3190242 | Sinestesia e Design Gráfico Para Invisuais

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MESTRADO DESIGN GRÁFICO ATELIER DESIGN GRÁFICO II

SINESTESIA E DESIGN GRÁFICO PARA INVISUAIS Sinestesia como caminho de exploração de comunicação em Design Gráfico para Invisuais

DOCENTE: MARCO BALESTEROS DISCENTE: ANA CARVALHO


A integração de pessoas com deficiência tem sido uma preocupação crescente através de instituições políticas, sociais e científicas na sociedade ocidental.Contudo, verifica-se uma forte componente de desvantagens e uma consciência de que existe uma maior vulnerabilidade nas pessoas com deficiência em comparação com a população em geral. Estudos realizados revelam que a cegueira é a deficiência que provoca maior temor social, existe até a crença social de que a capacidade de influenciar os outros e o meio está veiculada à capacidade de ver. O tecido social está capacitado para quem vê, originando um esquecimento em relação aos invisuais, mas também a dificuldade dos que veem em perceber o que é ser-se cego, reflete Mário Garcia (2014).

O Ser Humano é, por defeito, um ser visual. Tendencionalmente processamos as imagens mais rapidamente do que palavras, se refletirmos o design está em tudo o que nos rodeia, influenciando todo processo de comunicação. Do ponto de vista técnico, o design gráfico é o responsável criativo com o objetivo de comunicar visualmente um conceito ou uma ideia, tendo em conta o público alvo, leis e regras de harmonia artística, psicologia da cor e forma, impacto na perceção e emoções humanas. Sendo o design gráfico um dos remetentes principais da comunicação visual, comecei por pensar na comunicação em design gráfico para invisuais e de que forma é trabalhado o objeto gráfico nestas circunstâncias. Percecionei que a magnitude da informação gráfica disponibilizada, se dirige maioritariamente a um público capacitado de visão, levando-me a questionar o design gráfico perante o artigo 21 sobre a liberdade de expressão, opinião e acesso à informação da convenção sobre direitos das pessoas com deficiência. Deste pensamento, acresce a máxima de tornar o design gráfico mais inclusivo e universal. Visto que estas pessoas necessitam de uma organização sensorial diferenciada, levou-me a pensar na importância da sinestesia e de que forma ela pode servir de auxílio ao design gráfico para orientar a comunicação dirigida a este tecido humano.

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SINESTESIA E DESIGN GR

19/24 SINESTESIA NA ARTE /MÚSICA

25/26 SINESTESIA NA ARTE /TEATRO

9/1 SINES E CIÊ

27/28 SINESTESIA NA ARTE /PINTURA

5/6 - INTRODUÇÃO

47/48 - CONCLUSÃO

49/50 - PR


RÁFICO PARA INVISUAIS

45/46 ANEXO

14 STESIA ÊNCIA 35/38 SINESTESIA NA ARTE/ CINEMA

29/34 SINESTESIA NA ARTE/ LITERATURA

ROJETO PRÁTICO

41/44 SINESTESIA PROJETOS DESIGN

51/52 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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“Não é um grande milagre que haja tantas maneiras de perceber o mundo e não apenas uma?” - Jacques Lusseyran

Como a sinestesia influe cegas obtêm informaçõ percepção pode exercer n no aprendizado, conside na qual as informa -S

Sinestesia

A sinestesia é uma condição na qual um estímulo a uma modalidade sensorial evoca uma sensação secundária não estimulada. - Sarah Marques

“Sem futuro, o presente não serve para nada, é como se não existisse, Pode ser que a humanidade venha a conseguir viver sem olhos mas então deixará de ser humanidade.“ - José Saramago


encia o processo pelo qual as pessoas ões do ambiente e os efeitos que esta na realização de tarefas cotidianas e erando a realidade de uma sociedade ações visuais são privilegiadas. Sarah Marques

A sinestesia é uma condição neurológica do cérebro que interpreta de diferentes formas os sinais percebidos pelo nosso sistema sensorial. É uma espécie de confusão neurológica que provoca a perceção de vários sentidos de uma só vez. A sinestesia é um processo involuntário do cérebro e a sua causa ainda é desconhecida.

Este processo mostra-se tão rico pela sua diversidade, apresentando um grande espectro de experiências como: grafemacor(atribuição de cores a letras e/ou números), cromestesia (associação de sons a cores), sequência espacial(visualização de sequências numéricas como pontos no espaço), formulário numérico ( mapa mental de números que surgem automaticamente para quem experimenta esta sinestesia e pensa em números), auditivotátil (sons podem induzir sensações em partes do corpo), personificação linguística ordinal (sequências ordinais são associadas a personalidades ou sexos), misofonia (experiências negativas são desencadeadas por sons), espelhotoque (indivíduos sentem a mesma sensação que outra pessoa) e léxico-gustativa (gostos são sentidos ao ouvir palavras), cinestésica (capacidade de memorizar e modelar relações complexas entre inúmeras variáveis, sentindo sensações físicas em torno do movimento cinestésico de variáveis relacionadas).

