MELANCIA mag
Cultura Visual & Lifestyle # 8 | Abril 2016 | www.melanciamag.com MELANCIA
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@hedgare_estrela
MELANCIA cultura visual e livestyle mag #8 / abril 2016
idealizadoras Juliana Lima & Mafalda Jesus sp e
al ci
Matilha | street art Oupas! design | design Pierre-Louis Costes | bodyboarder Filipa Vargas | tatuadora Jimmy P | músico Mariana e Daniela | viajem-voluntariado Letra | cerveja artesanal Nerve | músico João Jesus | câmara Gabriel Campino | receita de melancia Marta Nunes Ana Henriques | revisão Filipa Rodrigues Família | Amigos
nks tha :)
Capa e Contra Capa by: OUPAS! design
e-mail: melanciamag@gmail.com | www.melanciamag.com | facebook/melanciamag | instagram: @melanciamag
flores de abril Chegou de mansinho e nós abrimos as portas e as janelas ao quarto mês do ano. Esperando que não faça jus ao ditado “Abril, águas mil”, acreditamos poder apanhar o sol leve da primavera e conseguir ver melhor as flores coloridas que já começam a dar um ar da sua graça. Foi assim, inspiradas e de forma bastante graciosa, que recheámos a nossa MELANCIA mag deste mês. Estivémos a conversa com artistas talentosos, com um atleta campeão mundial com forte ligação à natureza e com idealizadores de projetos criativos em diferentes áreas. Tudo à altura de acompanhar a beleza que têm as flores da estação. Queres saber mais? Temos quem crie diferentes mundos em recortes e dobragens de papel, até quem tenha tido a coragem de passar dois meses numa aventura na Ásia. A edição de abril oferece um bocadinho de tudo. Variedade não falta! Podes escolher o teu ritmo preferido, degustar diversos sabores, respirar fundo e sentir o cheiro da maresia. Convidamos-te a entrar connosco nesta onda. És sempre o nosso convidado especial, afinal, divertimo-nos em cada pormenor desta edição, sempre a pensar em ti. Assim sendo, isto só faz sentido quando também abres as janelas e as portas para te inspirar, ou seja, estás aí, a divertir-te connosco. Contamos com a tua companhia ...
“CADERNOS DE HISTÓRIAS” por: Marta Nunes
“Cadernos de histórias” é o conjunto de vários relatos de vida de mulheres que tiveram uma vida activa na indústria em Portalegre, bem como na vida rural no contexto da Serra de São Mamede. O contexto industrial é rico com a Fábrica Robinson e a Manufactura de Tapeçarias de Portalegre, património muito interessante se quiserem pesquisar. Este livro é escrito por uma amiga que acompanhei nas conversas e fiz um registo fotográfico e com ilustrações que tudo junto será o resultado do livro.
índice OUPAS!
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MATILHA
PIERRE-LOUIS COSTES
JIMMY P
LETRA
FILIPA VARGAS
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RECEITA DE MELANCIA
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ESTILO QUE ANDA POR AÍ
A ESCOLHA DAS EDITORAS
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Ricardo em um muro do Projecto Matilha em SetĂşbal. 10 MELANCIA
Street Art
Entrevista por: Juliana Lima Obras e fotografias por: Projecto Matilha
ConversĂĄmos com Ricardo Romero, 34 anos, artista autodidacta e idealizador do Projecto Matilha, que integra arte urbana e uma causa social em que acreditamos e a qual apoiamos. NĂŁo percas esta entrevista exclusiva e descobre tudo sobre este projeto que tem como objetivo central consciencializar a comunidade/sociedade para questĂľes relacionadas com os direitos dos animais e dos humanos.
1) MELANCIA: Antes de falarmos do Projecto Matilha, gostaríamos de saber mais de ti. Quem é o Ricardo Romero? RICARDO: Sou, sobretudo, uma pessoa de paixões e convicções... Sou um apaixonado por tudo o que sejam intervenções em espaço público, por música, por animais, pela natureza, pelo mar e, de uma maneira geral, por pessoas (algumas)... Sou convicto do que quero e do que pode ser o meu contributo para um amanhã diferente... 2) M: De onde és, onde estás e para onde vais? R: Eu nasci e cresci em Évora, vivo em Leiria há cerca de oito anos. Gosto bastante da cidade e é o local ideal para a minha filha Mariana, que tem 4 anos, crescer. Para onde vou?! Não sei muito bem, mas vir a morar à beira mar é algo que me agrada muito..! 3) M: Além de pintar, o que mais fazes? R: Sou pai, passo imenso tempo com a minha filha, dedico bastante tempo ao projeto “UIVO” (quer na coordenação quer na produção) e tenho um outro projeto “Walls”, em que faço a cada dois meses a curadoria de exposições com jovens artistas/projetos no distrito de Leiria. 4) M: Como e quando é que o teu gosto pela arte começou? R: Muito cedo! A pintura foi sempre algo que me fascinou e acompanhou. Com 5 anos pintei um muro na escolinha e foi algo que me marcou bastante. A partir daí, tudo me servia de desculpa para desenhar... 5) M: Fala-nos um pouco desse muro e das tuas experiências iniciais com a arte urbana. R: O primeiro muro que pintei foi, como já disse, aos 5 anos. Mais tarde, quando tinha 13 e depois de muitos cadernos riscar, fiz o meu primeiro graffiti..! Foi nessa altura que tive também a
minha primeira crew no graffiti (NMR), um grupo de bons amigos! Deve ter durado uns dois anos. Mais tarde, por volta de 98, já com o meu tag Ship, pertenci a uma outra crew do graffiti: a Bishop Crew! Era de Évora, cidade pequena mas, naquela altura, com uma significativa atividade no graffiti. Mais tarde, entro para a One Art Crew, à qual ainda pertenço, através do meu grande amigo Smile que é, talvez, o responsável por eu nunca ter deixado de pintar..! As minhas raízes estão profundamente ligadas ao mundo do graffiti, do hip hop... o conceito de grupo e de união está muito presente em mim..! 6) M: No que consiste o Projecto Matilha? R: É um projeto artístico de arte urbana que pretende consciencializar a comunidade/sociedade para questões relacionadas com os direitos dos animais e direitos humanos. Através do Projeto Matilha procuro combater este enorme flagelo que é o abandono e os maus tratos a animais de companhia, bem como combater a exclusão social/humana. Basicamente, é tentar dar voz a quem não pode falar ou ser ouvido! 7) M: Fala-nos sobre as obras do projecto e sobre o processo criativo. Como escolhes as personagens e as mensagens que decides passar em cada trabalho? R: As personagens do Projecto Matilha são reais. As histórias que contam encontram-se à nossa volta... Infelizmente, existem bem mais casos do que os desejados, e todos juntos representam uma realidade: a minha realidade, e é com base nela que decido quem vai aparecer de seguida. O ponto de partida é sempre de uma fotografia que é desconstruída em linhas e curvas, para voltar a ser construída!!! A mensagem, depende sempre do momento ou do local onde será a intervenção.
