Editorial
Sim, Jesus ressuscitou Cumprindo o calendário dito cristão, vamos comemorar mais uma vez a Páscoa. Com a proximidade dessa data, a população se apressa em reservar o ovo de chocolate mais saboroso. E os comerciais veiculados em todas as mídias alimentam essa busca pelo melhor e mais barato. Esse tipo de situação faz com que o verdadeiro sentido da Páscoa fique em segundo plano. Em certos momentos, quase invisível. Afinal, o que estamos comemorando? Infelizmente, até entre aqueles que se rotulam cristãos a Páscoa tem sido interpretada com o sentido desfocado. Observando o artigo do bispo Paulo Lockmann, chegamos a essa conclusão. Segundo ele, por conta da tradição católica romana, a imagem do Cristo sofredor pregado na cruz habita a lembrança religiosa do povo. Ele acredita, inclusive, que esses ele-
mentos carregados de sofrimento têm influenciado na maneira como os brasileiros encaram a própria vida. Em nenhum momento, o bispo diminui o ato de amor de Jesus. “Sem dúvida, a morte na cruz do Filho de Deus, o Messias Jesus, é fundamental como tema teológico e uma denúncia clara sobre a morte do inocente, tão frequente em nosso Brasil”, declara Paulo Lockmann. No entanto, sua argumentação está focada o episódio da vida de Cristo que é o principal motivo de comemoração da Páscoa: a ressurreição. A dor da morte de Jesus é coroada com a ressurreição do Filho de Deus. De fato, não precisamos mais chorar pela morte de nosso Senhor, como fez Maria. Esse sofrimento, no entanto, durou até ela tomar conhecimento de que Cristo estava vivo. Sim, a vitória de Jesus sobre a morte é mo-
tivo de alegria. Vivemos um momento propício para reafirmar as verdades bíblicas. Em seu artigo também sobre a Páscoa, pastor Pablo Massolar reforça a fileira daqueles que marcham contra a secularização dos temas cristãos. Com veemência, combate aqueles mais ousados que até tentam negar a autenticidades dos textos sagrados. “Tentam convencer-me de que aquele que confesso ser o meu Senhor não ressuscitou”, alerta. Graças a Deus, que nos tem dado espaços como esta revista para defendermos verdades bíblicas combatendo qualquer iniciativa voltada para a negação de fatos incontestáveis. Afinal, não temos dúvidas de Cristo nasceu, morreu e ressuscitou nos garantindo a vida eterna. Nádia Mello Editora
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04 A alegria da ressurreição 06 O pastor e o ministério de louvor: Nº 31 • abril / junho 2011
Expediente Bispo da Primeira Região Eclesiástica Paulo Lockmann Conselho Editorial Ronan Boechat de Amorim - coordenador, Selma Antunes da Costa, Deise Marques, Marcelo Carneiro, Nádia Mello, Paula Damas Vieira. Editora Nádia Mello (MT 19.333) Assistente de redação Camila Alves Revisão Evandro Costa Ilustração digital/capa e Diagramação Pablo Massolar
uma conciliação possível
08 Cumprindo o Ide do Evangelho 10 Páscoa: momento de reafirmar as
verdades bíblicas
12 O real sentido da Mordomia Cristã 14 Um discipulado e dois erros
Circulação: 10.500 exemplares Esta publicação circula como suplemento do Jornal Avante, não sendo, portanto, distribuída separadamente.
Capa
No artigo de Capa, bispo Paulo Lockmann exalta a vitória de Jesus sobre a morte. A Páscoa deve ser vista como momento de alegria. Nessa data, além de lembrar da libertação de Israel do Egito, devemos comemorar o Cristo ressurreto. Esse é o verdadeiro significado da Páscoa. Nesta edição, temos a oportunidade de ressaltar uma das grandes verdades bíblicas.
Calendário litúrgico
Páscoa - Abril É a festa da ressurreição e da libertação. Sua solenidade pode iniciar-se já na quintafeira após o domingo de Ramos (instituição da Ceia). Contudo a celebração da ressurreição começa com uma vigília na noite de sábado, encontrando sua plenitude no romper da aurora quando Cristo é lembrado como Sol da Justiça, que traz a luz da nova vida da ressurreição. Símbolos da Páscoa - Cruz vazia, túmulo vazio, borboleta (sinal de transformação) Cores da Páscoa: branco ou amarelo-ouro.
