MELANCIA mag
Cultura Visual & Lifestyle # 2 | Outubro 2015 | www.facebook.com/melanciamag MELANCIA
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@raqf 2 MELANCIA
MELANCIA cultura visual e livestyle mag #2 /outubro 2015
idealizadoras Juliana Lima & Mafalda Jesus sp e
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Sofia Pires | produção de moda Maracujá Project | ilustração Raquel Lopes | fotógrafa Caio Leska | publicitário Outdoor Training Camp | empreendedores Miguel Carvalho | ilustrador Bruno Casanova | artista Catarina Sanchez | publicitária Epicurspicy | empreendedores Ana Henriques | revisões Família. Amigos
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Capa e Contra Capa by Maracujá Project
e-mail: melanciamag@gmail.com | facebook/melanciamag | instagram: @melanciamag
estamos DE VOLTA :) A diversão continua, e cá estamos com a MELANCIA mag #2 recheada de conversas, criatividade, retratos, espírito empreendedor e muito ritmo brasileiro. Apresentamos o Maracujá Project, que, curiosamente, também leva a frescura da fruta no nome. Descobrimos o casal aguarelado no Instagram e ficámos curiosas em saber o que estava a fazer este artista português na Turquia. De uma simpática e agradável conversa, nasceu esta capa exclusiva para a nossa 2º edição. As páginas da MELANCIA foram preenchidas com fotografias de grande qualidade, criadas pela talentosa Raquel Lopes e pela divertida e criativa Catarina Sanchez. Contámos também com a participação de artistas como Caio Leska, Miguel Carvalho e Bruno Casanova, que contribuíram para a cor e a alegria da nossa revista com as suas ilustrações. E, como somos da opinião que é essencial manter uma vida ativa e saudável, convidamoste a conhecer o Outdoor Training Camp, um projeto inovador que traz um novo conceito de treinos ao ar livre a um preço lowcost. Também com o inspirito empreendedor, apresentamos a Epicurspicy, a primeira marca portuguesa de cocktails granizados de preparação fácil. Confere o conteúdo da MELANCIA mag #2. Feito especialmente para saborear e inspirar.
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1. 2. Fotografia/ Pedro Janeiro Produção/ Diana Conceição e Sofia Pires
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índice MARACUJÁ PROJECT
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CAIO LESKA
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OUTDOOR TRAINING CAMP
RAQUEL LOPES
CATARINA SANCHEZ
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MIGUEL CARVALHO
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EPICUR SPICY
BRUNO CASANOVA
DELÍCIA DE MELANCIA
#melanciamag
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94 ESTILO QUE ANDA POR AÍ
Entrevista por: Juliana Lima Fotografias e Ilustrações por: Maracujá Project
O “Maracujá Project” é formado pelo casal de arquitetos Gilberto Maia e Tuğba Alves. Este lindo projeto artístico, que também leva uma fruta no nome (que a gente adora!), surgiu da vontade de terem uma coisa pessoal. Ele é português, ela é turca, e nesta entrevista exclusiva para a MELANCIA mag #2, o artista conta-nos tudo.
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1) MELANCIA: Antes de falarmos sobre o projeto em si, gostaríamos de saber... Como e onde é que os dois se conheceram? GILBERTO: Foi em Itália, durante o programa de Erasmus e foi amizade à primeira vista. O amor veio depois. A partir daí, as viagens entre a cidade Invicta e Istambul, na Turquia, começaram a ser uma rotina. No início, a relação foi vivida à distância mas depois decidi tentar a sorte e mandar-me de cabeça para Istambul. Dois anos depois casámos e dois anos mais tarde cá estamos. 2) M: Há quanto tempo vivem em Istambul? Como é a vossa vida na Turquia? G: Eu vim para Istambul há quatro anos e meio. É uma cidade enorme, com imensa gente; a adaptação a esta nova realidade não foi muito fácil, mas acaba por ser uma cultura mediterrânea muito parecida com a portuguesa, com pessoas muito simpáticas e uma cozinha espectacular. Acabou por ser uma segunda casa, bastante mais vibrante. A Tuğba tem trabalhado em arquitetura constantemente. Eu é que fui saltando entre trabalhar em concursos e escritórios de arquitetura, fazer ilustração, dar aulas de Português, desenhar mobiliário, etc. 3) M: Como surgiu a ideia de lançar o “Maracujá Project”? Gilberto, conte-nos sobre o início, os objetivos traçados, e as funções de cada um de vocês. G: Antes do “Maracujá”, houve a necessidade de criação de um portfólio, poucas semanas depois de chegar a Istambul. Na realidade, foi a cidade que me fez dedicar mais a sério à ilustração. Lançar o “Maracujá Project” foi uma necessidade que surgiu de fazer algo que fosse só nosso. Embora não estejamos a dedicar-nos a tempo inteiro a este projeto, sabíamos que tínhamos de ter algo com a nossa assinatura para partilhar. Esse é o nosso principal objetivo, dar a conhecer este gosto pela ilustração através do blogue [http://maracujaproject.blogspot. com] . Quanto às funções, eu faço as ilustrações e a Tuğba trata das fotografias e gestão.
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4) M: Por que “batizaram” assim o vosso projeto? G: “Maracujá” foi o nome que surgiu naturalmente porque, nas primeiras conversas que tivemos no início da nossa relação, fiquei a saber que a Tuğba não conhecia o fruto. Não o produzem na Turquia. Fi-la provar e ela adorou. Entretanto, ainda não havia projeto, mas quando ele surgiu, o nome foi uma escolha bastante imediata. 2
1. “Magic Potion” 2. “Bom Dia Alegria” 3. “Casas Portuguesas” 4. “Never Ending City”
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“ Quando pensamos no “Maracujá”, queríamos mostrar às pessoas que não fazemos apenas ilustrações, estamos também a dar um pouco de nós. Achámos que devia haver uma referência para que as pessoas identificassem o casal por detrás da ilustração.”
5) M: A comunicação da marca, no blogue, não é feita em Português, apenas Turco e Inglês. Não pensam em trazer este projeto para Portugal, sendo este o país de origem do Gilberto? G: Boa questão. Como é a Tuğba que costuma tratar de toda a comunicação, as publicações acabam por ser em Inglês e em Turco, mas já temos falado nisso e escrever em Português vai ser uma realidade. Aliás, a minha mulher fala a nossa língua, por isso temos mesmo de fazer isso. Como ainda estamos numa fase inicial, o nosso mercado é dirigido para o público turco, mas claro que pensamos em levar o projecto para Portugal e aí sim, vou ter de dedicar-me mais à escrita. 6) M: Nas vossas ilustrações muitas vezes há a presença de um casal. Estas personagens são vocês? São ilustrações baseadas em factos reais? O que é que vos inspira? G: Sim, somos nós. Quando pensámos no “Maracujá”, queríamos mostrar às pessoas que não fazemos apenas ilustrações, estamos também a dar um pouco de nós. Achámos que devia haver uma referência para que as pessoas identificassem o casal por detrás da ilustração. Não gostamos muito de factos reais :), preferimos os sonhos e a imaginação. Se, por acaso, coincidirem com a realidade, ainda melhor. Eu diria que as casas tradicionais, o gosto de viajar e as diferentes culturas são a nossa maior inspiração. 7) M: Vocês comercializam o trabalho realizado? Onde e como? E, fazem ilustrações por encomenda? G: Sim, comercializamos o nosso trabalho. Como estamos numa fase inicial, as encomendas têm sido feitas maioritariamente por amigos e conhecidos aqui na Turquia, mas claro que nos podem contactar através do nosso email [maracuja.project@hotmail. com] ou da nossa página de Facebook [https://www.facebook. com/maracujaproject] e logo se vê como podemos fazer. Fazemos ilustrações por encomenda com muito gosto, aliás, neste momento estamos a fazer uns convites de casamento muito especiais.
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8) M: Gilberto, onde é que aprendeu a desenhar? G: Eu desde sempre que gosto de desenhar. Isso fez-me escolher o agrupamento de Artes no colégio de Santa Maria de Lamas [distrito de Aveiro] e, mais tarde, seguir o curso de Arquitectura na FAUP - Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. O saber desenhar é muito relativo. Nasce entre o gostar de desenho e treinar muito. Claro que o meu percurso académico influenciou o meu tipo de traço, especialmente a Arquitetura, mas também reconheço que o gosto pela ilustração infantil teve um grande peso na minha maneira de desenhar. 9) M: Observámos que uma das técnicas mais usadas no vosso trabalho é a aguarela. Existe algum motivo especial? Como é que escolhem os materiais de trabalho? G: Trabalho bastante com aguarela mas também com acrílico. Talvez tenha publicado recentemente mais trabalhos com a primeira, mas certamente que muitos mais com acrílico hão-de vir. Fora esses dois, não costumo variar muito. O facto de viver numa casa pequena impede-me de ter uma grande variedade de materiais, por isso vou usando os que tenho e sempre aproveito para aperfeiçoar a técnica. 10) M: Deixe um recado para a MELANCIA mag. G: Para quando, delícia de Melancia com Maracujá?
