Revista da Igreja Metodista no Estado do Rio de Janeiro Nº 42 • 3º Trimestre de 2014
Judeus X Palestinos Artigos tratam dessa histórica guerra que divide opiniões entre cristãos Páginas 7 e 9 Lockmann: por uma Igreja madura e missionária
Departamento Nacional de Música e o som nas igrejas locais
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Oremos pela paz em Israel e Palestina
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ecentemente, a História registrou mais um sangrento capítulo na interminável guerra entre Israel e a Palestina. O principal confronto entre eles se dá em torno da soberania e do poder sobre terras que envolvem complexas e antigas questões históricas, religiosas e culturais. Ao longo dos anos, as tentativas de paz entre eles foram sempre frustradas. Inevitavelmente, esse conflito acaba despertando opiniões divergentes, inclusive entre os cristãos. Fé e Nexo decidiu, então, trazer esse assunto como destaque desta edição. Por conta da complexidade e seriedade do tema, dois articulistas, sob diferentes pontos de vistas, fazem uma abordagem sobre esse histórico conflito entre judeus e palestinos. Após resgatar a historicidade desse fato, Ricardo Lengruber Lobosco, no artigo Uma guerra sem Deus, objeti-
vamente declara: Não há inocentes em nenhum dos lados. No entanto, sob a ótica teológica, ele destaca a postura daqueles que veem os judeus como filhos legítimos da promessa e os palestinos como bastardos. Por canto disso, tornam-se defensores “povo de Israel”. No seu artigo, a partir da página 9, pastor Edson Cortasio Sardinha também faz menção às opiniões discordantes sobe o conflito no Oriente Médio. Ele aborda os principais argumentos usados por cristãos, que se encontram em lados opostos. Os que são a favor de Israel alegam que eles ainda são o “povo escolhido de Deus”. No entanto, existe um grupo que acredita que eles perderam essa condição a partir do momento em que rejeitaram Jesus como o Filho de Deus. Na verdade, esses dois artigos devem servir de ponto de partida para que os lei-
tores desta revista também pensem acerca desse tema. Opiniões à parte, um ponto mais crucial, que envolve essa histórica guerra, são as vidas, que, em ambos os lados, vêm sendo ceifadas. Sobre esse ponto, não há argumento que justifique tanta morte. Aqui cabe um comentário de Ricardo Lengruber. Segundo ele, devemos acreditar num mundo de paz. Para tanto, ele sugere que nos unamos em torno de ideias de humanização. Enfim, não podemos, diante de questões tão complexas, perder o discernimento a ponto de ignorar o valor de uma vida. Para Deus, certamente, elas são valiosas. Sobre a paz em Israel, continuemos orando por ela. Boa leitura!
Teologia e História do Metodismo O livro Teologia e História do Metodismo, de Uriel Teixeira, é uma boa opção para quem deseja conhecer a fundo as raízes do metodismo. A obra expõe em detalhes a história desse movimento que surgiu no século XVIII. O livro faz uma síntese sobre as vertentes do metodismo tanto em termos religiosos como do ponto de vista filosófico teológico. O autor da obra, pastor Uriel Teixeira, é formado em Teologia pelo ISEDET (Argentina) e em filosofia pela Universidade de Mogi das Cruzes. Uriel foi professor do Instituto Metodista Bennett, lecionando nos cursos de Economia, Artes, Administração, Direito e Arquitetura, dando aulas de Antropologia, Ética, Teologia e Cultura. Aproveite e adquira pela Editora Chama.
Nádia Mello Editora
Bispo da Primeira Região Eclesiástica Paulo Lockmann
Conselho Editorial Coordenador Ronan Boechat de Amorim Selma Antunes da Costa Nádia Mello Pablo Massolar Luiz Daniel Gláucia Mendes Camila Alves Carla Tavares Paulo Welte Jarbas de Souza Editora Nádia Mello (MT 19. 333) Assistentes de redação Camila Alves Carla Tavares Revisão Evandro Teixeira Diagramação Estúdio Matiz Circulação: 11.000 exemplares Esta publicação circula como suplemento do Jornal Avante, não sendo, portanto, distribuída separadamente.
Fotos capa: Dreamstime.com Judeu: Bernhard Richter Palestino: Jeroen Van Oostrom
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Por uma Igreja madura e missionária Uma guerra sem Deus
Conflito no Oriente Médio: contra ou a favor de Israel?
12 O suave som musical nas igrejas locais 14 Uma dedicação exemplar CALENDÁRIO LITÚRGICO
Tempo comum – Vivência do Reino A segunda parte do Tempo Comum, que também é o período mais longo, começa na segunda-feira após Pentecostes e dura até a véspera do Primeiro Domingo do Advento, quando tem início o Ciclo do Natal. Sua espiritualidade comemora o próprio ministério de Cristo em sua plenitude, principalmente aos domingos, e enfatiza a vivência do Reino de Deus e a compreensão de que os/as cristãos/as são o sinal desse Reino. Se na primeira parte do Tempo Comum a ênfase é o anúncio, na segunda é a concretização do Reino de Deus.
Símbolos para o Primeiro Tempo Comum Flores (sinalizando a Criação e a Nova Criação – consciência ecológica); feixe de trigo (sinalizando a colheita e os frutos da terra); a pesca / rede com peixes (sinalizando a missão do Reino); a mesa (representando a fartura e a comunhão); o triângulo (representando o equilíbrio e a constância necessários ao cotidiano cristão); e a coroa (sinalizando a consumação plena do Reino de Deus).
Cor: verde Sugerimos como material simbólico para a ambientação litúrgica do primeiro período do Tempo Comum (Extraído do Calendário Litúrgico oficial da Igreja Metodista)
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Reflexão bíblica
Por uma Igreja madura e missionária O que é maturidade cristã? O ensino pastoral de Paulo às igrejas nos fornece instrumentos práticos para ilustrar a resposta a essa pergunta.