Rua Marquês de Abrantes, 55, Flamengo, Rio de Janeiro - RJ CEP 22230-061 Tel: (21) 2557-7999 / 3509-1074 / 2556-9441 Site: www.metodista-rio.org.br Twitter: @metodista1re Facebook: www.facebook.com/metodista1re
Pentecostes - Junho Entre os hebreus, era comum a celebração da chamada “festa das semanas”; isso porque ela se dava sete semanas após a Páscoa. Nela o povo dava graças a Deus pela colheita. Mas tarde, adquiriu mais uma dimensão celebrativa, a da proclamação da Lei (instrução) no Sinai, 50 dias após a libertação do Egito. Na era cristã, o Pentecostes tornou-se o último dia do ciclo pascal, quando se celebra a chegada do Espírito Santo como Aquele que atualiza a presença do ressuscitado entre nós, dando força para que as comunidades sejam testemunhas de Jesus na história. Símbolos: Pomba, fogo, vento e água.(sinais da presença do Espírito Santo) Cor: Vermelho
A alegria da ressurreição “...alegraram-se, portanto, os discípulos ao verem o Senhor” (Jo 20.20)
De uma fé perdoadora a uma fé vencedora Verificamos na vida religiosa do povo brasileiro de tradição católica e romana um fascínio pelo tema da paixão e crucificação de Jesus. O Cristo sofredor é o rosto que habita a lembrança religiosa do povo, a tal ponto que podemos dizer ter sido um elemento decisivo na maneira de encarar a própria vida diária. Tal figura que celebra o sofrimento de Jesus é tão profunda e foi se estendendo e enraizando nestes quinhentos anos, da colonização ao império, e dos impérios às diferentes fases da república, que o Cristo sofrido na cruz é a grande síntese cultural do cristianismo católico brasileiro, e por que não dizer latino-americano, já que este quadro se repete na América Latina. Por todo lado se celebra nas músicas, nas pinturas, nas esculturas e nas encenações teatrais ocorridas na semana chamada santa. Este Cristo sofredor, morto, derrotado, torna-se uma figura de dar pena, de fazer chorar. Aliás, choro e tristeza é o que sente o povo ao ver aquelas procissões e aquele Filho de Deus derrotado. Sem dúvida, a morte na cruz do 4
Filho de Deus, o Messias Jesus, é fundamental como tema teológico e uma denúncia clara sobre a morte do inocente, tão frequente em nosso Brasil. Precisamos denunciar que a exploração desta imagem de celebração do sofrimento
a prisão e a morte duraram três dias, mas a ressurreição dura para sempre
modo, cristianizou-se e sacralizouse a morte e o sofrimento como a única forma legítima de existência cristã. De acordo com essa visão, os cristãos são chamados para serem pobres, humildes e sofredores, e, consequentemente, derrotados. Esse tem sido um uso ideológico da fé cristã, que não faz justiça ao texto dos Evangelhos e dos escritos do Novo Testamento. Isso se impôs a ponto de não podermos ter nenhuma outra expectativa do Evangelho, senão a salvação no céu. Não faz justiça, pois ignora que a prisão e a morte duraram três dias, mas a ressurreição dura para sempre. É superdimensionar esses três dias e ignorar a vitória e a alegria que nos traz o domingo da ressurreição (Jo 20.20). Nossa fé não é perdedora, muito pelo contrário, é vencedora. (Rm 8.37; 1Jo. 5.4).
e da morte marcou muito o modo de ser do povo brasileiro, pois foi usado pelos colonizadores e pelas classes dominantes para domesticar e explorar o povo. A lógica foi sempre que o mundo é lugar de sofrimento; um dia conquistaremos abundância no céu. Desse
Ressurreição e Evangelho como anúncio da alegria e da vitória Quando lemos os textos da ressurreição, é notório o sentimento de alegria que a notícia trouxe: Maria Madalena, Pedro e os discípulos não conseguem disfarçar o senti-
mento de euforia de que são tomados: “...e retirando-se elas apressadamente do sepulcro, tomadas de medo e grande alegria, correram a anunciá-lo aos discípulos.” (Mt 28.8). Na ressurreição, cumpre-se a própria palavra de Jesus: “É necessário que o Filho do Homem sofra muitas coisas (...) seja morto e, no terceiro dia, ressuscite” (Lc 9.22). Com isso fica claro que a morte de Jesus é uma resposta de Deus e uma denúncia a problemas do pecado do ser humano, onde ressurreição aponta para o perdão, nova vida e a vitória da vida sobre a morte. Esta realidade, vivida e anunciada por Jesus, do nascimento à ressurreição, é o Evangelho. Euanggéliou – como o próprio nome grego diz, significa: eu = bem e/ou alegria, e anggéliou = mensageiro¹. Assim, Evangelho é a mensagem da alegria, literalmente boa notícia, ou notícia de bem, mas que, sobretudo, traz a alegria da salvação. Em todo o Novo Testamento isso é experimentado e anunciado. A começar do dia de Pentecostes, ali o temor e a timidez aprisionavam a Igreja, o vento e a chama do Espírito Santo tomaram conta da Igreja e a lançaram nas ruas de Jerusalém, com grande entusiasmo, ousadia e alegria (At 2.11-13). O gozo e alegria eram tão grandes no dar o testemunho de Jesus que o povo os imaginou embriagados (At 2.13). Para Jesus, a descoberta do Reino é motivo de alegria, assim está explícito nas parábolas do Reino de Deus. Ao ponto de que, na do tesouro escondido, o texto fala de “(...) transbordante de alegria vai vende tudo o que tem, e com-
pra aquele campo.” (Mt 13.44). O apóstolo Paulo diz na sua carta aos Romanos que o Reino de Deus é de paz e alegria, certamente seguindo o ensino de Jesus (Rm 14.7). Mas por que essa alegria? Certamente porque não precisamos mais chorar pela morte do nosso Senhor, como fazia Maria junto ao sepulcro, até que descobriu estar vivo aquele por quem ela chorava. Sim, ressurreição é alegria por causa da vitória, e porque “quem crê em Cristo, ainda que esteja morto
Para Jesus, a descoberta do Reino é motivo de alegria, assim está explícito nas parábolas do Reino de Deus viverá, e todo que nEle crê, não morrerá eternamente” (Jo. 11.2526). Paulo, provocativamente, pergunta na primeira carta aos Coríntios: “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, teu aguilhão?” (1Co 15.55). Com isso, fica provado que o
Deus da Bíblia não se alegra com a morte dos inocentes. A sentença injusta sobre Jesus foi anulada pela ressurreição. Assim, pregar o Evangelho é continuar a obra de Deus, por meio de nossa luta contra a opressão e a morte, explícita em todo pecado e suas diferentes formas na sociedade. Nossa fé é vencedora porque servimos a um Deus vencedor (Sl 20.5; 2Co 15.57). Nesta Páscoa, deixemos nos envolver pelo clima da alegria da vitória da vida sobre a morte. Jesus Ressuscitou! Alegremo-nos e nos regozijemos nEle. “Assim, também, agora vós tendes tristeza; mas outra vez vos verei; o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém pode tirar” (Jo 16.22). ______________ 1. Coenen, Lothar, editor. Theologisches Begriffslexikon Wuppertal:
zum
Neuen
Theologischer
Testament,
Verlog
Rolf
Brockhaus, 1971 (Há tradução em Português – 4 temas – Ed. Vida Nova).