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5. Detahe da ilustração feita para a capa da MELANCIA mag 6. “Atlantis” 7. “Wanderlust”
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Raquel LOPES Entrevista por: Mafalda Jesus Fotografias por: Raquel Lopes
O objectivo da MELANCIA mag é apresentar aos leitores novos artistas, que tenham um fator de diferenciação que os destaque e que faça valer a pena dar a conhecer o seu trabalho. A Raquel é sem dúvida uma dessas artistas, pois fotografa com o coração.
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“Quando uma pessoa pratica a Dança, é mais sensível em certos pontos de vista e mais flexível em certos temas. A dança influencia sim na minha maneira de fotografar, pois a dança não tem limites e para mim fotografia também não.”
As tuas fotografias transparecem sentimento, falam connosco sem dizer nada, contam histórias... E quando se atinge esse patamar, questionamo-nos como conseguiste e o que te levou a seguir este caminho e não outro. Por isso peço-te que nos expliques tudo neste pequeno questionário, feito exclusivamente para ti! 1) MELANCIA: Para começar queremos conhecer a Raquel. Que idade tens e qual foi o teu percurso académico? RAQUEL LOPES: Tenho 23 anos, e já sou mãe há seis meses. Até o 12º ano mantive-me em Ciências e Tecnologias e, no momento de entrar na faculdade, optei por Artes, visto que eu olhava para o meu futuro e não me via enclausurada em laboratórios todos os dias (queria seguir algo relacionado com Biologia) e/ou mesmo ter de estudar mais. Não foi por preguiça, mas sim porque tinha outros sonhos, como por exemplo ser mãe cedo, e se continuasse a estudar ia ser complicado concretizar esse sonho. A minha vida académica foi realizada em Lisboa, no IADE - Instituto de Arte, Design e Empresa, universidade privada em que adorei estar, mas de onde saí no final do segundo ano. Os resultados finais eram bastante positivos, as notas que me saíam do bolso é que já não, e por isso preferi deixar a faculdade. Entretanto, também engravidei. Muitos me perguntam quando volto para a faculdade... Não voltarei! Pois o que eu queria mesmo aprender, já o fiz minimamente (fotografia analógica) e o resto vou aprendendo por fora. E assim tem sido. 2) M: Conta-nos como foi o teu primeiro encontro com a fotografia. Foi planeado ou foi amor à primeira vista? R: Eu sempre gostei de fotografia, mas ficava à frente da câmara e não por trás. A paixão pela captura fotográfica deu-se em 2010 devido a uma das minhas melhores amigas (Ana Filipa Cardoso) que começou a desenvolver esse interesse. Como eu a acompanhava, foi despertando igualmente em mim aquela paixão. Entretanto, as pessoas vinham a perceber que eu até tinha um “bom olho” e ganhando elogios juntamente com criticas construtivas, fui desafiando a mim mesma e evoluindo. Até hoje, a fotografia é algo que não largo e sempre que posso capturo nem que seja uma flor. Posso concluir que estava destinado este amor entre mim e a fotografia, ela veio até mim e até hoje por aqui continuamos com a mesma paixão.
3) M: A dança faz parte de ti, achas que isso influencia a tua forma de fotografar? R: A Dança é outro tipo de arte que me acompanha desde os 3 anos. Quando uma pessoa pratica a Dança, é mais sensível em certos pontos de vista e mais flexível em certos temas. A dança influencia sim na minha maneira de fotografar, pois a dança não tem limites e para mim fotografia também não. Na dança estou sempre a aprender e na fotografia também, e principalmente, tanto a fazer uma ou outra, eu exprimo aquilo que sou e o que sinto e desanuvio. A dança faz-me ter mente aberta, e uma mente aberta na fotografia faz toda a diferença. 4) M: O teu trabalho é essencialmente composto por retratos. O que te fascina nas pessoas? R: O meu trabalho não tem tema definido nem fotografo só isto ou aquilo. Faço de tudo um pouco. O retrato é o que tem mais ênfase no meu trabalho pois cada pessoa que eu fotografo conta uma historia incrível e diferente. Gosto de capturar emoções e sentimentos e tenho sempre o cuidado de fotografar pessoas com traços diferentes ou algo marcante, que chame a atenção do público. 5) M: Quais são as tuas aspirações como fotógrafa? Até onde queres ir? R: Como costumo dizer não me intitulo como fotógrafa, porque acho que um fotógrafo tem que saber fotografar mas também tem que saber as técnicas e conhecer bem o material com que trabalha, inclusive photoshop em alguns casos, e eu nisso sou um pouco limitada. Eu capturo fotografias à minha maneira e de forma a que exprima quem eu sou, mas no mundo da fotografia eu ainda quero chegar mais longe. O meu maior sonho acho que nunca irei realizar, pois para mim a família está em primeiro lugar. Foto-jornalismo era o meu objectivo: no meio da guerra capturar aqueles momentos tristes e chocantes. Se gosto de ver pessoas em sofrimento? Não, mas como disse, gosto de mostrar a realidade como ela é e existem muitas coisas que acontecem que muita gente não vê. Mas como é claro, zona de guerras é uma zona muito arriscada, e eu tenho uma família comigo onde quero permanecer. Portanto, outra aspiração mais soft seria seguir fotografia de cena.
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4 1. Modelo: Ágata Ribeiro 2. Modelo: Inês Neto 3. Modelo: Inês Cunha e o seu gato 4, 5. Projecto Autoral 6. Modelo: Inês Neto 7. Modelo: Ana Catarina Lima 8, 9. Projecto “all scars have a story” com Catarina Casqueiro
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6) M: Quem são tuas maiores influências no universo da fotografia? R: Normalmente a minha influência na fotografia costuma ser mesmo a realidade e o quotidiano. Tudo ao meu redor me inspira, mas a música é o que mais me ajuda e o que mais me enriquece de ideias. Quanto a pessoas concretas, quem me influenciou mais foi Francesca Woodman, Richard Avedon, Helmut Newton, Diane Arbus, Sally Mann, José Ferreira. E mais uns poucos. 7) M: Que fotografia podes eleger como a mais significativa? Porquê? R: Já fotografo há alguns anos e há sempre muitas fotografias que me cativam mais e me marcam, mas falando recentemente, uma das fotografias que mais significância teve para mim, foi um retrato de uma menina que admiro, muito talentosa e um amor de pessoa, mas que sofreu um acidente e teve queimaduras de 3º grau. Tive interesse e um tremendo gozo em fotografá-la porque esta rapariga, com o nome de Catarina Casqueiro, uma bailarina brilhante, mostrou confiança e não perdeu o seu lindo sorriso mesmo depois do acidente. Fotografei as suas cicatrizes e a sua beleza, e foi um dos trabalhos que mais sucesso teve. Até hoje ainda recebo mensagens de elogio e até mesmo de agradecimento por este trabalho, pois pessoas que tiverem outros tipos de acidentes onde os seus corpos sofreram alterações, conseguiram seguir a sua vida normalmente e com sorriso nos lábios em vez de se esconderem nos seus refúgios. Esse trabalho foi para transmitir uma mensagem: “Muito pode acontecer na nossa vida, mas no final devemos sempre sair com um sorriso”. E também, “Por mais alterações tenhamos nos nossos corpos devido a isto ou aquilo, somos sempre lindas/ os”. Esta fotografia significou muito para mim pois inspirei outras pessoas, transmiti força e, principalmente, porque a mensagem chegou ao público.
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8) M: Foste mãe recentemente. De que forma isso alterou a tua forma de olhar para o mundo? R: Apartir do momento que somos pais, a nossa vida muda quase por completo. Sempre ouvi dizer “thanks for the tragedy i need it for my art” (kurt cobain). Muitas das vezes inspiro-me na minha tristeza. E agora sendo mãe isso mudou, pois é rara a vez que me sinto triste. Ela preenche-me de tal forma com aquele sorriso que é impossível eu sentir qualquer tipo de dor. E, por isso, complica-me no trabalho fotográfico, mas a inspiração tem vindo de outros meios, por agora. 9) M: Deixa um recadinho à MELANCIA mag e a todos os leitores! R: Um recadinho para a nova e interessante revista MELANCIA e aos leitores: A arte está sempre presente na vossa vida. Ou vocês a praticam ou vocês a vêem ou vocês a presenciam. A própria vida é uma arte. Portanto gozem da arte porque é algo que nos enriquece a mente e nos torna ilimitados e com mente aberta. Não deixem de fazer o que mais gostam, não desistam do que vos faz bem. Sejam felizes e vivam que maior parte das pessoas só existem. Continuem atentos a esta revista, que muito nos vais trazer e enriquecer. O mundo é cheio de coisas novas e diferentes das coisas não conhecemos. Quem quiser e poder, visite a minha página (raquelopes photography) e um grande obrigada à revista MELANCIA por esta oportunidade. Até breve, obrigada.
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“Tive interesse e um tremendo gozo em fotografá-la porque esta rapariga, com o nome de Catarina Casqueiro, uma bailarina brilhante, mostrou confiança e não perdeu o seu lindo sorriso mesmo depois do acidente. Fotografei as suas cicatrizes e a sua beleza, e foi um dos trabalhos que mais sucesso teve. ”
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Caio Leska, fotografia por RĂŠgis Fernandez 30 MELANCIA
CAIO LESKA Entrevista por: Juliana Lima Fotografias e Ilustrações por: Caio Leska
O Caio Lekecinskas, mais conhecido como Leska, é um jovem profissional com larga experiência em agências publicitárias de renome. Em Setembro de 2015, enquanto o conteúdo da MELANCIA mag #2 era preparado fui visitar o Brasil e surgiu a vontade de o convidar para rechear as nossas páginas. Publicitário, Criativo, Artista Plástico, aprendeu a lidar e usar o daltonismo a seu favor. Leska não tem medo de arriscar (e errar) e partilhou connosco o seu sorriso entre as palavras e o seu jeito de menino.