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º caso: Eu, Paulo, vos digo se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará (Gl 5.2). Aqui ele está ensinando aos irmãos da Galácia que a maturidade não está no rito, conforme tentavam enfatizar judeus-cristãos vindos de Jerusalém, possivelmente os mesmos que haviam se confrontado com Paulo e Barnabé por ocasião do Concílio em Jerusalém. Paulo vai mostrar que a maturidade está em viver na liberdade do Espírito Santo, a qual está limitada apenas pelo amor com que devemos nos amar uns aos outros que, por sinal, é um fruto do Espírito (Gl 5.13 e 22). Na verdade, o que importava era o significado que o ritual transmitia, e não ele em si mesmo.
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º caso: Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos... Ainda que eu tenha o dom de profetizar... (1Co 13. 1 e 2). Aqui Paulo ensina que os dons do Espírito Santo são rudimentos básicos da experiência cristã, mas não são sinais de maturidade cristã. Novamente, a maturidade cristã é representada pelo Amor.
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Poderíamos apresentar muitos outros exemplos onde Paulo, o apóstolo, para corrigir comportamentos imaturos, escreveu, orientando e mostrando o caminho a seguir para que a Igreja se tornasse madura, santa e irrepreensível. De igual modo, a forma de apresentar o Evangelho do Senhor Jesus, por Mateus e sua comunidade, traduz o esforço de levar a Igreja a uma experiência crescente de amadurecimento. Esse propósito está evidente nos sinais de maturidade da Igreja de Mateus que vamos mostrar a seguir:
Outros sinais de maturidade da igreja primitiva
1. Perdão e reconciliação (...)ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão ... (Mt 5.23-24). Praticamente, o texto fala por si mesmo. Mas recordemos algumas questões. Ou seja, o culto a que Jesus se refere é o culto judaico, onde a oferta oferecida no
altar tinha caráter expiatório. Portanto, quem a trouxesse para expiação de pecados não deveria permanecer em pecado, deveria acertar sua vida perante os homens e mulheres, e, então, sim, fazer sua oferta pelo pecado. Este tema deve por isso ser recolocado na comunidade de Mateus e na nossa, em dois contextos da vida da Igreja. O primeiro no contexto da Ceia do Senhor, onde se dá a expiação de pecados, ato memorial que atualiza o sacrifício definitivo do Filho de Deus pelos nossos pecados. Não é à toa que o apóstolo Paulo adverte que quem come do pão e bebe do vinho sem discernir o corpo e o sangue do Senhor come e bebe juízo para si mesmo (1Co 11. 29). O segundo momento era o da oferta para os pobres e a missão, comuns nos cultos da igreja primitiva; tratava-se do momento de dedicação a Deus. Alguns vendiam o que tinham para ofertar (At 2.45; 4. 36-37). Este momento era o da consagração pessoal a Deus, Igreja e sua Missão. Não se supunha, nem se esperava que alguém se acercasse da mesa do Senhor, ou do altar da consagração estando com dívida
Meus irmãos, não existe fé sem compromisso, mudança de caráter e de vida. Isso que Jesus estava ensinando, e a comunidade de Mateus aprendeu. Trata-se do o caminho para a maturidade cristã
pendente com um irmão ou irmã. Aqui, dívida pode ser entendida da forma mais ampla possível. Por exemplo, algo que me prende a alguém, impede-me de ter paz e comunhão com esta pessoa, não me permitindo olhar nos olhos dela e dizer: “Eu amo você no Senhor Jesus meu irmão”. Mas o tema do perdão tem no próprio Sermão do Monte outra implicação; vejamos: ...e perdoa as nossas dívidas, assim como temos perdoado aos nossos devedores...; ou ainda: ...porque se perdoardes aos homens e mulheres as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens e mulheres, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas. (Mt 6. 12, 14-15). Aqui a questão vai além da Ceia do Senhor e da oferta de consagração, pois a questão toca na perda da Salvação. A abordagem é clara e direta: quem não perdoa ao seu próximo, não será perdoado por Deus. Tema que retorna na parábola do credor incompassivo, o qual foi perdoado, e depois recusou perdoar o seu próximo, e, por isso, foi preso e entregue ao carrasco, e a parábola termina com a frase: ...Assim também meu Pai Celeste vos fará,
se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão. (Mt 18. 13-35). Esta parábola fala em perdoar no íntimo, atitude interior. Estou certo de que algumas das nossas igrejas locais vivem retornando a velhos conflitos, porque não houve perdão de fato. Com isso, perde-se a bênção de Deus, do seu perdão, enfim do seu Espírito. Isso sem contar os lares, onde pessoas líderes na igreja estão sem falar com esposos, esposas, filhos, ou mesmo sogro, sogra, ou outros familiares. Com isso, não somente perdeu a salvação, como atraiu opressão sobre si mesmo, sobre sua família e igreja. Por isso, hoje, o tema do perdão, da reconciliação, continua sendo vital. O absurdo é que muitas vezes as pessoas usam expressões que denotam seus maus sentimentos, em relação ao irmão ou irmã, dizendo: “Eu o perdoo, mas não esqueço.” Em ambos os casos, não houve perdão, muito menos reconciliação. Aliás, a evidência de que houve perdão é a reconciliação, pois um não existe sem o outro. Deus, ao nos perdoar, nos reconciliou com Ele em Cristo; passamos a ter acesso direto a Deus, porque fomos