Estas são apenas algumas das sinestesias documentadas, mas prevê-se que existam cerca de 80 tipos de sinestesia. Pesquisas atuais sobre sinestesia revelam que pessoas sinestésicas conseguem absorver melhor novos conteúdos, têm melhor compreensão verbal, são mais abertas a novas experiências e possuem uma forte imaginação criativa. Pessoas cegas têm mais tendência a manifestar sinestesia

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John Locke

Francis Galton

Richard Cytowic

Roi Cohen Kadosh


Mariano Sigman

Simon Baron-Cohen

Peter Grossenbacher

Julia Simner

David Eagleman

SINESTESIA CIÊNCIA


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Em 1690, John Locke, fez a primeira referência á sinestesia no seu livro “Ensaio sobre o Entendimento Humano”, ao relatar o caso de um cego que percebeu o que era a cor vermelha pelo som de uma trompa.

“Um homem cego estudioso, que provavelmente se empenhou em pensar sobre um objeto visível, e fez uso de explicações de seus livros e amigos para compreender os nomes da luz e das cores que à toda hora surgiam em seu caminho, afirmou a certo dia que finalmente compreendia o que vermelho significava. Diante disso, um amigo lhe perguntou o que significava o vermelho? O homem cego respondeu, era como o som de um trompete. (Locke, apud Baron- Cohen E Harrison , 1997a: 4)

A primeira referência médica sobre sinestesia data de 1710, quando um oftalmologista inglês, Thomas Woolhouse, descreveu o caso de um homem cego que “via” cores quando ouvia determinados sons (Cytowic, 1993). A primeira descrição na literatura cientifica data de 1880, por Sir Francis Galton, primo de Charles Darwin e também o criador do termo “eugenia”, publicou um artigo a respeito do fenômeno na revista científica Nature. Mas muitos ignoraram, chamaram-lhe farsa e atribuíram o fenómeno ao uso de drogas

Na década de 1980, Richard Cytowic fez os primeiros estudos neurofisiológicos de sujeitos sinestésicos. Em 1989, ele publicou um texto pioneiro, Synesthesia: A Union of the Senses, e isso foi seguido por uma exploração popular do assunto em 1993. As técnicas atuais de imagiologia cerebral funcional fornecem evidências inequívocas para a ativação ou coativação simultânea de duas ou mais áreas sensoriais do córtex cerebral nos sinestetas, exatamente como o trabalho de Cytowic previu.


John Locke

Francis Galton

Richard Cytowic

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11 Simon Baron-Cohen

Julia Simner Peter Grossenbacher


Simon Baron-Cohen fez grandes contribuições para os campos de diferenças cognitivas típicas de sexo, prevalência e rastreamento do autismo, genética do autismo, neuroimagem do autismo, autismo e capacidade técnica e sinestesia.

Julia Simner é neuropsicóloga e investigadora no campo da pesquisa em sinestesia e processamento multi-sensorial. Dirige o laboratório de Sinestesia e Integração Sensorial da Universidade de Sussex. Ela é diretora de ciências da Associação de Sinestesia do Reino Unido, diretora do projeto MULTISENSE, financiado pelo ERC e diretora da Savant Network. A investigadora reflete sobre se a realidade pode ser mensurável diferente dentro de

cabeças diferentes? A sinestesia ensina-nos que a resposta é sim, e ninguém está melhor posicionado do que Simner para contar a história desse fenômeno notável. Ela e os seus colegas lideram a vanguarda dessa pesquisa há décadas. Peter Grossenbacher é associado dos Institutos Nacionais da Saúde (NIH) dos E.U.A., sendo o mais importante investigador norte-americano da sinestesia. Peter reflete também na realidade daquilo que é percepcionado:

“Tendemos a supor que a realidade é igual para todos”, acrescentaríamos, e é, o que muda é nossa percepção, uma pessoa com problemas de visão não vê as coisas tão claramente quanto outra com boa vista, apesar da realidade ser a mesma para ambos. Se a realidade fosse distinta para cada pessoa, não seria realidade, pois não pode ser real o que com tanta facilidade muda.”

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David Eagleman é um neurocientista americano, autor e comunicador científico. Ele ensina como professor adjunto na Universidade de Stanford e é CEO da NeoSensory, uma empresa

que desenvolve dispositivos para substituição sensorial. Ele também dirige o Centro para Ciências e Direito, sem fins lucrativos, que procura alinhar o sistema jurídico à neurociência moderna. Ele é conhecido pelo seu trabalho sobre plasticidade cerebral, percepção do tempo e sinestesia.