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1) MELANCIA: Antes de abordarmos o seu percurso artístico, gostaria que revelasse qual é a sua formação e desse a conhecer a sua profissão. Fale um pouco da sua carreira. CAIO: Eu tirei o curso de Publicidade e Propaganda na Universidade Metodista, em São Paulo, Brasil. E aparte da minha vida como artista, sou criativo numa agência de publicidade. Redator, há 8 anos, já trabalhei em grandes agências como Leo Burnett Lisboa, Leo Burnett São Paulo, JWT, Lowe e Santa Clara. 2) M: Este seu percurso profissional, passou por Lisboa. Então, conte-nos quando e por quanto tempo lá esteve e como foi viver na capital portuguesa? C: Saudades de Lisboa :) Eu vivi a comer bifanas por lá em 2009. Ainda era muito novo, com 19 anos, foi a primeira vez que morei sozinho, e logo noutro país e a trabalhar. Lisboa acolheu-me muito bem, mesmo chegando no inverno, com o vento do Tejo a cortar os meus pulmões todos os dias. Podia ter dado errado na segunda semana, quando o prédio vizinho do meu se incendiou de madrugada. Mas amo Lisboa, não é por acaso que voltei uma vez por ano nos últimos três. Só pra dar um “olá”. 3) M: No seu trabalho, as palavras. Nos seus projetos artísticos, as cores e os desenhos. Como é conciliar a sua profissão com os seus projetos pessoais e independentes? C: A parte fácil é que tudo é criação, não importa se a escrever ou a pintar. Vivo num intenso processo de criar. A parte difícil é o tempo. Infelizmente, eu não consigo abrir uma tela e pintar no meio do trabalho. Então preciso de fazê-lo noutros horários. Mas já pintei escondido.
4) M: Como é que começou a desenhar e pintar? Tem alguma relação com o facto de ser daltónico? C: Não tem, não. Comecei desde criança, mas foi a desenhar que descobri que era daltónico. Sem saber, os dois lados já davam as mãos desde os 7 anos. 5) M: Quem sabe desta sua peculiaridade deve ter curiosidade em perguntar como é trabalhar com as cores e ser daltónico. A MELANCIA também quer saber. Fale-nos um pouco sobre isso e das suas experiências (únicas) com as cores. C: A pergunta que me deixa mais confuso é, depois de eu responder o que estou a ver, alguém me dizer: “Mas se você vê ‘errado’ como sabe que isso é azul?” Eu troco muito castanho com verde. Azul com roxo. Laranja com amarelo. Vermelho com castanho. E uma vez ou outra um tom a mais. Eu estou habituado a isso e gosto de fazer as minhas combinações, do meu jeito. Já que não sei as cores do jeito “certo”, prefiro pintar como eu sinto que elas se comportam bem umas ao lado da outras. 6) M: O seu daltonismo “dá graça” ao seu trabalho. Neste seu percurso, já conheceu outras pessoas na mesma situação? C: Já, sim. Mas nunca vi alguém que usava isso como eu. Não deliberado. Dizendo que essa é a intenção.
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“Gosto de coisas únicas. Por isso, por exemplo, não gosto de produzir tiragens de uma obra. Para mim elas são únicas. O sentimento que eu expressei ali não se vai repetir para vender mais.”
7) M: Já são dois anos seguidos que tem uma exposição com um tema de Verão. A MELANCIA também tem uma relação muito próxima com esta estação,afinal, foi nas noites quentes do mês de agosto que o projeto da revista nasceu. Mas, e o Caio, tem algum motivo especial fazer sempre fazer as suas coleções “Alto Verão”? C: Foram duas edições. Mas, na verdade, a ideia era existir só a primeira. Eu não gosto muito de repetições. Gosto de coisas únicas. Por isso, por exemplo, não gosto de produzir tiragens de uma obra. Para mim elas são únicas. O sentimento que eu expressei ali não se vai repetir para vender mais. Coloco uma vez e, para mim, é assim que é natural. Só que a primeira edição foi muito bem aceite e bem vista. Repercurtiu-se muito bem. E fui chamado por uma marca no Rio de Janeiro para expôr de novo. Como eu tinha vendido tudo e não queria repetir as mesmas obras, decidi que iria fazer a segunda edição. E rolou. 8) M: Na coleção do ano passado tinha lá a sua versão de melancia. Nós adorámos! Fale-nos um pouco sobre estas suas interpretações e inspirações na estação mais quente do ano. C: Eu gosto de verão. Praia. Mar. Essa alegria do sol. E o verão inspira muito o uso de cores fortes, vibrantes. Felizes como o verão. Ah! Amo o tubarão-melância! Divirto-me com ele! (ri alto)
1, 2. “High Summer Collection 2014” 3, 4. Moleskine 5. “Dear Paris” 6, 7, 8, 9. “High Summer Collection 2013”
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9) M: Já está a trabalhar no seu próximo projeto e a exposição não tarda. A MELANCIA está ansiosa e curiosa para ver o que vem por ai. Vai continuar com as edições da coleção “Alto Verão”? Consegue antecipar-nos algo? C: Coleção “Alto Verão” é um dos meus “xodós” [tema que lhe é querido, pelo qual tem apreço]. Mas acho que se fizer mais, deixa de ser única. Foi um tempo tão bom que vivi produzindo e expondo esses trabalhos. Essa coleção conseguiu nascer, ganhar vida, e ter sucesso, então vai existir para sempre :) Referi, anteriormente, que não gosto de repetições. O que vem por aí é bem diferente. Mas é grandioso, como conceito. Espero que gostem. Ou até que desgostem. Mas vejam.
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“Como artista, eu espero errar demais. Fazer coisas que nunca fiz, para poder errar mais ainda e aprender de tudo um pouco. Acumular skills. Debaixo do mar, no céu, numa tela, tatuando, no espaço.”
10) M: Este ano, também fez um projeto muito interessante com um amigo, a exposição inspirada na textura dos animais marinhos, de cores fortes e chamativas, realizada no fundo do mar. Fale-nos um pouco sobre “8 Pés”. C: Misericórdia! Esse ano passou tão rápido que me assustei quando ouvi que “8 Pés” foi este ano. Eu aprendi muito com esse projeto. Evolui apenas a pintar. A gente colocou a exposição debaixo do mar. Desculpem-me a expressão, mas foi do cara***. No dia da exposição, tínhamos uma equipa inteira no veleiro: eu, Taira, o diretor de cena, o assistente de cena, o operador do drone, o da câmara submersa, o mergulhador, o capitão do veleiro e mais alguns amigos de alma caridosa a ajudar. Deu um trabalho enorme. Deixar as obras paradinhas, na profundidade exata. Alinhadas. Quanta câimbra (essa palavra é muito esquisita) eu tive e achei que ia me afogar. Não porque não conseguia nadar, mas a cada câimbra, eu ria-me e engolia água. Houve muitos momentos tensos, do tipo “não vai correr bem”. Mas no fim, “rolou”. Ufa! 11) M: Profissão, palavras, carreira, arte, projetos, viagens... Como é que se vê daqui uns anos? C: Como artista, eu espero errar demais. Fazer coisas que nunca fiz, para poder errar mais ainda e aprender de tudo um pouco. Acumular skills. Debaixo do mar, no céu, numa tela, tatuando, no espaço.
12) M: Sabemos que a capital portuguesa representou um momento muito especial na sua vida. Além da experiência profissional e de vida, ganhou bons amigos e a cidade ocupou um espaço no seu coração. Por isso, gostaríamos de saber se tem alguma viagem marcada para visitar a “sua” Lisboa? C: Muito, muito, muito. Amo Lisboa. Como sofri quando sai dai. Nunca quis. Mas aconteceu. Não tenho, não, mas pode ter certeza de que, como sucedeu nos últimos três anos, não importa o meu destino nas férias ou em trabalho, eu vou sempre dar um jeitinho de passar por lá. Voo pra Venezuela? Escala em Lisboa. 13) M: E mais, já pensou em fazer algum projeto artístico em terras portuguesas? C: Muito. Pensei nisso hoje, sabia? Coincidência. Que loucura! Primeiro porque amo Lisboa, segundo porque tenho muitos amigos de coração e talentosos por lá: diretores de arte, fotógrafos, tatuadores, redatores, artistas, ilustradores. Muita gente boa. Mas está demorando para isso sair... 14) M: Deixe uma mensagem para a MELANCIA mag. C: Ganhe o mundo logo. Vire versão impressa. Venha para o Brasil. Só de ler o nome da revista já dá vontade de ler!
10, 11, 12. Ilustrações criadas para a marca Felipa. 13. Projecto “8 pés” 14. “autotattoo” 15. Tatuagem feita por Douglas Cardoso ao Caio.
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Ruben Nunes e Pedro Cruz
Entrevista por: Mafalda Jesus
O Outdoor Training Camp é um projeto inovador que promove a saúde e o bem-estar e que traz um novo conceito de treinos ao ar livre a um preço lowcost, no Parque da Paz, no coração de Almada.
