MELANCIA mag #11 julho

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MELANCIA mag

Cultura Visual & Lifestyle # 11 | Julho 2016 | melanciamag.com MELANCIA

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@telmaoli 2 MELANCIA


MELANCIA cultura visual e livestyle mag #11 / julho 2016

idealizadoras Juliana Lima & Mafalda Jesus sp e

al ci nks tha :)

Márcio Moreno | ilustração Bezegol | música Hugo Lucas | ilustração Clube do bordado | bordado/handmade Cristina Viana | design e ilustração Menino Neto | ilustração e design Guilherme Cabral | vídeo Thiago Godoy | empreendedor Gabriel Campino | receita de melancia Ana Henriques | revisão Tati Rossi Família | Amigos

Capa e Contra Capa by: Clube do Bordado

e-mail: melanciamag@gmail.com | www.melanciamag.com | facebook/melanciamag | instagram: @melanciamag


frescura de julho:) A cada mês, uma edição. A cada lançamento, uma realização pessoal para cada uma de nós. Sim, somos apenas duas raparigas cheias de sede do mundo. Mas, ao mesmo tempo, reconhecemos que somos uma comunidade inteira, afinal sem ti, sem os amigos que nos motivam a cada ideia maluca e a cada passo dado, sem os artistas que nos inspiram e ajudam-nos a rechear as nossas páginas e sem o apoio dos nossos mais de 3.000 seguidores... nada faria sentido. Já estamos na MELANCIA mag #11 e quase-quase a completar um ano desta deliciosa aventura que iniciou despretensiosamente e hoje, sem sombra de dúvida, faz parte de nós! Já não conseguimos imaginar-nos sem esta dose de frescura mensal. E tu? Ansioso por ver o quem vem por aí? Ilustrações únicas, muita música, doces fotografias coloridas, delicadeza e pornografia bordada, moda, estilo, fanatismo filmado, sabor, amizade e muito mais. Podes vir! Há melancia saborosa para nós, para ti e para toda a gente ;)



INTERRAIL JUNHO 2016

por: Mafalda Jesus e Frederico Almeida “Uma viagem inesquecível e uma experiência enriquecedora, que não podia deixar de partilhar convosco” Foto de Veneza


Zagreb

Berlim


Vernazza

Ljubljana


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DELÍCIA DE MELANCIA

88 PINGPONG

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GUILHERME CABRAL

HUGO LUCAS

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CANDY MINIMAL

CLUBE DO BORDADO

CRISTINETTE

MENINO NETO

BEZEGOL

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MÁRCIO MORENO

índice

ESCOLHA DAS EDITORAS

92 #melanciamag

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92 ESTILO QUE ANDA POR AÍ


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Ilustração

Entrevista por: Juliana Lima Imagens divulgação e arquivo pessoal do artista

Marcio Moreno é um ilustrador com estilo bastante único. Cria personagens cheios de pormenores que sempre nos chamou à atenção. Nesta entrevista exclusíva, conta-nos que sempre gostou de desenhar mas nunca imaginou fazer disso profissão e mesmo com todas as dificuldades de viver da sua arte, pretende seguir nessa loucura e continuar desenhando. Perde-te connosco neste universo dos traços e inspira-te com tanto talento e dedicação.

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“JÁ PENSEI EM PARAR, FAZER OUTRA COISA MAS NÃO CONSEGUI ENTÃO CONTINUEI NA LUTA. TUDO O QUE CONSIGO EXPLORAR COM O MEU DESENHO, TENHO EXPLORADO. TENTO MANTER TUDO EM MOVIMENTO.” 1

1) MELANCIA: Como te descreves numa frase? MARCIO MORENO: Uma pessoa quase normal que gosta de desenhar.

produtiva, etc. Mas penso que em qualquer profissão isso ocorre. Então prefiro insistir no que eu gosto de fazer e ver no que dá..rs

2) M: Visto que te licenciaste em Artes, imaginámos que o teu gosto pela área sempre existiu. Entretanto gostaríamos de saber se te lembras como decidiste que era mesmo isto que querias fazer da vida? M: Eu sempre gostei de desenhar, mas nunca pensei que poderia ser uma profissão. Fiz alguns cursos de desenho e design na adolescência e comecei a trabalhar fazendo arte-final para silk screen, depois fiquei 1 ano desempregado. Mas sempre estava desenhando, era uma atividade que sempre me divertiu. Hoje quando penso nessas fases acredito que foram varias situações, boas e ruins, e oportunidades que acabaram influenciando na escolha. Talvez uma que ficou marcada é a que conto no video do projeto http://oqueetristezapravoce.com.br Eu estava 1 ano sem trabalhar, apareceu uma oportunidade de trabalhar em uma loja de material de construção, era indicação de um vizinho, chegou na hora da entrevista conversando com a psicóloga e com o cara do RH, eles perceberam meu interesse por artes em geral, conversaram e comigo acabei desistindo da vaga. Acho que foi ai que percebi que o que eu gostava de fazer podia ser uma profissão e que realmente gosta daquilo, porque aquelas pessoas que nem me conheciam, identificaram meu interesse por arte.

4) M: Sabemos que ja trabalhaste com design. Conta-nos como foi conciliar a arte com o trabalho. M: Comecei fazendo arte final para silk screen depois trabalhei 5 anos com design gráfico em uma pequena empresa próximo aonde morava em Santo André. Me formei em Artes Visuais em 2009 e entrei de sócio em um estúdio de design que fiquei mais 6 anos. Sempre tive contato com design, desde do meu primeiro emprego isso me deu uma boa bagagem de criação, agilidade, atendimento, produção, relacionamento com cliente, tudo isso acabo aplicando no meu trabalho.

3) M: Tiveste alguma dificuldade no início da tua carreira artistica? M: Sim, as dificuldades existem até hoje, seja financeira, criativa,

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5) M: Hoje vives dos teus trabalhos artísticos, certo? Como te sentes? Conta-nos as alegrias e as dificuldades de ter optado por seguir com a arte como fonte de renda. M: Apesar de trabalhar com ilustração desde de 2007, foi em agosto de 2015 que comecei a trabalhar realmente sozinho, não faz nem 1 ano, ainda estou colocando a casa em ordem e se adaptando a nova rotina. Penso que o dinheiro é apenas uma das recompensas do meu trabalho, não estou ganhando muito, é difícil manter uma regularidade mensal de faturamento. Mas por outro lado, pelo fato de trabalhar em casa, consigo fazer minha rotina, meus horários, não pego transito, estou vendo diariamente minha filha crescer, hoje com 6 meses. Quando aparece os problemas e dificuldade, tento pensar nas coisas positiva e o privilegio que tenho de trabalhar com desenho.