Paulo Tarso de Oliveira Lockmann Bispo da Igreja Metodista na Primeira Região Eclesiástica
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O pastor e o ministério de louvor: uma conciliação possível A música sempre possuiu um lugar de destaque na história do cristianismo. Nos evangelhos, o próprio Jesus cantou em uma de suas celebrações. Em Mateus 26.30, encontramos a narrativa do final da Páscoa: “tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.” Não poderia haver exemplo mais significativo para comprovar a relevância que a música possui no culto cristão. Também podemos citar Paulo e Silas na prisão, sofrendo as agruras do calabouço romano escuro e fétido, mas, mesmo assim, cantavam hinos de louvor a Deus (At 16.25). O apóstolo Paulo reconhecia o extremo valor da música na vida dos cristãos da Igreja Primitiva. Por isso, deixou recomendações expressas em sua epístola aos Efésios (Ef 5.18-9). Deixou registrado também em sua carta aos Colossenses (Cl 3.16) para que os crentes no Senhor Jesus Cristo se edificassem mutuamente com “salmos, hinos e cânticos espirituais.” Vemos ainda a música presente em toda a história do cristianismo. Logo após o Imperador Constantino haver autorizado a abertura para o cristianismo, um músico chamado Hilário da Gália preparou o primeiro hinário cristão. Também tivemos a colaboração de Santo Ambrósio, bis6
po de Milão, Gregório, Lutero, Charles Wesley, o maior hinista de todos os tempos, e muitos outros homens e mulheres que colaboraram incansavelmente com consolidação da música no culto.
Vemos ainda a música presente em toda a história do cristianismo Hoje a música com a sua diversidade possui um destaque ímpar nas celebrações das igrejas locais espalhadas por toda a Terra. No Brasil, a música cristã ao longo de sua história sofreu uma verdadeira metamorfose. Isso ocorreu em função do surgimento do neopentecostalismo, da grande influência da música
americana, etc. Essas mudanças suscitaram uma convergência da música para um único foco. Não vemos mais corais, trios, duetos, os cânticos dos hinários tradicionais estão sumindo a cada dia, nossas crianças não têm mais oportunidade de expressar seus sentimentos de louvor ao trino Deus no culto, nossos idosos estão perdendo o espaço nas nossas celebrações musicais, etc. Agora quem domina a música nas igrejas são as bandas pop, os cantores da mídia e os denominados grupos ou ministérios de louvor. A Igreja Metodista, como as demais comunidades cristãs, também passou por essa transformação musical. O ministério de música e louvor, sob a liderança normalmente de um coordenador, se faz mais presente nas celebrações. Creio que as divergências começam exatamente aqui. Alguns ministros de louvor entendem que, pelo fato de estarem no púlpito, possuem o direito de fazer aquilo que desejar. Não é assim que funciona. Certa feita, fui convidado para pregar numa igreja. Preparei-me e cheguei na comunidade às 17h40, uma vez que o culto começaria às 18h e terminaria às 20h. Só que um fato me causou muita estranheza logo no início do culto: o ministério de lou-
vor fez uma participação de mais de uma hora, com o som insuportavelmente alto. Para completar a decepção, o grupo ainda estava bastante desafinado. Após os anúncios, ofertório, orações, etc, o pastor me passou a palavra às 19h55, restando-me somente cinco minutos para pregar. Fiquei constrangido, pois, na minha caminhada cristã, sempre aprendi que o louvor é uma ministração nossa para Deus. A mensagem, porém, é uma ministração de Deus para nós. Por isso, ela (a mensagem) merece prioridade no contexto do culto. Outro caso que me chamou a atenção: certa feita, fui pregar numa igreja de outra denominação. Durante o culto, o ministro de louvor começou a discutir com o pastor simplesmente pelo fato de o líder da igreja haver solicitado ao cantor que cessasse os cânticos, uma vez que o grupo já havia entoado sete louvores. Foi constrangedor porque o pastor teve que literalmente puxar o microfone da mão do rapaz na frente de toda a igreja. Após esse incidente, foi-me passada a palavra. E tive de pregar debaixo daquele clima nada agradável. Já vi também situações em que o ministro de louvor, em vez de cantar, quer pregar, tomando o lugar do próprio pastor. Lê a Bíblia, prega, ora pelos enfermos, faz o apelo, não deixando nada para o líder da igreja. O cantor não faz o seu papel constitucional, que é simplesmente cantar. Detalhe: quando o pastor pede o microfone, ele ainda gesticula pedindo que o deixe acabar de falar! Afinal de contas, estamos num clube? Quem é o sacerdote? Caro leitor, essas atitudes só trazem prejuízo à obra de Deus e ferem a comunhão entre o pastor e o Ministério de louvor. Amados, a autoridade do pastor
deve ser respeitada e valorizada em qualquer momento do culto. A Bíblia diz em Hebreus 13.17: “Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil”. O Ministério de louvor está subordinado ao pastor. Por isso, deve colocar-se inteiramente à disposição da liderança. Quando o líder pedir que abaixe o som, obedeça; quando pedir para cessar os cânticos, cesse; quando pedir para tocar tal cântico, toque. Seja obediente, pois, agindo assim, todos ganham. Em 40 anos de experiência em música, trabalhando com corais,