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O Outdoor Training Camp [https://www.facebook.com/ outdoortrainingcamp1] é um projeto inovador que promove a saúde e o bem-estar e que traz um novo conceito de treinos ao ar livre a um preço lowcost, no Parque da Paz, no coração de Almada. Pedro Cruz e Rúben Nunes, ambos formados em Educação Física, são os fundadores e têm como objetivo motivar quem não gosta do ambiente de ginásio e/ou não tem possibilidades de pagar uma mensalidade elevada. Assim, com o custo de apenas 2 euros/treino e à distância de uma inscrição, qualquer pessoa tem acesso a atividades diversificadas, com a utilização de diferentes materiais e num ambiente agradável, rodeado de natureza e boa energia. Através das redes sociais e de muito trabalho, o projeto foi crescendo e, apenas com alguns meses de existência, estes treinos têm cada vez mais adeptos. 1) MELANCIA: Como surgiu esta ideia e o que vos levou a trabalhar juntos? OUTDOOR TRAINING CAMP: Surgiu com a necessidade de dar resposta aquilo que eram as necessidades da população em geral. Tentámos perceber o mercado, o que nos rodeava, os pontos fortes e fracos que apresentava e percebemos a carência que existia de treinos Outdoor na Margem Sul do Tejo. Depois procurámos ouvir várias opiniões, de familiares, de amigos, colegas mais experientes, e começámos a montar o nosso próprio conceito. Em relação aos motivos que nos levaram a trabalhar juntos, muito simples: ambição, reconhecimento recíproco de capacidade e, acima de tudo, uma química enorme, na forma de gerir e trabalhar toda a marca. 2) M: Como conseguiram cativar as pessoas a aderir a este novo conceito? OTC: Apostámos bastante forte na divulgação do primeiro treino, foi um mês de publicidade intensiva para um só treino, conseguimos ter algumas pessoas e, a partir daí, foi dar continuidade. Criámos uma rotina de treino, procurámos ter grande variação em cada treino que fazíamos e isso agradou os nossos alunos. O ambiente descontraído, o contacto com a natureza, a ausência de obrigatoriedade de pagar mensalidades... são outros pontos que, na nossa opinião, também têm contribuído para tudo aquilo que temos alcançado. 3) M: Quais os investimentos inerentes ao desenvolvimento do projeto? OTC: Como em qualquer negócio, tivemos de arriscar, fazer um investimento inicial em material e equipamento indispensável para a realização dos nossos treinos. Procurámos ser cautelosos e não querer tudo de uma vez, temos vindo a adquirir progressivamente mais material, consoante as necessidades. Depois, existe sempre um investimento na parte burocrática, com licenças, registos de marca, entre outras coisas, que vamos ter de ir dando resposta.
1, 2, 3. Treinos de grupo no Ginjal
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4) M: Os treinos foram crescendo e tendo cada vez mais participantes. Tendo em conta que têm alunos de várias idades e diferentes capacidades físicas, como é feito o planeamento? OTC: Esse é o ponto-chave: a forma como tentamos chegar a cada um dos nossos alunos, tendo em conta a enorme variação de idade e capacidade que apresentam. Temos diversas formas de organização, mas, regra geral, fazêmo-lo por grupos de nível semelhante, dividimo-los por várias estações, sendo que a cada uma delas corresponde um exercício diferente. Depois, temos material que nos permite ajustar a carga, e, para o mesmo exercício, apresentamos sempre variantes de facilidade ou dificuldade, tentando, desse modo, dar resposta às necessidades de cada um dos nossos alunos. Cada treino tem um objectivo geral pré-definido por nós, sendo que todo o planeamento é feito nesse sentido. 5) M: Fazem treinos personalizados e que até já trabalharam com atletas de alta competição. Que objetivos definem para eles e como organizam esse trabalho? Sentiram que isto aumentou a visibilidade do projeto? OTC: O trabalho que realizamos com profissionais de futebol é naturalmente diferente daquilo que fazemos com os nossos alunos diariamente. Estamos a falar de pessoas com uma condição física diferenciada e com objetivos muitos específicos. Trabalhamos individualmente ou em pequenos grupos, com o grande propósito de potenciar o seu rendimento na época que agora se iniciou. Procuramos maximizar a performance de cada um deles, prevenir lesões e evitar excessos nas férias. Obviamente, que isso aumentou bastante a nossa visibilidade e valorizou ainda mais o nosso trabalho. É um privilégio enorme quando jogadores conceituados da I Liga de futebol ou internacionais pela Seleção Nacional confiam a sua preparação a dois jovens de 20 e poucos anos como nós. 6) M: Como em todos os negócios, existe sempre concorrência. Como lidam com isso e o que fazem para se diferenciar? OTC: Temos lidado da melhor forma. A concorrência obriga-nos a não estagnar, a ir sempre em busca de mais qualquer coisa. Temos procurado inovar na estruturação dos nossos treinos. Novos materiais, novas dinâmicas e algumas parcerias para nos tornar mais fortes. O facto de nos termos deparado com algumas tentativas de outros fazerem parecido com aquilo que temos vindo a desenvolver só engrandece o nosso trabalho e nos mostra que estamos no caminho certo. 7) M: Qual é o próximo passo e que objetivos pretendem atingir no futuro? OTC: O que aí vem está bem definido por toda a estrutura Outdoor Training Camp: queremos ser mais abrangentes, chegar a mais sítios, não nos queremos ficar só pela Margem Sul. Estamos a concluir esse projeto e em breve teremos novidades.
“É um privilégio enorme quando jogadores conceituados da I Liga de futebol ou internacionais pela Seleção Nacional confiam a sua preparação a dois jovens de 20 e poucos anos como nós.”
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8) M: O que fazem quando não estão a representar o Outdoor Training Camp? OTC: Cada um de nós tem os seus trabalhos. Logicamente, temos algumas coisas em comum, ambos damos aulas de Educação Física e somos treinadores de futebol nos escalões mais jovens do Cova da Piedade. [Rúben é atualmente jogador da equipa sénior e Pedro é personal trainer num ginásio]. 9) M: Em pouco tempo, o vosso projeto teve um grande reconhecimento e uma enorme adesão. O que foi mais difícil para chegar até aqui? OTC: A nossa maior dificuldade é, treino após treino, não dececionar os nossos alunos e todos os que acreditam no nosso trabalho. Não quero passar sem dar uma palavra de sincero agradecimento a todos aqueles que já nos ajudaram, neste ou naquele momento, em particular. Mas um agradecimento ainda maior, àqueles que connosco trabalham diariamente. Ao Valter Domingos, que marca presença em todos os treinos e é responsável pela dinamização da marca e comercialização da roupa Outdoor Training Camp. Mas também ao nosso designer, Alexandre Santos, que trabalha as nossas imagens, facilitando imenso a nossa comunicação digital e melhorando o nosso alcance, através da sua criatividade e das imagens apelativas que nos disponibiliza. 10) M: Enquadram-se na categoria de jovens empreendedores. Que mensagem deixam à MELANCIA mag e a todas as pessoas que estão a começar um projeto? OTC: A mensagem é de votos de sucesso, não tenham medo de arriscar e procurem a cada dia ser melhores. Ficamos bastante orgulhosos por esta entrevista à MELANCIA e fica o convite para virem treinar connosco. Está feito o desafio...
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4. Treino de grupo no Ginjal 5. Criadores do projeto: Pedro Cruz e Ruben Nunes. Jogadores profissionais de futebol: Jõao Teixeira, Miguel Lourenço, Duarte Machado, Lucas João, Rui Correia, Mateus Fonseca, Jõao Meira. 6. Aula do Outdoor Training Camp com a Blaya, dos Buraka Som Sistema.
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Miguel Carvalho, fotografia por Elisa Mendes 50 MELANCIA
miguel carvalho Entrevista por: Juliana Lima Ilustrações por: Miguel Carvalho
O carioca Miguel Carvalho é designer e ilustrador. Apesar de ter ensinado as suas técnicas a outros jovens universitários por muitos anos, está sempre a estudar e a trocar experiências por aí. Para além de ser mestre em ilustração infantil, também criou uma personagem para si na vida real, o palhaço Zin. Passou recentemente por Lisboa e por entre garrafas de bons vinhos e conversas sobre a vida, Miguel aceitou o convite de participar na MELANCIA mag #2 para contar-nos um pouco mais sobre seu trabalho e toda a sua experiência. Vamos lá!
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1) MELANCIA: Durante muitos anos, deu aulas na universidade, fez workshops de ilustração, é artista. Qual é a sua formação? MIGUEL CARVALHO: A minha formação inicial é em Comunicação Visual pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Depois especializei-me em Literatura Infanto-Juvenil pela Universidade Federal Fluminense e atualmente sou Mestre em Design pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. A minha investigação é sobre narrativas visuais. 2) M: Como e quando decidiu seguir esta área das Artes? M: Acho que desde pequeno que eu gostava de criação. Lembro-me que reinventava as brincadeiras de criança. Frequentei cursos de Teatro, Dança, Música e Circo. O processo de criação sempre me encantou. Mesmo quando fui trabalhar em Design Gráfico, procurei desenvolver as áreas criativas, fazendo programação visual para peças de teatro, espetáculos de dança, shows, capas de livros, CD’s, etc. Sempre me senti confortável dentro da área artística e cultural, não sei dizer quando decidi, simplesmente segui por esta via.