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5 1. Ilustração Marcio Moreno. 2. Black Media+OUS ilustração para palmilha (2015) 3.4.5.6. Caderno pessoal (2014) 7. 9 de ouro. ilustração para baralho do projeto 54 – El Cabriton (2013) 8.10. Revista Super Interessante ilustrações para o livro Ciência Proibida, Salvador Nogueira (2015) 9. Closeup Impossible Kiss . ilustração para cartaz (2014). 11. Rush . Ilustração para camiseta . (2015) 12. Ilustração Macaco para Camiseta.

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Sou extremamente grato ao desenho, tento me dedicar o máximo que posso e me doar para retribuir o que ele tem me dado. Já pensei em parar, fazer outra coisa, mas não consegui, então continuo na luta. Dou aula, faço ilustração, vendo originais, estou começando na tatuagem, fazendo uma HQ com amigo, tenho alguns produtos que quero produzir e assim vai indo, tudo que consigo explorar com meu desenho tenho explorado, talvez futuramente tenho que fazer algumas escolhas, mas por enquanto, tento manter tudo em movimento. 6) M: Tens um estilo muito próprio, que para além do traço também é marcado pelos personagens. Como encontraste a tua maneira de ilustrar? M: Não existe uma técnica ou uma fórmula, penso que meu desenho está em constante evolução. Tento explorar os fundamentos básicos do desenho com referencias e experiências pessoais. Gosto de andar pela rua, tirar foto de pessoas, memorizar lugares, olhar, ver outros artistas, escutar histórias, coletar objetos, conhecer pessoas e desenhar. Exercitar o desenho diariamente, hoje um pouquinho mais maduro, consigo ver que a mistura de tudo isso é o que da corpo para meu trabalho.

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7) M: Desenhas em formatos digitais ou ainda recorres sempre ao papel e à caneta? M: Depende do trabalho, de qual será a sua finalidade, as vezes começa no digital e vai para o papel. Mas quase sempre começo desenhando no meu caderno e decido se vou finalizar no photoshop ou a mão.Eu gosto muito mais do papel, meu desenho fica mais orgânico e tenho maior controle. 8) M: O teu portfólio está sempre em crescimento, que projeto destacas? E por quê? M: Os clientes ou pessoas que consomem meu trabalho pedem isso. Então todos projetos ficam divertidos, sempre apreendo alguma coisa nova, faço amizades. Gosto bastante dos que faço para o mercado editorial e também os relacionados ao skate e música, que são assuntos do meu interesse, então fica mais fácil de fazer. 9) M: Que objectivos pretendes atingir? M: Quero continuar desenhando, apreendendo e sobrevivendo do meu trabalho. 10) M: O que te vês a fazer no futuro? M: Devo continuar nessa loucura de desenhar. 11) M: Deixa um recado à MELANCIA mag e aos seus leitores! M: Fico extremamente feliz de poder falar um pouco sobre desenho e saber que existe pessoas que gostam e acompanham meu trabalho. Muito obrigado a todos, obrigado pelo convite, vida longa a MELANCIA mag!

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“PENSO QUE O DINHEIRO É APENAS UMA DAS RECOMPENSAS DO MEU TRABALHO, NÃO ESTOU GANHANDO MUITO, É DIFÍCIL MANTER UMA REGULARIDADE MENSAL DE FATURAMENTO. MAS POR OUTRO LADO, PELO FACTO DE TRABALHAR EM CASA, CONSIGO FAZER A MINHA ROTINA, OS MEUS HORÁRIOS, NÃO PEGO TRÂNSITO, ESTOU VENDO DIARIAMENTE A MINHA FILHA CRESCER, HOJE COM 6 MESES.”

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@mazurca_handmade


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@harleyquinn_


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Música

Entrevista por: Mafalda Jesus Fotografias por: divulgação

Falámos com Bezegol, um artista multifacetado, que escreve, canta e produz. Não tem um estilo músical definido, passando pelo reggae, rock e hip-hop, consoante o que pretende transmitir. Ao vivo, promete entregar-se, sempre com o objectivo de dar o seu melhor e criar o melhor som para os seus ouvintes.

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1) MELANCIA: Porquê “Bezegol”? BEZEGOL: Porque já era a minha alcunha muito antes de fazer música. 2) M: O que te atraiu no mundo da música? B: Gostar tanto de a ouvir foi o fator principal, depois a curiosidade que me despertava o processo criativo.

“VOU DEIXAR O MEU SUOR NO PALCO JUNTAMENTE COM O DOS MEUS TROPAS NO INTUITO DE DAR O MELHOR DO NOSSO SOM A QUEM NOS VAI VER.”

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3) M:Como surgiu a “Bezegol & Rude Bwoy Banda”? B: Foi uma necessária evolução, eu comecei a trabalhar profissionalmente como DJ em clubes do Porto e alguns anos depois comecei a “cortar” temas para alguns amigos, ao mesmo tempo que começava a MATARROA tornei-me DJ dos MATOZOO, coletivo de RAP que entrou em hibernação por volta de 2004/5. Em 2007 lancei o primeiro trabalho em nome próprio o “Rude Bwoy Stand” que ainda apresentei em formato DJ/MC. Ora até aqui as coisas passavam-se muito entre samples, loops e alguns ad-libs de um ou outro convidado, ou seja, não havia muitos instrumentos na criação dos temas e sim muita programação. Quando já em 2009 trabalhávamos o RUDE EP apercebi-me que cada vez mais estava a fugir dessa fórmula programada e entrar no orgânico da coisa, os beats já eram mesmo de uma bateria, o baixo, as guitarras, os teclados já não eram samplados de nenhum álbum. Comecei primeiro por convidar algumas pessoas para gravarem comigo, acabei por convidar algumas dessas para apresentarem o trabalho comigo e foi assim que surgiu a RUDE BWOY BANDA que me orgulho de poder ter atrás de mim dentro e fora do palco.


