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A água que nos liga à terra

Existe no Cariri mais que a terra batida e as raízes que seguram a chapada. No seu cerne se concentra magia, convertida em mitos e lendas deixadas aqui pelos seus primeiros habitantes, os Índios Cariri (Kariri ou Quiriri). Esse encanto se escorre nas águas que desembocam em nossa terra, e em cada gota d’água brilham nossas tradições. Dentre esses leitos envoltos em aura mística, se encontram quatro que se destacam pela marca sagrada de suas histórias. Eles estão localizados nas cidades de Crato, Nova Olinda, Lavras da Mangabeira e Missão Velha, e sua trilha será desbravada pelas nossas palavras.

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Crato

Pedra da Batateira

Os Ìndios da Nação Kariri, expulsos de sua terra e massacrados pelos bandeirantes, encontraram no Vale do Cariri um refúgio para fazer casa. Com a carne veio a alma, e na alma veio a tradição: os mitos e as lendas da bacia amazônica e da água que trás a vida. E foi assim que a terra da chapada virou mar. Não em cima, mais em baixo; pois o leito estava represado pela enorme pedra da batateira, encantada pelos índios. E como o homem veio do pó e um dia voltará a ser pó, o Cariri um dia há de voltar a ser água. Quando a pedra rolar, a serpente sagrada irá descer, inundando a região e libertando a Nação Cariri, que viverá em paz em um paraíso.

Nova Olinda

Boqueirão da Mãe Dágua

Foi no Boqueirão da Mãe D’água, em Nova Olinda, que nasceram os Índios Kariri. Tudo começou quando ela, senhora de todos os mares e rios, abriu o portal para este mundo e deixou o peixe Kari subir a terra e o habitar como homem, com o nome de Manaká. Após nomear aquele lugar como “Terra de Itaperabuçu”, de suas entranhas, Manaká tirou uma semente e a plantou, fazendo surgir uma bela mulher a quem nomeou de Jurema. Eles então governaram Itaperabuçu, e dessa união nasceu a tribo Kari-ri. Eles tiveram uma filha, chamada Mara, que nasceu com os dons da beleza e sedução. Ela os usava para seduzir guerreiros da tribo e alimentar-se de suas forças. Percebendo a maldade de sua filha, Manaká encantou-a em forma de serpente e a fez habitar o lago encantado. Vendo o que sua criação se tornara, Mãe D’água fechou o reino de Itaperabuçu para sempre. De dia, apenas as ruínas das pedras do reino encantado podem ser vistas, mas nas horas mortas de noites de lua cheia a terra de Manaká e Jurema ganha vida novamente.

Lavras da Mangabeira Carneiro de Ouro e Prata

O Boqueirão, localizado a 5 km da cidade de Lavras da Mangabeira, é a garganta aberta do rio Salgado, que desemboca pela passagem. A formação rochosa também abriga uma caverna, proveniente da degradação da rocha, que tem a forma de uma cúpula achatada. Se essa beleza natural não fosse motivo suficiente para sua riqueza, o segredo que descansa sobre o amontoado de pedras o é. Isso porque a gruta é o lar de um carneiro feito de ouro maciço, que pode ser avistado em alguns dias por aqueles que tiverem sorte suficiente. Em sua morada, o carneiro esconde uma mesa repleta de ornamentos de ouro e prata.

Missão Velha

Lenda da Cachoeira

Os ecos do nosso passado deixaram marcas visíveis para o nosso presente. Em Missão Velha, essas pistas foram deixadas na sua cachoeira, em formas de pequenas patas de passarinho. Conta-se a lenda que, quando as águas do dilúvio estavam baixando, alguns passarinho pousaram na cachoeira. Como as pedras ainda estavam moles, suas pegadas ficaram gravadas em rocha. Até hoje centenas de pessoas vão a cachoeira observar, curiosos, as pequenas formas que direcionam nosso olhar para o mistério do que já foi.

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