Mariano Sigman, físico de formação, é uma figura cimeira internacional nos domínios da neurociência cognitiva da aprendizagem e da tomada de decisões. Sigman tem dado contributos essenciais para a teoria de funcionamento dos sistemas neuronais quando fazemos escolhas, e reuniu dados experimentais decisivos sobre o processo de tomada de decisões humano. O físico explica: “Somos todos um pouco sinestésicos: misturamos sons com formas, tempo com espaço, temperatura com cores, tato com música. Uma das formas mais comuns de sinestesia é aquela que relaciona letras com cores. Tão forte é a sinestesia que pode funcionar mesmo naqueles que perderam o sentido. Um cego com sinestesia pode ver uma cor quando ouve um som. A sinestesia sempre teve uma aura de genialidade. Muitos dos grandes matemáticos dizem que podem representar números como paisagens sofisticadas ou como sons e, assim, brincar com números usando as portas da percepção. Mas tão fascinante é a sinestesia que se encheu de impostores. Escritores, músicos ou artistas que acham que é bom para eles dizerem que veem letras ou notas musicais em cores brilhantes. E assim, meu amigo e colega Edward Hubbard inventou um dispositivo para separar o joio do trigo. Detecta verdadeiros sinestetas e revela os abundantes charlatães e impostores.”

Roi Cohen revelou alguns dos princípios cognitivos e perceptivos da sinestesia e seus mecanismos neurobiológicos, o que tem implicações no campo da neuroplasticidade e aprendizagem. Ele também sugeriu que as origens da sinestesia podem ser devidas a uma falha na especialização cortical durante a infância. Descobriu que a sinestesia – pelo menos a que leva o indivíduo a enxergar cores nas palavras – pode ser induzida por meio da hipnose. “Sob esse estado mental, os voluntários reportaram experiências similares às descritas pelos sinestetas” Por outras palavras, o trabalho do investigador inglês mostrou que, mesmo pessoas sem as tais superconexões neuronais seriam capazes de ter experiências sinestésicas.


Roi Cohen Kadosh

David Eagleman Mariano Sigman

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Marilyn Monroe


Maureen Seaberg

Vladimir Nabokov

Van Hallen

SINESTESIA ARTE


SINESTESIA NA ARTE 1/Música 2/Teatro

3/Pintura

4/Literatura 5/Cinema


A sinestesia não se manifesta apenas em contexto científico. Esta experiência está muito presente no mundo das artes visuais e cada vez mais este termo é usado para descrever obras cuja percepção depende de vários sentidos ao mesmo tempo.

A sinestesia está em certa medida relacionada com a criatividade e esta relação tem vindo a ser estudada, pelo facto de muitos sinestetas estarem inseridos no mundo artístico. Existe sem margem para dúvidas uma grande ligação da sinestesia com a arte e esta aparece de duas maneiras distintas, o artista que realmente possui sinestesia e o artista que não é sinesteta mas que usa o conceito para criar a sua obra artística explica Carla Presa (2008). A ligação da sinestesia à arte não é recente e está cada vez mais em voga, pois, na Era Digital, é nos permitido alcançar uma dimensão muito mais ampla devido ao aparecimento de novas tecnologias. Os artistas podem agora utilizar uma grande variedade de sensores e interfaces físicas para criar e apresentar os seus trabalhos, permitindo novas e diferentes formas de interacção entre o usuário e a obra artística. Assim sendo, o artista vai conseguir passar um maior número de sensações com o seu trabalho, tornando-se desta forma a arte mais dinâmica e interativa. Com isto, é possível explorar o meio artistico de forma mais inclusiva aprendendo a estimular vários sentidos. As relações entre a arte e a sinestesia podem revelar aspectos precisos e muito claros da consciência humana, pois, a sinestesia é de extrema importância para a compreensão da mente humana, nomeadamente dos factores relacionados com a criatividade (Heyrman, 2005; Ramachandran e Hubbard, 2001).

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Franz Lis Itzhak Perlman

Cromestesia

Jean Sibelius


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1/MÚSICA Franz Liszt foi um compositor, pianista, maestro, professor e terciário franciscano húngaro do século XIX, considerado uns dos primeiros maestros a transmitir as suas experiências sinestésicas ao mundo. Era interessante ser músico numa das orquestras de Liszt. Ele teria usado a sua sinestesia para ajudar com suas orquestrações, dizendo aos músicos: “Ó, por favor, senhores, um pouco mais azuis, por favor! Este tipo de tom exige isso! ” Ou: “É uma violeta profunda, por favor, dependa disso! Não é tão rosa! Aparentemente, a orquestra inicialmente pensou que Liszt estava apenas a ser engraçado, mas com o tempo eles perceberam que ele realmente estava a ver cores nos sons.

Jean Sibelius foi um compositor finlandês de música erudita e um dos mais populares compositores do fim do século XIX e início do XX. A sua música também teve um importante papel na formação da identidade nacional finlandesa. O compositor finlandês era multissinestesista, pois alegava também ouvir sons na sua mente quando via cores, objetos ou aromas, um tipo de sinestesia que já se provou que existe.