O bom ministro de louvor é aquele que, acima de tudo é um ‘bom e fiel servo’ trios, grupos divresos e orquestras, já vi muita coisa decepcionante acontecer nos departamentos de música das igrejas locais no que tange à vaidade, orgulho e até mesmo insubordinação de muitos músicos que se acham superiores ao pastor da igreja, conforme citei nas
experiências acima. Evidentemente não estou generalizando, pois a maioria dos nossos músicos tem grande capacidade técnica e também é dotada de um sentimento de submissão e honra a seu líder. No entanto, ainda existem aqueles que não possuem o domínio próprio e se deixam levar pela vaidade; consideram-se excelentes profissionais; acham que cantam e tocam muito. Por conta disso, entendem que podem mandar no pastor. Não é assim. Em 1 Pedro 5.5, a Bíblia diz: “Semelhantemente vós jovens, sede sujeitos aos anciãos; e sede todos sujeitos uns aos outros, e revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”. A Palavra de Deus também nos ensina em 1 Coríntios 14.40: “Mas faça-se tudo decentemente e com ordem”. O culto é regido por uma liturgia, que normalmente é elaborada pelo pastor ou por um grupo escolhido pela liderança. O bom ministro de louvor é aquele que, acima de tudo é um “ bom e fiel servo”. Ele está ali porque Deus o chamou. Ele tem a convicção de que tudo o que sabe não vem dele, mas do Senhor. É aquele que sabe honrar e respeitar seu pastor num gesto de submissão e amor. O bom ministro de louvor é aquele que tem a convicção de que, sem Deus, nada tem e nada sabe. “Porque tudo vem de ti, e do que é teu to damos” (Cr 29.14). Diante disso, estou absolutamente convicto de que há como conciliar a participação do ministro de louvor e o papel do líder do ministério durante a liturgia do culto.
Edson Mudesto Pastor da Igreja Metodista
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Cumprindo o Ide do Evangelho Disse Jesus: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura” (Mc 16. 15). “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça” (Jo 15.16). “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores” (Ef 4.11). Com base nesses versículos bíblicos, todos os cristãos são escolhidos para dar fruto para Deus. Essa frutificação se refere à conversão de outras pessoas a Cristo. Ao permanecerem ligados nEle como a fonte de vida, frutificam. Deus é o lavrador que cuida dos ramos, para que deem fruto. Ele espera que todo crente dê fruto. Os ramos frutíferos são os que têm vida em si por causa da fé perseverante e do amor para com Cristo. No Novo Testamento, evangelistas eram homens de Deus capacitados e comissionados por Ele para anunciar o Evangelho, as boas novas da salvação aos perdidos e ajudar a estabelecer uma nova obra numa localidade. O evangelista é essencial no propósito divino para a igreja. Aquela que deixar de apoiar e promover esse ministério cessará de ganhar vidas para Cristo, contrariando a vontade de Deus. Tornar-se-á uma igreja estática, sem 8
crescimento e indiferente à obra missionária. Aquela que reconhece o dom espiritual do evangelista e tem amor intenso pelos perdidos proclamará a mensagem da salvação com poder convincente e redentor. Sou filho de Sebastião Alves de Carvalho (em memória), que foi mem-
No Novo Testamento, evangelistas eram homens de Deus capacitados por Ele para anunciar o Evangelho e estabelecer uma nova obra numa localidade bro da Igreja Metodista Central de Volta Redonda (RJ). Operário da Cia. Siderúrgica Nacional (CSN), tinha pouca instrução, pois não concluiu o curso primário. Ele se converteu a Cristo na
Igreja Central ao ouvir a pregação do reverendo Epaminondas Moura. Meu pai sempre se dedicou aos trabalhos da igreja local (hoje Ministério de Evangelismo), principalmente na Comissão de Evangelização, onde sempre foi presidente. Todos os domingos, à tarde, saíam para a evangelização, realizada em todos os bairros da cidade com um carro equipado com aparelhagem de som. Inicialmente, era um veículo da igreja chamado Capela Ambulante; depois uma Kombi; mais tarde em outra Kombi de sua propriedade toda equipada para a mesma finalidade. Eram visitadas residências de pessoas interessadas em ouvir a Palavra de Deus. Nesses lares, a aparelhagem de som era ligada e o Evangelho, anunciado naquela rua. Cada domingo era feito num endereço diferente ou em vários lugares de um determinado bairro da cidade. Posso dizer que em quase todas as localidades da cidade de Volta Redonda o Evangelho foi anunciado. E todos os domingos, às 18h, era realizado um culto ao ar livre em uma esquina do centro da cidade. Essa dedicação durou mais de vinte anos. Os membros que faziam parte do grupo de evangelização da igreja eram dedicados à obra. Alguns irmãos, inclusive, iam acompanhados de esposas e filhos.