perdoados e reconciliados (2Co 5.1819; Ef 2. 14-16). Nossa sociedade carece urgentemente deste ministério, pois famílias estão destruídas, doentes, por falta de perdão e reconciliação. Quanto mais a sério a Igreja tomar esse desafio de anunciar o perdão maior será o resultado de sua pregação como um todo. 2. Amor e misericórdia Estava claro para Jesus que perdão só procede de um coração que ama, e amor vem de Deus, pois Ele é amor (1Jo 4. 8). Mas, no caso do texto de Mateus, a questão do perdão ilustrou o primeiro exemplo da nova lei do Evangelho. Quando Jesus começa a reinterpretar a Lei dos judeus, o mandamento usado é: não matarás! Deste mandamento surge o tema do perdão, pois não devemos nem permitir que a ira nos domine na relação com os irmãos e irmãs. Em função disto que surge o tema da reconciliação ao levarmos a oferta. É interessante notar que o ensino de Jesus vai certamente de encontro a situações práticas da vida da comunidade de Mateus, pois trata dos relacionamentos,
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Sem amor e misericórdia, sem perdão e reconciliação, podemos ter uma boa comunidade “religiosa”, mas não seremos a Igreja de Cristo Jesus desentendimentos entre irmãos, dívidas, desentendimentos na família, adultério, os juramentos que eram feitos como forma de compromisso, a vingança que, segundo o Antigo Testamento, era uma forma de aplicação da justiça, por isso o famoso: ...olho por olho, dente por dente... Aqui, então, o Senhor afirma enfaticamente o tema do amor. Jesus não somente corrige a lei do direito à vingança, como inverte a lógica, ao dizer: se alguém te ferir na face direita, dá-lhe também a esquerda. Esse princípio subverte completamente a ética judaica, passa a ser fundamento e natureza do ser cristão. As guerras no Oriente Médio entre árabes e israelenses seguem a ética do “olho por olho”, são guerras “santas”. Todas as agressões podem ser justificadas no Corão ou no Antigo Testamento, menos no Novo Testamento. Infelizmente, a raiz dos conflitos que vivemos ainda hoje, entre nações, famílias, e irmãos na igreja é falta de conversão ao cristianismo. Há, inclusive, líderes evangélicos que se sentem no direito de amaldiçoar os seus adversários, contrariando flagrantemente o ensino de Jesus e de Paulo: ... abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis (Rm 12. 14). O tema do amor é, então, consequência da inversão da lei da vingança, pois já não se devia odiar os inimigos, mas amá-los, e orar pelos que nos perseguem. Você diria: “Mas isso é muito difícil, quase impossível”. Eu respondo
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que você nem eu temos escolha, pois não amar os nossos inimigos nos colocaria como alternativa, odiá-los. Com isso, não poderíamos perdoá-los, e sem perdão não há salvação, e por isso nos resta o inferno. Estou sendo muito duro? Exagerado? Não creio, até porque eu estou dizendo o que o Senhor Jesus ensinou no texto do Sermão do Monte. O problema é que nós lemos pouco a Bíblia, e preferencialmente, lemos os textos que não nos ameaçam. Mateus de 5 a 7 pede conversão, quebrantamento, arrependimento, confissão, para então nos garantir as bem-aventuranças. Meus irmãos, não existe fé sem compromisso, mudança de caráter e de vida. Isso que Jesus estava ensinando, e a comunidade de Mateus aprendeu. Trata-se do caminho para a maturidade cristã. Sim, sem amor e misericórdia, sem perdão e reconciliação, podemos ter uma boa comunidade “religiosa”, mas não seremos a Igreja de Cristo Jesus.
Maturidade cristã, caminho para uma igreja missionária
Seguramente, nós temos recebido bênçãos incontáveis com a ênfase na evangelização, por meio de dons e ministérios, e na busca de ser uma Igreja Missionária a Serviço do Povo. Nossas igrejas, em sua maioria, estão cheias, novos membros são recebidos todos os meses, assim como novos pontos missionários são abertos; cada vez mais congregações es-
tão pedindo sua emancipação como igrejas autônomas. Isso nos faz felizes. Estamos vivendo a paixão de João Wesley; estamos ganhando vidas para Jesus. No entanto, continuo preocupado com a maturidade cristã desses novos membros. Você, igreja; você pastor ou pastora, ao batizarem essas pessoas, assumem como igreja a responsabilidade de orientá-las, instruindo-as no caminho do discipulado, como João Wesley enfatizou. Estamos estimulando em nossas igrejas a formação de grupos pequenos, com vistas a compartilhar, orar e estimular os membros à maturidade cristã. Cada pastor deverá preparar lideranças leigas maduras, com o fim de organizar esses pequenos grupos de crescimento na experiência cristã, comunhão e oração. Assim, estaremos preparando nossos membros a saberem responder sobre sua fé, não sendo presa fácil de qualquer vento de doutrina. Para isso, precisamos também da ênfase fundamental no trabalho da Escola Dominical. Com todas essas preocupações e ênfases levadas a sério, sim, estaremos edificando uma Igreja Metodista, verdadeiramente comunidade missionária a Serviço do Povo, e que faça diferença na História do nosso Brasil.