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4) M: Qual é a mensagem principal da tua música? O que gostavas que transmitisse às pessoas? B: Eu gosto de escrever, gosto de cantar, gosto de estar no estúdio a fazer música e de ser influenciado por tudo a minha volta, seja bom ou mau, há sempre forma de isso ser posto num poema juntamente com uma música que as vezes resulta num Reggae ou num Rock ou noutra coisa qualquer que eu ache apropriado para a minha visão. Sentir que há gente que percebe esses meus “delírios” é mais que suficiente para ter a noção que lhes passei alguma coisa, e isso, é a única coisa que eu lhes quero passar diretamente, a vontade de me escutarem. 5) M: O que podemos esperar num concerto ao vivo? B: Que vou deixar o meu suor no palco juntamente com o dos meus tropas no intuito de dar o melhor do nosso som a quem nos vai ver. 6) M: Destaca uma música. B: Impossível. 7) M: Que noção é que um artista nunca deve perder? B: Do ridículo. 8) M: Qual é o teu lema? B: Olha pró que digo, podes olhar pró que eu faço. 9) M: Deixem uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) B: Força no vosso projeto, e que nunca esmoreçam, por melhor que seja uma ideia só com esforço é que se consegue manter de pé. Támos Juntos! 26 MELANCIA


“EU GOSTO DE ESCREVER, GOSTO DE CANTAR, GOSTO DE ESTAR NO ESTÚDIO A FAZER MÚSICA E DE SER INFLUENCIADO POR TUDO A MINHA VOLTA, SEJA BOM OU MAU...”

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@hedgare_estrela


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Fotografia

Candy Minimal by Matt Crump Artigo por: Juliana Lima Imagens: divulgação

Já imaginaste paisagens, pormenores, pessoas, sítios e objetos em composições minimalistas e cores tão doces que enchem os olhos de qualquer um? Tudo isso existe e estamos cá para apresentar um movimento surreal e encantador chamado Candy Minimal. Viaja connosco neste mundo cheio de magia.

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UM PROJECTO ENCATADOR, MINIMALISTA E DOCEMENTE SURREAL CHAMADO CANDY MINIMAL. INSPIRA-NOS COM CORES INUSITADAS, FAZ-NOS ACREDITAR NA MAGIA E QUE A BELEZA DEPENDE DE COMO ENXERGAMOS O MUNDO.

Matt Crump é diretor de arte formado pela Universidade do Texas. Depois de dez anos da profissão, rendeu-se à “brincadeira” da fotografia minimalista com um toque colorido e, no Instagram, deu início ao movimento entitulado ‘CandyColored Minimalism’, incentivando os seus seguidores a postar fotos como as dele incluindo a hashtag #candyminimal. O seu estilo de fotografia foi um sucesso imediato, fazendo-o ganhar dezenas de milhares de seguidores no Instagram em apenas algumas semanas. E o sucesso continua a crescer a cada dia e em cada canto do mundo. As inspirações e motivação do Matt encantam tanta gente por todo o lado que, que para além do seu perfil pessoal, uma doce galeria com mais de mil publicações e com mais de 150k seguidores, ele também tem o perfil @candyminimal, já com quase 100 mil seguidores, para partilhar diariamente as melhores fotos dos seus fãs! E tu? Arrisca-te nesta brincadeira de criar imagens e entrar neste mundo docemente surreal? :)

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Ilustração & Street Art

Hugo Lucas Entrevista por: Mafalda Jesus Ilustrações por: Hugo Lucas

Hugo Lucas, 39 anos, nasceu em Ferreira do Alentejo, mas actualmente vive e trabalha em Lisboa. É formado em design, cerâmica artística, artes plásticas e visuais. Um papel e uma caneta são suficientes para criar universos e histórias com as suas personagens. Viaja connosco nesta entrevista, repleta de cor e vivacidade.

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1) MELANCIA: Quem é o Hugo Lucas? HUGO: É um alentejano a viver em Lisboa, um tipo bem-disposto e viciado em criar personagens com um toque de humor e ironia. 2) M: Como é que a ilustração surgiu na tua vida? H: A ilustração surgiu na minha vida de forma bastante natural. Desde que me recordo, sempre tive o vício de criar. Passei pelo desenho, pintura, fotografia, escultura e ia fazendo experiências em cada uma dessas áreas. Mas o desenho acabou por sobrepor-se e “canibalizar” as outras artes. 3) M: O que é essencial no teu dia a dia? H: Uma caneta e uma folha branca. Pode ser um caderno, um guardanapo, uma toalha de papel num restaurante ou qualquer resto de papel abandonado. Não sou esquisito. Desde que dê para riscar, está ótimo. 4) M: Destaca um projeto. H: É sempre uma tarefa ingrata destacar apenas um projeto, porque todos são únicos e acabam por marcar-me de alguma forma. Mas talvez destaque a última exposição que fiz em Lisboa, na livraria Leituria, intitulada “(dis) connected”. Eram dez obras cujas personagens apenas comunicavam entre si através de “Emojis”. Deu-me bastante prazer criar as personagens e os “diálogos”. E como tive bastante tempo para o projeto, as conversas que ia criando entre as personagens iam ficando cada vez mais complexas. 42 MELANCIA

5) M: Pintaste recentemente um mural na Mouraria. Qual é a sensação de passar do papel para a cidade? H: Sempre gostei de telas grandes, mas, infelizmente, o espaço que tenho para trabalhar nem sempre me permite fazer grandes formatos. Passar do papel para a tela que são as paredes da cidade dá-me essa oportunidade de fazer trabalhos com outra escala. Além disso, acho que tanto os artistas como as cidades beneficiam desta aposta que tem vindo a ser feita na arte urbana. 6) M: Onde encontras inspiração? H: Em todo o lado! Dos detalhes do quotidiano, ao que leio e vejo ou às obras de outros artistas, tudo tem potencial para me inspirar. Vou respirando e absorvendo tudo para depois verter para o papel. 7) M: Que noção é que um artista nunca deve perder? H: O prazer de fazer o que faz. 8) M: Qual é o teu lema? H: Não tenho nenhum lema, mas se tivesse seria qualquer coisa do género: “Mais vale um risco no papel do que dois apagados!” 9) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) H: Continuem a riscar tudo de fresco!


“VOU RESPIRANDO E ABSORVENDO TUDO PARA DEPOIS VERTER PARA O PAPEL.”

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“ACHO QUE TANTO OS ARTISTAS COMO AS CIDADES BENEFICIAM DESTA APOSTA QUE TEM VINDO A SER FEITA NA ARTE URBANA.”