O trabalho de evangelização começou a dar frutos. Foram abertos pontos de pregação nos seguintes bairros: Retiro, na casa do irmão Adão José Soares; Voldac, na casa do irmão Israel Alves Souza; Dom Bosco, na casa do irmão João Góes; e São Lucas, na casa do irmão Severino Pimentel (hoje igreja de Minerlândia); entre outros. Em todas as aberturas de ponto de pregação e inauguração de igreja eu
estive presente. Foi também criado um conjunto musical (que tinha até uma harpa) só para os trabalhos em praça pública e cultos de evangelismo e ação de graças nos lares de membros. Em todos os bairros, foram adquiridos terrenos para que fossem construídos templos metodistas. Muitos já foram ampliados, como a primeira igreja constituída no bairro Retiro. Hoje tido como o maior templo me-
todista do Brasil. E essas igrejas já têm congregações em outros bairros. Aquele “ide” de Jesus foi cumprido na cidade de Volta Redonda. Que sirva de exemplo para todas as Igrejas Metodistas do Brasil para que o povo deste país seja salvo. José Marcílio de Carvalho Membro da Assembleia de Deus em Correas, Petrópolis - RJ
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Páscoa:
momento de reafirmar as verdades bíblicas Ora, se é corrente pregar-se que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como, pois, afirmam alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, então, Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé; e somos tidos por falsas testemunhas de Deus, porque temos asseverado contra Deus que ele ressuscitou a Cristo, ao qual ele não ressuscitou, se é certo que os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram. Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens. Mas, de fato eu vos afirmo, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem (1Co 15.12-20). Romances, livros, filmes, documentários, alguns bem, outros nem tão bem intencionados assim, tentam de todas as formas convencer-me de que aquele que confesso ser o meu Senhor não ressuscitou. Que a crença que os cristãos professam não passa de mais uma lenda absorvida pela história como uma ficção que ganhou status de verdade e 10
dogma religioso pela perseguição e imposição política. O que estão gritando a plenos pulmões, de cima dos telhados da mídia e dos guetos neopagãos, é que a Igreja tomou emprestado figuras mitológicas e forjou sua própria divindade. Ela teria transformado em Deus um homem co-
Alguns mais inflamados anunciam o fim do cristianismo como religião histórica mum, que passaria despercebido pela história, não fosse sua personalidade carismática. Comparam Jesus a Buda, Moisés, Mohamed, Merlym, Maytréia e tantos outros “iluminados” que passaram e passarão pela nossa his-
tória, afirmando que há tanta salvação em Jesus Cristo como nestes outros homens. Negam o pecado, o bem e o mal personalizados em alguma divindade ou lados opostos, dizendo aos seus prosélitos e vocacionados: um ou outro não importa, você é seu próprio deus, dono de si mesmo e de suas atitudes. Para provar suas “verdades” e afirmações, oferecem o poder de dobrar as forças da natureza para seu próprio interesse, disponibilizando “segredos antigos” e o contato sobrenatural com “mestres espirituais” que dão aos iniciados nos mistérios da magia e mediunidade a possibilidade de verem materializada a resposta imediata de seus deuses. Alguns mais inflamados anunciam o fim do cristianismo como religião histórica. Proclamam um retorno às antigas tradições e se autointitulam os verdadeiros arautos do Criador, ou da Criadora, como preferem outros. Nesta desacreditada Páscoa, especialmente, quero convidá-lo a refletir sobre o profundo significado e verdade existente nesse episódio da história cristã. Trata-se muito mais do que uma disputa de verdades, ideologias e sistemas de crenças religiosas
para saber quem está com a razão. Mais do que uma briga política entre cristãos e não cristãos, precisamos estar aptos a dar respostas seguras, mesmo diante de refutações muito bem arquitetadas, sobre nosso credo. Essa resposta não está somente na letra, no texto bíblico estudado. Ele é importante e essencial, Trata -se de nossa regra de fé e conduta. No entanto, é necessário trazer a verdade de Deus revelada na Palavra para nossa existência. Do contrário, nossa experiência religiosa será rebaixada a uma mera filosofia ou mitologia. Aqueles que experimentam sua fé apenas de ouvir falar e possuem pouca ou nenhuma vivencia com Deus no seu dia a dia terão muita dificuldade para dar respostas satisfatórias aos crescentes questionamentos e afirmações que fazem ao cristianismo atualmente. Mais do que uma resposta ou defesa apologética da fé cristã, baseada simplesmente no conhecimento histórico, o que precisamos hoje é experimentar a presença real e poderosa de Deus, conhecer o Senhor e fazê-lo conhecido como Ele realmente é. Há no mundo uma infinidade de “vozes divinas”, cada uma delas chamando para si a qualidade de verdade. Algumas dessas deidades apresentam sinais e maravilhas para reivindicar e comprovar esse status. O desatento e desorientado poderá enganar -se facilmente e deixar-se engolir pelo sinal apresentado, mas aquele que consegue reconhecer a doce e realmente poderosa voz de Deus saberá onde encontrar a verdade. Conhecimento por conhecimento, revelação por revelação, sinal por sinal, nada se compara à