Itzhak Perlman é um virtuoso violinista israelita-americano, maestro e professor, considerado um dos maiores violinistas do século XX e XXI. Quando tinha apenas treze anos de idade ficou famoso pela sua interpretação mágica do concerto de violino de Beethoven com a Orquestra Filarmônica de Berlim e pela sua interpretação no concerto de Mendelssohn. O famoso violinista Itzhak Perlman vê um verde profundo da floresta sempre que toca um flat-B na corda G do Stradivarius. O A na corda E é vermelho. Para Perlman, a conexão entre música e cor não é uma metáfora. Quando ele toca um A, ele vê vermelho da mesma maneira que todos nós vemos branco quando olhamos para a neve.

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21 Eddie Van Halen é um guitarrista, compositor e produtor musical norte-americano nascido nos Países Baixos, cofundador da banda Van Halen. Foi eleito o melhor guitarrista de todos os tempos, por uma votação promovida pela revista Guitar World, que contou com quase 500 mil votos. O guitarrista americano, fundador da banda Van Halen, usou o dom de ver notas musicais coloridas para criar a “nota marrom”, usada em discos da banda

Tori Amos é uma cantora, compositora e pianista norteamericana. Amos esteve à frente de um grupo de cantoras e compositoras no começo da década de 1990, sendo digna de nota, no começo da sua carreira, como uma das poucas cantoras e interpretes pop que usam o piano como instrumento principal. Ela é conhecida por suas músicas emocionalmente intensas, que tratam de uma variedade de assuntos, incluindo sexualidade, religião e tragédia pessoal. Amos vendeu mais de 20 milhões de discos ao redor do mundo até 2019.

Amos experimenta um tipo incomum de sinestesia, no qual os sons produzem imagens diferentes das luzes. Ao comentar a sua sinestesia em seu livro Piece by Piece, Amos disse: “A música aparece como filamento leve depois que eu a decifrei, nunca vi uma estrutura duplicada. Eu nunca vi a mesma criatura leve na minha vida. Obviamente, progressões de acordes semelhantes seguem padrões de luz semelhantes, mas tente imaginar o melhor caleidoscópio de todos os tempos.


Van Halen Tori Amos

Cromestesia


Lorde

Cromestesia

Dev Hynes


Dev Hynes é um cantor, compositor, produtor musical e diretor inglês. De 2004 a 2006, Hynes foi membro da banda Test Icicles, toca viola, sintetizador e ocasionalmente, cantando vocais. Em relação à experiência sinestésica de Hynes, ele vê cores quando ouve música. Como o próprio disse: “Quando eu era mais novo, eu queria apenas jogar toda a lata de tinta na tela e ver o que aconteceria… Enquanto agora estou gostando e explorando a interessante parte científica o máximo que posso, e tentando celebrá-lo e convidar outras pessoas a se divertirem.”

“O modo como funciona para mim é que meus sentidos de visão e som são combinados. Todo som que associo a uma cor e toda cor que associo a um som ”, disse Hynes na conferência de Vancouver. “A maneira como vejo as coisas são serpentinas constantes pela sala, refletindo a cada toque e a cada som. Ao longo dos anos, aprendi quais os paladares de cores que mais amo. ”

Lorde é uma cantora e compositora neozelandesa. Foi eleita a jovem mais influente do mundo pela revista norte-americana Time, e nomeada “Mulher Do Ano” pela MTV, em 2013. Tornou-se mundialmente conhecida a partir do single “Royals”, que lhe rendeu o título de a mais jovem artista a conquistar o primeiro lugar da Billboard Hot 100, dos Estados Unidos, e venceu o Grammy Awards de “Canção do Ano”, em 2014. Num documentário Lorde desabafa o seguinte: “Ouvir uma música e ter esta imagem ao ser redor – sabe, dedilhar uma corda e, de repente, ser inundada por cores diferentes ou texturas.”

“Por muito tempo eu acreditei que as pessoas tinham cores para cada dia da semana ou para cada nome de seus amigos.” “O trabalho que eu faço é mais um reflexo do interior do meu cérebro ‘traduzindo as cores na minha cabeça.”

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2/TEATRO

David Hockney é um pintor, cenógrafo, fotógrafo e gravador britânico. David Hockney fez várias obras entre elas “A Bigger Splash” e “A Bigger Gland Canyon”, sendo esta última apresentada na National Gallery of Australia. A obra Retrato de um Artista (Piscina com Duas Figuras), que foi vendida em Nova Iorque em novembro de 2018 pela leiloeira Christie’s, foi a pintura mais cara de um artista vivo. A icónica obra foi vendida por 90 milhões de dólares estabeleceu um novo recorde como o trabalho mais caro de um artista vivo, ultrapassando a marca alcançada por “Ballon Dog (Orange)”, de Jeff Koons, que foi comprado por 58 milhões de dólares.