Bis p o Pau lo Lock m an n Primeira Região Eclesiástica
Uma guerra sem Deus
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m dos principais pontos de discordância era a existência de projetos nacionalistas diferentes. Discordavam sobre o que seria uma Palestina independente: uma Palestina árabe ou um Israel judaico? São projetos nacionais que disputam o mesmo território, que desejam criar um tipo de comunidade política em que o outro projeto não está incluído. Gaza e Cisjordânia se mantiveram sob ocupação estrangeira árabe até 1967, quando a Guerra dos Seis Dias, entre Israel e as nações vizinhas, resultou na ocupação israelense da Faixa de Gaza e da Cisjordânia (incluindo a parte oriental de Jerusalém). A partir daí, Israel assumiu uma política de colonização de Gaza e da Cisjordânia com judeus, por meio de assentamentos. Por vários anos, a ONU considerou a ocupação dos territórios palestinos ilegal e determinou que Israel retornasse às fronteiras pré1967, o que tem sido ignorado pelo go-
verno israelense. Essa guerra (de 1967) é o núcleo da problemática mais recente. É o empecilho da solução de dois Estados [Israel e Palestina]. Apenas em 2005, Israel decidiu retirar seus colonos e militares da Faixa de Gaza, entregando sua administração à Autoridade Nacional Palestina (ANP). Apesar disso, Israel continuou a controlar as fronteiras e o acesso marítimo a Gaza. Na Cisjordânia, pouco mudou já que a política de assentamentos judaicos e a ocupação militar do território continuaram. Ainda hoje, grande parte desse território palestino tem sua administração civil e militar concentrada nas mãos de Israel. Apesar da devolução de Gaza aos palestinos, o território passou a ser o principal foco de problema do conflito israelense-palestino, já que, em 2006, o Hamas, movimento fundamentalista islâmico, venceu as eleições parlamentares palestinas. Em seguida, o Hamas rompeu com o Fatah, organização política e
militar palestina, tomando o controle de Gaza, enquanto seu rival político mantinha o controle sobre a Cisjordânia. Visto como um grupo terrorista por Israel, pelos EUA e por países europeus, o Hamas sofreu uma série de sanções por parte desses países. O governo israelense ampliou a vigilância sobre Gaza, aumentando seu controle sobre as fronteiras e restringindo a circulação de produtos e pessoas entre os dois territórios. Desde então, houve uma série de confrontos abertos entre as duas partes: o governo israelense e o Hamas. Além dos confrontos abertos que resultaram em centenas de mortes (na maioria, de palestinos), a relação entre israelenses e palestinos nas últimas décadas tem sido marcada por atentados, conflitos entre militares israelenses e civis palestinos, intifadas (revoltas populares) e tentativas frustradas de acordos de paz. Entre os principais pontos de desacordo estão: 1) a divisão de Jerusalém,
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2) a retirada dos colonos israelenses de terras palestinas, 3) o retorno de refugiados das guerras árabe-israelenses a suas antigas terras e 4) o reconhecimento da Palestina como Estado independente. Nos últimos dias, tem-se acompanhado a intensificação do conflito na Faixa de Gaza. Até o momento, mais de 260 pessoas morreram e 2 mil ficaram feridas na sequência dos ataques iniciados em julho. A nova espiral de violência foi desencadeada após o sequestro e homicídio, em junho, de três jovens judeus na Cisjordânia (um ataque que Israel atribuiu ao Hamas, grupo islâmico que controla a Faixa de Gaza) seguido da morte de um jovem palestino queimado em Jerusalém por extremistas judeus. A partir daí, tiveram início os lançamentos de foguetes do Hamas e os bombardeios de Israel. O linguista judeu, radicado nos EUA, Noam Chomsky ajuda a compreender a dor do momento: “Um bom retrato está disponível num relatório da UNRWA (a agência da ONU para refugiados palestinos). As crianças palestinas
em Gaza sofrem imensamente. Uma vasta proporção é afetada pelo regime de desnutrição imposto pelo bloqueio israelense. A prevalência de anemia entre menores de dois anos é de 72,8%; os índices registrados de síndrome consuptiva, nanismo e subpeso são de 34,3%, 31,4% e 31,45%, respectivamente. E estão piorando. Quando Israel está em fase de ‘bom comportamento’, mais de duas crianças palestinas são mortas por semana – um padrão que se repete há 14 anos. As causas de fundo são a ocupação criminosa e os programas para reduzir a vida palestina à mera sobrevivência em Gaza. Enquanto isso, na Cisjordânia os palestinos são confinados em regiões inviáveis, e Israel toma as terras que quer, em completa violação do direito internacional e de resoluções explícitas do Conselho de Segurança da ONU – para não falar de decência.” O Exército israelense, o quarto maior do mundo, mas o mais moderno e sofisticado do todos, sabe a quem mata. Não mata por engano. Mata por horror. As vítimas civis são chamadas de “danos colaterais”. Em Gaza, de cada dez “danos colaterais”, três são crianças. E somam, aos milhares, os mutilados, vítimas da tecnologia do esquartejamento humano, que a indústria militar está ensaiando com êxito nesta operação de limpeza étnica. Não há inocentes em nenhum dos lados. De Israel, um governo reacionário que entende como sua a terra e exclusivamente seu o direito, sem falar numa população que apoia ou cala cinicamente perante o terror perpetrado por seu governo; da Palestina, uma liderança extremista que tem como arma o terrorismo clássico onde gente simples vira moeda de troca sem muito valor, com muito sangue e horror. Teologicamente, há quem pense em Israel como o legítimo filho da promessa; e nos Palestinos como bastardos que não têm os direitos a que hoje reclamam. Isso é equivocado. Ler a Bíblia sob essa ótica
é reduzi-la e fazê-la dizer para o mundo contemporâneo verdades que estão circunscritas a um outro tempo. Anacronismo. A perenidade da Bíblia está na sua capacidade de nos revelar o caráter de Deus: partidário dos que sofrem; solidário com os que morrem. E, nesse pormenor, convém ler a história de Hagar (e seu filho bastardo!) e descobrir que foi Deus quem foi salvá-la da morte no deserto, depois de expulsa por Sara e Abrão (os pais legítimos!). Convém ler as histórias do Egito opressor, de onde Deus fizera libertar os israelitas; mas é preciso não se esquecer do mesmo Egito que foi refúgio para o pequeno Jesus e sua família quando Herodes os ameaçava de morte. Não há lugares, povos e pessoas absolutas na Bíblia. Há, isso sim, a opção preferencial de Deus pelas vítimas que sofrem. Não importa seus nomes ou “de que lado estejam”. Se há vítimas, Deus está com elas. Sofre com elas. Eu creio assim: se hoje há um rosto para Deus no Oriente Médio, esse rosto é árabe-palestino, porque é aí que está o sofrimento. Mas não apenas aí. Antes de sermos “descendentes” do povo de Deus (Israel), somos discípulos de Jesus (que sofreu numa cruz como as vítimas desse mundo de terror). Como cristãos que ousamos acreditar num mundo de paz, creio devamos nos unir em torno de ideias de humanização desse nosso tempo. Um clamor – politicamente concreto junto a governos – pelo repúdio ao expansionismo violento e violador dos Direitos Humanos por parte de Israel e do Hamas talvez seja um bom começo. Fato é que não há lado com razão; há pessoas morrendo inutilmente. Isso precisa de um basta. Não creio que Deus esteja desse ou daquele lado; apenas chora cada criança que sofre. Está na cruz outra vez. Ri card o Le n g ru b e r Lo b o sco Pastor metodista
REPORTAGEM Reflexão bíblica
Conflito no Oriente Médio: contra ou a favor de Israel? Li um interessante texto sobre os cristãos que estão ao lado de Israel e os cristãos que estão contra Israel. É importante você ler com cuidado os dois lados e avaliar sua própria posição.