autoridade e ao poder da ressurreição no nome de Jesus Cristo, que subjuga principados, potestades, dominadores e espíritos imundos nas regiões celestiais. Este poder quebra toda e qualquer cadeia de engano, que descortina o entendimento, leva cativo ao senhorio de Cristo os nossos pensamentos e nos purifica e livra de todo pecado e maldade. Sim, antes de procurarmos contra-argumentos aos questionamentos que recebemos, é preciso resgatar o senhorio, autoridade e poder de Cristo em nossa vida e mente pela entrega quebrantada e submissa. Não somos os primeiros a precisar responder a esse tipo de
é necessário trazer a verdade de Deus revelada na Palavra para nossa existência afirmação feita pelos que não creem. Desde o início da era cristã, existem aqueles que afirmam não haver redenção em Cristo Jesus, tentando anular a ressurreição. O apóstolo Paulo os confrontava não somente no conhecimento ou argumento da Palavra, mas principal-
mente no poder de Deus. E aqui é onde saímos da esfera do conhecimento humano, natural, para o agir e convencer pelo poder do Espírito Santo. É a ação do Espírito de Deus que convence o homem do pecado, da justiça e da salvação em Cristo Jesus. Certamente a Igreja, você e eu precisamos retomar o caminho da comunhão em santidade com o Pai. A verdadeira revelação de Deus brota nesses momentos de entrega e submissão a sua vontade. Somente a santidade em amor consegue manifestar e revelar sem barreiras o poder de Deus. Sem santidade, haverá dificuldade de convencer o mundo do seu próprio pecado e da justiça do Senhor. Minha oração é para que nesta Páscoa haja uma profunda revelação do poder da ressurreição do Senhor em sua vida. Desejo que sua experiência com Deus seja não somente no conhecimento intelectual, de ouvir falar, mas principalmente no andar com Ele, em espírito e em verdade. Creio na ressurreição e na vida eterna, creio no sangue do Cordeiro que tira o pecado do mundo, creio porque tenho experimentado essa realidade do Senhor. É vontade de Deus relacionar-se pessoalmente com cada um de nós, como sinal da graça e do seu Reino, como manifestação da justiça e misericórdia dEle em nós. Permita-se ser envolvido por essa verdade. Jesus Cristo ressuscitado e vivo o abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente! Pablo Massolar Pastor da Igreja Metodista e publicitário
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O real sentido da Mordomia Cristã Mordomia cristã tem especial significado para o povo de Deus. No entanto, a etimologia dessa palavra simplificou o seu sentido. Com isso, muitos tendem a banalizar o seu significado. Mordomo é aquele incumbido da administração da casa. Espera-se que essa pessoa possua capacidade de zelar por coisas que não são suas. Além de responsável por elas, terá de empregar seus esforços visando ao melhor resultado de seu trabalho. Mordomia cristã, entretanto, requer o cuidado de todas as coisas que são preciosas para o Senhor. Geralmente, essa tarefa é entregue a quem Ele confia. E tão preciosos são tais cuidados que a Bíblia registra considerações para as nossas reflexões focadas naquilo que o Senhor esperar de nós, a fim de possamos compreender a mordomia e praticá-la. Segundo a Bíblia, Abraão confere a seu servo, Eliezer, uma árdua tarefa: buscar uma esposa para seu filho. Embora fosse uma missão difícil, ele executa com qualidade. Dessa forma, alegra o coração de seu senhor. De imediato, perguntamo-nos o quanto nos empenharíamos para executar uma tarefa 12
diante das necessidades da Casa do Senhor, tendo como exemplo Eliezer. Ou como aconteceu com José no Egito, que recebeu, como voto de confiança, a incumbência de administrar os bens de Potifar. A Bíblia está repleta de exemplos que permitem a qualquer um de nós compreendermos o significado de mordomia cristã. No entan-
Mordomia cristã tem especial significado para o povo de Deus to, a questão não se resume ao entendimento, mas ao compromisso do que realmente devemos fazer, sendo cada um de nós mordomos na casa do Senhor. Conhecemos e praticamos a Palavra de Deus, mas, muitas vezes, questionamos repetidamente as coisas que recebemos,