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8) M: Elege o trabalho feito para o Projecto Matilha que mais te marcou e diz-nos porquê. R: Não existe um, existe uma “Matilha”!!! 9) M: Quais são as tuas referências e inspirações? R: As minhas maiores referências sempre vieram de outras áreas que não a pintura: a música e o vídeo sempre foram as minhas maiores influências. Todas as pessoas que conseguem fazer algo por um amanhã melhor sempre me inspiraram e, felizmente, são algumas! No fundo, a minha inspiração vem de tudo aquilo que me rodeia. 10) M: Sabemos que o “UIVO” é um “complemento” do Projecto Matilha e que tem uma enorme preocupação com a inclusão social. Do que se trata e como surgiu esta extensão? P: No sentido de desenvolver a vertente mais educativa, lançámos no final do ano passado (2015) a iniciativa/projeto “UIVO – ecos de arte com animais e gente dentro”. O UIVO pretende ser uma intervenção concertada para a promoção da coesão, inclusão social e cidadania ativa, utilizando as práticas artísticas como instrumento facilitador das relações interpessoais, e fomentando a corresponsabilização e empatia, através da sensibilização e consciencialização da comunidade em relação aos animais. No âmbito do UIVO, iremos desenvolver, ao longo de três anos, bibliotecas itinerantes, intervenções em espaço público (físico e visual), oficinas de arte, uma orquestra, uma curta-metragem, um documentário, exposições, várias ações de sensibilização e muito, muito mais! Com esta iniciativa, conseguimos de uma forma pacífica ter outros artistas a colaborar nesta causa, sem hipotecar aquilo que é o meu trabalho. De um lado, temos o Projecto Matilha, arte urbana desenvolvida por mim, e depois um complemento “UIVO”, uma iniciativa do Projecto Matilha mas que é de todos os participantes,
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onde, a nível artístico, vamos ter o meu trabalho mas também a importante colaboração de vários artistas/criadores tais como na ilustração, Lisa Teles (Escaravelho editora) Diogo Monteiro (Tenório); escultura/pintura, Fábio Colaço; Ana Prates no design de produto; Andreia Marques no design; o Bruno Carnide através de uma curta que será produzida para o UIVO, como diretor musical; Mário Marques que terá a companhia do David Santos (Noiserv) para musicar a nossa orquestra, e a fotógrafa Elke Vogelsang, que participa através do seu próprio projeto/trabalho, ajudando-nos a dar cara a alguns dos participantes do enredo..! 11) M: Que objetivos gostarias de alcançar no futuro? R: O poder dedicar-me a 100% ao Projecto Matilha é algo que ambiciono. Pintar coisas que não me dizem absolutamente nada, é cada vez mais estranho... 12) M: Qual é o teu lema de vida? R: Fazer e deixar fazer... nas calmas!!! 13) M: Onde encontramos o Ricardo quando não está a pintar? R: A passear com a Mariana e com o Gaspar... o local habitual é à beira-rio em Leiria ou à beira-mar na praia da Polvoeira. Gosto de correr... Grande parte do tempo é também passado em pesquisas. Depois existem reuniões, muitas, demasiadas aqui e ali... 14) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e a todos os seus leitores :) R: À MELANCIA mag, espero que continuem a dar voz a todos os criativos. Para os leitores, estejam atentos ao que acontece mesmo debaixo dos vossos narizes… por vezes, estamos todos tão preocupados em ver ao longe que ignoramos por completo o maravilhoso mundo novo onde nos movimentamos, no nosso próprio bairro, na nossa terra. Há muito boa gente boa no que faz muito perto de nós. É só, olhar, ver e reparar!
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1. Proenรงa, a Nova 2. Noodles 3. Snoopy 4. Scout 5. Projecto Matilha na Quinta do Mocho 6. Ricardo e Blackpool 7. Barosa 8. Poster UIVO.
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Papercraft & Design
Entrevista por: Mafalda Jesus Trabalhos por: Oupas! design
Cores, formas, papel, recortes e muita diversão! “Oupas! Vamos a isso!” É o lema do projecto de três designers que não tiveram medo da crise e criaram um conceito diferente para o seu atelier. O Oupas! Design apresenta um trabalho criativo que alia o carácter manual à sustentabilidade. Com apenas 5 anos de existência, o projeto encantou, conquistou espaço no mercado, clientes de grande visibilidade e mais do que tudo isso isso, as designers idealizadoras mostraram a toda a gente que sucesso é resultado de grande esforço e dedicação. Um verdadeiro exemplo a seguir! Sabe mais nesta entrevista, inspira-te e diverte-te!
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“O SUCESSO NÃO SE GANHA, CONSTRÓI-SE E NÓS TODOS OS DIAS TENTAMOS CONSTRUIR O NOSSO, ESFORÇANDO-NOS PARA AGRADAR OS NOSSOS CLIENTES E OS NOSSOS SEGUIDORES, PARA QUE ESTES POSSAM PASSAR PALAVRA DO NOSSO TRABALHO.”
1) MELANCIA: Como descrevem as 4 personalidades por trás deste projeto? (o gato também faz parte da equipa, certo?) OUPAS: Temos todas personalidades parecidas ou complementares, daí conseguirmos estar sempre em sintonia para os nossos projetos. Mas: o Tobias é o molengão, nós as trabalhadoras. O Tobias manda, nós fazemos. 2) M: Porquê “Oupas Design”? O: Oupas é uma expressão portuense que significa algo como “Vamos lá!”. E quando saímos da faculdade não queríamos estagnar ou ficar sem fazer nada, já que o mercado de trabalho não era dos melhores, então viramo-nos e dissemos “Oupas! Vamos fazer alguma coisa juntas!” O nome surgiu nesse instante e não houve discussão. Parecia-nos perfeito por ter nascido na altura que nasceu e por revelar exactamente o nosso espírito. 3) M: Como surgiu a ideia para este projeto tão inovador? O: Surgiu especialmente da situação que a maioria no nosso país se queixa: da crise, da falta de emprego, da dificuldade em entrar numa empresa sem ter tido experiência anterior. Juntámo-nos para tentar resolver isso e felizmente o trabalho compensou. O facto de querermos demarcarmo-nos como sustentáveis e o carácter manual do nosso trabalho já vem de trás, desde da faculdade, local onde fomos sempre incentivados a usar as mãos e a esquecer um pouco o trabalho digital, a pensar no ambiente e na nossa responsabilidade social. 4) M: Começaram a construir a vossa identidade em 2010 e conseguiram alcançar uma enorme visibilidade e reconhecimento. Como explicam o sucesso? O: Sobretudo com muito trabalho e dedicação. Muitas horas sem dormir, muitos fins de semana a cortar cartão. O sucesso não se ganha, constrói-se e nós todos os dias tentamos construir o nosso, esforçando-nos para agradar os nossos clientes e os nossos seguidores, para que estes possam passar palavra do nosso trabalho. São todas estas pessoas que conhecemos, e outras que não, que nos ajudam a existir e a querer fazer sempre mais e melhor.
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1. OUPAS! design identity, papercraft 2, 4. Montra Hermés, papercraft. 3. Papercraft, máquina fotográfica. 5. EUL, HEARTSTONE, evento 6. Creative Lemons, Papercraft 7, 8, 9. Papercraft. 10.“Thought For Food” evento. 11. ”Girl and Rocket Launch”, iustração, papercraft. 12. Centrum, papercraft, vídeo. 13. HOGWARTS AT BLIP Meeting room, Porto 2014
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5) M: As peças que criam são detalhadas e minuciosas. Quanto tempo demoram a fazer uma peça, digamos, de tamanho médio? O: O tamanho é relativo. A complexidade de uma peça é que determina o tempo que esta demorará a terminar. Uma banana 3D com 80cm é mais simples e rápida de se fazer do que um ananás de 50, por exemplo, e uma nave espacial de 20 cm é mais pormenorizada que um ananás, portanto havemos de demorar mais tempo com ela. 6) M: O que é que vos inspira, o que preenche o vosso imaginário? O: Inspiramo-nos na nossa cidade, no nosso gato, nas coisas do dia a dia, em pessoas extraordinárias e em ideias impressionantes. Não somos esquisitas e gostamos de absorver o máximo de cultura visual que conseguirmos. Essencialmente vemos de tudo e não nos focamos num só assunto ou técnica. 7) M: Como é um dia normal no atelier da Oupas? O: A primeira coisa a fazer após passar a porta do atelier é cumprimentar-nos com um high five e perder uns minutinhos a mimar o Tobias; depois começamos o trabalho. Se surgir um projeto novo por e-mail ou telefone, discutimo-lo, procuramos ideias e inspirações e, claro, fazemos um orçamento. A partir daí é fácil porque cada uma sabe o que tem a fazer: é intuitivo perceber quem terá de começar o projeto. Por exemplo, se precisar de uma maquete 3D a Joana começará a modelar e as outras ajudarão na concetualização e criação. O dia não é só trabalho, no entanto: à hora do almoço descontraímos no nosso jardim e conversamos com a nossa melhor amiga pelo skype. Sempre que há necessidade de descomprimir, também podemos dar uns murros e pontapés, ou deixar cair uns blocos de tetris na nossa arcade homemade.