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Handmade

Entrevista por: Juliana Lima Imagens por: Clube do Bordado

Que o handmade está em alta, todos nós sabemos. E, com isso, cada vez mais encontramos artistas que usam as atividades manuais para apresentarem trabalhos incríveis. Mas um projecto de bordado em particular captou a nossa atenção, pois para além de toda a técnica, pormenores e delicadeza desta arte que é bordar, os temas são bastante diferenciados como o erotismo, o feminismo e a liberdade de gênero, que vêm como mais uma forma de se expressarem. Não percas esta entrevista exclusíva e conhece o Clube do Bordado e todo o girl power que estas 6 raparigas espalham por aí.

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“ACHO QUE O PRINCIPAL OBJETIVO DO CLUBE DO BORDADO É O DE FOMENTAR A CULTURA DO BORDADO ENTRE ATUANTES E SIMPATIZANTES DO FEITO À MÃO. EM NOSSO COLETIVO CRIAMOS ILUSTRAÇÕES E BORDADOS CONTEMPORÂNEOS, PROMOVEMOS ENCONTROS ABERTOS E DAMOS CURSOS E OFICINAS PELO BRASIL E PELA E EUROPA.” 1) MELANCIA mag: Gostaríamos de saber quem está por de trás deste lindo projecto? Quem são estas bordadeiras que formam este coletivo? CLUBE DO BORDADO: Renata Dania, 29, designer Camila Gomes Lopes, 28, designer Amanda Zacarkim, 28, jornalista Marina Dini, 29, designer Vanessa Israel, 26, designer Laís Souza, 29, designer 2) M: Como as bordadeiras do Clube do Bordado se conheceram e como surgiu a ideia criarem este projeto? CB: O Clube do bordado começou em agosto de 2013, como uma reunião despretensiosa de seis amigas. Os encontros começaram a partir do desejo de aprender a bordar e ter uma atividade nova dentro das nossas rotinas. Passamos quase um ano tendo o Clube como um ponto de encontro entre nós, já que semanalmente nos encontrávamos para bordar, compartilhar quitutes e acontecimentos do cotidiano. Em junho de 2014, surgiu a primeira oportunidade de participar da feira PopPorn, e para ela preparamos nossa primeira coleção, Soft Porn, que tratava da sexualidade de uma forma delicada. Desde então participamos de diversas feiras, criamos coleções temáticas, realizamos encontros abertos e cursos para ensinar e aprender coletivamente. No fim de 2015 realizamos nosso primeiro curso online e com ele conseguimos chegar a diversos públicos espalhados pelo Brasil, o que foi uma experiência instigante para nós. 3) M: Sabemos que o Clube dá oficinas além de vender produtos e fazer peças por encomenda, entretanto gostaríamos de saber com as vossas palavras: qual o principal objetivo do projeto? CB: Acho que o principal objetivo do Clube do Bordado é o de fomentar a cultura do bordado entre atuantes e simpatizantes do feito à mão. Em nosso coletivo criamos ilustrações e bordados contemporâneos, promovemos encontros abertos e damos cursos e oficinas pelo Brasil e pela Europa. Buscamos, através dessas atividades incentivar outras pessoas a se aventurarem nos trabalhos manuais. Além dos produtos diretamente relacionados ao bordado, desenvolvemos ações de conteúdo que resgatam o feito à mão com uma base de atuação

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online, usando as redes sociais como principal plataforma para ampliação do conhecimento e troca de saberes, abrindo um caminho de educação e empoderamento para além da técnica do bordado. 4) M: Percebemos que no vosso trabalho, vocês usam muitas técnicas das artes. Fala-nos do vosso processo criativo, da prática e da execução. CB: Nós sempre discutimos sobre os temas em conjunto e normalmente as coleções estão relacionadas com o nosso cotidiano. Nosso processo criativo é muito livre e cada bordadeira tem seu jeito diferente de criar; algumas pesquisam imagens inspiracionais no pinterest, outras assistem um filme ou ouvem uma música relacionados com o tema. É bem particular, mesmo :). 5) M: Todos os artistas buscam referências e inspirações. Quais são as vossas? CB: Preferimos nos ater a momentos do que a artistas específicos. Nós buscamos referências não só na arte também, mas buscamos inspiração visitando exposições, em um filme que nos comova e/ou que tenha algo a ver com a temática que estamos trabalhando; pode até ser na experiência de sabor de um jantar. O leque de inspirações é muito amplo e vasto, o que é maravilhoso. É muito bom podermos buscar inspiração em nosso cotidiano e nas atividades do dia a dia.

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6) M: Percebemos que a natureza, o amor na sua forma mais pura e verdadeira, e o feminismo são temas recorrentes para o Clube do Bordado. Falem-nos sobre as causas que apoiam e explica-nos o porquê. CB: O bordado erótico, os temas feministas e de liberdade de gênero vem como mais uma forma de se expressar. Acreditamos que nosso trabalho pode auxiliar na desmistificação de certos tabus. A representação de um corpo nu é muito antiga nas artes visuais, mas bem recente no bordado. A possibilidade de representar a nudez feminina no bordado acaba sendo empoderador, pois trata de mulheres tomando de volta para si o direito de se representar. Da forma que lhes convém. Muitas ações estão contribuindo para a libertação de antigas amarras que prendiam as mulheres. O bordado é só mais uma forma de expressão e representação deste momento e ficamos felizes de nos expressar através desta técnica. 7) M: O Clube do Bordado lançou uma coleção de jóias em parceria com a designer Júlia Assis. As peças são mesmo relíquias. Contem-nos como surgiu esta parceria e como sentem-se com o resultado e toda a repercussão da linha. CB: Conhecemos a Júlia como nossa cliente. Fiz o bordado que ela encomendou e nos encontramos para tomar um café no dia da entrega. Ela me contou que tinha acabado de sair do emprego formal para se dedicar ao design de jóias, movimento muito parecido com o meu na época, que estava planejando