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3) M: Ainda muito novo já dava aulas. Com quantos anos começou? M: Comecei a dar aulas a estudantes que queriam entrar na universidade e precisavam fazer a prova de Desenho. Tinha 20 anos quando dei minha primeira aula num curso pré-vestibular [curso realizado antes do exames de acesso ao Ensino Superior]. Depois aos 28 anos entrei para o Mestrado e comecei a dar aulas na PUC-Rio Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. 4) M: Quanto tempo deu aulas na universidade e por que decidiu fazer uma pausa? M: Estive lá quatro anos e depois decidi fazer uma pausa para viajar, conhecer outras culturas, fazer projetos paralelos, desenhar mais... Para voltar e retomar as aulas mais enriquecido com essas experiências. Eu nunca consegui trabalhar muito tempo no mesmo lugar, a cumprir carga horária. Sentia-me preso. Então, apesar da flexibilidade de horário da universidade (eu não dava aulas todos os dias) precisei dessa pausa. Mas agora creio que chegou a hora de voltar.
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1. Ilustração de Miguel Carvalho 2, 3, 4, 5. Projeto “Maracangalha”
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5) M: Conte-nos um pouco da sua experiência de ensinar os mais jovens. M: A universidade foi um espaço muito bom de aprendizagem e troca. Eu dei aulas de Design e Ilustração. Criei uma disciplina chamada Ilustração Narrativa, que foi aceite pela universidade e pude dar aulas sobre aquilo em que eu acreditava, sobre o que eu tinha investigado. Foi muito enriquecedor colocar em prática o aprendizado da investigação. Coloca-nos à prova também. Tive alguns alunos talentosíssimos e foi muito interessante. Ver que tive a oportunidade de contribuir para a formação, orientando os caminhos de pessoas com muito potencial, mas não sabia como direcioná-los para a produção. 6) M: Quais são os seus atuais projetos? M: Continuo a minha investigação no Laboratório de Design de histórias da PUC-Rio. Lá investigamos a construção de narrativas pela Metodologia do Design. Neste momento, estamos com dois projetos: o primeiro trata-se de uma parceria com a UNICEF na capacitação de uma equipa em São Tomé e Príncipe, para a produção de um programa infantil de TV. Estive a formar atores e manipuladores de fantoches. O segundo projeto é uma pesquisa sobre os grupos de jovens do Rio de Janeiro nas últimas décadas, como se vestiam, os locais que
um tema tabu: sexo. Outro projeto que me fez sentir realizado foi levado a cabo através da parceria com um escritor português chamado Luís Filipe Cristóvão. Fizemos um livro sobre um menino que gostava de ficar em casa, chama-se “Pedro Gosta” e tem o apoio da Editora Raquel. São duas obras das quais tenho muito orgulho porque nelas pude construir um tipo de livro que me encanta: aquele em que a ilustração e o texto constroem a história juntos! Ambos se tornam absolutamente imprescindíveis para a compreensão da narrativa. 9) M: Esteve na Europa no ano passado, e em 2015 voltou e ficou por aqui mais de um mês. O que é que o trouxe cá? M: A viagem para a Europa, dessa vez, teve um propósito que foi tentar viajar e trabalhar ao mesmo tempo. A intenção era prolongar a viagem o máximo possível. Ilustrar livros, dar aulas e viajar. Foi interessante, mas alguns percalços no caminho fizeram os planos mudar. 10) M: Como, quando e por que motivo criou o palhaço Zin? M: Estudando Circo e Mímica, acabei por investigar o universo do Palhaço e apaixonei-me. É um universo encantador. O palhaço é uma personagem criada para mostrar o que o ator é, na
“Assumir personagens, viver as suas vidas, entender os seus medos, desejos, é uma aprendizagem incrível. É compreender como somos iguais e ao mesmo tempo distintos, as nossas particularidades, defeitos, forças.”
frequentavam e principalmente como era o seus aspecto. Um mapeamento visual das “tribos” de jovens da cidade desde o princípio do século XX. O resultado pretende ser uma exposição e um livro no final do ano. 7) M: E fora da universidade? M: Tenho ilustrado livros para crianças e jovens, além de animação e teatro. Recentemente, finalizei um livro para jovens editado pela Leya, que adapta o clássico “A Volta ao Mundo em 80 Dias” de Júlio Verne. E estamos a produzir uma animação no Brasil sobre a proposta parlamentar de redução da maioridade penal no país de 18 para 16 anos.Além disso, continuo a trabalhar com Design Gráfico para shows, festivais, peças de teatro e dança, música, etc. Gosto sempre de lidar com várias coisas ao mesmo tempo, de preferência, diferentes. 8) M: E, destes muitos anos de carreira, qual o trabalho de que mais se orgulha? M: Recentemente, finalizei um livro que ainda não foi publicado, chama-se “Filosofia de Menino”. É um dos projetos de que mais me orgulho. Um texto primoroso: delicado e lindo, para falar de
essência, mas que não pode demonstrar perante a sociedade, por medo, vergonha, etc. Assim, reflete uma pesquisa de auto-conhecimento, em que o mais importante é a sinceridade consigo mesmo e com o público. É uma descoberta dos seus medos e vergonhas, uma forma de lidar com eles. De torná-los objeto de cena. Objeto de graça. É um trabalho de muita coragem. Os bons palhaços são muito corajosos e honestos em cena. 11) M: Conte-nos mais sobre a sua experiência com o teatro. M: Sempre fui apaixonado pelo teatro. A fantasia sempre me encantou. Assumir personagens, viver as suas vidas, entender os seus medos, desejos, é uma aprendizagem incrível. É compreender como somos iguais e ao mesmo tempo distintos, as nossas particularidades, defeitos, forças. O palhaço é um extremo disso. É o olhar totalmente para si. Tanto que ninguém pode fazer o palhaço de uma outra pessoa. Só o Charlie Chaplin pode fazer o Vagabundo, ninguém mais pode.
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6, 7. Livro “Filosofia de Menino” 8. “Em uma Noite de Lua Nova” 9. Ilustração feita para a MELANCIA mag
12) M: Existe alguma ligação entre seus trabalhos de ilustração e as atividades com o teatro e o palhaço Zin? M: Existe sim. O meu mestrado foi investigar como contar histórias sem texto. A narrativa sempre foi estudada através do texto, da literatura: como os escritores contam histórias. Mas o que me interessava era como as histórias são contadas sem o texto. Nessa minha investigação, procurei perceber como o mímico conta histórias e como a ilustração faz o mesmo. Depois comparei-os com a narrativa textual. Por fim, analisei livros de imagens, que são obras que contam histórias somente através de imagens. Assim, o meu trabalho no teatro, com o palhaço, e o trabalho de ilustração sempre são investigações de como contar histórias sem o uso do texto. Essa é a ligação entre eles. 13) M: Como é viver e trabalhar com arte no Brasil, especificamente, no Rio de Janeiro? M: No Brasil, temos alguns incentivos governamentais que fomentam a produção artística e cultural no país. Esses estímulos, em diferentes artes, são muito importantes e fazem com que o campo de produção cultural seja bastante rico. Mas, apesar disso, temos problemas muito grandes a enfrentar. A Educação é deficiente, o que torna a formação de público um problema, muitas vezes. Falta estímulo à leitura, apesar de alguns bons projetos estarem em andamento. O Rio de Janeiro
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nesse sentido é um ótimo lugar dentro do país para se trabalhar com arte e cultura. É uma cidade muito rica artística e também turisticamente. Esse contacto com diferentes culturas faz do Rio um local muito interessante para a criação. 14) M: Quais são suas principais referências artísticas e as suas inspirações? M: São muitas referências e inspirações. Digo que elas são de momentos. Atualmente tenho pesquisado muito a forma de trabalhar com a luz de um artista franco-americano chamado Pascal Campion, o uso das cores do italiano Lorenzo Mattotti, as composições e o trabalho do argentino Poly Bernatenne. Já foram também investigados Pablo Amargo, Linieres, Carlos Nine, Isidro Ferrer, Bill Watterson, André Neves, Ivan Zigg, Shau Tan... Nossa, são muitos! E Rui de Oliveira que foi meu primeiro mestre da ilustração e com quem sempre aprendo mais um pouco... Em outros campos também tenho referências como: Guimarães Rosa e Manuel de Barros na Literatura brasileira, Michael Dudok de Wit na Animação, Philippe Genty e Pina Bausch na Dança e Charlie Chaplin no Cinema, por exemplo... 15) M: Deixe o seu recadinho para a MELANCIA mag! M: (mando a ilustração de recado :) )
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For Kids and Pets
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“when u’re self-concious about ur face but not your skills” Bruno Casanova e o seu auto-retrato 60 MELANCIA
bruno casanova Entrevista por: Mafalda Jesus Ilustrações por: Bruno Casanova
Viajou, participou em diferentes projetos, exposições e explorou diversas técnicas e conceitos, sem nunca ficar preso a um único estilo. Achámos que a paixão do Bruno pela arte tinha de ser partilhada.