8) M: Qual foi o projeto mais desafiante até hoje? O: Talvez o “Thought For Food” de 2015, em Lisboa. Era o segundo ano a trabalhar com pessoas incríveis de todo o mundo, mas nesse ano, fomos um pouco mais além. As nossas peças eram de muito maior dimensão que o habitual – com objectos de 5 metros de altura – num espaço incrível em Lisboa, o Convento do Beato, que fez o nosso trabalho ganhar uma dimensão ainda maior. Foi um desafio incrível, porque tivemos 1 semana para construir um projecto que andávamos há meses a preparar e que nos levou a trabalhar horas sem fio em cima de andaimes e de cola quente na mão. No final o trabalho non-stop compensou e acabamos com um espetáculo digno de se ver. 9) M: Na vossa opinião, que noção é que um artista não deve perder? O: A noção que nada se ganha sem trabalho e dedicação. Acreditamos que não basta sabermos fazer, é preciso concretizar e não desistir quando surge o primeiro obstáculo. 10) M: O que sonham para o futuro da Oupas!? O: Sonhamos poder continuar a fazer o que fazemos. Que continuem a surgir ideais e projetos que possamos concretizar. Queremos crescer sempre mais, em tamanho, em colaboradores, em sucesso. Esperamos poder fazer coisas em cartão e papel durante muito anos, porque é isso que nos move e que nos dá alegria profissional. 11) M: Qual é o vosso lema? O: Fácil: Oupas! Vamos a isso! 12) M: Deixem um recado à MELANCIA mag e aos seus leitores O: Mais uma vez: Oupas! Sigam os vossos sonhos, façam o que gostam e façam-no bem. Não desistam à primeira adversidade, continuem a tentar, que as coisas boas hão-de surgir.
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Desporto
Pierre-Louis Costes Entrevista por: Juliana Lima Imagens: divulgação
Faz alguns anos que ganhei o gosto pela prática do bodyboard. Com isso também passei a prestar mais atenção e a conhecer um pouco mais sobre o universo deste desporto. Foi assim que esbarrei com o bodyboarder francês Pierre-Louis Costes, que vive em Portugal já há algum tempo. E, com o calor que se aproxima resolvi entrevistá-lo, para começarmos a sentir o cheiro da maresia. Tão bom! Pierre confessou-nos que a primeira razão de ter escolhido viver em Portugal foi o coração, entretanto fala-nos o quanto é grato por ter descoberto um dos países mais lindo do mundo. Entra nessa onda e descobre tudo sobre a rotina, os gostos e as referências deste jovem atleta que já ganhou o título de campeão mundial na sua categoria.
1) MELANCIA: Quem é o Pierre Louis Costes? PIERRE: Sou uma pessoa que ama o oceano e a natureza, tenho uma paixão por ondas e o bodyboard é o meu novo emprego. Adoro viajar, descobrir novos sítios, surfar ondas novas, conhecer pessoas. 2) M: Como e quando é que começou o teu gosto pelo bodyboard? P: Começou em Marrocos, onde vivi três anos, no Natal de 1999. Os meus pais ofereceram-me uma prancha de bobyboard, como eu já adorava o oceano, por isso, foi a maneira perfeita de passar mais tempo nele. 3) M: Sabemos que ganhaste o teu primeiro título de campeão europeu com pouca idade. Tinhas apenas 14 anos, certo? Lembras-te o que esta conquista significou para ti? Conta-nos como este facto impulsionou a tua carreira. P: Sim, lembro-me de ter sido escolhido para a Selecção francesa para participar no campeonato europeu. Tinha 14 anos e estava na categoria sub-16, este título foi importante porque, em primeiro lugar, estava contente por representar tão bem o meu país, em segundo, deu-me confiança e a vontade de perseguir títulos maiores. 4) M: Sabemos que a tua linda e simpática mulher, Rute Penedo, é portuguesa. Imaginamos que ela não foi o único motivo para teres decidido viver cá. Conta-nos há quanto tempo vives em Portugal e o que mais te encanta neste país. P: Sim é verdade, agora vivo em Portugal e se a primeira razão foi seguir o meu coração, também fico grato por ter descoberto um dos países mais lindos do mundo. Há imensas coisas que eu
adoro em Portugal, as pessoas, a comida, o clima, o facto de ser um dos países com ondas mais consistentes do mundo e claro, amo a minha mulher. 5) M: Quais as tua principais referências no desporto? E as tuas inspirações e influências? P: São muitas e eu fui influenciado por elas enquanto crescia. Ryan Hardy, Guilherme Tâmega, Andre Botha, Jeff Hubbard, são os meus ídolos. 6) M: Descreve-nos de forma breve como funciona um dia padrão teu, os teus rituais e rotina. P: Eu tento treinar o máximo possível, os meus dias dependem das condições do mar, se as ondas me permitem treinar, eu vou surfar, se as condições forem muito boas, a minha mulher vem filmar e fotografar. Quando não há ondas, tento passar o máximo de tempo de qualidade com a minha família e tratar de outros assuntos da minha carreira, lidar com patrocinadores, organizar as próximas viagens... Eu também treino fora de água porque é importante estar em forma, o que eu mais faço são corridas e alongamentos. 7) M: Elege um campeonato ou uma conquista tua no bodyboard que mais te marcou e diz-nos porquê. P: Além de vencer o título mundial que é o auge de uma carreira desportiva, vencer o “Pipeline Pro” (fotografias 1,5 e 7), este ano, foi a conquista mais dura e satisfatória, eu sonhei vencer no Hawai mais do que em qualquer outro sítio. É difícil descrever o sentimento, trabalhei tanto e vou ao Hawai desde que tenho 13 anos, por isso poder levantar o troféu, pelo menos uma vez na vida, é o melhor sentimento.
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1 .5. 7. Fotografias do Pipeline Pro (2016) 2. Frame por Wonderland Prod. 3 Fotografia que anuncia parceria do atetla com a GoPro 4. Fotografia por Jesús de León, em Fronton, Galdar. (2012) 6. Fotogrtafia por Chris Gurney, Canaries (2016) 8. ” The calm before the storm. Floating over a mermaid.. Shot with my GoPro” Pierre 9. ”Portugal is one of my favourite place in the world to go sur , I love that photo shot by Wonderland Prod.” Pierre.
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8) M: Qual o spot em que mais gostaste de surfar? Conta-nos o porquê P: Pipeline no Hawii , Fronton nas Canárias e um dos reefs mais pesados, na Ericeira, os três fantásticos para bodyboard. 9) M: O que achaste da tua viagem para a Cidade Maravilhosa? P: O Brasil é um país que eu amo, visitei o país pela primeira vez aos 18 e fiquei espantado com a beleza. Adoro a comida e a atmosfera, em termos de surfar, vou todos os anos a Itacoatiara e eu e a minha mulher costumamos continuar a visita assim que acaba o evento, gostamos de ir a Joatinga! Uma nota mais triste, enquanto o Brasil é um dos países mais bonitos do mundo, a poluição é um enorme problema, eu já não surfo mais em São Conrado, que é a minha onda preferida do Brasil, simplesmente porque já fiquei muito doente e o risco é demasiado grande. Espero que isso possa mudar no futuro, as pessoas precisam de mudar, há tanto trabalho a ser feito e eu espero que os brasileiros consigam encontrar uma maneira de acabar com a poluição nos sítios mais afectados. 10) M: Em 2011, conquistaste o título de campeão mundial na tua categoria. Como te sentes em relação a isto? P: É uma realização, senti-me tão feliz que é difícil explicar como me senti, a minha mulher, família e amigos estavam lá nesse dia, foi um dia que eu nunca vou esquecer 11) M: Quais os teus planos para 2016? P: O bodyboard está a explodir e a tour mundial está muito boa,
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comecei bem com uma vitória em Pipe e agora os meus planos são perseguir um segundo título mundial, enquanto faço o meu melhor para filmar e lançar os melhores vídeos possíveis. 12) M: E que objetivos gostarias de alcançar no futuro? P: Tenho alguns objectivos para a minha carreira mas que ainda são segredo! Gostava de continuar na indústria quando acabar a minha carreira, construir uma família e viver dias felizes junto à praia! 13) M: Qual é o teu lema de vida? P: Neste momento, sinto que tomar contar do nosso Planeta deveria ser a maior preocupação dos humanos, às vezes acções insignificantes têm um grande impacto no futuro, positivo ou negativo. A minha mulher também é uma forte apaixonada pela natureza e tornou-se algo que gostamos de defender. 14) M: Onde encontramos o Pierre quando não está no mar? P: Em casa a relaxar ou no aeroporto! Haha. Se me encontrarem num centro comercial é porque a minha mulher está perto. 15) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e a todos os seus leitores :) P: Obrigado pela oportunidade desta entrevista, é sempre um prazer falar de bodyboard fora do meio. Para todos os leitores, espero que um dia descubram o prazer de dropar uma onda, e entretanto, desejo-vos o melhor e espero que tenham gostado da entrevista.