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sair do emprego para me dedicar ao Clube. Pois bem, aí surgiu a ideia de juntarmos as paixões e fazermos essa parceria. Alguns meses depois ela nos apresentou o bastidor em prata e amamos. Nesta coleção, o amor é traduzido em joias bordadas, criações tão delicadas quanto o apreço do que carregamos no peito. Cada desenho foi pensado por uma de nós, com sua visão de amar, o tema central. E como tudo que é feito com amor, a repercussão foi ótima. Estamos felizes por fazer parte do momento de presentear das pessoas, mesmo que sejam a elas próprias. 8) M: Conseguem destacar um episódio ou feito especial que aconteceu durante toda a existência do Clube do Bordado? Contem-nos qual foi explicanos porquê. Se tiverem imagens para ilustrar o momento/feito especial, por favor, envia-nos as imagens ou link. CB: Quando estamos no parque bordando e alguma senhorinha nos vê, elas se aproximam para conhecer nosso trabalho e sempre se surpreendem com as ilustrações. Elas ficam felizes por verem a técnica do bordado renascer e ver que a tradição não está perdida. Ficamos surpresas com a aceitação do público em geral, mesmo lidando com temas delicados e polêmicos como nudez e sexo. 9) M: Recentemente o Clube esteve na Holanda. Contem-nos um pouco sobre esta experiência e a vossa intenção de levar esta cultura para os quatro cantos do mundo.Se tiverem imagens da atuação do clube nesta ou em outras viagens, por favor, envianos as imagens ou link. CB: Uma das integrantes do Clube do Bordado, a Amanda Zacarkim, mudou-se para a Holanda em 2015. Foi uma ótima oportunidade para estendermos nossa área de atuação para a Europa. Lá ela tem ministrado cursos e participado de feiras, além de participar de todas as decisões e projetos do Clube aqui no Brasil de maneira remota. 10) M: Quais os próximos passos do Clube do Bordado? Eventos, oficinas, viagens. CB: Em julho temos oficinas agendadas em São Paulo e São José do Rio Preto pelo Sesc e também no Pipoca, nosso espaço de coworking. Ainda esse mês iremos para Florianópolis também. Nos dias 20 e 21 de agosto estaremos em Curitiba. Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Uberlândia, Goiânia e Brasília também já estão em nosso cronograma do segundo semestre. Eeeee vamos fazer uma viagem de pesquisa e ministraremos cursos no México em outubro! 11) M: Deixem um recadinho para a MELANCIA mag e os seus leitores. CB: Ficamos muito felizes com o convite para a entrevista e adoramos conhecer o trabalho da Melancia MAG. É uma curadoria de muito bom gosto e qualidade em conteúdo e estética. Esperamos que gostem do nosso trabalho e sintam-se muito bemvindos para nos acompanhar nas redes sociais.

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@joanarosac_illustration


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@braideamanda


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Design, lustração & Animação

Cristinette Entrevista por: Mafalda Jesus Ilustrações e design: Cristina Viana

Cristina Viana aka Cristinette, uma criativa algarvia, que se define como designer, ilustradora e profeta. Gosta de acordar sem despertador e, a partir daí, fala e trabalha até gastar todas as energias. É fascinada pela descoberta e pela pesquisa, que lhe permitem criar e inovar. Diverte-te a ler esta entrevista, cheia de sentido de humor e boa disposição.

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1) MELANCIA: Quem é a Cristina? CRISTINETTE: Quem? Eu? Eu, sou a filha do mê pai e da minha mãe, e isso é que importa. A Cristinette é o meu alter ego, sou eu em MAIOR, sou designer, ilustradora e profeta, só isto, e já é um mundo. Portanto, ainda não sei muito bem o que sou... mas vou sendo. Estou em fase de testes... Vou andando. Sou do Algarve. Sou de baixa estatura. O meu Dentista diz que os meus dentes vão durar até aos 100 anos, mas já tive cáries. Não tenho animais de estimação. Mas estimo muito os patinhos da Gulbenkian, também gosto do gato que lá mora, come patinhos ao pequeno almoço. 2) M: O que te atraiu no mundo da ilustração e do design? C: Já não me lembro se a história começou com a Pantera corde-rosa ou com o Mickey... Ainda me lembro de descobrir que afinal a cara da pantera era um conjunto de formas simples, fáceis de reproduzir. Tenho a impressão de que sempre gostei de desenhar. Fui aprendendo motivada pelo espirito critico

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do meu pai... Aprendi a desenhar com quem não sabe! Parece mentira, mas é verdade. Bem... não é totalmente verdade, o que aprendi foi a gostar de desenhar na realidade só percebi o que era o Desenho, a Ilustração e o Design muitos anos mais tarde. 3) M: O que te inspira? C: A descoberta. Fico satisfeita quando descubro coisas, quando tenho ideias... mesmo que alguém neste mundo já as tenha tido, para mim são novidade. Se não houvesse coisas para descobrir e aprender, os dias eram iguais. Não gosto de dias iguais. Não gosto de coisas iguais. Mas gosto da repetição, de loops, de influências cíclicas e de coisas que vou vendo, por acaso. Hoje vi: https://www.youtube.com/watch?v=zEzIPsKwTlw 4) M: Que coisas são essenciais no teu dia a dia? C: As manhãs... de manhã tenho de acordar. Gosto de Acordar sem despertador, no verão (de inverno é mais difícil). E Acordo. Depois falo muito, falo até esgotar os assuntos... o que não acontece.


“FICO SATISFEITA QUANDO DESCUBRO COISAS, QUANDO TENHO IDEIAS... MESMO QUE ALGUÉM NESTE MUNDO JÁ AS TENHA TIDO, PARA MIM SÃO NOVIDADE. ”

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“A MINHA IDENTIDADE OU LINGUAGEM, NUNCA ESTARÁ PERDIDA NEM ENCONTRADA. NESTE MOMENTO, TENHO DE CONTINUAR A PROCURAR...” 5) M: Na tua opinião, que noção é que um artista nunca deve perder? C: Identidade, aquilo que ainda estou a construir, vou ter de construir sempre. A minha identidade ou linguagem, nunca estará perdida nem encontrada. Neste momento, tenho de continuar a procurar... Pratico Yoga há dois anos, (continuo a ser a aluna mais encravada da minha idade lá da turma, para não falar que há senhoras mais velhas muito mais elásticas do que eu... mas ainda não perdi a fé) um dia vou chegar ao último nível, vou entrar no nirvana... Nessa altura acho que não vou procurar mais nada... Ah! Lembrei-me agora, um dia vou morrer... nessa altura não vou procurar mais nada. 6) M: Qual é o teu lema de vida? C: Confesso que nunca tinha pensado em resumir os meus objectivos a um só. Bem... tive de recorrer ao Confúcio. ‘’Escolhe um trabalho de que gostes, e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida.’’ QUE BOM! que seria... O problema é que às vezes gosto de coisas que não gosto, outras vezes não gosto de nada, outras vezes gosto de fazer qualquer coisa. Só sei que não gosto de fazer a mesma coisa durante muito tempo. 7) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) C: Se quiserem escolher uma boa Melancia, procurem aquela que tem os veios salientes... é... tem de se passar com a palma da mão na casaca, se for muito lisa e regular não presta!. (Foi o meu pai que me ensinou). No outro dia comprei uma melancia e tive sorte!