Nascido com sinestesia, Hockney vê cores em resposta a estímulos musicais. Embora ele nunca tenha traduzido isso em sua pintura ou fotografia, é um princípio subjacente comum nos seus projetos para cenários de balé e ópera - onde ele baseia as cores de fundo e a iluminação nas cores que vê enquanto ouve cada partitura musical.

SYN.Tropia é um espetáculo que desafia o público a apreciar a música para lá da audição. O espetáculo quer ser um desafio às noções mais básicas que guardamos de som, luz, imagem e toque.

Apesar de publicitado como um “concerto-dança para surdos”, a encenadora e coreógrafa Yola Pinto insiste que o conceito do espetáculo extrapola a descrição. “É uma adaptação da ideia de sinestesia”, explica, dizendo que pretende explorar “de que forma os outros sentidos informam a nossa noção de som”.

SY


YN.Tropia

David Hockney


Wassily Kandisky

Van Gogh

Melissa McCracken


3/PINTURA Van Gogh foi um pintor holandês considerado uma das figuras mais famosas e influentes da história da arte ocidental. Ele criou mais de dois mil trabalhos em pouco mais de uma década, incluindo por volta de 860 pinturas a óleo, a maioria dos quais durante seus dois últimos anos de vida.

O pintor explicou nas suas cartas que, para ele, os sons tinham cores e que certas cores, como o amarelo ou o azul, eram como fogos de artifício acariciando seus sentidos. Por isso que o seu “Girassóis” e o “Noite estrelada” são até hoje telas vibrantes dotadas de vida, de movimento. Indícios evidentes, todos eles, de que o célebre gênio pós-impressionista era sinestésico.

Wassily Kandinsky foi um artista plástico russo, professor da Bauhaus e introdutor da abstração no campo das artes visuais. Precursor do abstracionismo, Kandinsky sempre se empenhou em criar obras que instigassem os sentidos e que desvalorizassem a figura para enaltecer a cor e forma. Chamou seus impulsos sinestésicos de Princípio da Necessidade Interior, provocando uma revolução na arte moderna por meio de seus conceitos. A artista Melissa McCracken, de Missouri, pinta música. Como sinesteta, os sons que ela ouve todos os dias - seja o nome de alguém ou uma música no rádio - são traduzidos em cores vibrantes e bonitas que carregam a cadência das melodias. As pinturas vívidas de McCracken decorrem de seu desejo de capturar as suas experiências diárias para que outros possam entender o mundo brilhante e saturado em que ela habita.

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4/LITERATURA No oriente, a sinestesia é percepcionada exclusivamente como um recurso literario, um fenómeno perceptual completamente desconhecido. O poeta de haiku japonês mais celebrado, Matsuo Basho, usa repetidamente a sinestesia para unir diversas qualidades sensoriais. É uma ferramente eficaz para apresentar uma experiência na sua totalidade comparado com o método científico, que parte o todo em componentes diferentes. Em parte devido a forças culturais, literatura sinestésica no japão presume uma atitude que aceita a interligação de todas coisas.

“Quero ainda ver nas flores no amanhecer a face de um deus.” - Matsuo Basho

Charles-Pierre Baudelaire foi um poeta boémio, dandy, flâneur e teórico da arte francesa. É considerado um dos precursores do simbolismo e reconhecido internacionalmente como o fundador da tradição moderna em poesia, juntamente com Walt Whitman, embora se tenha relacionado com diversas escolas artísticas. A sua obra teórica também influenciou profundamente as artes plásticas do século XIX. A descrição desenvolvida por Baudelaire, um dos precursores do movimento simbolista, para a sensação provocada pela ingestão de haxixe vem a calhar para explicar a sinestesia: “O olfato, a visão, o ouvido, o tato cooperam igualmente”, e “os sons se vestem de cores e as cores têm música”. “A Natureza é um templo onde vivos pilares Deixam escapar, às vezes, confusas palavras; O homem ali passa por entre florestas de símbolos Que o observam com olhares familiares.

Como longos ecos que ao longe se confundem Em uma tenebrosa e profunda unidade, Vasta como a noite e como a claridade, Os perfumes, as cores e os sons se correspondem.

Há perfumes frescos como carnes de crianças, Doces como oboés, verdes como as pradarias, — E outros, corrompidos, ricos e triunfantes,”


Charles Baudelaire

Matsuo Basho


Arthur Rimbaud

Vladimir Nabokov

Grafema-Cor


Arthur Rimbaud foi um poeta francês. Produziu as suas obras mais famosas quando ainda era adolescente sendo descrito por Paul James, à época, como “um jovem Shakespeare”. Como parte do movimento decadente, Rimbaud influenciou a literatura, a música e a arte modernas. Era conhecido pela sua fama de libertino e por uma alma inquieta, que viajva de forma intensiva por três continentes antes de morrer de um cancro aos 37 anos de idade. Não se sabe se Rimbaud teve sinestesia, mas o seu poema Soneto das Vogais sugere isso fortemente, atribuindo valores de cores a diferentes vogais. “A negro, E branco, I rubro, U verde, O azul, vogais, Ainda desvendarei seus mistérios latentes: A, velado voar de moscas reluzentes Que zumbem ao redor dos acres lodaçais;