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Tatuagem
FILIPA
VARGAS Entrevista por: Mafalda Jesus Tatuegens por: Filipa Vargas
Filipa Vargas, 25 anos, vem de Ponta Delgada, Açores. Tatua há apenas 2 anos e especializou-se em dotwork. Acabou por criar um estilo muito seu, apresentando um trabalho tão minucioso mesmo com pouco tempo de experiência. Nesta entrevista, Filipa confessou-nos que passou muito tempo sem saber o que queria fazer “quando crescesse” mas quando descobriu o seu talento para a tatuagem tudo passou a fazer sentido. Para ela, e para toda gente que admira o seu trabalho, como nós! Conhece as referências e inspirações desta artista que faz quase magia aos pontos.
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“KINKY LITTLE WOMAN WITH CRAZY HAIR, BIG BROWN EYES, AND A FARAWAY STARE”
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1) MELANCIA: Quem é a Filipa? FILIPA: «kinky little woman with crazy hair, big brown eyes, and a faraway stare.» 2) M: Há quanto tempo tatuas e como tudo começou? F: Tatuo há 2 anos e faço dotwork há 1. Estive muito tempo sem saber o que queria ser “quando fosse grande”. No dia em que descobri que queria ser tatuadora tudo passou a fazer sentido. Levei um ano a conhecer os trabalhos de tatuadores conceituados, a voltar a focar-me no desenho e a procurar alguém que quisesse ensinar-me esta arte. Eventualmente encontrei uma loja que me aceitou como aprendiz em Ponta Delgada. A partir daí, muita aprendizagem, muitos medos, muitas frustrações e encruzilhadas, mas ainda mais alegrias e concretizações. 3) M: Tens um estilo de pontilhismo muito próprio. Como o descreverias? F: Dotwork realista é provavelmente o termo que sinto que melhor descreve o que faço. Sempre fui apaixonada por realismo e agora, com o dot, tento ser ainda o mais realista possível mas com toda a expressividade única que o dot me permite ter. 4) M: Todos os artistas têm as suas referências, fala-nos um pouco das tuas. Quais são os tatuadores ou ilustradores que mais admiras e que de alguma forma inspiram o teu trabalho? F: No meu primeiro ano a tatuar as minhas referências não passavam pelo dot. Fui encorajada a explorar dotwork, mas só fiquei realmente convencida depois de ver o trabalho da Sarah Herzdame. Ainda assim só me apaixonei realmente pelo estilo depois de desenhar o meu primeiro retrato realista. A partir daí comecei a pesquisar mais artistas dentro do estilo e agora posso destacar Ed Zlotin, Mxm, Kelly Violet, DŻO LAMA, Fredão Oliveira, Kamil Czapiga e Róbert A Borbás 5) M: Fala-nos do teu processo criativo. Gostaríamos de saber como fazes a gestão de tudo desde a marcação, os desafios de criar a ilustração e responder às vontades do cliente, até realizar e finalizar a tatuagem em si. F: Peço sempre para me enviarem mensagem para a minha página profissional (Filipa Vargas Tattoos) no Facebook e que especifiquem o que querem, em que zona do corpo e que me enviem referências de outros trabalhos que tenham gostado, para eu perceber a linha de pensamento que preciso de seguir. Se são trabalhos complexos peço para virem ter comigo para que haja o mínimo possível de falhas de comunicação e aí fazemos a marcação. Na semana agendada volto a falar com a pessoa e normalmente mostro que referências fotográficas vou usar e peço luz verde para avançar a ilustração. Preciso de estar sempre de acordo com o cliente porque desenhar em dot é um processo tão demorado que fica fora de questão redesenhá-lo na integra. Mas há sempre excepções: há casos em que me basta a referência fotográfica antes da tatuagem e “traduzo” para dot directamente na pele.
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“SEMPRE FUI APAIXONADA POR REALISMO E AGORA, COM O DOT, TENTO SER AINDA O MAIS REALISTA POSSÍVEL MAS COM TODA A EXPRESSIVIDADE ÚNICA QUE O DOT ME PERMITE TER.”
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6) M: Se conhecesses a Filipa, no início do seu percurso no mundo da tatuagem, que conselho lhe darias? F: Ria-me um bocado e dizia “oh miúda, soubesses tu o que ainda vais ter que lutar escondias-te num buraquinho! Mas mantém-te forte!” 7) M: Destaca um trabalho teu e diz-nos porquê. F: A primeira Frida Kahlo que fiz, numa vencedora de um dos meus concursos . Estive muito ligada na escolha da referência e super excitada por fazer aquele retrato em particular. Não querendo de todo diminur as outras tatuagens que fiz, mas esta deu-me um gozo especial. Levei o meu tempo e fui avançando sem pressas, sabendo que queria oferecer uma tatuagem brutal a esta pessoa. Foi uma excelente experiência. 8) M: Qual é o maior desafio profissional nesta indústria? F: Sobressair numa cidade grande, carregada de artistas fantásticos. E tentar não desmoralizar nas épocas de menor trabalho. 9) M: Qual é o teu lema de vida? F: Não tenho nenhum específico, vou-me adaptando às situações e acabo por arranjar mantras que me fazem avançar. Às vezes são pedaços de músicas, outras vezes frases muito simples... Desde que naquele momento funcione... 10) M: Onde encontramos a Filipa quando não está a tatuar? F: Em casa, a dar mimo ao gato e ao namorado. A beber cafés por lisboa fora com os amigos e a comer bons pitéus. E quando o trabalho permite, até ponho o pé fora de casa para umas cervejinhas. 11) M: Com quem gostavas de conversar? F: Com todos os tatuadores que já referenciei e com mais uns mil. E uma última palavra com pessoas que já não estão cá. 12) M: Deixa um recado à MELANCIA mag e aos seus leitores :) F: Continuem a apoiar esta fantástica iniciativa! E já agora, dêem uma olhada nos meus pontinhos!
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“...VOU-ME ADAPTANDO ÀS SITUAÇÕES E ACABO POR ARRANJAR MANTRAS QUE ME FAZEM AVANÇAR. ÀS VEZES SÃO PEDAÇOS DE MÚSICAS, OUTRAS VEZES FRASES MUITO SIMPLES...”
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Música
JIMMY P Entrevista por: Juliana Lima Imagens: Divulgação
Abril marca o lançamento de “Essência, o terceiro álbum de Jimmy P. Aproveitámos as boas energias e as emoções da véspera para conversarmos com este músico que nasceu no Barreiro, mudou-se para Paris aos 8 anos e durante a sua vivência na cidade luz começou a descobrir o rap. Só alguns anos depois é que Jimmy P viria realmente a interessar-se pelo rap, e tornar-se uma figura central da nova geração da música urbana actual portuguesa, combinando o Rap e o R&B.
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Conhece um pouco mais do percurso deste artista, as suas inspirações e descobre connosco as expectativas de Jimmy P com o lançamento do seu novo álbum “Essência”. 1) MELANCIA: Quem é o Jimmy P? JIMMY P: O meu verdadeiro nome é Joel Plácido, nasci no Barreiro, sou filho de pais angolanos. Vivi em Paris dos 8 aos 15 anos, foi lá que descobri o HipHop. Mudei-me para o Porto nessa altura, cidade onde decidi ficar até hoje. 2) M: Soubemos que sempre tiveste o teu pai Jorge Plácido, como referência e quase seguiste a carreira dele, de futebolista. Entretanto decidiste seguir outros caminhos. Conta-nos como começou o teu gosto pela música e o que te fez mudar o teu percurso? J: O meu pai é uma pessoa apaixonada por música. Muitas das primeiras coisas que ouvi enquanto criança foi por intermédio dele (samba, salsa, reggae, Semba, e inúmeros outros estilos). Foi com ele que aprendi a ouvir e a descobrir a música antes sequer de ter o meu gosto pessoal definido. Apesar de gostar de jogar futebol, de ter um pai como exemplo, percebi cedo que a música ocupava um espaço e uma importância muito maior na minha vida. 3) M: Como te sentes em relação à tua decisão de seguir a carreira musical? E como é que o teu pai encara este facto? J: Não foi uma decisão que tomei de ânimo leve porque nessa altura já tinha uma profissão, uma formação, portanto trata-se de algo que ponderei com algum cuidado. No fundo, abdiquei de tudo que estava a fazer para tentar a minha sorte na música pois sabia que devia isso a mim mesmo: tentar! Quanto ao meu pai, ele é o meu maior fã. Sempre me apoiou em tudo, e foi seguramente das pessoas que se manteve firme ao meu lado quando eu decidi correr este risco.