Cristãos a favor de Israel
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e um lado, temos milhões de cristãos comprometidos, que creem que os judeus permanecem o “Povo escolhido de Deus”, e que a terra de Israel permanece a Terra Prometida por Deus àquele povo. Esses cristãos creem que as ondas de imigração de judeus para a histórica Terra de Israel, que começaram no final dos anos 1800, e o renascimento de um Estado nacional judeu independente naquela terra, são cumprimentos de profecias bíblicas e, como tal, estão alinhadas com o plano pré-ordenado de Deus. Eles esperam ansiosamente que essa reconstrução física seja seguida por um despertar espiritual e um reavivamento nacional em Israel, que significará “vida dentre os mortos” para toda a humanidade. Eles creem que todas as nações do mundo que rejeitaram a Deus virão – e já estão vindo – e se posicionarão contra Israel e contra aqueles que se colocarem ao lado de Israel.
Assim, esses cristãos entendem que a vontade e o propósito de Deus são que eles se aliem a Israel e façam sua parte em confortar, encorajar e apoiar o ancestral “povo de Deus” de inúmeras maneiras, especialmente em face de uma hostilidade sempre crescente por parte da comunidade internacional. E eles entendem que o maior produtor dessa inimizade coesa contra Israel é a mídia noticiosa global, que descaradamente patrocina a versão muçulmana/ árabe sobre a história do Oriente Médio e a posse da terra, e rejeita a versão judaico-cristã que se baseia na Palavra de Deus, nos direitos históricos e nas reivindicações do povo judeu, e na lei internacional. De acordo com esses cristãos: Deus deu incondicionalmente a Terra de Canaã (que inclui pelo menos toda a área que hoje está debaixo do controle israelense), exclusiva e irrevogavelmente para a descendência de Israel, o neto de Abraão. Essa descendência perdeu o direito de viver naquela terra porque foi infiel ao Senhor. Deus, por meio da
Babilônia e depois de Roma, expulsou-os de seu país, permitindo que outras nações governassem sobre a terra deles pelo tempo da duração de seu exílio. E Deus prometeu que, depois do segundo exílio, Ele os ajuntaria novamente na terra e os manteria lá. Os judeus nunca renunciaram ao direito documental de sua terra natal histórica. Nenhum outro grupo de pessoas jamais estabeleceu sua terra natal naquele território. O Império Otomano perdeu essa terra (e outras) quando foi derrotado na Primeira Guerra Mundial, e os vitoriosos naquele conflito escolheram criar diferentes Estados independentes no recentemente libertado Oriente Médio. Finalmente, 21 Estados foram estabelecidos para a nação árabe. Na Declaração Balfour, foi prometido o estabelecimento de apenas um pequeno Estado para a nação judaica – dentro das fronteiras de sua antiga terra, à época conhecida como Palestina. A Liga das Nações ratificou a Declaração Balfour e, em San Remo, em
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1923, estabeleceu-a em lei internacional – lei esta que permanece até hoje, de acordo com a Carta das Nações Unidas. A Grã-Bretanha recebeu a tarefa de supervisionar a implantação daquela lei. Para apaziguar os árabes violentamente intransigentes, que exigiam soberania sobre toda a terra, os britânicos traíram os judeus, fechando uma potencial rota de escape para os judeus europeus, mesmo quando o Holocausto já se delineava. Como resultado da carnificina de um terço da população mundial dos judeus, as Nações Unidas votaram a divisão de uma fatia do território original da Palestina entre os judeus e os árabes, mas depois planejaram revogar aquela resolução para novamente aplacar os clamorosos Estados árabes. O povo judeu, por sua própria iniciativa, e totalmente dentro de seus direitos, baseados em fatos bíblicos, históricos e legais, declarou a independência e o renascimento, após 2000 anos, de seu Estado Judeu independente. Nos 64 anos desde então, o mundo árabe tem buscado repetidas vezes apagar essa realidade, forçando os israelenses a enfrentarem pelo menos uma guerra a cada década e a suportarem ataques terroristas para destruir Israel e matar seu povo, durante 24 horas por dia, 7 dias por semana. Mesmo assim, o Estado Judeu tem prosperado, evoluindo para ser uma potência econômica, tornando-se um exemplo de democracia e modelo de direitos humanos e civis no Oriente Médio. Mas o antissemitismo, a maior parte dele camuflado com um disfarce mais politicamente correto de antissionismo, tem difamado Israel incansavelmente. Relatos diários de notícias falsas e enganosas, e favoritismos pró-Palestina, subjetivos e descarados, mascarados como jornalismo, têm sido explorados oportunisticamente pelas nações, mais interes-
sadas em assegurar seu acesso ao petróleo árabe do que em seguir o caminho do que é correto e justo, moral e eticamente. A despeito disso, a Bíblia promete que Israel sobreviverá, superará tudo, prosperará e florescerá, e que, um dia, será novamente elevado à posição de destaque, como cabeça das nações do mundo, em vez do que tem sido até agora – a cauda. Para esses cristãos, tomar o partido de Israel em tudo isso é tomar o partido dos propósitos de Deus e contra um mundo que odeia a Deus. A fé deles significa que não podem fazer nada menos que isso.