U, curvas, vibrações verdes dos oceanos, Paz de verduras, pas dos pastos, paz dos anos Que as rugas vão urdindo entre brumas e escolhos;” - Arthur Rimbaud

Vladimir Nabokov era um sinesteta auto-descrito, que numa idade jovem igualou o número cinco com a cor vermelha. Aspectos da sinestesia podem ser encontrados em várias das suas obras. A sua esposa também exibiu sinestesia; como o seu marido, o olho da sua mente associou cores com determinadas letras. Em A Defesa, Nabokov mencionou brevemente como o pai do personagem principal, um escritor, descobriu que ele era incapaz de terminar um romance que ele planeava escrever, tornando-se perdido na história fabricada por “começando com cores”. Muitas outras sutis referências são feitas na escrita de Nabokov, que podem ser rastreadas até à sua sinestesia. Muitos dos seus personagens têm um “apetite sensorial” distinto reminiscente de sinestesia. “Parece-me que na escala das medidas universais há um ponto em que a imaginação e o conhecimento se cruzam, um ponto em que se atinge a diminuição das coisas grandes e o aumento das coisas pequenas: é o ponto da arte.“- Vladimir Nabokov

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José Saramago foi um importante escritor português. Destacouse como romancista, teatrólogo, poeta e contista. Saramago constrói uma sinestesia ao escrever que «a luz e a brancura, ali, cheiravam mal», alterando desta forma as relações sensoriais: aquilo que deveria estar no plano da visão faz parte do olfato.

“A impressão de haver pisado uma pasta mole, os excrementos de alguém que não acertara com o buraco da retrete ou que resolvera aliviar-se sem querer saber mais de respeitos. Tentou imaginar como seria o lugar onde se encontrava, para ele era tudo branco, luminoso, resplandecente, que o eram as paredes e o chão que não podia ver, e absurdamente achou-se a concluir que a luz e a brancura, ali, cheiravam mal” (Saramago 1995b: 96-97).

Sensorium é sobre como entendemos experiências extraordinárias dos sentidos. Autora e jornalista, Maureen Seaberg tem experiência pessoal com várias formas de sinestesia e é um tetracromat, possuindo a base genética de uma quarta classe de cone para visão de cores. Seaberg relata de dentro de seu reino pessoal de experiência sensorial, bem como sobre as experiências de outras pessoas e as pesquisas mais recentes do campo. No seu livro Tasting the Universe, Maureen Seaberg relata experiências sinestésicas das mais influentes pessoas do mundo das artes.

A sinestesia está no seu auge novamente com artistas contemporâneos admitindo as suas impressões inter-sensoriais. A designer holandesa Iris van Herpen contou me que a razão por trás de sua alta costura “Synesthesia” é sua própria experiência: “Eu vejo música colorida!”; Tilda Swinton disse ao London Times que gosta de palavras: “A palavra ‘palavra’ é uma espécie de molho. A mesa é um bolo ligeiramente seco. Tomate não é tomate, é limão. ” Lady Gaga disse aos entrevistadores da TV em Singapura: “Quando componho música, vejo uma parede de cores ...”

Com ícones culturais como essas mulheres expressando seus espectros internos, acho que o Renascimento da Sinestesia que estamos vivendo agora pode ser o mais esclarecido até o momento.


JosĂŠ Saramago

Maureen Seaberg


Escafandro e a Borboleta

Marilyn Monroe

Escafandro e a Borboleta (Livro)


4/CINEMA Marilyn Monroe foi uma atriz, modelo e cantora norte-americana. Estrela de cinema de Hollywood, é um dos maiores símbolos sexuais do século XX, imortalizada pelos cabelos loiros e as suas formas voluptuosas.

Marilyn Monroe é mais uma artista com sinestesia, ela via viabrações enquanto ouvia sons. Sendo um ícone da época ninguém sabia da sua sinestesia pois o conceito ainda não era difundido. Na época em que a artista estudava o conceito era apelidado de experiências e habilidades. Lee Strasberg pretendia que os seus alunos usassem-se as suas habilidades para dar vida aos personagens. No caso em específico da artista usou a sua habilidade em “Bus Stop”

O filme Escafandro e a Borboleta permite refletir sobre a importância de arranjar novas formas de comunicar e transmitir informação, que são a base de inspiração para o tema Sinestesia e Design Gráfico para Invisuais. Preso ao próprio corpo, Bauby começa a perder a alegria de viver, seu maior talento, a comunicação, havia se perdido. Isso até que sua fonoaudióloga consegue desenvolver uma forma do jornalista se comunicar através da única parte do corpo que ele consegue mexer: o olho esquerdo. Para você parece impossível? As letras do alfabeto começaram a ser narradas em voz alta, uma a uma, e Bauby aprende a piscar quando a letra necessária para construir uma palavra é pronunciada. Ele começa então a se relacionar com o mundo novamente. É desta forma que ele consegue narrar tudo o que se passa em sua cabeça e dá origem ao livro O Escafandro e a Borboleta.