4) M: Como classificas a tua música? J: Revigorante, fresca, saudavel. 5) M: No cenário global, quais os artistas dentro de teu estilo que mais admiras? J: The Fugees, e a Lauryn Hill 6) M: E no cenário nacional, quais as tuas influências? J: Chullage, Boss AC, Valete, Sam The Kid. Esses são os artistas que cresci a ouvir. 7) M: O teu trabalho é bastante conhecido pela qualidade, pelas letras originais e pelas rimas. Fala-nos do teu processo criativo e das tuas inspirações. J: Não tenho uma regra. As coisas acontecem de forma natural, vão acontecendo. Pode partir duma melodia de refrão que eu tenha em mente, pode ser a parte instrumental da música a sugerir uma direcção. Por outro lado, eu não escrevo nem me inclino sobre assuntos que não me digam respeito ou que não tenha vivido. Dificilmente consigo criar música partindo de algo que não me diga respeito. 8) M: Já cantaste com outros grandes músicos como Agir e Valete. O que parcerias como estas agregam para o teu trabalho? J: É enriquecedor. Poder criar e estar em estúdio com artistas que têm uma visão e uma abordagem diferente da nossa é extremamente salutar. É um processo em que todos temos a ganhar pois permite-nos unir os nossos públicos e fazer a nossa música chegar a outros circuitos. Por outro lado, creio que a música é isso mesmo: a partilha. 9) M: Elege a música que mais te orgulha e explica-nos o porquê. J: CORAGEM DE VIVER. Foi um tema que escrevi num dos momentos mais delicados da minha vida. MELANCIA 51
10) M: Acreditamos que o ano passado foi um ano muito importante para ti. Com apenas 2 álbuns lançados ganhaste prémios importantes como de Artista Revelação 2015, Prémio Melhor Performance ao Vivo 2015, Melhor Artista Nacional 2015. Fala-nos sobre estas tuas conquistas. J: 2015 foi o melhor ano da minha carreira a todos os níveis: atuações, premios, exposição. Contudo, não vejo esses prêmios com um objetivo de carreira. São boas consequências boas que resultam do trabalho que desenvolvemos, mas não são um objetivo. 11) M: Agora, prestes a lançar oficialmente o teu terceiro álbum, fala-nos das tuas expectativas. Como te sentes? J: Ansioso por perceber a reacção das pessoas a este novo trabalho. Tenho noção de que é um risco tendo em conta a estética e a sonoridade do álbum mas estou confiante que as pessoas vão gostar mais deste álbum do que dos outros. 12) M: O que podemos esperar de “Essência”? J: É um álbum mais melódico, mais harmonioso, mais minimal até. Houve outras preocupações que não tive nos outros albums como fazer canções, e revestir os Raps e os refroes com melodia de forma a torná-los mais agradáveis. É um álbum para pessoas gostam de HipHop e RnB.
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13) M: Qual é o teu lema de vida? J: Um dia de cada vez 14) M: E o teu maior sonho? J: Ser pai. E sobretudo ser um bom pai. 15) M: Deixa um recadinho à MELANCIA mag e aos seus leitores :) J: Obrigado a todos os que apoiam a música nacional!
1. “Já percorri este país duma ponta a outra...se Deus me der saúde para tal, irei continuar a fazê-lo.” (Redes Sociais Jimmy) 2. 3. 7. 9. 12. Fotografias: arquivo pessoal Redes Sociais Jimmy 4. ”Do what is right... not what is easy!” 5 e 6. “Let them hate. Just make sure they spell your name right.” Fotografias por Fábio Teixeira. 8. Kill them with a smile, they hate it. Then Kill them with success... because success is timeless! MEO Sudoeste. 10. Jimmy P - Álbum #1 (Lançamento Dezembro 2013) 11. Segundo Álbum “FVMILY F1RST” (2015). 6 52 MELANCIA
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Viagem & Lifestyle
Entrevista por: Mafalda Jesus Fotografias por: Daniela e Mariana
Daniela Portugal e Mariana Dias, duas jovens portuguesas de 23 anos, com um espírito aventureiro e generoso. Largaram tudo, pegaram nas poupanças, puseram as mochilas às costas e foram à descoberta do sul da ásia, com objetivos traçados: fazer voluntariado e viajar tanto quanto possível. Garantem que foi uma experiência inesquecível e contam-nos alguns dos episódios que mais as marcaram. Viaja connosco nesta entrevista!
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“O que é que estou a fazer a minha vida? A clássica pergunta de quem se veio meter no fim do mundo, em condições precárias e com diarreia do viajante. E vômitos. E muito, muito calor. Chegamos a aldeia de Chiro, passava pouco tempo do meio dia. Estava um calor infernal, o chão estava sujíssimo, semelhante a um aterro sanitário e demos por nós a pensar o quão díspar era tudo aquilo em relação ao site da organização.” Foi esta a situação no início do voluntariado... Mas no fim chorámos. Chorámos baba e ranho por irmos embora, por deixarmos para trás parte de nós e todos aqueles coraçõezinhos tão meigos que gritavam “Mary you go, I cry”. 1) MELANCIA: Como descrevem estas duas raparigas? Somos diferentes mas naquilo que é essencial partilhamos as mesmas ideias. Passar dois meses com alguém em situações, por vezes, de pressão e de limite só funciona se respeitarmos o espaço uma da outra e falarmos abertamente sobre tudo. Sermos das melhores amigas também ajudou claro. Descomplicadas, acho que é a palavra que melhor nos descreve. 2) M: Como surgiu a ideia de embarcar nesta aventura? Foram inspiradas por alguém, algum exemplo anterior? Ambas fizemos parte da AIESEC, uma associação que proporciona a jovens universitários a possibilidade de fazer estágios de voluntariado de seis semanas em qualquer parte do mundo. Tornámos o sonho do voluntariado realidade para muitos jovens e sempre quisemos fazer o mesmo por nós próprias. O gosto por viajar determinou o mês e meio que se seguiu ao voluntariado. 3) M:Ser voluntário num local remoto do planeta não é para todos. Qual é a característica indispensável para desempenhar esse papel? DANIELA: Ter a capacidade de nos adaptar à situação em que nos encontramos é fundamental e pensar, acima de tudo, que os problemas só são problemas se não tiverem solução. Sempre que sentia falta do meu conforto ocidental - da sanita à agua potável - pensei sempre “ se estas pessoas vivem assim a vida inteira porque não adaptar-me a isto durante 18 dias?”. MARIANA: Relativizar. Lembro-me que a Daniela ficou doente assim que chegámos à aldeia de Chiro e eu tive de ser fria. “Não. Isto não é malária e nós safamo-nos desta. FOCA-TE”. 4) M: Como foram acolhidas pelos habitantes locais? Com recetividade, desconfiança, esperança...? D: A família que nos acolheu fez-nos sentir ‘da casa’ assim que chegámos. O facto desta família ter pessoas da nossa idade tornou tudo mais próximo e sei que fico com amigos para a vida naquela pequena aldeia no Camboja depois de termos partilhado a mesma casa durante aquelas semanas. As crianças adoram conhecer quem chega, brincar e aprender e os adultos oferecem-nos tudo, o que faz com que rapidamente nos sintamos parte da comunidade. M: Creio que a Daniela disse tudo. Não existe qualquer medo ou desconfiança por parte dos locals. Guardo uma enorme saudade de todas aquelas gargalhas infantis e ensinamentos da “matriarca” da família. Trouxe imensos mimos das meninas (pulseiras, peluches, papelinhos amorosos) que me foram dados no meu aniversário na vila. Chorámos tanto no fim... Dói no coração só de pensar. Espero mesmo que todos aqueles sonhos sejam concretizados. 58 MELANCIA
“TER A CAPACIDADE DE NOS ADAPTAR À SITUAÇÃO EM QUE NOS ENCONTRAMOS É FUNDAMENTAL E PENSAR, ACIMA DE TUDO, QUE OS PROBLEMAS SÓ SÃO PROBLEMAS SE NÃO TIVEREM SOLUÇÃO. ”