Cristãos Contra Israel
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o lado oposto desses milhões estão outros milhões de cristãos professos e comprometidos que defendem uma convicção tão contrária à daqueles que se torna impossível uma reconciliação entre os dois lados. Essas pessoas creem que, já que Israel como nação rejeitou Jesus, perdeu seu status especial e já não pode afirmar ser o “povo escolhido de Deus”. Eles creem que a “Igreja” (não necessariamente alguma denominação em particular, mas o “Corpo de Cristo” global) substituiu Israel, e que os cristãos – pela exclusão do Israel nacional – agora são os eleitos de Deus. Essas pessoas creem que, após a vida de Jesus na terra, e com a supressão cruel da rebelião judaica por Roma – a destruição de Jerusalém e o banimento dos sobreviventes judeus para o exílio – a Terra de Israel perdeu todo o significado no que diz respeito ao plano de redenção de Deus para o mundo; o Senhor “já não se preocupa mais com territórios”. Os judeus banidos e seus descendentes já não possuem um propósito nacional; suas esperanças de um dia retornarem à sua antiga terra não são nada mais
que sonhos vãos; suas orações para retornarem foram sempre ilusórias. Portanto, para esses cristãos, o fluxo de milhões de judeus para a Palestina (posteriormente Israel) tem sido um acontecimento por acaso; nada mais que uma reação instintiva a uma perseguição antissemítica. E a criação do Estado de Israel, em 1948, foi simplesmente uma ocorrência política – um “acidente”, como muitos afirmam – não tendo nada de profético. Eles consideram a hostilidade do mundo contra Israel como uma resposta adequada ao “comportamento ímpio” – e cada vez mais da “ilegitimidade” – do Estado Judeu, como é veiculado incessantemente pela imprensa. Conforme os relatos da mídia, a lista de crimes de Israel é deveras longa. Esses cristãos escolheram crer nela. Portanto, eles entendem que: A Declaração Balfour foi um ato ilegítimo perpetrado pelo Império Britânico colonizador e, como tal, não tem nenhuma validade. Depois da Segunda Guerra Mundial, as potências mundiais, levadas pela culpa por causa do Holocausto, realizaram a criação de um Estado Judeu em cima de “terras ancestrais árabes” à custa do povo nativo dali, a saber, os árabes. Usando o poderio militar, Israel purificou etnicamente essas terras árabes de seus proprietários legais, estabelecendo seu Estado por meio da força e criando uma crise de refugiados palestinos pela beligerância. Não satisfeitos com o território que tinham após 1949, os israelenses se tornaram provocadores, por meio de repetidas agressões contra os árabes, estendendo seu controle sobre mais e mais terras, e causando cada vez maior miséria aos palestinos. Israel é uma potência que ocupa o território palestino, e, enquanto sucessivos governos israelenses falam da boca para fora clichês sobre a paz, continuam a construir obstáculos para a paz e
a tornar cada vez mais difícil a sua remoção pelas Nações Unidas. Os árabes palestinos têm direitos nacionais históricos à Margem Ocidental e, na verdade, a todo o território atualmente sob o controle israelense. Os judeus roubaram a terra dos árabes. Em seus esforços para suprimir os protestos legais dos árabes e os esforços dos mesmos para readquirirem as terras, as Forças de Defesa de Israel lançam mão frequentemente do uso da força excessiva, e são culpadas de crimes de guerra e de crimes contra a humanidade. Israel rouba as terras árabes, impede os árabes de terem acesso à água, destrói as plantações de oliveiras dos árabes, levanta muros de apartheid, atira contra civis árabes, espalha Aids e outras doenças de propósito entre as populações árabes ao redor de Israel, ameaça o mundo árabe/ muçulmano com armamentos nucleares. Destituídos de toda esperança em face da tremenda força israelense, os pobres palestinos são deixados sem nenhum recurso a não ser usar quaisquer armas nas quais consigam colocar as mãos, inclusive seus próprios corpos, para garantirem que sua justa causa não seja esquecida. A resposta do mundo é a criação de um Estado Palestino, mas nem esta solução de negociação é aceitável para Israel. Israel prefere ter conflitos contínuos a ceder às exigências de renunciar às terras sobre as quais não tem direito algum. Para esses cristãos, estar contra Israel é obedecer à ordem de Deus de clamar contra a injustiça e apoiar aqueles que são criminalmente oprimidos. Para eles hoje os Palestinos que são o Povo de Deus, pois é o povo que mais sofre e Deus sempre está ao lado dos sofredores. A fé deles significa que não podem fazer nada menos que isso. De que lado você está? Ed so n Co rtasi o Pastor metodista
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O suave som musical nas igrejas locais
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mados irmãos e irmãs, o Departamento Nacional de Música e Arte da Igreja Metodista tem se preocupado muito com a qualidade da música e da arte apresentada às igrejas locais. Tenho ministrado palestras em algumas delas e aproveitado a oportunidade para deixar uma mensagem simples e verdadeira: “Uma igreja local que possui um Ministério de Música e Arte que saiba emitir um suave som, afinado, ungido, numa intensidade equilibrada, ele ajudará o/a pastor/a a conquistar discípulos e discípulas para essa igreja. Porém, se isso não acontece, o efeito será contrário, ou seja, a música irá afastá-los”. No que tange ao desempenho musical e sonoro das citadas igrejas, percebo que ainda há um longo caminho a percorrer. Dessa vez, torno público neste artigo a questão da intensidade e da qualidade do sistema de sonorização da Igreja. Na Faculdade de Música, essa matéria é chamada de dinâmica musical. Os Ministros de Música e Arte bem como os técnicos de som precisam perceber que tocar bem não é tocar alto; cantar bem não é can-
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tar alto, acima do limite permitido. Os nossos ouvidos possuem um limite de alcance/captação do som. Esse alcance é medido em decibéis, e o limite máximo permitido na legislação brasileira, de exposição a sons é de aproximadamente 80 decibéis. Creio que esse deve ser o grande desafio das Igrejas locais nos dias de hoje, o de ouvir e ouvir bem, ouvir com qualidade um doce e suave som, quer seja no grupo de louvor, coral, solo, dueto, quarteto, etc. Nessa vida, tudo o que é oferecido em dose excessiva faz mal à saúde, e o som também está inserido nesse contexto. Conforme registra 2 Reis 3.15, quando o profeta solicitou a presença do músico, no meu entendimento, o som emitido por ele foi tão perfeito que a mão do Senhor veio sobre o profeta: Ora, pois, trazei-me um músico. E sucedeu que, tocando o músico, veio sobre ele a mão do Senhor. Para fins de informação, cerca de 15% a 20% da população brasileira ouve um pequeno zumbido em um ou nos dois ouvidos. A ciência prova que o zumbido é um dos principais sintomas que dá
início ao processo da perda de audição. E cerca de 30 a 35% das perdas de audição são creditados à exposição a sons intensos, acima dos limites estabelecidos pela medicina. A partir do limite de aproximadamente 80 decibéis, o ser humano corre um grande risco de perda auditiva dependendo da intensidade do som (volume) e também do tempo de exposição dessa pessoa ao ambiente do som. Convém ressaltar que nossos cultos variam de uma hora e quarenta minutos a duas horas. Se o momento musical durar cinquenta minutos (sem contar com a mensagem que, às vezes, é muito alta) contando com os cultos matutino e vespertino, além das programações durante a semana e aos sábados, há uma exposição de aproximadamente cinco a seis horas semanais a um som acima da capacidade permitida. Não tem ouvido que resista tamanha agressão! Isso sem falar das pessoas que, apropriando-se do apogeu da modernidade eletrônica, utilizam seus modernos aparelhos celulares com os “fones de ouvido” e ficam às vezes ouvindo música o dia inteiro a uma intensidade de 110 decibéis ou mais.