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Como ferramente de inspiração e motivação para explorar planos sensoriais diferentes e como seria possível cruzá-los apresento o documentário janela da alma, dos diretores brasileiros João Jardim e Walter Carvalho. Numa votação com dezenas de críticos e pesquisadores de cinema organizada pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema, o filme foi eleito como um dos melhores documentários da história do cinema brasileiro.

Dezanove pessoas com diferentes graus de deficiência visual, da miopia discreta à cegueira total, falam como se veem, como veem os outros e como percebem o mundo. O escritor José Saramago, o músico Hermeto Paschoal, o cineasta Wim Wenders, entre outros, fazem revelações pessoais e inesperadas sobre vários aspectos relativos à visão. O título do documentário, baseado na citação de Leonardo Da Vinci “O olho é a janela da alma, o espelho do mundo”, é o ponto de partida para a maioria dos depoimentos. O poeta Antonio Cícero vai longe na reflexão sobre a janela da alma e problematiza a questão, dizendo que o olhar na janela já é um olhar dentro de outra janela, então a questão torna-se cíclica e infinita, nunca chegando, de fato, na própria alma.

Os relatos no filme, no entanto, não se restringem apenas à visão física, os temas explorados e desenvolvidos pelos entrevistados vão além de uma análise fria e racional do sentido da visão. A emoção, os sentimentos e os outros sentidos são citados na maioria dos depoimentos como sendo de enorme importância e relevância para uma visão completa do mundo, independente do fato de se ter ou não uma visão física normal. FeIizmente, a maioria de nós é capaz de ver com os ouvidos, de ouvir e ver com o cérebro, com o estômago e com a aIma. Creio que vemos em parte com os oIhos, mas não excIusivamente. (Wim Wenders)


Janela da Alma


“Hoy Toca el Prado”

Toda a Imagem Tem um Som


The Unseen Art

PROJETOS SINESTESIA DESIGN


The Unseen Art

Tipografia e Som

“Hoy Toca el Pr


rado”

Perante o tema de investigação, surge a necessidade de procurar projetos que se envolvam na inclusividade e que de uma certa forma nos façam refletir sobre o mundo da sinestesia.

O projecto Tipografia e Som criado por Vítor Quelhas desenvolvese por um conjunto de experiências pretendendo abordar questões relacionadas com a sincronização em tempo real de ilustrações tipográficas digitais que reagem ao som produzido ou capturado. As qualidades formais dos caracteres, as suas proporções, dimensão, aparência, etc., variam ao longo do tempo segundo valores não aleatórios, mas provenientes de uma fonte sonora. O propósito deste trabalho é essencialmente experimental e procura devolver à tipografia os aspectos prosódicos da linguagem. O projeto The Unseen Art criado em 2004 por Marc Dillon, recria famosas pinturas clássicas em versão tridimensional. A partir dessas impressões em 3D feitas com areia, deficientes visuais poderão “enxergar” essas obras pela primeira vez, através do toque das mãos. Dillon pretende criar uma plataforma online que permitirá que artistas enviem a sua arte em formato tridimensional, para que qualquer pessoa com uma impressora 3D possa criar novas.

Em 2015, o Museu do Prado, em Madrid, colocou em cartaz a mostra “Hoy Toca el Prado” (algo como “Toque o Prado”), na qual foram oferecidas seis réplicas de obras de arte famosas, como a Monalisa de Leonardo DaVinci, com aplicações de texturas e volumes impressos com tinta especial. Isso aumenta não só a apreciação por parte do cego, mas também sua sensação de pertencimento e inclusão, incorporados à autoestima.

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Toda a imagem tem um som é uma campanha de posters para a produtora de som SaxsoFunny que representa a sonoplastia na prática. São objetos que saem do plano visual e estimulam a audição e o tato do interlocutor.

A sinestesia presente neste projeto é o que lhe confere a sua essência e a capacidade de misturar diversas áreas do sentir é extremamente importante para desenvolver um design mais inclusivo.

Os objetos gráficos diferem entre si da seguinte forma: No primeiro cartaz, é utilizado a confecção da peça num papel laminado que, se chacoalhado, reproduz o som de uma tempestade; - No segundo cartaz, é utilizado um papel de seda que, se manipulado, reproduz um som semelhante ao do fogo; - No terceiro cartaz, é utilizado plástico-bolha que, se tocado, emite o som da bolha a estourar e remete ao som que a tecla de uma máquina de datilografia emite quando pressionada. Este objeto gráfico usa uma linguagem simples e criativa para apresentar a sua informação. É passível de ser tocado, ser ouvido e ser visto o que torna a campanha mais universal e inclusiva. A exploração de diferentes materiais para apresentar algo gráfico é genial.