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@mararq


@liacarril


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Ilustração e Design Gráfico

Artigo por: Juliana Lima Imagens e Ilustrações: Antônio Neto

Ilustrador e Designer, Antônio Belchior Neto tem 31 anos, mas não é por acaso que é conhecido como Menino Neto. Tive o prazer de trabalhar com ele e por isso posso afirmar a pés juntos que, para além do talento e da responsabilidade, Neto é parceiro. A sua maneira leve de lidar com as situações e o seu bom humor lembra mesmo o jeito doce de uma criança, de um bom menino. Neste bate-papo, afinal estou a entrevistar um grande amigo, António conta-nos sobre a sua infância, de quando desenhava com o seu pai durante o jantar. Hoje, anos depois e com uma carreira profissional incrível, apresenta um portfólio completo nas várias vertentes do Design Gráfico, como: ilustrações, criação de estampas, desenvolvimento de indetidade visual e direção de arte.

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1) MELANCIA MAG: Te descrevas em uma frase. MENINO NETO: Acho que é a primeira vez que faço isso. Que difícil né? Vamos lá! Tenho muito orgulho das minhas origens e sempre batalhei atrás dos meus sonhos e objetivos. 2) M: Como o teu gosto pela arte e pelo design começaram? N: Quando criança, lembro nitidamente de momentos em que desenhava com o meu pai antes do jantar. Mesmo cansado de um dia duro de trabalho, ele ficava horas comigo rabiscando e eu tentando reproduzir seu traço. Esse traço foi aprimorando com os anos e, olhando um guia de profissões descobri o design gráfico. Em 2004 eu entrei na UNESP e com 17/18 anos fui morar em Bauru no interior de São Paulo. O interessante do núcleo universitário de lá é que a maioria dos estudantes, assim como eu, são de outras cidades. Eu sempre morei em república de estudantes e convivia com alunos, ex-alunos e professores de design, relações públicas, artes, jornalismo, arquitetura, etc, quase 24 horas por dia. 3) M: Das tuas especialidades (identidade, ilustração, impresso, estampas, fashion entre outras) de qual gostas mais? Porquê? N: Eu sempre me preocupei em me tornar um profissional cada vez mais completo e trabalhei em várias vertentes do design. Atualmente o que me deixa mais feliz é trabalhar como diretor de arte. São projetos que eu consigo explorar todas as especialidades que adquiri e trazer outros profissionais que gosto e que contribuirão para um determinado trabalho. 4) M: Sabemos que também cria alguns personagens como o divertido James Brownie. De onde vem as tuas ideias para este tipo de criação? N: Desenhar personagens foi algo que surgiu em Bauru em 2006. Dois amigos e eu montamos um coletivo de design e ilustração chamado “Deusmoleque”. Éramos fans de projetos como o Pictoplasma da Alemanha, o coletivo Friends With You, estúdio Mopa de Brasília, o site de batalha de personagens Mojizu, entre outros. Foi uma época em que a toy art estava bombando em todos os eventos de design que íamos. Foi a época em que mais ilustrei. As idéias surgiam de papos aleatórios onde riamos e tomávamos cerveja na sala de casa.

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5) M: Quantos anos de carreira tens? Destaca as principais atividades profissionais deste teu percurso. N: Aproximadamente 10 anos. Me formei em 2008 mas trabalho na área desde 2006. Logo quando recebi o diploma cai de para-quedas na moda indo trabalhar na equipe de criação da Osklen no Rio de Janeiro. Mal sabia me vestir e não fazia ideia do que era a marca. 3 72 MELANCIA


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1 e 2. DÁLMATAS Estampa corrida para a coleção Oh, my dog! da marca New Order (2009). 3 e 4. PÓLEN Estampa corrida para a coleção Jardim Elétrico da marca New Order (2010). 5 e 6. JAMES BROWNIE Desenvolvimento de personagem. Deusmoleque (2008). 7. RIO, EU TE AMO. Identidade para o filme integrante do projeto “Cities of Love” do francês Emmanuel Benbihy. Design e Ilustrações Menino Neto com Leo Vilas e Rafo Castro. Direção Criativa: Eduardo Varela e Oskar Metsavaht. 8. LISTRAS COLORIDAS Estampa corrida para a coleção “Love Rio” da marca New Order (2009). 9,10 e 11. CORCOVADO Estampa corrida para a coleção “Love Rio” da marca New Order (2009). 12, 13, 14 e 15. LA DOLCE VITA Direção de arte para o editorial exclusivo do Bloginvoga (2015).

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Foi uma ruptura muito grande sair de uma cidade pacata e amistosa para uma cidade caótica como o Rio. Com o tempo me acostumei, fiz amigos muito importantes e desenvolvi trabalhos que tenho muito orgulho. Em 2011 mudei para São Paulo onde pude trabalhar com projetos de embalagem e identidade visual na Interbrand (consultoria internacional de branding). O trabalho na maioria das vezes não era tão criativo como trabalhar com estamparia e design gráfico pra moda mas eram extremamente completos e me trouxeram uma forte experiência em gestão, didática e organização. Em 2012 tive a primeira experiência em uma agência de publicidade. Fui diretor de arte por três anos na Almap BBDO que é uma das maiores agências do mundo. Trabalho com eles em projetos pontuais até hoje e o resultado das campanhas é sempre incrível. Atualmente tenho uma empresa onde faço alguns trabalhos de design e direção de arte e sou responsável pela linha de camisetas masculinas da marca Ellus Second Floor. 6) M: Consegues eleger um trabalho teu que te orgulhas? Conta-nos o porque. N: Difícil escolher mas acho que os primeiros são os que mais marcam. Foi no primeiro desfile da New Order em 2010, que era

a marca de acessórios da Osklen. Ver a modelo entrando na passarela com a minha estampa e a repercussão da coleção na imprensa me deixou muito feliz. É um dos trabalhos que mais gosto, uma idéia simples, de fácil entendimento e com bastante personalidade. 7) M: De maneira geral, como funciona o teu processo criativo? N: Um dos maiores problemas da nossa profissão é que é muito difícil desligar a cabeça quando se está tocando um projeto. As vezes uma boa idéia surge quando menos se espera. No banho, em casa, no bar, no metro, etc. Gosto de rabiscar e escrever através de esquemas, onde faço uma espécie de narrativa visual. Assim consigo me organizar e não perder a linha de raciocínio. Acredito que o racional e o experimental devem caminhar juntos no tipo de trabalho que faço. Lido com prazos apertados e muita expectativa. Então é importante se organizar. 8) M: Quais são as tuas principais referências artísticas e as tuas inspirações? N: A fotografia de moda é algo que eu me apaixono cada vez mais. Gosto muito de fotógrafos como Peter Lindberg, Steve Meisel e Mert and Marcus. Acompanhando o raciocínio, o diretor de arte Fabien Baron é um dos mais incríveis pra mim.