a ponto de não sabermos até onde vai nossa força. Assim, tornamo -nos frágeis. Talvez nossas dúvidas surjam em função da enormidade de conceitos que nos são oferecidos a cada instante. Por exemplo, há no ar uma onda sem sentido que vem perturbando muitos corações. Pessoas que, muito possivelmente, ocupem posições de líderes em suas comunidades, autoproclamam-se anunciadores proféticos e apóstolos, como se desconhecessem o conceito básico de cada um desses elementos diante da bondosa Graça de Deus. Porque, no mais simples dos sentidos, estão confusos, desviando o sentido da Palavra divina. Para esses corações debilitados, perguntamos: profetas ou apóstolos de quem? A quem servem? Mordomia cristã é, sobretudo, serviço ao Senhor. Assim como as profecias, requer compreensão, como disse Paulo aos Coríntios: “Arrependei-vos e cada um de vós (...) para a remissão [para o perdão] dos [seus] pecados e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é, para todos vós (..)”. Por outro lado, o imenso universo de “novos” apóstolos turbam a cons-
ciência em relação ao que diz a Palavra de Deus, quando Paulo disse na Carta aos Efésios que a igreja estava “edificada no fundamento dos apóstolos e profetas”. Mordomia profética precisa necessariamente estar ligada ao firme e fundamental propósito de servir a Deus. As Escrituras ensinam que, no tempo da Igreja Primitiva, os profetas saíam juntos com os apóstolos para a ministração. O Evangelho de Lucas nos dá essa exata visão de mordomia de serviço: “Eu [disse Deus] lhes enviarei profetas e apóstolos”. Paulo, apóstolo de Cristo, teria saído com Barnabé. Portanto, a autoproclamação encontrada em nossos dias não corresponde ao que o Senhor espera de seus mordomos. Esse preâmbulo é para compreender o que somos e o que podemos ser. Ou ainda o que desejamos ser tendo em vista a importância da tarefa que Deus nos delegou por sua imensa graça. Hoje, exercermos o nobre papel de mordomos de Cristo, administradores da Casa do Senhor, especialmente pelo nosso compromisso com o dízimo e a oferta. John Wesley, líder do movimento histórico metodista, em seu diário, ao falar sobre a contribuição do cristão, dizia que muitos prosperam em bens materiais e que as regalias que recebem do Senhor são para todos, por meio do gozo das boas coisas espirituais. Trata-se daquilo que nos separa da clausura e coloca cada um de nós lado a lado com as necessidades da Casa do Senhor. Isso porque, ao sermos chamados mordomos, somos verdadeiramente administradores da Casa do Senhor. No livro de Malaquias, encontra-
mos referências aos textos mosaicos observados em Gênesis, Levítico e Números com a simplicidade do que podemos concluir do Credo Deuteronômio: “O Senhor nos tirou do Egito com mão forte e, com braço estendido e, com grande espanto, e com sinais e com milagres, e nos trouxera a este lugar, e nos deu esta terra, terra que mana leite e mel”, (Dt 26.7-9). Justamente o fiel cumprimento da promessa de Deus aos seus filhos, a fim de que possamos agradecer ao Pai, com mão estendidas aos céus, proclamando o nosso agradecimento ao dizer: ”Creio em Deus pai, todo poderoso criador dos céus e da terra (...) Jesus Cristo (...) Deus uno. Amem!” (Credo apostólico). Finalmente, a mordomia do dízimo requer um coração modificado, comprometido com a Graça de Deus. Assim, seremos alcançados pelas benevolentes bênçãos do Santo Espírito doador da vida. Nelson Campos Leite diz que “não devemos nos conformar, mas nos transformar, permitindo ao Espírito Santo de Deus realizar em nós as transformações de nossas mentes.”. A justificativa que permite uma mudança completa em nossos corações depende exclusivamente de cada um de nós, frente a frente com o espelho da vida, que nos dá, pela oração, a misericórdia de Deus. O Senhor nos ama de tal forma que deu a mim, a você e a todos nós o seu próprio Filho em sacrifício uno para a sua, a minha e a nossa salvação eterna.
Heraldo Costa Pastor da Igreja Metodista
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Um discipulado e dois erros O discipulado ocorre – e sempre ocorreu – em todas as áreas da vida da Igreja. Não é algo novo. Está presente no trabalho de Jesus com os apóstolos; no trabalho dos apóstolos com a Igreja; na igreja primitiva, patrística, medieval, reformada, contrarreformada, avivada, tradicional, etc. Sempre existiram discípulos e discípulas de Jesus vivendo o discipulado e fazendo discípulos. A contribuição de João Wesley e metodistas do século 18 foi maravilhosa. Trabalharam no estabelecimento de Pequenos Grupos que, do seu modo, gerou discípulos e discípulas para o Senhor Jesus. Foi um trabalho realizado conforme a visão de Wesley, própria para o século 18. Contudo, os mesmos princípios wesleyanos se aplicam à igreja moderna. Existe também um testemunho histórico do século 19. Ellen White, fundadora do movimento Adventista (uma seita profética do século 19) de origem Metodista, herdou do metodismo o trabalho do discipulado por meio dos Pequenos Grupos testificando a visão daquela época. Observe seu testemunho e a visão que as igrejas, principalmente metodistas possuíam: 14
1. Para igrejas grandes: “Se há na igreja um grande número de membros, convém que se organizem em pequenos grupos a fim de trabalhar não somente pelos membros da própria igreja, mas também pelos incrédulos”.