A maneira como os instrumentos musicais são executados nas igrejas locais, e também como os ministros cantam, devem ser analisados e corrigidos. A intensidade das notas pode variar ao longo de uma música. Isso é chamado de dinâmica musical. Amados, normalmente, um som musical possui três particularidades: altura, timbre e intensidade. Chamamos de altura tudo o que está relacionado à frequência do som. Normalmente, essa frequência é assinalada pelo maestro pela posição da nota na partitura. Por exemplo: em um quarteto vocal, a voz mais baixa é o “baixo”, e a voz mais alta (aguda) é o “1º Tenor”. O timbre já é a propriedade que nos consente apontar entre uma nota da mesma altura e intensidade causada por instrumentos diversos, como, por exemplo, um saxofone ou um trombone. A intensidade sonora refere-se à potência com que a onda sonora atinge nossos ouvidos. Para mostrar a intensidade do som executado por uma nota ou trecho musical, o maestro utiliza uma espécie de tabela que vai desde o molto pianissimo (intensidade sonora mínima, quase inaudível) até o molto fortissimo (o máximo de intensidade sonora que se pode obter sem danificar a voz ou o instrumento). É de praxe que o coordenador do Ministério de Música e Arte e também aquele que lidera o sistema de sonorização se reúnam periodicamente, a fim de traçarem as diretrizes de música e som com ensaios, afinação e teste dos instrumentos musicais, além de teste e regulagem do P.A. (Sistema de Som), incluindo os microfones, os retornos, as caixas acústicas e os cubos. Tudo isso para que o culto transcorra da melhor forma possível. Para tanto, deixo aqui algumas dicas:
1. Os ensaios devem ser feitos de preferência com instrumentos acústicos para que uns possam ouvir os outros. Caso isso não ocorra, façam os ensaios com os instrumentos eletrônicos na intensidade mínima necessária. Se uns ouvirem os outros ficará mais fácil detectar possíveis erros de harmonia instrumental e de desafinação vocal; 2. A intensidade do backing vocal não pode superar o Ministro de Louvor ou o solista. O backing sempre deve ficar atrás em intensidade de som. Quando essa regra é quebrada, a beleza da música é prejudicada; 3. A intensidade dos instrumentos musicais também não pode superar o ministro do louvor, grupos vocais ou solista, a não ser se algum instrumento fizer um solo. Quando essa regra é quebrada, a música vira uma verdadeira guerra. Ninguém se entende e um fica atacando o outro, querendo aparecer. Na ministração do louvor, quem deve “aparecer” na verdade é o Senhor; 4. Aconselho os pastores a investir nesse setor, adquirindo novos instrumentos musicais e um sistema de sonorização de ponta para sua igreja; 5. Nos ensaios, a bateria deve ser executada de preferência com esteiras no lugar das baquetas (essas fazem muito barulho); 6. Não se esqueçam de que, uma boa parte das nossas igrejas está instalada em áreas residenciais. Isso é muito bom em parte, mas por um outro lado, dependendo da vizinhança que estiver em torno da igreja, o som excessivamente intenso pode causar muito prejuízo, gerando até processos judiciais para a igreja, incidindo no Art. 42 da Lei das Contravenções Penais.
Art. 42 – Perturbar alguém, o trabalho ou o sossego alheios: I – com gritaria ou algazarra; II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em desacordo com as prescrições legais; III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais acústicos; Pena – prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa. 7. Um Conselho para os pastores: Se sua igreja local estiver inserida em um lugar de grande movimentação populacional e grandes áreas residenciais e se sua vizinhança tem reclamado da intensidade do som, aconselho, além de educar seu Ministério de Música e Arte a tocar e cantar bem (Sl 33.3), equipar o templo com um isolamento acústico interno, o que pode amenizar o barulho externo em até 100%. Procure um técnico. 8. Para preservar a sua saúde auditiva, reserve algumas horas de silencio ao seu organismo, principalmente na hora do sono noturno. Caso você more em ambientes onde há muito barulho, providencie um isolamento acústico ou use um protetor de ouvido. Os especialistas afirmam que as pessoas que não dormem em local silencioso não alcançam todos os estágios do sono acordando cansado e sonolento. Isso também pode ocasionar problemas sérios à saúde física e emocional. O instrumento apropriado para medir a altura do som se chama DECIBELÍMETRO. Ele pode ser comprado pela internet e custa em torno de R$ 300,00. Espero ter contribuído um pouco com o seu ministério. Deus te abençoe. Re v e re n d o Ed so n Mu d e sto Coordenador do Departamento Nacional de Música e Arte da Igreja Metodista
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História Viva
Uma dedicação exemplar Aos 76 anos, o pastor Filipe Pereira de Mesquita permanece pregando as boas-novas do Evangelho depois de 49 anos de dedicação exclusiva ao ministério pastoral
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á 50 anos, ele está casado com a dona Élida Therezinha Feliz Mesquita, 75 anos, com quem teve um casal de filhos. Patriarca de uma linda família, o pastor Filipe Pereira de Mesquita, 76 anos, tem cinco netos e dois bisnetos, que são a sua alegria. Seu encontro com Jesus aconteceu na adolescência. Nascido em uma família evangélica, ele foi apresentado ao Senhor no templo ainda bem pequeno. Também na infância ele foi batizado nas águas. “Desde criança, tenho andado nos caminhos do Senhor e sentido a direção de Deus em toda a minha vida”, testemunha.