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Fiz questão que fizesses parte deste projeto, porque desde sempre que acompanho e admiro o teu trabalho. Sempre lutaste pelo que querias e nunca baixaste a caneta. Viajaste, participaste em diferentes projetos, exposições e exploraste diversas técnicas e conceitos, sem nunca ficares preso a um único estilo. Considero-te das pessoas mais criativas que conheço, as tuas obras são inconfundíveis e acho que a tua paixão pela arte tem de ser partilhada.
2) M: Como te descreverias enquanto artista? B: Depois deste segundo ano de faculdade, mudou muita coisa. Antes de vir estudar fora [em Inglaterra] via-me como um pintor, ou desenhista. Mas passei a praticar desenho mais por hobby, e a investir em Artes Performativas. Estive muito perto de estudar Teatro em vez de Artes no secundário, então agora estou a misturar as duas para expandir mais o meu leque artístico.
1) M: Conta-nos um pouco do teu percurso. Como nasceu a tua paixão por esta área e quando decidiste que querias estudar e entrar no mundo da arte? BRUNO CASANOVA: Sempre estive num ambiente artístico, graças aos gostos dos meus pais. Desde pequeno que ia a exposições, ao teatro e assim... Mas o que realmente me fez decidir continuar os estudos no mundo da arte foi o facto de o meu pai ser artista plástico. Uns dizem que “está no sangue”, mas eu vejo mais como sendo o meu meio ambiente desde criança, como das vezes em que via o meu pai a fazer esculturas enormes ou eu ter de sair do ateliê porque ele ia usar vernizes com aquele cheiro intenso... Ele até dizia que, se calhar, um dia eu ia ficar habituado e acabaria por usá-los também.
3) M: O que te levou a sair do país e ir estudar para Inglaterra? Que mais-valias sentes que isso te trouxe a nível artístico? B: Tive um enorme apoio da minha alma gémea e da sua família. Houve a oportunidade de estudar com ela durante a licenciatura e assim vim com um sorriso de orelha a orelha e uma gratidão diária; uma benção. Desde então, a minha noção de Arte e de como isto funciona em Inglaterra crescia consoante os anos. Agora estou no último ano e sinto-me com uma confiança que certamente não teria em Portugal. Estando perto de Londres e haver dias em que a turma toda vai a exposições dá-me motivação, há trabalhos de arrepiar que certamente vão ser muito mais vistos numa galeria na capital inglesa do que se estivessem em Portugal inteiro, e não é uma questão de número populacional; é porque aqui o senso comum inclui passar por uma galeria a caminho do café, porque pela montra dá para ver que há novos trabalhos. Aqui há um núcleo, um hot-spot, é o sítio para se estar.
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4) M: Quando acabares os estudos, pretendes ficar em Inglaterra ou voltar para Portugal e desenvolver aqui tudo o que aprendeste? B: Ficar, sem dúvida. Toda a gente diz me “não voltes para este país” como se Portugal fosse anti-arte. Os portugueses estão uns anos atrás, mas é visível que as gerações mais jovens estão a fazer um bom trabalho a abrir mais concursos e oportunidades para artistas que estão a começar. Claro que Portugal vai ter um grande impacto no meu trabalho, visto que toda esta informação que eu recolho neste país é de um estrangeiro. E eu adoro isto, há vezes que parece que estou num filme. Então vou mostrando as minhas experiências e sketches em trabalhos. 5) M: No teu trabalho é recorrente a presença do camaleão. Porquê? B: Quando eu comecei a estudar artes na Escola António Arroio, em Lisboa, tive uma fase em que via documentários sobre animais quase todos os dias. Sempre tive atração pela beleza dos répteis, mas os camaleões sempre me fascinaram pela maneira como usam camuflagem como auto-defesa. E sendo uma altura complicada na adolescência, apercebi-me do quanto eu me camuflava consoante as diferentes pessoas ao meu redor. Comecei a pesquisar mais sobre os animais e répteis em geral, então a paixão aumentou. Tornou-se bastante fácil desenhá-los, então, pouco a pouco, entram com frequência em tudo; talvez isto tudo seja comodismo.
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1. “One of my favourite drawings, ever” Fotografia por Raquel Lopes 2. “ These are to be exhibited, for the summer collection, at Joao Correia’s store, all made with Posca pens” 3. Fotografia por Raquel Lopes 4. “It feels like someone is strangling my nose” 5. “Self-portrait Watercolour. 2011” 6. Desenho em Festival Músicas do Mundo em Sines. 7. “ Such a warm afternoon”
6) M: Também representas frequentemente o espaço que te rodeia. Sentes que fica como uma recordação daquele momento ou simplesmente gostas de testar e aperfeiçoar a tua capacidade de desenho? B: Antes eu só o fazia por uma questão de registo, para, ao fim de meses, olhar para trás no diário gráfico e ver onde tinha ido e como desenhava. Nunca foi muito por técnica até porque, facilmente, me irrito com trabalho meu, por ser perfeccionista; há sempre alguma coisa que está maior ou torta do que aquilo que devia. A melhor parte é quando visito os sítios de novo, passo sempre pelo local exacto onde estive, se houver possibilidade; já houve alguns que sofreram obras, há bancos em jardins que já não existem... Também gosto de ver a reacção dos outros quando reconhecem os lugares, dá para ver como o mundo é pequeno, até porque aquelas pessoas, muito provavelmente, nunca tinham visto um desenho daquele local. Claro que há lugares ou paisagens que são mesmo mainstream de desenhar, mas, em geral, é mesmo por uma questão de beleza que é justificável. 7) M: Além disto, uma das tuas imagens de marca é o auto-retrato, que é apresentado sempre de formas e técnicas distintas. É um desafio desenharmo-nos a nós próprios? B: Acho que não... Acho que talvez até seja mais fácil do que desenhar outra pessoa. Eu faço-o mesmo por uma questão de alimentar o meu ego, gosto de me ver em desenhos. Mas depois de já ser usual incluir as minhas feições em trabalhos, comecei a reparar que, ao desenhar outra pessoa, inconscientemente, me desenhava. Isto foi estranho ao início mas depois apercebi-me que dá me mesmo jeito usar-me como base, pois, por já me ter desenhado tanta vez, nunca me vou esquecer como é. É parecido com os camaleões, por já ter feito tantos, já sei como representá-los, de diferentes ângulos e feições, mas com a mesma base. 8) M: Onde gostarias de estar daqui a uns anos e que objetivos gostarias de atingir? B: Isto é aquele tipo de perguntas que faço todos os dias a mim mesmo, e todas as noites muda. Mas por onde eu realmente vou começar é por mudar-me para Londres, onde posso ser um “London based artist”, enquanto me concentro mais no tipo de trabalho em que quero investir e no tipo de público. Ser um “London based artist” é basicamente ter uma rampa de lançamento numa boa localização, onde há mais possibilidades e oportunidades para me destacar. Como o meu trabalho vai variando, não sei ao certo, mas como atividade principal, vou fazer Performance Art... E o objetivo seria fazer com que Portugal percebesse melhor esta coisa de “O que é arte? E o que não é?”, usando esta nova categoria de arte que ainda não chegou bem ao nosso país...
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“Preparem-se, que Performance Art vai invadir Portugal como ninguém está à espera!”
9) M: Que artistas tens como referência e de que forma te influenciam? B: A Helena Almeida é uma paixão recente, foi só quando me interessei mais por Performance que comecei a olhar para Fotografia de uma maneira diferente. É uma inspiração para mim, por ter performances conhecidas e sobre as quais os professores aqui em Inglaterra me ensinam. Gostava de ver mais artistas portugueses a ser mencionados pelo mundo fora, já chega de falar só de jogadores de futebol! Mas a maior influência é a Marina Abramovich, ela é “de outro mundo”. Ela trouxe uma arte provocadora, numa de fazer muita gente “abrir a pestana”. Mas a minha maior influência é o meu pai, desde pequeno. Sempre me encorajou, sempre foi muito crítico. E quando precisava de conselhos, era a ele que recorria. Sempre tirou tempo da sua arte para me ajudar na minha. Talvez se o meu pai tivesse espalhado o seu trabalho pelo mundo fora, fossem da sua autoria alguns dos exemplos que os professores usam nas aulas... Mas agora vou ser eu a tentar e tenho o apoio total da parte dele. Eu vou ter uma exposição a solo este Dezembro e ele está a dar-me uma ajuda enorme, porque isto de fazer exposições sozinho é algo novo para mim, estou habituado a fazer em grupo.