Sempre existiram discípulos e discípulas de Jesus vivendo o discipulado e fazendo discípulos 2. Para igrejas pequenas: “Se num lugar houver apenas dois ou três que conheçam a verdade, organizem-se num grupo de obreiros”. 3. Pequeno grupo é uma força missionária: “A apresentação de Cristo em fa-
mília e pequenas reuniões particulares é muitas vezes mais bem-sucedida em atrair almas para Jesus do que sermões ao ar livre, ou mesmo, em salões e igrejas”. 4. Pequenos grupos e o fortalecimento espiritual: “Nessas pequeninas reuniões, o próprio Cristo estará presente segundo prometeu, e os corações serão tocados pela sua graça”. 5. Santificados pelo Espírito Santo: “Que pequenos grupos se reúnam à noite e pela manhã para estudarem a Bíblia por eles mesmos. Que tenham períodos de oração. Que sejam fortalecidos, iluminados e santificados pelo Espírito Santo”. 6. Cristo entrará nos corações: “Que testemunho você teria do amorável relacionamento sentido entre os companheiros de trabalho neste precioso período enquanto buscam as bênçãos de Deus. Que cada um conte suas experiências em palavras simples! Isso dará mais ânimo e gozo à alma do que qualquer instrumento musical que possa ser usado na igreja. Cristo entrará em vossos corações. Esse é o único
meio pelo qual podeis manter vossa integridade”. 7. Pequenos grupos e o reavivamento da Igreja “É para nosso prejuízo que nos privamos do privilégio de nos reunir uns com os outros para nos fortalecer e animar mutuamente ao serviço do Senhor. Perdemos muito em nossas relações como cristãos devido à falta de simpatia de uns para com os outros. Aquele que se fecha consigo mesmo não está preenchendo o lugar a que o Senhor o designou”. 8. Um poder renovador e vitalizante “Haja em cada igreja grupos organizados de obreiros para trabalhar nas vizinhanças da Igreja. Quando tais forças forem postas a operar em todas as nossas igrejas, haverá um poder renovador, reformador, vitalizante nas igrejas porque os membros estão fazendo exatamente o trabalho que Deus lhes determinou fazer”. Sabemos que o discipulado acontece não apenas no Pequeno Grupo, mas em todas as áreas da Igreja: ação social, Clam, grupos societários, ministérios e Escola Dominical. Mas com a “moda” do discipulado, tenho visto dois erros na relação Discipulado, Escola Dominical e Pequenos Grupos: Primeiro erro A desvalorização da Escola Dominical e sua substituição pelos Pequenos Grupos: Vejo como uma estratégia maligna acabar com a Escola Dominical e trabalhar apenas com Pequenos Grupos. Infelizmente, muitas igrejas no Brasil seguiram esse caminho. Os Pequenos grupos não podem substi-
tuir a ED. As revistas metodistas são preparadas seguindo um currículo sério elaborado por pessoas sérias. Visa à capacitação de discípulo e discípula. Escola Dominical é lugar de capacitação e discipulado. É um espaço de valorização da Palavra de Deus. É a nossa sinagoga. Nosso lugar de encontro com o outro e a Palavra de Deus. A Escola é o espaço para estudar e construir o conhecimento pedagógico sobre doutrinas, valores, planos e tradições. A desvalorização da ED deve ser enfrentada com muito rigor. Nossas Escolas Dominicais precisam se fortalecer. É um centro de capacitação que forma discípulos e discípulas. É uma das bases de nossa espiritualidade.
Sabemos que o discipulado acontece não apenas no Pequeno Grupo, mas em todas as áreas da Igreja Segundo erro A desvalorização dos Pequenos Grupos e sua substituição pela escola Dominical: Vejo como uma estratégia paralisante afirmar que a Escola Dominical é um Pequeno Grupo que substitui o programa nacional de discipulado. O Pequeno Grupo não é para a capacitação do discípulo. Não é lugar para o estudo sis-
tematizado da Palavra. Esta tarefa é da ED. Como pedagogo, vejo os pequenos grupos limitados a uma unica missão: pastoreio mútuo e crescimento de novos discípulos e discípulas (expansão missionária). Não desejo apelar para uma profetiza do século 19 considerada herege pela igreja da atualidade, mas observe o contexto das igrejas daquela época. Assim eram vistos os pequenos grupos como citei acima. O discipulado por meio dos pequenos grupos acontece nas casas (escritórios, jardins, fábricas, etc) e visa ao pastoreio mútuo e a evangelização pela da graça de Deus na geração de novos discípulos e discípulas. Reunir a Escola Dominical em torno da Revista e falar que esta prática é um Pequeno Grupo de discipulado segundo o programa nacional da igreja é desprestigiar a nossa querida ED e também os Pequenos Grupos. A Escola Dominical é centro de crescimento na Palavra de Deus e capacitação de discípulo e discípula para a Missão. O Pequeno Grupo é espaço de convivência nas casas, gerando pastoreio mútuo e acréscimo de novos membros. Em nossas igrejas, há muitos líderes bons e preparados. Cada um pode abrir um pequeno grupo em sua própria casa e testemunhar do que Deus fez e faz em sua vida. Este é o programa. Sei que existem pessoas que desprezam a palavra “programa”, mas esta poderá ser substituída por outra qualquer. O importante é o discipulado em todas as áreas da igreja e a igreja local estabelecendo muitos pequenos Grupos metodistas espalhando a santidade de Deus pela Terra. Edson Cortasio Sardinha Pastor da Igreja Metodista
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