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Logo no início da juventude, por diversas maneiras e durante bastante tempo, o pastor Filipe percebeu que o Todo-Poderoso estava chamando-o para o ministério pastoral. Segundo ele, em seu íntimo, sentia-se compelido a servir a Deus como pastor. Além disso, vários pastores sempre o incentivavam a seguir por esse caminho. “Os pastores João Augusto do Amaral, Luís Israel de Barros, Nadir Pedro dos Santos e Idelmício Cabral dos Santos me incentivaram a atuar na igreja, assim como pastorear”, relembra. Filho de pastor metodista, em sua caminhada cristã, pastor Mesquita atuou como professor das classes de juvenis e jovens e chegou a ser eleito superintendente da Escola Bíblica Dominical. Já em outra ocasião atuou como guia-leigo, cargo que praticamente não existe nos dias de hoje na Igreja Metodista, mas que consistia em substituir o pastor quando este necessitasse se ausentar momentaneamente. “Ainda bastante jovem preguei diversas vezes na Igreja Central de Petrópolis, Região Serrana do Rio de Janeiro, e em muitas outras igrejas não metodistas na área de Petrópolis”, revela. Foram 49 anos de dedicação exclusiva ao ministério pastoral e, ainda hoje,
pastor Filipe segue pregando em algumas igrejas a convite dos líderes locais. “Participo do culto e de algumas atividades na Igreja Metodista do Catete, na zona sul carioca”, ressalta. Dos primeiros anos do ministério pastoral, ele enfatiza as limitações financeiras, já que, naquela época, as igrejas arrecadavam poucos recursos. De acordo com ele, a falta de dinheiro significou subsídios pastorais modestíssimos, como também a impossibilidade de adquirir boas propriedades para a expansão da Igreja no Rio de Janeiro. Outra dificuldade enfrentada pelo pastor Filipe durante alguns anos de liderança pastoral foi a mobilidade entre as igrejas. “Como não podia comprar um veículo para me locomover de casa até a igreja e entre as igrejas, eu dependia dos ônibus e dos trens, que demoravam muito”, recorda, citando, como exemplo, os três primeiros anos de ministério pastoral no município de Magé. “Eu atendia às igrejas de Piabetá, Andorinhas, Suruí e, posteriormente, Guapimirim. Dependendo do trajeto, eu pegava até três conduções que demoravam muito, obrigando-me a pedir carona na estrada inclusive a caminhoneiros”, afirma, salientando que, por haver poucos pastores naquela
época, um pastor ficava à frente, às vezes, de até quatro igrejas ao mesmo tempo e sem um pastor auxiliar. Hoje, ele diz que os desafios da igreja mudaram, principalmente porque o mundo não é mais o mesmo. “Atualmente, existem problemas maiores e mais complexos do que em épocas passadas. Um exemplo é a questão das drogas que tem afetado muitas pessoas e famílias”, frisa. Como assessor episcopal, o pastor Filipe de Mesquita tem realizado a revisão de alguns textos do bispo Paulo Lockmann, da Primeira Região Eclesiástica da Igreja Metodista. Admirador do ministério do bispo Lockmann, ele vê no trabalho dele a base para o crescimento da denominação no Estado do Rio de Janeiro, como também o alicerce para o aperfeiçoamento da igreja. Isto porque,
segundo o pastor Filipe, o bispo Lockmann tem dado estreita atenção às iniciativas missionárias, de evangelização, de ação social e de educação cristã. Ele cita, inclusive, a participação do bispo Paulo, que também é presidente do Concílio Mundial Metodista, no Seminário Mundial de Evangelismo realizado em Recife, Pernambuco, no início do mês de agosto. “A Igreja Metodista tem desenvolvido muito no Estado do Rio de Janeiro graças também à Escola Dominical, que tem como objetivos reforçar os ensinos da Bíblia e as doutrinas da Igreja, fortalecendo a fé das pessoas e capacitando-as para servir a Deus e ao próximo”, observa, considerando ainda que a ação social é outro braço ministerial que contribui para o avanço da denominação. “A Igreja Metodista se preocupa com a situação espiritual e social das pessoas. Por isso, ela está dando, por exemplo, muita ênfase ao reforço escolar para crianças carentes. Há ainda o Projeto Dando as Mãos, que é uma resposta ao problema grave de desemprego”, assegura, completando que outra prioridade da denominação é o discipulado. “A partir do discipulado, o povo de Deus, que congrega na Igreja Metodista, é orientado em como ter uma
vida santa, íntegra e vitoriosa na presença de Deus, para, na autoridade, testemunhar a vitalidade do Evangelho”. Analisando o Metodismo de anos passados e o atual, o pastor Filipe Mesquita destaca que os membros da denominação estão mais interessados em conhecer as raízes da igreja e, sobretudo, exercerem uma ação missionária mais significativa. A visão dele é reforçada pelo texto que está na página da Igreja Metodista, na internet, sobre a ênfase na expansão missionária: A Igreja Metodista sempre se preocupou em evangelizar todas as pessoas, porque ela entende que isso é uma ordem do Senhor Jesus Cristo e é a razão de ser da própria Igreja. Ela diz a todas as pessoas que Deus, em Jesus Cristo, quer salvar e transformar a cada ser humano. Ela tem crescido em número de membros, de igrejas e de congregações. Com base nessas palavras, pastor Filipe deixa uma mensagem para os leitores do Jornal Avante: “Amem mais e mais ao Senhor. Orem pelos seus pastores e por suas pastoras. Empenhem-se em anunciar o Evangelho a todas as criaturas, cumprindo Ide de Cristo que está escrito no livro de Marcos 16.15”. Patrí ci a Sco tt
Jornalista
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