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5) M: Qual foi o maior ensinamento que retiraram desta experiência? D: Aprendi que, acima de tudo, a felicidade é um conceito que pode ter várias vertentes, algo que o povo do Cambodja me ensinou a ver nas pequenas coisas. E ainda que há mais estilos de vida válidos do que aquele que os ocidentais levam - escola, faculdade, trabalho. M: A partilha. Não conheci nenhuma criança que não partilhasse aquilo que comia, sendo que temos de nos lembrar que a comida na aldeia era muito escassa. Um peixe grelhado chegou a ser repartido por nove pessoas. 6) M: E a maior dificuldade? D: No dia em que cheguei a Chiro fiquei realmente doente e confesso que pensei em desistir. Com febre e vómitos, deitada num colchão e rodeada por uma rede mosquiteira, não passava uma brisa naquela tarde com cerca de 40º. Ensinar também foi um desafio, não é fácil ‘cultivar’ algo na cabeça de alguém. A minha admiração pelos professores aumentou muito com esta experiência. M: Ensinar. Definitivamente que nós não temos noção da criatividade e capacidade que é necessária para todos os dias ensinar crianças tão pequenas que não têm a mesma língua nativa que nós. 7) M: Alguma vez sentiram medo? D: No voluntariado nunca senti medo. Não há violência, os homens locais comentam mas nunca senti que me pudessem fazer mal. Durante o resto da viagem, foram os ocidentais que me fizeram sentir realmente incomodada. Chegámos a não sair à noite porque estávamos cansadas das investidas
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desconfortáveis de homens com idade para serem nossos pais, especialmente no Sul da Tailândia. M: Medo das doenças foi praticamente em toda a viagem! Há Dengue por todo o lado e em muitos sítios onde estivemos imenso tempo há a agravante da Malária. Mesmo com as vacinas e a profilaxia, cada picada de mosquito assusta e as condições precárias da aldeia podiam perfeitamente colocarnos em situações perigosas... Em termos pessoais creio que o sítio onde me senti mais desconfortável foi em Phuket. O típico turista ocidental que procura o mercado sexual da Tailândia não tem filtros e aborda qualquer rapariga na rua. Chegaram-me a perguntar se era menor com um prazer enorme inerente à pergunta. A certa altura o desconforto foi tanto que decidimos mudar os planos da viagem e sair daquele inferno mais cedo do que o previsto. 8) M: Apesar da pobreza, as heranças naturais destes países são evidentes. Conseguem destacar um local? D: Em termos de beleza natural, o Laos é sem dúvida o país mais rico. As cidades são rodeadas por montanhas verdes, montanhas estas que escondem cascatas deslumbrantes. No Cambodja, o nascer do sol nos templos de Angkor Wat é incrível e, claro, as praias da Tailândia, apesar do lado mais turístico, são verdadeiros paraísos. M: Honestamente não consigo destacar um local… Koh Rong, uma ilha no Camboja, foi uma incrível surpresa... Mais até do que as ilhas tailandesas. No entanto não dá para esquecer Angkor Wat, a cidade dos tempos no Camboja que é complemente breathtaking, Halong Bay, no norte do Vietname e as paisagens apaixonastes do Laos.
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9) M: Deram aulas a estas crianças. Que temas foram abordados? D: Aos mais pequenos focámo-nos em ensinar o básico e vocabulário mais acessível, como os animais, a roupa, a comida. Na aula de alunos mais avançados, que estudavam para ser professores assistentes na OBT, quisemos melhorar as suas capacidades de comunicação em inglês e fazíamo-los falar acerca de uma temática escolhida. Chegámos a debater direitos humanos e conceitos como paz e justiça em aula, algo a que nunca aconteceria na escola pública cambodjana. M: Depende muito das classes! Eu tive uma turma nível A onde se ensinava o verbo “to be”, a negativa e a interrogativa e palavras simples como os animais, roupas etc. (Muitas vezes a maneira mais divertida para estas idades era encontrar jogos e canções que ajudassem a memorizar). Já a classe B1 era baseada em texto e perguntas de interpretação enquanto que a “advanced class” (alunas que eram também professoras assistentes na organização) a “main subject” era gramática. Contudo abordámos também temas interessantíssimos como os direitos humanos, aulas de geografia e o papel das mulheres no mundo. Por último, tive por vezes uma classe com alunos entre os 18 e os 24 anos, alunos esses quase analfabetos na própria língua khmer, onde o primordial era falar sobre as palavras simples do quotidiano, o alfabeto e as apresentações orais. 10) M: Contem-nos um episódio marcante (imagino que seja difícil escolher) D: A Mo Nita, uma das raparigas com quem morávamos, disse-me algo que me inspirará para sempre. Imaginem uma jovem de 21 anos que mora numa aldeia no Camboja onde as raparigas devem casar a partir dos 16 e cujos maridos são muitas vezes escolhidos pelos pais. A Mo Nita disse-me: “ eu não preciso de um homem para nada. Sei fazer tudo o que eles sabem fazer. Quero estudar, melhorar o meu inglês e ajudar os meus pais para poder dar-lhes uma vida melhor e tirá-los do trabalho duro do campo”. A força de vontade e aquele ‘passo à frente’ que ela está em relação a todos os outros faz dela uma das pessoas que mais admiro no Mundo. M: A visita aos killing fields e à famosa prisão Tuol Sleng S-21...Uma autêntica Auschwitz-Birkenau dois... Para quem não sabe, entre 1975 e 1979, o Camboja sofreu um dos períodos mais negros e tristes da sua história: um GENOCÍDIO em massa que fez desaparecer cerca de 1 em cada 4 pessoas no país. Os responsáveis, tinham o nome de khmer rouge: um movimento comunista (o exército vermelho cambodjano) que a mando do Pol Pot, o ditador, matou mais de um milhão de pessoas no Cambodja. A ideia era “simples”: erradicar todas as pessoas com educação no país. Médicos, professores, advogados, enfermeiros... Todos foram mortos assim como as suas respectivas famílias para que a sede de vingança nunca chegasse. Pol pot estudou eletrónica em França, nunca apareceu em público mas tinha o poder absoluto no país. Morreu velho, provavelmente bem gordo e com filhos e netos à sua volta. Contudo, muitas das suas vítimas nem oito meses de vida tinham. Como slogan defendia a seguinte premissa: é melhor matar um inocente por engano que deixar à solta um inimigo por descuido.
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“SE SE SENTIREM INSPIRADOS PELA NOSSA AVENTURA FAÇAM O MESMO. A FORÇA DE VONTADE É TUDO O QUE PRECISAM PARA PARTIREM NESTE GÉNERO DE VIAGEM.”
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11) M: Voltariam a repetir a experiência? D: Voltaria a fazer tudo igual e um dia espero voltar a fazer este género de voluntariado noutra parte do mundo. Há poucas coisas mais recompensantes do que sentires que, por um lado, estás a contribuir para um bem maior, e, por outro, todos os dias sais da tua zona de conforto e te desafias. M: Sem dúvida! E com mais tempo e menos coisas planeadas! Por vezes encontras outros mochileiros na tua viagem que tiveram ideias ainda melhores que as tuas e com quem gostarias de estar mais tempo. Em relação ao voluntariado... significou o mundo para mim. Sentir-me útil, para quem me conhece, é quase que algo imperativo. 12) M: Deixem um recado à MELANCIA mag e aos leitores :) D: Se se sentirem inspirados pela nossa aventura façam o mesmo. A força de vontade é tudo o que precisam para partirem neste género de viagem. Nós largámos tudo, pegámos nas nossas poupanças e fomos. E voltámos infinitamente mais ricas com todos os sítios e pessoas que conhecemos. M: Não invejem a nossa viagem e façam o mesmo. Mais tempo... menos tempo... Não interessa. Desafiem-se a vocês mesmos. Nós não tínhamos um bom ordenado, nós não tivemos ajuda de ninguém. Fomos porque quisemos. Fomos porque decidimos mudar de vida. Pareceu um erro que se tornou na melhor experiência da minha vida.