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10) M: Elege um trabalho teu e explica-nos o que significa para ti. B: O “Bed.Lion”, o placard que ganhou o primeiro prémio no concurso “Drive in Art” há dois anos. Recebi a notícia pelo meu pai quando já estava em Inglaterra, com uma foto dele a segurar o cheque do prémio. O sorriso dele mostrou-me, visualmente, o orgulho que sei que tem em mim, e de estar a representar-me enquanto eu estou em Inglaterra a estudar Artes. Ajudou-me a transformar o trabalho com o qual concorri, numa obra mais tridimensional, ao juntar ramos a sair da pintura. Esse pequeno detalhe fez a diferença toda, e acredito que foi isso que me fez ganhar. Aliás, que fez com que ganhássemos o concurso. 11) M: Deixa um recado para a MELANCIA mag e para os seus leitores! B: Preparem-se, que a Performance Art vai invadir Portugal como ninguém está à espera. E, de certo, que vai entrar em grande, tocando pontos que o nosso país precisa de ajeitar... Como o fim das touradas, por exemplo. É um assunto que precisa do apoio artístico, de manifestações... E isso faz uma grande diferença... Mas talvez uma obra de arte possa ser a última gota de que Portugal precisa para ver que o nosso país anda ceguinho em muita coisa porque está concentrado noutras desnecessárias. 66 MELANCIA
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8. Bruno Casanova em FARNHAM: School Disco 9. Bed.Lion, 2013 10. Fotografia por Raquel Lopes 11. Auto-retrato 12. Desenho do Big Ben 15. Fotografia por Raquel Lopes 14. That moment you look at an old drawing and you say: “I thought this drawing was great when I did it, and now it looks lke shit.” Fotografia por Raquel Lopes 15. “Absent Numbness”
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catarina sanches Entrevista por: Juliana Lima Fotografias por: Catarina Sanches
Estilista ou escritora? Estes eram os sonhos de Catarina Sanches. Hoje, como ela mesmo diz, a saltitar um pedacinho por todo o lado. Publicitária, escritora, fotógrafa e com o seu estilo muito próprio de se vestir, muitas vezes tem consigo acessórios ou peças de roupa que ela mesmo fez! Na entrevista, Cat (porque é mesmo assim que a chamo) conta-nos um pouco mais sobre as suas paixões, as suas inspirações, e os seus projetos fotográficos encantadores. Descubra connosco e delicie-se nas palavras e no mundo de fantasias que ela cria como ninguém.
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1) MELANCIA: Vamos começar pela sua formação e a profissão. Conte-nos um pouco sobre a sua carreira, o percurso e onde a sua experiência a levou. CATARINA SANCHES: Sonhava ser estilista ou escritora. Decidi correr atrás do sonho da moda e tirei Artes Plásticas – vertente têxtil – na Escola António Arroio, em Lisboa. No entanto, quanto mais lia, mais escrevia, mais queria ler e escrever e depressa percebi que o meu caminho se iria traçar antes numa numa área que conjugasse as artes com a escrita. Foi assim que me lancei à Publicidade e ao Marketing, na qual a imagem começou a fazer muito parte do meu dia-a-dia, mordeu-me o bichinho da Fotografia e cá ando, agora. A saltitar um pedacinho por todo o lado. 2) M: Como se descreveria numa frase curta? C: Acredito (mesmo) em gnomos.
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3) M: É, sem sombra de dúvidas, uma artista multi-task. Fotografa, costura, escreve.... Atualmente, quais são todas as suas atividades paralelas? C: Isso tudo e, às vezes, ainda se mete mais qualquer coisinha ao barulho. :) Sou um bocadinho esquizofrénica, tenho um ateliê de pintura em casa onde, por entre telas e pincéis, se vão amontoando os acessórios de fotografia, lentes, tripés e o que mais houver a preço de amigo na feira de domingo. À escrita, nunca lhe arredo pé e no bolso trago um livro que, um dia, ainda espero terminar e publicar. 4) M: Conte-nos como consegue conciliar tudo. C: Eu não acredito nessa história de não devermos voltar ao sítio onde fomos felizes. Caramba, se fomos felizes é lá que devemos sempre regressar! Muito embora possamos levar novos sonhos no bolso. Ora portanto, se me deito cansada, mas feliz, há como não regressar lá no dia seguinte? E as minhas olheiras agradecem! 5) M: Hoje em dia, qualquer pessoa pode ser considerada um “instagrammer” [pessoa que fotograda e publica as imagens na rede social Instagram]. São fotógrafos profissionais e amadores por todos os lados a partilhar os seus “cliques” nas redes sociais. Como encontrou o seu próprio rumo? C: Fotografando muito hoje, mais amanhã e ainda mais depois.
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6) M: As suas fotos têm sempre um quê de fantasia. De que forma dá asas à sua imaginação? C: Sou apaixonada por essa bonita atividade de contar histórias e, talvez por isso, tanto as palavras como a imagem sejam tão igualmente importantes na minha vida. Gosto de ler a realidade e tentar invocar novas formas de a ver, ler, ouvir e sentir. Quer esteja a trabalhar para uma marca ou a criar algo em “modo hobbie”, acho que é, acima de tudo isto, o que me apaixona: questionar o que me rodeia e criar algo novo que seja capaz de contar uma história. 7) M: Como planeia as suas publicações? C: Humm... Não planeio!? 74 MELANCIA
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8) M: As suas fotos são divertidas, apresentam sempre uma temática diferente, parecem projetos idealizados por si, sempre com um certo tempo de duração. Como é que define os temas? C: Não defino, todos os temas foram sempre surgindo de uma forma muito natural. Há alturas mais criativas e outras menos. Quando estas segundas chegam, não vale a pena forçar, é pegar num barquinho, ir até Setúbal comer choco frito e, sem nos darmos conta, eis que chega uma nova ideia trazida pela maresia.
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9) M: O seu Instagram tem cada vez mais seguidores pelos quatro cantos do mundo. Quando e como é que começou a ganhar gosto por partilhar estes seus projetos temáticos de fotografia nesta rede social? C: Foi acontecendo, o primeiro projeto foram as #nonsensemeals com o meu querido Joel, um designer que trabalhou na mesma agência em que eu ainda estou e com quem se criaram sinergias criativas muito positivas. A partir daqui foi “ver-me” a evoluir, sempre com muita dedicação como ingrediente principal. :) 10) M: Destaque um projeto seu de que mais goste e conte-nos o porquê. C: O #lovelyhumansofportugal, sem a menor dúvida. É o mais bonito, o mais gratificante, o mais humano. Infelizmente, não tenho tido muito tempo para levá-lo a cabo, sendo que requer que ande por aí sozinha, a passear e com tempo para fotografar. De facto,ultimamente, têm sido mais as vezes em que falo com as pessoas sem lhes pedir uma fotografia no final porque ou vou sair a correr para algum lado ou não levei o iPhone comigo. Ainda há pouco tempo, conheci um casal maravilhoso em Porto Covo mas não tinha o iPhone comigo, fiquei com o nome do café de rua que ambos gerem aqui em Lisboa e ainda vou passar por lá, aí sim, para os retratar. :) MELANCIA 75
1, 14. Projeto #isawacatinzanzibar” 2. Cat em Sevilha 3. “ Don’t let your inner bird fall down.” 4. “How to be the star of every party: Act WEIRD.” 5. “The Broken Foot Survival Guide” 6. “ When #licorbeirao is around me..” 7. “ Because wearing #HappySocks is like walking on dreams.” 8. “Sevilla has rocked our world.” 9. “Her hidden desires” - 4/4 10. ”Cherry Me.” 11. ”Ice ice Baby” 12, 13, 15, 16. Projeto #lovelyhumansofportugal
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11) M: Ainda me lembro da sua saga com o pé partido e a forma como conseguiu que o seu problema ficasse “mais leve” através das fotografias no Instagram. Como foi fazer esta sequência do pé, e toda a repercussão desta sua experiência? C: Um metatarso partido e uma constatação básica: “olha que chatice, então agora nem me consigo meter na banheira sozinha?”. Daqui surgiu a primeira fotografia e a partir daí foi ver o meu lindo pezinho a ensinar-me muita coisa. Que há males que vêm (mesmo) por bem e que não há mesmo nada como o amor de mãe. Como se já não fosse difícil o suficiente ter-me ali, no sofá, todo o santo dia, ainda tinha paciência para me ajudar com algumas fotografias mais complexas. Foram três meses muito duros, mas essa temporada de privação foi também um bom trampolim criativo e acho que nunca produzi tanta coisa (escrita, quadros, etc.) do que como nesses meses. Mas, bom, também não tinha muita vida para além daquilo... [risos] 12) M: Tem ar de menina, por isso, gostaríamos de perguntar: “O que quer ser quando crescer?” Conte-nos como se vê daqui uns anos. C: Feliz. :) 13) M: Deixe um recadinho para a MELANCIA mag. C: Não deixem de nos adoçar a vida! (para a próxima podemos ter geladinhos de melancia? Vá lá!) 15
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17. “How to Shower” 18. “At least give him some fresh air...” 19. “IIt’s okay for you to explore ways to move faster, but... please make sure you keep your healthy foot on the ground.” 20. “If your fingers are the only ones left, at least do something cool with them.” 21. “It’s Friday, they’re in love. So let them believe that they can fly away in red hot air balloon...” 22. “How to make him overcome his fear of water? Well, the possibilities are infinite...” 23. “Remember to celebrate his 50th career anniversary as an Instagram star!!” 24. “Let him have some revenge...” 78 MELANCIA
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Artigo por: Mafalda Jesus
A “Epicurspicy” é uma inovadora marca portuguesa de cocktails granizados de preparação fácil. 82 MELANCIA
Uma marca inovadora, que despertou automaticamente a atenção da MELANCIA quando nos cruzámos, pela cor, personalidade, mas sobretudo pela genialidade da ideia. Este produto veio revolucionar a indústria, pois, além de facilitar a preparação das nossas bebidas favoritas, incentiva o convívio com as pessoas de quem mais gostamos, sem precisar de sair de casa. Para felicidade da nossa revista, tivemos a oportunidade de conhecer pessoalmente Carlos Freire, um dos fundadores desta marca, que, com a sua indescritível simpatia, nos contou a sua história e o seu percurso. A ideia foi criada em 2012, por um grupo de amigos bem-dispostos, amantes de viagens, festas, jantaradas e cocktails. Numa destas ocasiões, entre conversas e gargalhadas, Carlos Freire, João Freire, Laura Baker e Sofia Freire perceberam que, por vezes, se tornava complicado beber uma boa margarita, e que se quisessem ser eles a fazer os próprios cocktails iriam ter imensas limitações técnicas. Assim sendo, decidiram que havia a necessidade de criar um produto genial, que lhes permitisse solucionar o problema e que facilitasse o processo para todas as pessoas com a mesma dificuldade.
