoas estão interessadas, envolvidas, querem fazer parte disto, é incrível. 8) M: Qual o teu lema? G: Cuidar da minha vida, não fazer mal a ninguém e, sempre que possível, ajudar os outros. 9) M: Tens outros projetos em vista? Quais os próximos passos? N: Estou a escrever o segundo livro, que terá o detetive Artur, de “O Sorriso da Hiena”, mas as duas histórias não terão ligação. Na verdade, passa-se alguns anos antes de “O sorriso da hiena”. Eu já tinha essa trama na cabeça, enquanto escrevia o primeiro, agora vou colocá-la no mundo. Tenho alguns contos também que quero passar para o papel. Um já está disponível na Amazon, chama-se: “Pá de Cal”. E um terceiro livro que estou muito empolgado e ansioso para começar. Diferente dos dois primeiros. Não será um romance policial, será mais uma história de jornada, de um viajante à procura de algo. Terá uma investigação, mas será quase uma investigação arqueológica e irá passar-se na África e no Brasil, e vai desenterrar um pouco da história da humanidade, misturando factos reais com ficção. Vai falar muito sobre o tempo, a morte, a vida. Quero amadurecer bastante a forma como irei contar essa história porque tenho um carinho especial com ela. 10) M: Deixa um recado para a melancia mag e os seus leitores G: Quero agradecer o convite para essa entrevista. O espaço para falar sobre meu trabalho nessa revista linda. Para os leitores da MELANCIA, espero que tenham gostado desta conversa, agradeço a paciência para algumas respostas meio longas, e espero que logo tenham a chance de ler “O Sorriso da Hiena” e outras histórias minhas. Será um prazer enorme receber-vos no meu mundo também. São todos muito bemvindos. Desejo tudo de melhor e mais bonito para cada um. Um grande beijo e muitas histórias para vocês.
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fêra féra ;) RENATO TIZZI
Empreendedor brasileiro, 29 anos. Junto a mais 2 amigos, Renato criou na cidade de São Paulo a “fêra féra” que nada mais é que um evento que ocorre magicamente de vez em quando em alguma praça por aí, reunindo artistas, comidas, clima bom e alto astral total. 1. Como surgiu a ideia de criar a fêra féra? A fêra surgiu a partir de uma conversa entre amigos em uma outra feirinha, a Pantasma. Lá, notamos como tínhamos muitos amigos expondo e produzindo uma série de trabalhos bem legais, com autoria e personalidade. Percebemos como aquilo que eles estavam apresentando ali era muito mais poderoso pros mesmos do que o plano do dia-a-dia. Um acaso do destino naquela época fez a gente, eu, Nicolas Henriques e Luiz Vicente, realmente virar pra organizar a primeira edição. 2. Por que fêra féra? Pela sonoridade e brincadeira com a acentuação mesmo. Nenhum motivo especial
suas peles, pelo tipo de seus corpos, pela classe social que estão inseridas, gênero ou orientação sexual que possuem. O que vemos nesses movimentos, ainda que pequenos, uma forma mais plural e horizontal de querer que todos se sintam representados. Queremos causar ruído e cada vez mais sacudir as estruturas tão preconceituosas que formam também o mercado. Achamos que, ocupando a cidade e mostrando, em primeiro lugar, que São Paulo é um lugar incrível, com múltiplas possibilidades de andar e descobrir, com muitos espaços abertos para conhecermos e desfrutarmos, começamos também a tirar esse imaginário terrível de uma cidade muito carrocrata e voltada para shoppings. Queremos libertar essa mentalidade e mostrar que São Paulo é mais do que vias expressas e shoppings centers. 5. São Paulo, Rio de Janeiro.... onde mais? Conta pra gente os próximos passos? O que mais vem por ai? Nosso sonho é levar a fêra féra para outros lugares. De verdade, queremos sempre levar os nossos principais expositores para novos lugares e, mais do que isso, conhecer e fomentar produções locais de cada lugar do Brasil, porque sabemos que tem gente maravilhosa e incrível em cada cantinho foda daqui. Pro ano que vem, pretendemos fazer mais edições no Rio e visitar Belo Horizonte =)
3. Desde de quando e qual a frequência que ela acontece? A primeira edição rolou no dia 14 de dezembro de 2014. Começamos a chamar todos os amigos pra organizar uma feirinha, numa praça, ao ar livre, de forma que todos pudessem ter uma tarde maneira, com música, comida, artes e, acima de tudo, alto astral. Desde então já foram 9 edições! Ou seja, mais ou menos a cada 3 meses tem fêra. 4. Qual o conceito e objetivo principal de vcs com esse evento? Ainda somos muito pequenos, mas vemos um movimento crescente em São Paulo, não só conosco, mas com outras feirinhas e pessoas incríveis que estão tomando a frente em produzir eventos e levantar a bandeira para produtores locais que cuidem de toda a etapa de produção e que, principalmente, venham discutir o consumo de uma maneira mais consciente e inclusiva, porque vemos como consumo tende a excluir muito as pessoas, seja pela cor de MELANCIA 99
Toma Nota PORTUGAL
BUNGEE WORKOUT O bungee jumping chegou aos ginásios! Se sempre sonhaste experimentar esta atividade radical mas não tinhas coragem, esta aula é para ti. A ideia surgiu na Tailândia mas está a chegar à Europa, e basicamente consiste em fazer diversos exercícios, suspenso numa corda presa ao teto. Esta aula é de alta intensidade, trabalhando todo o corpo, mas principalmente os abdominais, e mistura dança e aeróbica.