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Gastronomia
Entrevista por: Juliana Lima Imagens: Divulgação
Cá em Portugal o calor já está mesmo a chegar. E, com isso a procura de bebidas frescas só aumenta. Para os apreciadores de produtos diferenciados e exclusivos destacámos a Cerveja Letra, que é produzida através de métodos artesanais e ingredientes 100% naturais – água, maltes e lúpulos - que lhe conferem um carácter único e especial.
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1) MELANCIA mag: Antes de falarmos da marca, gostaríamos de saber um pouco mais sobre os empreendedores. Quem são os dois cervejeiros por trás da Letra? CERVEJA LETRA: Eu, Filipe Macieira, e o Francisco Pereira, ambos com 30 anos, eramos colegas no curso de Engenharia Biológica e em 2008 os nossos projetos de final de curso foram dedicados à indústria cervejeira, no meu caso estive seis meses na República Checa, e o Francisco esteve na maior indústria cervejeira nacional. Os nossos projetos eram de base ciêntifica, mas o interesse e o prazer de beber boa cerveja ficou desde aí bem evidente nas nossas personalidades. 2) M: Num país como Portugal, tão conhecido internacionalmente pela excelência na produção de vinhos, quando e como surgiu a ideia de criarem uma marca de cerveja? F: Passaram dois anos desde o final do curso e, em 2010, iniciámos a ideia de produzir cervejas premium com elevada qualidade e sem qualquer tipo de aditivos. A nossa proposta de valor era produzir algo de nicho, uma cerveja com ingredientes 100% naturais, uma cerveja real. Dedicámos três anos à investigação e desenvolvimento de toda a estratégia, desenvolvemos os nossos equipamentos e as nossas receitas de cerveja, surgindo no mercado em Outubro de 2013 a LETRA-Cerveja Artesanal Minhota. 3) M: A marca tem um conceito muito engraçado. Como designers que somos, gostaríamos de saber como foi o processo de criação do branding? Fala-nos um pouco sobre a definição do naming, da estratégia da marca e da Identidade. F: O nosso interesse desde o início era ter uma marca que fosse de fácil interação e interpretação do consumidor, mas que, ao mesmo tempo, em termos de design, fosse tradicional, mas igualmente contemporâneo. Tivemos a lucidez de contratar uma boa agência de comunicação, a Sardinha no Porto, que nos apresentou duas propostas brutais e decidimos a LETRA-Cerveja Artesanal Minhota, pois era mesmo o conceito que iria fazer crescer a marca pela forte interação e pedagogia entre a cerveja e o consumidor.
1. “Esfera”: Pistacho e Morango - Penha Longa. 2. Panacota de Coco, Sorbet de Framboesa e Champanhe Dorchester Hotel (Londres). 3. “Verão”: Mascarpone, Frutos Vermelhos, Maracujá e Amendua - Penha Longa. 4. “Sweet Mango” - Penha Longa. 5. “The Chocolate” Penha Longa. 6. “Árabe” diamante com recheio de canela e cardamomo - Penha Longa. 7. “Abóboras Malvadas....” - Penha Longa. 8.”O Outono”: Chocolate, Castanha e Abóbora - Penha Longa. 9. New style Eclair - Penha Longa. 10. Réplica do Palacio da Penha Longa em gingerbread (biscoito). 11. “Nozes” recheio de praline de noz - Penha Longa. 12. No Laboratório da Callebaut -Paris
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4) M: E os produtos? Como foi o processo de definição dos sabores e tipos de cerveja? F: Sabiamos que tinhamos de obter uma linha de cervejas base, mas sempre com o objetivo de inovar e lançar coisas novas cada vez mais intensas, não só em termos de alcool como aroma e sabor. Começamos com as Letras ABCD (A WeissTigo; B Pilsner - Loira, C Stout- Preta, D Red Ale - Ruiva). Estas receitas foram desenvolvidas durante os 3 anos dedicados à investigação, onde ao longo desse tempo fomos melhorando receitas e dando a provar ao mercado. 5) M: Qual a cerveja mais pedida? F: Atualmente, as nossas edições maturadas em barrica de Porto, as cervejas Letra on OAK, são aquelas mais distintas de todos os produtos desta gama no mercado. São edições com elevado álcool (10-12%) que tem um sabor e aroma distintos devido a maturação da cerveja por meses em barricas da Quinta do Portal, que foram usadas previamente para maturação do vinho do Porto dessa marca. 6) M: Além dos produtos da vossa linha, Aa, Bb, Cc, Dd, sabemos que também fazem edições especiais e sazonais. Fala-nos sobre estas experiências e da receptividade do público. F: Além da Letra E- Belgian Dark de 9%, que é uma edição sazonal de inverno, temos também a Letra F, uma India Pale Ale com muito lúpulo que lhe dá um sabor mais amargo e um aroma muito tropical devido à origem dos lúpulos. Para Além das LETRAS (Abcdef) a marca tem outras três linhas: 1. Letra on Oak - edições maturadas em Barricas de Carvalho (Vinho do Porto, Moscatel Douro, Aguardente Vínica) 2. Letra Barbudo - edições muito exclusivas feitas em pequena escala que só poderão ser degustadas no nosso BrewPub LETRARIA ou em festivais de cerveja artesanal; 3. Colaborações com outros cervejeiros - fazemos cervejas
com outras marcas que dão origem a novas cervejas. Já fizemos colaborações com duas marcas espanholas, uma brasileira e outra portuguesa, normalmente, são cervejas muito intensas em que bhá partilha de ingredientes e de conhecimento. 7) M: Todos os apreciadores de boa cerveja têm uma certa curiosidade e encantamento sobre o processo de fabrico. Falanos um bocadinho sobre a fábrica da Cerveja Letra. F: Os ingredientes são a chave do processo e são malte, água, lúpulo e levedura. O malte é misturado com água quente e o amido é convertido a glucose, que é o de açúcar que irá ser fermentado originando o álcool. O lúpulo dá o amargor e grande parte do aroma e sabor de alguns estilos de cervejas artesnais trata-se de uma flor com propriedades muito únicas. A levedura, por sua vez, faz a magia de transformar os açúcares em álcool e outros compostos minoritários que conferem elevado perfil às cervejas. 8) M: Também gostaríamos de saber mais sobre o LETRARIA. Qual a proposta do brewpub exclusivo da LETRA? Quais os objetivos com este espaço localizado em Vila Verde, no Norte de País, e porque recomendam a quem estiver por perto que vá conhecer? G: Para apreciar a cerveja na sua plenitude é preciso perceber um pouco acerca do processo e dos ingredientes, assim como aprender a harmonizar a cerveja com comida. Na LETRARIA realizamos visitas para que os nossos clientes percebam o processo e o porquê das cervejas terem sabores e aromas muito distintos uns dos outros. A harmonização da cerveja com a comida é também muito importante, pois cada cerveja combina melhor com determinados pratos. Na Letraria, pode degustar a cerveja acompanhada de petiscos e realizar um jantar com familia ou amigos num ambiente único e acolhedor, onde pode observar todo o processo de produção da LETRA, uma vez que a fábrica é separada por um vidro da zona de bar/restaurante. MELANCIA 73
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9) M: Sabemos que estiveram a apresentar a marca em eventos internacionais, como o festival de Barcelona. A internacionalização da Cerveja Letra é um objetivo? F: É muito importante perceber outros mercados mais evoluídos do que o nosso para conseguirmos posicionar a nossa marca a nível interno. Aprende-se muito e principalmente criam-se contactos e partilha-se conhecimento dentro do sector. A internacionalização é um objetivo da empresa, no entanto, queremos sempre dar foco principal ao mercado interno e ir avançando passo a passo. 10) M: Quem está de fora, como nós, sente a grande aceitação e sucesso da marca. Quando começaram, imaginavam que ia ser assim? Os resultados estão dentro das vossas expectativas? F: Sim, os resultados estão dentro das melhores expectativas. Sabíamos que, quando há qualidade na cerveja e no serviço ao cliente, a empresa iria crescer, que é precisamente io que está a acontecer. Cada vez mais as pessoas percebem a diferença de sabor e aroma que as cervejas artesanais podem oferecer, existindo todos os dias mais consumidores deste produto. 11) M: Deixa um recado à MELANCIA mag e aos nossos leitores :) F: Consumam cerveja artesanal portuguesa, existem muito boas cervejas produzidas cá, são artigos de excelência que são produzidos por pessoas e não máquinas e focam-se principalmente na intensidade e diversidade de aromas e sabores. 9 74 MELANCIA
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Música
Entrevista por: Mafalda jesus Fotografias por: Divulgação
Considera-se pessimista, afinal, o seu segundo disco de originais chama-se “Trabalho & Conhaque ou A Vida Não Presta & Ninguém Merece a Tua Confiança”, mas, na realidade, defende que, perante as adversidades, devemos “pôr mãos à obra”. Tem 27 anos, é rapper, diz que faz música à sua maneira e, no que diz respeito aos seus álbuns, responsabiliza-se por letras, produção e instrumentais. Apesar de gostar de conversar consigo mesmo, aceitou dar uma entrevista à MELANCIA mag.