“LOGO QUANDO RECEBI O DIPLOMA CAI DE PARA-QUEDAS NA MODA INDO TRABALHAR NA EQUIPE DE CRIAÇÃO DA OSKLEN NO RIO DE JANEIRO.” MELANCIA 75


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Em ilustração eu tenho gostado de traços mais simples e marcantes como os clássicos cartazes Cubanos. Desenhos simples, feitos e impressos manualmente e que possuem uma personalidade incrível. As minhas inspirações vem de tudo o que já vivi, das minhas viagens, livros, filmes, dos amigos que admiro e da música. Acredito que cada som pode te trazer percepções diferentes em um processo criativo. Confesso que não tenho muito preconceito, vou do rock clássico ao funk carioca sem problema nenhum. 9) M: Se tiver algum artista que você admira muito, diga-nos quem é e porque. N: Escher e Salvador Dali são artistas que instigam a percepção humana. Eles conseguem tocar as pessoas independente do seu nível de conhecimento em arte. Tive a oportunidade de ver suas obras de perto e é chocante a qualidade do traço e a quantidade de detalhes. 10) M: Qual o teu lema de vida? N: A vida é dura pra quem é mole. 11) M: O que esperas para o teu futuro? N: Evoluir sempre, montar meu escritório de design e poder compartilhar com outras pessoas o que aprendi nesses anos. 9

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“A FOTOGRAFIA DE MODA É ALGO QUE EU ME APAIXONO CADA VEZ MAIS. GOSTO MUITO DE FOTÓGRAFOS COMO PETER LINDBERG, STEVE MEISEL E MERT AND MARCUS. ACOMPANHANDO O RACIOCÍNIO, O DIRETOR DE ARTE FABIEN BARON É UM DOS MAIS INCRÍVEIS PRA MIM”.

12) M: Deixe o teu recadindo para a MELANCIA mag o os leitores :) N: Difícil mas ou mesmo tempo um grande prazer. Visualizei toda a minha carreira em alguns minutos e sou muito feliz por todas as experiências que tive. Espero que gostem e se quiserem conversar mais, é só chamar. Abs!

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@petermss 80 MELANCIA


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@patricia__oliveira


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Produção de Vídeo

Guilherme Cabral Entrevista por: Mafalda Jesus Imagens / vídeos por: Guilherme Cabral

Guilherme Cabral, 25 anos, vem do Estoril e é formado em cinema. Começou a fazer vídeos motivacionais aos 14 anos e a partir daí nunca mais parou. Para além do vídeo, tem uma grande paixão: o Benfica. Possui a enorme capacidade de emocionar milhares de pessoas com o seu trabalho, devido à entrega e dedicação que aplica em cada um deles. Com certeza já ouviste este nome algures, e se não, carrega play num dos seus vídeos e nunca mais o vais esquecer!

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1) MELANCIA: Quem é o Guilherme? GUILHERME: Muitos me conhecem pelo meu amor ao Benfica. Diz a minha mãe que antes de nascer já pontapés “à Eusebio”. Não dei para jogador de futebol, mas cedo me apercebi nas emoções que o futebol oferecia às pessoas. O futebol faz sorrir, faz chorar, cria sonhos e faz sonhar. No fundo, uma partida de futebol trás nos à flor da pele aquilo que um filme cria num espectador. E se há coisa que eu sou é uma pessoa sensível, e que usa essa sensibilidade em tudo aquilo que me meto, para mesmo que nao possa oferecer algo perfeito seja, pelo menos, sentido. E se fizer sonhar, ainda melhor...!

“...CEDO ME APERCEBI NAS EMOÇÕES QUE O FUTEBOL OFERECIA ÀS PESSOAS. O FUTEBOL FAZ SORRIR, FAZ CHORAR, CRIA SONHOS E FAZ SONHAR. ”

2) M: Como começou a paixão pelo vídeo? E pelo Benfica? G: A paixão pelo vídeo começou aos 14 anos quando decidi pegar no computador e montar o meu primeiro vídeo do Benfica. Coloquei na internet por piada, mas sem saber bem como, às tantas já tinha centenas de pedidos para fazer outro. Saber que os amigos que os via se emocionavam, aumentou ainda mais a paixão que empregava a fazer estes vídeos. Já a paixão pelo Benfica sei que começou no dia 17 de Março de 1991, quando pelas 18 horas vim ao mundo a chorar e decidi que queria ser feliz... 3) M: O que te inspira? G: O que me inspira são sem dúvida as pessoas. Saber que podemos fazer algo que emociona as pessoas é algo que não tem preço, porque viver sem sentir é morrer sem sequer viver. Enquanto houver uma pessoa a se emocionar com o que faço, continuarei a ter inspiração. Porque não há nada melhor na vida do que saber que podemos fazer alguém feliz... Mesmo que seja por meros cinco minutos... É sinal que o trabalho ficou bem feito!

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4) M: Qual é a principal mensagem dos teus vídeos? G: A minha principal mensagem é passar a emoção daquilo que eu vivo. Tentar por em palavras algo que todos os que acompanham o futebol sentem e encoraja-los também a lutarem pelos seus sonhos. Que não há impossíveis quando lutamos tanto para aquilo que queremos. E que quantas mais pessoas nos dizem que “não dá”, mais força temos de ter para lhes dizer no final que afinal deu!

mais no mundo tem tanta importância quanto sair dali com a vitória na mão.

5) M: O que gostavas que as pessoas pensassem / sentissem ao vê-los? G: O que mais gosto de ouvir das pessoas quando no final os vem é “fogo! É mesmo isto...”... É saber que ouviram palavras daquilo que sentiram e que se reviram na obra como se tivesse sido escrita por elas...