EARLYMADE CEDOFEITA A nova concept store e plataforma artística no centro do Porto. Aqui podes encontrar acessórios de moda, mobiliário vintage e de autor e revistas, isto tudo num único espaço, situado na Rua do Rosário. Abriu recentemente e oferece um enorme leque de produtos, em que o conceito chave é comercializar peças nacionais, que conferem a esta loja uma maior exclusividade e uma assinatura única. Futuramente irão existir exposições e um projeto de Residências Artísticas, que será lançado no início do próximo ano. Sabe mais em: www.facebook.com/earlymade
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Toma Nota BRASIL
COLLECTOR Já ouviste falar do Collector? Para quem vive em São Paulo, ou mesmo para quem está só de passagem, vale a visita. Um espaço onde convivem, em total harmonia, mais de 300 linhas de produtos e suas diferentes formas, cores e origens. Todas, claro, coletadas por um olhar que orbita pelos quatro cantos do planeta. A Collecotr fica na Mateus Grou, numa das ruas mais cools e alternativas da cidade. Só coisas lindas para a sua casa. O slogan é deles, mas a gente assina embaixo. São tantas, mas tantas coisinhas incríveis, daquelas que nem sabias que precisava, ou ideias de presentes e mimos para os amigos que vai ser tarefa impossível sair com as mãos vazias. Sabe mais em: collector55.com.br
ENCANTO NATURAL Um espaço de gastronomia, cultura e lazer dedicado ao bem estar. Assim é o Encanto Natural, um ambiente agradável para tomar um café, saborear uma boa comida, que privilegie o natural e o orgânico. E, ainda, encontrar produtos diferenciados para gastronomia, cultura e lazer. Um espaço verde e tranquilo no coração da Chácara Santo Antonio, bairro da cidade de São Paulo, o ambiente do Encanto Natural é, de facto, uma atração a parte: tem jardim, livraria e brinquedoteca para os pequeninos. Do restaurante saem pratos elaborados para cada dia da semana, como batata recheada com creme de gorgonzola e arroz e ravióli recheado com abóbora. O menu sempre conta com uma opção vegetariana deliciosa e uma sobremesa. A não perder! Sabe mais em: www.encantonatural.com.br
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delÃcia de natal POR: GABRIEL CAMPINO
TRONCO DE NATAL
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1. MOUSSE DE CHOCOLATE - 200g de chocolate - 80 g de leite - 30g de açúcar mascavado - 180 g de nata batida 1. Derreter o chocolate. 2. ferver o leite com o açúcar e jantar ao chocolate. 3. Deixar arrefecer um pouco e envolver a nata batida. 2. BOLO DE CHOCOLATE - 200g de açúcar - 150g de manteiga - 50g de óleo - 4 ovos - 100g de farinha - 100g de cacau em pó ( cacau em pó e não chocolate em pó, fará uma grande diferença) - 13 g de fermento em pó 1. Bater açúcar, manteiga e óleo. 2. Juntar os ovos, depois a farinha e fermento.. 3. Cozer a 180 graus cerca de 25 minutos.
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Das EDITORas
alternative glamour party LOOK FEMININO TOP - DION LEE | SAIA -GUCCI MALA - OHBOY BRINCOS - MIU MIIU | CASACO - MANGO
escolha de:
Juliana Lima
basic x sophisticated night out
LOOK MASCULINO
BLAZER - ZARA | CALÇAS- ZARA TSHIRT- TOPMAN | TÉNIS - ADIDAS
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light breeze
LOOK FEMININO
CASACO- ZARA | CAMISOLA - PULL&BEAR CALÇAS - PULL&BEAR | TÉNIS -ADIDAS
escolha de:
Mafalda Jesus
blue and yellow LOOK MASCULINO
CASACO- NIKE & BRISTOL FC CALÇAS- SPRINGFIELD SWEAT- PULL & BEAR | TÉNIS - NIKE MELANCIA105
anda POR AÍ MARINA CARMONA IDADE: 33 anos PROFISSAO: Gerente de negócios Este mês partilhamos o street style de uma jovem brasileira alto-astral. Encontramos a Marina no começo de noite de uma terça-feira nas ruas do Itaim Bibi, bairro da cidade de São Paulo, onde as amigas para jantar depois de um dia de trabalho.
LOOK : T-Shirt: Farm Colete: Renner Mochila: Urban Outfitters Ténis: Nike
MEU HOBBIE É Sair com as amigas e estar com o namorado. O MEU ESTILO É Casual
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by: José Pinheiro
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