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Procuraram uma solução prática, recorrendo às capacidades de cada um, enquanto profissionais nas suas áreas de especialização,que lhes permitisse preparar fácil e rapidamente as bebidas, com um objetivo em foco: que fossem deliciosas. Pretendiam desenvolver e comercializar produtos alimentares de qualidade superior, com sabores ousados, fáceis de usar, posicionados para ambientes e atividades divertidas, oferecendo ao cliente uma nova experiência e uma conveniência de utilização. Aliando a inovação à simplicidade, criaram a primeira marca portuguesa de cocktails granizados de preparação fácil, a Epicurspicy. O primeiro sabor foi a Margarita e seguiram-se os restantes cinco (Mojito, Daiquiri de Morango, Caipirinha, Margarita de Morango e Caipiroska), todos com ingredientes 100% naturais, desidratados, sem corantes nem conservantes artificiais, numa embalagem prática em que apenas tem de juntar-se água e a bebida alcoólica, agitar e colocar durante algumas horas no congelador. São sacos com fecho hermético, para que se faça o cocktail no próprio invólucro e para que haja a possibilidade se serem usadas do mais que uma vez, mantendo a qualidade. Com capacidade para 2 litros de bebida, cada embalagem dá para cerca de 10 doses. Caso não haja tempo ou vontade de esperar pela congelação, pode servir-se, imediatamente, com gelo. Além da preparação tradicional, com bebidas alcoólicas, o cocktail também pode ser feito sem álcool, juntando apenas água e gelo. É perfeito para festas, jantares, piqueniques, na piscina, na praia ou em qualquer lugar!
“ Por confiar na qualidade, conveniência e inovação do produto, a marca tem como objetivo a expansão internacional, embora já esteja no mercado em países como Alemanha, Áustria, Bélgica, Cabo Verde, Dinamarca, Finlândia, Itália, Polónia, Suíça e Timor Leste.”
A estratégia de comunicação passa, neste momento, essencialmente, por dar a conhecer o produto ao público, através de revistas, jornais, televisão e meios online. A presença nas redes sociais é outro meio fundamental. Neste momento, a Epicurspicy patrocina alguns eventos que acontecem mensalmente, como o “Break” , um evento after-work que ocorre todas as penúltimas quintas-feiras de cada mês, a partir das 19 horas, no Hotel Florida (no centro de Lisboa) ou a “Produtized Talks” que se realiza todas as últimas sextas-feiras do mês, no Lisbon Innovation Kluster (Linnk). Por confiar na qualidade, conveniência e inovação do produto, a marca tem como objetivo a expansão internacional, embora já esteja no mercado em países como Alemanha, Áustria, Bélgica, Cabo Verde, Dinamarca, Finlândia, Itália, Polónia, Suíça e Timor Leste. Descubra estes cocktails, descontraia-se, delicie-se e, acima de tudo, DIVIRTA-SE!!! MELANCIA 85
Rua Candido dos Reis 142, 1ยบ Andar, Cacilhas
almaditahostel@gmail.com
delĂcia de melancia
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GELATINA de melancia Tipo de receita - Sobremesa Número de doses - 4 porções Tempo de Preparação - 15 Minutos Dificuldade - Fácil Ingredientes - 1 e 1/2 envelope de gelatina em pó incolor - 1 melancia de 1,5 kg - Sumo de 1/2 limão - 2 colheres (sopa) de uva passa preta Preparação 1. Dissolver a gelatina de acordo com as instruções da embalagem. 2. Cortar a melancia ao meio, retirar a polpa e preparar o sumo (1 250 ml), reservar a casca. 3. Num recipiente, misturar o sumo de melancia, o sumo de limão e a gelatina dissolvida. 4. Acrescentar as passas e despejar na casca da melancia. 5. Deixar no frigorífico até ficar firme. 6. Antes de servir, cortar em fatias.
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Lisboa Design Show - FIL
Mais de 300 marcas e designers na área do mobiliário, iluminação, cerâmicas, complementos de decoração, vestuário, calçado, joalharia, bijuteria e outros acessórios. Mais de 30 eventos: conferências, workshops, encontros B2B e desfiles de moda. 7 a 11 | FIL, Lisboa
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Arquiteturas Film Festival O Arquiteturas Film Festival consiste numa mostra internacional de filmes documentais, experimentais e de ficção sobre a temática da Arquitetura. Para esta edição do Arquiteturas, o festival propõe uma incursão a diferentes visões do Futuro. 1 a 4 | Lisboa
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Música nas Praças
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3Sábado, dia 3 de Outubro, a EGEAC celebra o Dia Mundial da Música em Lisboa, com concertos à tarde e pela noite dentro, na zona da Baixa e do Chiado, nesta que é a 8.ª edição do Música nas Praças. A entrada é livre. Lisboa
outu 22 Maratona Rock ‘n’ Roll
O Circuito Maratona Rock ‘n’ Roll é o “Maior Circuito de Corridas do Mundo”, com mais de 500.000 participantes por ano em 24 cidades norte-americanas. Lisboa 90 MELANCIA
DocLisboa
O Doclisboa pretende questionar o presente do cinema, em diálogo com o seu passado e assumindo o cinema como um modo de liberdade. Tenta ser um lugar de imaginação da realidade através de novos modos de percepção. 22 a 1/11 | Lisboa
23 OFFF PORTO
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Nos dias 23 e 24 de Outubro 2015, o Porto recebe pela primeira vez um dos maiores festivais internacionais de criatividade e criação contemporânea - o OFFF, let’s feed the future. 23 e 24 | Cine-Teatro Batalha, Porto
Seixal Jazz
A edição de 2015 do SeixalJazz apresenta um cartaz multifacetado e marcado pelo cruzamento improvável de várias linguagens jazzísticas. 16 a 24 | Fórum Cultural do Seixal
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Open House
A Nos dias 10 e 11 de Outubro, o Open House regressa a Lisboa para a sua quarta edição trazendo mais um fimde-semana de arquitectura de portas abertas. São 70 espaços em sete zonas da cidade onde o público é convidado a descobrir um novo roteiro. 10 e 11 | Lisboa
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Arte Viral
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O evento consiste numa festa de apresentação da Arte Viral com o objectivo de introduzir na comunidade artística uma nova forma de interagir com a Arte. Conta com a presença de artistas musicais, performativos, plásticos e ainda de oradores. 10 e 11 | Village Underground, Lisboa
ubro 23
AmadoraBD
O AmadoraBD 2015 - Festival Internacional de Banda Desenhada - organizado pela Câmara Municipal da Amadora - acontece de 23 de outubro a 8 de novembro, no Fórum Luís de Camões e outros locais da grande Lisboa – e tem como tema A Criança na BD. 23 a 8/11 | Fórum Luís de Camões, Amadora
11º Tattoo & Rock Festival
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Este ano apresentam um Evento inteiramente renovado. A Edição de 2014 foi um sucesso e um marco. Este ano mais uma vez prometem subir a fasquia. Se não conhece o evento saiba que, apenas por 5€ diários pode apreciar a Arte da Tatuagem ao vivo, ver o que de melhor se faz a nível nacional e internacional na área da Tatuagem, tatuar-se com um excelente artista nacional ou de qualquer outro ponto do globo. 30 a 1/11 | Meo Arena, Lisboa MELANCIA 91
#melanciamag
@narittasoares
@tparro @carolinasacco
@ritagandumalvarez
@carluchu_
@anamax_1965
@monicapereirap
Fred Almeida 92 MELANCIA
@anamartamonte
@4coloredcorner
@b.gameiro.ant The Fashion Mood Book
Ana Alexandra Henriques MELANCIA 93
anda POR AÍ JOAO JESUS IDADE: 32 anos PROFISSAO: Operador de Câmara Encontrámos o João pela manhã perto da sua moto. Ia a caminho de mais um dia de gravações em Lisboa.
LOOK: T-shirt: Volcom Calça: Rip Curl Ténis: New Balance 574
O MEU HOBBIE É Música e desporto ao ar livre. Para além de gostar de ouvir, tenho gosto em tocar Guitarra e Baixo, entretanto a música já foi mais presente na altura que a banda Men Eater estava mesmo ativa. No ano passado retomámos os ensaios e fizemos um concerto em Lisboa no Music Box. Este ano vamos subir aos palcos outra vez em Outubro, no Algarve. Faz-me bem reviver Men Eater. O MEU ESTILO É Não sei bem definir o meu estilo, mas penso ser mais casual.
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@raqf MELANCIA 95
“Never Ending City” by: Maracujá Project
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