8) M: “Aprendi que aquele que hoje realiza os seus sonhos, um dia também apenas sonhou. E eu sonho”. Que objectivos tens por cumprir? G: Falta-me muita coisa... Ser pai, construir uma família, fazer um filme e pô-lo no cinema, e daqui uns anos conseguir um óscar da academia. Sei que todos se riem quando digo isto, mas não deixa de ser uma motivação para ir a luta e no final, se Deus quiser, dizê-los que “consegui” e festejar junto daqueles que me fazem todos os dias ser feliz.

6) M: Na tua opinião, até que ponto achas que os teus vídeos dão energia e motivação aos jogadores? G: Não fazem a diferença, mas acredito que pelo menos contribuem. As palavras do Fernando Santos fazem me acreditar nisso. Acredito que o que reina na cabeça dos jogadores na hora do apito é a concentração e o rigor tático, mas se eles minutos sentirem a importância que tem para milhões de pessoas em todo mundo, se sentirem que milhares de pessoas só tem o futebol na vida para serem verdadeiramente felizes, certamente que lutarão ainda mais a vitória na certeza de que quando a bola entra, milhares são levados a euforia, e se esquecem do resto do mundo. Porque naquele momento.. Nada 86 MELANCIA

7) M: Que coisas são essenciais no teu dia a dia? G: No meu dia a dia é essencial estar com quem amo, com quem me faz feliz. Só estando feliz e com as pessoas certas em meu redor é que poderei fazer os outros felizes. Sou também viciado em desporto e procuro ir ao ginásio todos os dias.

9) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) G: Como não podia deixar de ser, só vos posso pedir que nunca desistam dos vossos sonhos... E se à vossa volta houver quem se ria deles e ache isso estupido, pensa para ti que estupido é quem não sonha, e que da tua vida..por mais que todos queiram falar..só tu a podes viver. Luta, sonha, conquista. E a cada vez que caíres, levanta-te daí e agradece o trambolhão. Porque quanto mais dói no principio, maior é o sorriso no final!


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refresca-te THIAGO GODOY

Empreendedor de São Paulo, 34 anos. Aproveita este bate-papo com um dos criadores e sócios da marca Naked, gelados 100% natural que vem conquistando muitos brasileiros, principalmente da Cidade de São Paulo, onde está concentrada a distribuição dos produtos. 1. Como surgiu a ideia de criar uma marca de gelados, ou como dizem no Brasil, de sorvetes 100% natural? Um dia, um colega comprou um sorvete na praia e comentou que era muito bom por ser natural. Um outro amigo (super natureba), que costuma levar manga picada para se refrescar na areia, se decepcionou ao ver a tabela nutricional do produto, que de natural não tinha nada. Esse amigo, então, iniciou um processo de Design Thinking sobre como deveria ser um sorvete natural de verdade. 2. Quem são os principais consumidores dos produtos da marca? Adeptos de alimentação saudável, praticantes de atividades físicas e pessoas com alguma restrição alimentar – diabéticos, principalmente idosos, e intolerantes à lactose e glúten. 3. Inicialmente a Naked iniciou as vendas online sob encomenda. Hoje os produtos da marca já estão em mais de 30 pontos de venda em SP. Entretanto já fizeram eventos em outras regiões. Gostaríamos de saber se pretendem expandir para outros estados do Brasil. Se sim, quais? Sim! Adoraríamos já seguir para o Rio de Janeiro! E porque não para fora do Brasil ;-) as pessoas mundo a fora adoram frutas, e felizmente nossa terra é abençoada com frutas de todos os tipos com altíssima qualidade. 4.Percebemos que a marca sempre lança novos sabores. E outros produtos para além do gelado em palito? Pensam sobre isso? Queremos saber :) Pensamos sim, muito. Nosso propósito é criar congelados saudáveis, e aí da pra ir muito além do palito, e até mesmo ir além dos seres humanos, porque não? ;-) MELANCIA 89


delícia de melancia POR: GABRIEL CAMPINO

SANGRIA DE MELANCIA

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1. PANACOTA - 1 melancia pequena - 1 garrafa de espumante - 1 laranja - 1 pau de canela - 1 ramo de hortelĂŁ 1. Cortar a melancia um pouco a cima do seu meio e escavar para a deixar oca... 2. Triturar a polpa da melancia e o sumo da laranja com uma varinha mĂĄgica e juntar os restantes ingredientes. 3. Colocar a sangria dentro da melancia e adicionar pedras de gelo.

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#melanciamag

@angiesketchbook

@ mararq

@patricia__oliveira

@anaformigo

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@ sissanieves

@_danielamorgado


@hedgare_estrela

@diana_olivetree

@sof_iaisabel @maramelao

@liacarril

@joanarosac_illustration

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Das EDITORas

girly pineapple trend LOOK FEMININO

VESTIDO - OSKLEN | BIKINI -RICHARDS COLAR - KADE | ALPERCATAS - HAVAIANAS CAPA IPHONE - KADE | MALA - NEW LOOK

escolha de:

Juliana Lima

pineapple trend LOOK MASCULINO

T-SHIRT - VOLCOM | CALÇAS- OSKLEN TÉNIS - HAVAIANAS | CASACO - H&M CHAPÉU - 10DEEP

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Relaxed trip

LOOK FEMININO

MOCHILA - ADIDAS | MACACAO - H&M TÉNIS - ASICS | ÓCULOS -RAYBAN MÁQUINA - FUJIFILM

escolha de:

Mafalda Jesus

Fresh Adventure LOOK MASCULINO T-SHIRT - VOLCOM CALÇÕES - LRG TÉNIS - NEW BALANCE CHAPÉU - BILLABONG MOCHILA - KANUI

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anda POR AÍ TATIANA ROSSI CARDOSO IDADE: 31 anos PROFISSAO: Consultora Criativa Encontrámo-nos com a Tati na cidade de São Paulo. Esta ruiva toda estilosa estava a sair de casa para ir trabalhar.

LOOK Top: Forever 21 Calça: American Appearel Jaqueta: Ellus Sapato: Arezzo Mala: Santa Lola Acessórios: Anéis Pandora, brincos Zara

O MEU HOBBIE É Ourivesaria O NOSSO ESTILO É Casual Urbano 96 MELANCIA


@telmaoli


by: Clube do Bordado

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