Mensagem de Fernando Pessoa é o primeiro livro em Braille da autoria do designer português Bruno Brites. O desenvolvimento de publicações que utilizem o Braille é cada vez menos considerado, como se a preservação da palavra escrita para cegos fosse fazerse apenas pela internet e pelos audiolivros. É verdade que estas ferramentas de inclusão social têm contribuído para um mais fácil acesso à informação, representando um grande passo em frente na autonomia das pessoas invisuais. No entanto, estão também a transpor em popularidade o uso de livros em Braille, porque são mais baratas, fáceis de usar e transportar. E é precisamente neste cenário de diminuição das práticas de leitura em Braille, entre as pessoas invisuais, que o projecto de Bruno Brites se eleva, procurando destacar a importância das edições em Braille no estabelecimento de uma ligação emocional entre os leitores e o livro. Através deste projeto é passível reconhecer a importância de conectar a realidade visual com interações tácteis.


Toda a Imagem Tem um Som

Mensagem em Braille


Guitar Hero

Richard Feyman


ANEXO - Sinestesia no quotidiano Richard Feyman foi um físico teórico norte-americano do século XX, foi um dos pioneiros da eletrodinâmica quântica e ficou conhecido pelos seus trabalhos no ramo da formulação integral da mecânica quântica. Pelas suas contribuições para o desenvolvimento da eletrodinâmica quântica, Feynman recebeu o Nobel de Física em 1965 junto ao Julian Schwinger e Shin’ichiro Tomonaga. É irmão mais velho da astrofísica Joan Feynman. Enquanto dava aulas, ele via letras xis marrom-escuras flutuando no ar.

Nos jogos, a sinestesia revela-se de maneira diferente. Em essência, todo jogo eletrônico é sinestésico porque o jogador reage através do tato a uma percepção visual.

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CONCLUSÃO Motivação da pesquisa e aprofundamento do tema Sinestesia


É fundamental repensar a necessidade de adaptar as experiências às características biológicas e culturais de indivíduos invisuais, pois a cegueira não impede o desenvolvimento do sujeito, apenas impõe uma organização sensorial diferenciada em relação à construção, organização e estruturação dos saberes. É necessário refletir nesta adaptação para pessoas portadoras de deficiência, sem esquecer a necessidade de criar vias alternativas de desenvolvimento humano na presença de deficiência. As pessoas invisuais necessitam de uma organização sensorial diferenciada, levando-me desta forma a pensar na importância e contributo que a sinestesia pode dar, quando desenvolvida e estimulada em prol do design gráfico para que assim se possa criar uma orientação e comunicação dirigida também a este tecido humano, tornando-se mais inclusivo. O design inclusivo é destinado a todos, sem exceções. Para o inserir é necessário considerar numa fase introdutória do processo criativo que a população jovem e saudável é só parte de um possível público-alvo e acima de tudo visualizar o design inclusivo aliado ao design gráfico como um desafio que nos vai trazer crescimento e não um obstáculo. Aliás diferentes aspetos devem ser tidos em conta para incluir não só pessoas com alguma deficiência, mas também idosos e estrangeiros. Dessa forma, o design inclusivo vai além de garantir a acessibilidade que precisa e deve estar presente em diversas esferas do nosso quotidiano. A sinestesia pode, portanto, ser usada como atalho ou novo caminho para desenvolver o design gráfico para invisuais e tornar-se mais inclusivo.

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PROJETO PRÁTICO Explicação de um hipotético Projeto Prático na área do Design Gráfico aliado à sinestesia para Invisuais


A intenção de tornar o design gráfico mais inclusivo tem sido a máxima que rege a investigação do tema Sinestesia e Design Gráfico para Invisuais. Posto isto, comecei a questionar sobre o que realmente poderia ser feito na área para estimular outros sentidos se a visão fosse por algum motivo interrompida ou insuficiente. Comecei por imaginar como seria para um invisual ler um simples cartaz na rua e verifiquei que esta simples tarefa torna-se praticamente impossível. Verifiquei também que as capas e até o interior dos livros para crianças invisuais são extremamente aborrecidos e confinados ao braille. Reunindo o pensamento da sinestesia pensei no quão util seria fazer um cruzamento de sentidos atráves do tato e olfato. Criar livros ou cartazes com cheiro e texturas é o projeto prático que pretendo criar dirigido a um público mais jovem e exigente como é o mundo das crianças. Dar a possibilidade a todos de poder ver um livro e ter a mesma “visão”, mesmo que seja imposta uma percepção diferente do mundo que nos rodeia.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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KATHLEEN, Elise. 12 Famous Artists With Synesthesia, 2016. Disponível em: < https://www.mentalfloss.com/article/88417/12-famous-artists-synesthesia > Acesso em: 10/06/2020


Ana Carvalho Atelier Design Grรกfico II


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