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1) MELANCIA: Quem é o Tiago? NERVE: Um tipo aí, que faz música. 2) M: Porquê Nerve? N: Vem da expressão “Struck a nerve”, que é título de uma música de Machine Head. Tinha 15 anos quando escolhi o nome. Acabou por ganhar algum sentido, mas hoje escolheria outro. Qualquer coisa em português, se calhar. 3) M: Como começou esta aventura no mundo da música? N: Foi gradual, sem grandes pretensões. Desde muito cedo encontrei na actividade criativa diversos veículos confortáveis para me expressar e a música tornou-se um desses veículos. Desde que saiu o novo álbum estou numa boa fase que ando a tentar manter. No fim do dia, alguns altos e baixos bem fundos, mas tem sido uma boa aventura. 4) M: “A vida não presta & ninguém merece a tua confiança”. És mesmo assim tão pessimista? N: Sem dúvida. Mas bem vista a coisa, considero-me um realista. Ainda assim, a mensagem inerente ao disco não pretende encorajar a lamuria derrotista. Pelo contrário, é meio uma mensagem de força ou de orgulho individualista em situações mais adversas. Numa de “as coisas são o que são, agora mãos à obra”. Além disso, convém não ignorar a ironia toda que envolve o álbum. Ninguém está aqui de corda ao pescoço, para já. 5) M: O que difere a tua música? N: Não sei bem o que responder, não estou a inventar a pólvora com a minha música. Posso dizer-te que a minha preocupação é antes de mais com a escrita. Se na maioria da música que prolifera por aí a prioridade for outra, pode ser que seja por aí que me diferencio, não sei. De resto, o que diferencia a minha é o mesmo que diferencia as outras. É música feita por mim à minha maneira. Somos todos super especiais.
“NÃO ESTOU A INVENTAR A PÓLVORA COM A MINHA MÚSICA. POSSO DIZER-TE QUE A MINHA PREOCUPAÇÃO É ANTES DE MAIS COM A ESCRITA.”
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6) M: E o que verdadeiramente te enerva? N: Não me canso de dizer isto: As pessoas no geral, durante as horas de ponta. 7) M: Os teus concertos são muito intimistas e as tuas letras apoderam-se do público, gerando momentos de introspecção. Qual é a sensação de saber que aquelas pessoas estão ali para te ver? N: Como a maioria dos gigs que tenho dado são em noites em que só eu vou actuar, nesse registo mais intimista, um dos aspectos positivos tem sido exactamente o facto de eu saber que aquelas pessoas estão ali especificamente para me ver. E isso quer dizer qualquer coisa. Antes do álbum sair, estive parado muito tempo e a única visão que tinha acerca dos meus seguidores era através das redes sociais, então tem sido bom perceber que a malta que me tem seguido não contribui só com “likes” e que de facto é capaz de comprar um disco ou de sair de casa para ir a um gig. Acaba por ser irónico, considerando que é malta que pelos vistos gosta de ouvir música sobre viver fechado num quarto. 8) M: Fala-nos das tuas referências e inspirações. N: Umas mãos cheias de rappers norte-americanos que lançaram material pela Def Jux, Anticon ou RhymeSayers na primeira metade da década passada. Em Portugal, referência directa? Matozoo e pouco mais. Além da música, tenho fortes referências em comediantes como Greg Giraldo, Bill Burr, Mitch Hedberg, Anthony Jeselnik, por aí.
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“O MEU OBJECTIVO É SÓ EXPRESSAR AS MINHAS IDEIAS DE FORMA CRIATIVA. NO PROCESSO, DEIXAR ALGUMA ESPÉCIE DE MARCA PARA A POSTERIORIDADE SERIA IMPECÁVEL.”
9) M: E o teu processo criativo? Como é que tudo isto surge? N: São ideias soltas, acumuladas ao longo do dia, que tento organizar e polir quando chego a casa depois do trabalho. Muitas das faixas do novo álbum são compostas por dezenas dessas ideias soltas, enquadradas dentro de uma temática abrangente. Com o passar do tempo, acredito que já criei um universo grande o suficiente para puder abraçar várias temáticas distintas e manter o meu registo, e parte da piada de escrever enquanto NERVE é expandir esse universo. Acrescentar camadas à personagem, que acaba por ser uma mistura de retalhos de referências com traços da minha personalidade. 10) M: Com quem gostavas de conversar? N: Comigo, há duas décadas. 11) M: Que objectivos pretendes cumprir com a música? N: O meu objectivo é só expressar as minhas ideias de forma criativa. No processo, deixar alguma espécie de marca para a posterioridade seria impecável. Além disso e como já referi, um dos objectivos imediatos é manter o momentum que ganhei com o novo álbum. Dar mais espectáculos, continuar a escrever, produzir instrumentais, lançar um ou dois EP’s o quanto antes, por aí. 12) M: Qual é o teu lema de vida? N: Nenhum em particular. Uma qualquer lei de Murphy deverá funcionar. 13) M: Deixa uma mensagem à MELANCIA mag e aos seus leitores :) N: Obrigado à MELANCIA pelo convite e a quem leu pela paciência. Qualquer novidade será anunciada em facebook.com/ avidanaopresta. E é isso. Sejam realistas, é OK.
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delícia de melancia POR: GABRIEL CAMPINO
DELÍCIA DE MELANCIA E FRAMBOESA, CREMOSO DE LIMAO E BISCOITO FOFO DE LIMA
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1. BISCOITO FOFO DE LIMA - 100 g de manteiga - 80 g de açúcar amarelo - 2 ovos - 100 g de farinha - 6 g de fermento em pó - 1 lima (raspa)
3. MOUSSE DE FRAMBOESA E MELANCIA - 150 g de framboesa - 50 g de melancia - 3 folhas de gelatina - 20 g de açúcar - 5 claras batidas em castelo
1. Bater a manteiga com o açúcar, adicionar os ovos depois juntar a farinha e o fermento e por fim a raspa de lima..
1. Triturar a framboesa e a melancia, adicionar o açúcar e ferver cuidadosamente, adicionar a gelatina (previamente demolhada em água fria) e deixar arrefecer um pouco.
2. Colocar num tabuleiro pequeno com papel vegetal e cozer a 160 graus cerca de 15 minutos.
2. Por fim incorporar as claras.
1. Num tacho misturar o sumo, os ovos e açúcar e ferver cuidadosamente durante cerca de 1 minuto, retirar do lume e adicionar a manteiga.
EMPRATAR 1. Num molde em silicone num formato de mini pudim ou num formato a gosto (este tipo de moldes são fáceis de arranjar em sítios como o de borla ou espaço casa) colocar um pouco de mousse até meio, colocar um cubo do cremoso ainda congelado no centro do mousse e pressionar ligeiramente para baixo, colocar mais um pouco de mousse e terminar com um círculo do biscoito fofo de lima.
2. Quando estiver frio colocar o preparado em covetes como as dos cubos de gelo e congelar.
2. Levar ao congelador até que esteja totalmente congelado. Desenformar, deixar descongelar e servir a gosto.
3. Deixar arrefecer e cortar em forma de círculos com a ajuda de um corta massas. 2. CREMOSO DE LIMAO - 100 g de sumo de limão - 2 ovos - 30 g de açúcar - 30 g de manteiga
3. Quando estiverem congeladas desmoldar e reservar no congelador.
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O MEU HOBBIE É fazer caminhadas na serra e junto ao mar! Sseguir uma boa serie e claro, viajar! Viajar muito! O MEU ESTILO É descontraído e casual. Gosto muito de me arranjar para saidas especiais mas no dia a dia, o conforto acima de tudo.
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